Á R E A 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António A A Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António foi criada em 27 de Março de 1975 (Dec. Nº162/75), devido ao elevado interesse biológico da área. É a nível ornitológico que esta área protegida se destaca, tendo-lhe sido atribuídos diversos estatutos de protecção internacional em virtude da sua importância: é Zona de Protecção Especial (Directiva Aves; Dec. Lei nº 384-B/99, de 23 de Setembro); pertence à Rede NATURA 2000 (sítio Ria Formosa/ Castro Marim); Directiva Habitats; Resolução de Conselho de Ministros nº 142/97, Perna-longa (Himantopus himantopus) 63 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António de 28 de Agosto); Zona Húmida de Importância Internacional desde 1996 (Convenção sobre Zonas Húmidas; Ramsar 1971). A Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António localiza-se no Sotavento Algarvio, perto da foz do Rio Guadiana, abrangendo uma área aproximada de 2000 hectares, integrada nos dois concelhos que lhe dão o nome. A unidade ecológica mais representativa da Reserva Natural é a zona húmida, formada essencialmente por sapais e salinas. Esta vasta planície aluvial ocupa cerca de dois terços da Área Protegida e constitui um habitat fundamental para milhares de aves aquáticas que nela encontram excelentes condições de nidificação e invernada, destacando-se ainda como local de abrigo e reprodução para numerosas espécies de peixes, moluscos e crustáceos. Da planície emergem algumas colinas de uso maioritariamente agrícola, dominadas por extensos alfarrobais. Nestas zonas mais secas e elevadas predominam as aves terrestres, encontrando-se Passeriformes e rapinas. O Sapal é o habitat característico da Reserva Natural: vasta planície de solos de aluvião, dominada por vegetação halófita que suporta condições extremas de salinidade e encharcamento periódico pela água das marés. Os sapais encontram-se tipicamente junto aos estuários dos grandes rios, constituindo sistemas intermédios entre o meio aquático e terrestre que albergam uma fauna e flora característica e diversa. Têm um elevado valor natural, sendo dos biótopos de maior produtividade do planeta. Significa isto que a biomassa produzida no sapal e transferida para a cadeia alimentar é muito elevada, possibilitando assim a presença de inúmeras espécies faunísticas que aqui encontram excelentes condições para o seu desenvolvimento. 64 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Nos esteiros de Castro Marim foram identificados, até ao momento, seis espécies de crustáceos como os caranguejo-cavaterra (Uca tangeri) e furta-camisas (Pachygrapsus marmoratus), o camarão-de-Monte-Gordo (Penaeus kerathurus) e o camarãobranco (Palaemon serratus). É de salientar a variedade apreciável de moluscos bivalves (três dezenas), nesta área, dos quais referiremos apenas de entre os mais comuns: o berbigão (Cardium edule), a amêijoa branca (Spisula solida), e o lingueirão (Ensis siliqua). As zonas alagadiças são o habitat de eleição dos anfíbios, grandes consumidores de insectos que proliferam nos sapais, dos quais se destacam a rã-verde (Rana perezi), o sapo (Bufo bufo), e o tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai), sapo-parteiro-ibérico (Alytes cistemasii) e que são endemismos ibéricos. Cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix) 65 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Vários répteis partilham o habitat com os anfíbios, tendo-se identificado vinte e três espécies na área da Reserva Natural, sendo os mais comuns a osga (Tarentola mauritanica), a lagartixa-domato (Psammodromus algirus), cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), cágado–de-carapaça-estriada (Emys orbicularis), cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa), cobra-de-águade-colar (Natrix natrix) e cobraPerna-longa de-água-viperina (Natrix maura). (Himantopus himantopus) Do ponto de vista ornitológico, a área da Reserva Natural assume particular importância, pela sua vasta zona húmida de sapais, salinas, charcos, valas, riachos e do próprio rio Guadiana, que constituem importantes habitats para a avifauna. Pela sua importância ornitológica esta área foi classificada como Zona de Especial Protecção para as aves no âmbito da Directiva 79/ 409/CEE (substituída pela Directiva 91/244/CEE), Biótopo Corine e Important Bird Área in Europe, integra a rede Natura 2000 e está abrangida pela Convention on Wetlands of Internacional Importance especially as Waterfowl Habitat-Convenção de RAMSAR. A grande maioria das aves que povoam a Reserva Natural é aquática, predominando as espécies limícolas, aves que utilizam o seu bico comprido para remexer o lodo ou o limo à procura de alimentos. Alcaravão (Burhinus oedicnemus) 66 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Destacamos entre estas algumas residentes como o borrelho-decoleira-interrompida (Charadrius alexandrinus), o alfaiate (Recurvirostra avosetta), o perna-longa (Himantopus himantopus) e a cegonha branca (Ciconia ciconia); merecem igualmente destaque outras aves residentes como a garça-boieira (Bubulcus ibis) e a garça-branca pequena (Egretta garzetta). Com a Primavera (Março) chegam as aves estivais. Vêm para nidificar e encontram nesta área protegida as condições de alimentação e tranquilidade propícias. Citamos como exemplo a andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons). De entre as espécies invernantes, que aqui permanecem de Outubro a Março, podemos destacar o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), o perna-vermelho (Tringa totanus), o pilritopequeno (Calidris minuta), a garça-real (Ardea cinerea), o colhereiro (Platalea leucorodia), o flamingo-comum (Phoenicopterus ruber), o galeirão-comum (Fulica atra). Outro grupo bastante numeroso é o dos anatídeos. Podemos encontrar cerca de dez espécies diferentes, sendo as mais comuns o arrabio (Anas acuta), o marrequinho-comum (Anas crecca), o patotrombeteiro (Anas clypeata) e o pato-real (Anas platyrhynchos). De mencionar também o corvo-marinho (Phalacrocorax carbo), espécie cuja população tem vindo gradualmente a aumentar. Foi possível recensear doze mamíferos entre os quais salientamos: o ouriço-cacheiro (Erinaceus europeus), o morcego (Pipistrellus pipistrellus), a geneta (Genetta genetta), a raposa (Vulpes vulpes), o saca-rabos (Herpestes ichneumon), a doninha (Mustela nivalis), a lebre (Lepus capensis), rato-do-campo coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). Embora de forma irregular pode observar-se a presença da lontra (Lutra lutra), quer nos esteiros mais interiores da Reserva Natural, quer nas zonas de sapal marginais ao rio Guadiana. 67 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Itinerário 13: Castro Marim Percurso do Sapal de Venta moinhos Distância: Duração: Meio recomendado: Unidades ambientais: 7 km 3 horas • A Pé • Bicicleta BTT • Sapal • Salinas • Lagoas Percurso Acesso ao centro de Interpretação e sede: a partir do IP1 (Via do Infante), sair em direcção a Beja; circulando pela EN 122 no sentido Castro Marim – Beja, após a saída para a ponte internacional do Guadiana, virar à direita no primeiro cruzamento, direcção “Reserva Natural”. Melhor altura – todo o ano; O percurso coincide com o caminho de acesso ao Centro de Interpretação da Reserva Natural e para Norte deste, até ao Rio 68 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Guadiana. O circuito interpretativo inicia a Sul do edifício permitindo observar, numa pequena caminhada, os diferentes habitats existentes nesta zona húmida: sapais, salinas, lagoas permanentes e temporárias. Seis painéis apoiam a interpretação dos valores naturais e culturais do percurso. A luneta situada junto à eira permite observar a avifauna que se concentra nas lagoas. Em geral é possível ver um elevado número de aves aquáticas, que variam conforme a estação do ano: galeirões, mergulhões, casais de pato-real, diferentes espécies de garças, limícolas. Dirija-se a Castro Marim, e não deixe de visitar esta vila, onde ainda são frequentes as casas tradicionais, encimadas ou não pelas famosas platibandas algarvias. Suba ao Castelo medieval, excelente mirante sobre a foz do Guadiana e as salinas tradicionais que se estendem a Este. A Sudoeste ergue-se o Forte de S. Sebastião construído em meados do séc. XVII, de onde se podem apreciar as salinas industriais. Garça-vermelha (Ardea purpurea) 69 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Itinerário 14: Castro Marim Percurso das Salinas Tradicionais Distância: Duração: Meio recomendado: Unidades ambientais: 3,6 km 2 horas A pé Salinas Percurso Acessos: estacione junto ao parque infantil de Castro Marim. Suba a rua à direita e atravesse a passagem aérea onde encontrará, no caminho à esquerda, a placa de início do percurso. Melhor época - Primavera/Verão para observar os trabalhos nas salinas. Com tempo de chuva não deverá ir além do caminho empedrado que conduz ao cais. As salinas tradicionais são constituídas por viveiros e marinhas de pequenas dimensões, com grande diversidade no seu traçado de tanques compartimentados desde o esteiro de abastecimento até aos “talhos” (pequenas quadrículas onde se forma o sal), aquecendo e evaporando progressivamente ao longo do percurso. 70 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António A temporada do sal tem início na Primavera, com a limpeza das marinhas. Em meados de Junho estas cobrem-se de branco e a primeira raza está pronta a ser colhida. Este sal encontra-se certificado e deve a sua qualidade às características naturais da área e à utilização de técnicas artesanais. Perdiz-do-mar (Glareola pranticola) 71 ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Itinerário 15: Castro Marim Percurso do Cerro do Bufo Distância: Duração: Meio recomendado: Unidades ambientais: 72 10,5 km (6 km por caminho rural e 4,5 km por estrada) 4,5 horas (a pé) • A Pé • Bicicleta BTT • Salinas • Sapal ÁREA 3 Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António Percurso Acessos: de Castro Marim, tomar a EN125-6 e após passar a ponte metálica vire no primeiro caminho rural à esquerda, onde encontrará a placa de início do percurso. Melhor época: Todo o ano, excepto em tempo de chuva, que torna o percurso impraticável. O percurso desenvolve-se entre a planície aluvial e as encostas arborizadas. Sucedem-se as salinas, os sapais e o esteiro da carrasqueira, de um lado, e as culturas agrícolas, do outro. As aves são uma presença constante em ambas as unidades ecológicas. Os flamingos, os galeirões e as limícolas ocorrem nas zonas húmidas. As cegonhas também as frequentam, mas preferem nidificar nas árvores da zona baixa, habitat natural de diversos passeriformes e rapinas. 73