040708
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PAÍS
Cavaco Silva em Alter do
Chão, Fronteira e Vila
Viçosa na sexta-feira
O Presidente da República,
Aníbal Cavaco Silva, deslocase sexta-feira a dois concelhos
do distrito de Portalegre, Alter do
Chão e Fronteira, terminando a
visita no Paço Ducal de Vila Viçosa (Évora).
O programa do Chefe de Estado, segundo a Presidência da
República, começa às 12:30, com
a chegada ao Castelo de Alter do
Chão, que reabre ao público no
mesmo dia, após 14 anos encerrado.
Na visita ao monumento, Cavaco Silva vai descerrar uma placa
comemorativa e apreciar uma exposição de escultura de Maria Leal
da Costa, almoçando de seguida
naquela vila do Norte Alentejano.
POLÍTICA
Alter do Chão
O Castelo de Alter do Chão, que
se encontrava totalmente degradado, sofreu obras de requalificação, no valor de quase 844 mil euros, e foi reconvertido em espaço
museológico.
Mandado construir por D. Pedro
I, em 1539, o castelo, é “uma das
pérolas da vila” alentejana, podendo constituir “um importante
veículo para atrair mais turistas” à
região.
Situado no centro da vila, o castelo, propriedade da Casa de Bragança, era utilizado como residência pelos monarcas daquela
dinastia (a última) aquando das
suas deslocações à região e distingue-se das outras fortalezas de
cariz militar por se encontrar num
local plano.
As obras de restauro do monumento surgiram através de um
projecto de adaptação do castelo
a unidade museológica, no âmbito
de uma candidatura do município
ao Programa Operacional da Cultura (POC), que comparticipou a
empreitada.
Fronteira
Depois das cerimónias em Alter
do Chão, o Presidente da República ruma a Fronteira, sendo recebido na Câmara Municipal, às 15:30,
onde o presidente da autarquia,
Pedro Lancha, apresenta os investimentos e projectos em curso
no concelho.
A visita é também assinalada
com o descerramento de uma
placa e, às 16:15, Cavaco Silva inaugura o Observatório Astronómico da Ribeira Grande, naquele
concelho.
O Observatório Astronómico,
equipado com tecnologia de
ponta para executar fotografias
de “qualidade superior” ao espaço astral, foi descrito à Lusa
por Pedro Lancha como “o mais
moderno do país” e o que possui
“maior capacidade técnica”.
O equipamento, que resulta
de uma investimento superior a
dois milhões de euros, está inserido num projecto do município
de implementação, a “curto prazo”, de um parque de ciências no
concelho.
Vila Viçosa
O programa do Presidente da
República ao Alentejo termina,
às 17:30, com uma visita ao Paço
Ducal de Vila Viçosa, no distrito
de Évora, tutelado pela Fundação Casa de Bragança.
Fora dos muros do aglomerado
urbano medieval de Vila Viçosa,
nasceu, no século XVI, o imponente palácio de fachada maneirista e ostensivas pinturas murais
de fresco e têmpera.
O Paço Ducal foi, durante
décadas, a residência oficial dos
duques de Bragança, tornandose casa de férias da família real
a partir de 1716, quando D. João
V subiu ao trono.
José Sócrates - O PM diz “viver bem” com as críticas de Manuel Alegre e elogiou-o por alertar
nas suas intervenções para aspectos a que é preciso dar atenção, caso da importância da humildade na política. Na parte final da entrevista à RTP, em que houve uma componente política mais
forte, o primeiro-ministro foi confrontado com as críticas que o ex-candidato presidencial Manuel
Alegre tem feito ao Governo, mas José Sócrates desdramatizou-as.
“As críticas de Manuel Alegre têm já muitos anos, vivo bem com elas e respeito o seu ponto de
vista. Pelo contrário, [essas críticas] só me animam a governar melhor”, respondeu.
Sócrates referiu em seguida que o ex-candidato presidencial “alerta para aspectos da realidade
política aos quais é preciso dar atenção, por exemplo, a questão da humildade”.
“Tentaram criar-me a imagem de arrogante. Eu apenas acredito naquilo que faço. Confundir
firmeza com arrogância é um erro que muitos cometem”, sustentou.
Na entrevista, o secretário-geral do PS também declarou não se sentir ameaçado com a escolha
do PSD para a sua liderança, Manuela Ferreira, “nem com as escolhas de qualquer outra força
política da oposição”.
ÉVORA
CDU diz que ciclo PS em
Évora está «esgotado»
«O ciclo de poder que se iniciou em 2001, pelo PS, esgotou-se». Esta é uma das conclusões do encontro promovido
pela CDU de Évora para discutir o concelho. Diz a coligação
que foram abordadas várias
razões, entre elas, a «falta de
obra realizada, o sucessivo incumprimento das promessas
feitas em duas campanhas
eleitorais e a incapacidade de
projectar o futuro».
«Évora não
pode continuar
MUSEU
ABERTO
a ser uma cidade adiada, refém de um exercício de poder
pautado pela opacidade e pela
arrogância (…) A Cultura enquanto elemento estruturante
do processo de desenvolvimento foi o ponto de partida
assumido no Encontro da CDU.
A Cultura esteve presente em
todas as intervenções como
elemento potenciador da atractividade de Évora, indispensável à fixação de população, à
atracção de novos residentes,
à reposição de Évora em circuitos de turismo de qualidade,
à atracção de investimento e à
criação de emprego», pode lerse no comunicado.
JogarMais em Férias/
/Okup@-te
De 7 de Julho a 29 Agosto
vai decorrer o programa “JogarMais em Férias/Okup@-te
2008”, destinado a crianças
entre os 5 e os 13 anos de
idade, e de 15 de Julho a 15
Setembro vai funcionar o projecto “Férias de Verão 2008
- Este Verão escolhe o teu
programa”, o qual está especificamente vocacionado para
jovens dos 14 aos 30 anos. As
actividades realizadas no âmbito do programa “JogarMais
em Férias/Okup@-te 2008”
decorrem nas Piscinas Municipais, nas referidas datas de
7 de Julho a 29 Agosto, nos
horários das 10h00 às 12h30 e
das 14h30 às 17h30.
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CULTURA
Pessoa, Fátima
e o nacionalismo católico
O poeta Fernando Pessoa encarava Fátima como o lugar mítico
da construção do nacionalismo
católico e monárquico que ele repudiava, sustentou hoje o historiador José Barreto, antes de revelar
um texto inédito do escritor sobre
aquele lugar de culto.
“É um texto irónico, a roçar a
sátira anticlerical, em que Pessoa
parece regressar ao seu radicalismo de juventude. A intenção não
é propriamente anti-religiosa mas
anti-católica - uma ‘nuance’ que se
deve sublinhar”, disse José Barreto numa conferência sobre “Pessoa e Fátima. A prosa política e
religiosa”, proferida hoje na Casa
Fernando Pessoa.
Começa assim: “Fatima é o
nome de uma taberna de Lisboa
onde às vezes… eu bebia aguardente. Um momento… Não é nada
d’isso… Fui levado pela emoção
mais que pelo pensamento e é
com o pensamento que desejo escrever”, diz o poeta.
O texto inédito descoberto pelo
historiador e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa é apenas “o
preâmbulo de um artigo maior que
teria um carácter de estudo de
caso, permitindo caracterizar aquilo a que Pessoa chama ‘esta religiosidade portuguesa, o catolicismo típico deste bom e mau povo’”,
explicou, citando o poeta.
“Fatima é o nome de um lugar
da provincia, não sei onde ao certo, perto de um outro lugar do qual
tenho a mesma ignorancia geografica mas que se chama Cova
de qualquer santa”, observou.
“Nesse lugar - esse ou o outro
- ou perto de qualquer d’elles, ou de
ambos, viram um dia umas crianças
aparecer Nossa Senhora, o que é,
como toda gente sabe, um dos privilégios (…) a que se não (…). Assim
diz a voz do povo da provincia e a ‘A
Voz’ (jornal católico e monárquico)
sem povo de Lisboa”, prosseguiu.
“Deve portanto ser verdade, visto
que é sabido que a voz das aldeias e ‘A Voz’ da cidade de ha muito
substituíram aquelas velharias
democraticas que se chamam, ou
chamavam, a demonstração científica e o pensamento raciocinado”,
ironizou.
Pessoa denunciava o aproveitamento da crença do povo por parte
do poder político e afirmava: “o facto
é que ha em Portugal um lugar que
pode concorrer e vantajosamente
com Lourdes. Ha curas maravilhosas, a preços mais em conta”, escreveu.
“O negócio da religião a retalho,
no que diz respeito à Loja de Fatima, tem tomado grande incremento, com manifesto gaudio místico
da parte dos hoteis, estalagens e
outro comércio d’esses jeitos - o
que, aliás, está plenamente de accordo com o Evangelho, embora os
católicos não usem lê-lo - não vão
eles lembrar-se de o seguir!”, comentou.
O artigo sobre Fátima - que teria
sete páginas tipográficas, de acordo
com o sumário que Pessoa deixou
escrito - destinava-se a ser publicado no primeiro número da revista Norma, um dos três projectos
editoriais de Pessoa no ano da sua
morte, em 1935, um quinzenário
sobre Literatura e Sociologia que
não chegou a concretizar.
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PAÍS
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CRÓNICA | Palma Rita
Feira
de S. João
poderia melhorar,
apesar de tudo
São sobejamente conhecidas as condições pouco
adequadas em que a Feira
de S. João decorre actualmente em Évora, apesar
das repetidas promessas
da sua requalificação, naquele ou noutro local, ainda
não concretizadas até agora e que tenderão cada vez
mais para uma miragem.
Neste contexto, resta reflectir sobre como pode a
feira funcionar melhor e
proporcionar momentos de
maior satisfação aos eborenses, nas circunstâncias
actuais, havendo desde
logo a destacar, pela positiva, na realização deste
ano, um melhor arranjo do
espaço e organização das
actividades. Do ponto de
vista global, a feira estava
este ano mais agradável no
conjunto, relativamente a
edições anteriores, do meu
ponto de vista.
A organização conseguida para o espaço da Horta
das Laranjeiras contribuiu
igualmente de forma positiva para uma melhoria das
condições de acolhimento
aos visitantes que ali podiam desfrutar das tradicionais tasquinhas, apesar dos
discutíveis critérios de distribuição dos espaços pelas
entidades candidatas.
Em contrapartida, a definição dos horários da feira
e dos seus espaços, como
a Horta das Laranjeiras,
funcionam em sentido contrário, retirando aos eborenses a possibilidade de
uma fruição mais solta de
um dos poucos períodos de
animação nocturna da cidade que ocorrem durante
todo o ano, além do mais
com tradição, mas cada vez
mais afrontada. Se é aceitável o argumento de que
a limitação de horários da
feira se prende com a sua
localização no seio de um
perímetro urbano residencial ao qual causa perturbações, já mais discutível
será a aplicação de semelhante rigidez a espaços de
lazer como o do Jardim das
Laranjeiras.
Não será leviano considerar que o funcionamento
daquele espaço até mais
tarde perturbasse sem significado maior os moradores da envolvente, tratando-se apenas de barulho
humano sem acréscimos
musicais. Maior perturbação ao Centro Histórico
causou sim o seu encerramento compulsivo diário à
hora determinada, por um
cordão policial acompanhado de ameaçadores cães
como se da dispersão de
uma manifestação anti-regime da América Latina se
tratasse, despejando nas
ruas da cidade milhares de
pessoas a contra gosto.
Os danos resultantes
deste despejo maciço sobre o mobiliário urbano, os
automóveis, montras e edifícios do Centro Histórico,
apenas contribuem para
aumentar o deprimente carácter de um espectáculo
que não dignifica a cidade
nem contribui para a melhoria da sua qualidade de
vida, antes pelo contrário.
Repensar este modelo
em próximas edições contribuirá certamente para
um melhor funcionamento
e intensidade de fruição da
feira enquanto tradicional
instituição do espaço de lazer eborense.
ILGA diz que
Ferreira Leite fez afirmações
«discriminatórias»
A Associação ILGA considera
que a dirigente social-democrata Manuela Ferreira Leite
fez declarações discriminatórias, numa entrevista concedida terça-feira à TVI, e pretende que os “restantes partidos
clarifiquem se também querem
discriminar”.
Em nota de imprensa, a ILGA
Portugal - Intervenção Lésbica,
Gay, Bissexual e Transgénero
afirma que Manuela Ferreira
Leite “admitiu sem hesitações
que discriminava gays e lésbicas, defendendo a manutenção
do ‘apartheid’ legal no acesso
ao casamento civil”.
Na terça-feira à noite, numa
entrevista à TVI, a primeira
desde que foi eleita presidente
do PSD, Manuela Ferreira Leite disse aceitar as ligações homossexuais mas estar contra o
seu reconhecimento como casamento.
“Eu não sou suficientemente retrógrada para ser contra
as ligações homossexuais,
aceito-as, são opções de cada
um, é um problema de liberdade individual sobre o qual não
me pronuncio. Pronuncio-me,
sim, sobre o tentar atribuir o
mesmo estatuto àquilo que é
uma relação de duas pessoas
do mesmo sexo igualmente ao
estatuto de pessoas de sexo
diferente”, disse a presidente
do PSD.
“Admito que esteja a fazer
uma discriminação porque é
uma situação que não é igual.
A sociedade está organizada e
tem determinado tipo de privilégios, de regalias e até de medidas fiscais no sentido de promover a família como algo que
tem por objectivo a procriação.
É uma realidade. Chame-lhe o
que quiser, não chame é o mesmo nome. Uma coisa é casamento, outra coisa é qualquer
outra coisa”, acrescentou.
‘Apartheid’ legal
Reagindo a estas declarações, a direcção e o grupo de
intervenção política da ILGA,
que assinam o comunicado, sublinham que a Constituição proíbe a discriminação com base
na orientação sexual desde
2004 - “aliás, a revisão do artigo 13º (Princípio da Igualdade)
fez-se com os votos favoráveis
do PSD” - pelo que “não é possível manter por isso um ‘apartheid’ legal como o que Manuela Ferreira Leite defende”.
A ILGA assinala ainda que
“Manuela Ferreira Leite, que se
apresenta como conhecedora
de aspectos fiscais, parece ignorar que a Lei de Uniões de
Facto de 2001 - que abrange
casais de pessoas do mesmo
sexo - concede exactamente
o mesmo estatuto fiscal a unidos de facto e a cônjuges, pelo
que as famílias constituídas por
casais de pessoas do mesmo
sexo já usufruem das referidas
‘medidas fiscais’”.
A presidente do PSD “parece julgar que existe uma única
família a promover. Esperamos
que se aperceba rapidamente
de que existem muitas famílias em Portugal e que, se tem
como objectivo que o seu partido se apresente como uma alternativa de governo, terá que
contar com o apoio de muitas
delas. Seria também importante
compreender que o casamento
não implica procriação e que
a procriação não implica casamento”, adianta a ILGA.
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Cavaco Silva em Alter do Chão, Fronteira e Vila Viçosa na