Credo O Símbolo dos Apóstolos “Subiu ao céu onde está sentado à direita de Deus Pai” Março de 2013 1. O Ano da fé Na carta apostólica Porta Fidei, Bento XVI escreve: «A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de facto, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra, a fim de se tornarem seus discípulos» (Pota Fidei 7). E mais adiante, conclui: «só acreditando é que a fé cresce e se revigora» (Porta Fidei, 7). Nestas palavras do Santo Padre, temos uma síntese e ao mesmo tempo um programa para vivermos não só neste ano da fé, mas também ao longo de toda a nossa existência. De facto há uma relação muito estreita entre a fé e a esperança, porque o conhecimento gera a confiança e quanto maior for a confiança mais profundo será o conhecimento recíproco. A fé e a esperança abrem o coração para a caridade, para o amor oblativo que só é possível para quem verdadeiramente acredita e confia. 2. O sexto artigo do Credo: Subiu ao céu onde está sentado à direita de Deus Pai Este sexto artigo diz respeito ao mistério da Ascensão. No Novo Testamento, sobre a ascensão temos duas diferentes aproximações teológicas: nos sinópticos, e particularmente em S. Lucas, a Ascensão ocorre quarenta dias após a ressurreição (Act 1,3); mas em S. João, a ascensão está unida mais directamente à ressurreição, porque acontece no mesmo dia, representada no encontro do Ressuscitado com Maria Madalena: «não me detenhas, porque ainda não fui para o Pai» (Jo 20,17). O Senhor ressuscitado como que está em trânsito a caminho do Pai. A Ascensão revela-nos o caminho que o Senhor percorre, desde a Ressurreição até à entrada na glória. Ele dissera aos discípulos que ia preparar-lhes um lugar; disse mesmo que Ele é o caminho que conduz ao Pai; na Ascensão entra verdadeiramente na Glória, e a expressão sentar-se à direita de Deus evoca esta glorificação, na qual o Pai lhe dá todo o poder que Ele mereceu pela sua obediência. Porque se esvaziou a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte e morte de Cruz, Deus exaltou-O e deulhe um Nome que está acima de todo o Nome (cf. Fil 2,5-11). A Ascensão tem ainda um significado teológico: Cristo Ressuscitado entra na glória com a sua humanidade glorificada, abrindo assim o caminho que a Igreja e cada discípulo há-de percorrer para entrar também por sua vez no lugar onde Cristo, cabeça da Igreja, já se encontra. A humanidade glorificada entra na glória e assim se dá, na ascensão, a transfiguração espiritual de toda a matéria, que em Cristo se encontra representada. Os cristãos são convidados a olhar para o alto. Este é o sentido da aclamação do prefácio: Corações ao alto! O nosso coração está em Deus. A expressão latina – Sursum Corda! habemus ad Dominum! - traduzia mais intensamente a tensão de manter o coração orientado para Deus. A Ascensão do Senhor é a razão mais profunda da esperança: manter o coração na tensão para o alto, para o lugar verdadeiro que nos espera. Somos peregrinos neste mundo; a nossa verdadeira pátria está em Deus Para meditar 1. Já havias alguma vez pensado na importância que tem a Ascensão do Senhor para o sentido da esperança cristã? 2. Que implicações poder ter na tua vida a proclamação do prefácio: Corações ao Alto! O nosso Coração está em Deus? Proposta Bibliográfica: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, nn. 659-667. J. RATZINGER, Introdução ao cristianismo (S. João do Estoril: Principia 2005) 225-237. Paróquias da Baixa-Chiado, Lisboa, com a colaboração do Prof. Doutor P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj