ROSA E PRETO DESBOTAM NO VÔLEI 25/02/2005 Fonte: http://oglobo.globo.com/jornal/ Cláudio Nogueira A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) se rendeu na queda de braço que vinha travando com o Banco do Brasil. Depois que o BB — que investe cerca de R$ 25 milhões anualmente na entidade — manifestou publicamente seu desagrado com a decisão da entidade de usar as cores preta e rosa nos uniformes das seleções nacionais de vôlei, a CBV anunciou ontem, em nota conjunta redigida pela assessoria de imprensa do banco, que desistiu das modificações no que diz respeito às cores e à disposição da logomarca do patrocinador nas camisas. O diretor de marketing do BB, Henrique Pizzolato, reafirmou ontem que não deixaria de fazer prevalecer os direitos do banco. — Preservamos as cores nacionais e a cláusula do contrato (de que qualquer mudança no uniforme tem de ser autorizada pelo BB). Contrato assinado tem de ser cumprido. Está superada a crise. Vamos continuar apoiando o vôlei e outros esportes. Se o contrato for descumprido, não tem conversa. O rosa e o preto desbotaram. Não podem ser usados nem em treinos — ironizou. Crise começa com desfile no MAM A nota foi divulgada ontem, no início da noite, ao final da reunião que durou quase três horas, na sede do banco, em Brasília. O presidente da CBV, Ary Graça, não deu entrevistas. Ele esteve na reunião acompanhado dos gerentes de seleções, Paulo Márcio Nunes da Costa; de Eventos, Fábio Azevedo; e de Marketing, Flávia Cattapan. Pelo banco, estiveram os gerentes de Marketing Institucional, Carlos Neto, e de Marca, Rogério Souza. A crise mais grave dos 15 anos de parceria entre o BB e a CBV teve início no último dia 16, quando a entidade apresentou os novos uniformes, em desfile no Museu de Arte Moderna, no Rio, do qual participaram o apresentador Luciano Huck e a atriz Daniele Winits. Dois dias depois, Pizzolato deixaria claro que a CBV havia feito uma consulta anterior, mas o banco não aprovara as inovações. Segundo Pizzolato, os novos modelos tinham sido enviados ao BB dois meses antes, mas não foram aceitos. — Esta foi a crise mais grave que tivemos com a CBV, porque, para se usar a marca do Banco do Brasil, tem de se ter a autorização do banco. Havia problemas não só pelas cores, mas pelo tamanho da marca, diagramação (posição dos logotipos nos uniformes) e também com relação à superposição de cores — explicou o diretor do BB. Pizzolato não participou da reunião, mas contou que o encontro foi solicitado pela CBV, anteontem: — Eles (dirigentes da CBV) reconheceram os direitos de propriedade do banco sobre sua marca. Concordaram em usar os uniformes com as cores nacionais e, com isso, foram consideradas superadas as divergências. O que queríamos eram nossos direitos preservados. O diretor não teme que o banco fique com a marca de conservador, por ter impedido as mudanças. — A população estava a nosso favor, porque estávamos honrando as cores nacionais, e cumprir contrato é algo que se tem de fazer. O que queremos são medalhas e exemplos. Por isso, queremos manter o patrocínio — declarou. No último dia 16, durante o lançamento dos uniformes, o presidente da CBV, Ary Graça, comentara as inovações em tom de provocação: — Os mais conservadores terão de se acostumar. Ontem, porém, a confederação teve de voltar atrás em seu ponto de vista. Na ocasião, Pizzolato já havia contestado essas afirmações do presidente da CBV, dizendo: — Em toda a nação, há uma campanha de auto-estima por parte do brasileiro. Esta mudança (nos uniformes da seleção de vôlei) está na contramão da história! Os brasileiros estão cada vez mais orgulhosos de suas cores. Surpreende a vergonha de ser brasileiro. A Olympikus também divulgou uma nota, ontem à noite, na qual reafirmou que irá vender as camisas preta e rosa, não oficiais. O texto é de Paulo Santana, diretor de Marketing da Calçados Azaléia (detentora da marca Olympikus). “Com a decisão da CBV de manter a exclusividade do verde, amarelo, azul e branco, a Olympikus fornecerá às seleções brasileiras de vôlei os novos uniformes nessas cores, com o design arrojado e a tecnologia propostos. Estas camisas oficiais estarão à venda nas lojas. Versões não oficiais nas cores rosa e preto também serão vendidas na coleção Street 2005 da Olympikus”. Segundo garantiu a assessoria de imprensa da Olympikus, as camisas preta e rosa a serem vendidas não terão os símbolos da CBV, do BB nem vinculação com o vôlei.