11/08/05 MENSAGEM À ORDEM DOS ECONOMISTAS: É uma grande honra estar recebendo o “Prêmio Economista do Setor Público” da Ordem dos Economistas do Brasil. Muito obrigada. Gostaria apenas de fazer alguns comentários. Em primeiro lugar, parabenizo a “Ordem dos Economistas do Brasil” pelo aniversário de 70 anos. Ao longo de sua existência, esta instituição tem feito muito para dignificar a imagem do economista. Estou muito satisfeito com a minha profissão. Ser economista é particularmente instigante. Independentemente da área de atuação, o trabalho do economista influencia direta ou indiretamente toda a sociedade, tendo em vista que impacta os rumos da nação. Particularmente, tenho muito orgulho de ser um economista do setor público. Trabalhar no setor público é um grande privilégio, mas exige uma responsabilidade redobrada e a capacidade de enfrentar diversos desafios. A busca pela realização profissional passa a estar diretamente condicionada à missão de servir o país. A cada dia, o economista do setor público tem que ser capaz de se transformar e responder às reivindicações da sociedade, que se renovam a cada momento. O economista do setor público tem que estar preparado para abdicar de seus interesses pessoais em prol do bem maior da nação. Tanto no Ministério do Planejamento quanto no BNDES pude contar com excelentes equipes de economistas cuja competência e ética são dignas de um país tão grandioso quanto o Brasil. Aproveito para agradecer a todos com quem trabalhei e ainda trabalho. Os êxitos obtidos na minha atuação no setor público devem-se, em grande medida, ao empenho e dedicação destes profissionais. O Estado sempre teve um papel fundamental ao longo da história econômica brasileira. As formas de atuação é que foram mudando ao longo do tempo. Mas, é particularmente dignificante ser economista do setor público em um momento, em que mais do que nunca, há um consenso na sociedade quanto à necessidade de um Estado forte, eficiente e competente que, conjuntamente com o setor privado, possa promover o desenvolvimento econômico, reduzindo as desigualdades sociais. Neste sentido, não poderia ter trabalhado em instituições do setor público mais oportunas. Como Ministro do Planejamento, lidei diretamente com questões associadas ao investimento público, cuja retomada é crucial, principalmente, no que diz respeito aos gargalos existentes nos setores de infra-estrutura. O aumento dos investimentos nestes setores é fundamental para que a atual trajetória de crescimento da economia brasileira possa se sustentar nos próximos anos. Como Presidente do BNDES, trabalho com a questão do crédito. O financiamento é peça crucial para o desenvolvimento. O sistema financeiro pode criar poder de compra e, desta forma, viabilizar a realização de projetos para os quais os recursos próprios das firmas e famílias se mostram insuficientes. Desde a sua criação, em 1952, o BNDES tem sido fundamental no financiamento do desenvolvimento brasileiro. Originalmente um banco voltado para o financiamento da infra-estrutura (essencialmente transportes) e indústria (essencialmente siderurgia), suas atribuições e prioridades em muito se ampliaram no decorrer das décadas. Neste período a atuação do BNDES se estendeu ao apoio a vários ramos da infra-estrutura e de uma indústria mais complexa, no financiamento ao setor de serviços, além de também atuar na redução das desigualdades sociais e regionais, no apoio a pequenas e médias empresas, na oferta ao exportador brasileiro de condições de crédito competitivas, e no desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Por tudo que foi dito, estou muito satisfeito em ser economista do setor público. Mais uma vez, agradeço pelo prêmio. Muito obrigada pela atenção. Uma ótima noite para todos. Guido Mantega Presidente do BNDES