Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil Relatório de Pesquisa 02 Análise do Balanço de Pagamentos do Estado do Rio Grande do Sul e a Importância dos APLs no Fluxo de Comércio Rio Grande do Sul UFSC Departamento de Economia www.redesist.ie.ufrj.br www.politicaapls.redesist.ie.ufrj.br Projeto Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil Relatório de Pesquisa 02 ANÁLISE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E A IMPORTÂNCIA DOS APLS NO FLUXO DE COMÉRCIO Rio Grande do Sul Equipe Estadual Coordenação: Ana Lúcia Tatsch Pesquisadores: Janaina Ruffoni Mestranda: Vanessa de Souza Batisti Marcelo Gostinski Marilise Dorneles Spat Graduandas: Cláudia Borba Matos Equipe de Coordenação do Projeto / RedeSist Coordenador: Renato Ramos Campos Marco Vargas Fabio Stallivieri Pablo Bittencourt Sumário 1. Introdução ................................................................................................................................. 1 1.1 Características da Estrutura Produtiva do Rio Grande do Sul e seus APLs.......... 2 2. O Balanço de Pagamentos: Os Principais Fluxos de Compra e Venda .................................... 9 2.1. Balança Comercial Interestadual e de Comércio Exterior ............................. 9 2.2. Balança Comercial Segundo a Intensidade dos Fatores e a Natureza da Atividade Econômica.................................................................................................. 15 3. Os APLs e o Balanço de Pagamentos ......................................................................................... 30 3.1 APL de Couro e Calçados ............................................................................. 31 3.2 APLs de Móveis – Serra, Hortênsias e Central ............................................. 33 3.3 APL de Gemas e Jóias ................................................................................... 35 3.4. APL têxtil e de Confecções da Região das Hortênsias ................................. 38 3.5 APL de Vitivinicultura da Serra .................................................................... 40 3.6 APL de Doces e Conservas............................................................................ 45 3.7 APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas – Pré-colheita, Colheita e Póscolheita........................................................................................................................47 Referências........................................................................................................................................ 53 Apêndice A – Dados Tabulados Sobre o APL de Couro e Calçados ................................................ 56 Apêndice B – Dados Tabulados Sobre os APLs de Móveis .............................................................. 61 Apêndice C – Dados Tabulados Sobre os APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas ................. 66 A BALANÇA COMERCIAL INTERESTADUAL E DE COMÉRCIO EXTERNO DO RIO GRANDE DO SUL Ana Lúcia Tatsch1 Janaina Ruffoni2 Vanessa de Souza Batisti3 Marcelo Gostinski4 Marilise Dorneles Spat5 Cláudia Borba Matos6 1. Introdução O presente Relatório é produto da segunda etapa da pesquisa Análise do mapeamento e das políticas para arranjos produtivos locais no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. O Relatório apresenta os resultados do estudo que pretendeu descrever e analisar a balança de pagamentos do estado do Rio Grande do Sul (RS) – no que tange às transações comerciais com os demais estados do país e com o exterior-, bem como sua relação com os Arranjos Produtivos Locais identificados e apoiados por políticas no estado. O objetivo principal foi o de analisar tais transações comerciais, de modo a melhor caracterizar a estrutura produtiva estadual, identificando a existência de gargalos produtivos e, a partir disso, fazer, na continuidade deste projeto de pesquisa, proposições de políticas com vistas a fortalecer as atividades produtivas relacionadas aos APLs. Entende-se que as conclusões dessa etapa, sistematizadas neste segundo Relatório, poderão orientar as políticas públicas que podem abranger diversas áreas: industrial, de planejamento, tributária e fiscal, bem como de desenvolvimento regional e de promoção de APLs. São dois os focos do estudo, a Balança Comercial Interestadual e a Balança de Comércio Externo do Rio Grande do Sul. Isto é, no caso da Balança Interestadual, a análise se refere às trocas internas ao estado e às trocas com outros estados da federação, de maneira a obter os valores dos fluxos de saída e de entrada de bens e serviços – o chamado comércio por vias internas. Já no que se refere à Balança Comercial gaúcha, aprecia-se as exportações e as importações com o resto do mundo. Os dados sobre os quais são feitas as análises advêm, especialmente, de duas fontes: do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (SEFAZ RS). No primeiro caso, buscou-se as estatísticas de comércio externo junto ao site do Ministério e através do Sistema ALICEWeb. Já no que diz respeito aos dados da SEFAZ RS, foi feito um pleito junto à Receita Estadual para se ter acesso à base de dados necessária ao exame do comércio por vias internas. Infelizmente as informações não foram disponibilizadas; logo, utilizou-se os dados já publicados pela Secretaria em seus relatórios técnicos. Conforme descrito na Nota Técnica II – Procedimentos metodológicos para a elaboração do balanço de pagamentos e análise da relação entre estes resultados e os APLs identificados e 1 Coordenadora Estadual da Pesquisa. Doutora em Economia pelo Instituto de Economia da UFRJ. Professora do Programa de Mestrado em Economia da UNISINOS e pesquisadora associada à RedeSist – IE / UFRJ. 2 Pesquisadora. Mestre em Administração – Ênfase em Ciência e Tecnologia da UFRGS. Doutoranda em Economia no Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da UNICAMP. Professora da área de Ciências Econômicas da UNISINOS. 3 Assistente de Pesquisa. Mestrando do Programa de Mestrado em Economia da UNISINOS. 4 Assistente de Pesquisa. Mestrando do Programa de Mestrado em Economia da UNISINOS. 5 Assistente de Pesquisa. Mestranda do Programa de Mestrado em Economia da UNISINOS. 6 Estagiária. Graduanda do Curso de Gestão para Inovação e Liderança da UNISINOS. 1 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br apoiados nos estados -, que orienta a presente fase do projeto, por se tratar de uma análise Cross Section o ano de 2006 deveria ser o referencial para as análises. A escolha desse ano decorreu do fato de que a partir de 2007 foi implementada a lei do Super Simples Nacional7, a partir da qual as empresas passaram a estar desobrigadas a responder o formulário fiscal para a SEFAZ. No caso deste Relatório, devido à impossibilidade de obtenção da base junto a SEFAZ RS, contou-se com os dados já publicados cujo ano de referência mais recente é 2002. Assim, as análises do comércio por vias internas foram feitas para um período distinto daquele realizado para o comércio externo (que foi 2006). Além desses anos, outros períodos foram também examinados para que se pudesse realizar comparações e qualificar a análise. O Relatório é composto por três capítulos. O primeiro abrange esta Introdução, na qual estão também descritas as características da estrutura produtiva do Rio Grande do Sul e a relação desta com os APLs identificados e apoiados. No segundo capítulo – O balanço de pagamentos: os principais fluxos de compra e venda – examina-se a natureza dos fluxos de trocas de bens e serviços entre o estado do Rio Grande do Sul e as demais regiões do país, bem com os dados de comércio exterior, isto é, as importações e as exportações do RS com o resto do mundo. Por fim, no terceiro e último capítulo – Os APLS e o balanço de pagamentos – analisam-se esses mesmos indicadores para os principais municípios dos APLs identificados e apoiados por políticas que foram selecionados a partir da listagem apresentada no Relatório I. 1.1 Características da Estrutura Produtiva do Rio Grande do Sul e seus APLs O Rio Grande do Sul é considerado um dos estados da Federação com elevado grau de industrialização em relação a outras regiões país, principalmente norte e nordeste. Conforme análises históricas referentes à estrutura produtiva do estado isso se deve, entre outros fatores, à característica do seu território – propício à atividade agrícola e, conseqüentemente, ao desenvolvimento do agronegócio – e à imigração alemã e italiana que trouxeram consigo conhecimentos necessários para a realização de atividades manufatureiras que impulsionaram o desenvolvimento industrial da região. O Produto Interno Bruto do RS, segundo estimativa da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado, em 2008 foi de R$ 193,5 bilhões – o que representa em torno de 7% do PIB nacional - e o PIB per capita de R$ 17.281, superior ao nacional que foi de R$ 13.720 em 2007. A taxa de crescimento do PIB em relação ao ano anterior foi de 3,8%, um pouco abaixo da taxa de crescimento do PIB nacional que foi de 4,7%. Para uma melhor compreensão da estrutura produtiva do RS, pode-se verificar a seguir a distribuição do Valor Adicionado Bruto (VAB) entre setores para o ano de 20058. 7 Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. 8 As informações mais recentes publicadas pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) são de 2005. 2 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 1 – Estrutura do Valor Adicionado Bruto (VAB) por Setores de Atividade para o RS (2005) Atividades Percentual (%) Agropecuária 7,08 Agricultura, silvicultura e exploração florestal 4,07 Pecuária e pesca 3,00 Indústria 30,25 Indústria extrativa mineral 0,28 Indústria de transformação 22,94 Construção Civil 4,56 Produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana 2,47 Serviços 62,67 Comércio e serviços de manutenção e reparação 13,45 Serviços de alojamento e alimentação 1,44 Transportes, armazenagem e correio 5,75 Serviços de informação 2,91 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 6,39 Serviços prestados às famílias e associativos 2,55 Serviços prestados às empresas 3,63 Atividades imobiliárias e aluguel 8,79 Administração, saúde e educação públicas 13,28 Saúde e educação mercantis 3,44 Serviços domésticos 1,06 Total 100,00 Fonte: FEE/ Centro de Informações Estatísticas / Núcleo de Contabilidade Social. Conforme a Tabela 1, observa-se que a atividade de serviços é a de maior participação no VAB do estado, seguida pela atividade industrial e agropecuária. Tal distribuição reflete a estrutura também presente em diversas outras economias, inclusive a nacional. O que é relevante de ser observado é o destaque que recebe a indústria, com uma participação de 30,25% no VAB e, mais especificamente, a indústria de transformação que participa com 22,94%. Com vistas a verificar também a dinâmica do crescimento das atividades da agropecuária e da indústria de transformação, a Tabela 2 apresenta as taxas de crescimento destes setores para 2007 e 2008. 3 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 2 – Taxas de Crescimento por Atividades Produtivas Selecionadas para o RS (20072008) Atividades Taxa de Crescimento 2007 Taxa de Crescimento 2008 Agropecuária Lavoura 15,0 -8,2 1,7 2,5 Alimentos 4,5 8,5 Bebidas 5,4 -8,8 Borracha e plástico 5,0 4,2 Calçados e artigos de couro -7,2 -7,6 Celulose, papel e produtos de papel -0,3 4,9 1,8 -1,7 Fumo -6,2 -9,5 Máquinas e equipamentos 31,7 23,9 6,2 9,3 -4,6 7,6 Produtos químicos 0,6 -1,6 Produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos 1,2 6,1 Refino de petróleo e álcool 30,1 -5,9 Veículos automotores 26,8 20,9 Produção animal Indústria de Transformação Edição, impressão e reprodução de gravações Metalurgia básica Mobiliário Fonte: Estimativas da FEE/ Centro de Informações Estatísticas/ Núcleo de Contabilidade Social. Constata-se queda abrupta na atividade agropecuária no estado quando se comparam as taxas de crescimento dos dois anos. No caso da indústria de transformação, também podem ser observadas atividades que sofreram decréscimo no último ano, com destaque para a fabricação de bebidas, de calçados e artigos de couro, de fumo e refino de petróleo e álcool. Por outro lado, as atividades que se destacaram por apresentar crescimento positivo nos últimos dois anos foram a fabricação de alimentos, de borracha e plástico, de máquinas e equipamentos, de metalurgia básica, de produtos de metal e de veículos automotores Os produtos produzidos no estado mais exportados em 2008 foram: soja – grão, farelo e óleo – carnes de aves, carne suína, carne bovina, fumo, calçados, tratores e demais máquinas e aparelhos agrícolas, produtos petroquímicos, cereais, couros, combustíveis e móveis. Os preços das commodities agrícolas contribuíram consideravelmente para esse resultado, com destaque para os produtos da soja, carne e cereais (GARCIA, 2009). Segundo Garcia (2009), ocorreu uma mudança na composição da pauta de exportações do RS: aumento dos produtos intensivos em recursos naturais e redução dos produtos intensivos em trabalho. A estrutura produtiva descrita não está presente uniformemente em todo o território do RS. Da mesma forma que ocorre em nível nacional, há regiões no estado que concentram parte significativa do emprego e da renda. A distribuição geográfica das atividades produtivas será aqui descrita por ser um importante elemento em estudos a respeito de Arranjos Produtivos Locais, como é o caso da pesquisa em questão. A característica do desenvolvimento sócio-econômico e das atividades produtivas presentes no RS resulta na compreensão de que o estado apresenta três regiões com situações distintas: norte, sul e nordeste. Na região Sul predominaram historicamente as atividades da pecuária e da lavoura de arroz e atualmente esta tem pouca participação no emprego e na renda do estado, sendo considerada 4 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br uma região economicamente estagnada. A região Norte caracteriza-se pela predominância da atividade agropecuária e há focos de industrialização, como a cadeia produtiva do fumo, da avicultura, da suinocultura e a fabricação de máquinas e implementos agrícolas. Por fim, a região Nordeste do estado destaca-se pela presença de várias atividades industriais manufatureiras, como a coureiro-calçadista, a moveleira, a metal-mecânica e vários são os APLs identificados e apoiados por políticas nesta região, conforme analisado no Relatório I da pesquisa em questão. A distribuição da atividade produtiva no território gaúcho é apresentada pelas divisões administrativas denominadas de Conselhos Regionais de Desenvolvimento Econômico e Social (COREDES). Ao todo o estado está divido em 28 COREDES. A Figura 1 a seguir apresenta a localização destas divisões administrativas do RS. Figura 1 - Localização dos COREDES do Rio Grande do Sul Fonte: CARGNIN (2002). Analisando alguns indicadores econômicos divulgados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), constata-se que três COREDES - Vale do Rio dos Sinos, Metropolitana Delta do Jacuí e Serra – concentram em torno de 50% do PIB estadual e 40% da população. Há, portanto, bastante disparidade sócio-econômica entre as regiões do RS, considerando que os três COREDES citados representam 15% do território gaúcho (Rio Grande do Sul / SCP, 2006). Conforme pode ser visto na Figura 1, estes três COREDES estão localizados em uma região mais a nordeste do estado. Interessante observar que na primeira fase da política de apoio a APLs no estado, que ocorreu de 1999 a 2002, conforme apresentado no Relatório I desta pesquisa, alguns dos APLs escolhidos para receber apoio estavam localizados nestes três COREDES, como segue: autopeças da região da Serra; coureiro-calçadista das regiões do Vale dos Sinos e Paranhana e moveleira da região da Serra. Essas são tradicionais atividades produtivas geograficamente concentradas. Nesta região há concentração de diferentes setores produtivos, como têxtil e vestuário, moveleiro, metal-mecânico, vitivinícola, coureiro-calçadista, entre outros. O Quadro 1 a seguir apresenta um resumo das principais atividades produtivas realizadas em 24 COREDES e a localização dos APLs identificados e apoiados por políticas no RS. A intenção é compreender as características produtivas das regiões por meio de suas especialidades e a distribuição destas atividades no território gaúcho. 5 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Quadro 1 – Atividades Produtivas e APLs9 dos COREDEs10 COREDES Alto da Serra do Botucaraí Principais Atividades Econômicas/Produtos Menor PIB do estado, sendo que o setor de comércio e serviços é o dominante (50%). A agropecuária é o segundo setor em participação no PIB (40%), sendo a soja o principal produto, seguido de fumo, trigo e milho. APLs Identificados e Apoiados Gemas e Jóias (Beneficiamento e Artefatos de Pedra) Alto Jacuí Comércio e serviços apresentam a maior participação no PIB local que é de 47%, seguido pela agropecuária. Produtos importantes são soja, milho e cevada. Na indústria destacam-se os segmentos de máquinas e tratores, óleos comestíveis e calçados e couros. Gemas e Jóias Beneficiamento) Campanha Estrutura produtiva centrada em comércio e serviços (48% do PIB). O segundo setor em participação no PIB (28%) é a agropecuária, sendo o produto dominante o arroz (mais de 80% da produção) e soja, milho, trigo e sorgo. Carnes / Bovinocultura de Corte Central O setor de comércio e serviços é o principal da região (59%) do PIB local. A agropecuária participa com 28% do PIB local, sendo os principais produtos a soja e o arroz. Com grande crescimento da produção são os produtos ervilha, erva-mate e cevada, mas ainda representam muito pouco da produção local. Moveleiro Centro-Sul O setor industrial participa com 27,7% do PIB local, destacando-se as atividades de siderurgia, produtos de origem vegetal, farinhas e rações, carvão, material de transporte e calçados e couros. Os produtos dominantes da agropecuária – que participa com 25% no PIB - são arroz e fumo. --- Fronteira Noroeste Estrutura produtiva baseada principalmente na indústria que participa com 35% e a agropecuária participa com 26%. A produção de máquinas e equipamentos é uma das mais importantes da região, com destaque também para produtos de origem animal e vegetal, óleos combustíveis, laticínios e ramos alimentícios. Máquinas e Implementos Agrícolas / Colheita Fronteira Oeste O PIB local é composto principalmente (48%) pelas atividades de comércio e serviços. A região também tem inclinação para a agropecuária (38% do PIB local), sendo que os principais produtos são: arroz, soja, trigo e mandioca. Como produtos dinâmicos, com altas taxas de crescimento, destacam-se as frutas. Gemas e Jóias (Extração Beneficiamento) Vitivinicultura Ovinocultura de Corte Hortênsias O setor de comércio e serviços participa com 54,1% do PIB, seguido pela indústria (26%) e agropecuária (20%). Na indústria destacam-se os setores madeira, papel e celulose, calçados, couros e peles, móveis, Moveleiro Têxtil e Confecções (Extração e e 9 A identificação dos APLs por COREDES foi feita considerando-se a localização do município-chave do APL, conforme apresentado no Quadro 1 do Relatório I desta pesquisa. Isso significa que os APLs identificados estão localizados pelo menos nos COREDES mencionados, podendo ocorrer dos APLs se estenderem para outros COREDES, já que os municípios em que as atividades produtivas dos APLs estão presentes não se restringem necessariamente à divisão administrativa dos Conselhos Regionais. 10 São apresentadas informações referentes a 24 COREDES, pois o estudo utilizado como referência – Rio Grande do Sul / SCP, 2006 – baseou-se na antiga divisão de regiões administrativas do RS. 6 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br metalúrgicos e laticínios. A atividade no setor primário centra-se na produção de maçã. Jacuí-Centro Estrutura produtiva dominada pelo comércio e serviços (48,2%). Ganha relevância o setor agropecuário pelo seu nível de crescimento; esse setor representa 36% do PIB local. O principal produto é o arroz (60%) da produção local, seguido por banana, mandioca, milho e tomate. Piscicultura Florestamento Litoral Estrutura produtiva centrada em comércio e serviços (75% do PIB local), com destaque para o turismo. A agropecuária é o segundo setor em termos de importância para a região (18%) com destaque para produtos como arroz e banana. --- Médio-Alto Uruguai Grande parte do PIB local provém da agropecuária (48%). A indústria é pouco relevante, representando 5% da atividade produtiva local. A atividade agrícola está centrada em soja, milho e mandioca. Gemas e Jóias Beneficiamento) Metropolitana Delta do Jacuí O setor de serviços é o que apresenta maior participação na região. A atividade agropecuária é pouco importante, destacando-se a rizicultura. Na indústria, os setores dominantes são: petroquímica, bebidas, material de transporte e máquinas, equipamentos e tratores. Cachaça e Derivados da Cana Automação e Controle EletroEletrônico Missões Agropecuária representa 36% do PIB regional. Os produtos dominantes são: soja, trigo, milho e mandioca, com produtividade média inferior ao resto do estado. Produtos dinâmicos com alta taxa de crescimento da produção são: erva-mate, linho, amendoim e frutas. Turismo Nordeste O setor agropecuário é o dominante (52% do PIB local), sendo o principal produto a soja, seguida por milho e trigo. A indústria, que representa 10% do PIB, está focada em móveis, farinha e rações, alimentos, têxtil e confecções, madeira, papel e celulose, produtos de origem animal e laticínios. --- Noroeste Colonial A distribuição das atividades produtivas é a seguinte: comércio e serviços participam com 48%, agropecuária com 27% e indústria com 24%. A produção agrícola está centrada na soja. Máquinas e Implementos Agrícolas / Pós-Colheita Piscicultura Norte Destacam-se os produtos milho, feijão, cevada e ervamate. Esses segmentos colaboram com mais de 10% na produção do estado. --- Paranhana – Encosta da Serra Principal setor é o industrial, com participação de 57% no PIB regional, com destaque principalmente para calçados, seguidos de produtos de origem animal, madeira, papel e celulose, metalúrgicos, laticínios e têxteis. Comércio e serviços participam com 38% do produto regional. --- (Extração e 7 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Produção Comércio e serviços participam com 44,5% do produto local. A agropecuária participa com 28%, com predominância da soja, milho, trigo, mandioca, aves e suínos. Observaram-se altas taxas de crescimento na produção de frutas. Na indústria dominam os segmentos de produtos de origem animal, material de transporte, metalúrgico, móveis, máquinas e tratores, bebidas, têxtil, calçados, material elétrico e eletrônico. Máquinas e Implementos Agrícolas / Pré-Colheita Leite e Derivados Serra Principal setor é a indústria, com participação de 55% no PIB local e 15,4% no PIB estadual. Os segmentos que se destacam são: material de transporte, metalúrgico, móveis, máquinas, equipamentos e tratores e bebidas. A agropecuária responde por 12,7%, com destaque para a uva e o milho. Metal-Mecânico / Autopeças Moveleiro Têxtil e Confecções Gemas e Jóias - Jóias, Folheados e Bijuterias Vitivinicultura Fruticultura Turismo Sul O setor de comércio e serviços é o principal da região (49%) que deve receber influência dos pólos de Pelotas e Rio Grande. O setor industrial participa com 35,3% do PIB local e destacam-se o petroquímico, produtos de origem vegetal, óleos comestíveis e fertilizantes. No setor agrícola o destaque é a produção de arroz. Doces e Conservas Fruticultura Pólo Naval Vale do Caí A indústria é o principal setor, com participação de 53% no PIB local, seguida da agropecuária e do setor de serviços. Na indústria destacam-se os produtos de origem animal, calçados, couros e peles. A produção agrícola de cítricos é o destaque no setor primário, sendo também importantes os produtos erva-mate e outras frutas. Flores e Plantas Ornamentais Vale do Rio do Pardo Principal atividade é a industrial (47,4%), seguida pela de serviços e agropecuária. O produto fumo manufaturado tem grande importância na região. --- Vale do Rio dos Sinos Predominância do setor industrial, que participa com 63% do PIB regional, sendo os produtos dominantes petroquímico e calçados e couros. Também há vários outros segmentos – máquinas e equipamentos, químico, transporte, siderúrgico e metalúrgico, conferindo à região diversidade produtiva. Coureiro-Calçadista Vale do Taquari A indústria participa com 50% do PIB, sendo seguida por serviços e agropecuária. Na indústria destacam-se os setores de calçados, couros e peles, produtos de origem animal e químicos. A produção agrícola é diversificada, com milhos, fumo, mandioca e soja. --- Fonte: Elaborado pelos autores com base no documento RIO GRANDE DO SUL / SCP (2006) e nas informações apresentadas no Relatório I desta pesquisa. A partir da descrição das atividades produtivas do estado e da representação geográfica da localização das mesmas é possível conhecer as principais características produtivas do RS. Além disso, a apresentação da localização dos APLs identificados e apoiados por políticas juntamente com a descrição das atividades produtivas por regiões proporciona uma visão interessante das especialidades produtivas presentes no território gaúcho. 8 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br 2. O Balanço de Pagamentos: Os Principais Fluxos de Compra e Venda Neste segundo capítulo, busca-se primeiramente avaliar a dimensão e a natureza dos fluxos de trocas de bens e serviços entre o estado do Rio Grande do Sul e as demais regiões do país. Para tanto, analisa-se a pauta de saídas e de entradas do comércio por vias internas a partir dos dados da SEFAZ, o que permite examinar as relações comerciais entre o RS e os demais estados brasileiros, inferindo, a partir daí, o grau de (in)dependência econômica da economia gaúcha. Pode-se ainda observar os produtos que são comprados e vendidos e a natureza das atividades comercializadas. Tudo isso permitirá adiante, em estágio posterior desta pesquisa, melhor sugerir políticas de promoção de investimentos no estado e nos APLs em particular. Além disso, os dados de comércio exterior, isto é, os fluxos de importação e exportação do Rio Grande do Sul são também alvo de análise. Neste caso, os dados foram obtidos a partir do Sistema ALICE do MDIC. O ano referência, neste caso, é 2006; embora outros períodos sejam também comentados para qualificar a análise. Vale ressaltar novamente que, dada a não disponibilização da base de dados do comércio interestadual para o ano de 2006 pela SEFAZ RS, as informações atinentes ao comércio por vias internas foram buscados em relatórios já publicados por essa Secretaria, cujo período mais recente é o ano de 2002. Nas seções adiante seguem as análises. 2.1. Balança Comercial Interestadual e de Comércio Exterior Nesta seção examina-se a Balança Comercial Interestadual, ou seja, as trocas internas ao estado e as trocas com outros estados da federação, de maneira a obter os valores dos fluxos de saída e de entrada de bens e serviços – o chamado comércio por vias internas. Em outras palavras, a análise objetiva avaliar o volume e as características das vendas no próprio mercado interno gaúcho, as saídas para outros estados brasileiros. Segundo Guaragna (2004, p. 5), “a importância do mercado interno gaúcho na composição dos fluxos teoricamente sujeitos ao ICMS é da ordem de 68%, ficando os 32% restantes para o mercado brasileiro (25%) e o mercado externo (7%)”. A Tabela 3 apresenta as entradas e saídas interestaduais por origem e destino dos principais estados no período compreendido entre 1997 e 2002. Pode-se assim examinar com quais unidades da federação o Rio Grande do Sul possui maior relacionamento comercial. Isso através da apreciação do saldo das entradas e saídas, se superavitário ou não (saídas maiores ou menores que entradas). Observa-se que o Rio Grande do Sul vende mais para outros estados da federação do que compra deles, obtendo um saldo superavitário de R$ 7,891 bilhões neste período entre 1997 e 2002, já que as saídas totais representaram R$ 203,103 bilhões, superando as entradas com montante de R$ 195, 212 bilhões. Ao se analisar as macrorregiões brasileiras, percebe-se que o maior saldo positivo advém das relações de comércio com o nordeste do país, atingindo um resultado de R$ 13.009.970.416,00; na seqüência estão as seguintes regiões com os respectivos superávits: centro-oeste, R$ 6.186.453.833,00; demais estados do SUL, R$ 2.338.478.239,00; e norte, R$ 1.122.382.466,00. Com relação ao sudeste, há, no entanto, saldo negativo de R$ 14.766.202.721,00 entre 1997 e 2002. Embora seja para essa região que o RS mais vende e dela também que mais compra e, portanto, é com ela que se estabelece o maior fluxo de comércio. Ainda quanto a saldos negativos, há também déficits nas transações com Amazonas e Paraná. O segundo maior fluxo de comércio ocorre com os demais estados da região sul. Vê-se então que o fluxo de comércio com essas duas regiões – sudeste e sul – alcança em torno de 85% do fluxo total de transações realizadas pelo estado gaúcho entre os anos de 1997 e 2002. 9 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Os maiores parceiros do RS em termos de entradas (compras) e saídas (vendas) foram então: São Paulo (R$ 100,57 e R$ 78,38 bilhões), Santa Catarina (R$ 27,06 e R$ 29,77 bilhões), Paraná (R$ 22,81 e R$ 22,44 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 13,45 e R$ 17,13 bilhões) e Minas Gerais (R$ 10,47 e R$ 13 bilhões). Os Gráficos adiante resumem essas informações ao destacarem os percentuais de participação de cada estado no fluxo de comércio. Tabela 3 – Entradas e Saídas Interestaduais por Origem e Destino dos Principais Estados Brasileiros no Período de 1997 a 2002 (Em R$) Fonte: Elaborado pelos autores a partir Guaragna (2004). Nota: Os dados referem-se exclusivamente às operações de compra e venda, efetuadas entre contribuintes do ICMS, não estando incluídas as vendas a não-contribuintes (pessoas físicas ou jurídicas não sujeitas a inscrição no cadastro de contribuintes do imposto). Conforme se observa nos Gráficos 1 e 2, a ordem dos cinco maiores estados parceiros comerciais do RS é a mesma, tanto no que diz respeito às vendas (saídas) quanto às compras 10 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br (entradas). São Paulo é, ao mesmo tempo, o maior comprador e o maior fornecedor. Depois, seguem, na seguinte ordem decrescente, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Gráfico 1 – Entradas de Outras UFs para Contribuintes do RS (1997 a 2002) Fonte: GUARAGNA (2004). Verifica-se que há uma concentração das relações comerciais do RS com apenas seis estados. No que tange às entradas, Gráfico 1, 91,3% do total comprado advém desses poucos estados. Da mesma forma, conforme se vê no Gráfico 2, 82% das vendas totais gaúchas são destinadas a essas unidades da federação. São Paulo sozinho é responsável por 51,6% do total comprado pelo RS e absorve 38,6% do total das nossas saídas. Gráfico 2 – Saídas de Contribuintes do ICMS do RS para Outras UFs (1997 a 2002) Fonte: GUARAGNA (2004). Essas informações podem ser ainda melhor apreciadas a partir das Tabelas a seguir que discriminam os dados ano a ano do período em análise. Com base na Tabela 4, verifica-se uma participação declinante de São Paulo nas compras totais realizadas pelo RS ao longo dos anos de 1997 até 2002. Isto é, o grau de dependência gaúcha em relação à São Paulo vem caindo e a participação dos demais estados vem ampliando-se, o que demonstra uma tendência a diversificação. 11 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 4 – Entradas (compras) no RS pelos Principais e Estados Vendedores – 1997 a 2002 (Em R$) Fonte: GUARAGNA (2004). Já no que tange às vendas, Tabela 5, há uma constância no volume vendido pelo RS ao estado de São Paulo, seu maior comprador. O mesmo acontece com Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Já com Minas Gerais as vendas caíram no período mais recente. 12 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 5 – Saídas (vendas) do RS para os Principais Estados Compradores – 1997 a 2002 (Em R$) Fonte: GUARAGNA (2004). Pode-se ainda observar, ao compararem-se as duas Tabelas (4 e 5), que há um déficit na relação comercial do RS com os “demais estados” apenas no ano de 1997; já nos outros anos há um saldo positivo com viés de crescimento. De 1997 a 2002, tal saldo teve um incremento bastante significativo, especialmente entre 1999 e 2002, quando houve um salto de 266,4%. Por fim, pode-se ainda fazer uma breve análise histórica do comércio interestadual do RS com base na Tabela 6, que compara 1979, 1986 e 2002. 13 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 6 – Participação Relativa no Destino das Saídas e na Origem das Entradas Interestaduais do RS em 1979, 1986 e 2002 (Em %) Fonte: GUARAGNA (2004). Ao comparar-se 1979, 1986 e 2002, constata-se ainda com mais clareza que houve redução da dependência de São Paulo enquanto fornecedor do RS; isto porque cai a participação desse na pauta das entradas do comércio interestadual de 62,16%, em 1979, para 60,18%, em 1986, e para 47,76% e 2002. Cai também a participação do Rio de Janeiro, embora tenha uma participação bastante inferior a SP. O quadro é semelhante quando se analisam as saídas do RS. Tanto para SP quanto para o RJ, houve também um decréscimo em suas participações nesse tipo de transação comercial. Em ambas as situações, esses estados reduzem sua participação enquanto compradores. Já com Santa Catarina ocorreu o oposto, pois tanto no que tange às saídas quanto às entradas houve um incremento de sua participação ao longo dos anos analisados. Da mesma forma, houve elevação da participação das “demais unidades da federação” tanto sob o aspecto das compras quanto das vendas. Finalmente, valem alguns comentários sobre a balança comercial externa do RS. Ao analisar a Tabela 7, a seguir, observa-se que ao longo do período apresentado – 1998 a 2008 – o saldo da balança comercial gaúcha foi sempre superavitário. Embora, ao longo desses anos, possam ter havido variações negativas em alguns anos (2005 em relação a 2004 e 2008 comparado a 2007), no geral, houve crescimento ano a ano. 14 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 7 – Exportações, Importações e Saldo da Balança do RS (1998 a 2008) (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b). Em 2006, ano de referência utilizado na Pesquisa, o RS tem saldo positivo em sua balança comercial de US$ 3, 852 bilhões (BRASIL, 2009a, 2009b). Com uma receita de US$ 11,802 bilhões, as vendas do RS ao exterior mantiveram uma participação no total das exportações brasileiras de 8,6%, semelhante àquela registrada em 2005 (8,8%), mas ambas inferiores aos 10,3% registrados em 2004. O estado também se manteve como o terceiro maior exportador do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, os quais responderam, respectivamente, por 33,5% e 11,4% do total exportado pelo país em 2006 (BELLO; TERUCHKIN, 2007, p. 83; FEE, 2009). Embora o câmbio já viesse se valorizando desde a segunda metade de 2004, em 2006 essa valorização acentuou-se, dificultando o desempenho das exportações gaúchas, que só apresentou bons resultados devido à recuperação nas vendas da soja (grãos e óleo), das carnes (suína e bovina) e do óleo diesel, dentre os principais produtos exportados pelo RS (BELLO; TERUCHKIN, 2007, p. 83). Do total exportado pelo RS neste ano de 2006, 91% corresponde à indústria de transformação e apenas 7% à agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal (FEE, 2009). Para concluir a seção, cabe um destaque aos indicadores apresentados por Guaragna (2004, p. 21), que, em termos de crescimento, apontam para o seguinte desempenho: enquanto as saídas para os mercados nacionais subiram de 34,79% do PIB em 1991 para 46,56% em 2002, apresentando um crescimento de 42,8%, as exportações cresceram mais de 100%, subindo dos 8,3% de 1991 para 17,17% do PIB em 2002. Quanto ao fluxo dos mercados, antes distribuídos à razão de 80% para o mercado nacional e 20% para o mercado internacional em 1990, tem-se uma leve alteração na medida em que estes, em 2002, distribuíram-se na proporção de 73% para o mercado brasileiro e 27% para o mercado internacional. Isso permite verificar que, embora as exportações absorvam parcela importante da produção de bens e serviços do RS, é o mercado nacional seu maior comprador. Nas seções seguintes, a análise se centra na natureza dos produtos comercializados. 2.2. Balança Comercial Segundo a Intensidade dos Fatores e a Natureza da Atividade Econômica Para a análise da classificação das atividades segundo a “intensidade de fatores de produção e/ou definidores da competição” é importante levar em conta as ponderações apresentadas por Vasconcelos e Oliveira (2006, p. 8 e 9): 15 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br A classificação das atividades econômicas, segundo a intensidade de fatores de produção e/ou definidores da competição, é uma classificação utilizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que embora tenha um elevado potencial analítico, apresenta certas limitações para sua utilização. Uma delas é a de que na análise comparada não se tem como superar as limitações interpretativas ligadas aos diferentes estágios de desenvolvimento dos estados, regiões e/ou países analisados. Um outro problema é o decorrente do grau de agregação que pode levar a comparações de produtos diferentes. Esse problema é intransponível quando se utilizam graus elevados de agregação, como o nível de gênero do IBGE. Uma outra limitação da classificação diz respeito às dificuldades envolvidas no estabelecimento das linhas demarcatórias de alguns grupos de atividades, devido à sobreposição de características, especialmente entre as atividades intensivas em mão-deobra e as intensivas em diferenciação e entre estas e as intensivas em conhecimento. No primeiro caso encontra-se, por exemplo, a fabricação de móveis, que é intensiva em mãode-obra, mas, na maioria dos seus segmentos, o padrão de competição está fundado em diferenciação de produto, via design, e, no segundo caso, a fabricação de eletroeletrônicos, intensivos em conhecimento, mas cuja competição está muito centrada na capacidade de diferenciar e de obsoletar produtos. Não obstante as limitações referidas, a classificação de atividades — proposta pela OCDE — tem um elevado potencial interpretativo e, enquanto ferramenta para a compreensão das tendências e das transformações estruturais, é muito superior às classificações usuais utilizadas nas análises dos padrões de comércio. As classificações tradicionais geralmente são baseadas no grau de transformação (produtos primários, semimanufaturados e manufaturados) ou na utilização do produto (bens de consumo, intermediários e de capital) contendo um elevado grau de heterogeneidade e, portanto, baixos conteúdos econômicos e potencial interpretativo. A classificação da OCDE organiza as atividades segundo a forma de inserção no mercado e fornece uma ampla perspectiva sobre os requerimentos empresariais — essências do padrão de competição dos diferentes mercados. Também permite a visualização dos benefícios alocativos disponibilizados pelo comércio interestadual, como a redução de custos decorrentes da melhor utilização dos fatores produtivos e das economias de escala, a maior variedade de produtos a custos menores e a amortização menos onerosa dos gastos com pesquisa e, por conseqüência, uma difusão maior e mais rápida de novos produtos e processos. De acordo com essa classificação por grupos de atividades discriminadas segundo a intensidade de fatores de produção e/ou fatores definidores da competição, as atividades Intensivas em recursos naturais englobam, por exemplo, as atividades agrícolas e minerais, além de outras; as Intensivas em trabalho abrangem mobiliário, confecções, calçados e têxteis, além de outras; já as atividades Intensivas em economia de escala incluem o segmento petroquímico e de celulose; as Intensivas em especialização (diferenciação) compreendem máquinas e equipamentos; e, por fim, as Intensivas em conhecimento, bastante calcadas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), envolvem os segmentos farmacêuticos e eletrônicos. Pode-se observar, a partir dos dados da Tabela 8 adiante, que o RS, como se viu, teve saldo positivo em sua balança comercial no ano de 2006 (US$ 3,852 bilhões). O estado exporta mais do que importa, resta saber qual é a especialidade de sua pauta. Conforme se vê na Tabela 8, neste ano, o RS teve suas exportações para o exterior calcadas especialmente em produtos intensivos em trabalho, já que essas atividades parecem em primeiro lugar com saldo superavitário de US$ 2, 185 bilhões, o que representa 56,7% do saldo total. As atividades intensivas em recursos naturais ocuparam o segundo lugar, com participação de 22,2% do total, e aquelas intensivas em economias de escala figuraram em terceiro, com 14,2 % do saldo total. Em quarto e quinto lugares ficaram, respectivamente, as demais atividades (não classificáveis em nenhum dos grupos específicos) e as atividades intensivas em especialização, com participações correspondentes de 7% e 7,2% do total. Em contrapartida, as atividades intensivas em conhecimento apresentam saldo deficitário de US$ 280, 848 milhões. 16 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Chama a atenção a elevada participação das atividades intensivas em trabalho, com mais de cinqüenta por cento da pauta. Somado aos vinte e poucos por cento de atividades intensivas em recursos naturais, verifica-se uma pauta com produtos de mais baixo valor agregado. Isso se reforça com o saldo negativo das atividades intensivas em conhecimento. Tabela 8 – Entradas, Saídas e Saldo do Comércio Exterior Segundo a Intensidade dos Fatores de Produção para o RS em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b). O comentário de Bello (2007) em Carta de Conjuntura do período corrobora a análise anterior quanto ao desempenho exportador gaúcho: Em relação aos produtos manufaturados, seu desempenho deixou a desejar, em grande parte devido à política cambial. Dado o perfil de suas vendas externas, com grande intensidade no uso do fator trabalho e uma menor dependência de insumos importados — como é o caso dos setores de calçados e de móveis —, os custos de produção permanecem atrelados ao real e não ao dólar. Tal fato os prejudica duplamente, pois não conseguem usufruir de insumos mais baratos do exterior, e suas receitas em dólar, quando convertidas em real, são cada vez menores. Foi o que ocorreu com os calçados de couro, cujo desempenho das suas exportações, ao longo de 2006, foi negativo em relação ao ano anterior, apesar do aumento no preço médio. Assim, mantida a valorização da taxa de câmbio, não é de surpreender que, para este ano, se registre, nas exportações gaúchas, uma maior presença de produtos com menor valor agregado. Em ordem decrescente de valor, os principais produtos exportados pelo RS em 2006, agrupados por fator agregado, foram: - produtos básicos - fumo, soja em grão, carne suína, carne de frango e farelo de soja; - produtos semimanufaturados - óleo de soja em bruto, pasta química de madeira e couro; - produtos manufaturados - calçados de couro, tratores, polietileno, carrocerias, óleo diesel, partes e acessórios para tratores e veículos e móveis de madeira (BELLO, 2007, p. 8). Vale observar, entretanto, conforme aponta Garcia (2009) em uma análise do conjunto dos vinte principais produtos exportados pelo RS de 1990 a 2008, que houve uma alteração na situação descrita acima. Os produtos intensivos em recursos naturais (ex.: complexo soja, fumo e carnes) passaram a ter uma importância na pauta de exportações superior a dos produtos intensivos em 17 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br trabalho (calçados, couros e móveis). Conforme o autor, a perda de participação dos produtos intensivos em trabalho “reflete basicamente dois grandes obstáculos: a concorrência asiática – chinesa, vietnamita, etc., cuja mão-de-obra é muito mais barata que a brasileira e que a gaúcha em particular – e a valorização do real nos últimos anos que reduziu a competitividade dos produtos gaúchos em vários mercados, em especial o dos Estados Unidos” (GARCIA, 2009, p. 14). Tal inversão, no entanto, não altera a concentração da pauta nestes dois tipos de produto de valor agregado relativamente baixo: intensivos em recursos naturais e em trabalho. A Tabela 9, a seguir, que contém as entradas, as saídas e o saldo do comércio exterior segundo a natureza da atividade econômica para o Rio Grande do Sul em 2006, complementa essa análise. Tabela 9 – Entradas, Saídas e Saldo do Comércio Exterior Segundo a Natureza da Atividade Econômica para o RS em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b). Notas: (1) O código 461 (REPRESENTANTES COMERCIAIS E AGENTES DO COMERCIO, EXCETO DE VEICULOS AUTOMOTORES E MOTOCICLETAS) foi colocado na seção correspondente às atividades agrícolas e agroindustriais. Vale ressaltar que existe nesse código tanto atividades de intermediação de produtos agrícolas e agroindustriais como atividades de intermediação de atividades industriais. Em virtude da impossibilidade de separação dos dados originais e da representatividade maior das atividades agrícolas e agroindustriais dentro da seção, optou-se por incluí-lo nas atividades primárias em vez de lançá-lo nas atividades industriais. (2) Optou-se por classificar todo o comércio varejista no setor de serviços. Verifica-se que o maior fluxo de comércio ocorreu nas atividades econômicas de caráter industrial. Neste caso, observam-se os maiores montantes tanto exportados (US$ 6, 373 bilhões) quanto importados (US$ 6,459 bilhões). Já o maior saldo, comparadas as entradas (importações) e as saídas (exportações), refere-se às atividades de natureza primária e agroindustriais. Observa-se que as atividades agrícolas e agroindustriais representam 97,1% do total do saldo do comércio externo do estado, alcançando o montante de US$ 3, 739 bilhões em 2006. Representando apenas 5,1% do total do saldo, estavam as atividades de serviços. Já as atividades industriais atingiram saldo negativo de US$ 85, 663 milhões. O volume de exportações cresceu em 2006 em comparação ao ano anterior. Tal crescimento foi liderado pelo aumento de 392,2% das exportações de produtos da agropecuária. Tal desempenho deveu-se à recuperação das exportações de grãos de soja, que representaram 88,9% das exportações da agropecuária em 2006. Apesar desse excelente desempenho, o volume exportado de produtos agrícolas nesse ano ainda está abaixo da média de 2003. Esse crescimento só não foi mais favorável em virtude da redução nos preços desses produtos, que, nos onze primeiros meses do ano, foi de 18 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br 6,1%. A queda nos preços agrícolas, associada à apreciação cambial de aproximadamente 10% em 2006, afetou negativamente a rentabilidade do setor (CONTRI, 2007, p. 7). Conforme se pode ver a partir dos dados da Tabela 10, específicos das entradas, saídas e saldo comercial dos principais segmentos compradores e vendedores das atividades agrícolas e agroindustriais do RS em 2006, os principais produtos com saldos positivos significativos eram: ‘abate e fabricação de produtos de carne’ e ‘processamento industrial de fumo’. Esses possuíam, respectivamente, participação de 45,9% e 31,2% no saldo total. Na seqüência estava a ‘fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais’ contribuindo com 16,3% desse saldo. Dentre os tipos de carne exportadas – carne de frango, suína e bovina – foi essa última a que teve a melhor performance de vendas no exterior. Bello e Teruchkin auxiliam na explicação desse desempenho. O RS foi favorecido com o redirecionamento de parte da produção de outros estados, impedidos de exportar, devido ao embargo (parcial ou total) de 56 países à carne brasileira, dos quais se sobressaem o Chile, a União Européia e a Rússia. Destacam-se as elevadas taxas de incremento do valor transacionado, que, no RS (163,8%), foram muito superiores às nacionais (34,8%). As carnes bovinas congeladas gaúchas representaram mais de dois terços do faturamento externo desse produto, e a principal mercadoria transacionada foi a carne desossada congelada. O elevado crescimento nas receitas de exportação das carnes bovinas deve-se ao grande incremento tanto do volume exportado (94,1%) como dos preços (35,9%), onde a Rússia teve um destacado papel. Esse país, que, praticamente, não comprava carne bovina gaúcha, elevou suas importações em mais de 5.000% até novembro e atingiu 72,9% do valor transacionado do produto. Já o aumento do preço se deve, de um lado, à redução da oferta mundial, onde se sobressaem os papéis do Brasil — com o embargo dos importadores — e da Argentina — que proibiu temporariamente as exportações, para conter a alta dos preços doméstico —, e, de outro, à venda de produtos de maior valor agregado (2007, p. 87). 19 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 10 – Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e Vendedores das Atividades Agrícolas e Agroindustriais do RS em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b). Já no que se refere às exportações industriais, ao comparar-se o período de janeiro a novembro de 2006 em relação ao mesmo período do ano anterior, houve uma queda no seu volume (-2,2%), apesar de terem apresentado um crescimento nos seus preços (8,8%). O fraco desempenho industrial deveu-se à queda no volume exportado de máquinas e equipamentos (-18,6), de produtos do fumo (-17,5%), de artefatos de couro (-7,9%) e de produtos químicos (-2,3%). Em seu conjunto, essas quatro atividades representaram 51,7% das exportações industriais em 2006. O destaque positivo ficou a cargo da indústria de produtos alimentícios e bebidas (16,3%). O desempenho diferenciado entre agricultura e indústria tem sido resultado, por um lado, da recuperação da produção agrícola e, por outro, da valorização cambial, que continuou atuando como um freio à 20 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br recuperação industrial (CONTRI, 2007, p. 7). Os dados da Tabela 11 permitem avaliar com mais detalhe as entradas, as saídas e o saldo comercial dos principais segmentos compradores e vendedores das atividades industriais do RS em 2006. Dentre todos os produtos, aqueles que alcançaram um saldo superavitário mais expressivo foram os seguintes, em ordem decrescente de importância: ‘fabricação de calçados’; ‘fabricação de resinas e elastômeros’; ‘fabricação de tratores e de máquinas e equipamentos para a agricultura e pecuária’; ‘curtimento e outras preparações de couro’; ‘fabricação de cabines, carrocerias e reboques para veículos automotores’; e ‘fabricação de móveis’. Esses produtos em conjunto contribuíram com 92,4% do total do saldo. A ‘fabricação de calçados’, sozinha, participa com 32,3% desse saldo. Tabela 11 – Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e Vendedores das Atividades Industriais do RS em 2006 (Em US$ FOB) (Continua) (Continuação da Tabela 11) 21 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b). 22 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Cabe chamar a atenção, ao examinarem-se conjuntamente as atividades agrícolas, agroindústrias e industriais, que a balança comercial gaúcha esteve fortemente calcada em três atividades centrais neste período de analise: ‘abate e fabricação de produtos de carne’, ‘fabricação de calçados’ e ‘processamento industrial de fumo’. Suas exportações, em conjunto, renderam US$ 4,172 bilhões, contribuindo com 35,3% do volume exportado. É importante sublinhar a baixa dinamicidade da demanda internacional desses produtos, que são vinculados ao agronegócio e à indústria tradicional e considerados de baixa intensidade tecnológica. Ao observar a Tabela 12, percebe-se que essa tem sido a principal característica da pauta exportadora do Rio Grande do Sul, a despeito da sua diversificação ao longo dos anos. Ao avaliarem-se as informações, verifica-se que essas três atividades elencadas anteriormente são as mais relevantes da pauta de exportação gaúcha também em 2005 e 2004. Tabela 12 – Valor e Participação dos Principais Capítulos da NCM nas Exportações do RS 2004 a 2006 (Em US$ FOB 1.000) Fonte: TERUCHKIN (2007). Quanto aos serviços, o saldo da balança nesta categoria de atividade é superavitário; embora, participe com apenas 5,1% do saldo comercial total. São as ‘atividades auxiliares dos transportes aéreos’ que responderam por quase todo o volume exportado; ao passo que os serviços de ‘edição de livros, jornais, revistas e outras publicações’ são aqueles que têm a maior participação no montante importado. 23 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 13 – Entradas, Saídas e Saldo Comercial dos Principais Segmentos Compradores e Vendedores dos Serviços do RS em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL (2009a e 2009b). Quanto ao destino das exportações do estado, é importante atentar para os mercados compradores a partir dos dados da Tabela 14. Em 2006, os principais países de destino das exportações gaúchas são: EUA (15%), Argentina (9,3%), China (6,4%) e Rússia (6,3%). Nesse ano, esses quatro países juntos compraram US$ 4,377 bilhões (37% do valor exportado). 24 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 14 – Exportações, Segundo os Principais Países de Destino, do RS - 2006 (Em US$ FOB) Fonte: Adaptada pelos autores de FEE (2009). Esses mercados compradores têm se mantido como os principais demandantes dos produtos gaúchos também nos anos subseqüentes – 2007, 2008, e 2009 (dados até junho, neste último caso). A China aumentou sua participação a partir de 2008, figurando atualmente como o maior importador de nossos produtos. Até junho do presente ano, foi responsável pela compra de 17,6% 25 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br do total exportado (FEE, 2009). Quando se relaciona os países de destino com os principais produtos exportados pelo RS, observa-se, conforme as informações da Tabela 15, que os mercados consumidores variam em função das mercadorias. O ‘Fumo não manufaturado’, em 2006, tinha como destino Bélgica (21,1%), EUA (17,1%), Alemanha (9,5%) e Holanda (6,9%). Os ‘Calçados de couro natural eram comprados, especialmente, nos EUA (54,5%), Reino Unido (14,1%), Itália (3,9%) e Canadá (3,8%). Já os ‘Couros preparados - couro cabado’ destinavam-se para Honk Kong (27,4%), EUA (13,6%), China (11,9%) e Itália (4,3%); e os ‘Couros e peles preparados - wet blue e crust’ eram também enviados para Itália (29,3%), Honk Kong (17,7%), EUA (14,7%) e China (9,1%); embora as participações não fossem as mesmas. A ‘Soja, mesmo triturada’ destinou-se à China (56,2%), ao Irã (14,4%), à Taiwan (7,7%) e aos Emirados Árabes (3,3%); já as ‘Tortas de soja’ tiveram como destino a Coréia do Sul (19,7%), a Austrália (14,2%), a Espanha (10,4%) e a Arábia Saudita (9,4%); e o ‘Óleo de soja’ foi comprado pelo Irã (52,1%), Índia (19,9%), China (15,1%) e Bangladesh (4,2%). Quanto às carnes, a ‘Carne de frango’ teve como principais mercados o Japão (14,5%), a Arábia Saudita (11,9%), os Emirados Árabes (7,9%) e a Holanda (6,6%). Ao passo que a ‘Carne suína’ destinou-se à Rússia (90,5%), à Hong Kong (1,9%), à Cingapura (1,5%) e à Argentina (1,3%). Os ‘Polímeros de etileno em formas primárias’ foram vendidos especialmente para a Argentina (31,9%), Chile (15,2%), EUA (4,7%) e Bélgica (4,7%). Os ‘Tratores’ tiveram os seguintes países de destino: Argentina (25,5%), EUA (11,5%), México (11,0%) e Venezuela (-8,6%). Já as ‘Partes e acessórios para veículos’ tiveram os EUA (33,9%), a Argentina (10,3%), a África do Sul (9,0%) e o México (-7,7%) como principais mercados; enquanto que as ‘Carrocerias para veículos’ destinaram-se ao México (32,5%), ao Chile (21,5%), à África do Sul (17,8%) e ao Peru (9,6%). Os ‘Móveis e suas partes’ tiveram os EUA (16,8%), o Reino Unido (14,1%), o Chile (9,4%) e a Argentina (6,5%) como principais compradores. 26 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 15 – Principais Produtos Exportados pelo RS por Principais Mercados de Destino em 2006 (Em US$ FOB) Fonte: Adaptado pelos autores de TERUCHKIN (2007). Nota: Os dados referem-se ao período de janeiro a novembro de 2006. Por fim, é importante ainda analisar a natureza dos produtos transacionados pelo comércio por vias internas. Para tanto, utilizam-se os dados que foram disponibilizados e, portanto, pode-se apenas apresentar as informações em um nível bastante agregado. 27 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 16 – Entradas, Saídas e Saldos por Código de Atividade Econômica - 1997 a 2002 (Em R$) Fonte: GUARAGNA (2004). Nota: CAE = Código de Atividade Econômica (substituído pelo CNAE, onde N é igual a Nacional), sendo CAE 1 – Produção e extração animal/vegetal; CAE 2 – Indústria extrativa mineral; CAE 3 – Indústria de transformação; CAE 4 – Indústria de beneficiamento; CAE 5 – Indústria de montagem; CAE 6 – Indústria de acondicionamento e recondicionamento; CAE 7 – Comércio atacadista; CAE 8 – Comércio varejista; e CAE 9 – Serviços e outros. 28 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br A partir da Tabela 16, verifica-se que a indústria de transformação foi responsável, ao longo de todo o período analisado, pelo maior volume tanto de saídas quanto de entradas de produtos no estado. Sua participação no montante vendido para outras unidades da federação ultrapassa os sessenta e cinco por cento do total de saídas de 1997 a 2002, atingindo 75,3% em 2002; já o percentual de compras gira em torno de quarenta por cento do total das entradas. O saldo da balança de comércio interestadual neste período no que tange à indústria de transformação foi superavitário, alcançando o valor de R$ 58,427 bilhões, o que representou um crescimento de 286,8% de 1997 a 2002. Ao longo desses mesmos anos, o comércio varejista (25,5%) supera o atacado (19,3%) nas aquisições de fora do estado; em contrapartida, nas vendas, os atacados localizados no RS realizam um razoável volume de vendas (9,35% do total) em outras unidades da federação. No entanto, de 1997 a 2002, o atacado e o comércio varejista são deficitários. Tal situação pode ser explicada basicamente por dois fatores. Primeiro, pela compra de energia elétrica do Paraná, mais especificamente da usina hidrelétrica de Itaipu, pelas empresas distribuidoras; segundo, pela compra direta realizada pelos varejistas gaúchos em atacados e em empresas industriais de fora do estado (GUARAGNA, 2004, p.13). Já a indústria de beneficiamento também apresenta o comportamento esperado ao destacar-se antes como vendedor do que adquirente, considerando a característica de produtor primário do estado do RS, com destaque para o arroz e a soja (GUARAGNA, 2004). Na Tabela 17, que segue, se pode observar os segmentos que mais contribuíram para o saldo comercial interestadual positivo desde 1997. São nove os setores que mais se destacam: químico/petroquímico, metal mecânico, automotivo, alimentício, de implementos agrícolas, de informática, da indústria de borracha, calçadista e de fumo. Tais setores contribuíram com 39,8% do total das saídas entre 1997 a 2002, alcançando um valor de R$ 10,6 bilhões. O setor químico/petroquímico se destaca em primeiro lugar, pois de 1997 a 2002 teve uma elevação absoluta em suas saídas de R$ 3,8 bilhões; seguido das empresas do ramo metal mecânico, com R$ 2,2 bilhões de crescimento no valor de suas venda, e do automotivo, com R$ 1,8 bilhão. Tabela 17 – Saídas Interestaduais por Subsetores Selecionados - 1997 a 2002 (Em R$) Fonte: GUARAGNA (2004). Por fim, para finalizar o capítulo, vale ainda destacar as características das exportações gaúchas no que tange à quantidade e ao porte das empresas exportadoras. Considera-se essa análise necessária ao revelar o quanto as exportações são concentradas em um grupo de empresas e o quanto empresas de portes diversos participam das exportações do estado. 29 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Um estudo do SEBRAE (2007) apontou que em 2006 existiam no Rio Grande do Sul um total de 3.053 empresas exportadoras. Esse número cresceu 25% em relação ao ano de 1998, mas reduziu-se em 3,6% em relação a 2005. Além disso, o que também caracteriza a realização do comércio exterior no estado é o fato de que parcela relevante da receita das exportações concentrase em poucas empresas. Conforme apontado por Bello e Teruchkin (2007), 56,9% do total das receitas de exportação em 2005 foram realizadas por 40 empresas. Também é relevante destacar que do total de 3.053 empresas exportadoras, 63% (1.917 empresas) eram micro ou pequenas que exportaram US$ 249,7 milhões. Esse valor representou somente 2,1% do total exportado pelo RS em 2006 (SEBRAE, 2007). Tal situação informa que existe um interessante universo de empresas exportadoras, mas são somente 40 – menos de 1,5% que concentram grande parte do valor exportado. Em um estudo, Bello e Teruchkin (2007) mencionam os principais setores aos quais pertencem as 40 maiores exportadoras do RS: alimentos, fumo e cigarro e petróleo e petroquímica. Mencionam também quais são as primeiras empresas gaúchas que compõe a lista das mais exportadoras: Bunge Alimentos S/A, Doux Frangosul S/A, Agro Avícola Industrial, AGCO do Brasil Comércio e Indústria Ltda; Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda. e a Universal Leaf Tabacos Ltda. No que tange à realidade das micro e pequenas empresas exportadoras em 2006, vale observar que eram principalmente do ramo da indústria e comércio, sendo que os produtos manufaturados se destacaram por representarem 79,2% do valor total exportado. No caso das microempresas os produtos de maior destaque foram: ‘calçados, suas partes e componentes’, ‘móveis e suas partes’, ‘couros e peles, depilados, exceto em bruto’, ‘máquinas e equipamentos para uso agrícola, exceto trator’, e ‘pedras preciosas ou semi-preciosas trabalhadas’. No caso das pequenas empresas, o produto de maior destaque foi ‘móveis e suas partes’, seguido por ‘calçados, suas partes e componente’, ‘couros e peles, depilados, exceto em bruto, ‘pedras preciosas ou semi-preciosas trabalhadas’ e ‘fumo em folha e desperdícios’ (SEBRAE, 2007). Aqui cabe mencionar que os produtos citados acima são especialidades produtivas de diferentes APLs identificados quando da realização da primeira etapa desta pesquisa, tais como o coureirocalçadista, os moveleiros, os de máquinas e implementos agrícolas e o de gemas e jóias. No capítulo seguinte, discutem-se, justamente, as características do comércio interestadual e externo nesses e em outros APLs selecionados. 3. Os APLs e o Balanço de Pagamentos Neste capítulo, procura-se relacionar os dados da Balança Comercial Interestadual e de Comércio Externo com os APLs identificados e apoiados por políticas, os quais foram selecionados a partir da listagem apresentada no Relatório I. Optou-se por analisar aqueles APLs que são alvos importantes da política de promoção de APLs do estado e têm reconhecida importância na sua matriz produtiva. Examina-se a natureza dos fluxos de trocas de bens e serviços entre os municípios desses APLs e as demais regiões do país, bem com os dados de comércio exterior, isto é, as importações e as exportações desses municípios com o resto do mundo. As análises são feitas para os seguintes APLs identificados e apoiados: coureiro-calçadista, móveis, gemas e jóias, têxtil e de confecções, vitivinicultura, doces e conservas, e máquinas e implementos agrícolas. 30 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br 3.1 APL de Couro e Calçados O arranjo produtivo local coureiro-calçadista é um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul. Está concentrado principalmente na região denominada de Vale do Rio dos Sinos11, localizada mais a nordeste do estado onde se concentra grande parte da renda e da população. Esse arranjo se originou com base no conhecimento trazido por imigrantes a respeito da manufatura de calçados e se desenvolveu também devido à abundância de matéria-prima – o couro na região. O APL Coureiro-Calçadista do Rio Grande do Sul é um dos maiores do mundo e o maior do Brasil. É especializado em calçados femininos e composto por diferentes segmentos, tais como a indústria coureira, de componentes, de máquinas para couro e calçado, entre outros. O município de Novo Hamburgo é considerado a capital nacional do calçado, demonstrando a importância da região para o setor. O fato de existir na região vários segmentos que compõe a cadeia produtiva do couro e do calçado faz com que essa seja favorecida, de forma geral, por um fornecimento adequado de matérias-primas e bens de capital para a produção destes bens. Como será visto mais adiante, um levantamento feito a respeito das importações e exportações do APL mostrou que a balança comercial deste arranjo foi positiva para o ano de 2006. Entretanto, é importante atentar para situações de segmentos produtivos da cadeia que sofrem com a concorrência externa, mesmo havendo oferta de produtos no mercado local e, até mesmo, a prática disseminada no arranjo de desenvolvimento conjunto entre usuário e produtor. Esse é o caso, por exemplo, do segmento de bens de capital para calçados que sofre a concorrência de bens importados por ser possível comprálos com condições mais adequadas de financiamento ou por serem de qualidade superior (RUFFONI, 2004). Ainda que tal situação não possa ser generalizada para todos os segmentos da cadeia coureiro-calçadista gaúcha, vale observar tal questão já que esta aponta para uma dificuldade comercial dos produtores locais e que pode ser alvo de políticas que visem potencializar o fornecimento de matérias-primas no arranjo. Analisando mais especificamente a produção de calçados no estado, observa-se que esta era destinada principalmente para o mercado nacional e especializada em produtos de pouca qualidade e baixo preço. A partir da década de 1960, devido à conjuntura internacional favorável e a incentivos do governo nacional, as exportações ganharam força e o RS passou a ser um importante exportador de calçados em nível nacional. As características do produto fabricado também se modificaram ao longo do tempo, sendo que hoje a região produz calçados de maior valor agregado. Atualmente, calçados de couro natural é um dos principais da pauta de exportação do estado, tendo somado o total de US$ 1,009 bilhão de dólares de exportação em 2006 (BELLO; TERUCHKIN, 2007). O couro é outro produto que está na lista das principais exportações do estado. Esse produto é classificado segundo suas formas de elaboração: salgado, preparado (wet blue e crust) e acabado. Segundo Bello e Teruchkin (2007), as vendas ao exterior do Rio Grande do Sul de couros salgados representaram em 2006 somente 0,1% do total. Os couros acabados são aqueles com maior participação nas exportações deste tipo de produto com 59,7% do total. Em relação aos couros preparados, os do tipo crust12 são ainda mais vendidos que os do tipo wet blue. Em termos de valores de exportação em 2006, os de couro acabado atingiram US$ 275 milhões e os de couro preparado US$ 170 milhões. Tal cenário pode ser entendido como positivo para o estado ao se identificar que os produtos mais elaborados são os mais comercializados. Com vistas a compreender melhor as características da balança comercial do segmento coureirocalçadista são analisadas as informações de exportações e importações para o ano de 2006. Na 11 É uma região que contempla vários municípios, como Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga, entre outros. A denominação ‘Vale do Rio dos Sinos’ não é oficial. Para maiores informações ver Costa (2004). 12 Couro tipo crust ou curtido é mais elaborado que o couro tipo wet blue (que significa o primeiro estágio do curtimento), segundo Bello e Teruchkin (2007). 31 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br seqüência esses e outros dados foram analisados para alguns municípios que compõe o APL (dados tabulados disponíveis no Apêndice A). Os valores das exportações e importações dos principais produtos deste APL para o ano de 2006 revelam que a balança comercial do setor é positiva, sendo que as exportações somaram em torno de US$ 1,5 bilhão e as importações US$ 77,5 milhões. Os quatro primeiros produtos exportados, que representam mais de 60% do conjunto, foram: ‘outros couros / peles, bovinos’ e ‘outros calçados de couro natural’. E os principais produtos importados foram do segmento de couro: ‘outros couros bovinos’ e ‘couros inteiros bovinos, wet blue’. Vale ainda observar que para alguns municípios do APL os principais produtos exportados são do segmento coureiro-calçadista. Esse é, por exemplo, o caso de Novo Hamburgo, em que os dois principais produtos exportados em 2006 foram: ‘outros calçados de couro natural’ e ‘partes superiores de calçados e seus componentes’. As exportações desses produtos representaram 67% do total dos principais produtos exportados pelo município. O mesmo ocorreu para Campo Bom em que os principais produtos exportados foram ‘outros calçados de couro natural’ e ‘outras partes de calçados’, e representaram 85% do total dos principais produtos exportados do município. Esses municípios também apresentaram saldo positivo na balança comercial. Para considerar também a situação dos demais municípios que fazem parte do APL foram analisados dados de 2002 de comércio de produtos diversos para o estado e interestadual de onze municípios: Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Igrejinha, Ivoti, Nova Hartz, Novo Hamburgo, Parobé, Portão, Sapiranga e Três Coroas. Para sete destes onze municípios, pelo menos 50% da comercialização dos produtos ocorreu para o próprio Rio Grande do Sul no ano de 2002. O restante foi comercializado para outros estados do país ou para o exterior. No caso de Novo Hamburgo, por exemplo, em que grande parte das exportações é do setor calçadista, 68% das saídas de produtos foram para o estado, 17% para outros estados e 15% para o exterior. Considerando os outros quatro municípios – Nova Hartz, Parobé, Portão e Três Coroas – que apresentaram em 2002 um comportamento diferente dos demais pelo fato de destinarem menos de 50% dos seus produtos para o RS, observa-se, portanto, um comércio interestadual e com o exterior maior. Nota-se o exemplo de Nova Hartz que comercializou 44% dos produtos para o próprio RS, 31% para outros estados e o restante, 24%, para o exterior. Situação semelhante ocorreu com o município de Parobé, onde a produção de calçados é bastante tradicional, em que 41% dos produtos foram comercializados no RS, 45% para outros estados e 15% para exterior. A respeito do calçado, que pode ser considerado o principal produto do APL, é importante destacar que este, apesar de estar em destaque na pauta de exportação do estado, vem perdendo espaço no mercado internacional. Uma análise de Garcia (2009, 09) para a situação das exportações de calçados do RS em 2008, informa que “Há muitos anos o Rio Grande do Sul vem perdendo espaço no mercado internacional de calçados devido à concorrência de países asiáticos, a China, e, mais recentemente, o Vietnã, que produzem com um custo de mão-de-obra muito mais barato que o brasileiro e, mais ainda que o gaúcho.” Além disso, destaca que a valorização do Real a partir de 2003, comprometeu ainda mais a competitividade da indústria calçadista local. Com base no conhecimento empírico da equipe da pesquisa, observa-se também que a concorrência chinesa não afeta somente as exportações finais de calçados do APL do Vale do Rio dos Sinos, mas também impacta ao estimular o aumento das importações de matérias-primas asiáticas, mais baratas que as encontradas no mercado nacional, pelos produtores de calçados, fazendo assim que esses consigam reduzir seus custos de produção. Outra mudança que se observa na venda ao exterior de calçados nos últimos anos é a elevação do preço médio e uma redução no volume exportado (CALANDRO, 2007). Isso indica, pelo menos, uma tentativa das empresas locais de agregação de valor ao produto e uma mudança na realização dos negócios externos em relação ao que ocorria no passado – grandes volumes de produtos homogêneos. A necessidade de diferenciação do produto torna-se fundamental para a manutenção das empresas em mercados fora do Brasil e até mesmo no próprio país, pois se transfere o diferencial competitivo baseado em custos de produção para o diferencial baseado em qualidade, 32 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br design e marca própria. Desta forma, tenta-se também reduzir o impacto que a valorizações do real causa no resultado das exportações do setor. Sendo assim, a perda de mercado externo que vem sofrendo o calçado nacional resulta na adoção de estratégias como as de produzir fora do Brasil ou em regiões do país que possuam menor custo da mão-de-obra, de investir em marca própria, em canais de comercialização – reduzindo ou eliminando assim a dependência das grandes companhias de comércio exterior que dominam o setor - e em elevar a qualidade do produto. Desenvolver e implementar tais estratégias são considerados os desafios do APL no momento e representam um caminho para a sustentabilidade das empresas locais, visto que, de um lado, a concorrência asiática mantém-se forte, e de outro, o deslocamento de empresas calçadistas para regiões brasileiras que apresentam menor custo da mão-de-obra encarecem relativamente o calçado gaúcho no mercado nacional. A concorrência externa não afeta somente o segmento calçadista, mas também outros, como é o caso do segmento de bens de capital. Para esse, alguns empresários locais acreditam ser necessário regulamentar melhor os produtos, como a exigência de dispositivos mínimos de segurança na maquinaria, evitando produtos de baixa qualidade e preço, como é o caso dos chineses. São questões deste tipo que merecem destaque no que diz respeito ao comércio externo do APL. O fato do calçado e do couro estarem entre os principais produtos exportados do estado e do segmento coureiro-calçadista apresentar saldo positivo de balança comercial não torna desnecessária uma reflexão a respeito de ações que podem potencializar as vendas externas do APL. 3.2 APLs de Móveis – Serra, Hortênsias e Central13 A indústria de móveis no Rio Grande do Sul está concentrada geograficamente e apresenta-se na forma de arranjos produtivos locais. No estado existem três aglomerações identificadas e apoiadas por políticas. Essas aglomerações estão localizadas nas regiões da Serra, das Hortênsias - Campos de Cima da Serra - e Central do estado. Da mesma forma que o APL Coureiro-Calçadista, trata-se de uma das mais tradicionais aglomerações do Rio Grande do Sul. O processo de industrialização de móveis no território gaúcho está relacionado à imigração alemã e italiana do século XIX que se estabeleceu nos municípios da serra. Segundo Alievi e Vargas14 (2002, p. 171), “a maior concentração de empresas no estado encontra-se na região da serra gaúcha, que representa um dos pólos mais importantes do setor no País, seja em termos de volume de produção, seja pelo elevado dinamismo tecnológico das empresas”. Zawislak, Ruffoni e Vieira (2002) destacaram que a aglomeração da região da serra responde por mais de 70% do faturamento do setor no estado e que o conjunto de empresas da região é especializado na fabricação de móveis residenciais, que representam 72% do total fabricado. Em termos de exportações, essa indústria recebe destaque, pois a categoria de produto ‘móveis e suas partes’ compõe a lista dos principais produtos exportados pelo RS. Conforme Bello e Teruchkin (2007), o total exportado pelo RS de ‘móveis e suas partes’ em 2006 foi um valor superior a US$ 220 milhões, colocando esse produto no décimo primeiro lugar da lista dos vinte produtos mais exportados pelo estado. Dentro deste grupo, os móveis de madeira são os mais comercializados, sendo que os principais destinos foram EUA, Reino Unido, Chile e Argentina. Vale observar que dados mais recentes informados pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (MOVERGS) a respeito do comércio externo mostram uma significativa redução da participação dos EUA como principal destino dos móveis gaúchos. De 13 Os autores agradecem os comentários e as contribuições da mestranda Thaísa Lunelli Rodrigues que enriqueceram a redação desta seção. 14 O estudo de Alievi e Vargas (2002) analisa o arranjo produtivo moveleiro da serra gaúcha e informa que os principais municípios que o compõe são: Bento Gonçalves, Antônio Prado, Flores da Cunha, Garibaldi, São Marcos e Caxias do Sul. Sendo assim, o estudo destes autores contempla informações de somente um dos três APLs de Móveis mencionados como ‘identificados e apoiados ‘na pesquisa em questão. Os APLs da região das Hortênsias – Campos de Cima da Serra – e Central não foram analisados pelos autores. 33 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br janeiro a maio de 2009, a exportação de móveis do estado para os EUA sofreu redução de 33% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o período de janeiro a maio de 2009, os principais destinos dos móveis do RS no mercado externo foram: Reino Unido, Argentina, Cuba, Uruguai, Angola e, então, Estados Unidos. Para compreender melhor as características da balança comercial do segmento moveleiro são analisadas as informações de exportações e importações para o ano de 2006 para cada um dos três APLs de Móveis (dados tabulados disponíveis no Apêndice B). Primeiramente cabe mencionar que todos os três APLs apresentaram uma balança comercial positiva. O APL da região da Serra Gaúcha foi aquele que apresentou maior volume de exportações – US$ 195 milhões - e de importações – US$ 33 milhões, seguido pelo arranjo da região das Hortênsias, com exportações de US$ 37 milhões e importações de US$ 36 mil, e pelo arranjo da região Central, com volume bastante inferior aos demais de exportações – US$ 6,5 milhões – e de importações – US$ 9 mil. Em termos de principais produtos exportados, observou-se que no caso do arranjo da Serra Gaúcha, 80% do volume exportado foi composto por móveis de madeira para quartos de dormir, móveis para cozinha e outros móveis de madeira. No caso do arranjo da região das Hortênsias, a composição que contemplou 67% do volume exportado também foi de móveis de madeira para quartos de dormir, outros móveis de madeira e madeira de coníferas serradas/cortadas. O arranjo da região Central foi o único que não teve móveis na lista dos principais produtos exportados, já que o produto ‘madeiras serradas e cortadas’ representou em torno de 87% da pauta de exportação desse APL. No que tange aos principais produtos importados, verificou-se que para o APL da Serra Gaúcha os produtos mais comprados do exterior foram painéis de madeira, painéis de fibra de madeira e máquinas e ferramentas para trabalhar a madeira. No arranjo da região das Hortênsias as importações concentraram-se nos produtos secadores para madeiras, pastas de papel e papéis ou cartões. Por último, a importação do APL da região Central foi de serragem e resíduos de madeira. Percebe-se, pelos valores e produtos descritos, que o arranjo da região Central apresentou debilidade no seu comércio exterior ao exportar principalmente madeira e não o produto de maior valor agregado. A esse respeito é importante destacar que o grupo de empresas desse APL apresenta como especialidade a produção de móveis de madeira sob medida, provenientes de trabalho artesanal, e sendo assim, o destino principal destes é o mercado local. Também vale ressaltar a questão da importação de máquinas ferramentas pelo APL da Serra Gaúcha, o que parece sinalizar para a necessidade de melhoria de fornecimento local deste tipo de insumo. Além dos dados de comércio exterior, também foram verificadas informações a respeito do comércio por vias internas dos municípios que compõe os APLs em análise. De forma geral, observa-se que o comércio de produtos diversos dos municípios destes APLs é realizado principalmente para o estado, sendo que é pequeno o fluxo tanto para outros estados quanto para o exterior. Essa é uma característica presente no grupo de municípios dos três APLs. No caso dos municípios que compõe o APL da Serra Gaúcha os valores médios são: 53% de saídas para o estado, 39% de saídas para outros estados e 8% para o exterior. Para o município de Santa Maria, onde se localiza o APL da região Central, os valores são: 94,2% de saídas para o estado, 5,6% para outros estados e somente 0,2% para o exterior. Já para os municípios do arranjo da região das Hortênsias, os valores médios são: 73% de saídas para o estado, 24% de saídas para outros estados e 3% para o exterior. É bastante válido atentar que, da mesma forma que ocorre para o setor coureiro-calçadista, a indústria moveleira é intensiva em trabalho e essa categoria de indústria vem perdendo espaço no mercado externo, devido à forte concorrência de países que apresentam um custo de mão-de-obra inferior ao do Brasil. Segundo Garcia (2009), os móveis brasileiros vem perdendo principalmente o mercado dos Estados Unidos, o qual era o maior comprador até poucos anos atrás, para os produtos asiáticos. Em termos de gargalos produtivos foi identificado o problema da falta de fornecedores locais de MDF ainda durante o primeiro período da política pública do governo do Rio Grande do Sul para 34 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br fortalecer APLs, conforme apresentado no Relatório I desta pesquisa. Naquela ocasião houve a negociação e instalação de uma fábrica de MDF, o Grupo ISDRA, no município de Glorinha, com vistas a potencializar a indústria moveleira (ALIEVI; VARGAS, 2002). No que diz respeito a essa questão também identificou-se que em 2006 esse grupo empresarial verificava junto ao Governo do Estado a possibilidade de ampliar a capacidade produtiva de sua fábrica (SEDAI, 2006). No que diz respeito ao fornecimento de insumos e gargalos comerciais vale observar que apesar do arranjo produtivo da serra gaúcha especificamente contar um grupo de fornecedores de insumos e equipamentos, “a maior parte dos insumos ainda são provenientes de outros estados ou do Exterior” (ALIEVI; VARGAS, 2002, p. 180). Os autores citam como exemplo de insumos importantes e provenientes de outras regiões ‘chapas aglomeradas’, ‘acessórios plásticos e metais, como puxadores e corrediças’. Outra questão a respeito do fornecimento de insumos no local que deve ser citada e que se baseia em conhecimento empírico a respeito dos APLs de Móveis é o valor abusivo de determinadas matérias-primas, tais como ‘chapas de MDF’ e ‘aglomerados’. O fornecimento desses insumos é dominado por poucas empresas. Além disso, algumas empresas fornecedoras de matérias-primas são também exportadoras e consideram o mercado externo mais atraente do que o mercado interno. Também impacta no resultado da balança comercial do setor o fato da importação de insumos ser uma alternativa interessante - em função do drawback - para as empresas exportadoras de móveis. São questões como essas que exigem reflexão quando da definição de ações políticas que contribuam para a redução das dificuldades comerciais dos APLs e potencializem os resultados do seu comércio exterior. 3.3 APL de Gemas e Jóias O arranjo produtivo local gaúcho de gemas e jóias é considerado um dos cinco principais aglomerados do setor no país. Envolve desde as atividades de extração mineral, nas jazidas existentes no estado, até a produção e comercialização do produto final – pedras brutas, gemas lapidadas, artesanatos de pedra, jóias, folheados e bijuterias. Também se destaca por seu potencial exportador e como importante fonte de emprego nas regiões onde se localiza. Geograficamente, o arranjo possui cinco regiões com especializações produtivas distintas: (a) Ametista do Sul e Salto do Jacuí onde se concentram as atividades de extração e beneficiamento mineral; (b) Soledade e Lajeado, com o beneficiamento mineral, lapidação de gemas e fabricação de artefatos de pedras como atividades principais; e (c) Guaporé, especializada na produção de jóias, jóias folheadas e bijuterias. Dados da RAIS, referentes ao ano de 2006, mostram que existem no Rio Grande do Sul 432 empresas, responsáveis pela geração de mais de 3.700 empregos diretos, atuando nas atividades15 de: extração de pedras preciosas e semipreciosas (classe 08.93-2); fabricação de artefatos de pedras (classe 23.99-1); metalurgia dos metais preciosos (classe 24.42-3); lapidação de gemas e fabricação de artefatos de ourivesaria e joalheria (classe 32.11-6); e fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes (classe 32.12-4). Dos 432 estabelecimentos existentes no estado, 223, ou seja, aproximadamente 52%, localizam-se nas regiões dos municípios selecionados. A grande maioria destes estabelecimentos (99%), que têm como atividade principal uma das cinco antes elencadas, são empresas de micro e pequeno porte. A observação das saídas de produtos diversos (vendas) dos cinco principais municípios do APL – apresentadas na Tabela 18 – retrata que, no período entre 1998 e 2002, essas localidades estiveram, predominantemente, voltadas para o mercado local e regional. A média de participação das saídas para outros municípios gaúchos ficou em 72% no total do período. Já o mercado 15 Conforme classificação nacional de atividades econômicas (CNAE) do IBGE, versão 2.0. Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br 35 regional, composto pelos demais estados brasileiros, absorveu cerca de 20% no período; enquanto o mercado externo correspondeu a aproximadamente 8%. Tabela 18 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Gemas e Jóias - 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). Dos municípios selecionados, Guaporé e Lajeado, onde se concentram as atividades industriais do arranjo, destacaram-se no mercado regional, atingindo 17% e 22%, respectivamente, considerando a média total do período. Soledade, município reconhecido nacional e internacionalmente como a “capital das pedras preciosas”, destacou-se nas exportações de produtos diversos, chegando a uma média de participação nas saídas de 25% para o período. 36 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Em relação às exportações dos principais municípios do arranjo, para o ano de 2006, tem-se um montante superior a US$ 57 milhões, como pode ser observado na Tabela 19. Dentre os principais tipos de produtos exportados, destacam-se: as pedras preciosas trabalhadas ou em bruto (com cerca de US$ 38 milhões); artefatos de pedra (com mais de US$ 8 milhões); artigos de joalheria folheados a metais preciosos (com cerca de US$ 5 milhões); e artigos de bijuterias de metais comuns (com mais de US$ 3 milhões). Tabela 19 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Gemas e Jóias em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). Quanto às importações dos principais municípios do APL – Tabela 20 – tem-se um valor de US$ 664 mil para o ano de 2006. Dois tipos de produtos destacam-se dentre os importados: as pedras preciosas semi-trabalhadas ou em bruto (com mais de US$ 544 mil) e máquinas e ferramentas para a indústria de beneficiamento / transformação mineral e de jóias (com cerca de US$ 83 mil). Apesar de não se apresentar tão representativa no total dos principais produtos importados, dois outros tipos de produtos merecem atenção: (a) obras e artefatos de pedra, os quais confirmam uma carência local no desenvolvimento de artigos melhor elaborados; e (b) a prata para a indústria joalheira, uma vez que não existe um número razoável de fornecedores locais no estado para metais preciosos. 37 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 20 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Gemas e Jóias em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 3.4. APL Têxtil e de Confecções da Região das Hortênsias O arranjo produtivo local do setor têxtil e de confecções, da Região das Hortênsias, tem Nova Petrópolis como município principal. O APL tem como principal produto artigos de malharia, sendo que 95% correspondem às malhas retilíneas. Uma breve análise das saídas, ou seja, das vendas de produtos dos três municípios selecionados do APL – apresentados na Tabela 21 – mostra que, entre os anos de 1998 a 2002, o arranjo esteve voltado ao mercado local e regional. A média de participação das saídas para dentro do estado ficou próxima de 73% no período. Já as vendas para outras localidades do país mostraram uma tendência de elevação, chegando a uma média no período superior a 20%. As exportações dos três municípios selecionados do APL representaram pouco mais de 4% do total das saídas. O município de Gramado destacou-se nas saídas para o exterior, com uma média de participação em torno de 7%. 38 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 21 – Saídas dos Municípios Selecionados do APL Têxtil e Confecções / Hortênsias 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). Quando a análise do comércio exterior do arranjo se expande, abrangendo todos os 17 municípios que compõem a área geográfica do APL, as exportações mostram-se pouco representativas (cerca de US$ 38 mil), conforme dados do MDIC referentes ao ano de 2006. O principal produto exportado, no caso, foi outros teares retilíneos motorizados. As importações do arranjo – ver a Tabela 22 – chegam a um montante que ultrapassa US$ 871 mil para o ano de 2006. São dois tipos de produtos relevantes dentre os importados: os tecidos (com mais de US$ 495 mil) e as máquinas e equipamentos para a indústria têxtil (com cerca de US$ 358 mil). Os tecidos e as máquinas corresponderam por 98%, aproximadamente, da pauta de importação do APL. 39 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 22 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL Têxtil e Confecções / Hortênsias em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). Trata-se, portanto de um APL com saldo negativo na sua balança comercial, sugerindo uma reflexão a respeito dos gargalos comerciais observados, como o da importação de bens de capital, por exemplo. 3.5 APL de Vitivinicultura da Serra16 A origem do arranjo produtivo da vitivinicultura da Serra Gaúcha remonta o início da colonização italiana no RS. A cultura do vinho no RS pode ser dividida em dois grandes momentos: a) de 1875 a 1915, onde a produção de produtos da uva era destinado ao consumo familiar e local; e b) a partir de 1915, com a inauguração da estrada de ferro que ligava Caxias do Sul a Montenegro, possibilitando o escoamento de produtos coloniais para as principais localidades do estado e do país (FARIAS, 2009). A indústria brasileira de vinhos é concentrada, tanto em termos da quantidade e localização das principais empresas produtoras, quanto ao consumo. Cerca de 90% da produção nacional de vinhos está concentrada no Rio Grande do Sul, notadamente na Serra Gaúcha. O consumo também é concentrado. Em meados da década de 1990, o consumo per capita médio de vinhos no Brasil era de 1,91 litros, com grandes variações regionais: 5,77 litros no Rio Grande do Sul e 27 litros na Serra Gaúcha (WRIGHT et al., 1992). O mercado de vinhos no Brasil compreende basicamente os vinhos de consumo corrente ou vinhos comuns, produzidos a partir de uvas de variedades americanas e híbridas, e vinhos finos, que são elaborados a partir de uvas de castas nobres (Vitis Vinífera). Na região da Serra Gaúcha, a vitivinicultura abrange uma área de 27,0 mil hectares e 620 vinificadoras, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN). O RS, com destaque para cerca de treze municípios da Serra, desempenha sozinho papel semelhante a Mendonza e San Juan, 16 Nesta seção contou-se com a colaboração do mestrando Cláudio Vinícius Silva Farias, cujas contribuições enriqueceram a análise. 40 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br os dois principais pólos produtores de vinhos da Argentina. Em termos de vinhos finos, o RS responde por praticamente toda a produção brasileira, sendo que existem outras duas localidades de produção no país, em Santa Catarina e Pernambuco (FARIAS, 2009). Existem aproximadamente 18.000 estabelecimentos rurais no solo gaúcho, mais de 80% pertencentes a viticultores. As propriedades são tipicamente minifundiárias, com marcante característica de produção familiar, com área média de 16 hectares (MELLO, 2002). Para além das questões de aglomeração geográfica, a presença de inúmeras instituições de ensino, pesquisa e fomento, cujo objetivo principal se vincula à produção da uva e do vinho, transformam a região da Serra Gaúcha no maior APL de vinhos do país. A análise dos dados de exportações e importações dos principais produtos dos seis maiores municípios deste APL (Antônio Prado, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Garibaldi), para o ano de 2006, revelaram que a balança comercial do setor é positiva, com um saldo de quase US$ 3 milhões. Esse dado, no entanto, não reflete a realidade que vive o setor e o APL frente à presença majoritária dos vinhos importados no mercado nacional. Isso, como será visto de forma mais detalhada, tem moldado a dinâmica interna do APL e das firmas que compõem os elos da cadeia produtiva da uva e do vinho de forma mais ampla. Tal situação decorre do fato de que as exportações são realizadas pelas firmas do APL, mas as importações de produtos concorrentes não se dão no RS, mas pelos grandes importadores de vinhos e pelas grandes redes de varejo de supermercados do país. O setor vitivinícola, especialmente as empresas focadas na produção de vinhos finos, tem sofrido com a pressão dos produtos importados no mercado brasileiro. Segundo Mello (2007), em 2007, foram importados 57,63 milhões de litros de vinhos finos, o que representou 71,36% do vinho fino comercializado no Brasil. Enquanto a quantidade de vinhos finos nacionais comercializados no país nesse ano, situou-se no mesmo patamar de 2003, os importados cresceram 115%. O aumento na circulação de mercadorias no cenário internacional, em decorrência da globalização da economia aliada aos excedentes crescentes de vinhos e a taxa de câmbio, que favoreceram as importações, tem colocado o setor de vinhos finos brasileiros em condições desfavoráveis. Em que pese este cenário, o setor está investindo no aumento da qualidade dos vinhos e na promoção de indicações geográficas buscando a valorização do produto pelos valores territoriais e culturais. Estão também fortemente aglomeradas na Serra Gaúcha, as empresas que vendem insumos, equipamentos e utensílios (estes empregados na “embalagem” do vinho – rolhas, rótulos, caixas, etc.). As saídas (vendas) de produtos diversos dos seis municípios selecionados do arranjo demonstram que, entre os anos de 1998 a 2002, o APL de Vitivinicultura da Serra teve como principais mercados de destino os demais municípios gaúchos e outros estados brasileiros. Como é possível observar na Tabela 23, a média de participação das saídas para o mercado local foi de pouco mais de 53%, enquanto a média para o mercado regional ficou em 39% aproximadamente, ao longo do período. Se por um lado tal concentração promove o crescimento endógeno da região, por outro fragiliza pequenos produtores de uva (via minimização dos preços pagos). 41 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 23 – Saídas de Municípios Selecionados do APL Vitivinicultura / Serra Gaúcha - 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). Ao mercado externo foram destinados, no período analisado, cerca de 8% das saídas dos municípios selecionados. Carlos Barbosa e Flores da Cunha foram os destaques nas exportações, com uma média de participação nas saídas em torno de 21% e 16% respectivamente. Isso pode estar relacionado com o crescente desempenho das vendas externas de espumantes (Carlos Barbosa) e de sucos de uva (Flores da Cunha), como poderá ser observado nas tabelas a seguir. Os municípios selecionados totalizaram um valor exportado de produtos relacionados ao arranjo superior a US$ 17 milhões. 42 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Quanto aos tipos de produtos exportados dos municípios selecionados do APL, apresentados na Tabela 24, destacam-se: os sucos (com mais de US$ 9 milhões); as máquinas para a indústria de vinhos e sucos (com cerca de US$ 6 milhões); e os vinhos (com pouco mais de US$ 1 milhão). Merece destaque o suco de uva, que nos últimos anos vem crescendo sua participação, tanto no mercado interno quanto externo. No mercado nacional, as vendas de suco de uva cresceram 51,33% no período de 2001 a 2006, com um incremento de 9% de 2005 para 2006. No mercado externo, de 2001 a 2006, o crescimento nas exportações de suco foi da ordem de 27,99%, porém com uma queda de 26% de 2005 para 2006 (UVIBRA, 2009). Tabela 24 – Principais Produtos Exportados pelos Municípios Selecionados do APL de Vitivinicultura / Serra Gaúcha em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). Além da já mencionada concentração da produção e comercialização de uva, vinhos e seus derivados, ocorre na região da Serra Gaúcha também a concentração de empresas de bens de capital destinados à vinificação (indústria de máquinas de bebidas), que se diferenciam das demais firmas produtoras de máquinas para a indústria de bebidas pela proximidade geográfica dos clientes (vinícolas), facilitando o estabelecimento de relações entre estas de forma mais consistente. Isso porque, apesar de sofrerem com a concorrência de inúmeras empresas estrangeiras e de outros estados do país, que mantém escritórios e representantes da Serra Gaúcha, as firmas locais ganham com o conhecimento (e reconhecimento) das vinícolas instaladas no APL, além de oferecerem maiores facilidades em termos de custos e contratos de manutenção. Recentemente a imprensa divulgou dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) que apontam que a produção brasileira de vinhos registrou a marca de 3,2 milhões de hectolitros em 2007, mesmo nível de 2005, depois da queda para 2,372 milhões registrada em 2006. No entanto, o índice se situa abaixo do recorde de 2004, quando foram produzidos 3,925 milhões de hectolitros. A tendência é de crescimento da produção, principalmente em resposta ao aumento das áreas de cultivo de uva. Os 66 mil hectares em 2001 aumentaram para 94 mil em 2006. Por enquanto, a produção nacional está voltada para o mercado interno, em alta desde o começo desta década. As exportações continuam pequenas, com 34 mil hectolitros em 2007, 36 mil em 2005 e 30 mil em 2004. Em todo caso, o país se consolida como o quinto maior produtor de vinhos do hemisfério sul com os dados de 2006, sendo superado no mundo apenas por Argentina (14,864 43 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br milhões de hectolitros), Austrália (10,3 milhões), África do Sul (8,9 milhões) e Chile (8,4 milhões)17. Para Farias e Campregher (2008), as dificuldades em transformar as empresas vinícolas nacionais tradicionais em empresas competitivas e inseridas internacionalmente podem ser assim apontadas: a) dificuldades macroeconômicas (as inúmeras modificações na política econômica do país, que afetam em maior ou menor ponto, diversos setor industriais, entre eles o setor vitivinícola – muito especialmente afetado pelas políticas cambiais ao longo do tempo); b) dificuldades climáticas (o somatório de diversas características geoclimáticas do RS tem sido uma grande barreira à produção de vinhos finos de melhor qualidade enológica); c) dificuldades de coordenação (pelo grande número de empresas que constituem o setor, concorrentes localmente, há uma grande dificuldade de coordenação de atividades e interesses – tal situação pode ser comprovada pela existência de cerca de treze associações representativas do setor, sediadas no RS, especialmente na Serra Gaúcha). As importações dos municípios selecionados – que podem ser observadas na Tabela 25 – chegaram a um montante aproximado de US$ 15 milhões em 2006. Os tipos de produtos que se destacam dentre os importados estão: os vinhos, especialmente os espumantes (com mais de US$ 8 milhões); os sucos (com um valor superior a US$ 2 milhões); rolhas e outros tipos de tampa de materiais diversos e máquinas para a indústria de vinhos e sucos (ambas com mais de US$ 1 milhão). Tabela 25 – Principais Produtos Importados pelos Municípios Selecionados do APL de Vitivinicultura / Serra Gaúcha em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). O consumo de vinhos finos no Brasil (resultado da produção mais importação) foi de 68,9 milhões de litros em 2006 (Tabela 26). 17 Produção de vinhos no Brasil volta a subir em 2007 (Jornal do Comércio, 05/07/2007, p. 23). 44 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 26 – Produção Brasileira de Vinhos Finos e Importação (milhões de litros) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Importado 29,3 28,0 24,2 26,8 36,0 37,5 46,4 Nacional (finos) 34,1 28,6 25,4 23,3 19,7 21,9 22,5 Total 63,4 56,6 49,6 50,1 55,7 59,4 68,9 Fonte: UVIBRA (2007). A produção brasileira de espumantes, em 2006, atingiu um volume de 7,7 milhões de litros e o consumo total, adicionando-se a importação, foi de 12,2 milhões de litros (Tabela 27). Tabela 27 – Produção Brasileira de Espumantes e Importação (milhões de litros) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Importado 1,8 1,9 2,4 2,5 3,0 3,4 4,5 Nacional 4,3 4,5 4,2 4,8 5,5 6,7 7,7 Total 6,1 6,4 6,6 7,3 8,5 10,1 12,2 Fonte: UVIBRA (2007). Na análise das importações, os países que mais exportaram espumantes para o Brasil em 2006 foram a Argentina (37,4%), seguida pela Itália (30,8%) e pela França (24%)18. No caso dos vinhos finos, os países que mais exportaram para o Brasil em 2006 foram o Chile (32,8%), seguido da Argentina (25,7%) e Itália (17,2%), representando 75% dos 46 milhões litros de vinhos finos importados naquele ano19. Assim, são esses os maiores concorrentes do Brasil no mercado internacional na questão de espumantes e vinhos finos, onde a qualidade de alguns produtos brasileiros (notadamente espumantes) se equiparam com a dos demais países, sendo que o Brasil possui ainda uma vantagem competitiva relativa ao baixo custo. Para aumentar a competitividade dos vinhos da região, através da melhoria da matéria-prima e racionalização dos custos de produção, segundo Protas et al. (2002), faz-se necessário uma maior modernização dos vinhedos tradicionais e improdutivos do RS, a partir de uma política de reconversão sintonizada com as exigências e oportunidades do mercado, e de uma política fiscal que equipare os tributos incidentes sobre o produto brasileiro aos dos nossos competidores. 3.6 APL de Doces e Conservas O APL de doces e conservas está situado na Região Sul do Rio Grande do Sul, nucleado pelo município de Pelotas. De acordo com Castilhos (2007), fazem parte deste arranjo, além dos pequenos e médios fabricantes de conserva, principalmente de pêssego, também os fruticultores 18 União Brasileira de Vitivinicultura (2007). 19 Idem 45 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br dessa mesma região (ao redor de Pelotas), alguns grandes proprietários rurais e outros médios e pequenos. Ainda segundo Castilhos (2007, p. 254), “o APL de Doces e Conservas caracteriza-se por sua extrema especialização na elaboração do pêssego, ligada a uma estrutura socioeconômica muito conservadora, que conduz a uma ineficiente utilização dos recursos, em particular do trabalho”. Este fato leva à baixa qualificação da mão-de-obra e a dificuldade em avançar nas relações institucionais. Ainda, quando há alguma iniciativa para inovar ou mesmo cooperar, essas partem de indivíduos isoladamente, o que não auxilia na concorrência com os grandes supermercados. Um ponto de conflito, entre os diversos elos da cadeia, está na negociação de preços entre produtores e empresários. Além disso, tais conflitos entre produtores rurais e empresários ou entre empresários e trabalhadores acabam barrando o progresso de projetos voltados para o desenvolvimento de pesquisa na área de controle e qualidade, aumento da produtividade, rastreabilidade, entre outros. A Tabela 28 a seguir, elaborada com base nos dados da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, apresenta dados do município de Pelotas, referente às saídas (vendas) de produtos diversos no período compreendido entre os anos de 1998 e 2002. No que diz respeito às saídas dentro do próprio estado, nota-se, em todo o período, uma elevação constante e gradativa dos valores comercializados, mantendo uma média em torno dos 73%. Nas saídas para outros estados, por sua vez, houve variações nos valores durante o período, com uma média superior aos 23%. As exportações, apesar de representarem pouco mais de 4% na média para o total do período, tiveram uma grande variação positiva dentre os anos estudados, passando de R$ 16.273, no ano de 1998, para R$ 173.354, no ano de 2002. Tabela 28 – Saídas do Principal Município do APL de Doces e Conservas - 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). Em relação às saídas para o exterior, dados mais recentes referentes ao ano de 2006, mostram um montante exportado próximo aos US$ 2 milhões, conforme pode ser observado na Tabela 29. Os principais produtos exportados foram frutas frescas ou secas e os doces e pastas de frutas, representando mais de 70% das exportações. 46 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 29 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Doces e Conservas em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). Já os dados de importações, apresentados na Tabela 30, totalizaram um montante superior aos US$ 850 mil. Os principais produtos importados foram frutas trabalhadas ou preparadas de alguma forma – revelando uma possível carência de matéria-prima. Tabela 30 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Doces e Conservas em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 3.7 APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas – Pré-colheita, Colheita e Pós-colheita Nos arranjos de máquinas e implementos agrícolas intitulados de pré-colheita, colheita e póscolheita estão localizadas a maioria das empresas de máquinas e implementos agrícolas do Rio Grande do Sul, e inclusive, as plantas das duas maiores empresas de maquinário agrícola do estado: AGCO e John Deere. No entanto, não reúnem territorialmente todos os diferentes 47 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br segmentos que integram a sua cadeia produtiva, pois muitos fornecedores de insumos e equipamentos estão situados em outras regiões do estado, do Brasil ou mesmo no exterior. Conforme Tatsch (2006), essa grande concentração da indústria de máquinas e implementos agrícolas no Rio Grande do Sul, e, em especial, na região noroeste do estado, deve-se às questões históricas relativas ao início do plantio agrícola e ao processo de mecanização, assim como à posição estratégica em relação ao Mercosul. Vê-se, em anos recentes, uma expansão das grandes fronteiras agrícolas para a Região Centro-Oeste e, em parte, para as regiões Norte e Nordeste do Brasil, porém, a indústria de maquinário agrícola continua bastante concentrada em sua região de origem, o que está, sem dúvida, atrelado às especificidades e às externalidades relacionadas a essa aglomeração. Como a própria denominação já indica, esses arranjos têm sua produção voltada particularmente para a fabricação de máquinas e implementos agrícolas, abarcando um conjunto de empresas de tamanhos diversos. Compreende, assim, uma estrutura heterogênea, da qual fazem parte empresas de grande porte, de capital estrangeiro, produtoras de maquinário automotriz, voltadas para os mercados nacional e internacional, mas também empresas de grande e médio portes, de capital nacional, que fabricam implementos agrícolas de tração mecânica tanto para o mercado doméstico quanto para o externo. Há, ainda, empresas de menor tamanho, de capital nacional, produtoras de equipamentos de menor complexidade, voltados para o mercado nacional, mas principalmente para o regional (TATSCH, 2006). Nos arranjos também estão presentes várias empresas produtoras de peças e componentes para as firmas fabricantes de equipamento agrícola de uso final. Tais empresas fabricam uma gama diversa de produtos, com níveis tecnológicos diferentes e escalas de produção distintas. No geral, elas são de pequeno e médio portes, com capital nacional e gestão familiar. Normalmente, estabelecem relações de subcontratação com aquelas produtoras de maquinário automotriz. Ocorre também de uma mesma empresa fabricar componentes para uma montadora de maquinário automotriz e, ao mesmo tempo, ofertar outros equipamentos agrícolas de uso final com sua própria marca. Contudo, há uma parcela dessas empresas que confecciona peças, componentes e sistemas não exclusivamente para o segmento de equipamentos agrícolas, mas para diversos outros mercados, como o automobilístico (TATSCH, 2006). Pode-se dizer, então, que o núcleo produtivo central desses arranjos está baseado nos segmentos comentados, que são os produtores de equipamentos agrícolas de uso final, de complexidades tecnológicas diversas, e os fabricantes de peças e componentes. Há também uma oferta de serviços diversos. Dentre estes, podem-se citar aqueles que são etapas do processo produtivo, como fundição e usinagem, e que são normalmente terceirizados, mas há também outros, como manutenção e assistência técnica. Existem empresas que prestam serviços de contabilidade e de informática às demais firmas, bem como as que oferecem serviços de segurança, alimentação e limpeza. Contudo, existe um elenco significativo de firmas fornecedoras de matérias-primas e insumos, e até mesmo de peças, assim como de equipamentos de fabricação (máquinas-ferramentas) que se encontram fora dessa estrutura produtiva regional, instalados em outras regiões ou fora do País (TATSCH, 2006). Logo, considera-se que a densidade desses arranjos, no que diz respeito à concentração territorial dos diferentes segmentos que compõem essa cadeia produtiva de maquinário agrícola, é de natureza intermediária ou baixa. No entanto, o grau dessa densidade pode variar em razão do porte da empresa em consideração e pelas várias características decorrentes do tipo de produto ofertado. Isto é, as pequenas firmas, por exemplo, conseguem mais facilmente suprir suas demandas de componentes localmente, diferentemente das grandes empresas produtoras de maquinário automotriz, que, dada a complexidade de seus produtos e os padrões tecnológicos que seguem, necessitam buscar fornecedores especializados em diversos lugares fora dos arranjos. Assim, os elos dessa estrutura produtiva podem ser, em algumas situações, mais locais e, em outras circunstâncias, nem tanto (TATSCH, 2006). Também por ser diverso o alcance da produção das empresas dos arranjos, ou seja, por atuarem em nichos de mercado com requisitos de complexidade tecnológica diferentes, as estruturas de 48 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br governança implícitas a cada segmento de mercado não são idênticas e possuem especificidades. No caso das grandes empresas produtoras de maquinário automotriz, suas matrizes, já que possuem capital estrangeiro, influenciam suas trajetórias de desenvolvimento, bem como sua capacitação produtiva e inovativa. As grandes e médias empresas nacionais, ao buscarem inserir-se em mercados internacionais, procuram ter como parâmetro as empresas líderes de mercado. Já as pequenas vêem, tanto nestas empresas nacionais quanto nas multinacionais, exemplos a serem seguidos e imitados (TATSCH, 2006). Dito isso, vale ainda comentar alguns aspectos atinentes às peculiaridades de cada região onde os APLs se situam. No entorno de Santa Rosa, observa-se a predominância de firmas menores, que, na maioria dos casos, fabricam peças e componentes para as montadoras de maquinário agrícola de maior porte e complexidade. Essas empresas fabricantes de peças e componentes, na maior parte das vezes, são subcontratadas daquelas fabricantes de maquinário automotriz (tratores e colheitadeiras). No entanto, algumas delas produzem, além dessas peças, implementos agrícolas mais simples. Nessa região, localizam-se ainda importantes empresas de maior porte, como a AGCO, em Santa Rosa, e a John Deere, em Horizontina, que produzem máquinas automotrizes, e também a Fankhauser, em Tuparendi. Tanto a AGCO quanto a John Deere são grandes responsáveis pela demanda de produtos das demais firmas de menor porte que se situam ao redor delas. Percebe-se que, de maneira geral, existem relações de subcontratação de natureza estável, que, na maioria das vezes, envolvem relações de cooperação e de aprendizado. Verifica-se, portanto, que essas duas grandes empresas influenciam a trajetória de desenvolvimento e de capacitação produtiva e até inovativa de outras empresas dos arranjos (TATSCH, 2006). Já nos municípios próximos a Passo Fundo, sobretudo, em Não-Me-Toque e Carazinho, prevalecem empresas que fabricam maquinário e implementos agrícolas propriamente. Dentre elas, podem-se citar a Semeato e a Kuhn Metasa em Passo Fundo, a Stara, a Jan, a Grazmec e a Stahar em Não-Me-Toque, a Max e a Gihal em Carazinho. No entorno de Ijuí, vê-se uma menor especialização em equipamentos agrícolas, embora lá esteja uma tradicional empresa gaúcha, a Imasa. Em Ibirubá, estão a Vence Tudo e a Fortaleza. Já em Panambi, há uma forte concentração de firmas do ramo metal-mecânico, porém, muitas empresas fabricam componentes e sistemas para vários setores, especialmente para o automobilístico, e também, em alguns casos, para a indústria de equipamentos agrícolas, como é o caso da Fockink e da Bruning e de outras de menor porte. Ao não direcionarem toda a sua produção ao segmento de maquinário agrícola, essas empresas procuram diversificar produtos e clientes, ao atenderem outros mercados, não ficando à mercê das oscilações inerentes à demanda dos produtores agrícolas. Em Panambi, está também a Kepler e Weber, grande empresa produtora de silos para armazenagem de grãos (TATSCH, 2006). Feita essa contextualização, analisam-se a seguir os indicadores relativos ao comércio interestadual e externo destes APLs. Primeiramente, na Tabela 31 adiante, apresentam-se os dados referentes ao comércio por vias internas, especialmente as saídas para o próprio estado, mas também para outras unidades da federação, bem como para o exterior, no período compreendido entre os anos de 1998 a 2002. As informações são atinentes aos principais municípios dos APLs, quais sejam: Horizontina, Marau, Panambi, Santa Rosa, Ijuí, Três Passos, Três de Maio e Cândido Godói. 49 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 31 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). 50 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br A partir das informações da Tabela 31, verifica-se que os municípios de Marau, Ijuí, Santa Rosa e Horizontina foram aqueles que alcançaram os maiores valores de vendas em 2002, ultrapassando, em todas as situações, o montante de um milhão de reais. Ainda ao examinarem-se os municípios da Tabela, percebe-se que dentre eles, apenas Horizontina vende mais para outros estados brasileiros do que para o próprio Rio Grande do Sul. No caso desse município, enquanto as saídas para outros estados atingiram a média, no período de 1998 a 2002, de 55% do total da vendas; as saídas para o próprio estado e para o exterior, no mesmo período, foram em média de 30% e 15%, respectivamente, do total vendido. É também esse o município que mais exporta em relação ao total de suas saídas. Em todos os demais municípios, essa relação é distinta, isto é, as vendas no próprio estado superam aquelas para os demais estados e para o exterior. Nos casos de Ijuí, Três de Maio e Cândido Godói as vendas no próprio RS atingem noventa por cento ou mais. Particularmente com relação ao Comércio Externo, exportações e importações, pode-se ainda aprofundar a análise a partir das informações obtidas via Sistema ALICE junto ao MDIC (dados tabulados disponíveis no Apêndice C). No APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Pré-colheita, no ano de 2006, destacou-se a exportação de ‘semeadores e adubadores’, que atingiu um valor de US$ 9.489.206, representando 44% do total dos principais produtos exportados pelos principais municípios do APL. Em segundo lugar, aparecem ‘partes de máquinas e aparelhos agrícolas para preparação do solo’, que alcançaram o valor de US$ 1.923.588, embora bastante inferior daquele alcançado pelos produtos listados em primeiro lugar. Na seqüência, os seguintes produtos podem ser ainda elencados dado o valor de suas receitas: ‘outras maquinas e aparelhos para agricultura, horticultura, etc’; ‘outros semeadores, plantadores e transplantadores’; e ‘ceifeiras-debulhadoras’, cujos valores foram, respectivamente, US$ 1,731 milhão, US$ 1,449 milhão, e US$ 1,005 milhão. No que diz respeito às importações do APL Pré-colheita em 2006, ganhou destaque a importação de máquinas-ferramentas a laser para corte de chapas metal (no valor de US$ 878 mil) e de caixas de transmissão/redutores de velocidade (no valor de US$ 826.884), que atingiram respectivamente 20% e 18,7% do total dos principais produtos importados pelos principais municípios do APL. No APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Colheita, no ano de 2006, houve destaque na exportação de ‘outros tratores’, no valor de US$ 56,149 milhões e de ‘ceifeiras-debulhadoras’, cujo montante vendido alcançou US$ 55,753 milhões, representando em conjunto 61% (31% e 30% respectivamente) do total dos principais produtos exportados. Logo em seguida, a exportação de ‘outras máquinas para a colheita’, no valor de US$ 34,032 milhões (19% do total) e de ‘partes de outras máquinas para colheita’, totalizando US$ 24,389 (13,6% do total exportado no ano de 2006, que foi de U$ 180,335 milhões). Outros produtos exportados que estão logo abaixo são os ‘semeadores e adubadores’ com 1,2% (US$ 2.130.967) do total exportado, e os demais produtos tiveram valores inferiores a esses acima mencionados. No que se refere às importações do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Colheita, o valor mais elevado atingido no ano de 2006, foi com ‘outros motores diesel/semidiesel’, totalizando um valor de US$18,105 milhões; seguido de ‘outras partes e acessórios para tratores e veículos automóveis’, US$ 13,207 milhões, ambos representando aproximadamente a metade do total do valor exportado dentre os principais produtos (28,5% e 20,1% respectivamente). Logo após, foram exportadas ‘partes de outras máquinas e aparelhos para colheita’, num valor de US$ 10,861 milhões (17% do total), e, ainda, caixas de transmissão/redutores de velocidade’ com 5% do total, o que significou, em valor, U$ 3,265 milhões. No APL de Máquinas e Implementos Agrícolas Pós-colheita, os principais produtos exportados e importados não somam valores altos se comparados com os APLs de Colheita e Pré-colheita, no mesmo período de 2006. Dentre os produtos vendidos para o exterior, estavam ‘elevadores e montacargas’, totalizando US$ 1,048 milhão, o que significou 28% do total exportado nesse ano. Logo em 51 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br seguida foram as ‘outras obras de plásticos’ e as outras partes e acessórios para tratores e veículos automóveis’, com valores de US$ 542.935 (14,5%) e US$ 448.909 (12%) respectivamente, do total exportado no ano, que foi no valor de U$ 3,746 milhões. Já nas importações, os produtos com maior valor importado foram os ‘centros de usinagem para trabalhar metais’, no valor de US$ 511.078, o que representou 22,6% do total das importações dos principais produtos que atingiu o valor de US$ 2,271 milhões no ano de 2006. Os produtos que tiveram a segunda maior participação foram os ‘robôs para soldar’, com o valor de US$ 265.000 (11,7%). Levando em conta esse conjunto de informações, vale ressaltar, ao examinarem-se com atenção vários dos produtos importados, que sua natureza reforça o que foi comentado anteriormente quanto à cadeia não está completamente internalizada nesses APLs ora em análise. Isto é, a compra de produtos como pneus, caixas de transmissão, motores, entre outros, indica que esses produtos necessitam ser ou comprados de fora do país ou mesmo de outros estados brasileiros, especialmente de São Paulo. As multinacionais, por exemplo, se valem de acordos corporativos mundiais para a compra deste tipo de produtos. Por fim, vale sublinhar, em síntese, que os principais mercados das empresas dos arranjos podem ser tanto o doméstico, seja regional, seja nacional, quanto o externo. Para as firmas de pequeno porte, mais significância têm os municípios da região enquanto mercado final. O nicho local aparece com destaque tanto em razão da dificuldade que as pequenas empresas enfrentam de colocação de seus produtos em outros mercados, seja por questões de logística, seja devido às especificidades do produto, quanto em função de que, muitas vezes, essas empresas produzem partes de equipamentos para outras que se localizam perto delas. Para as médias empresas, os destinos mais relevantes de suas vendas são outros municípios do Rio Grande do Sul que não os pertencentes ao arranjo e outros estados do Brasil. E, no caso das grandes firmas, são os outros estados do Brasil que lideram o destino de suas vendas, com grande margem de diferença, mas o exterior aparece também como importante nicho de mercado, especialmente em anos recentes, quando sua participação se elevou. Logo, quanto maior o tamanho da empresa, mais possibilidade ela tem de conquistar mercados distantes e menos expressão tem o local enquanto principal mercado consumidor (TATSCH, 2006). Para terminar, é importante fazer algumas considerações finais. Pode-se depreender das questões analisadas a respeito do comércio exterior no estado que existem fatores qualitativos, além dos quantitativos referentes aos saldos comerciais, que precisam ser considerados quando da definição de ações políticas para potencializar os APLs já identificados e apoiados. Esse é o caso, por exemplo, dos APLs Coureiro-Calçadista e Moveleiro. Ambos apresentaram saldos comerciais positivos e, em geral, estão bem servidos no que diz respeito ao fornecimento de insumos por empresas do local. Entretanto, verificou-se que os produtores de calçados e de móveis vêm sofrendo com a concorrência asiática no mercado internacional e reduzindo suas receitas via exportação. Isso faz com que as empresas tenham que lidar com diferentes estratégias, que não somente a de redução de custos e preços, como a de desenvolvimento de canais de comercialização, de agregação de valor ao produto final, entre outras. Assim, destaca-se a necessidade de se refletir sobre questões deste tipo quando da definição de ações que visem eliminar gargalos produtivos e comerciais dos APLs. 52 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Referências ALIEVI, R. M.; VARGAS, M. A. Capacitação Tecnológica e inovação no arranjo produtivo moveleiro da serra gaúcha. In: CASTILHOS, Clarisse. Programa de Apoio aos Sistemas Locais de Produção: a construção de uma política pública no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: FEE; SEDAI, 2002. BATISTI, V. S. Políticas para aglomerados produtivos: uma análise do arranjo produtivo local de gemas e jóias do Estado do Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado em Economia) – Centro de Ciências Econômicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2009. (mimeo). BELLO, T. S.; TERUCHKIN, S. U. As exportações gaúchas segundo o tamanho das empresas. Texto para Discussão FEE, n. 44, 2008. ______. 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Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br metodologia de identificação e critérios de seleção para políticas de apoio. Relatório I. BNDES, Rio de Janeiro, 2009. (mimeo) TERUCHKIN, S. U. O crescimento do valor das exportações gaúchas de 2004 a 2006: a importância dos preços. Indicadores Econômicos FEE, Porto Alegre, v. 35, n. 1, p. 53-60, ago. 2007. TONIETTO, J. Existe "o espumante brasileiro"? Bon Vivant, Flores da Cunha, v. 8, n. 97, mar. 2007, p. 04. UNIÃO BRASILEIRA DE VITIVINICULTURA <www.uvibra.com.br/download>. acesso em fev. 2007. – UVIBRA. Disponível em: VASCONCELOS, J. R. Matriz do fluxo de comércio interestadual de bens e serviços no Brasil — 1998. Brasília: Ipea, mar. 2001 (Texto para Discussão, 783). ______. Matriz do fluxo de comércio interestadual de bens e serviços no Brasil - 1999. Brasília: Ipea, ago. 2001 (Texto para Discussão, 817). WRIGHT, J.T.C. et alli. 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Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). 58 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 33 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Couro e Calçados em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 59 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 34 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Couro e Calçados em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 60 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Apêndice B – Dados Tabulados Sobre os APLs de Móveis 61 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 35 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Móveis / Serra - 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). Tabela 36 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Móveis / Serra em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 62 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 37 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Móveis / Serra em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 63 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 38 – Saídas dos Principais Municípios do APL de Móveis / Hortênsias - 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). Tabela 39 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Móveis / Hortênsias em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 64 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 40 – Saídas do Principal Município do APL de Móveis / Central - 1998 a 2002 (Em R$) Fonte: RS / SEFAZ (2009). Obs.: Valores nominais em reais R$ 1.000. “SE” = saídas no estado. “SOE” = saídas outros estados. “S” = saídas totais. “X” = exportações (saídas para o exterior). Tabela 41 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Móveis / Central em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 65 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Apêndice C – Dados Tabulados Sobre os APLs de Máquinas e Implementos Agrícolas 66 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 42 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas / Pré-Colheita em 2006 (Em US$ FOB) (Continua) (Continuação da Tabela 42) 67 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 68 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 43 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas / Pré-Colheita em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 69 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 44 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas / Colheita em 2006 (Em US$ FOB) (Continua) (Continuação da Tabela 44) 70 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 71 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 45 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas / Colheita em 2006 (Em US$ FOB) (Continua) (Continuação da Tabela 45) 72 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 73 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 46 – Principais Produtos Exportados pelos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas / Pós-Colheita em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 74 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br Tabela 47 – Principais Produtos Importados pelos Principais Municípios do APL de Máquinas e Implementos Agrícolas / Pós-Colheita em 2006 (Em US$ FOB) Fonte dos dados brutos: BRASIL / MDIC (2009b). 75 Av. Pasteur 250 - Urca Rio de Janeiro- RJ CEP 22290-240 Tel. 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 www.redesist.ie.ufrj.br