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Jorge Angel Livraga
OS ESPÍRITOS
NATUREZA
Edições Nova Acrópole
DA
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CAPÍTULO III
O QUE SÃO OS ELEMENTOS
Segundo conceitos milenares acerca da constituição do Cosmos,
este estaria constituído na base de um único Elemento. Isto responderia ao conceito de unidade que prima sobre posteriores processos de
harmonização de dualidades dos inteligíveis. Porém, sendo o Arquétipo
uno, a Substância deve ser, forçosamente, una em essência. A isto se referiam as publicações de Demócrito acerca do átomo como «parte» indivisível sobre a qual assentava o Cosmos. O chamado «átomo» ao qual
se referiam os antigos gregos, não é aquele que desde há meio século o
Homem desintegra. Aquilo a que chamamos hoje «átomo» (que literalmente significa sem partes e, por conseguinte indivisível) não é mais do
que uma micromolécula integrada ao mesmo tempo nos variadíssimos
elementos. O átomo dos clássicos está mais além de tudo o que a ciência actual conhece.
No entanto, no plano manifestado em que nos movemos e nos é
dado perceber e entender, podemos afirmar que existem quatro Elementos. A Terra, a Água, o Ar e o Fogo. Estes quatro formam duas cruzes generativas interpenetradas, já que a Terra e o Ar têm movimento
horizontal, e a Água e o Fogo, vertical. Assim a Terra é fecundada pela
Água e o Ar é fecundado pelo Fogo. Destes cruzamentos surgem elementos vitais que se caracterizam pelo seu impulso e acção benfazeja
para o homem: a fertilidade material e a fertilidade energética.
Estes 4 elementos não devem ser entendidos como a Terra física,
Água física, Ar físico e Fogo físico, senão como grupos muito maiores
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que se representam exotericamente pelos 4 atrás citados. Também se relacionam com os 4 planos inferiores da Natureza: a Terra com o Físico,
a Água com o Energético, o Ar com o Psíquico e o Fogo com o Mental. Em alquimia são os 4 estratos que se plasmam no interior do Atanor. Na base, o Sal; no meio, as duas formas de Mercúrio, e na parte
superior o Enxofre coroado pela Fénix de Fogo, forma do 5º elemento
que é impossível encontrar em estado natural, pois é muito instável por
estar ainda na sua fase formativa.
Os 4 Elementos influem nas características das coisas e assim, ouvimos falar, ainda que nem sempre com conhecimento de causa, de vegetais de Água, de pedras de Ar, e de signos zodíacais de Fogo. Na verdade, os 4 Elementos são como 4 impulsos ou notas musicais fundamentais da nossa Natureza, dentro da tónica da Unidade Dinâmica
que a caracteriza e permite que estas 4 Modalidades se interpenetrem e
sejam arquitectadas pelo Plano Divino que nos rege.
O QUE SÃO OS ELEMENTAIS
São Formas de Vida dentro dos Elementos. Obviamente, é muito
difícil explicar as características básicas que deveriam defini-los, pois
pelo facto dos seus corpos não estarem no plano estritamente físico em
que se desenvolve o nosso entorno visual e auditivo, ou melhor dizendo, pelo facto dos seus corpos não estarem na «posição» em que nos é
fácil ver as coisas, embora possam estar de algum modo no físico, aparecem-nos como fantasias inexistentes dos homens primitivos ou de
crianças desocupadas.
Estas formas de vida têm os seus corpos no Plano Prânico e não
abaixo deste. Mas, como os Planos não estão cortados como se fosse
por uma navalha, existe sim uma gradação quase infinita entre eles, não
sendo as circunstâncias da Natureza sempre as mesmas (com variações
tais como o dia e a noite, as épocas do ano, a altura, a profundidade, a
maior ou menor carga de electricidade estática, as diferentes pressões
atmosféricas e as diversas temperaturas, os componentes passageiros do
ar tais como as concentrações de água, de Ozono, etc., o todo terrestre
somado às influências dos astros, especialmente do Sol e da Lua), os
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Elementais em certas ocasiões caem numa maior materialização que os
torna simplesmente visíveis. Mas, mesmo nessas condições tão favoráveis não são observados normalmente.
Demos um exemplo: uma folha de papel rígida que estivesse pendurada a 25 metros dos nossos olhos, em pleno dia, seria perfeitamente
visível se nos mostrasse alguma das suas faces, perpendicular ao nosso
ângulo de visão. Mas, se estivesse de perfil e imóvel, ou se se movesse
ao mesmo tempo do que aquilo que lhe serve de fundo, seria na prática invisível para os que não estivessem à espera da sua presença. Dificilmente a poderia apreender quem a priori negasse a sua existência e
não se esforçasse por descobri-la. Isto explicaria – embora mais adiante voltemos ao tema para o explicar extensamente – por que é que as
páginas dos velhos livros, as tabuínhas de argila, os papiros e pergaminhos estão cheios de referências aos Espíritos da Natureza, e que em
contrapartida, os elementos culturais da nossa forma de civilização materialista e «positiva» carecem dessas referências.
Para um conjunto humano que chega a negar a alma aos vegetais
e animais que vemos, tocamos e devoramos; para quem a fidelidade
amorosa de um animal doméstico, ou a presença e a companhia vivificadora de uma árvore ou de uma roseira não diz nada mais além do que
formas e cores que atribui à casualidade, ou a mais ou menos inventadas leis genéticas, enquanto que os despoja sistematicamente do todo
atributo metafísico, é difícil explicar a existência e a presença dos Espíritos da Natureza. Daí que este intento não esteja dirigido a uma minoria, nem tenha intenções «elitistas», mas que, oferecendo-se a todos,
dê por descontado que, enquanto não variarem ainda mais as características materialistas herdadas na actualidade, serão os próprios leitores
que se auto-excluirão destes benefícios.
QUE ANTIGUIDADE REGISTADA TÊM OS ELEMENTAIS
Segundo os ensinamentos esotéricos, os Elementais são ainda mais
velhos que o próprio Homem sobre a Terra. Eles – habitantes, guardiões e consubstanciados com os Elementos – existem como formas
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manifestadas desde que o Mundo existe. Quando este não passava de
uma massa de gases radioactivos e de matéria incandescente, os Elementais do Fogo velaram-no; ao aparecerem os gases estáveis na sua
composição química e a época dos grandes ventos, os Elementais do Ar
zelaram pela evolução desses incipientes gases e sua estratificação sobre
o recém consolidado córtice terrestre, de modo a se tornar cada vez
mais apta para as formas de vida física que estavam planeadas. Quando
os gases se tornaram pesados e, precipitando-se sob a forma de primeiras águas, estas cobriram a quase totalidade do planeta, dando lugar
às primeiras formas realmente materiais de vida, os Elementais da Água
trabalharam e foram modificando o primitivo aspecto do líquido elemento, naquela época fortemente sobrecarregada de matérias pesadas
em suspensão, coisa que lhe dava uma característica quase coloidal nos
assentamentos, enquanto que as altas vagas roçavam com as suas espumas ainda não brancas as nuvens baixas e compactas. Mais tarde, como
imensas tartarugas aletargadas, surgiram as camadas continentais; sobre
elas velaram os Elementais da Terra, dando-lhes características de fertilidade e ajudando a enorme população florestal que possibilitou formas
de vida superiores e a plasmação da própria Humanidade
No Universo, cada coisa tem um Espírito Guardião. O planeta
também o tinha e a ele obedeciam as hierarquias dos Espíritos da Natureza, quando começaram os dias e as noites. Ainda o tem e tê-lo-á até
ao seu desaparecimento. É o Dhyan-Choan do livro tibetano de Dzyan,
a Alma Resplandecente que rege a Terra, ou a Anima Mundi dos latinos (pois «anima» e move, e não deve ser confundida com o Espírito
ou Ego Planetário do qual a Terra física seria o corpo).
Este conhecimento é milenário e não sabemos quando começou.
Desde o mencionado livro tibetano até todas as demais referências da
antiguidade, falam-nos destes processos que à sombra da nossa alienação científica podem parecer-nos contos para não dormir.
Mas os Elementais, como esses que sendo pequenos e débeis, podem entrar em relação com os homens, também preenchem os velhos
livros. Desde a Suméria até ao Egipto, desde a China até ao pouco que
sabemos das culturas da América e da África Negra, passando pela
Polinésia e pelos habitantes das zonas próximas dos Polos, e chegando
aos séculos que nos precederam na civilização da Europa, os Espíritos
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da Natureza têm um papel relevante naquelas formas de viver menos
contaminadas e mais naturais.
Narrações sobre Génios, Gnomos, Ondinas, Elfos e toda a extensa
gama de Elementais, preenchem a história da Humanidade de tal modo que, sem eles, o desenvolvimento e narrativa não seriam iguais, como podemos comprovar desde Enkidu e Gilgamesh, passando pela
Odisseia homérica, as sagas de Artur e Merlin, até aos que ensinaram a
dançar a Isadora Duncan e inspiraram os vidros de Gallé.
Até há bem pouco tempo, as suas representações adornaram as
proas dos navios, e ainda existem centenas de estátuas no mundo, tanto
nos parques como sobre os rochedos à beira-mar.
As avózinhas (...no tempo em que as crianças eram crianças, os adultos eram adultos, e os anciãos, anciãos, quer possuíssem títulos universitários, de nobreza, quer fossem simplesmente analfabetos) narravam aos
seus netinhos contos sobre os Espíritos da Natureza. Deliciosos contos
onde as personagens eram ondinas, gnomos, fadas, elfos, dos quais se
descreviam características de forma e de vida, prodígios e aparições.
A própria crença católica num Anjo da Guarda que protege as crianças até aos sete anos, tem raízes muito mais antigas que o próprio cristianismo, e desde a Arcádia até à América, todos acreditavam que as
crianças, pela sua pureza e fragilidade, tinham um Espirito Guardião
que lhes evitava muitos acidentes e as protegia das feras, dando-lhes
igualmente orientações para regressarem às suas casas quando estavam
perdidas.
O mais curioso de tudo isto, é que, em povos tão heterogéneos, os
Espíritos da Natureza eram representados de maneira semelhante nas
suas distintas interpretações artísticas. Na tradição tanto se fala dos
mesmos seres Elementais na Europa Central do século XV, como no
coração da Índia do 2º milénio A. C.
Se tivermos em conta que muitos destes grupos humanos não se
conheciam e nem sequer suspeitavam das suas mútuas existências, o
facto de haverem tantos pontos de coincidência nas descrições dos Elementais, leva-nos a afastar toda a hipótese de causalidade. É evidente
que todos viram coisas iguais ou muito parecidas e que actuavam da
mesma maneira. Eram atraídos, conjurados, repelidos ou temidos...
porém, sempre da mesma maneira.
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Isto reafirma que povos diferentes estavam ante o mesmo tipo de
fenómeno e que pela lógica unicidade humana, tratavam-no de forma
semelhante. Tal como diante de um rio todos fizeram pontes mais ou
menos sofisticadas, mas que não deixaram de ser pontes. E se todos os
povos antigos falavam dos rios e das pontes que construíram sobre elas,
é evidente que os rios eram uma presença real. O mesmo é válido para
os Elementais, que eram para todos os povos antigos uma presença real,
que chega até aos nossos dias através do folclore e dos velhos tratados.
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CAPÍTULO IV
COMO SÃO OS ELEMENTAIS:
SUAS FORMAS E MANIFESTAÇÕES
Dada a finalidade deste pequeno livro, referir-nos-emos agora às
Formas que os Elementais assumem para a visão e percepção humanas.
Anteriormente dissemos que os Espíritos da Natureza tinham por
corpos formas de energia e que não eram estritamente físicos nem materiais na versão comum do termo, embora a energia seja também material mostrando-nos diariamente os seus efeitos no plano mais denso de
acção. O facto da chamada «electricidade» ser energia e normalmente
invisível, não impede que ao correr pela superfície de um cabo metálico
produza fenómenos materiais, traduzidos no movimento de pesadas peças de uma máquina, que por sua vez move ou translada toneladas de
matéria. Todos nós conhecemos os fenómenos meteorológicos que se
traduzem em raios e relâmpagos, centelhas e «fogos de Santelmo».
Por outro lado, a existência de estados vibratórios intermédios entre
a energia invisível e a matéria visível, faz com que a possibilidade de observação humana dos Elementais seja potenciada, mesmo sem se propôr, conforme se anulem essas fronteiras entre «cima» e «baixo». Mas,
normalmente, os Elementais têm a sua parte mais densa ou corpo no
Plano Energético, podendo em condições favoráveis já citadas reflectir-se, dentro de uma certa corporeidade, nas zonas etéricas que são mistura e enlace entre o que podemos chamar energia – cuja característica
é a carência de forma perceptível pelos nossos sentidos – e a matéria –
cujas características são para nós evidentes e facilmente registadas.
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Disso podemos inferir que os Elementais têm como propriedade
uma plasticidade muito mais «veloz» do que a nossa, sendo as suas formas mais instáveis e dinâmicas. Estas formas corporizam-se quando se
lentificam e a sua visão torna-se mais fácil, quer seja por factores naturais anteriormente mencionados ou pela vontade de quem os quer
ver, vontade que tem de ser forte mas não agressiva, pois qualquer instabilidade nela repercute-se nos Espíritos da Natureza e afugenta-os para os seus «refúgios» energéticos e os seus jogos ópticos, próprios do seu
extraordinário poder para se dissimularem nos próprios Elementos em
que habitam.
Apesar das suas variedades serem praticamente infinitas, como aliás
as de todos os seres vivos, podemos citar alguns exemplos clássicos de
Elementais:
OS DA TERRA: GNOMOS, FADAS E DUENDES
Denominação extraída do Grego, genomos, ou «o que vive debaixo
da Terra». A variedade destes Espíritos dos Elementos é, como em
todos os demais, tão grande que abarca desde certos monstros (assim
os poderíamos chamar baseando-nos no latim, no sentido de «prodígios» ou «alterações do normal», e sendo para eles a terra sólida o âmbito em que se movem tal como para os humanos o ar, não encontram
maior resistência nas mais duras rochas, que nós perante as rajadas de
vento), até aos pequenos anões de que nos fala o folclore de todos os
povos. Dos primeiros podemos dizer que estão em contínuo movimento, em expansão e retracção, podendo alcançar tamanhos semelhantes
aos dos maiores mamíferos conhecidos. Os segundos, de aspecto humanóide, não se levantam do solo mais do que dois palmos.
Estes últimos são os mais conhecidos: anões ou homenzinhos inocentes, bondosos e cruéis com as crianças. Carecem de toda a consciência ética e não podemos dizer que são «bons» nem «maus».
Travessos por natureza, gostam de zombar daqueles que os procuram torpemente e são, em contrapartida, submissos servidores dos verdadeiros Magos. Embora tenham que existir de ambos os sexos, nem
as narrações nem a minha própria observação registam fêmeas. O seu
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aspecto costuma aparentar uma idade madura, embora não represente
aquilo que nós chamamos «idade», pois vivem séculos e não conhecem
como nós os estados de infância, maturidade e velhice. As suas aparências são sempre as mesmas.
Com excepção da cabeça, que é grande em relação ao corpo, como
no caso dos anões humanos, são bem proporcionados.
Estão sempre vestidos de acordo com um «padrão» à maneira campesina e copiam as modas humanas que lhes são contemporâneas quando nascem, guardando-as assim ao longo dos séculos que duram as suas
vidas. Não há sinais de desgaste nessas roupas, ainda que não nos dêem
a sensação de ser novas, mas sim enrugadas e usadas como se fossem
muito velhas: porém, são indestrutíveis.
Mesmo nos maiores graus de materialização, obtidos apenas em
condições especiais e em lugares não frequentados pelos humanos, não
emitem sons nem os entendem.
Fogem do Sol e gostam da luz Lunar, das pequenas candeias e dos
pirilampos.
Aprazíveis, costumam estar muito tempo imóveis.
Alguns, não são maiores do que a altura de um punho, pouco mais
altos que um polegar, como referem os contos para crianças. Estes são
muito difíceis de captar pelos adultos, se bem que esses Elementais
pensem certamente o contrário. Pois na presença ou proximidade dos
adultos «escondem-se» atrás das coisas, nos cantos menos iluminados,
ou aproveitando o seu poder de passar através da matéria, nas gavetas
dos móveis que não são abertas há muito tempo. Gostam de estar próximo das crianças e sugerem-lhes lugares e posições para as suas brincadeiras, bailes e cantos, rondas e jogos de esconderijo. Travessos, fazem
encantamentos psíquicos que impedem os adultos de encontrar pequenas coisas, lapiseiras, óculos, agulhas, pregos.
Retirado o véu, divertem-se vendo como é que voltam a encontrar
as coisas perdidas, às vezes em lugares diferentes daqueles em que estavam, o que pressupõe neles uma certa capacidade de transladação, embora seja muito mais corrente que os seus próprios encantamentos unidos à confusão, angústia e apuros que provocam as suas travessuras nos
humanos, façam que sejam as próprias pessoas a levarem os objectos
nas mãos e colocá-los noutros sítios sem estarem conscientes disso.
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Na época das Corporações Laborais, quando o homem ainda não
tinha automatizado a sua possibilidade de trabalho e punha verdadeiro
interesse nele – tal como voltam a fazer os artesãos – os pequenos Gnomos eram os seus invisíveis companheiros de oficina, os seus ajudantes
nas tarefas. Em casos excepcionais, alguns ocultistas conseguiram, com
a sua magia, fazer trabalhar em seu auxílio exércitos de Gnomos materializados pelo menos em parte; porém, tal tipo de trabalhos forçados
desagrada aos Elementais, visto que gostam de ter uma certa iniciativa
equivalente ao jogo ou diversão.
No Oriente, registou-se uma variedade de Gnomos, ou simplesmente mutações dos mesmos, que chegam a ter uma aparência humana normal, que ajudam os viajantes nos caminhos, podem falar e dar
conselhos, embora não comam nem durmam como os humanos e nem
sequer envelheçam. Nestes casos estão sempre sós e são confundidos
com monges. Encontramos a mesma versão na antiga Grécia pois os
«monakhós» eram os emissários de Hermes que, nas encruzilhadas dos
caminhos, tinham os seus esconderijos e cuidavam das primitivas ermidas. Dizia-se que eles não comiam nem amavam, quase não falavam,
preferindo fazer-se entender por sinais. Segundo a tradição, a sua anatomia diferia em algo dos humanos: as pontas das orelhas, o que os aproximava de um outro tipo de Elementais dos bosques, chamados depois
Silvanos. O típico gorro de Hermes, servia para ocultar esta anormalidade, que muitas vezes foi relacionada com o Mito do Rei com orelhas
de burro e dotado de poderes parapsicológicos, como Midas.
Os Gnomos ou homenzinhos podem, se o desejarem, transladar-se com enorme velocidade e estar instantaneamente onde querem estar. E assim, fazem pequenos serviços aos Magos que estão em relação
de trabalho com eles, como avisos através de ligeiros golpes dados nos
móveis e outros que veremos mais adiante. Apesar de não terem uma
alma em grau de diferenciação, como a humana, conseguem a aparência dela sob a influência de um ocultista prático que possa efectivamente comunicar-se com eles.
As Fadas são igualmente Elementais da Terra, embora as múltiplas
variedades e a tradição literária e popular as exalte de tal maneira que,
em numerosos países, a denominação é sinónimo de feiticeira ou maga,
como nas versões da Baixa Idade-Média e a Renascentista do Mito de
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Merlin na saga de Artur, onde Morgana aparece como uma Fada.
De aparência similar à humana, os seus tamanhos variam entre o
diminuto e o de uma pessoa normal.
Regidas igualmente pela Lua, gostam de reunir-se em lugares afastados de toda a presença humana e dançar em círculos nos prados envoltos pelos bosques. A especial forma de reprodução dos míscaros, que
configura uma expansão da espécie em forma de anel, aparentou estes
vegetais, na tradição popular, com os círculos da Fadas. Isto porque as
Fadas são peritas no conhecimento das virtudes ocultas das plantas e
dos minerais. Hábeis em encantamentos, magias e feitiçarias, inspiram
aos terapeutas naturais as suas estranhas e rudes artes, onde se mistura
a intuição com a recordação mutilada de uma ciência perdida.
Certa variedade está estreitamente ligada aos humanos, e nas velhas
monarquias costumavam dar, aos recém-nascidos presentes em forma
de bençãos, ou maldições se havia circunstâncias negativas pelo meio.
Gostam de crianças em geral, sugerindo-lhes os jogos e protegendo-as
dos perigos, inspirando-lhes telepaticamente acções que as preservam
vivas e alegres.
São atraídas pelas guloseimas e doces, cujo perfume e «duplo» as
tenta a correr para a – nem sempre grata para elas – companhia humana. Gostam dos sons harmónicos e das figuras geométricas circulares.
De aspecto feminino, não conheço se existem varões. Não são as contrapartes femininas dos Gnomos, como vulgarmente se crê, pois as suas
características e naturezas são distintas e «ignoram-se» uns aos outros,
como acontece com animais de diferentes espécies.
OS DA ÁGUA: SEREIAS, NEREIDAS, ONDINAS, NINFAS
As chamadas Sereias, são as da superfície da água do mar. Sereias,
do latim Siren, do grego Seiren são «as que encantam ou seduzem». Relacionadas com a música na antiguidade, consideravam-nas filhas de
Melpómene. Descrevem-se com cabeça de mulher e corpo de ave ou
peixe. Aliadas às formas elementais que regem as brisas marinhas, produzem sons harmoniosos muito parecidos à voz humana, que podem
imitar pelos seus poderes telepáticos. Poderíamos colocá-las na cúspide
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hierárquica de toda uma gama de Elementais que, sendo da água, necessitam da combinação com o Ar para viver. Noutro extremo estariam
as pequeníssimas criaturas que vivem apenas na espuma, que nascem e
se dissolvem com ela, sobretudo em noites de Lua Cheia. Segundo a
antiga medicina, estas últimas tinham a capacidade de realizar curas extraordinárias naqueles que se banhassem nessas águas. Também serviam os Magos que podiam ler augúrios, através da reflexão da luz
Lunar ou «Caminho de Prata» da Lua Cheia sobre o mar calmo.
Existe outra variedade de Sereias, que aparecem nas noites em que
as ondas se tornam fosforescentes por estarem saturadas de formas animais, como as chamadas Noctilucas. Trazem maus presságios e piores
recordações. Estão relacionadas com o antigo mistério da «Lua Submersa» do qual não falaremos.
As Nereidas são poderosos Espíritos da Natureza femininos, que
serviam de escolta a Afrodite, a «Nascida da Espuma». Podem alcançar
grandes profundidades e habitam em grutas submersas. A sua alta hierarquia fazia-as também, companheiras de Anfitrite, esposa de Poseidón, Rei do Mar e das grutas subterrâneas, antigo Senhor dos Terramotos e dos Cavalos, pois as espumas, ondeadas, que levantam as vagas,
identificam-se com as crinas dos «Cavalos de Poseidón». Tradicionalmente relacionadas com a realeza e a fidalguia, protegiam as difíceis
manobras dos antigos barcos à vela dos reis e dos imperadores. As suas
contrapartes masculinas são os Tritões, também do séquito de Neptuno: respondem ao Trino Poder do Reflexo do Logos sobre o Grande
Espelho ou Cristal Negro de origem Terrestre e Ígnea, guardado em
Thule para a Coroa do Rei do Mundo. Têm, como as Nereidas, o corpo
na sua metade superior semelhante ao humano, e na sua metade inferior como peixe alargado, à maneira de serpente do mar. Adornados
com algas e corais, pérolas e conchas, tocam supersónicos búzios etéreos anunciando o passo dos triunfadores. Conhecem o segredo dos tesouros submersos e em certas ocasiões aparecem como violentos executores da vontade de seu Amo, que com seu tridente mágico, mantém
os barcos sobre as águas, ou empurra-os sobre as rochas e afunda-os.
Em épocas passadas, aconselhavam os viajantes humanos dedicados às
Ciências perdidas, provenientes de Continentes submersos.
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As Ondinas devem o seu nome ao latim, unda, literalmente: onda.
Habitam os rios, especialmente nas regiões em que estes correm entre
as rochas e produzem cascatas e espumas rumorejantes. Outras variedades são marinhas e vivem nas costas e praias, sempre em locais recolhidos, onde haja espaços vazios. A sua forma parece-se com a de uma
mulher na parte superior, tendo o seu corpo indefinido da cintura para
baixo ou aparentando túnicas sempre húmidas que o recobrem. De cabelos muito longos, nadam a enorme velocidade e em muitas ocasiões
confundem-se com as Nereidas. As tradições descrevem-nas penteando
as suas longas cabeleiras em atitudes muito femininas e em geral dão
uma sensação de debilidade e fragilidade se as compararmos à pujante
e orgulhosa força das Nereidas. Na antiguidade atribuía-se a estas criaturas o poder de encantar os viajantes que, em paragens solitárias, se
detinham junto às torrentes, convidando-os às suas grutas para beber
um licor mágico que os fazia enfrentar-se com os seus próprios monstros interiores. Só os puros e fortes podiam vencer e libertar-se de perigosos pactos com as Ondinas, de olhos hipnóticos e possuidoras de
certas jóias, provavelmente anéis que ofereciam com intenção de que o
cavalheiro que as aceitasse permanecesse afeiçoado e rendido a elas.
As Ninfas, cujo nome provém do latim lynpha, água, e do grego
nymphe em relação com as fontes e mananciais – são Elementais de
aparência feminina, muito belas, que habitam os lagos e águas tranquilas. São guardiãs dos mananciais escondidos nas florestas. Às Ninfas
atribui-se-lhes um aspecto totalmente humano até ao extremo de não
se diferenciarem das mulheres. Na antiguidade atribuía-se-lhes o ser
guardiãs dos remoinhos e ser tanto maléficas como benéficas, mostrando um carácter ao mesmo tempo caprichoso e delicioso, já que podiam
tentar até mesmo os Deuses. Desses tempos chega-nos a muito vivida
imagem de Aretusa coberta de jóias, reflectida nas cerâmicas de culturas helénicas da Magna Grécia, geralmente recipientes em relação
com a água, só ou misturada com vinho. É característico o seu complicado toucado de pérolas e faixas sobre trabalhados cabelos. Na Saga de
Artur, semelhante à do Rei do Mundo e do Mago Merlin, é uma Ninfa
quem devolve dos lagos as espadas mágicas que darão fé de realeza aos
galantes cavaleiros. Aparecem também assim na chamada «mitologia
germânica» em relação com Tannhauser. Emblemas de beleza venusia49
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na, as Ninfas estão relacionadas com o amor sublimado e zeloso, contrário ao amor carnal. As suas vinganças contra os cavaleiros que lhes
são infiéis costumam ser terríveis. Eternamente formosas e jovens, possuem esse segredo de contínua juventude à qual estão condenadas, e
castigam outorgando a tão discutida graça de não morrer. Mas, a sua
imortalidade não é a espiritual e consciente, e sim a desumanizada,
querendo a tradição que os seus intentos amorosos tenham por fim o
humanizar-se e adquirir um sentido humano da vida e da morte. Criaturas enigmáticas, são peritas em encantamentos, em metais mágicos e
pedras preciosas no seio das quais se podem ver coisas distantes, passadas e futuras.
OS DO AR: SILFOS E ELFOS
O nome das criaturas Elementais que denominamos «Silfos» é de
difícil raiz etimológica, provavelmente galo-romana e derivada de sons
que produziam os ventos nas arpas druídicas, que como as eólicas gregas, costumavam suspender-se das árvores sagradas, para interpretar
uma música não humana. Estes Espíritos da Natureza caracterizam-se
por viver exclusivamente no ar; são muito difíceis de percepcionar dada
a sua natureza instável, fluídica, dotada de movimentos muito velozes,
a ponto de o investigador ter de «cravá-los» em algo que não se mova
para poder fazer o estudo mais elementar. Este sistema enfurece os
Silfos e causa-lhes dor. Não tanto pela sujeição em si, mas porque ficam
privados de movimento, sem o qual desfalecem e chegam a morrer. É
sua necessidade constante correr e transladar-se. Apenas a sua cabeça
tem aparência humana, pois o resto do corpo, de difícil estudo, é parecido com a imagem que temos dos anjos, mas menos tranquilos e nem
sempre só com duas asas. Essas asas, no caso dos Elementais do nível
que descrevemos também não são brancas, agradáveis e emplumadas
como as das imagens gregas, romanas e cristãs. Estas foram extraídas de
tipos de Elementais superiores aos quais nos referiremos mais adiante.
Os Elfos (do celta Faeris) são Elementais de formas muito belas e
muito pequeninos. À maneira de mariposas etéreas, vivem nas cercanias e no interior das corolas das flores. Os seus corpos são antropo53
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morfos e existem sob formas femininas ou masculinas, embora isso não
tenha uma relação estrita com a sua reprodução, pois copiam formas
humanas. As suas vestes são semelhantes a túnicas curtas e leves. Os
seus movimentos constantes assemelham-se aos das abelhas quando libam nas flores. Extremamente energéticos, têm grandes poderes curativos, ainda que nesse tipo de trabalho se extenuem até morrer. O seu
raio de acção circunscreve-se à área abrangida pelo perfume da flor. As
flores sem perfume não têm Elfos deste tipo. São, em algumas das suas
variedades, muito afeiçoados aos humanos, sobretudo às crianças e
àqueles que têm inocência e sensibilidade artística. A luz excita-os e a
obscuridade sossega-os. Gostam dos sons suaves, das cores e da luz reflectida nos espelhos não muito polidos. As suas graciosas figuritas
completam-se com pequenas asas parecidas às asas das libélulas e borboletas, mas mais formosas, etéreas e em constante movimento à maneira dos colibris. Unidos pelas mãos costumam fazer rodas de danças
e promovem os encantamentos benéficos. Os seus tamanhos variam
entre um palmo de altura até menos de um centímetro. Às vezes aquietam-se, como se dormissem, em atitudes muito suaves. Outras vezes
parecem estar pensativos e a ouvir aquilo que os humanos não podem
ouvir. São a graça angelical personificada.
OS DO FOGO: AS SALAMANDRAS
Estes Elementais são os mais afastados das formas humanas. O
nome que recebem tem uma obscuríssima origem etimológica oriental,
trazida pelos árabes, que os relaciona com a famosa Universidade de Salamanca, que na Baixa Idade-Média Europeia, gozava do esplendor da
plenitude do Islão. Certamente ali efectuaram-se estudos e trabalhos
sobre Alquimia, e sob este termo genérico ocultam-se múltiplos conhecimentos entre os quais os dos Espíritos da Natureza, em especial os
que aquecem e também coroam o Atanor.
No fogo das chaminés podem ser vistas, semelhantes a serpentes
negras, geralmente em posição vertical, que se movem velozmente e se
retorcem sobre si mesmas.
O tamanho das Salamandras varia, desde o de pequenas minhocas
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que se movem nos fogões ou fogueiras, até às enormes que plasmam as
curiosas formas dos relâmpagos e dos raios.
Ninguém que não tenha santidade e experiência deve atrever-se a
intentar algum contacto com estes poderosos Seres, pois também regem
os impulsos electrobiónicos que correm pelo sistema nervoso humano.
Há metais que as adormecem e contêm, de maneira que podem
colaborar na eficácia de um amuleto, com formas de Magia demasiado
perigosas para serem comentadas sem os prévios compromissos que
tornam os homens incorruptíveis.
OUTRAS VARIEDADES DE ELEMENTAIS
Ainda que este tema seja desenvolvido noutro Capítulo, creio prudente assinalar que os Espíritos da Natureza descritos acima, são só os
exemplos mais típicos daqueles que se têm reflectido fortemente no
chamado folclore e na tradição dos humanos.
A gama de Elementais é imensa, desde os Regentes dos Planetas ou
ainda das Estrelas, até aos que mantêm com a sua vida a dos átomos.
Nos Mistérios da Antiguidade fazia-se referência a eles. Eram representados por figuras geométricas, palavras sem aparente significado
e cifras numéricas hoje incompreensíveis. As referências são veladas e
indirectas. É impossível classificá-los num só dos Elementos.
São os que regem os momentos do nascimento e da morte de todos
os Seres manifestados e também das coisas: a passagem das Almas pelos
distintos umbrais; os que se movem num espaço-tempo que não é o
que conhecemos e no qual vivemos.
São os que vigiam a marcha do Relógio da História do lado de fora
dessa maquinaria de causas e efeitos encadeados de maneira lógica; os
que cuidam dos Anais onde se pode ler no passado e no futuro.
São Anjos e Demónios; e também os Dragões cujo alento aquece
a Terra. As almas dos cristais geológicos que reinam sobre a estratificação dos minerais e que condensaram a luz de estrelas desaparecidas à
nossa vista; os Génios das jóias. Outros, aprisionados em formas mentais dos Deuses através dos eons, esperam o momento de comandar as
delicadas operações do nascimento e da morte das galáxias; são os que
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habitam nos cometas, tanto os que fecundam determinadas zonas do
espaço para que nasçam novos mundos, como os que se convertem nos
restos de outros astros passados e derivam ao encontro dos cemitérios
de estrelas. Igualmente, os cometas mais simples que ligam, como os
electrões de valência, um sistema solar a outro.
E mais «perto» de nós, estão os que moram nas entranhas dos vulcões e das nuvens; os que manejando pincéis invisíveis, pintam os amanheceres e entardeceres. São os que despertam a vegetação na Primavera e que a adormecem quando se aproxima o Inverno. Os que regem
o destino nas encruzilhadas dos caminhos, nas grutas encantadas e em
montanhas mágicas.
São os «Génios» que dão e retiram dons. Os que tocam na fronte
dos «eleitos» e os que fazem resvalar os pés daqueles que caíram em
desgraça.
Quem escreve estas linhas sabe que, no nosso materialista século
XX, o que se acaba de mencionar soa a contos para crianças ou a ciência-ficção. E assim deve ser, pois estes conhecimentos vêm do passado
e do futuro ; são desconhecidos e ignorados no presente. Mas, no entanto, referem-se a realidades, algumas das quais se fazem sentir nitidamente na vida e inspiração de muitas pessoas, embora a educação recebida lhes bloqueie a capacidade de perceber ou imaginar as causas, e
aceitem o que se passa com estólida resignação com a característica
amargura ou a animalesca alegria que surge do facto de estarem submetidas à «ananocracia». Quem não puder sair da jaula do materialismo,
jamais poderá perceber estas maravilhas ocultas na Natureza nem verá
as marcas dos Passos de Deus sobre a Terra.
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