XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA DO USO E
COBERTURA DA TERRA DA ÁREA DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL DA BARRA DO RIO MAMANGUAPE-PB
Iara dos Santos Medeiros – Universidade Federal da Paraíba, DEMA, Rio Tinto, PB. [email protected]
Yara Iris França de Souza – Universidade Federal da Paraíba, DEMA, Rio Tinto, PB.
Nadjacleia Vilar Almeida – Universidade Federal da Paraíba, DEMA, Rio Tinto, PB.
INTRODUÇÃO
As Áreas de Proteção Ambiental (APAs) são unidades de uso sustentável que visam conciliar a conservação da
natureza com o uso sustentável dos recursos naturais. Permitindo atividades que envolvem coleta e uso dos
recursos naturais, mas devem ser praticadas de forma que a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos
processos ecológicos esteja assegurada (MMA, 2015). Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) tem um
papel muito importante, tendo em vista que por meio destes é possível analisar áreas extensas através de imagens
de satélite. A classificação supervisionada é uma das ferramentas de Sensoriamento Remoto e permite classificar
uma área quanto a seus diferentes usos e cobertura da terra.Identificar e classificar os diferentes tipos de uso e
cobertura da terra, bem como sua espacialização e distribuição dentro dos limites da Unidade de Conservação (UC)
é de suma importância para o planejamento e gestão da UC.
OBJETIVO
Classificar os diferentes tipos de uso da terra e de cobertura vegetal na APA da Barra do Rio Mamanguape.
METODOLOGIA
Área de Estudo: A área de estudo abrange a APA da Barra do Rio Mamanguape, situada na mesorregião da zona da
mata, litoral norte do Estado da Paraíba, entre as coordenadas geográficas de 6°45’ a 6°50’S e 34°56’ a 35°W.
Limita-se ao norte com os municípios de Marcação e Baía da Traição, a oeste com o município de Rio Tinto, ao sul
com o município de Lucena e a leste com o Oceano Atlântico (ICMBIO, 2015).
Coleta de Dados: Para realizar a classificação supervisionada do uso da terra utilizou-se uma imagem LANDSAT 7
com resolução espacial de 30x30m, datada de 04 de agosto de 2001, disponibilizada pelo Instituto de Pesquisas
Espaciais (INPE). Em seguida, a imagem obtida foi processada no software QGIS 2.0, recortada segundo o limite
da APA e, posteriormente, seguindo o método de classificação supervisionada foram criadas amostras de
assinaturas espectrais para classificação das formas de uso e da cobertura da terra através da ferramenta SemiAutomatic Classification. Após a classificação supervisionada, gerou-se um mapa temático de uso e cobertura da
terra e suas respectivas classes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram identificadas seis classes principais de uso e cobertura da terra, sendo estas: Vegetação Árbórea-arbustiva,
Agricultura, Mangue, Solo Exposto, Corpos Hídricos e Oceano.
Dentre estas, o Mangue foi a classe quantitativamente mais representativa, ocupando uma área de 49,28 km2,
localizada, principalmente, no entorno do rio com o qual se encontra na parte central da APA. O Oceano está a
leste da unidade, influenciando de forma direta o rio e sendo igualmente influenciado por este, ocupando uma área
de 34,33 km2. A Vegetação Arbórea-arbustiva corresponde à restinga, mata ciliar e fragmentos de mata, estando
distribuídas por quase toda a área, totalizando 24,99 km2. O Solo Exposto corresponde à zona urbana,
comunidades, praia e áreas desmatadas, ocupando uma área total de 8,4 km2. Os Corpos Hídricos correspondem às
lagoas, lagos e rios, abrangendo uma área de 9,42 km2. A Agricultura é composta por vários tipos de culturas
como: feijão, macaxeira e bananeira; mas, predomina a monocultura de cana-de-açúcar, ocupando uma área de
13,44 km2. Esta classe também está bem distribuída, entretanto aparece em menor proporção se comparada às
outras.
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É importante salientar que, em função da quantidade de nuvens e da resolução da imagem LANDSAT 7 utilizada, a
classificação realizada no software QGIS 2.0 apresentou algumas confusões. Assim, algumas sombras de nuvem
foram identificadas como Corpos Hídricos, a nuvem como Solo Exposto e a vegetação rasteira como Agricultura.
Essa imprecisão nos possibilitou apenas uma aproximação da extensão real das classes de uso e cobertura vegetal.
Assis (2014) identificou e classificou as classes de paisagem da APA da Barra do Rio Mamanguape utilizando
imagens do satélite RapidEYE de julho de 2011 com resolução de 5x5m. Ao analisar as classes de paisagem o
referido autor identificou 16 classes de uso/ocupação da terra e de cobertura vegetal, sendo essas: Apicum, Recife
de Arenito, Oceano Atlântico, Monocultura, Ilhas Fluviais, Corpos D’água, Carcinicultura, Restinga, Cultura
Permanente, Áreas Úmidas, Mata Ciliar, Tabuleiro Costeiro, Fragmento de Mata, Uso Múltiplo, Zona Urbana e
Mangue.
Comparando a classificação realizada nessa pesquisa (2001) com os dados obtidos por Assis (2011), observa-se
uma redução na área total ocupada por cada classe entre os anos de 2001 e 2011. Desde que, Assis (2014)
identificou que a Vegetação Árbórea Arbustiva, a qual ele subdividiu em três classes: Restinga, Mata Ciliar e
Fragmentos de Mata, corresponde à 12,25 km2. Para a Agricultura, a qual ele classificou como Monocultura,
possui 6,79 km2. O Mangue possui 48,23 km2, ocupando 32,23% da APA. Solo exposto, classificado pelo autor
em duas classes distintas, estas: Uso Múltiplo e Zona Urbana, totalizou 21,60 km2. Para Corpos Hídricos,
classificada como Corpos D’água, esta totaliza 12,59 km2. E Oceano Atlântico, abrange 31,04 km2, ocupando
20,72% da área total da APA.
CONCLUSÃO
No intervalo de 10 anos (entre 2001 e 2011) houve uma redução na área total ocupada por quatro classes: Mangue,
Oceano, Vegetação Árbórea-arbustiva e Agricultura; e um aumento em duas classes: Solo Exposto e Corpos
Hídricos. O que pode estar relacionado às intervenções antrópicas como o processo de expansão da área urbana, o
aumento da monocultura de cana-de-açúcar, desmatamento, dentre outras. Assim como, ao fato de que as imagens
LANDSAT 7 e RapidEYE possuem escalas e resoluções distintas, e a quantidade de classes de paisagem
identificadas em cada trabalho (6 em 2001 e 16 em 2011). Tais fatores inviabilizaram um resultado mais detalhado
e preciso da área ocupada por cada classe na APA.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, N. V. 2006. Proposta de Zoneamento Ecológico Econômico para a Área de Proteção Ambiental (APA)
Estadual de Tambaba–Paraíba. Dissertação de Mestrado. PRODEMA/UFPB. João Pessoa, PB.
ASSIS, H. Y. E. G. 2014. Análise das classes de paisagem da APA da Barra do Rio Mamanguape-PB. Monografia
(Graduação). UFPB/CCAE. Rio Tinto, PB.
CORDEIRO, L.M.M. 2014. Diagnóstico geoambiental e ecodinâmico da microbacia hidrográfica do riacho Santa
Luzia no município de Soledade-PB. Monografia (Graduação). UFPB/CCAE. Rio Tinto, PB.
ICMBIO – INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Disponível em: .
Acesso em: abril de 2015.
INPE – Instituto de Pesquisas Espaciais. Disponível em: . Acesso em: abril de 2015.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Disponível em: . Acesso em: abril de 2015.
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