Conheça o Mestre
“Queres Mesmo Ser Curado?”
(João 5:1–16)
Em João 5 Jesus fez uma pergunta estranha.
Ele caminhou até um doente e perguntou-lhe:
“Queres ser curado?” (v. 6). O versículo 5 relata
que o homem era doente há trinta e oito anos – e
Jesus perguntou-lhe se ele realmente queria ficar
bom!
À primeira vista, essas palavras se comparam
com certas perguntas feitas hoje. Por exemplo:
um homem se aproxima de um acidente de
automóvel. Ele caminha até o veículo que
está completamente destruído. Dentro há
um indivíduo em terrível estado, com cortes
sangrando na cabeça, e os membros contorcidos
em posição contrária à natureza. Então, o homem
pergunta: “Tudo bem?” Ou: uma mulher vai a
um quarto de hospital. Seu amigo está todo
enfaixado da cabeça aos pés, o rosto transfigurado
de dor. Inúmeros tubos e fios saem do seu corpo
conectados a máquinas que enchem o quarto. A
mulher, então, pergunta: “Está doendo?”
Para tornar as ilustrações mais pessoais:
suponha que esteja se sentindo mal e alguém
chega e lhe diz: “Você gostaria de sentir-se
melhor?” Ou suponha que alguém menciona uma
pessoa com quem você teve uma desavença e
pergunta: “Você gostaria de se dar bem com o
Fulano?” Ou, que tal se o seu casamento ou lar
não está como deveria estar e alguém lhe diz:
“Você gostaria que o seu casamento estivesse
melhor, e o seu lar, mais feliz?” Ou você está
sendo corroído pela culpa, e alguém lhe chega
dizendo: “Você gostaria de se sentir aliviado
dessa culpa?”
Sua reação inicial provavelmente seria: “Que
pergunta estranha! É claro que eu quero me
sentir melhor (ou me dar bem com alguém, ou
ter um casamento e lar melhor, ou ficar livre da
culpa). Estranho você perguntar isso! Todos nós
queremos essas coisas!... Ou, será que queremos?
Reserve essa pergunta no fundo da sua
memória, enquanto estudamos João 5:1–16.
Jesus havia começado seu ministério na
Galiléia. Uma vertente desse ministério era a
cura dos doentes. Quando Jesus ensinava e
curava as pessoas, duas coisas aconteciam: 1) as
multidões começavam a aumentar e 2) a oposição
começava a aumentar. Nesta lição, estudaremos
um caso de cura e a oposição que isso levantou.
À medida que prosseguirmos na história, vamos
explorar a estranha pergunta que Jesus fez:
“Queres [mesmo] ser curado?”
JESUS CUROU UM HOMEM NUM
TANQUE
Vejamos primeiro a cura do homem no
tanque de Betesda. Gostaria de expor que esta,
na verdade, foi uma cura tripla.
A Cura do Corpo (João 5:1–6)
O capítulo 5 começa assim: “Passadas estas
coisas, havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu
para Jerusalém” (v. 1). Já que houve “uma festa”,
1
em vez de “a festa”,1 deve tratar-se de uma das
festas judaicas menores, das quais os judeus não
eram obrigados a participar. Diferentemente de
algumas pessoas dos nossos dias, que só vão aos
cultos “quando são obrigadas”, Jesus gostava de
ir adorar!2
“Ora, existe ali, junto à Porta das Ovelhas,
um tanque, chamado em hebraico Betesda, o
qual tem cinco pavilhões” (v. 2). A palavra
“porta” foi acrescentada pelos tradutores, pois o
texto original traz “junto à coisa das ovelhas”3
Talvez “a coisa das ovelhas” seja a “Porta das
Ovelhas” pela qual eram conduzidas as ovelhas
para sacrifício.
O tanque mencionado ainda existe hoje.
“Betesda” possivelmente significa “casa de
misericórdia”. “Os cinco pavilhões”4 eram áreas
cobertas às margens do tanque.
A cena que se segue é de partir o
coração: “Nestes [pavilhões], jazia uma
multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos”
(v. 3). O mau cheiro devia ser insuportável;
as circunstâncias, deprimentes. Os olhares,
sons, e cheiros deviam embrulhar os estômagos
delicados.
A esta altura, as seguintes palavras são
acrescentadas entre colchetes:
[esperando que se movesse a água. Porquanto
um anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o
primeiro que entrava no tanque, uma vez
agitada a água, sarava de qualquer doença que
tivesse] (v. 4)
Esta explicação não consta do manuscrito original, mas trata-se de um comentário feito por um
antigo escriba que assim interpretou o texto.5 O
trecho descreve uma superstição antiga que fazia
as pessoas se dirigirem àquele ponto
(veja v. 7). O tanque identificado como Betesda
era alimentado por nascentes subterrâneas.
Periodicamente a água borbulhava. Tudo indica
que o povo atribuía esse movimento da água a
um anjo.
“Estava ali um homem enfermo havia trinta
e oito anos” (v. 5). Podemos presumir com certeza
que este homem estivera doente durante a maior
parte de sua vida, senão toda a sua vida. Como
veremos no versículo 7, ele estava inválido; não
conseguia entrar na água sozinho. Ele estava
2
fraco demais, deformado demais ou paralisado
demais.
É este o cenário do versículo 6: “Jesus, vendoo deitado, e sabendo que estava assim há muito
tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado?”
Jesus fora ao tanque onde os enfermos estavam
reunidos com um propósito. Obviamente ele
não estava no alto de um mirante da cidade. Sem
sombra de dúvida, a compaixão O movera até lá.
Quando se achegou ao tanque, viu o homem
que estivera doente há trinta e oito anos deitado
ali. Por que Jesus decidiu curar esse homem?
De todos os que rodeavam o tanque, Jesus,
aparentemente, curou somente esse. Será que foi
porque esse era um caso do qual ninguém
levantaria dúvidas? Será que foi porque não
havia esperança para o caso desse homem, e
Jesus era a esperança dos desesperados, a ajuda
dos desamparados? Ou porque o homem não
tinha amigos (v. 7) 6 e Jesus era o amigo dos que
não têm amigos? (Talvez Jesus fosse como uma
criança a quem se pediu que escolhesse um filhote
de cachorro. A criança vê o menorzinho
sendo empurrado para trás pelos outros filhotes,
maiores e mais fortes, e acaba pegando esse
menor.)
Não importa o motivo de Jesus, Ele olhou
para o homem, sabendo que “ele estava naquela
situação há muito tempo” (trinta e oito anos para
ser exato), e perguntou-lhe: “Você deseja se
curar?”
Vamos debater um pouco essa pergunta. Por
que Jesus faria uma pergunta tão estranha?
Pare e pense nisto: É lastimável estar doente
por trinta e oito anos, mas sob um ponto-devista, o homem passava por isso com certa
facilidade. Alguém o levava todos os dias até o
tanque, ele ficava lá deitado sem qualquer
responsabilidade. Possivelmente recebia alguma
esmola. Alguém tomava as decisões por
ele; alguém fazia todo o trabalho. Ele estava
resignado a esse destino; e aceitara o inevitável.
O resto da sua vida, tal como era, já estava
traçado.
Por outro lado, o que aconteceria se ele, de
repente, fosse curado? Ele teria o fardo de fazer
a vida. Teria que entrar no competitivo mercado
de trabalho – sem as qualificações do mercado –
depois de não ter feito nada por trinta e oito
anos! Ele passaria a ter responsabilidades! Teria
que trabalhar, ser competitivo, tomar decisões.
Teria que encarar a possibilidade de cair na
miséria.
Jesus estava perguntando: “Tem certeza de
que você realmente quer isso? Você está pronto
para isso?”
Certas pessoas ficam acomodadas com a
doença. É possível o doente tirar proveito da
falta de saúde. Há quem goste de ser servido, de
receber atenção, de desculpar-se por não fazer o
que não queria mesmo fazer. Há quem use a
doença para manipular e controlar os outros.
A pergunta de Jesus não é tão estranha quanto
parece num primeiro momento.
A CURA DA MENTE (JOÃO 5:7–13)
Vamos nos aprofundar na pergunta. Jesus
conhecia todos os homens; Ele sabia em que
estavam pensando (cf. João 2:25). Mas Ele não
fez a pergunta em busca de uma reposta. Em vez
disso, Ele a fez para provocar o homem a olhar
para dentro si mesmo.7 Jesus não estava meramente
interessado na cura do corpo; Ele também estava
interessado na cura da mente. Ele queria que o
homem desenvolvesse atitudes mais saudáveis.
O homem tomou a pergunta de Jesus
como uma reprovação. Parece que ele entendeu
a pergunta assim: “Se você quer ser curado, por
que ainda não foi? Quando a água se mexeu,
por que não pulou nela para ser o primeiro?”
“Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho
ninguém que me ponha no tanque, quando a
água é agitada: pois, quando vou, desce outro
antes de mim” (v. 7).8
O tanque é fundo e não tem nenhuma parte
rasa, não dá pé. Um homem impossibilitado
de andar precisava de ajuda para entrar no
tanque. Quando a água borbulhava, era “cada
um por si”, e este homem não tinha chance.
Em vez de responder “sim” ou “não” à
pergunta de Jesus, o homem estava dizendo:
“Não tenho culpa por ainda estar doente! Não
tenho quem me ponha na água!” Quando
temos problemas, nunca a culpa é nossa, não é?
Freqüentemente pensamos que alguém nos
lesou. Talvez, como esse homem, precisemos
também de uma cirurgia psicológica.
Jesus não livrou o homem daquilo facilmente.
Ele queria operar uma cura múltipla: uma cura
da mente, além da cura do corpo. “Então, lhe
disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda”
(v. 8). Durante trinta e oito anos ele havia sido
carregado por sua cama; agora Jesus mandou
que ele carregasse a cama.
Espere um momento. Foi exatamente isso
que o homem disse não poder fazer! Se ele
pudesse andar, poderia ter entrado na água
primeiro. De fato, se o homem pudesse andar,
ele nem estaria ali junto ao tanque. Jesus estava
mandando o homem fazer o impossível. Ele
estava lhe perguntando: “Você quer ser curado o
bastante para tentar andar?”
Uma coisa em Jesus chamou a atenção do
homem. Não é que ele soubesse quem era Jesus
e tivesse fé que Ele podia curá-lo. Como vemos
no versículo 13, o homem não tinha idéia de
quem era Jesus. Tudo indica que o homem decidiu
tentar: “Imediatamente, o homem se viu curado
e, tomando o leito, pôs-se a andar” (v. 9 a). Como
todas as curas de Jesus, esta foi imediata,
completa e (como veremos) convincente.
Já sofri diversos ferimentos na minha vida,
que imobilizaram partes do meu corpo por meses,
e sei o efeito de não usar essas partes: perda
muscular, perda da mobilidade, etc. Imagine o
que trinta e oito anos de inutilização fizeram
ao corpo desse homem. Quando Jesus o curou,
os observadores puderam ver seu corpo ser
refeito e tornar-se firme novamente!
Não importa o
seu problema,
Jesus pode ajudá-lo,
se – se você permitir,
se você quiser
pagar o preço.
João, então, lança uma pequena nota: “E
aquele dia era sábado” (v. 9b). Teria Jesus
curado o homem num sábado para provocar um
confronto com Seus inimigos? Talvez. Em certa
3
ocasião, Ele fez isso (Mateus 12:1–14). Seria
mera coincidência Jesus ter curado no
sábado? Novamente, talvez. Indiferente a essas
possibilidades, João queria que soubéssemos que
era sábado, porque isto explica o que veio a
seguir.
Pense no alvoroço que se formou ao redor do
tanque, quando o homem se levantou e andou!
Alguns presentes, porém, não se alegraram: os
fariseus e outros líderes religiosos, os guardiões
das tradições. Não questionaram o fato de
ter ocorrido um milagre, mas estavam mais
preocupados com uma de suas regras humanas:
“Por isso, disseram os judeus ao que fora curado:
Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito”
(v.10). Isto não é triste? Nada disseram a respeito
da cura. Estavam infelizes porque um homem
fora curado. Disseram: “Você quebrou uma de
nossas tradições!”
A palavra “sábado” significa basicamente
“descanso”. Quando Deus criou o mundo, Ele
descansou no sétimo dia (Gênesis 2:1–3). Mais
tarde, o descanso do sétimo dia, chamado Sábado,
tornou-se parte dos Dez Mandamentos (Êxodo
20:8–11). O sábado era um dia especial para os
judeus. Era um dia de descanso, um dia de
adoração, um tempo para refletir em Deus, um
tempo para se alegrarem. Para garantir que o
sábado fosse observado, Deus impôs severas
punições para a violação dele. Em Números 15
um homem foi apedrejado até a morte por pegar
lenha no sábado. No Livro de Neemias, severo
castigo foi infligido por comercialização no
sábado.
As leis de Deus eram suficientemente estritas,
mas os homens não quiseram preservá-las
assim. Os fariseus ampliaram a lei do sábado,
acrescentando vinte e três capítulos de regras!
Muitas delas eram ridículas. Por exemplo, um
homem não podia morder as unhas da mão, pois
isso era considerado como trabalhar no sábado.
Várias leis feitas por homens tinham a ver com
carregar peso. Os rabis discutiam se alguém
poderia usar um dente ou uma perna artificial no
sábado, uma vez que se tratavam de pesos. Se
uma mulher, ao consertar uma túnica do marido,
acidentalmente deixasse uma agulha cravada
na roupa, e o marido a vestisse, ele estaria
pecando por carregar a agulha. (Entenda que
4
essas restrições não eram de Deus, mas foram
impostas por homens.9)
Uma dessas regras aplicava-se diretamente à
situação de João 5. Podia-se carregar um homem
numa cama, pois, conforme os rabinos, “a cama
era incidental” – mas não se podia carregar uma
cama sem um homem. Foi isto exatamente o que
Jesus mandou o homem fazer: “Levanta-te, toma
o teu leito [i.e., cama] e anda”.
Quando os fariseus disseram: “Hoje é sábado,
e não te é lícito carregar o leito” (v. 10), o homem
de fato replicou dizendo: “Não é minha culpa”.
(Como já dissera a Jesus: “Não tenho culpa por
não poder andar”. Agora, ele disse aos fariseus:
“Não tenho culpa por estar andando”.) “Ao que
lhes respondeu: O mesmo que me curou me
disse: Toma o teu leito e anda” (v. 11). Em outras
palavras: “Se este homem teve autoridade para
me curar, certamente Ele teve autoridade para
me mandar carregar minha cama!”
“Perguntaram-lhe eles: Quem é o homem
que te disse: Toma o teu leito e anda? Mas o que
fora curado não sabia quem era; porque Jesus se
havia retirado por haver muita gente naquele
lugar” (v. 12, 13). Observe o fato já mencionado
antes: o homem não tinha idéia de quem era
Jesus. Jesus o havia curado, e depois sumiu na
multidão.
Cura da Alma (João 5:14–16)
Jesus não terminou a conversa com o
homem: “Mais tarde, Jesus o encontrou no templo
[certamente estava lá para adorar a Deus pela
cura] e lhe disse: Olha, que já estás curado10; não
peques mais, para que não te suceda coisa pior”
(v. 14). A “pior” coisa de que Jesus falou poderia
ser uma doença pior, mas provavelmente referiase ao inferno. Por pior que a vida possa se tornar,
nada se compara ao fogo do inferno eterno.
Muitos comentaristas pensam que as palavras
de Jesus indicam que a doença do homem fora
resultado de pecado na vida dele. É possível. Em
João 9 Jesus esclarece que nem todas as doenças
são resultado de algum pecado pessoal – como
evidenciado pelo disseminado vírus HIV
e a atual epidemia de AIDS (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida). Nem todos que se
contaminaram pelo vírus pecaram, mas muitos
se contaminaram por causa de pecado sexual.
Também é possível que não tenha havido
nenhuma ligação entre pecado na vida do
homem e sua condição física. Talvez Jesus
quisesse simplesmente tratar do maior problema
do homem. O primeiro compromisso na agenda
de Jesus sempre foi a cura da alma, não do
corpo.11 (Um amigo meu12 sugere que Jesus tenha
dito: “Não peques mais” porque, durante trinta
e oito anos ele não pôde praticar atos censuráveis,
e agora estava planejando fazer tudo o que não
pôde enquanto estivera doente – incluindo o que
não devia!)
Qualquer que seja a intenção de Jesus ao usar
essas palavras: “Não peques mais”, uma verdade
é óbvia: Jesus estava mais preocupado com a
situação espiritual do homem. Se o corpo do
homem tinha sido curado, mas o relacionamento
com Deus permanecido errado, a cura física seria
de pouco valor. Jesus se preocupou com o corpo,
a mente e, acima de tudo, com a alma do homem.
O versículo 15 começa a finalizar a história:
“O homem retirou-se e disse aos judeus que fora
Jesus quem o havia curado”. Pode ser que ele
estivesse fofocando a respeito de Jesus, em
resposta à pergunta anteriormente feita pelos
judeus: “Quem... te disse: Toma o teu leito e
anda?” (v.12) Mas não acredito que ele estivesse.
Observe como foi seu testemunho. Ele não disse
que Jesus lhe dissera para pegar a cama e andar.
Em vez disso, disse-lhes que foi Jesus "quem o
havia curado” (v. 15). Agora ele cria em Jesus; de
modo que testemunhou o poder e a Pessoa do
seu Senhor! A alma desse homem havia sido
curada, juntamente com seu corpo e mente.
João encerrou a história com uma nota editorial: “E os judeus perseguiam Jesus, porque fazia
estas coisas no sábado” (v. 16).
JESUS PODE CURAR TODOS NÓS
Esse é o fim da história da cura do paralítico
no tanque, mas ainda não terminamos nosso
estudo do texto. Quero que pensemos num
segundo grupo presente na ocasião. A seguir,
faremos uma aplicação às nossas vidas.
A Pergunta para os Fariseus
Você já parou para pensar que Jesus também
poderia ter perguntado aos líderes judeus: “Vocês
querem mesmo ser curados?” Considere o
seguinte: Depois dos apóstolos de Jesus, quem
provavelmente viu mais de Seus milagres e ouviu
mais de Sua pregação do que os escribas e
fariseus? Eles eram os críticos de Jesus e O
seguiam por toda parte tentando surpreendê-lo
em algum erro, tentando encontrar algo com que
acusá-lO. Pouco antes do episódio que estivemos
estudando, eles estavam escondidos num campo
de trigo! Acusaram os discípulos de Jesus de
quebrarem o sábado, porque tinham colhido
espigas para comer (Mateus 12:1, 2).
Estes judeus tiveram todo tipo de oportunidade
para serem curados espiritualmente por Jesus. Há
anos a nação judaica estava esperando pelo
Messias. Eles tinham consciência das profecias a
respeito do Messias: como seria Ele e o que Ele
faria. Jesus cumpriu todas as profecias.
Clamavam: “Queremos que o Messias venha!
Queremos que Ele cure nossa nação!” Jesus
poderia ter perguntado: “Vocês têm certeza de
que querem ser curados?”
Na última parte de João 5, temos um dos
maiores discursos de Jesus, dirigido a esses
líderes judeus (vv. 19–47). Neste sermão, Jesus
reivindicou três coisas: 1) Ele era igual a Deus; 2)
Ele fazia as obras de Deus, e 3) Ele tinha o poder
de Deus. Ele deu vida espiritual (v. 21), Ele
ressuscitaria dentre os mortos (vv. 28, 29), e Ele
julgaria todos os homens (vv. 22, 23). Havia
verdade e provas suficientes no discurso para
salvar milhares.
Jesus poderia ter lhes perguntado: “Vocês
não querem ser curados de todas as suas doenças
espirituais?” Se Ele tivesse feito isso, a
provável resposta teria sido: “Sim... desde que
não implique abandonar nossas tradições e
preconceitos”. Em outras palavras: “Queremos –
desde que não precisemos pagar o preço!”
A Pergunta para Nós
Estamos prontos para ouvir a pergunta
dirigida a nós mesmos? Um aviso: pode
doer! Pode arder como uma picada! Pode ser
desconfortável! (Como meu pai costumava dizer,
garanto que vai doer mais em mim do que em
você!)
Você está acima do peso? Quer realmente
perder peso? Em outras palavras: está querendo
pagar o preço de fazer dieta e exercícios? (Como
5
dói ficar sem comer aquilo que queremos, quando
todos ao nosso redor estão, aparentemente,
comendo o que querem!)
Você se enquadra na categoria de tantos
outros hoje: não tem nenhum problema físico
grave, mas, ainda assim, sente-se mal?
Quer se sentir melhor? Além de alimentar-se
apropriadamente e praticar exercícios físicos,
está querendo repensar sua vida e refazer suas
prioridades, de maneira que possa descansar o
corpo, a mente e a alma? Em outras palavras,
está querendo pagar o preço para se sentir
melhor?
Existe alguém com quem você não se dá
bem? Quer mesmo melhorar seu relacionamento
com esse indivíduo? Está querendo pagar o
preço? Está querendo diminuir seu orgulho e
dizer: “Desculpe!”? Você consegue ser uma
pessoa tão grande a ponto de fazer o que é certo,
independentemente da outra pessoa fazer o que
é certo? Você consegue aprender a ser um servo?
Gostaria de ter um casamento melhor, um lar
mais feliz? Nós dizemos “sim”, mas ter tudo isso
geralmente envolve mudança da nossa parte... e
mudança envolve dor... e não queremos suportar
a dor.
Está cheio de culpa? Quer realmente se
livrar dessa culpa interior? Está querendo
humilhar-se à vista de Deus e submeter-se total
e completamente à Sua vontade? Está com o
coração abatido por causa dos seus pecados e
querendo mudar seu estilo de vida (a Bíblia
chama isso de “arrependimento”)? Se ainda não
foi batizado (imerso em água) para a remissão
dos pecados (Atos 2:38), está querendo fazê-lo
agora? Se você é um filho de Deus que pecou,
está querendo atirar-se à misericórdia de Deus
(1 João 1:9)? Se suas ações têm denegrido sua
influência, quer confessá-las publicamente
e começar de novo (Tiago 5:16)? Você está
querendo pagar o preço?
Não importa o seu problema, Jesus pode ajudálo, se – se você permitir, se você quiser pagar o
preço. Observe Jesus. Tente fazer o que é certo.
Quando o homem no tanque tentou, Jesus deulhe poder para levantar-se e andar. Confie em
Jesus para suprir aquilo que você não pode suprir.
6
Jesus pode curar nossos corpos, mentes e
almas.
CONCLUSÃO
Jesus sempre se preocupa mais com a alma.
Ele disse ao homem: “Não peques mais, para que
não te suceda coisa pior” (v. 14). Neste exato
momento, Jesus quer curar as nossas almas. Ele
nos chama para nos levantarmos e andarmos
com Ele. Entretanto, nós podemos permanecer
onde estamos. Quando Jesus disse ao homem:
“Levanta-te, toma o teu leito e anda”, o homem
não tinha de fazê-lo. Ele tinha uma escolha. Ele
podia ter permanecido deitado ali. Ele poderia
ter finalmente morrido naquele terrível estado.
Igualmente, quando Jesus nos chama, temos uma
escolha. Será mais confortável ficarmos em nossos
leitos sem fazer nada – mas se fizermos isso,
jamais seremos curados! A decisão é nossa.
Que Deus nos ajude a não sermos como os
fariseus. Que Ele nos ajude a deixarmos para trás
nossas tradições e preconceitos. Vamos nos
entregar ao Senhor. Ele vai nos curar!
Você quer mesmo ser curado? Sua reação é
que vai mostrar a sua resposta.
❖
NOTAS
11
Alguns manuscritos registram “a festa”. Se esta for
a versão correta, “a festa” provavelmente se refere à Páscoa.
12
Alguns diriam: “Jesus gostava de ‘ir à igreja’”.
13
A ERC traz “porta das ovelhas”.
14
São chamados de “alpendres” na ERC.
15
Estas palavras – todas ou parte delas – são encontradas em muitos manuscritos antigos, mas não nos mais
antigos e melhores.
16
Pelo menos, ele não tinha amigos que ficassem com
ele durante o dia (v. 7). É provável que alguém o ajudasse
a chegar até o tanque todos os dias.
17
Jesus também podia ter em mente a multidão –
talvez até os Seus críticos – ao falar.
18
A resposta do homem indica que havia alguma
superstição sobre os poderes curativos da água “agitada”.
As palavras do versículo 4 são uma explicação tão boa
quanto qualquer outra.
19
O Antigo Testamento diz para não carregarem carga
(Jeremias 17:19–27; Neemias 13:15–19), mas Neemias
13:15 esclarece que o comércio no sábado é que estava
primeiramente em questão.
10
O tempo verbal usado indica que era um estado
permanente.
11
Veja o artigo “Jesus É a Resposta”, na série “Conheça
o Mestre”.
12
David Denman.
A VIDA COM O MESTRE
“Quando conheci a Cristo, me senti como se
tivesse engolido o brilho do sol.”
E. Stanley Jones
“Uma das especialidades de Jesus é fazer
alguém surgir a partir de ninguém.”
Henrietta Mears
“Perguntou-se a um menino do interior que
diferença Cristo fizera em sua vida. Ele respondeu: ‘Eu me sinto melhor agora quando eu estou
mal, do que costumava me sentir quando estava
bem’.”
J. K. Gressett
“Alegria não é a ausência de problemas, mas
a presença de Cristo.”
William Vander Hoven
“A presença de Cristo coloca a dor em perspectiva.”
David L.Thompson
Autor: David Roper
Série: Conheça o Mestre
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3. Do You Want to Get Well?