Gato Escaldado
Gato escaldado de água fria tem medo, diz o ditado popular. Quando nós temos
algumas experiências negativas sobre um determinado aspecto do nosso cotidiano,
passamos a ter receio de qualquer coisa que tenha semelhança com tal experiência.
Este tipo de comportamento nos leva a rejeitar excelentes oportunidades de
experimentar coisas novas, tudo por causa do medo de repetir uma vivência que um
dia foi desagradável, mas hoje pode ser prazerosa. Muitas vezes eu faço isso com
medo de que a experiência seja novamente desagradável, mas esquecido de que
existe também a probabilidade de ser agradável. Deste modo, perdemos excelentes
ocasiões de crescermos como seres humanos e passamos a limitar nosso campo de
crescimento nas experiências que nos são propiciadas.
No ambiente de trabalho sempre existe meia dúzia de colegas que gostam de pedir
dinheiro emprestado. Estas pessoas podem ser classificadas em três tipos: os
pagantes, os trabalhosos e os caloteiros. Os pagantes raramente pedem dinheiro
emprestado e, quando o fazem, no dia combinado efetuam o pagamento, são
encontrados em pequeno número nos ambientes de trabalho. Os trabalhosos pagam
os empréstimos, mas não cumprem os prazos acertados e é necessário cobrar
várias vezes para conseguir receber o dinheiro, muitas vezes comprometendo o
relacionamento entre os dois colegas de trabalho. Os caloteiros são tipos
interessantes, estão sempre de bom humor, ótimos para se tomar uma cerveja no
final de semana e para conversar, mas quando conseguem tomar um dinheiro
emprestado não pagam nunca. A maioria não se aborrece quando são cobrados,
têm sempre uma desculpa pronta e a promessa de que vão pagar quando
receberem o salário, eles só não dizem de que mês e de que ano. Existem caloteiros
que se aborrecem quando são cobrados, rompem o relacionamento com o credor
para não serem “importunados”. Os novos empregados são vítimas dos caloteiros,
mas aprendem rapidamente a lição e descobrem que não necessitam emprestar
dinheiro para fazer serem aceitos como novos membros da organização.
Algumas pessoas viveram experiências desagradáveis com o sexo oposto e em
decorrência destas vivências passam a rejeitar novos relacionamentos. Por algumas
experiências não terem dado certo isto não significa dizer que todas irão dar errado.
Os jovens de hoje têm mais chances de viver um relacionamento mais rico do que
as gerações passadas, os jovens fazem muitas experiências antes de resolverem
viver juntos, inclusive a sexual. Não gosto das comparações estatísticas entre ontem
e hoje que são feitas em relação ao casamento. No passado os casais viviam
relações que poderiam ser chamadas de qualquer coisa, menos de casamento. As
velhas gerações vivem, na maioria dos casamentos, solidões a dois por terem medo
de buscar a felicidade e de enfrentar as opiniões equivocadas dos parentes e
amigos. Preferem criticar os mais jovens, morrendo de vontade de viver como eles.
Marcos Antônio da Cunha Fernandes
João Pessoa, 26 de março de 2008.
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