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ANÁLISE DA PUBLICIDADE PFIZER – PARECER E SER
Adriana Rosely Magro. UFES
RESUMO: O artigo tem sua origem nos debates sobre o “contrato de veridicção”, que em si
pretende estabelecer uma convenção fiduciária entre o enunciador e o enunciatário.
Fundamenta-se no aparato teórico da semiótica discursiva buscando estabelecer as
estratégias de manipulação que definem este contrato. Parte do princípio semiótico de que a
imagem é um texto que apresenta relações com o mundo natural. Discute o caso da
publicidade, seu processo de produção e caráter histórico de simulacro do real, fazendo o
leitor crer ser a realidade presentificada.
ABSTRACT: The article has its origins in debates about the "contract veridiction", which
itself aims to establish a fiduciary agreement between the enunciator and enunciated. It is
based on theoretical apparatus of semiotic discourse seeking to establish strategies of
manipulation that define this contract. Semiotic assumes that the image is text that shows
relationships with the natural world. Discusses the case of advertising, its production process
and historical character of the simulacrum of reality, making the reader believe to be reality
presentified.
A imagem da publicidade Pfizer é carregada de estratégias enunciativas com
o intuito de fazer crer ao leitor que é um simulacro da realidade que apresenta. Estas
estratégias
que nos fazem acreditar no discurso enunciado são definidas pela
semiótica como contrato fiduciário.
Segundo Greimas e Courtès (2008; p.208)
[...] contrato fiduciário põe em jogo um fazer persuasivo de parte do
destinador e, em contrapartida, a adesão do destinatário: dessa maneira, se
o objeto do fazer persuasivo é a veridicção (o dizer verdadeiro) do
enunciador, o contra-objeto, cuja obtenção é esperada, consiste em um
crer-verdadeiro que o enunciatário atribui ao estatuto do discurso
enunciado[...]
A imagem publicitária faz uso da manipulação fotográfica, considerando que
a fotografia é compreendida historicamente como um simulacro do mundo natural.
Desde a criação da câmara escura, o homem utiliza o auxílio tecnológico para a
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formação de imagens que se assemelhem ao real. Com a invenção da fotografia a
produção da imagem semelhante ao real torna-se fato e sem a necessidade daquilo
que chamamos realidade.
Desse modo, a fotografia passa ser vista no senso comum como um meio
pelo qual é possível reproduzir com fidelidade o mundo natural e os acontecimentos
sociais ali inscritos. A linguagem publicitária também faz uso desse caráter que a
imagem fotográfica carrega.
A fotografia assume o caráter de “verdadeiro” e passa a ser associada como a
reprodutora da realidade, como afirma Dubois (2006, p. 27).
[...] a fotografia é considerada a imitação mais perfeita da realidade. E, de
acordo com os discursos da época, essa capacidade mimética procede de
sua natureza técnica, de seu procedimento mecânico que permite fazer
aparecer uma imagem de maneira “automática”, “objetiva”, quase “natural”
(segundo tão somente as leis da ótica e da química), sem que a mão do
artista intervenha diretamente.
Entretanto, o olhar publicitário é construído a partir de escolhas. Estas
escolhas podem se dar a partir do enquadramento, recortes, ajustes focais,
iluminação, cenografia, entre outros detalhes que fazem com que ela não seja a
reprodução do mundo natural, mas apresente traços da realidade que apresenta.
O enunciador coloca-se como manipulador dos discursos enunciados levando
o enunciatário a crer nos valores ali colocados. Trata-se de um discurso que produz
um efeito de verdade, construído para fazer parecer verdade. Nesse sentido afirma
Landowski (2002, p. 165-166)
[...] “os sujeitos enunciantes”, ao enunciar (isto é, entre outras coisas, ao
produzir “textos”), constroem o mundo externo enquanto mundo significante
[grifos do autor]. Correlativamente, apreender o sentido de um discurso
enunciado, o “ler”, será refazer o mesmo percurso em sentido inverso,
remontando, se assim se pode dizer, do plano discursivo manifesto em
direção às operações semióticas que sua produção pressupõe, e que, uma
vez o enunciado produzido, o torna interpretável.
No caso da publicidade, ao fazer escolhas, o enunciador estabelece um fazer
persuasivo, fazendo o enunciatário crer em seu discurso e, em sua interpretação
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persuadindo-o ao que lhe foi apresentado. O contrato recebe esta denominação por
ser estabelecido com base na confiança e crença.
Desse modo, este trabalho tem sua origem nos debates sobre o “contrato de
veridicção”, que em si pretende estabelecer uma convenção fiduciária entre o
enunciador e o enunciatário. O estatuto veridictório quer dizer verdadeiro o discurso
enunciado, assim que se estabelece esse contrato quer-se instaurar uma evidência,
uma certeza imediata que deseja um fazer-crer do enunciador e um crer, um fazer
interpretativo, da parte do enunciatário. Porém pretende-se nesta esteira, avançar na
ordem da significação que ultrapassem o fazer crer do contrato fiduciário.
Porém, o contrato fiduciário quer fazer-crer, o que não significa ser o que se
apresenta. Desta feita, o percurso metodológico aqui adotado, percorre pelo semisimbolismo, nas relações entre os planos de expressão e conteúdo que o
caracteriza.
A partir da semiótica discursiva pretendo elucidar estas estratégias
enunciativas do discurso enunciado na imagem da peça publicitária veiculada na
revista Veja do laboratório de medicamentos Pfizer.
Uma das razões de pesquisar semiótica é interrogar situações do mundo e,
fazer-ver num quadro geral, o campo de significação que se encontra a
manifestação em estudo.
Os efeitos de sentido podem ser os mais diversos
dependendo do escopo teórico do analista, mas nada absurdamente distante dos
planos de expressão e de conteúdo imanentes na própria manifestação analisada.
O estudo será de base analítica, compreendendo a imagem como um todo
de sentido. Assim peça publicitária será analisada pela sua apresentação visual.
Para compreender o texto como objeto de significação é necessário que se
faça a análise interna do texto, e para compreendê-lo como objeto de comunicação
é preciso fazer a análise externa. Assim, o texto é concebido dentro dessa
dualidade.
Logo, o estudo do texto só pode ser entrevisto como o exame tanto dos
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mecanismos internos quanto dos fatores contextuais ou sócio-históricos de
fabricação de sentido.
Assim, a semiótica procura conciliar as análises internas e externas do texto,
buscando explicar o que o texto diz e como faz para dizer o que diz. Examina a
organização do texto e seus mecanismos enunciativos de produção e de recepção,
para tanto, um texto pode ser verbal ou não-verbal, ou seja, pode ser oral, escrito,
visual, gestual, imagético ou reunir váriso desse elementos em uma só
manifestação, o que chamamos de sincrético.
Para a compreensão do sentido do texto a semiótica propõe a análise dos
seus mecanismos internos e externos. A análise interna, ou seja, a análise do plano
de conteúdo e a análise externa, o plano de expressão.
A semiótica propõe a análise desses dois planos de forma individualizada,
tantos nos textos escritos, considerados sistemas simbólicos, onde a relação entre
os dois planos é estabelecida isoladamente.
A análise do plano de conteúdo é concebida a partir do percurso gerativo de
sentido proposto por Greimas. A partir daí estamos analisando apenas o seu
discurso, ou seja, o conteúdo imerso no texto.
Dentro do percurso são estabelecidas três etapas onde cada uma é descrita
independentemente, mas o sentido do texto depende da relação entre as três etapas
ou níveis, que vão das estruturas mais simples às mais complexas.
O primeiro nível é chamado de nível fundamental e compreende as categorias
semânticas que ordenam os diferentes conteúdos do texto. As categorias
semânticas estabelecem-se por oposições que tenham algo em comum, que
possuam relação de contrariedade. Ex.: vida /versus/ morte; masculinidade /versus/
feminilidade; natureza /versus/ cultura.
O segundo nível do percurso gerativo de sentido é denominado de nível
narrativo e define-se pela transformação de estado do sujeito. A transformação de
estado do sujeito se dá em quatro fases: manipulação, competência, performance e
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sanção.
O terceiro nível do percurso gerativo de sentido é chamado de nível
discursivo. É nele que as formas abstratas do nível narrativo são concretizadas por
meio de figuras e tematização.
No plano de expressão (visual, verbal ou sincrético) o texto volta a ser
rediscutido em seu processo de significação e observado como objeto de
comunicação. Neste momento perceberemos como a significação é expressa pela
materialidade, cor, formas no espaço de maneira a comunicar a mensagem.
A análise do plano da expressão acontece à medida em que se dá a
descrição dos seus elementos constituidores, e a eles, aplicamos as categorias
plásticas que são: cromático, eidético, topológico e matérico, este último, agregado à
semiótica
plástica
pensada
originariamente
por
Greimas,
para
atender
principalmente as demandas de análise da arte contemporânea que utiliza o recurso
de compor à obra elementos de diversas ordens matéricas. Identificadas as
categorias de cada formante, que se dá em contrariedade na formação do nível
profundo da expressão, considerando o percurso gerativo de sentido, deve-se ainda
estabelecer as combinações dessas categorias em combinações maiores.
Em composições plásticas as relações de sentido são estabelecidas a partir
do plano de expressão (significantes) que se relaciona diretamente ao plano de
conteúdo (significado). “A linguagem pictórica se constrói a partir de uma peculiar
semiose que se estabelece entre os dois planos constituintes de sua estruturação, a
saber, o plano de expressão e o plano de conteúdo” (OLIVEIRA, 2004, p. 116).
O conteúdo, na fotografia, está manifestado na organização das figuras no
espaço, nas expressões, no gestual e nas escolhas de enquadramento. Esse texto
visual é estruturado pelo enunciador de modo a produzir significado para o
enunciatário, ou leitor, da fotografia.
Peça publicitária, objeto desse estudo, é um texto visual. Os textos visuais
estão inclusos nos sistemas semi-simbólicos. O semi-simbolismo pertence ao
sistema semiótico solicitando do analista tomar em analise separadamente os
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planos de expressão e conteúdo impedindo assim qualquer redução da
manifestação textual, mas que, por outro lado, foca uma analise da manifestação
textual, permitindo que também outros analistas, para além do plano da expressão,
construam outras análises, o semi-simbolismo permite também maior autonomia
para o fazer analítico, embora todas as marcas enunciativas do texto devam ser
respeitadas. Neste afirmação de Rebouças (2003, p. 13)
não existe um direcionamento para o olhar, como na escrita, indicando que
começamos da esquerda para a direita, do alto para baixo, da parte para o
todo. A maneira de ver, de conduzir o olhar pela plástica da obra é, como a
obra, uma construção.
Finalmente, o texto visto em sua totalidade, formando um conjunto sincrético,
terá a semiótica greimasiana, especialmente a sociossemiótica, como escopo
necessário para a apreensão dos mecanismos discursivos contidos no texto a ser
analisado.
Para a sociossemiótica, a práticas sociais, ou seja, fazeres do cotidiano,
estilos de vidas, a vida social em si nas suas mais diversas formas de apresentação,
são processos significantes.
Essas práticas são estabelecidas pelos atores sociais através dos regimes de
visibilidade: poder, querer, dever, saber ver e ser visto e querer, dever, saber, poder
“ver”, respectivamente os actantes que são vistos vêem e os que vêem.
(LANDOWSKI, 1992).
Pfizer
As peças publicitárias, de modo geral, apresentam intencionalidades de fazer
crer ao enunciatário de que se trata de algo bom, interessante e necessário ao uso
social, significado-o a partir dos elementos presentes na imagem, fazendo parecer
“verdadeiro” o discurso que apresenta. Neste sentido afirma Rebouças (2001, p.137)
Como não se trata da produção de um discurso “verdadeiro” pelo sujeito da
enunciação, mas de um discurso que produza um efeito de “verdade”, ele
tem de ser construído para fazer-parecer-verdade, sendo assim, a sua
função não é de dizer- verdade, mas de parecer-verdade. Desse modo, o
discurso constrói sua própria verdade, não existindo uma verdade discursiva
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mas um parecer-verdadeiro. Para que se estabeleça o contrato, o
enunciador deverá empregar meios de persuasão para que o enunciatário,
em seu fazer interpretativo, encontre as marcas da veridicção e reconheçaas. Nesse movimento, o enunciatário deverá se valer de “contratos de
veridicção anteriores, próprios de uma cultura, de uma formação ideológica
e da concepção[...]
São as marcas da enunciação que pretendo encontrar e a partir dela elaborar
uma análise da imagem publicitária Pfizer, encontrando os contratos de veridicção
estabelecido pelo enunciatário.
Fonte: Revista Veja
A imagem apresenta um casal a esquerda, por onde nossos olhos se
aproximam da imagem, trata-se de um casal jovem. Uma moça à frente e um rapaz
que a apóia.
A jovem tem na mão esquerda uma esfera azul e, num ato silencioso, velado
(considerando que a mesma não encara seu parceiro) a oferece ao rapaz.
Na sequência vemos várias esferas azuis espalhadas pelo chão, bem a frente
do casal. As esferas levam o olhar do espectador à inscrição “Powered by Pfizer”, a
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marca Pfizer se inscreve em branco, enquanto se instala numa elipse azul, assim
como as esferas que nos levaram até lá.
Desse modo, o primeiro questionamento surge: Porquê a única inscrição
verbal desse texto imagético está em língua inglesa} que efeito de sentido isso nos
dá}
À direita da imagem vemos uma grande e frondosa árvore, que se impõe por
querer-parecer-real. O mundo natural se figurativiza nos elementos da árvore, estes,
se mostram realistas na apresentação dos diferentes tons de verdes e diferentes
nuances de luz que incidem sobre a árvore. Seu tronco apresenta ao espectador
como sendo de uma árvore antiga, com longa trajetória de vida.
Entre a árvore e o casal de jovens, a imagem traz um cavalo branco. O cavalo
mantem um olhar obliquo a direita e sua cor ora parece dourada pela luz.
Toda a luz da cena nos remete ao pôr do sol, um fim de dia, cuja cor
predominante é o vermelho-laranja do sol que se põe. A composição geral da cena
estabelece uma beleza baseada nos preceitos de equilíbrio e harmonia, valores que
se instalam no classicismo.
A esquerda do casal, vemos um casal de coelhos. Aparentemente é um casal
de coelhos. Essa atribuição de sentido se dá pela figurativização do aspecto da
reprodução que esse animal oferece à cultura ocidental. Por isso, acredita-se que
seja um casal de coelhos.
Ao fundo uma cadeia de montanhas se coloca discretamente. Toda a cena é
coberta por uma relva verde homogênea, reiterando o aspecto clássico da imagem.
A imagem é colorida em tons sóbrios, o casal está vestido de branco, o cavalo
é branco também. A copa frondosa da árvore e a relva são verdes, o céu esta
avermelhado em tons quentes, conotando um fim de tarde. Os coelhos são
caramelo, lembrando o tom do colo da jovem moça.
O enunciador manipulador ao propor o cenário para este retrato revela um
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querer mostrar a origem e desejo natural do uso da medicação posta na peça
publicitária.
O tema natural ou naturalidade aparece figurativizado pelo cenário bucólico,
que se apresenta na cena toda, árvore, relva verde e etc..
Revela-se na imagem um discurso da recriação do mito da criação. O tema
da recriação do mito da criação, ou da origem da sociedade por Adão e Eva, se
apresenta pela presença das esferas azuis, uma na mão da figura feminina que é
oferecida ao rapaz que compõe a cena com a moça, conotando o fruto proibido que
a serpente oferece a Eva, que oferece a Adão.
Os “frutos proibidos” são as esferas azuis. O laboratório Pfizer é o
responsável pela produção do medicamento viagra, a chamada “pílula azul”.
Os sujeitos (rapaz e moça) aparecem em conjunção com o objeto valor (o uso
da medicação). No discurso apresentado pelo enunciador o sujeito faz crer ao
destinatário em sua posição na imagem, a de usuários da medicação. As mãos
sobrepostas dos sujeitos leva o destinatário, em seu fazer interpretativo, crer ser
verdade o discurso apresentado. A peça publicitária discursa sobre a afirmação da
origem “natural” da medicação.
O enquadramento proposto pelo enunciador nos coloca como observador dos
sujeitos apresentados, considerando a leitura ocidental que fazemos da escrita da
esquerda para a direita, mas uma questão se coloca: nenhum actante da cena
encara o destinatário. Ou seja, o rapaz e a moça mantêm os olhos fechados; ele
com a face voltada para ela, ela com a face voltada para frente e levemente
inclinada para baixo. O cavalo tem o olhar obliquo, o casal de coelhos se entreolha.
O efeito de sentido aí conotado é o da discrição. Aquele que faz uso da
medicação não assume que faz, aquele que oferece a medicação também não
encara seu público. Assim todos os sujeitos da cena lidam com o assunto em
questão de modo velado, reiterando a condição velada do sujeito que precisa do
remédio.
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A partir dos elementos que compõe o cenário da imagem reconhecemos a
alusão à ideia de origem natural do medicamento e de seu uso.
A repetição dos elementos como o cavalo (virilidade) e coelhos (reprodução)
afirmam este discurso.
Há ainda um aspecto interessante imanente do texto. O cavalo que em nossa
cultura é símbolo de força e virilidade, se coloca em quarto plano da cena. Embora
ele tenha uma luz própria, uma cor que se assemelha a das roupas do jovem casal,
ele está distante. Esse dado nos faz pensar que apenas o uso adequado da
medicação viagra poderá aproximar aquele “cavalo” (em seu efeito de sentido de
virilidade) do jovem rapaz.
Ao buscar o contexto na qual a peça publicitária foi veiculada, temos a marca
da revista VEJA como direcionamento. Revista que atende a grande público
assinante, que se disponibiliza semanalmente e que ofereceu uma página inteira a
imagem em analise. Observa-se que a imagem apresenta essencialmente
elementos da visualidade e pouco texto escrito, sendo este em inglês, o que nos faz
ver que a publicidade foi pensada para determinado público que lê a revista VEJA e
que faz uso, ainda que restrito, de um vocabulário em inglês.
Este tipo de fotografia apresenta uma oposição básica natureza/cultura. A
imagem presentifica o momento ausente (a criação - Adão e Eva) construindo uma
verdade discursiva, um parecer-verdadeiro. A partir do elemento de persuação
apresentados na imagem, tal qual os já citados acima. O enunciatário encontra as
marcas da veridicção e as reconhece. É um simulacro da realidade.
Entre o “fazer-crer” do contrato fiduciário e o “parecer” próprio da
sociossemiótica, instala-se um hiato. A peça publicitária quer dizer-se verdadeira e
fiel em seus valores naturais, porém indica uma fragilidade aparente na criação de
um cenário fantasioso e principalmente cuidadoso em fechar a cena com todos os
elementos símbolicos capazes de gerar um discurso convincente.
Nosso interesse em construir uma analise semiótica a partir da imagem da
publicidade, se dá pela necessidade urgente que se coloca no mundo atual de
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apropriação da sintaxe e da semântica das imagens que povoam nosso cotidiano,
em especial aquele que se insere na escola de modo dominante.
Desta feita, faz-se mister colaborar com a formação do publico leitor de
imagens para que as relações entre destinador e destinatário dos textos midiáticos
sejam mais profícuas à educação e ao ensino de modo geral.
REFERÊNCIAS
BARROS, Diana de. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo: Ática, 2001.
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico. Campinas, SP: Papirus, 2006.
FIORIN, José Luiz. A noção de texto na semiótica. Revista do Instituto de Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 23. Porto alegre: UFRGS, 1995.
________. Elementos da análise do discurso. São Paulo: Contexto, 1997.
LANDOWSKI, Eric. Presenças do outro. São Paulo; Perspectiva, 2002.
________. A sociedade Refletida: ensaios de sociossemiótica. São Paulo: Educ/Pontes,
1992.
OLIVEIRA, Ana Claudia (org). Semiótica plástica. São Paulo: Hackers Editores, 2004.
REBOUÇAS, Moema M. O discurso modernista na pintura. Lorena: CCTA, 2003.
________.Contratos na Pintura: O caso Volpi. In: Galáxia: revista transdisciplinar de
comunicação, semiótica, cultura / Programa Pós-Graduado em Comunicação e Semiótica
da PUC-SP. — n. 2 (2001). — São Paulo : EDUC, 2001, p. 137.
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