FÍSICO-QUÍMICA EFEITOS DA BAUXITA SOBRE ÓLEOS MINERAIS ISOLANTES Geraldo Eduardo da Luz Júnior, José Machado Moita Neto*. e-mail: [email protected] Departamento de Química, Universidade Federal do Piauí, 64049-550, Teresina, Piauí. (INTRODUÇÃO) Os óleos minerais isolantes são utilizados em transformadores elétricos com a finalidade de dissipar calor gerado pelo efeito Joule e isolar o núcleo do transformador de sua carcaça. Quando esses óleos perdem sua finalidade original, podem ser recuperados por meio de processos físicos e/ou químicos. A CEPISA utiliza a bauxita como adsorvente de impurezas polares em uma das etapas de tratamento do óleo. Embora se tenha conhecimento a respeito da ação adsorvente da bauxita sobre os compostos polares de um óleo isolante usado, a ação dessa sobre um óleo novo ainda não é bem conhecida, principalmente porque a bauxita é uma mistura de minerais com preponderância de (Al2O3) podendo conter também matéria orgânica. Para avaliar a possibilidade de tratamento “in situ” desses óleos dentro do transformador utilizando bauxita é necessário conhecer o seus efeito s sobre estes óleos antes de entrarem em serviço. Este é o objetivo do presente trabalho. (METODOLOGIA) Para se atingir o objetivo proposto, foram constituídos em duplicata dois sistemas fechados, em ampolas de vidro com atmosfera de nitrogênio: 1) óleo novo e 2) óleo novo + bauxita. Amostras de bauxita foram extraídas com água, hexano e nujol para avaliar os contaminantes polares e apolares da bauxita passíveis de contaminar o óleo novo. A caracterização das amostras de óleo foi efetuada por análise cromatográfica, espectroscópica (infravermelho e visível) e medidas do índice de acidez. (RESULTADOS) Após quinze dias de constituído, o sistema 2 apresentou modificação na coloração do óleo. A tentativa de extração com água, hexano e com nujol mostrou que as substâncias polares e apolares nela presente estão firmemente adsorvidas em sua superfície , portanto, não contaminaram o meio. As análises cromatográficas e os espectros de I.V. não indicam a presença de qualquer substância responsável pela coloração na própria bauxita, apontando para alteração química no próprio óleo, ocasionada pelo oxigênio do ar introduzido no óleo por microbolhas presas a bauxita. Esse indício foi corroborado posteriormente quando as duplicatas do sistema 1 também alteram as suas colorações, devido ao oxigênio dissolvido no próprio óleo, e a cinética desta reação, acompanhada por espectrofotometria, apresentou ordem zero. Tanto o efeito da presença de microbolhas, quanto o efeito do oxigênio dissolvido no próprio óleo, podem ser minimizados na aplicação da bauxita no tratamento do óleo em serviço. Após onze meses da constituição dos sistemas, foi realizada a determinação do índice de neutralização do óleo isolante de cada um dos sistemas. As amostras de óleo dos dois sistemas não apresentaram alteração significativa no índice de neutralização quando comparadas entre si, ficando ainda abaixo do limite estabelecido pela ASTM D 974. Portanto, embora os grãos de bauxita possam ter introduzido micro bolhas de ar no óleo, que aceleraram a formação de cor amarelada, a possibilidade de seu uso “in situ” com a finalidade de tratar o óleo isolante em transformadores, não pode ser descartada. (CONCLUSÕES) A bauxita pode ser utilizada "in situ" para aumentar a vida útil dos transformadores elétricos pois as impurezas orgânicas presentes na bauxita não contaminaram o óleo novo e o índice de acidez do sistema óleo + bauxita foi similar ao sistema constituído apenas pelo óleo novo. AGÊNCIA FINANCIADORA: CAPES. 54a Reunião Anual da SBPC – Goiânia, GO - Julho/2002