COMUNICAÇÕES LIVRES
15:45 | 16:30
NEUROFTALMOLOGIA
Sala 3B
Mesa | Chair: João Paulo Cunha, Pedro Fonseca, Dália Meira
CL71 - 16:25
NEUROPATIA ÓPTICA ANTERIOR SIFILÍTICA
Cláudia Loureiro, Rita Couceiro, Ana Cláudia Fonseca, Manuel Monteiro Grillo
( Hospital de Santa Maria )
Introdução:
A sífilis é uma infecção sistémica, crónica e sexualmente transmissível. Recentemente tem ocorrido
uma prevalência crescente desta infecção, na qual a co-infecção com o vírus da imunodeficiência
humana (VIH) é comum. A sífilis ocular, que pode envolver qualquer estrutura ocular, é rara e pode
desenvolver-se em qualquer fase do processo da doença sistémica.
Objectivo:
Apresentar 5 casos clínicos de neuropatia óptica anterior sifilítica, realçando o contexto
epidemiológico, aspectos diagnósticos e resposta à terapêutica.
Material e Métodos:
Cinco doentes que foram observados por redução da acuidade visual ou alteração do campo visual e
cujo exame oftalmológico revelou quadro de neuropatia óptica anterior uni ou bilateral. Todos os
doentes foram submetidos a avaliação laboratorial, punção lombar, exames imagiológicos e
oftalmológicos.
Resultados:
Os doentes apresentaram idades entre os 33 e 61 anos, com 4 doentes do sexo masculino e 1 do
sexo feminino. Co-infecção com VIH foi encontrada em 3 doentes, um dos quais a doença ocular
conduziu ao diagnóstico de infecção por VIH desconhecida. Um doente apresentava história médica
sugestiva de sífilis primária. A apresentação da doença incluiu a presença edema do disco óptico
unilateral (3 doentes) ou bilateral (2 doentes), acompanhada de quadro de uveíte anterior não
granulomatosa (3 doentes), vitrite (3 doentes) e retinite (2 doentes). A angiografia fluoresceínica e
tomografia de coerência óptica confirmaram o edema do disco óptico em todos os casos. A serologia
para sífilis foi positiva em todos os doentes e a punção lombar mostrou líquido cefalorraquidiano
reactivo para infecção sifilítica em 2 doentes. Todos os doentes foram submetidos a tratamento para
neurosífilis com penicilina (4 casos) ou ceftriaxone (1 caso), com resolução do edema do disco óptico
e melhoria da acuidade visual.
Discussão e Conclusão:
A infecção por sífilis ainda que mais comum em indivíduos imunocomprometidos, pode também
ocorrer em imunocompetentes. As manifestações oculares podem constituir a única expressão da
sífilis e pode ser a primeira manifestação de infecção por VIH previamente desconhecida. É
importante um elevado nível de suspeita de sífilis num contexto epidemiológico apropriado, em
doentes com neuropatia óptica anterior. O estadiamento convencional da sífilis é pouco relevante na
abordagem da doença ocular dado que a terapêutica mais consensual é a da neurosífilis
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Bibliografia:
1.Prokosch V, Thanos S. Emerging syphilitic optic neuropathy: critical review and recommendations.
Restor Neurol Neurosci. 2008;26(4-5):279-89
2.Ruiz-Vegara M, Monge-Argilés JA, Turpín-Fenoll L, Martí-Martínez S, Pampliega-Pérez A. Unilateral
papillitis as the presenting symptom of neurosyphilis. Rev Neurol. 2008 Feb 1-15;46(3):188-9
3.Li JZ, Tucker JD, Lobo AM, Marra CM, Davis BT, Papaliodis GN, Felsenstein D, Durand ML, Yawetz
S, Robbins GK. Ocular syphilis among HIV-infected individuals. Clin Infect Dis. 2010 Aug
15;51(4):468-71
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