CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL Versão para registro histórico Não passível de alteração COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA EVENTO: Seminário N°: 0864/13 DATA: 02/07/2013 INÍCIO: 14h38min TÉRMINO: 17h11min DURAÇÃO: 02h33min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 02h33min PÁGINAS: 53 QUARTOS: 31 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO EDISON EDUARDO ROTHER - Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul — VOLUNTERSUL. FABRÍCIO DE OLIVEIRA COELHO- Presidente da Associação dos Bombeiros Civis Voluntários de Três Marias. MARCOS CAMPOLINA - Presidente do Instituto Anjos do Asfalto — Resgate Rodoviário. NEYFF SOUZA DA SILVA - Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste. HUMBERTO GUIMARÃES - Presidente do Serviço Voluntário de Resgate — SEVOR. SUMÁRIO: Seminário Bombeiros Civis Voluntários. OBSERVAÇÕES Houve exibições de imagens. Houve intervenção fora do microfone. Inaudível. CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Boa tarde. Agradeço a todos e a todas pela presença. Declaro aberto o seminário que debaterá o tema Bombeiros Civis Voluntários, promovido pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, em atendimento à Sugestão nº 67, de 2013, de autoria da Associação de Bombeiros Civis Voluntários de Três Marias, Minas Gerais. Fui o Relator da matéria e apresentei parecer favorável. Foi aprovada pelo Plenário desta Comissão. Informo que esta reunião está sendo gravada e todo o conteúdo deste seminário será disponibilizado em áudio e vídeo na página desta Comissão — www.camara.leg.br/clp. Essa atividade também faz parte de um bate-papo virtual, em tempo real, possibilitando aos cidadãos interagirem com os Deputados e demais expositores por meio de perguntas ou considerações, também em tempo real. Estará acessível pela página www.edemocracia.leg.br. Neste momento, tenho a honra de convidar para compor a Mesa o Sr. Fabrício de Oliveira Coelho, Presidente da Associação de Bombeiros Civis de Três Marias, Minas Gerais (palmas); o Sr. Edison Eduardo Rother, Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul — VOLUNTERSUL (palmas); o Sr. Marcos Campolina, Presidente do Instituto Anjos do Asfalto Resgate Rodoviário (palmas); o Sr. Neyff Souza da Silva, Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste (palmas); e o Sr. Humberto Guimarães, Presidente do Serviço Voluntário de Resgate — SEVOR. (Palmas.) A minha saudação a todos os membros da Mesa. Senhoras e senhores, a Câmara dos Deputados, esta Comissão de Legislação Participativa em particular, dá as boas-vindas a todos e agradece a todos pela honrosa presença no Seminário Bombeiros Civis Voluntários. Grifamos que é responsabilidade de todos. Eis que vêm à baila os bombeiros voluntários. Muito além da legitimação do dispositivo constitucional, o combustível que os move é o amor ao próximo e a solidariedade àqueles que necessitam da mão amiga. Não concorrem com órgãos oficiais; com sua eficácia, não poucas vezes os complementam, auxiliando assim o Estado no cumprimento da sua missão de proteção ao cidadão e ao patrimônio. 1 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 São homens e mulheres que merecem nosso respeito e admiração. Atuam voluntariamente na preservação e no combate a sinistros e na busca e salvamento. São cidadãos como todos os demais, mas se fazem especiais pela sua dedicação ao outro, pelos riscos que assumem para outras vidas salvar. Diga-se que não há amadorismo, há cendrado grau de profissionalismo no cumprimento de suas missões. Não se pode ser amador com a vida. No País, em que apenas 14% dos Municípios são dotados do trabalho dos Corpos de Bombeiros, e não poucas vezes sucateados e carentes de recursos, bem pode ser compreendido o papel relevante que os bombeiros voluntários desempenham e poderão ainda mais desempenhar no campo da segurança. Tomo como exemplo a cidade de Joinville, em Santa Catarina: de cada três bombeiros, dois são voluntários. Nos Estados Unidos, 9% dos quartéis são compostos por bombeiros contratados, sendo a maior parte do efetivo formada por voluntários. Senhoras e senhores, caracterizada a importância desses anjos salvadores, mais do que para falar, estamos aqui para ouvir o que os seus ilustres representantes têm a dizer ao Brasil. Antes de ouvirmos o primeiro expositor, eu gostaria de dar a palavra aos Parlamentares, como é praxe nesta Comissão. Ressalto que participamos de muitas Comissões — eu, por exemplo, teria de estar em três Comissões neste momento. Sendo assim, o Parlamentar que quiser usar da palavra disporá de 5 minutos. Consulto os nobres Deputados Leonardo Monteiro e Dr. Grilo e o meu amigo Deputado Nilmário Miranda se desejam pronunciar-se. Eu quero dizer que tenho um problema sério de hérnia de disco. São duas hérnias. Quando eu tomo determinado medicamento, a boca seca, a memória não corresponde — os senhores perceberam isso na reunião que tivemos de manhã. Então, vou pedir-lhes que cooperem comigo, por favor, quando eu não estiver muito bem. Mas eu preciso estar aqui, porque participei da formatura de 89 bombeiros civis da cidade de Três Marias e estamos trabalhando juntos para que possamos ter um Brasil melhor. As informações que eu tenho, inclusive do Rio Grande do Sul, são as melhores possíveis. 2 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 A palavra está aberta aos Deputados Leonardo Monteiro, Nilmário Miranda e Dr. Grilo. O SR. DEPUTADO LEONARDO MONTEIRO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, bombeiros civis aqui presentes, eu quero parabenizá-los pela realização deste seminário. Eu conheço algumas experiências de bombeiro civil. Conheço a exitosa experiência de Caratinga. Em conformidade com o preâmbulo que V.Exa. leu, também estou aqui para ouvir. Quero ouvir os representantes dos bombeiros de várias regiões do Brasil que estão aqui presentes, até para conhecer melhor a forma de trabalho dos bombeiros civis do nosso País, que estão representados neste seminário. Muito obrigado. Que posamos ter um excelente seminário nesta tarde, Sr. Presidente! O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Obrigado, Deputado Leonardo Monteiro. V.Exa. é atuante nesta Comissão, está sempre interessado nas propostas de iniciativa popular. Deputado Nilmário Miranda, V.Exa. sempre trabalhou com direitos humanos... O SR. DEPUTADO NILMÁRIO MIRANDA - Eu trabalho. O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Pois é, sempre trabalhou com os bombeiros, e os bombeiros civis fazem um trabalho de direitos humanos também. Com a palavra o Deputado Nilmário Miranda. O SR. DEPUTADO NILMÁRIO MIRANDA - Eu vim para ouvi-los. O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Meu nome é Nilmário Miranda! (Risos.) Eu me lembrei do Dr. Enéas. Com a palavra o Deputado Dr. Grilo. O SR. DEPUTADO DR. GRILO - Sr. Presidente, Srs. Deputados, senhoras e senhores, eu também vim participar deste importante seminário exatamente com o objetivo de conhecer um pouco mais sobre esse importante trabalho dos bombeiros voluntários. Nós que rodamos pelo interior de Minas Gerais, pelo interior do Brasil podemos constatar que existe realmente uma deficiência muito grande do Estado nessa parte e que esse trabalho que é feito pelos bombeiros civis voluntários é muito 3 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 importante. Precisamos tomar medidas que os valorizem e os aperfeiçoem cada vez mais. Refiro-me a treinamentos, cursos, melhor aparelhamento, dando-lhes condições para que continuem realizando esse importante trabalho em todo o Brasil. Nós queremos ouvi-los e conhecer um pouco mais suas experiências, bem como acompanhar, posteriormente, os projetos de lei sobre o tema que tramitam na Câmara dos Deputados, a fim de que sejam dadas melhores condições de trabalho aos bombeiros civis voluntários. O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Muito bem, Deputado Dr. Grilo. V.Exa. também tem sido atuante e se mostrado muito preocupado com o que acontece nas nossas Minas Gerais. Com a palavra o Deputado Costa Ferreira, que também sempre está presente nesta Comissão. O SR. DEPUTADO COSTA FERREIRA - A nossa Comissão de Legislação Participativa é uma porta aberta para as reivindicações sociais da nossa Pátria, possibilita a entrada de grandes projetos originários da população brasileira. Nós temos participado desta Comissão desde o seu início. Parabenizamos os responsáveis pela realização deste seminário, que visa a fortalecer essa instituição, que realmente tem sido benevolente e até desprendida. Ontem mesmo se noticiou que 19 bombeiros americanos morreram queimados, numa tentativa desesperada de salvar o patrimônio de alguém e muita gente que estava cercada pelo fogo no local. Eu acredito que este seminário, que está sendo promovido por esta Comissão, a Comissão de Legislação Participativa, trará a todos nós muitos esclarecimentos e fará com que outros voluntários possam associar-se a essa instituição, que tem prestado serviço digno de nota a toda a nossa Pátria, principalmente àqueles que são surpreendidos por esse tipo de sinistro. Eu parabenizo, então, o Deputado Lincoln Portela, que é uma referência, é um companheiro que se tem destacado, como os demais que fazem parte desta Comissão, demonstrando que estamos aqui aptos a receber todas as aspirações e, dentro do possível, transformá-las em lei, para beneficiar toda a população brasileira. Obrigado. 4 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Obrigado, Deputado Costa Ferreira. Esta Mesa informa aos senhores as regras de condução dos trabalhos. Cada expositor deverá limitar-se ao tema em debate e terá o prazo de 15 minutos, não podendo ser aparteado — darei um aviso quando faltarem 5 minutos e, depois, quando faltarem 2 minutos. Ao final de todas as exposições, iniciaremos os debates. Passarei a palavra primeiramente aos Parlamentares inscritos e, em seguida, aos demais participantes. Tendo sido esclarecidas as regras, passemos, pois, às exposições. Neste momento, teremos a honra de ouvir os membros da Mesa. Concedo a palavra ao Sr. Edison Rother, Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul — VOLUNTERSUL. S.Sa. dispõe de 15 minutos. O SR. EDISON EDUARDO ROTHER - Senhoras e senhores, boa tarde. Gostaria, primeiro, de saudar o Deputado Lincoln pela iniciativa e o Fabrício, que incentivou a realização deste evento. Quero aproveitar o Dia do Bombeiro e saudar todos os bombeiros aqui presentes. Hoje se comemora nacionalmente o Dia do Bombeiro, independente de tipificação, modelo. Todos estamos unidos por uma causa, que é salvar vidas e patrimônios. Vou fazer uma apresentação rápida. Meu nome é Edison Eduardo Rother. Sou Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul, a VOLUNTERSUL. Também sou Presidente do Conselho das Corporações Voluntárias da Confederação Nacional de Bombeiros Voluntários do Brasil. Essa confederação é uma entidade recente, que se está estruturando à medida que vai avançando o trabalho de bombeiros voluntários no Brasil. Atuo como bombeiro voluntário há 15 anos. Por 8 anos comandei o Corpo de Bombeiros Voluntários de Nova Petrópolis. Atualmente trabalho como técnico de segurança do trabalho, condutor do SAMU e, nos meus momentos vagos, bombeiro voluntário. (Segue-se exibição de imagens.) 5 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 O SR. EDISON EDUARDO ROTHER - A VOLUNTERSUL é uma OSCIP, uma associação que congrega as Associações de Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul. A Organização de Bombeiros Americanos, também chamada de Confederação Nacional dos Bombeiros Voluntários, é ligada à Organização de Bombeiros Americanos Internacional, que os senhores podem conhecer um pouco mais através do site bombeirosamericanos.org. É uma Confederação que congrega todos os bombeiros da América, em que estamos inseridos, através da VOLUNTERSUL e também da ABVESC — Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado de Santa Catarina, que está aqui, neste momento, representada pelo nosso companheiro Dionei, de Santa Catarina. Farei um breve histórico. Em agosto de 1982, ocorreu o Primeiro Encontro Nacional de Bombeiros Voluntários, em Canela, no Rio Grande do Sul. Daí foi criada a Liga Nacional de Bombeiros Voluntários e, na época, também a LIGABOM — Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares. Em 1984, a Liga passou a denominar-se Associação Brasileira de Bombeiros Voluntários, com a criação da Regional do Rio Grande do Sul. Em 1991, a Regional torna-se Federação Rio-Grandense de Bombeiros Voluntários. E em 2003, em virtude do novo Código Civil, a gente passou, então, a ser Associação dos Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul. Mas desde a sua criação, a gente a trata como VOLUNTERSUL. Apresentarei algumas definições que existem hoje dos modelos de bombeiros, ainda amadurecendo, um pouco confusas: bombeiro público militar ou civil, pessoa pertencente a uma corporação de atendimento a emergências públicas; bombeiro profissional civil, pessoa que presta serviço em uma planta ou evento, que tem a sua regulamentação na Lei nº 11.901, de 2009 — um grande avanço para os bombeiros civis no Brasil —; e bombeiro voluntário, pessoa pertencente a uma organização não governamental, que presta serviços de atendimento a emergências públicas. Somos, de certa forma, amparados pela Lei nº 9.608, de 1998, que é a Lei do Voluntariado. Os tipos de bombeiros de que se tem notícia no Brasil hoje é o bombeiro militar; o bombeiro comunitário ou misto, que é uma junção do bombeiro militar com 6 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 o civil e com o funcionário público, enfim, é a junção de vários bombeiros, sob a coordenação dos bombeiros militares; bombeiros municipais; bombeiros civis; e bombeiro voluntário — que represento e atuo. Vou falar um pouco do bombeiro voluntário no Brasil, dessa entidade, dessa pessoa também. O bombeiro voluntário no Brasil existe desde 1892, é a corporação de Joinville — que talvez os senhores já tenham ouvido falar dela, foi a que apareceu no Fantástico — , que é uma das mais antigas corporações da América Latina e a primeira do Brasil desse gênero — ali há uma foto dela. É considerada a capital catarinense do bombeiro voluntário. Uma informação, a título de curiosidade: a maior plataforma elevatória do Sul do País está nessa corporação, atinge 54 metros. Nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ela é a única corporação que tem esse tipo de equipamento. No Rio Grande do Sul, a primeira corporação de bombeiros voluntários ocorreu em 1977, em Nova Prata. Com relação aos bombeiros voluntários nos países vizinhos, porque há bombeiro voluntário em todo o mundo, eu cito: o Chile, 100% voluntário; a Argentina, o único local em que não há bombeiro voluntário é Montevidéu, as demais províncias, como eles chamam, são constituídas por bombeiros voluntários; e também bombeiros voluntários no Paraguai. Nossos objetivos como VOLUNTERSUL são orientar, apoiar, viabilizar, promover, organizar, capacitar, fiscalizar, representar os bombeiros voluntários. A gente procura dar o suporte não só para as associações, para os bombeiros voluntários, mas também para os Municípios que não possuem e querem implantar um sistema de bombeiro. Aqui são as 35 corporações existentes e funcionando no Estado Rio Grande do Sul atualmente. Nós temos um trabalho de implantação até o final do ano, de tratativas com alguns Municípios que não têm o serviço de emergência, seja militar, seja municipal, para poder implantar e elevar o número de pessoas e comunidades servidas por bombeiros. Aqui, algumas imagens das Associações de Bombeiros no Rio Grande do Sul, com suas respectivas equipes, e uniformes. Uma estatística para conhecimento do nosso trabalho: no ano de 2010, 19.117 atendimentos realizados pelas corporações; disso, 1.227 foram incêndios. No 7 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 ano de 2012, 19.242 atendimentos; desses, 1.237 foram incêndios. Uma média de 13 incêndios por dia é atendida pelos bombeiros voluntários no Estado do Rio Grande do Sul. Aí tem algumas imagens do nosso sempre trabalho. Ativamente, nesse momento, temos 876 bombeiros voluntários atuando, atendendo a comunidade. Temos distribuído pelo Estado 126 veículos de todas as formas, desde combate a incêndio, a carro de resgate, a carro de busca e salvamento, do mais velhinho ao mais moderno. Capacitação. Em nosso trabalho temos hoje três cursos padronizados pela associação: Curso Inicial de Bombeiro Voluntário — Nível 1; Curso de Resgate Veicular — Nível Operador; Curso de Resgate Veicular — Líder e Chefes de Equipe; e Curso de Especialização Flashover — Comportamento Extremo do Fogo. Nossos parceiros de capacitação são SEST/SENAT para Condução de veículo de emergência. Nossos mergulhadores têm a certificação PADI. Estamos buscando a ISO 10015, certificação pela ABNT para capacitação. Nós temos uma parceria forte com os bombeiros do Chile, com resgate veicular e breque. Temos também capacitação oriunda da Organização dos Bombeiros Sul-Americanos Internacional, do Centro de Treinamento Internacional do Life Support Brasil, a Tantad, que é o grupo internacional de flashover, de instrutores, no qual nós temos uma equipe. E também temos uma parceria de capacitação com os Bombeiros de Portugal, tanto os sapadores quanto os voluntários. Aqui vocês estão vendo nosso projeto bastante recente, o Centro de Treinamento dos Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul, que deverá ser implantado nessa área de terra de 2 hectares, doado pelo Município de Passo do Sobrado. Esse centro de treinamento vai ser construído com nosso parceiro, com quem vimos trabalhando há 2 anos, a Fundação Maçônica Educacional, que tinha um trabalho de defesa civil. Como nosso trabalho também é voltado aos Municípios, estamos unindo forças para implantar nosso centro de treinamento ali. Cidades atendidas. No total temos 35 Corpos de Bombeiros que atendem municípios vizinhos, próximos. Atendemos 79 cidades e 802 mil habitantes. No ano 8 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 de 2012, o orçamento dessas 35 corporações chegou em torno de 2 milhões e 800 mil — não chega a 3 milhões —, um valor per capita de R$3,52. Aí está um mapa da distribuição das corporações voluntárias em nosso Estado. Temas atuais de nossa associação. No centro de capacitação, cuja imagem mostrei antes, nós estamos criando um sistema web integrado de gerenciamento de ocorrência. Depois de ser implantado, à medida que as corporações forem executando seus atendimentos, qualquer um dos senhores vai poder acompanhá-los em tempo real. É só entrar no site, e vai ver a estatística em tempo real do que nós estamos fazendo a nível de Rio Grande do Sul. Estamos buscando, trabalhando, participando em todos os momentos em que somos convidados e buscando apoio para legislações nacional e estadual — e acho que esse momento está sendo muito oportuno para isso. Nós temos um trabalho de compras comunitárias, onde unimos as corporações que têm interesse em um equipamento. Com isso, buscamos muitas vezes 25, 30 corporações interessadas em um equipamento, barganhando valores. O nosso comitê técnico — aí na foto — está buscando executar algumas padronizações em conjunto com o pessoal de Santa Catarina. Uma das coisas já padronizadas, que está em processo de alteração, é o nosso uniforme. Todos os bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul vão ter esse uniforme operacional vermelho e esse fardamento que eu uso para momentos sociais. Para vocês terem uma ideia, aqui, à minha direita, é o Curso de Capacitação de Resgate Veicular Padronizado; e, à minha esquerda — parece uma norma da ABNT, mas não é —, é uma norma do comitê técnico, para composição de uniformes, um padrão que a gente adotou em parceria, em comunicação com Santa Catarina. Esse aí é um sistema de gestão que já existe no nosso site, onde nós — cada associação, cada Corpo de Bombeiros Voluntários no Município —, no âmbito estadual, lançamos nossas informações, monitorando-os constantemente, e temos acesso às informações do Corpo de Bombeiros, do Bombeiro Voluntário, do material que eles têm. Enfim, é um sistema hoje restrito de gerenciamento, que vai ser agregado ao que falei antes, que é o Sistema de Atendimento à Emergência, que vai ser informação pública. 9 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Nós temos um trabalho com a Rio Grande Energia, em que a comunidade pode doar recurso financeiro através da conta de energia elétrica. Infelizmente, as outras duas empresas de energia elétrica do Estado não abriram essa porta que abriu a RGE. Isso está viabilizando mantermos e cada vez mais aplicarmos recursos na nossa missão. Algumas reivindicações no contexto geral. A gente precisa tratar sobre uma legislação nacional de reconhecimento, de apoio técnico e financeiro para os bombeiros tanto civil, como voluntário; mas, principalmente para o bombeiro voluntário, porque não tem uma legislação específica de reconhecimento. Até se tentou, se está trabalhando uma legislação em nível de SENASP, num grupo de trabalho, mas a gente não sabe qual vai ser o avanço disso. Não é realmente uma legislação, está se tratando sobre o assunto. Mas a gente vê a importância de se ter uma legislação nacional que nos ampare, para que possamos desenvolver o nosso trabalho. Também uma legislação nacional de padronização mínima das atividades de bombeiro, principalmente do bombeiro voluntário, para que a gente tenha um norte nacional de como formatar essas corporações. Destinação de veículos e equipamentos de órgãos federais, novos principalmente. Todo o mundo quer operar com equipamento novo, mas podem ser usados, podendo ser equipamentos da Defesa Civil Nacional, da SENASP. A gente sabe que tem muito veículo que foi abandonado pelo poder público, espalhado pelo Brasil inteiro, que pode muito bem servir aos nossos Corpos de Bombeiros Voluntários. Outra reivindicação é uma agência nacional de bombeiros que pudesse regulamentar e discutir constantemente a atividade de bombeiro no Brasil. Essas reivindicações praticamente estão inseridas dentro de um projeto, chamado Brasil sem Chamas, que merece ser observado. Passando um pouquinho sobre a situação dos bombeiros no Brasil, para quem não conhece e quer conhecer a fundo, eu indico visitar o site do Ministério da justiça, da SENASP e procurar o perfil profissiográfico. Ali tem um capítulo que fala dos bombeiros e mostra a triste realidade de que apenas 7% dos Municípios do Brasil têm bombeiros. 10 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Nossos contatos: redes sociais, sites. Era o que tinha no momento a apresentar para a Comissão. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Agradeço ao Sr. Edison Rother pela sua exposição. Passo a palavra agora ao Sr. Fabrício de Oliveira Coelho, Presidente da Associação dos Bombeiros Civis Voluntários de Três Marias, entidade autora da sugestão que deu origem a este evento, para sua exposição. V.Sa. dispõe de até 15 minutos. Quero também ressaltar a presença do Deputado Renato Molling conosco. O SR. FABRÍCIO DE OLIVEIRA COELHO - Boa tarde a todos! Nessa oportunidade, eu gostaria de cumprimentar o Deputado Lincoln Portela, Presidente desta Comissão, e, por meio de sua pessoa, cumprimentar os demais componentes da Comissão de Legislação Participativa; cumprimentar também os demais Deputados de outras Comissões presentes; os Vereadores de Três Marias que vieram: Maria helena, Irmã Alda, Denilson; o Vereador Eli Vaz, de João Pinheiro, onde temos projetos sobre o bombeiro civil e o bombeiro voluntário; o Assessor Jurídico da Associação de Bombeiros Civil de Três Marias, Dr. William Dornas, de Belo Horizonte, que nos tem dado apoio; o Tenente Procácio, Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários de Minas Gerais; e o Sr. Alex, VicePresidente da Associação dos Bombeiros Voluntários de Minas Gerais. (Segue-se exibição de imagens.) O SR. FABRÍCIO DE OLIVEIRA COELHO - A nossa apresentação será bem rápida. Pedi ao Sr. Edison que fizesse a primeira apresentação, tendo em vista o nosso trabalho e o nosso desejo de se criar Corpo de Bombeiros também em Três Marias — localizada quase no centro de Minas Gerais, a 450 quilômetros de Brasília —, considerando a necessidade do Município. Nós fomos ao Rio Grande do Sul, gostamos da ideia e pensamos num projeto para instalá-lo em Três Marias. Com o apoio da Associação de Bombeiros Voluntários de Minas Gerais, conseguimos fazer com que esse projeto chegasse até Brasília. A nossa apresentação focaliza as necessidades que temos hoje na região. A Associação de Bombeiros Civis de Três Marias foi constituída tendo em vista a preocupação que há no Estado de Minas Gerais, pois é um Estado da 11 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Federação que tem Municípios de grande extensão e vários Municípios com enorme necessidade na área de socorro, na área de salvamento, na área de resgate. Sendo uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizada na Região Sudeste, Minas Gerais tem hoje 853 Municípios. E, na contagem, há 54 corporações de bombeiros militares implantadas. Nos demais Municípios, vem sendo preenchida essa lacuna. Muitas vezes, deixa-nos tristes saber que não há equipe eficiente por não haver bombeiros — vimos hoje a referência ao Rio Grande do Sul. De alguma forma, nós não os temos. Temos equipes de resgate em algumas regiões, mas não em outras. Essas necessidades vêm sendo preenchidas. Baseado nisso, digo que Três Marias está dentro desse contexto, a cidade de Três Marias propriamente dita. A cidade hoje tem 32 mil habitantes. Temos uma represa com 182 quilômetros de extensão de água, bem frequentada, bem visitada. A cidade é cortada pelo Rio São Francisco, que automaticamente abastece a represa. Temos ali também, dentro da nossa cidade, a BR-040, uma das rodovias federais que liga a Capital do Brasil até o Estado do Rio de Janeiro, bem movimentada, com trânsito intenso. Enfim, Três Marias está cercada por tudo isso. Três Marias é considerada hoje uma cidade de terreno acidentado, devido aos morros. Há construções próximas a rios e córregos. É uma cidade aparentemente pequena, mas tem grandes necessidades nessa área de socorro e salvamento. Estamos falando propriamente da cidade de Três Marias. Em torno da bacia hidrográfica de 182 quilômetros, há mais ou menos 7 Municípios, que são abastecidos por essa bacia e correm o mesmo risco. Nenhum desses Municípios possui corporações de bombeiros implantadas. E as ocorrências e os acidentes cotidianamente estão acontecendo. Recentemente, formamos 83 bombeiros civis em Três Marias, em curso que durou três meses. Não temos ainda um grupamento fundado e constituído para estrutura de resgate e salvamento. Temos projetos para isso. Esse grupo de resgate e salvamento deverá ser formado por esses bombeiros que estão atuando conosco como voluntários. Nós temos justamente o objetivo de prestar serviço de socorro, urgência e emergência, cotidianamente recorrente na região. Para tanto, no dia 23 de janeiro de 2013, recentemente, fundamos a associação do Município, que tem o 12 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 intuito de prestar esse serviço. Estamos estruturando o Município para prevenir os acidentes que têm ocorrido. Com a equipe, hoje, prestamos um plantão voluntário de doze horas. As outras doze horas fica a cargo da minha pessoa — muitas vezes, o plantão fica a cargo da pessoa que compõe a presidência ou a diretoria da associação. Durante o dia, por doze horas, temos ali uma equipe de voluntários. São quatro bombeiros, cotidianamente presentes, para prestar esse tipo de serviço, tendo em vista que o bombeiro militar mais próximo de Três Marias está a 130 quilômetros, no Município de Curvelo. Curvelo está na região central de Minas. É uma cidade bem localizada, pois está no centro de Minas Gerais. Para se ter uma ideia, o bombeiro militar de Curvelo possui uma corporação com 32 militares de prontidão, para atender a Município de grande espaço territorial. E muitas vezes nos têm acionado para dar suporte a eles, nas ocorrências próximas aos Municípios. Essa imagem mostra os projetos que estamos fazendo nos Municípios. Uma associação foi criada para fazer esse tipo de projeto, de trabalho. A educação começa da criança: esse é o Projeto Bombeirinhos, um trabalho com crianças nas escolas. Há também educação para jovens, o Bombeiro Educando. Recentemente, conseguimos a Lei de Utilidade Pública, baseados nos princípios que estamos trabalhando na conscientização em conjunto no Município. Há outra questão que estamos trazendo ao Município: hoje, de alguma forma, a Defesa Civil Nacional tem sido fomentada e até mesmo articulada, por meio de projetos, para apoio ao Bombeiro, para que o Bombeiro trabalhe em conjunto com a Defesa Civil. Num Município como três Marias, por exemplo, não existia Defesa Civil. Nós procuramos, por meio do poder público, do Poder Legislativo do Município, criar a Defesa Civil, constituí-la, para que o Bombeiro pudesse ter espaço de trabalho em conjunto com a Defesa Civil. É o que está sendo formado. Já foi abordada pelo Sr. Edison, e não vou repetir, a questão da profissão do bombeiro civil. A nossa preocupação, quando falamos de atendimento a urgência e emergência, é justamente o tempo de resposta que deve ser dado em uma ocorrência. Nos 50 anos de existência no Município de Três Marias, nós dependíamos muito do Bombeiro Militar para nos deslocarmos até as ocorrências na 13 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 região, o que poderia levar em torno de duas horas ou mais para se chegar ao local do acidente — quando dava para chegar dentro desse prazo! Prega-se que o tempo de resposta tem que ser 7 minutos. Hoje temos atendido às ocorrências — vamos mostrar rapidamente o nosso histórico preciso — dentro desse prazo, mesmo assim com muita dificuldade. Eu trouxe uma estatística rápida do atendimento, do dia 23 de janeiro até o dia de ontem — considere-se o nosso pouco tempo de existência. Atendemos no Município e na região. Estou falando de Minas Gerais, que está próxima. Paracatu, todo mundo a conhece, está bem próxima a Brasília. Passa-se por João Pinheiro, Três Marias e Felixlândia, que está bem próxima de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Temos atendido nesse trecho. As ocorrências estão dento do Município e na BR-040. Ali temos um parceiro que nos tem dado apoio e nos solicita para as ocorrências. Vamos falar dos parceiros daqui a pouco. Estes são os números. Atropelamento: atendemos a 3 ocorrências; acidente com vítima presa nas ferragens, 11 ocorrências; acidente com moto, 7 ocorrências; incêndio florestal, 15 ocorrências — lembro que o incêndio florestal ocorre em reservas de área de preservação permanente, em que somos solicitados para fazer o controle; incêndio em comércio, 2 ocorrências; enxame de abelhas, 2 ocorrências — somos acionados para ir a casas retirar abelhas; captura de animais, 7; vazamento de óleo na pista, limpeza de pista, 6 ocorrências — a Polícia Rodoviária Federal sempre nos aciona para conter o óleo na pista, para evitar outros acidentes; afogamento na represa de Três Marias, houve 1 ocorrência — nesse caso, a vítima veio a óbito; prevenção em eventos, 28 — esse foi o número de eventos em que já atuamos no Município; vistorias em geral, 6 ocorrências; campanhas educativas, 25; participação em eventos oficiais, junto com o conjunto dos bombeiros militares e bombeiros civis, 25 eventos; capotamento de veículos, 3; recolhimento de cadáveres, 3 — somos acionados pela Perícia e pela Polícia Civil para fazer esse apoio; retirada de vítima presa em lança de grade, 1 ocorrência — nesse caso, foi uma criança, num resgate muito interessante; solicitação pela PRF para localizar vítimas perdidas ou desaparecidas em acidente, projetadas do veículo, 1 ocorrência — fomos acionados recentemente para atender a uma ocorrência em Paracatu, perto de Minas Gerais. 14 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Essa é a nossa base de bombeiro. Hoje não estamos propriamente instalados no Município por questões de documentação. Precisamos localizar ainda a liberação do local, dependemos muito disso. Essa é a nossa base de bombeiro. Hoje não estamos propriamente instalados no Município por questões de documentação. Precisamos localizar ainda a liberação do local, dependemos muito disso. Temos que estar hoje num posto de combustível cedido por um empresário do Município, ligado a um consórcio que abarca desde o Município de Três Marias até o Município de São Gonzalo do Abaeté. Chama-se Posto Beira Rio. Esse empresário nos cedeu o espaço onde instalamos a base de bombeiro, onde outrora funcionava uma sala de caminhoneiro. O proprietário do posto do Grupo Beira Rio nos cedeu o local. Essa imagem mostra os equipamentos que usamos para os resgates. Temos uma pickup Strada e um Monza, que utilizamos para ir às ocorrências. Atuamos muito com o pessoal do hospital. Uma ambulância de emergência do hospital sempre sai conosco. Até mesmo com empresas próximas ao Município fizemos parceria. Deslocam-se para estar conosco nas ocorrências. Para quem não conhece, essa imagem mostra o posto onde estamos instalados, bem próximo de Três Marias. Essa é uma vista aérea do local, estamos bem ali. A futura instalação dos Bombeiros será nesse local que os senhores estão vendo. O local foi cedido pela CODEVASF, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade — ICMBio, que cedeu o terreno para construirmos a base dos Bombeiros, o grupamento dos Bombeiros, a ser formado nesse local, que está em processo de documentação e deve ser liberado posteriormente, para que instalemos ali o Bombeiro de Três Marias. Essas são algumas fotos que mostram os trabalhos que fizemos. Foi discutido em Belo Horizonte, recentemente, um projeto para implantação de Bombeiro Civil no Município, em Minas Gerais. Essa imagem mostra uma reunião na Câmara Municipal de Belo Horizonte e essas são as parcerias que fizemos. Trabalhamos em conjunto com o pessoal dos Anjos do Asfalto, que está presente na reunião. Temos o apoio da Polícia Militar, do 15 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Batalhão de Operações Aéreas, para ações de socorro e resgate. Trabalhamos sempre com parcerias. Essa é a represa de Três Marias, uma prainha que lá temos. A Marinha do Brasil está ali, além do Bombeiro Militar e do Bombeiro Civil, só que isso acontece em eventos. Passa o evento, o Bombeiro Militar não permanece, embora a movimentação às vezes continue nos finais de semana. Nós fazemos a prevenção, voluntariamente, nesses locais. A Polícia Rodoviária Federal tem sido nossa parceira. Fizemos esse trabalho em conjunto, recentemente, no projeto Siga Bem Caminhoneiro, um trabalho de conscientização nas estradas. Essas são as ocorrências atendidas no Município de Três Marias, desde a nossa fundação. Vamos passar as fotos rapidamente, para visualização dos atendimentos que fizemos do dia 23 de janeiro até agora. Essa é a criança resgatada de que falei. As nossas reivindicações, que não elenquei ali, são poucas, na verdade. Hoje estamos buscando na legislação federal uma forma de conseguir apoio, uma lei que dê às equipes de bombeiro civil e bombeiro voluntário existentes no Brasil, no Estado de Minas Gerais, condições de atuação. Enfim, que tenham recursos, até mesmo provindos do Estado ou provindos do Governo Federal, para a sua manutenção e a sua sobrevivência. Sabemos que hoje há muito recurso na esfera federal e na esfera estadual. De alguma forma, isso pode ser destinado às equipes de socorro e resgate voluntário, que têm dificuldades referentes a documentações legais e outras exigências, e não têm uma lei que lhes garanta recursos para aquisição de viaturas, para logística, para melhor condição de trabalho, enfim. As nossas reivindicações são essas. Recentemente nos foram doados pela Polícia Rodoviária Federal, que nos ajuda, equipamentos desencarceradores. Fizemos esse trabalho com algumas doações até mesmo de instituições do Governo Federal, como a Polícia Rodoviária Federal, que nos tem dado esse amparo no Estado de Minas Gerais. Com base nisso, nós trouxemos uma breve apresentação do que é o nosso trabalho hoje, em Três Marias. Eu agradeço a atenção de todos. Muito obrigado pela oportunidade. (Palmas.) 16 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Agradeço ao Sr. Fabrício de Oliveira Coelho pela exposição. Passo a palavra ao Sr. Marcos Campolina, Presidente do Instituto Anjos do Asfalto — Resgate Rodoviário, para a sua exposição. V.Sa. dispõe de até 15 minutos. O SR. MARCOS CAMPOLINA - É um prazer estar aqui. Eu agradeço a oportunidade e cumprimento a todos os presentes nesta Comissão. É com muita emoção que eu começo as palavras que tenho a dizer, por trabalhar há 9 anos e meio com resgate e salvamento na BR-381, que é conhecida, acho que por todos, pelo grande número de acidentes com vítimas fatais. É muito difícil a gente trabalhar e fazer um serviço voluntário. Tem que ter muito amor no coração e dedicação para você levar conforto a uma pessoa que está necessitada. Sabemos das dificuldades que o Bombeiro Militar e o Estado têm. Mesmo estando em Belo Horizonte, onde há o Bombeiro Militar e o SAMU, que nos apoiam muito, a gente tem uma grande dificuldade. O Anjos do Asfalto, criado em fevereiro de 2004, vem, nesses mais de 9 anos, mostrando as necessidades do serviço de resgate e salvamento de bombeiros civis e de equipes de resgate voluntárias, mas não está nem perto de suprir as necessidades existentes hoje. Lembro mais uma vez a importância dos Bombeiros Militares e das equipes de resgate voluntárias, como o Serviço Voluntário de Resgate — SEVOR, o Grupo de Atendimento Voluntário de Emergência — GAVE, e o Grupo de Resgate Voluntário de Emergência — GRVE, em Barão de Cocais, que também atuam na BR-381. Os atendimentos em rodovias federais e estaduais são vários, muitos deles com vítimas fatais, além de atender a pequenas cidades, que já conhecem o trabalho desenvolvido pelo Anjos do Asfalto e nos chamam. Estamos ali, prontos, para atender qualquer tipo de ocorrência que nos for cabível. A Rodovia 381 fica num trecho considerado o mais perigoso do Estado de Minas Gerais, e, por muitos, o mais perigoso do Brasil. São 100 quilômetros de rodovia com 200 curvas sinuosas. Por ser palco de um grande número de acidentes, em sua maioria com vítimas fatais, é necessária a sua duplicação — e todo mundo sabe disso. Várias vezes citou-se a duplicação, mas até hoje nada se viu. Há 9 17 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 anos eu escuto falar na duplicação da BR-381 e não sei, não entendo quais seriam os motivos de essa obra não ser iniciada. Várias vezes socorremos crianças, jovens e adultos, vítimas de acidentes de trânsito e que vieram a óbito, perante a minha pessoa e perante a outros socorristas, por falta de um equipamento desencarcerador, por falta de socorro. E, como foi citado pelo Fabrício, quanto ao tempo de resposta, quanto mais rápido, melhor. Nós estamos lidando com vida, não temos margem para erro e estamos desamparados na questão de alguns equipamentos. Eu atendi, no Carnaval deste ano, a um motoqueiro que foi acidentado na BR381. Ele ficou no solo por mais de 3 horas, esperando uma ambulância para transportá-lo até o hospital. Eu estava presente e vi. Isso deixa a gente muito chateado, muito triste. Não era essa a situação que a gente queria ver. E isso porque o Instituto Anjos do Asfalto não possui uma ambulância para transportar vítimas. Então, a gente fica triste — ao mesmo tempo em que satisfeito por desenvolver o trabalho — por não conseguir alcançar uma meta que suprisse melhor a necessidade das pessoas que sofrem acidentes de trânsito. Nós, do Anjos do Asfalto, assim como, acredito, outras instituições, temos grandes dificuldades com coisas básicas de salvamento, e baratas. Imagine, então, as caras, como uma ambulância, conforme já citei. Eu não trouxe uma estatística para mostrar a V.Exas. porque não tive acesso à mesma no tempo hábil — foi até uma distração minha. Mas, só no mês passado, foram mais de 50 ocorrências no trecho, em todos os dias do mês, com mais de 15 vítimas fatais. É um número de uma expressão muito grande, que, eu acredito, comove qualquer pessoa. Quem já perdeu um parente, um amigo, ou conhece a história de uma pessoa que sofreu um acidente, passou por muitas dificuldades e se tornou difícil seguir a vida a partir desse momento. O Bombeiro Civil de Três Marias, que foi implantado há tão pouco tempo, já realizou inúmeras ocorrências. Deputado Lincoln Portela, parabéns pela iniciativa de ajudar. Isso é muito importante para todos nós. Quero parabenizar todos os bombeiros, civis e militares, porque hoje é o dia de todos nós. E não vamos desanimar, não, gente! Vamos continuar. O Fabrício principalmente, com a iniciativa dele, que em tão pouco tempo 18 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 está tendo bastante ajuda. E o Anjos do Asfalto tem orgulho de ter participado do início desse projeto. Eu tenho uma montagem de algumas fotografias e a trouxe para mostrar a V.Exas. É interessantes que às vezes algumas fotografias vão chatear, vão entristecer o coração, porque são de cenas reais, mas a intenção é cada vez mais preservar a vida e alertar os motoristas quanto ao uso dos veículos e de bebida alcoólica junto ao volante, que é a causa maior dos acidentes a que a gente atende. E, na maioria das vezes, o motorista que está embriagado tem a sorte de não sofrer nada, mas ceifa ali várias vidas. Peço a gentileza de colocar o vídeo e a atenção de todos. (Segue-se exibição de imagens.) O SR. MARCOS CAMPOLINA - Isso mostra a parceria que nós temos, no trecho em que trabalhamos, principalmente com o Corpo de Bombeiros e o SAMU, que tanto nos apoiam nos salvamentos que fazemos no dia a dia. (Segue-se exibição de imagens.) O SR. MARCOS CAMPOLINA - Eu agradeço a atenção de todos. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Agradeço ao Sr. Marcos Campolina por sua exposição. Passo a palavra agora ao Sr. Neyff Souza da Silva, Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste, para a sua exposição. V.Sa. tem até 15 minutos. (Pausa.) O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Boa tarde a todos. Exmo. Sr. Deputado Lincoln Portela, digníssimo Presidente desta Comissão de Legislação Participativa, na pessoa de quem eu saúdo a Mesa; parabenizo todos os bombeiros aqui presentes, e aos ausentes, aos que aqui não puderam estar, pelo fato de ser hoje o Dia Nacional do Bombeiro, por um decreto do Presidente Getúlio Vargas. Eu sou Coronel Bombeiro Militar. Prestei 33 anos de efetivo serviço, sem contar 1 dia de férias. São 33 anos, e aí podem imaginar o quanto disso aí a gente já passou e viu. Sou operacional. Tenho lutado, desde antes da lei que criou em nosso País a profissão de bombeiro civil, para que não haja uma norma técnica que chame o bombeiro de bombeiro civil profissional ou profissional civil, pois bombeiro civil já é 19 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 uma profissão, portanto, não precisa botar profissional. Norma técnica é técnica, não é lei. Temos uma lei, e vocês devem ter o orgulho de ter uma profissão. Vocês são bombeiros, independentemente de serem militares, voluntários, municipais, consorciados ou comunitários. Os bombeiros de nosso País estão na UTI. E é o motivo pelo qual vocês vêm aqui pedir apoio, alguma coisa. O Fantástico, após essa tragédia que ocorreu em Santa Maria, mostrou como os nossos Corpos de Bombeiros estão esfacelados. Temos muita gente boa. E aqui estamos vendo caráter de vocês. Dentro das corporações de bombeiros militares temos muitos bombeiros voluntários como vocês; porém, os militares seguem uma norma que os impede de falar. Mas a Rede Globo mostrou o estado de falência do Corpo de Bombeiros do Estado do Piauí. Em 2010, o Presidente Lula fez a I Conferência Nacional de Defesa Civil. Como esta Comissão é de Legislação Participativa, Deputado, eu gostaria que V.Exa. lembrasse e citasse o que ocorreu. Vim aqui justamente para isso. Eu normalmente costumo fazer palestras com imagens, porque uma imagem vale mais do que 10 mil palavras. Mas eu vou apresentar algumas letras, porque elas são, na minha opinião, importantíssimas para a mudança deste País. Na referida Conferência Nacional de Defesa Civil — e estou aqui com o relatório final — houve a participação de praticamente todos os Municípios do País. Foram feitas assembleias com todas as classes do Brasil, em todos os Municípios, para se fazer a nova política de defesa civil do País. Foram levantados todos os problemas. Posteriormente, foram feitas as etapas estaduais. Nessas etapas estaduais usaram novas terminologias para juntar aquelas mesmas ideias que estavam apresentadas com palavras diferentes. Esses encontros culminaram, em março de 2010, com a I Conferência Nacional de Defesa Civil do País. O que eu vou apresentar aqui foi aprovado com a participação de 5 mil delegados deste País, de todos os recantos do País. Isso significa que esse texto tem legitimidade para ser implantado. Infelizmente, não o foi até agora. (Segue-se exibição de imagens.) 20 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Essa foi a Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária de nosso País, a I CNDC, convocada por Decreto Presidencial de 27 de outubro de 2009 para — aí são os três objetivos principais, que vou ter que ler para vocês: “Avaliar a situação da defesa civil de acordo com os princípios e as diretrizes do Sistema Nacional de Defesa Civil — SINDEC, previsto no Decreto nº 5.376, de 17 de fevereiro de 2005; definir diretrizes para a reorganização do Sistema Nacional de Defesa Civil e das ações de defesa civil, com ênfase nos princípios da prevenção e da assistência humanitária, como política de Estado, como condição para o desenvolvimento social; e definir diretrizes que possibilitem o fortalecimento da participação social — que é o que vocês fazem — no planejamento, gestão e operação do Sistema Nacional de Defesa Civil.” Então, eu vou passar aqui para vocês verem o que já foi aprovado pela Nação. “Relatório final da I Conferência Nacional de Defesa Civil. Capítulo 5. Deliberações na etapa nacional.” Foram vários os capítulos, os quais culminaram na etapa nacional. O Tema 2 foi “Carreira e Profissionalização”. Dentre as diretrizes aprovadas, conseguimos aprovar, com muita dificuldade, após discussão e com o apoio de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e dos companheiros da Bahia, a Diretriz nº 2 desse tema, que está ali: “Realização de convênios com o Poder Público das três esferas para a capacitação e formação do Corpo de Bombeiros Voluntários, civis, municipais e militares, agentes de defesa civil e Cruz Vermelha brasileira”. Já está determinada a realização de convênios com o poder público nas três esferas para que vocês possam ser formados e capacitados. Essa diretriz foi aprovada com 725 votos, ou seja, por 72% dos presentes na hora da votação. E 21 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 essa votação não foi no grito; foi no controle remoto, quando havia a opção “sim” ou “não” — para não haver dúvidas. Então, gente, eu li naquela diretriz o que está aqui: “... para a capacitação e formação do Corpo de Bombeiros Voluntários civis municipais (...)”. Portanto, os senhores já têm uma ferramenta. E nós precisamos, com o apoio da nossa Comissão, fazer com que o País cumpra o que a Nação pediu. Hoje, nós estamos vivenciando um momento mais propício do que nunca, que são essas manifestações que estão trazendo o que o povo quer, o que o povo precisa. Então, nós temos aí uma ferramenta que foi aprovada, com todas as normas possíveis, pela Nação, e que não foi implantada ainda. “Deliberações. Tema 5: Financiamento/Fontes de Investimento. Aprovada. Diretriz nº 6. Alocação de recursos federais para estruturar Corpos de Bombeiros Voluntários, Comissões Municipais e Núcleos de Defesa Civil.” Então, gente, também há fonte de recurso para ser formado, para ser estruturado. Está aqui: 685 votos, com 78% de aprovação. Isso não é achismo, são fatos. Contra fato não existe argumento. “Tema 7 - Legislação” “Diretrizes Aprovadas” Aí nós vamos para a de nº 8. Isso está aqui no caderninho, aprovado. Estava no site da Defesa Civil, porém reformularam o site e tiraram o relatório; mas eu posso passar para vocês. “8 - Revisão da Circular Presi-052/IRB de 1977, do Instituto de Resseguros do Brasil, que trata da classificação de risco dos municípios, considerando sua capacidade real de resposta aos desastres, incentivando a implantação de Corpo de Bombeiros Militar e Civil.” O que é isso, gente? Hoje, todos nós que temos um veículo, pagamos um seguro para o mesmo. Quando você vai a uma seguradora qualquer, a qualquer banco, o agente vai perguntar: “Você mora onde?” “Moro em Três Marias.” Aí, ele olha lá: “Três Marias, Classe D”, e entra na Tabela D. Você vai levar uma facada no 22 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 pescoço, porque vai sair caro. Ele está considerando que hoje existe Corpo de Bombeiros civil municipal voluntário em Três Marias, mas no levantamento de 1977 vocês não existiam. Ou seja, Três Marias não está numa nova tabela de classificação de risco. Se isso for feito, todo município será beneficiado, ou seja, essa medida vai ter a capacidade de beneficiar toda a população, porque quem não pôde fazer o seguro do seu carro vai fazer, a seguradora vai ganhar, e quem paga, como a Votorantim, por exemplo, que tem fábrica no Município, vai diminuir seus custos e poderá incrementar seu maquinário ou contratar mais pessoas. Então, ninguém perde; só temos a ganhar. “Diretrizes aprovadas. Eixo 2. Órgãos de resposta aos desastres. Diretrizes aprovadas. Criação, implantação e regulamentação de corpos de bombeiros civis voluntários (...)” Está ali, gente. Foi difícil conseguirmos colocar essas palavrinhas. O Deputado sabe que, quando se cai na discussão sobre a inclusão do termo municipal, civil ou voluntário, há muita discussão para se conseguir que uma palavra continue no texto. Mas nós conseguimos. Eu digo “nós” porque nós estávamos presentes. Vocês sabem que é muito bem organizado o pessoal do Corpo de Bombeiros Voluntários de Santa Catarina, assim como o do Rio Grande do Sul e da Bahia. Então, com a ajuda deles, nós conseguimos implantar isso aí. “Criação, implantação e regulamentação de corpos de bombeiros civis voluntários e municipais com capacitação e treinamentos para atuar nas ações de prevenção, resposta a desastres, atendimento às emergências e combate a incêndio.” Foram 524 votos de aprovação, 72% de aprovação. Isso é fato! Vou repetir, porque eu faço questão que fique memorizado na cabeça de vocês. “2. Criação, implantação e regulamentação de Corpos de Bombeiros civis voluntários e municipais com capacitação e treinamento para atuar nas ações de 23 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 prevenção, resposta COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 a desastres, atendimento às emergências e combate a incêndio.” Por que isso, gente? Porque há que haver, a princípio, uma padronização de uniforme dos bombeiros civis neste País, para que vocês tenham uma identidade. Hoje vocês chegam a qualquer lugar e reconhecem um policial, reconhecem o pessoal do Exército, mas não sabem se aquela pessoa é um bombeiro civil. Eu já tentei isso em um evento do sindicato. Fiz um modelo e o entreguei, para que fosse adotado por todos os bombeiros civis. Conheço 22 países por onde estive viajando, fazendo trabalhos com bombeiros civis. No mundo todo, bombeiro civil veste azul. Este uniforme tem a cor internacional de resgate e salvamento, a cor laranja. Nós fizemos várias intervenções. Nesse rolo todinho houve modificações de termos. Precisamos fazer uma moção para que entrasse em votação e conseguimos sua aprovação. Está aqui. São muitas letras, mas eu vou citar detalhes do que está ali: “Criar em todos os Municípios do País corpos de bombeiros civis e/ou voluntários, como órgãos integrantes do sistema municipal de defesa civil.” Gente, quando acontece um desastre, os bombeiros voluntários que não estão ainda formados são os que realmente atuam. Nas ocorrências que houve em Friburgo, no Rio de Janeiro, levou-se até 13 horas para que se pudesse atender a um pedido de socorro. E a população, sem conhecimento, sem nada, vai lá salvar. Hoje de manhã estava conversando com alguns companheiros e lhes disse que existem os bombeiros natos e os que “estão” bombeiros. Bombeiro nato é aquele que é bombeiro desde criança. Você tem dois filhos, Deputado, e dá um carrinho apenas para um deles. Quando o que não recebeu o carro quiser brincar, o outro menino — se for um bombeiro nato — vai dizer: “Pode brincar.” Se ele não for um bombeiro nato, vai dizer: “Não pegue não, que é meu.” Desde criança o senhor vê o que é um bombeiro. E aqui eu tenho orgulho de estar com este pessoal que é bombeiro civil — os voluntários, principalmente, porque não estão ganhando, estão se dedicando e valem muito mais do que muita gente que se autointitula bombeiro. Então, esse pessoal merece todo o nosso respeito, merece todo o nosso apoio. 24 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Portanto, o que conseguimos nessa Conferência Nacional, Deputado — e é o meu pedido a V.Exa. — deve ser levado adiante, porque já existe. Mais do que nunca estou muito feliz de estar aqui hoje porque esta Comissão de Legislação Participativa tem uma ferramenta que foi aprovada pela Nação brasileira. Mais do que nunca, eu a estou entregando em mãos, informando o que este País tem e pode fazer. Naquela moção, nós colocamos: “Financiar com os fundos oriundos do FUNCAP (Fundo Nacional para Calamidades Públicas) e outras possíveis formas de financiamento, as estruturas físicas — ou seja, paredes, a sala, etc. —, funcionais — que são a parte de papel, de computador, telefone e tudo o mais — e operacionais de todos órgãos constituintes do sistema municipal de defesa civil.” Quando eu falo do sistema municipal é porque eu conheço as defesas civis. Tive uma oportunidade ímpar que Deus me deu de visitar o Estado de Israel, que ofereceu uma vaga a este País para que lá alguém fizesse um curso de administração de desastres. Eu concorri e fui indicado, apesar de muita, muita gente ter os chamados “pistolões”. Minha mãe me disse: “Seu pistolão, meu filho, é Deus, e mais do que Ele, ninguém pode.” Eu fui a Israel, fiz um curso de administração de desastres, em 1993. Passei 10 anos na corporação para poder dar aulas do que eu tinha aprendido em Israel sobre defesa civil, sobre como tratar as coisas — e não havia conseguido antes por inveja. Portanto, existe um sistema municipal porque as defesas civis, na prática, pertencem hoje às chamadas “Casas Militares”. O que é a Casa Militar? É um órgão de cada Governo responsável pela segurança pessoal do Governador, do ViceGovernador e respectivas famílias. Isso é pessoal. E tem uma missão de cunho social geral, que é justamente a defesa civil. Mas quando se vai para o Município, o que acontece com a defesa civil? É um cargo que se entrega a um cabo eleitoral, alguém que não tem os conhecimentos devidos. Na realidade, o que acontece? O que vocês vêm aí: é sempre lamentar-se. 25 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 O fato que ocorreu em Santa Maria é vergonhoso. A população lá está brigando porque estariam tentando abafar. Aí dizem: “Não, estava funcionando sem alvará”. E por que não foi feita a vistoria antes? Então, os senhores têm essa missão. Quanto ao sistema de defesa civil, se os Srs. Deputados conseguirem entrar num sistema municipal de defesa civil, vão encontrar todo o restante disso aqui a favor de S.Exas. Este País muda. Nós mudaremos. Eu posso viajar para qualquer lugar e saber que não vou passar necessidade, se houver um incêndio, um acidente. Teremos apoio. Sempre digo a todos os que me escutam em qualquer palestra ou evento que eu vou que nós poderemos ser vítimas das nossas negligências. Se você sai daqui, vai para Goiânia e se acidenta, quem vai te salvar? Ninguém! Porque não estão presentes os bombeiros. Não há condições. Lamento não ver aqui os bombeiros civis de Brasília. Os demais dos outros Estados não têm condições de vir, mas os de Brasília não estão aqui. Há uma desorganização, embora haja uma necessidade de se organizar. Já existem muitas coisas. Gostaria de citar para o nosso companheiro do Rio Grande do Sul que para os Corpos de Bombeiros Militares — como é a nossa cultura, com exceção de Santa Catarina, onde houve esse primeiro bombeiro voluntário — foram feitos protocolos para atendimento. E a lei que criou o Corpo de Bombeiro Civil diz que, atuando conjuntamente, o comando é do bombeiro militar. Fica difícil um oficial ir para uma ocorrência onde vidas estão em risco — inclusive a dele — sem ter a mesma linguagem. Então, este País precisa de uma única legislação, Deputado, sobre segurança pública no que concerne à prevenção de incêndio e de pânico. Precisamos moralizar este País e aproveitar essa onda. Então, deixo a minha solicitação de que tudo o que está sendo apresentado aqui seja aplicado. Só para constar, pois não estou falando sem ter participado. Esta é uma foto que tentei bater com o nome do evento. Esse de cabeça branca foi o que fez a moção; é meu irmão. Aqui foi na etapa estadual, de 7 da manhã às duas e meia da madrugada. 26 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Agradeço a vocês pela atenção e peço desculpas se me excedi. Deixo o nosso contato aí para quem quiser. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Agradeço ao Sr. Neyff Silva pela sua exposição pelo e-Democracia, às 15h20min. O Daniel deixou um recado para todos aqui presentes: “Os bombeiros civis fazem um excelente trabalho aqui em Minas Gerais. Nossas estradas, perigosas pelas curvas e pela falta de investimentos, têm ceifado muitas vidas em acidentes. Em muitos casos, porém, os bombeiros civis auxiliam os motoristas com primeiros socorros e informações importantes antes que as forças policiais ou bombeiros militares cheguem. Parabéns a esses heróis anônimos! Que este trabalho seja reconhecido nacionalmente e se espalhe por toda a Nação! Parabéns pelo tema! Após ouvir o Sr. Neyff Silva, passo a palavra agora ao Sr. Humberto Guimarães, Presidente do Serviço Voluntário de Resgate, SEVOR, para sua exposição. V.Sa. dispõe de 15 minutos. O SR. HUMBERTO GUIMARÃES - Boa tarde a todos. Cumprimento todos os presentes e agradeço ao Deputado Lincoln Portela, Presidente da Comissão, pela oportunidade. Meu nome é Humberto. Sou Presidente do SEVOR, que é de Minas Gerais. Nós somos de João Monlevade. (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Enquanto estamos resolvendo essa questão, a Secretaria da Comissão apresentou-me agora o Projeto Brasil Sem Chamas, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação — José Carlos Tomina. Estou passando o referido trabalho também às mãos do coronel Neyff para que ele possa avaliar como anda esse projeto e se dá para fazermos algum encaixe dentro do que estamos aqui discutindo. Podemos fazer um substitutivo ou uma emenda, mas não sei sobre a tramitação. Recebi o projeto, mas ele não deve estar tramitando nesta Casa, se não me engano. Ele não tramita na Casa. É um projeto do Ministério da Ciência e 27 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Tecnologia. Penso que, quem sabe, hoje já poderíamos sair com um projeto daqui. Aproveitando a versatilidade que os companheiros da Mesa têm, daqui deste debate sairia um projeto para a Nação brasileira. Seria um projeto simples. No início, talvez ele nem seja completo, mas que poderia, com o passar do tempo, receber um substitutivo ou algumas emendas. Deixo aqui a proposta para que elaboremos um projeto. Nós o levaremos para a Consultoria Legislativa e, logo após, então, haveria a tramitação normal na Câmara. Seria bom que viesse pela associação de vocês para darmos o devido valor a esta Comissão. Não seria de autoria de um Parlamentar, mas da associação. Poderíamos, assim, trabalhar para ter um Brasil melhor e mais seguro. Enquanto esperamos mais um minutinho, vou fazer menção à presença de algumas pessoas. William Bertozzi Dornas, acesso a um dos corpos de bombeiros de Três Marias; Maria Helena Viana, Câmara Municipal de Três Marias; Gleyson de Jesus Ferreira, associação do bairro Nova Três Marias; Adenilson Rubim, Vereador da Câmara de Três Marias; Elias José Vaz, Vereador de João Pinheiro; Maria Celina de Oliveira; Ronaldo José Resende; Adenilson Rodrigues; Luís Carlos; Tenente Procácio. Passaram aqui pela Comissão os Deputados Costa Ferreira, Dr. Grilo, Leonardo Monteiro, Nilmário Miranda e Renato Molling. Vamos à exposição. O SR. HUMBERTO GUIMARÃES - Na cidade de João Monlevade, como já falei, funciona o SEVOR — Serviço Voluntário de Resgate. O nosso slogan e a nossa missão é salvar vidas. (Segue-se exibição de imagens.) O SR. HUMBERTO GUIMARÃES - A cidade de João Monlevade, Minas Gerais, localizada a 110 quilômetros de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, e a 125 quilômetros da cidade de Ipatinga, é um dos principais polos econômicos do Estado. Cerca de 16 Municípios localizam-se num raio de 60 quilômetros, dentre eles Itabira, Bela Vista, Nova Era, São Gonçalo, Rio Piracicaba, cujos acessos principais são da Rodovia 381, que corta o País em diagonal, com início no Estado de São Paulo e término no Estado do Espírito Santo. 28 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 A Rodovia 262, transversal, de início no Estado de Mato Grosso do Sul e término também no Estado do Espírito Santo, por onde se escoa parte expressiva da economia nacional. Esse é um retrato da nossa cidade. A entidade. O Serviço Voluntário de Resgate, SEVOR, fundado no dia 04 de novembro de 2000, é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, apartidária, sem discriminação religiosa ou racial, com sede e fórum na cidade de João Monlevade, Minas Gerais, domiciliada na Rua Kennedy, nº 157, Bairro Nossa Senhora da Conceição, inscrita no CNPJ, inscrição estadual isenta, devidamente representada por Humberto Guimarães Fernandes, Presidente, e pelos demais membros administrativos. A entidade é reconhecida como de utilidade pública em âmbito municipal e estadual. Esse é um retrato da nossa equipe numa capacitação que a gente estava fazendo. A principal finalidade da entidade é auxiliar no âmbito pré-hospitalar, em situação de emergência ou urgência, as vítimas de acidentes ou de mal súbito, dando amparo à sociedade de modo geral; colabora com autoridades municipais, estaduais e federais, quando solicitado o atendimento a acidentes provenientes de rodovias, áreas urbanas, ou em caso de calamidade pública. Atualmente, a entidade conta com 57 voluntários com formação específica em socorrista e conta também com médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, bombeiros, profissionais civis, condutores de veículos de emergência e profissionais de outras áreas de apoio que, em seu dia a dia, se desdobram em doar o seu tempo para a atividade de salvamento e resgate de vítimas. O serviço está disponível 24 horas durante todos os dias do ano e conta com uma equipe que se reveza no atendimento. Ali temos uma ambulância que a Prefeitura nos cedeu. Esse é um carro de apoio que a gente tem. Essa aí é a nossa primeira ambulância, que foi cedida pelo Rotary Club. Esse é o carro de apoio em que a gente carrega os equipamentos necessários. 29 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Agora vou falar um pouco sobre o nosso voluntariado. Para ingressar no grupo, é necessário que o candidato preencha alguns requisitos, tais como: idade mínima de 18 anos, ensino médio completo, formação específica para a atividade, aptidão física e psicológica, seguro de vida, boa conduta moral, estar em dia com suas obrigações civis, além de passar por um período probatório de, no mínimo, um ano de efetivação. Quanto à capacitação, todos os voluntários do SEVOR estão sempre passando por capacitação e reciclagem nas áreas de atendimento pré-hospitalar, emergências, com produtos perigosos, salvamento em altura, mergulho, salvamento aquático, entre outros. Com a capacitação, alguns voluntários já se especializaram e hoje são instrutores da área de emergência. Além disso, é mantida uma grade mensal de treinamentos para o nivelamento e a formação dos voluntários. Essa é a nossa sede, onde a gente estava fazendo um curso de capacitação. Esse é o salvamento em altura. Esse é o salvamento aquático. Esse é o treinamento de direção e resgate que a gente estava fazendo numa área que a gente tem em Monlevade. Esse é o treinamento de bombeiros. Eu trouxe algumas estatísticas, para vocês terem uma ideia, referentes aos meses de abril e de maio. Tipos de atendimento. Quanto ao quesito trauma, no mês de abril tivemos 63 traumas; no mês de maio, nós tivemos 83. Cleaning, nós tivemos 8 e tivemos 11 no mês de maio. Quanto ao número de vítimas, no mês de abril nós tivemos 74 e no mês de maio nós tivemos 94. Quanto ao total de óbitos: em abril, nós tivemos 11 e, em maio, nós tivemos 13. Número de ocorrências: em abril, nós tivemos 64 e em maio nós tivemos 54. Esses são os projetos que a gente desenvolve com as escolas. Esse foi o lançamento do nosso mascotezinho, é o projeto que a gente desenvolveu junto às escolas lá e também junto com o nosso novo site. Essas são as campanhas pela vida que a gente trabalha muito, durante todo o ano, na nossa cidade, nas cidades vizinhas. São várias campanhas que a gente faz. A gente também faz vários tipos de outdoors. Esses são os projetos que trabalhamos. A 30 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 gente também trabalha com campanha de prevenção nas estradas — essas são as campanhas de prevenção que a gente faz. Os resultados positivos. A equipe do SEVOR foi destaque nacional nos principais veículos de imprensa no Estado de Minas Gerais, jornal Estado de Minas, jornal Hoje em Dia, Globo Minas, TV Alterosa, Rede Globo e Bandeirantes, além do destaque dado pelos veículos de imprensa locais, que ajudou a divulgar o trabalho, aumentando, assim, mais a credibilidade em nossos serviços. Essas são as redes que estiveram com a gente lá. Por último, nós também estivemos no Profissão Repórter. Esse é o meio que a gente tem de conseguir alguma doação, através de carnê. A gente distribui os carnezinhos e a pessoa doa o que pode. A gente trabalha muito também com as logomarcas nos nossos macacões, coisas desse tipo. Nós pusemos aqui as nossas metas e objetivos. Hoje são aquisições de subsídios financeiros imediatos para o atendimento das inúmeras necessidades, como manutenção, logística, equipamentos, adequação de frotas, insumos, capacitação, treinamentos, combustíveis, entre outros, o projeto também. A nossa sede é emprestada, fica em um posto de gasolina. Nós estamos com um projeto para a construção da nossa sede própria, adequada aos moldes necessários à entidade. E estamos em andamento com a obtenção do título de utilidade pública federal. Aí estão os contatos do SEVOR. Vale a pena ressalvar que nós estamos no trecho mais perigoso da BR-381, que é São Gonçalo, Monlevade, Nova Era. Essa a região que a gente atende. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Agradeço ao Sr. Humberto Guimarães a exposição. Ele deixou claro o trecho mais perigoso da BR-381. Eu passei lá ontem, voltando do interior de Minas, Deus nos conduziu bem. É muito triste, depois de tanto tempo, a gente ainda ter rodovia em péssimas condições. Há muitos anos a gente vem lutando pela duplicação da BR-381. É uma vergonha até hoje ela não ter sido duplicada. É uma vergonha essa falta de investimento. Com relação a tudo que foi aqui dito, nós só temos a agradecer a todos os expositores. Novamente, parabenizo a todos pelas excelentes contribuições. Até 31 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 para reflexão, acho que nós deveríamos começar a questionar, também, o que está sendo feito com todo dinheiro que é arrecadado. Em Minas Gerais, desde 2005, é cobrada uma taxa de incêndio — todos aqui sabem dessa taxa de incêndio —, que já gerou mais de 360 milhões para os cofres públicos. Nós temos certeza de que muito pouco chegou realmente para o atendimento dos bombeiros. Eu acho que o investimento poderia ter sido muito maior. No ano de 2012, foram arrecadados 56 milhões, dinheiro que poderia ter sido repassado para os bombeiros civis, poderia ter chegado de fato a quem presta esse atendimento para o cidadão. É muito importante nós conhecermos esses números para começar a cobrar do Governo Federal, do Governo do Estado, das Prefeituras. Que seja investido mais nos bombeiros, que realmente estão servindo a população. De fato, quando acontece um acidente todos se lembram dos bombeiros. Mas é importante lembrar dos bombeiros também na hora de investir, na hora de mandar recursos, na hora de mandar equipamentos. Após as brilhantes explicações de nossos convidados, passemos aos debates. Comunico as regras de condução para a realização dos debates. Gostaria de lembrar a todos os presentes que o prazo para a formulação das questões é de 2 minutos. Os expositores terão o prazo de 3 minutos para respondê-las. Neste momento, passo a palavra ao primeiro inscrito, Sr. William Bertozzi Dornas, da Associação dos Bombeiros Civis de Três Marias. O SR. WILLIAM BERTOZZI DORNAS - Obrigado, Excelência. Boa tarde a todos os presentes. O Coronel Neyff Souza teceu comentários sobre as aprovações anteriores de diversas normas para aplicação específica no Corpo de Bombeiro Civil. Eu não estou falando sem conhecimento de causa, não. Eu fui Patrulheiro Rodoviário Federal na 381, na época de 70. Eu soube muito bem qual era a dificuldade, mesmo com viaturas da antiga Patrulha Rodoviária Federal. Constava uma maca na patrulha, mas, por falta de pessoal, nós tínhamos a maior dificuldade em atendimento, principalmente naquela rodovia. Mas o que eu gostaria de colocar é o seguinte: em todas essas aprovações que foram colocadas, parece-me que S.Sa. esqueceu de um detalhe 32 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 importantíssimo que me disse há pouco: a vocação do bombeiro civil, ou voluntário, como chamam. E nós gostaríamos de colocar para os Deputados, para que S.Exas. abrangessem também o seguinte fato. Eu estava comentando com o Marcos e com Edison que as empresas até que poderiam querer doar ou fazer contratos, ou alguma forma de repassar recursos para o Corpo de Bombeiros Voluntários, só que elas enfrentam um grande problema na legislação, de modo geral. Se for caracterizado como prestação de serviço, ou teoricamente um contrato de continuidade de serviços, cairia na legislação do INSS e da Receita Federal, ou seja, é isento do Imposto de Renda se for sociedade sem fins lucrativos, mas não é isento sob a destinação de recursos de uma empresa para qualquer outra associação ou qualquer outra empresa que tenha atividades de prestação de serviços, principalmente, ou algo parecido. Acho que ficou faltando uma análise. Talvez essa seja a oportunidade de colocar, já que foi colocada a questão da conta telefônica lá no Rio Grande do Sul, é uma possibilidade de verificar isso na parte de doações. Há possiblidade de passar essa Comissão ou constituir um grupo de estudos — não sei a forma exata da proposição —, mas gostaria que o Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste também analisasse sob esse foco, já que teceu comentários sobre todas as normas que foram analisadas. É esta a minha proposição. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grillo) - Só para esclarecimento. Nós vamos primeiro ouvir os participantes e depois vamos passar a palavra à Mesa para as respostas. Neste momento, eu gostaria de dar primeiro a palavra à Deputada Liliam Sá, PSD do Rio de Janeiro, que também se inscreveu para o debate. A SRA. DEPUTADA LILIAM SÁ - Eu quero cumprimentar o Deputado Dr. Grilo; os participantes da Mesa; o Fabrício de Oliveira, que é o Presidente da Associação de Bombeiros Civis de Três Marias; o Edison Eduardo, Presidente dos Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul; o Marcos Campolina, que é Presidente do Instituto Anjos do Asfalto; o Neyff Souza da Silva, que é Presidente da 33 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Associação de Bombeiros Civis do Nordeste, e o Humberto Guimarães, que é Presidente do Serviço Voluntário de Resgate. Essa experiência dos bombeiros voluntários não existe no Rio de Janeiro, a não ser os Anjos do Asfalto, movimento que começou há muito tempo. A pessoa que me procurou — na época eu era Vereadora no Rio de Janeiro — falou do serviço que de resgate que eles faziam nas rodovias. Naquela época, eles queriam até ajuda para a compra de ambulâncias, nós tentamos consegui-las, por meio de uma emenda parlamentar, mas não deu certo. Este debate é muito pertinente, principalmente sobre assunto tão importante como esse. Nós sabemos da importância desses profissionais que salvam vidas, que ajudam pessoas em momentos difíceis. E eu quero me colocar à disposição para que possa ser mais um a ajudar, me engajar nessa luta também e somar com vocês. Este debate veio num momento muito pertinente, porque hoje também é o Dia do Bombeiro Militar — 157 anos de luta. Eu parabenizo a todos pela ação e me ponho à disposição. Obrigada. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós agradecemos à Deputada a participação. Queremos esclarecer, como foi alertado aqui anteriormente, que hoje é o Dia do Bombeiro, tanto civil, militar, bombeiro voluntário. Na realidade, os bombeiros são os nossos heróis. Quando a gente é criança vê na televisão vários heróis, o Super-Homem, o Batman. Depois, quando crescemos, começamos a ver a realidade, e vemos que os nossos heróis verdadeiros são os bombeiros que prestam assistência aos necessitados nos momentos difíceis. Então, os bombeiros são os heróis que o Brasil tem de aprender a valorizar cada vez mais. Fica a nossa homenagem a todos os bombeiros, tanto os civis quanto os militares, os bombeiros voluntários, os públicos, os privados, enfim, a todos os bombeiros que têm prestado esse importante serviço à Nação. Passo a palavra, neste momento, à Sra. Maria Helena Viana, da Câmara Municipal de Três Marias. A SRA. MARIA HELENA VIANA - Boa tarde a todos. Eu quero parabenizar a Presidência desta Casa por este seminário e todos os bombeiros civis pelo seu dia. Através dos bombeiros civis que estão presentes neste local, quero parabenizar 34 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 todos os bombeiros civis do Brasil. Estamos aqui para apoiar este evento. Ouvimos todas as reivindicações que foram feitas. Eu quero fazer uma pergunta ao Deputado Dr. Grilo, que está na Presidência neste momento. Com todas as reivindicações que foram feitas nesta tarde pelos expositores, neste seminário, o que esta Casa pode fazer para, em tempo rápido, em tempo ágil, responder a essas reivindicações? O que vocês podem fazer para que as coisas aconteçam no trabalho do bombeiro civil do Brasil? Temos acompanhado o trabalho do bombeiro civil em Três Marias, através do Fabrício e de toda a sua equipe, a corporação que está aqui nesta tarde. Nós temos visto de perto as dificuldades. E estamos aqui com uma reivindicação. Queremos deixar essa pergunta: O que vocês podem fazer daqui para frente para agilizar, em tempo hábil, o mais rápido, as reivindicações que foram feitas aqui nesta tarde? Obrigada. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Agradecemos à Sra. Maria Helena a participação. Como conversamos anteriormente, primeiro vamos ouvir os demais participantes. Nós não vamos fugir a responder a esses questionamentos. Primeiro vamos ouvir os demais participantes e depois nós vamos dar encaminhamento para as respostas. Passamos a palavra, neste momento, ao Sr. Gleyson de Jesus Ferreira, da Associação do Bairro Nova Três Marias. O SR. GLEYSON DE JESUS FERREIRA - Boa tarde a todos. Quero cumprimentar o Deputado Dr. Grilo e todos os que participam deste seminário. Quero parabenizar todos os bombeiros pela passagem do Dia Nacional do Bombeiro. Eu também sou bombeiro, fui militar da Aeronáutica durante 6 anos, trabalhei lá como bombeiro militar, e hoje participo do grupo de bombeiros de Três Marias. Sou muito grato por isso. Mas eu vim aqui hoje falar como Presidente do Bairro Nova Três Marias. No dia 25 de fevereiro, uma criança de 5 anos foi atropelada na BR-140 e teve suas pernas amputadas. No dia 8 de março, fizemos uma manifestação, com o apoio da Igreja Católica, da Igreja Evangélica, dos alunos do ensino médio, das associações dos bairros, Confederação Mineira dos Metalurgistas, do SINDITREMA, 35 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 do Bombeiro Civil, da Polícia Rodoviária Federal, da comunidade, da Prefeitura, dos Vereadores e dos jornais. Infelizmente, a criança teve suas pernas amputadas. Paramos a BR com o intuito de pedir mais segurança, redutores de velocidade eletrônicos e passarelas, mas nada foi feito. Hoje a BR está sendo reformada. Disseram que iriam fazer alguma coisa, mas nada fizeram. Quero perguntar o seguinte: o bombeiro civil está se organizando, mas o que adianta ele se organizar, ter o apoio, mas com as BRs em precárias condições? Eles só apoiam o seguinte: só há redutores de velocidade onde existem pessoas que parecem mais importantes. No caso de Paracatu, há um a cada 30 quilômetros. Em Brasília, é a mesma coisa. Parece que perto há vários dispositivos de segurança. E para nós que estamos em outras BRs? A BR-381 é pior do que a nossa. Uma criança de 5 anos teve as pernas amputadas. Passados alguns dias, outras pessoas são atropeladas. Uma senhora foi atropelada e morreu, porque o seu pescoço foi quebrado. Como é que fica? Também é preciso haver investimento nas rodovias para evitar esse tipo de situação. Por isso, venho reivindicar que não só o trabalho do bombeiro seja valorizado, dando recursos a ele, mas também que as rodovias sejam melhoradas, a fim de evitar várias catástrofes, várias vidas sendo ceifadas. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós agradecemos ao Sr. Gleyson de Jesus a participação. O que ele nos disse vem corroborar tudo o que foi dito anteriormente com relação à BR-381. Nesse ponto, falo de cadeira, porque o meu pai faleceu em um acidente na BR-040. Na quinta-feira, estive presente em uma reunião com a Presidente Dilma e deixei claro que quando ouvimos as reclamações na rua, o que o povo quer não é investimento em estádios, mas investimento em escolas, em hospitais e em estradas. O meu pai faleceu na BR-040 há 20 anos. Eu até relatei para a Presidente que 20 anos depois eu passo na mesma estrada, que está lá do mesmo jeito, sem nenhum investimento. A única mudança que vimos é que foram colocados alguns pardais para diminuir a velocidade. Mas esse não é o investimento que a gente quer. 36 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 A gente quer de fato um investimento nas rodovias e que realmente a vida do cidadão seja valorizada. O caso da criança que teve os membros inferiores amputados é a triste realidade do dia a dia, e isso não podemos suportar mais. A cada dia, vemos mais famílias sendo destruídas por causa da falta de investimento nas rodovias. Não podemos mais ficar calados. Temos de começar a cobrar, cada vez mais, investimentos em todos os locais do Estado, não apenas, como foi dito pelo Gleyson, onde existem pessoas com melhor condição financeira. Deve ser feito um investimento no cidadão. Agradecemos ao Gleyson a participação. Passo a palavra ao Sr. Adenilson Rubim, Vereador da Câmara Municipal de Três Marias. O SR. ADENILSON RUBIM - Boa tarde a todos, cumprimento os membros da Mesa na pessoa do Deputado Dr. Grilo, cumprimento todos os membros da Mesa, faço um cumprimento especial aos bombeiros civis de Três Marias, através do Juninho, um dos que sonhavam com este momento, faço uma referência ao Tenente Procácio, ao Alex, da Associação dos Bombeiros de Minas Gerais, pelo trabalho e pela ajuda na organização dos bombeiros civis de Três Marias. Foi muito boa a explanação de todos. Queria fazer uma referência ao Neyff, que tem um trabalho de uma conferência. Nós entendemos que as coisas só acontecem com a força popular, com a participação organizada para conquistar nas leis. Desde 1988, com a independência dos Municípios, foi citado o sistema de defesa civil, que é muito interessante: a Defesa Civil, o SAMU, Corpo de Bombeiros Civis. Queremos implantar esse serviço em Três Marias. A Câmara Municipal — há Vereadores aqui — a irmã Alda, a Maria Helena, que já falou, o Eli, de João Pinheiro. O que nós fizemos? Para flexibilizar, nós mudamos a lei de utilidade pública do Município, que exigia um tempo para associação estar habilitada. O que nós fizemos? Tiramos esse tempo para que pudéssemos fazer uma subvenção e dar condição ao bombeiro civil de se instalar. Agora, nós vamos fazer um movimento para isso. Segundo o Fabrício, um sonhador, a sede do aeroporto está à disposição, como comunicado. Em Três Marias, nós temos um aeroporto de grande porte, inclusive, na época da construção da barragem da usina de Três Marias. Esse 37 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 aeroporto está à disposição, até a documentação legalizada será cedido para o Corpo De Bombeiros Civis de Três Marias. Peço aos Deputados Federais, ao Dr. Grilo, que nos apoiem. Há um movimento que vem das ruas, há uma vontade de implantar a reforma política com a participação da população. Que a gente consiga, de fato, como disse a Vereadora, transmitir isso para o povo e fazer efetivamente uma mudança nacional. Mas essa mudança tem que começar pelos Municípios com a vontade da população. É só isso. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós agradecemos ao Vereador Adenilson Rubim a participação. Gostaria de passar a palavra, neste momento, ao Vereador de João Pinheiro, Sr. Eli José Vaz. O SR. ELI JOSÉ VAZ - Boa tarde a todos. Boa tarde, Deputado Dr. Grilo. Cumprimento o Fabrício, em nome de todos os bombeiros. Eu gostaria de parabenizar todos por esta brilhante iniciativa e falar da carência da nossa cidade, do nosso Município. Hoje, João Pinheiro é um dos maiores Municípios do Estado de Minas Gerais, com mais de 10 mil quilômetros quadrados de extensão, mais de sete distritos com uma população de 45 mil habitantes. Então, em um Município do tamanho de João Pinheiro, a carência da implantação dessa unidade é muito grande. No brilhante trabalho da unidade de Três Marias, do Comandante Fabrício Junior e de toda a sua corporação, eu vi realmente a necessidade e o trabalho que pode ser feito no nosso Município, cuja carência é muito grande, devido à sua extensão territorial. Então, eu só tenho que parabenizar todos por esta iniciativa. Espero que tenhamos resultados positivos hoje nesta audiência. Devido à seriedade que está transparecendo a condução deste trabalho, eu tenho certeza de que nós vamos sair daqui com algo concreto, que trará o resultado o mais rápido possível para que nós possamos tocar adiante essa corporação. Em breve, implantaremos também essa unidade em João Pinheiro. Ainda quero parabenizar o Gleyson pelo trabalho. Hoje estamos às margens da BR-040. Eu não entendo por que João Pinheiro passou por reforma asfáltica e não há sinalização. Não temos radares na cidade. Não estamos ali guarnecidos 38 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 também como Três Marias. Por que em Paracatu foi colocado, se estamos nas mesmas condições? É necessário que isso seja repensado, que sejam instalados radares eletrônicos. Conto com a compreensão de vocês para que sejam tomadas providências o mais rápido possível, para que a gente possa instalar essas unidades em maiores distritos. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós agradecemos ao Vereador Eli José, do Município de João Pinheiro, a participação. Passo a palavra, neste momento, ao Sr. Dionei Walter da Silva, da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina. O SR. DIONEI WALTER DA SILVA - Eu quero saudar o Deputado Grilo e todos os integrantes da Mesa. Cumprimento também todos os bombeiros presentes pela passagem hoje do Dia do Bombeiro. Eu tive a oportunidade, em Santa Catarina, de ser Deputado Estadual por dois mandatos. Fui um dos grandes defensores desse modelo de serviço voluntário. Em Santa Catarina, nós temos a corporação, citada aqui, de Joinville, com 125 anos de existência. Começou 30 anos antes da criação do bombeiro militar no nosso Estado. Tive o prazer também de ser o autor da lei que criou a Comissão de Legislação participativa no Estado de Santa Catarina. Quero cumprimentar a Comissão pela realização deste evento. Eu acho que o tema Bombeiro é forte, é palpitante. A gente sabe que é na tragédia que as coisas afloram. Mas, é importante nós não deixarmos passar essa oportunidade de regulamentar isso realmente. Nós estivemos participando na SENASP de reunião para tentar um acordo entre os bombeiros quanto à regulamentação. Infelizmente, não deu resultado, porque os bombeiros militares se apegam à Constituição Federal dizendo que esse serviço é de exclusividade deles. E, enquanto nós não resolvermos isso, não vamos avançar. A gente sabe que hoje 14% dos Municípios são atendidos. O modelo militar funciona, não dá conta, até hoje não deu, e nós queremos somar, nós não queremos tomar nem disputar a função. Queremos ter a possibilidade de ir para outros 39 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Municípios sem sermos questionados dessa forma, como somos questionados constantemente. Nessas reuniões percebemos que há a necessidade da regulamentação. Hoje, por exemplo, nós temos a ANAC, que legisla sobre o incêndio — a ANAC cria as regras para combate ao incêndio dentro dos aeroportos; é a ANAC que faz isso —, o IBAMA, que tem bombeiro florestal, o Ministério do Trabalho tem regulamentação sobre a profissão e sobre algumas questões de incêndio e proteção contra incêndio, a ABNT, que é uma instituição privada, também tem algumas normas. Existimos nós, os bombeiros voluntários, existem os bombeiros civis e militares. O Governo Federal gastou recursos e tempo, através do Ministério da Ciência e Tecnologia, com o projeto Brasil sem Chamas, que está pronto. Eu acho que a Câmara pode utilizá-lo como base. Inclusive, eles propõem a criação de uma agência reguladora. Não queremos ser bombeiros amadores. O bombeiro voluntário quer ser um bombeiro profissional. Ou seja, as regras que o militar tem que cumprir nós também temos que cumprir: as regras de qualificação, de treinamento, de preparo para que o atendimento seja de qualidade. Acredito, então que a contribuição que a Câmara pode nos dar é fazer essa regulamentação. Se for necessário alterar a Constituição, iremos alterá-la. Acho que não há problema. Não é um serviço de segurança pública combater incêndio, é uma necessidade da população que um civil pode e, muitas vezes, como bem citou o companheiro da VOLUNTERSUL, o melhor equipamento de altura de Santa Catarina está numa corporação civil. Nem os militares têm esse equipamento no nosso Estado. Eu queria deixar esse recado. Aproveito, inclusive, para fazer o convite para outros Estados. A gente tem essa Confederação Nacional dos Bombeiros Voluntários. O termo voluntário, pela história, começou efetivamente 100% com pessoas que não recebiam. Lógico que hoje uma corporação, em Joinville, com 600 mil habitantes, 11 quartéis, tem que ter pessoas contratadas, mas a gente manteve esse termo voluntário. E, nós, a Confederação Nacional, gostaríamos de convidar o pessoal de Minas, de outros Estados para começarmos a discutir uma organização nacional para nos defender aqui em Brasília. Porque os militares têm sala, inclusive 40 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 dentro do Senado, para fazer a defesa dos interesses deles, e nós não temos ninguém aqui em Brasília. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós é que agradecemos ao Sr. Dionei Walter da Silva a participação. Como foi dito aqui por todos, acredito que falta muito investimento nessa área. Por tudo o que foi aqui exposto, é uma questão pacífica a falta de investimento, e nós precisamos nos alinhar melhor para discutir uma posição que mude esse quadro. E, como foi questionado pela Sra. Maria Helena, o que nós pretendemos fazer para avançar nesse ponto, acho que o primeiro passo foi dado neste seminário para discutirmos melhor a proposta de um projeto de lei que alinhe os interesses da população, os interesses dos bombeiros, os interesses de todo o País, para começarmos a discutir o que podemos fazer para melhorar e mandar mais subsídios para os bombeiros que, realmente, estão fazendo um trabalho bonito em todo o País, mas não podem ficar sem recursos, sem investimentos. Acho muito importante esta conversa aqui hoje até para que nós possamos discutir melhor quais os projetos que realmente têm de ser analisados com urgência e quais as propostas que realmente podemos oferecer. A Comissão de Legislação Participativa está sempre de portas abertas exatamente para receber as sugestões de projetos de lei de iniciativa popular. Esta Comissão foi responsável pelo projeto Ficha Limpa, que foi aprovado, um projeto que realmente mudou muito a cara da política no País. Foi o primeiro projeto aprovado que teve origem na Comissão de Legislação Participativa. Nós estamos aqui, de portas abertas, exatamente para receber de todas as associações, de todos os representantes dos bombeiros civis, projetos de iniciativa dessas associações, de iniciativa dos bombeiros, para que comecemos a mudar essa realidade, para que comecemos a definir como podemos mudar este quadro, para que haja maior investimento realmente em quem está trabalhando dessa forma. Então, fica a sugestão e o agradecimento pela participação de todos vocês, e esta Comissão está de portas abertas para que a gente possa receber sugestões. Eu até sugiro aos representantes de todas as associações e dos institutos, e a todos 41 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 os presentes que, posteriormente, façam uma grande reunião, para discutir e encaminhar um projeto de lei à Comissão, para que esta dê prosseguimento e, através da Comissão de Legislação Participativa, seja feito um projeto de lei para a gente buscar maiores investimentos nos bombeiros civis e nos bombeiros voluntários. Aqui fica até a sugestão de como a gente pode incentivar uma pessoa a se tornar bombeiro civil. Eu acho que ela pode ter um desconto no IPTU, no IPVA. Com medidas simples assim, a gente pode incentivar e proporcionar melhores condições aos bombeiros de modo geral. Eu gostaria de registrar a participação pela Internet. Aqui fica um questionamento: “Por que essa profissão no País ainda não é divulgada e aceita pelas empresas e pelos bombeiros militares?” Eu acredito que o Vereador Dionei já respondeu uma parte, deixou claro que os bombeiros militares têm uma grande resistência à regulamentação dos bombeiros civis e dos bombeiros voluntários. Eles se escudam na Constituição Federal, argumentando que é um serviço privativo dos bombeiros militares. Eu acho que esta questão realmente precisa ser discutida, porque os bombeiros militares não estão dando conta de atender a todo o País. A gente não pode fechar os olhos para essa realidade. Nós temos de proporcionar a quem está realizando este trabalho, seja civil, seja voluntário, que possa continuar desempenhando este trabalho. A lei não pode servir para excluir essas pessoas da sociedade. Neste momento, eu gostaria de passar a palavra, para responder aos questionamentos e passar às considerações finais, aos expositores. Gostaria que se limitassem a 3 minutos para responder aos questionamentos e fazer as suas considerações finais. Concedo a palavra ao Sr. Fabrício de Oliveira Coelho. O SR. FABRÍCIO DE OLIVEIRA COELHO - Primeiramente, acho que foram válidos os questionamentos. Nós, enquanto Associação de Bombeiros Civis, continuamos a fazer os mesmos questionamentos e tentamos sanar as mesmas dúvidas que, às vezes, ficam no ar. Fez muito bem o Dr. William Dornas ao 42 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 perguntar sobre a Defesa Civil. Eu acredito que o Cel. Neyff vai poder falar melhor sobre isso. Nós temos dentro da Constituição Federal leis que dão poder, no âmbito municipal, aos Municípios, para que se regulamente e se organize esta questão de sustentabilidade das associações e das organizações de resgate voluntário, bombeiros civis e bombeiros voluntários, serviço de resgate. O art. 144 deixa bem claro que a segurança é dever de todos. E a Constituição fala também que o Município pode legislar, criar suas leis e fazer com que o trabalho dessas instituições, que tenham reconhecimento e utilidade pública principalmente, possa ser desenvolvido. Eu acredito que, com apoio do Estado, do Governo Federal, desta Casa, na pessoa do Deputado Lincoln Portela, dos seus companheiros da Diretoria da Comissão de Legislação Participativa e dos demais Deputados que nos ouvem, se houver uma preocupação na esfera federal também, aqui dentro desta Casa isso pode ser revisto, sim, principalmente o que trata a Constituição Federal, que é hoje a nossa referência. Nesta oportunidade, eu gostaria muito que fosse revista essa questão da lei que traz o título da profissão de bombeiro civil, que traz também o título de serviço de socorro, resgate, que isso fosse visto de forma diferenciada. Não adianta termos uma lei federal que traz um título de uma profissão e termos um Brasil, de alguma forma, com alguns Estados se organizando e outros Estados, como Minas Gerais, que considero num todo, muito desorganizados na questão do bombeiro civil. O serviço de socorro, de resgate voluntário existe e precisa de uma regulamentação. Eu estava conversando há pouco com o Edison, da VOLUNTERSUL. O caminho que o Rio Grande do Sul está tomando, em termos de conselho federal, de regulamentação para o bombeiro voluntário, organizando-se de alguma forma, eu acho que os demais Estados, a exemplo disso, como Minas Gerais, também podem tomar. Precisamos do apoio desta Casa, desta Comissão, para que possamos achar os caminhos legais adequados. Gostaria de agradecer a oportunidade à Comissão de Legislação Participativa, através do Deputado Lincoln Portela, aos demais Deputados que nos prestigiaram neste evento, aos companheiros Presidentes de Associação: Edison, 43 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 da VOLUNTERSUL; Humberto, do Serviço Voluntário de Resgate; Marcos, do Instituto Anjos do Asfalto Resgate Rodoviário; Tenente Procácio, também da Associação de Bombeiros Voluntários de Minas Gerais. Gostaria também de agradecer aos Vereadores que vieram, estiveram conosco, de Três Marias. Em nome de todos, eu cumprimento o Vereador Denilson Ruquinho e os demais Vereadores que vieram, de João Pinheiro. Gostaria, enfim, de agradecer aos bombeiros civis de Três Marias, que não mediram esforços para viajar e estar aqui; superaram a madrugada e a estrada e chegaram conosco. Acho que, se trabalharmos unidos, haverá diferença. O resultado vem da união. É preciso o que estamos fazendo. Quero parabenizar, de uma vez por todas, os bombeiros do Brasil pelo seu dia especial. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós é que agradecemos a participação do Sr. Fabrício de Oliveira Coelho, Presidente da Associação de Bombeiros Civis de Três Marias. Passamos a palavra neste momento ao Sr. Edison Eduardo Rother, Presidente dos Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul. O SR. EDISON EDUARDO ROTHER - Gostaria primeiramente de agradecer ao Deputado Dr. Grilo a oportunidade de estarmos aqui explanando e trazendo um pouquinho mais de informações sobre o bombeiro voluntário, entidade centenária. Quero agradecer e parabenizar o Fabrício Coelho, que está encabeçando em Três Marias o trabalho. Ele nos visitou em Nova Petrópolis. Já está tendo resultado essa visita, até um resultado nacional, porque a gente está hoje discutindo aqui na Câmara dos Deputados essa questão do bombeiro civil e do bombeiro voluntário, enfim, do resgate voluntário. Quero dizer, da mesma forma, até em sintonia com o Dionei, representante da ABVESC... Nos últimos tempos, a gente tem participado de debates e tem visto que a grande dificuldade, onde esbarra o desenvolvimento do bombeiro no nosso Brasil, é o art. 144 da Constituição Federal. A gente tenta organizar outras formas de apoio, também muito importantes. Eu acho que isso foi muito bem colocado pelo Deputado Dr. Grilo. Um incentivo, como a isenção de um imposto ou algo nesse 44 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 sentido, já é bastante importante. Mas o desenvolvimento efetivo do bombeiro voluntário e do bombeiro civil é o art. 144 da Constituição Federal. Acho que esse é um dos caminhos. Temos uma base, uma formação bem sólida no projeto Brasil Sem Chamas, que trata da questão — não vou dizer de bombeiro — de incêndio como um todo no Brasil. Não é só preencher os Municípios com unidade de bombeiro; existe a questão preventiva, existe a questão de recursos mínimos, de norte, para que a gente possa desenvolver adequadamente. O Brasil Sem Chamas foi construído por várias mãos. Então, serve de referência para a gente estar também tratando... Eu acho muito bem lembrado pelo Neyff, Presidente da Associação, que a nossa defesa civil, na conferência... Foi uma luta muito grande para conseguir colocar aquele texto. Diga-se de passagem: se a gente trabalhasse com esse texto que já existe e, quem sabe, uma incisão no art. 144 da Constituição brasileira, a gente teria um avanço merecido e desejado pelo nosso País. Eu gostaria, então, de mais uma vez agradecer a oportunidade, o convite. É muito importante para nós, além de poder propor o melhor para o nosso Brasil, demonstrar um trabalho que já existe há muitos anos aqui. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós é que agradecemos a participação do Sr. Edison Rother. Gostaríamos de passar a palavra neste momento ao Sr. Marcos Campolina, Presidente do Instituto Anjos do Asfalto Resgate Rodoviário. O SR. MARCOS CAMPOLINA - Obrigado, Deputado Dr. Grilo. A gente agradece a oportunidade de estar aqui trazendo o conhecimento e reforçando a importância do trabalho do bombeiro civil, do serviço de salvamento, de resgate. Peço encarecidamente a todos da Casa que nos ajudem nesse projeto para que, cada vez mais, possamos estar salvando vidas e levando o nosso conhecimento para as pessoas que necessitam. Obrigado a todos. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Agradecemos a participação do Sr. Marcos Campolina. 45 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Gostaria de passar a palavra neste momento ao Sr. Neyff Silva, Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste. O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Senhoras e senhores aqui presentes, em nosso País tudo o que possa ser feito tem que ter uma lei. Ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Todas as nossas dificuldades estão nesta Casa e nas respectivas Estaduais e Municipais. Nós estamos — eu disse, e vou repetir — na Comissão de Legislação Participativa. Na Conferência Nacional de Defesa Civil estiveram 5 mil delegados de todo o País. Os companheiros de Santa Catarina, que estiveram presentes, sabem da luta para conseguir aprovar esses textos. Em minha opinião, se as corporações, os nossos Deputados, os nossos Vereadores fizerem os ofícios devidos, para que, no mínimo, se cumpra o que está aqui — obrigar a que se cumpra, chegar a um acordo para que se cumpra... O problema de desastre, o problema de incêndio passa pelas defesas civis. Nós colocamos que os bombeiros voluntários deveriam fazer parte do Sistema Nacional de Defesa Civil. Como parte do Sistema Nacional, eles terão, vocês terão, nós teremos o que se quer. Teremos os financiamentos porque isso está aqui determinado. São alguns milhões que se estão colocando para remediar o desastre ocorrido. Os últimos desastres têm mostrado que a população civil tem feito o socorro, seja bombeiro ou não. Se estiver capacitada e equipada, nós teremos esse socorro devido. Não vejo dúvida nisso. Nós teremos que, realmente, para melhorar, e não ficar à mercê do momento... Modificar a Constituição se vê que é necessário. Também nós precisamos honrar a lei que criou o bombeiro civil; honrar, neste País. Então, em vez de ficar só nos elogios, na retórica, minha sugestão é que se crie um grupo de trabalho, se possível com apoio aqui da Casa, para que nós possamos nos unir e fazer... No que concerne a bombeiro voluntário, a realidade nordestina, gente, é muitíssimo diferente da do Rio Grande do Sul, da de Santa Catarina, da do Paraná. Eu estou tentando criar o chamado bombeiro civil consorciado. Vários Municípios não têm condições de ter uma viatura de bombeiro, porque tudo de bombeiro é caro. Vai-se ao shopping comprar um carrinho de polícia e um carrinho de bombeiro; com 46 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 o valor do carrinho de bombeiro se compram cinco de polícia. É muito mais caro por tudo. Então, nós estamos fazendo o projeto para criar os bombeiros consorciados, vários Municípios se juntarem e comprarem as viaturas, e sairmos qualificando o pessoal, porque eles são corpos de bombeiros pequenos, em Municípios pequenos. Agora, a nossa realidade é o que eu disse ali: o serviço de bombeiros do País está na UTI, quer seja militar, quer seja civil. Nós vemos, nós sentimos na pele que falta tudo. Eu estou feliz por estar aqui, principalmente — coincidência ou não — no Dia Nacional do Bombeiro, criado pelo Presidente Getúlio Vargas. Eu sou bombeiro — não estou bombeiro —, sou bombeiro de coração e de alma. Fico feliz com todos vocês, por tudo o que vocês têm feito aqui. Vi e tenho acompanhado pela Internet muitos trabalhos que vocês têm feito. Tudo o que melhora teve que piorar. Eu acredito que chegamos ao caos. O serviço de bombeiros, vocês viram o caso de Santa Maria; vi na reportagem que o Fantástico colocou. Eu dou o exemplo de que tudo tem que piorar para poder melhorar. Se a estrada está ruim, para que seja melhorada, vocês vão fazer desvios, vão ficar horas esperando, mas, quando ela estiver pronta, vocês nem lembrarão que ela teve que ser arrumada. A mesma coisa ocorre quando uma mulher vai ao cabelereiro. Se você chega na hora que ela está se preparando, você corre, porque ela está cheia de dedos, com o cabelo para cima, mas, quando a noite chega, ela está linda. Aí você vê que é preciso. Então, nós chegamos ao caos e estamos tendo a graça de Deus de ter os nossos Deputados, que estão empenhados aqui, nesta Comissão de Legislação Participativa. Aqui há 5 mil delegados nacionais. Então, por que não botar isso para frente? É o meu voto, é o meu pedido. Agradeço a todos. E parabenizo a todos vocês e aos nossos Deputados. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós é que agradecemos a participação do Sr. Neyff Silva, Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste. 47 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Gostaria de registrar aqui a participação, pelo www.e-democracia.leg.br, da Sra. Alessandra, que questiona: “Qual a distinção entre bombeiro civil e bombeiro militar?” Como informado aqui no começo deste seminário, a principal distinção é que o bombeiro militar é funcionário público. Ele está previsto na legislação, na Constituição Federal. Nós podemos dizer que são funcionários públicos estaduais. E o bombeiro civil é todo aquele que... (Intervenção fora do microfone. Inaudível.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Pode. O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Gente, antes de sermos militares, nós somos civis. Antes de sermos militares, nós procuramos fazer tudo o que vocês fazem. Nós gostamos de vocês. Nós não podemos fazer o que vocês fazem: vocês podem até gritar, e os bombeiros militares têm que ficar calados, escutando. Vocês podem ver — posso passar daqui a pouco o filme — a situação do Corpo de Bombeiros do Estado do Piauí e de outros do Nordeste. É triste. Eu verifiquei, saí vendo. Não se apaga incêndio neste País, o incêndio se acaba, porque, como a distância a ser percorrida é grande, quando se chega — tudo o que nós temos é derivado de petróleo —, já está tudo derretido. A missão dos bombeiros hoje se restringe a isolar o fogo e deixar que ele se acabe. E eu não vejo outra solução para este País que não os bombeiros civis, porque a estrutura militar é pesada. Ela não cresce; ela é pesada, ela é engessada. Eu sou coronel do Corpo de Bombeiros; tenho 33 anos de efetivo serviço. Tenho lutado por uma melhora do serviço de bombeiros, do serviço de segurança neste País. E assim eu tenho feito, e assim eu quero que seja feito. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - O Sr. Saulo também nos encaminhou um questionamento: “Qual a importância de agregarem os bombeiros civis nos Municípios e para que finalidade?” Acho que a participação do bombeiro civil é para suprir essa lacuna que o bombeiro militar não consegue suprir exatamente por falta de investimento, de realização de concurso público. Por tudo o que foi dito aqui, o bombeiro militar é aquele que prestou concurso e está ali recebendo um soldo do Estado, e o bombeiro civil vem exatamente procurar suprir a lacuna que foi deixada pelo Estado, devido a essa falta de investimento. 48 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 O Sr. Edison estava querendo complementar um pouco a informação que foi passada aqui. Vamos abrir essa exceção, só para prestar esse esclarecimento, tanto para a Alessandra, quanto para o Saulo, que participaram pelo www.edemocracia.leg.br. O SR. EDISON EDUARDO ROTHER - Quero só complementar, Deputado, sobre as diferenças. Nós tínhamos colocado em exposição antes. O bombeiro civil está amparado pela Lei nº 11.901, de 2009, e o bombeiro voluntário, aquele que atua em ONGs, está amparado pela Lei nº 9.608, de 1998. Acho que é uma distinção bastante clara para se deixar até à pergunta da colega que queria saber das distinções, do ponto de vista legal. E, complementando a questão de agregar o bombeiro, está aí a realidade: praticamente mais de 90% dos Municípios no Brasil não têm bombeiros. Há mais de 100 anos não se desenvolve o suficiente. Então, que a mão de obra, a força das pessoas civis, enfim, a pessoa civil, através da lei A, B ou C, possa agregar, dar resposta aos seus entes queridos. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Agradecemos a participação tanto do Sr. Edison quanto do Sr. Neyff. Para suas considerações finais, eu gostaria de passar a palavra ao Sr. Humberto Guimarães, Presidente do Serviço Voluntário de Resgate. O SR. HUMBERTO GUIMARÃES - Eu quero agradecer ao Deputado Dr. Grilo, Vice-Presidente da Comissão, a oportunidade que deu ao SEVOR de mostrar um pouco do nosso serviço, o que fazemos lá na BR-381. Já fazemos isso há 12 anos, graças a Deus. A nossa região não tem bombeiro; o bombeiro mais perto fica acho que a 70 quilômetros, em Belo Horizonte ou Itabira. Nós já temos um estudo lá, com o SEVOR mesmo, de criar um bombeiro lá. Então, nos gostaríamos de agradecer muito. E nos colocamos à disposição da Comissão. No que pudermos ajudar, Deputado Dr. Grilo, nós estamos às ordens. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Nós é que agradecemos ao Sr. Humberto Guimarães. Agradecemos a todos os integrantes do Serviço Voluntário de Resgate. Nós sabemos da dificuldade da BR-381. Eu passo lá sempre. Nós presenciamos ali, quase diariamente, acidentes gravíssimos — aqui nós estamos discutindo a duplicação da BR-381 —; isso mostra a falta de investimentos em 49 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 infraestrutura no País. Eu acho que já passou da hora de nós fazermos a duplicação da BR-381. Lá o número de acidentes é enorme. Nós não podemos ficar contabilizando acidentes ano após ano; nós vamos repetindo os números, são mortes atrás de mortes, famílias que acabam ali na rodovia. Quando vamos para essa rodovia, vamos com medo, porque é conhecida como Rodovia da Morte. Então, é muito importante esse trabalho que é realizado, suprindo essa lacuna, exatamente devido à falta de investimento. O SR. HUMBERTO GUIMARÃES - Quero só abrir um parêntese. Eu estava até comentando com o Campolina como é que são as coisas. No domingo, na hora do jogo do Brasil, eu estava de plantão, em casa. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - E eu estava na BR. O SR. HUMBERTO GUIMARÃES - Eu estava com o carro. A gente vai com o carro para casa, fica com a ambulância em casa, aí a central comunica, e a gente vai. O impressionante é que, na hora em que o juiz apitou, o telefone tocou: um acidente na rodovia. Nós ficamos o período todo do jogo na rodovia atendendo. Na hora em que a final terminou, nós terminamos o nosso atendimento. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Vamos abrir uma exceção. O Vereador Adenilson Rubim, de Três Marias, pediu a palavra para fazer um questionamento. Como esta Comissão procura ser a mais democrática e a mais participativa da Câmara, nós não poderíamos encerrar a reunião sem abrir a palavra ao Vereador Adenilson. O SR. ADENILSON RUBIM - Primeiramente, gostaria de agradecer à Mesa, ao Deputado Dr. Grilo. Citaram o art. 144 da Constituição Federal, e eu até concordo, porque o tempo todo ele só fala dos bombeiros militares. Alguns Municípios estão usando, entre aspas, a “artimanha” de criar as guardas municipais, e a gente sabe de algum Município que usou a guarda municipal como guarnição e corporação de corpo de bombeiros civis. Alguém da Mesa pode falar a respeito de uma experiência como esta? Alguém da Mesa conhece uma experiência como esta? Principalmente o Sr. Edison, do Sul, e o Sr. Neyff poderiam nos informar se conhecem alguma experiência dessas, em que Municípios usaram a Lei Orgânica. Eu, por exemplo, fui Relator da 50 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Lei Orgânica do Município. Lá, fala-se na criação da guarda municipal. Gostaria de saber se é possível, através dessa guarda municipal, incorporarmos o bombeiro civil. Gostaria de saber se eles têm alguma experiência com relação a isso. O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Caro Vereador, como eu tinha dito há pouco, tudo neste País é lei. Hoje existe uma lei que criou a profissão de bombeiro civil. Qualquer outra atividade, qualquer outro profissional que vá atuar na situação do bombeiro civil, tecnicamente, está no exercício ilegal da profissão. Recentemente, nós vimos o projeto do Estatuto da Segurança Privada querendo criar a situação do vigilante brigadista. Nós colocamos aqui e já está aprovada a criação de corpos de bombeiro civis municipais. Basta fazer o projeto de lei e aprovar. Nada impede. Se o senhor é Vereador, faça o projeto de lei. Criou o projeto de lei, não existe nada que impeça. Da mesma forma que as Prefeituras têm guarda municipal, uma CTTU, que diz respeito ao trânsito, só falta criar o bombeiro. Aí, cria-se a Secretaria de Defesa Social Municipal, e está resolvida a questão. O SR. ADENILSON RUBIM - Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Gostaria de passar a palavra ao Sr. Dionei Walter da Silva, último inscrito. O SR. DIONEI WALTER DA SILVA - Complementando essa resposta, o Estado de São Paulo tem um modelo que é o bombeiro municipal — uma autarquia, na verdade, um departamento dentro de uma secretaria. São funcionários públicos, e não bombeiros civis. É um corpo de bombeiros municipal. Se não me engano, quase 20 Municípios estão realizando essa experiência, que é um pouco diferente da que está sendo discutida aqui, mas é uma alternativa que os Prefeitos encontram para suprir a falta de bombeiros no País. O SR. EDISON EDUARDO ROTHER - Só para complementar — o Vereador pediu tanto ao Neyff como a mim —, eu acho que é bem pertinente a sua pergunta, mas eu vou lhe dizer que o senhor usou um exemplo bem importante. A guarda municipal está prevista na Constituição Federal. Fazendo esse do bombeiro municipal, vai bater no art. 144, no qual — eu havia comentado antes — a gente tem que mexer. O SR. PRESIDENTE (Deputado Dr. Grilo) - Eu acho que, quando falamos da guarda municipal, nós temos que deixar bem claro que o intuito da criação da 51 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 guarda municipal foi exatamente o de zelar pelo patrimônio dos Municípios. Aí, nós temos exatamente que promover uma alteração no art. 144, readequá-lo, para possibilitar que os Municípios se estruturem e façam uma nova contratação das guardas municipais voltadas para prestar esse serviço de que a população tanto necessita. Acho que de tudo que foi dito aqui, fica claro que falta muito investimento nos Corpos de Bombeiros de todo o Brasil, tanto no setor público, quanto no setor privado. Então, nós temos cada vez mais que valorizar os bombeiros no Brasil. E não podemos deixar de repetir o que foi dito aqui anteriormente: só no Estado de Minas, de 2005 a 2012, com a taxa de incêndio, que foi criada pela Lei 14.938, foram arrecadados 360 milhões de reais. E pouco desse valor foi realmente destinado para o combate a incêndio ou foi destinado tanto para as corporações públicas quanto para os bombeiros civis. Nós gostaríamos que de fato fosse destinado. Não foi integralmente destinado esse valor, que foi arrecadado com esse intuito, para os bombeiros. Então, fica o questionamento: para onde está indo todo esse dinheiro? Acho que realmente deveria haver uma valorização tanto do bombeiro civil quanto do bombeiro militar, para que realmente houvesse uma valorização e um combate de toda essa mazela que existe nessa área. Nós estamos encerrando agora, porque senão vamos reabrir aqui o debate. Então, fica esse questionamento: para onde está indo todo esse dinheiro? E foi até questionada a constitucionalidade da cobrança dessa taxa. Porque toda taxa pressupõe um serviço, e aí vem todo um questionamento, em que é cobrada uma taxa da pessoa, sendo que na realidade está sendo cobrado um imposto da pessoa, sem estar realmente sendo prestado um serviço. Há algumas cidades no interior de Minas que sequer têm uma corporação do Corpo de Bombeiros, e todos os comerciantes são obrigados a pagar essa taxa. Então, nós temos que começar a cobrar realmente maior investimento do Governo nas corporações de bombeiros de todo o Brasil. Agradeço todos por suas presenças e as suas importantes contribuições. Informo que todo o conteúdo dessa audiência foi gravado e será disponibilizado em áudio e vídeo na página da Comissão promotora deste evento: www.camara.leg.br/clp. 52 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Comissão de Legislação Participativa Número: 0864/13 COM REDAÇÃO FINAL 02/07/2013 Nada mais havendo a tratar, vou encerrar o presente seminário. Antes, porém, convido todos os presentes para o V Seminário dos Guardas Municipais e Segurança Pública, que será realizado amanhã, dia 3 de julho, quarta-feira, às 9 horas, no Auditório Nereu Ramos, nesta Câmara dos Deputados. Está encerrado o seminário. Muito obrigado a todos. (Palmas.) 53