Resumo relativo ao projeto de pesquisa de título “Ética do discurso político”
O cenário político atual (e anterior) propiciou uma reflexão detalhada e
examinada das “batalhas” vistas e lidas por intermédio dos meios de comunicação, no
que tange as defesas, ataques e comentários por parte dos políticos, estes, diretamente
relacionados com o escândalo do “mensalão” deflagrado em maio de 2005. Nas
“batalhas” implícitas, ou até mesmo explícitas, são analisados os discursos provenientes
das mesmas, abordando, assim, a linguagem e o binômio meio-fim de cada colocação,
os fins do discurso proferido e as conseqüências de sua publicação.
A possibilidade de o discurso acontecer como ação comunicativa no dizer de J.
Habermas e não apenas como ação estratégica, tem exigências bem mais fundas que o
mero arcabouço teórico do pensar subjetivista e formal do Ocidente. O Práxico agir
político que só se legitima quando enraizado no ético, supõe a compreensão existencial
do homem como outro, como alteridade, ante o qual o respeito é a condição da
existência humana. A possibilidade de respeitar o outro no agir político e no discurso
político não nasce da subjetividade, nem da coletividade, nem da tradição, ou de uma
transcendência etérea que não suja as mãos com as coisas abaixo da lua, no dizer de
Aristóteles.
Na presente busca para compreender o agir ético no discurso, é mister
transparecer “o que é ser ético” para os agentes determinados do discurso, sendo as suas
respectivas análises transparentes para obtenção de resultados finais satisfatórios e
imparciais. A presente pesquisa não visa apenas a mostrar a fundamentação ética do
discurso político no Brasil de hoje. Tenta mostrar também as estratégias, as táticas
ideológico-práticas para legitimar interesses e políticas públicas, alertando aos
operadores sociais sobre a necessidade de revelar criticamente o que se esconde, o que
se nega, o que se afirma no discurso e na prática política atual.
Para uma melhor concretização do trabalho, foram canalizadas duas tarefas
fundamentais de coleta de dados, cujas quais estão elencadas abaixo:
a) Elaboração de suporte teórico para a análise dos discursos políticos;
b) Retenção dos discursos, falados, escritos, televisivos dos atores políticos,
especialmente do Congresso Nacional e especificamente ao redor das CPIs
que foram instauradas e funcionam no sentido buscado pela pesquisa;
Logo após, foi determinado a coleta dos discursos sob uma ordem
específica, como consta a seguir:
a) Os fatos políticos que se referem à ética (corrupção, mensalão, propina,
desvio de dinheiro público, licitações e suas normas...);
b) Os discursos que denunciam, acusam, revelam o fenômeno ético ou antiético ( da imprensa, dos deputados, de entidades públicas como CNBB,
OAB ;
c) O discurso das testemunhas e interrogados no interior das CPIs;
d) Os discurso da base do governo (defesa) e da oposição;
e) Os argumentos e estratégias de discurso operados por ambos os lados;
f) Os comentários de órgãos de imprensa, de entidades, de personalidades
proeminentes;
Conclusão: A ética do discurso de Karl-Otto Apel e Jürgen Habermas se mostra
insuficiente para dar conta do discurso político no Brasil hoje. O dualismo ético
(público-privado) da Modernidade embasada no pensamento grego e no Estado de
Cristandade também não. A interpelação dos excluídos como fundamento da ética é
também o começo para dar sentido ao discurso político atual.
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