São Paulo, sábado a segunda-feira, 15 a 17 de agosto de 2015 Página 9 Faixas exclusivas aumentaram a velocidade média dos ônibus Por que os testes de antivírus dão resultados tão diferentes? Entre 2013 e 2014 foram implantados, na cidade de São Paulo, cerca de 400 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus CET e SPTrans (cedidas pelo pesquisador). Velocidade em Km/h 24 22 21,4 21,5 20 19,9 20 18,5 18,6 18 16 Até 2012, a cidade de São Paulo contava com 60 km de faixas exclusivas. Tecnologias e semáforos A pesquisa destaca a importância de integrar soluções tecnológicas para a melhoria da mobilidade urbana. Um desses recursos, de acordo com Tatto, foi a criação do Laboratório de Tecnologia e Protocolos Abertos para Mobilidade Urbana, em março de 2014, pela Secretaria Municipal de Transportes. Trata-se de um centro de excelência que reúne especialistas para a discussão e o desenvolvimento de alternativas para a mobilidade da cidade, como aplicativos para os usuários e gestores. A ideia é reunir o setor público e o privado, além de universidades. Atualmente, o Laboratório mantêm parceria com a USP. Outro recurso, segundo Tatto, é o Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (SINIAV), instituído pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). O sistema, que ainda não foi implantando, visa identificar os veículos automotores por meio de um chip. Tatto lembra que, a exemplo do que viu em Londres, está sendo criado na cidade de São Paulo um Centro Integrado de Mobilidade Urbana (Cimu) com o objetivo de reunir, em um só local, diversos dados ligados ao transporte e à mobilidade urbana, visando auxiliar a otimização da tomada de decisões pelos gestores. Nele estarão integradas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a São Paulo Transporte (SPTrans), responsáveis pelo trânsito e transporte na capital, respectivamente. Marcos Santos / USP Imagens 14,3 14 13,7 12 13,2 10 Pico da manhã Antes 2013 2014 14,3 21,4 21,5 Pico da tarde 13,2 18,5 18,6 Média/picos 13,7 19,9 20 Velocidade média dos ônibus passou de 13,7 km por hora para 20 km por hora. Resultados Em São Paulo, Tatto analisou a velocidade média dos ônibus antes e depois da implantação de faixas exclusivas com destaque para as Avenidas Dona Belmira Marin (na zona sul), Corifeu de Azevedo Marques e Jaguaré (zona oeste), Aricanduva e Radial Leste (zona leste), Brigadeiro Luis Antonio (centro), e Cruzeiro do Sul (zona norte). Em todos os pontos analisados houve aumento da velocidade média dos ônibus nos horários de pico. Na Avenida Dona Belmira Marin, a velocidade média aumentou 165,7%: foi de 9,5 km/h para 25,2 km/h. A avenida comporta 23 linhas de ônibus que transportam cerca de 200 mil passageiros por dia. São 159 ônibus por hora nos horários de pico. Já na Avenida Jaguaré, o aumento foi de 307,3%. A velocidade passou de 10,8 km/h para 44,9 km/h. Circulam pela avenida 12 linhas de ônibus que transportam cerca de 50 mil passageiros ao dia, sendo 52 ônibus por hora no horário de pico. A Avenida Corifeu de Azevedo Marques, na zona oeste, é uma das que recebeu a faixa exclusiva. A pesquisa mostra ainda que, desde o segundo semestre de 2013, está em andamento uma revitalização semafórica na cidade. Dentro desse programa, até o momento, a CET interveio em 4.350 cruzamentos com semáforos, instalando 1.800 nobreaks e 614 controladores. Também estão sendo implantados semáforos inteligentes (que oferecem a possibilidade de operação à distância, o que contribui para melhorar a mobilidade). Para Tatto, a quantidade de vias existentes em São Paulo é suficiente para a circulação dos veículos. O problema está no modo como a cidade foi ocupada: individual e privatizado. “É possível para a cidade conviver de forma harmônica com vários os tipos de transportes. Se democratizar, haverá espaço para todos”, conclui. o entanto, o leitor mais atento deve ter percebido que os resultados costumam variar bastante de teste para teste e deve se perguntar o porquê de tanta diferença. O motivo é a complexidade que envolve esse tipo de teste, que se deve, principalmente, a dois motivos: a dificuldade de se obter uma boa amostra de malwares e os diferentes mecanismos de detecção utilizados pelos antivírus modernos. Vamos começar analisando o problema das amostras. Surgem mais de 100 mil novas ameaças todos os dias. Para o teste ter valor é necessário que a amostra utilizada atenda a algumas condições: a) Deve ser de tamanho suficiente para ter significância estatística. Assim, um número razoável para um bom teste de vírus deveria ser da ordem de algumas centenas de milhares de malwares. b) A coleção de malwares deve abranger os incontáveis tipos diferentes de ameaças, de forma a representar o imenso universo destes malwares encontrados na internet. c) Os elementos da amostra devem ter relevância, ou seja, precisam ser ameaças realmente presentes na vida real e cotidiana dos usuários. d) Deve conter uma quantidade razoável de arquivos que não são realmente ameaças, mas que possam ser facilmente confundidas com malwares, para medir a quantidade de falsos positivos reportados por uma determinada solução de antivírus. N de custódia, para evitar o crescimento da população carcerária. De acordo com Méndez, apesar de os presos relatarem a organizações de direitos humanos os maustratos sofridos, dificilmente eles oficializam denúncias nos órgãos públicos. Isso ocorre, segundo ele, por medo de represálias e também porque os detentos acreditam que os torturadores não serão punidos. “As pessoas relutam em oficializar as denúncias de tortura. Essa é uma cultura arraigada que, se não for Eficiência Qualidade Confiança www.fesesp.org.br pessoa no governo defenda esse método, mas, em termos estruturais, a tortura ocorre e o torturador fica impune”, afirmou Méndez, que não antecipou números do relatório. Segundo ele, é frequente nos presídios o uso de spray de pimenta, gás lacrimogêneo, bomba de ruído, bala de borracha, choques elétricos e sufocamentos. O especialista da ONU disse que, durante as visitas, constatou a superlotação dos estabelecimentos prisionais, apesar da adoção de medidas como as audiências • • • )HGHUDomRGH 6HUYLoRVGR(VWDGR GH6mR3DXOR Relator especial da ONU, Juan Méndez esteve em presídios de quatro estados. combatida, tende a se tornar ainda pior.” Segundo ele, nas últimas duas décadas, a população carcerária brasileira cresceu de forma muito rápida e hoje o país tem o quarto maior número de presos no mundo. Para Méndez, esse “abrupto” crescimento da população atrás das grades impactou também nos serviços de saúde oferecidos aos presos. Entre as principais causas apontadas pelo especialista para o rápido crescimento da população carcerária estão a demora para a realização de audiências dos presos na Justiça, que em média ocorrem cinco meses após a detenção, e falhas na política de combate às drogas. “Cerca de 26% de todos dos detentos foram presos com a acusação de tráfico de drogas e pouquíssimos grandes fi gurões do narcotráfico foram presos.” Segundo o Ministério da Justiça, o Levantamento de Informações Penitenciárias (Infopen) de junho 2014, último disponível, mostra que a população prisional brasileira é superior a 607 mil pessoas e o déficit de vagas passa de 231 mil (ABr). www.agenda-empresario.com.br (*) - É diretor de Marketing da AVG Brasil (www.avgbrasil.com.br). ANO XXX APOIO: CENOFISCO SEGUNDA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2015 REAJUSTE DO PRÓ-LABORE ANUAL Empresa é obrigada a reajustar o pró-labore dos sócios todo ano? Qual índice deve ser usado? Saiba mais acessando a íntegra do conteúdo no site: [www.empresario.com.br/legislacao]. EMPRESA PODE DESCONTAR NO DRS, AS FALTAS APURADAS NOS MÊS? Sim. Será devido o desconto se a empresa, desde que adotou como hábito desde o início da contratação, tenha previsão em contrato de trabalho. Há rigor o não cumprimento da jornada integral implica no desconto do DSR (desde respeitado os itens acima), respeitado a tolerância prevista no artigo 58 § 1º da CLT. IMPOSTOS SOBRE O PAGAMENTO DE DOMÉSTICOS Quais são os impostos obrigatórios sobre o pagamento de empregado doméstico? Como e quais as guias devemos utilizar? Saiba mais acessando a íntegra no site: [www.empresario.com.br/legislacao]. O OFÍCIO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA DE UMA EMPRESA ANTERIOR TEM VALIDADE PARA A EMPRESA ATUAL? Informamos que não há previsão legal expressa, porém, entende-se que o ofício deve ser nominal à empresa onde o desconto será realizado. FUNCIONÁRIO RECEBEU ANTECIPADAMENTE OS VALES TRANSPORTE, REFEIÇÃO E ALIMENTAÇÃO, ENTRETANTO FOI DEMITIDO COM AVISO PRÉVIO INDENIZADO. A EMPRESA PODE DESCONTAR NA RESCISÃO OS VALORES ADIANTADOS? Salvo disposição contraria em acordo ou convenção coletiva, informamos que será possível o desconto na rescisão. Contudo a empresa deverá respeitar o limite previsto no art. 477 § 5º da CLT na somatória desses valores. CONTRATAR FUNCIONÁRIO PARA TRABALHO POR PERÍODO Restaurante pode contratar funcionário para trabalhar no almoço e no jantar? Saiba mais acessando: [www.empresario.com.br/legislacao]. Resultados preliminares de uma inspeção feita pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) em presídios brasileiros, revelam que a prática de tortura nos estabelecimentos prisionais do país é algo “endêmico” e ocorre de forma frequente e constante, principalmente, nas primeiras horas após as detenções. De acordo com relator especial do conselho Juan Méndez, apesar de o Poder Público combater e condenar a tortura, o problema persiste no sistema carcerário, impulsionado pela impunidade e pela superlotação das cadeias. Entre os dias 3 e 14 de agosto, ele visitou instituições carcerárias de São Paulo, Sergipe, Alagoas, do Maranhão e do Distrito Federal, a convite do governo brasileiro. Segundo Méndez, o relatório fi nal da visita deverá ser apresentado pela ONU em três meses. “Não estou dizendo que todos os presos são submetidos [à tortura], mas o número de testemunhos e a contundência dos relatos que recebemos me levam a crer que não seja um fenômeno isolado. Não creio que qualquer Elza Fiúza/ABr Tortura em presídios brasileiros é endêmica, diz relator da ONU Já podemos perceber que não é tão simples assim obter uma amostra de qualidade, que atenda a todas as condições mencionadas. E para realizar um teste, é necessário que o investigador saiba identificar perfeitamente quais são os elementos que são efetivamente vírus e os que apenas parecem ser uma ameaça. Mas não basta apenas ter uma boa amostra e que ela seja bem identificada. Os antivírus atuais, além da detecção por assinatura (base de dados de vírus conhecidos), utilizam outras técnicas como heurística, análise comportamental, detecção na nuvem e várias outras camadas de proteção que não são utilizadas nos testes estáticos (simples varreduras de arquivos). Assim, uma avaliação efetiva tem de ser feita de forma dinâmica, ou seja, com o programa em execução. Isso implica que cada uma das centenas de milhares de elementos da amostra deve ser executado para cada uma das versões de antivírus testado. Além disso, a máquina tem de ser zerada - para que tenhamos a certeza de que o teste não está sendo feito numa máquina já contaminada entre cada execução. Agora que explicamos a complexidade de avaliar programas antivírus fica a dúvida: “Então os testes de antivírus não são válidos?”. A resposta é simples, existem testes muito sérios e feitos com profissionalismo que podem ser usados para ter uma noção da eficácia de uma solução antivírus. No entanto, devido à complexidade e ao fato de se trabalhar com amostras, é de esperar que hajam flutuações estatísticas, o que significa, na prática, que pequenas diferenças de um ou dois pontos percentuais não necessariamente podem necessariamente garantir que uma solução é melhor do que a outra. Cabe lembrar ainda que os resultados dos testes mais sérios e profissionais costumam apresentar a metodologia utilizada, ou seja, explicam em que condições o teste foi feito e apresentam informações sobre a amostra utilizada, tornando o processo mais transparente e confiável. Fundador: José SERAFIM Abrantes 11 3531-3233 – www.orcose.com.br Rua Clodomiro Amazonas, 1435 - Vila Olímpia - 04537-012 - São Paulo - SP P Testes de desempenho de antivírus são divulgados com regularidade em diversos canais de comunicação. Não é de se estranhar, tendo em vista a importância de proteger os computadores e outros dispositivos contra ameaças num mundo cada vez mais conectado www.osfe-rnc.com.br Marcos Santos/USP Imagens Valéria Dias/Ag. USP de Notícias esquisa apresentada na Escola Politécnica (Poli) da USP constatou um aumento da velocidade média desses veículos de 13,7 quilômetros (km) por hora (h), antes da implantação, para 20 km/h, em 2014, na média nos picos da manhã e da tarde. Ainda, de acordo com a pesquisa, o uso de tecnologias e a reestruturação dos semáforos também contribuíram de forma positiva para a melhoria da mobilidade urbana. Os dados estão na dissertação de mestrado Mobilidade urbana em São Paulo: aplicação de soluções imediatas e eficazes, apresentada no último dia 15 de junho pelo pesquisador Jilmar Augustinho Tatto, atual Secretário Municipal de Transportes da capital paulista, sob a orientação do professor Eduardo Mario Dias, do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Poli. “As faixas exclusivas foram benéficas pois proporcionaram, em média, uma economia de tempo de 40 minutos diários aos usuários, contribuindo com o aumento da qualidade de vida da população”, afirma Tatto. No período da manhã, a velocidade média dos ônibus na cidade era de 14,3 km/h e passou para 21,5 km/h; já no período da tarde, era de 13,2 km/h e foi para 18,6 km/h. Até 2012, a cidade contava com 60 km de faixas exclusivas. Nos dois anos seguintes, elas foram implantadas do lado direito de vias com circulação de mais de 30 ônibus por hora e em vias arteriais com mais de duas faixas por sentido. O horário de funcionamento e os dias da semana dependem das características de cada região, podendo funcionar em horários de pico pela manhã e no final da tarde e à noite, ou ao longo de todo o dia. A pesquisa mostra a experiência nacional e internacional da mobilidade urbana em cidades como Barcelona (Espanha), Nova York (Estados Unidos), Bogotá (Colômbia) e Londres (Inglaterra), sendo que Tatto foi até a capital inglesa conhecer o Centro Integrado de Transporte londrino. No Brasil, escolheu as cidades de Belo Horizonte (Minas Gerais), Curitiba (Paraná) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Mariano Sumrell (*)