ISSN 1982 - 0283 GEOMETRIA NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO Ano XXIV - Boletim 7 - SETEMBRO 2014 Geometria no ciclo de alfabetização SUMÁRIO Apresentação........................................................................................................................... 3 Rosa Helena Mendonça Introdução............................................................................................................................... 4 Nelson Antonio Pirola Texto 1: Objetivos do ensino de Geometria no processo de alfabetização .............................. 9 Mônica Mandarino Texto 2: Práticas de ensino de Geometria: algumas experiências com o desenvolvimento da movimentação e da localização de pessoas/objetos no mundo físico ................................... 16 Nelson Antonio Pirola Texto 3: Figuras planas e espaciais: como trabalhar com elas nos anos iniciais do Ensino Fundamental? .......................................................................................................................23 Odalea Aparecida Viana Geometria no ciclo de alfabetização Apresentação A publicação Salto para o Futuro comple- A edição 7 de 2014 traz o tema Geometria menta as edições televisivas do programa no ciclo de alfabetização, e conta com a de mesmo nome da TV Escola (MEC). Este consultoria de Nelson Antonio Pirola, Pro- aspecto não significa, no entanto, uma sim- fessor Adjunto do Departamento de Edu- ples dependência entre as duas versões. Ao cação da UNESP (Bauru) e Consultor desta contrário, os leitores e os telespectadores Edição Temática. – professores e gestores da Educação Básica, em sua maioria, além de estudantes de Os textos que integram essa publicação são: cursos de formação de professores, de Faculdades de Pedagogia e de diferentes licenciaturas – poderão perceber que existe uma interlocução entre textos e programas, preservadas as especificidades dessas formas 1. Objetivos do ensino de Geometria no processo de alfabetização 2. Práticas de ensino de Geometria: algumas experiências com o desenvolvimento da mo- distintas de apresentar e debater temáticas vimentação e da localização de pessoas/obje- variadas no campo da educação. Na página tos no mundo físico eletrônica do programa, encontrarão ainda outras funcionalidades que compõem uma 3. Figuras planas e espaciais: como traba- rede de conhecimentos e significados que se lhar com elas nos anos iniciais do Ensino efetiva nos diversos usos desses recursos nas Fundamental? escolas e nas instituições de formação. Os textos que integram cada edição temática, Boa leitura! além de constituírem material de pesquisa e estudo para professores, servem também de Rosa Helena Mendonça1 base para a produção dos programas. 1 Supervisora Pedagógica do programa Salto para o Futuro (TV Escola/MEC). 3 Introdução Ensino e aprendizagem da Geometria no contexto da alfabetização matemática Nelson Antonio Pirola1 O Pacto Nacional pela Alfabetização e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvi- na Idade Certa (PNAIC) faz parte de uma mento do Ciclo de Alfabetização das crian- ação do Governo Federal, com adesão de ças brasileiras.2 estados e municípios, em prol da formação continuada de professores alfabetizadores Na área da Matemática, esse docu- nas áreas de Língua Portuguesa e Matemá- mento traz, de maneira geral, o entendimen- tica. O PNAIC foi lançado em novembro de to sobre o que é alfabetização matemática: 2012 e as ações preveem cursos oferecidos por universidades, cujo material pedagógi- A alfabetização matemática é o pro- co é disponibilizado pelo Ministério da Edu- cesso de organização dos saberes que a cação. Além disso, é previsto um sistema criança traz de suas vivências anterio- de avaliação para o acompanhamento da res ao ingresso no Ciclo de Alfabetiza- aprendizagem dos alunos. O objetivo maior ção, de forma a levá-la a construir um do Pacto é que todas as crianças brasileiras corpo de conhecimentos matemáticos estejam alfabetizadas em Língua Portugue- articulados, que potencializem sua atu- sa e em Matemática até o terceiro ano do ação na vida cidadã. Esse é um longo Ensino Fundamental. Em 2013, teve início o processo que deverá, posteriormente, PNAIC de Língua Portuguesa e a previsão é permitir ao sujeito utilizar as ideias ma- que o de Matemática se inicie em 2014. temáticas para compreender o mundo no qual vive e instrumentalizá-lo para Para subsidiar as ações do PNAIC, fo- resolver as situações desafiadoras que ram elaborados os Elementos Conceituais e encontrará em sua vida na sociedade. Metodológicos para Definição dos Direitos (BRASIL, 2012, P. 60). 1 Professor Adjunto do Departamento de Educação da UNESP/Bauru e Consultor desta Edição Temática. Email: [email protected] 2 Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_ download&gid=12827&Itemid=. 4 A alfabetização não se limita somente embalagens para observar a planificação; b) ao campo dos números, mas também se es- contornar as faces do sólido geométrico em tende aos campos da Geometria, das grande- um papel, com uma caneta, para observar zas e medidas e do tratamento da informação. as figuras planas que formam aquele sólido; c) compor e decompor figuras planas e es- Um dos eixos estruturantes a ser paciais utilizando sucatas e quebra-cabeças trabalhado no PNAIC é o de Espaço e For- ; d) ampliar e reduzir figuras em um papel ma/Geometria. No ciclo de alfabetização, quadriculado; d) explorar simetrias em dife- as crianças deverão: rentes contextos; e) desenhar vistas de objetos tendo como referência diferentes pers- 1- Construir noções de localização e movi- pectivas, entre muitas outras. mentação no espaço físico para a orientação espacial em diferentes situações do co- tidiano. Por meio de brincadeiras, registros damental importância que o professor alfa- orais e escritos, construção de maquetes, betizador saiba ouvir os relatos das crianças, trabalho com mapas e croquis, entre ou- suas hipóteses, seus argumentos e o que tras atividades, as habilidades de orientação estão pensando sobre uma determinada si- espacial podem ser desenvolvidas. Noções tuação. A experimentação nas aulas de Ge- como direita, esquerda, para cima, para bai- ometria é um recurso que pode levar os alu- xo, ao lado de, bem como as noções topológi- nos à construção de conceitos e princípios cas como dentro, fora e fronteira podem ser (relações entre conceitos) e à resolução de trabalhadas em conexão com outras discipli- problemas. Materiais simples, como emba- nas, como a Educação Física e a Geografia. lagens, sucatas e etc., podem se transformar No ciclo de alfabetização, é de fun- em recursos interessantes para a aprendiza2- Reconhecer formas bidimensionais e gem da Geometria. A visita a sites de mu- tridimensionais. O trabalho com as figuras seus, como o Museu de Arte de São Paulo – geométricas planas e espaciais possibilita às MASP –( http://masp.art.br/masp2010/) pode crianças o desenvolvimento da percepção despertar a curiosidade sobre a vida e a obra geométrica que, segundo Sternberg (2000), de determinados artistas, bem como sobre se refere a um conjunto de processos psico- os recursos geométricos utilizados na com- lógicos pelos quais as pessoas reconhecem, posição de suas pinturas. organizam, sintetizam e dão significado às sensações e estímulos recebidos pelos ór- gãos dos sentidos. Essa percepção geométri- tos interessantes, como o projeto “recrian- ca pode ser desenvolvida por meio de várias do obras de arte” que consiste em estudar ações, como as de: a) montar e desmontar um artista, sua vida e obra. Depois, os alu- Há escolas que desenvolvem proje- 5 nos, em um trabalho interdisciplinar en- possível, utilizando diferentes tipos de re- volvendo Arte e Geometria, recriam a obra cursos didáticos, motivar a aprendizagem de acordo com o seu olhar. Trabalhos fan- das crianças, levando-as a construir concei- tásticos são produzidos!!! tos de forma significativa e interdisciplinar. O PROGRAMA O segundo bloco, denominado “Lo- calização e Movimentação” pretende aborPara tratar do tema gerador “Ensi- dar um dos eixos do ensino da Geometria no e aprendizagem de Geometria no con- no ciclo de alfabetização, que é a localiza- texto da alfabetização matemática” foi ção e a movimentação de pessoas e objetos elaborado um programa que se divide em no mundo físico. três blocos que não são disjuntos, mas complementares, e que fornecem escopo para o entendimento sobre a amplitude do trabalho com a Geometria nessa etapa da escolaridade que envolve os três primeiros anos do Ensino Fundamental. O primeiro bloco intitula-se “Objeti- vos do ensino de Geometria na alfabetiza- Situações cotidianas, como inter- pretar uma placa de trânsito, entender a informação do GPS para se localizar, ou solicitar uma informação de outra pessoa para se chegar a um determinado local, são exemplos de como é importante o desenvolvimento de habilidades geométricas, como a lateralidade, para a movimentação e a localização. ção”. A ideia é mostrar os diferentes contextos em que podemos explorar conceitos e propriedades geométricas, como a nature- da Educação Matemática procura discutir za, arquitetura e obras de arte. Pretende-se como trabalhar os conceitos de localização mostrar a importância da Geometria para e movimentação com crianças de 6 a 8 anos. A entrevista com especialistas na área diferentes profissões, como a de engenheiro, biólogo, matemático, etc. As conexões com a Educação Física e com a Geografia são exemplos de como es A entrevista com especialistas na área da Educação Matemática visa elucidar sas disciplinas podem interagir com o ensino de Geometria. o porquê, o como e o quando trabalhar com a Geometria no ciclo de alfabetização. Ao O terceiro bloco, denominado “For- apresentar escola(s) em que o ensino de mas’, procura explorar as diferentes formas Geometria se processa de forma diferen- geométricas, como as obras de arte, as pin- ciada, temos como objetivo mostrar que é turas e as esculturas; as construções, como 6 igrejas, prédios, monumentos; e as mani- Geometria nos anos iniciais do Ensino Fun- festações artísticas produzidas por diferen- damental?” A autora faz uma discussão que tes culturas, como cestarias e bordados, envolve aspectos históricos e conexões da que utilizam vários elementos geométricos, Geometria com diferentes manifestações como formas, simetrias, regularidades, pa- artísticas e culturais. Destaca os dois eixos drões, curvas, perspectivas, profundidade, do ensino da Geometria no ciclo de alfabe- entre outras. tização, que são: a visualização e o pensamento geométrico, bem como a localiza- No contexto da sala de aula, o pro- ção e a orientação. fessor pode utilizar esses recursos para ensinar as características (atributos) das figuras É destacada a importância dos re- e suas principais propriedades. A simetria gistros orais e escritos das experiências vi- é um importante conceito geométrico que vidas pelas crianças quando trabalham de está presente em várias obras de arte. Por forma coletiva ou individualmente. exemplo, no quadro de Alfredo Volpi, podemos estudar as formas geométricas (ban- deirinhas), as regularidades e as simetrias. entendimento da importância que o conhe- Além disso, é um importante instrumento cimento geométrico tem para a resolução para que os alunos façam conexões da Ge- de diversas situações que são geometriza- ometria com as Artes e conheçam as princi- das, como as que envolvem a orientação pais obras de importantes artistas. espacial e a percepção geométrica. TEXTO 2 Para subsidiar as reflexões sobre o O texto em tela é importante para o ensino e a aprendizagem da Geometria no ciclo de alfabetização, foram elaborados O texto de Nelson Antonio Pirola, in- três textos que dão embasamentos teóricos titulado Práticas de ensino de Geometria: e metodológicos para a compreensão dos algumas experiências com o desenvolvi- três blocos do Programa. mento da movimentação e da localização de pessoas/objetos no mundo físico, faz TEXTO 1 uma discussão mais aprofundada sobre um dos eixos do ensino da Geometria no ciclo de O texto intitulado Objetivos do en- alfabetização, que diz respeito à orientação sino de Geometria no processo de alfabe- espacial, discussão essa iniciada no Texto 1, tização, de Mônica Mandarino, parte de que enfoca os objetivos do ensino da Geo- uma questão instigante: “Por que ensinar metria. Nesse texto, o autor destaca a im- 7 portância da exploração de diversos espaços jetivo de levar os alunos do primeiro ciclo do para o desenvolvimento dessa habilidade. O Ensino Fundamental à construção de alguns Centro de Treinamento de Trânsito, o pátio conceitos geométricos. Algumas dessas ati- da escola e a sala de aula são alguns dos am- vidades podem ser desenvolvidas desde o ci- bientes em que o trabalho com a movimen- clo de alfabetização. tação e a localização pode ser desenvolvido de forma lúdica, constituindo-se em um ele- São apresentadas atividades que en- mento motivador para a aprendizagem. volvem: a) identificação de semelhanças entre figuras planas, b) composição e decom- O texto traz depoimentos de uma posição de figuras; c) antecipação de escolha especialista em Educação Física que mos- de faces para formar poliedros; e d) desen- tra algumas interações possíveis da Edu- volvimento do vocabulário geométrico. cação Física com a Geometria. Além disso, traz também o depoimento de uma profes- Espera-se que o programa, subsidiado sora alfabetizadora que interage o trabalho pelos textos, possa contribuir com o debate com figuras geométricas espaciais com o acerca da importância do ensino articulado de movimentação e localização, por meio da Geometria no ciclo de alfabetização com da construção de uma maquete. Ainda des- outros áreas do conhecimento e com práti- taca o GPS como elemento importante, cas de ensino motivadoras da aprendizagem. utilizado muito nos dias de hoje, para localização e movimentação. TEXTO 3 REFERÊNCIAS BRASIL. Outro eixo do ensino da Geometria Ministério da Aprendizagem. Educação. no ciclo de alfabetização é destacado no texto reitos de de Odalea Aparecida Viana, que aborda as Fi- nível em guras planas e espaciais: como trabalhar com index.php?option=com_docman&task=doc_ elas nos anos iniciais do Ensino Fundamental? download&gid=12827&Itemid=> Acesso em < 2013. Di- Dispo- http://portal.mec.gov.br/ 17/02/2014. A autora destaca a teoria de Van Hie- le discutindo e ilustrando os cinco níveis do STERNBERG, R. Psicologia cognitiva. Trad. desenvolvimento do pensamento geomé- Maria Regina Borges Osório. Porto Alegre: trico proposto por esse autor. A seguir, são ArtMed, 2000, 494 p. apresentadas algumas atividades com o ob- 8 texto 1 Objetivos do ensino de Geometria no processo de alfabetização Mônica Cerbella Freire Mandarino1 Ao pensar nos objetivos do ensino de Geometria, em especial na fase de alfabe- ensino de Geometria é a sistematização desses conhecimentos. tização, surge uma questão mais geral: Por que ensinar Geometria nos anos iniciais do Em segundo lugar, nossa reflexão Ensino Fundamental? precisa levar em conta a importância histórica da Geometria desde as primeiras fases Primeiramente, a Geometria está do desenvolvimento do saber matemático. constantemente presente em nosso dia a As grandes civilizações antigas – chinesa, dia. Tal afirmação traz implícita uma visão hindu, mesopotâmica, egípcia –, a partir da de Geometria diferente daquela que valori- necessidade prática para resolver problemas za apenas a apresentação formal de regras, cotidianos, desenvolveram conhecimentos classificações e nomenclaturas. Para nós, geométricos, muitas vezes bastante elabora- a Geometria se faz presente desde os pri- dos e formais. Sabiam construir figuras pla- meiros meses de vida de uma criança, no nas e espaciais, conheciam relações entre aprendizado dos movimentos e no reconhe- as grandezas geométricas, calculavam com- cimento do espaço em seu redor. Com o de- primentos, áreas e volumes, conhecimentos senvolvimento motor e cognitivo posterior, que atendiam a necessidades socioeconômi- as crianças começam a desenvolver compe- cas e culturais de cada época e lugar. Dentre tências geométricas cada vez mais comple- elas, a civilização grega dos séculos 7 a.C. xas, por exemplo, para: realizar e descrever a 3 a.C. é a mais reconhecida, por ter sido deslocamentos; reconhecer e descrever uma responsável pela organização da Geometria localização; caracterizar e classificar objetos como ciência lógica e dedutiva. do mundo físico. Assim, um dos objetivos do 1 Docente do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e professora colaboradora do Programa de Mestrado em Ensino de Matemática da UFRJ. [email protected] 9 Nessa concepção, é preciso consi- As coisas que as crianças observam, derar que, ao iniciar o processo de alfabe- bem como as referências (estar distante de, tização, as crianças trazem consigo noções estar próximo de, por exemplo) e as relações geométricas informais, construídas em sua (como tem a mesma forma que, é maior do que) vivência cotidiana. Como enfatiza Fonseca que conseguem estabelecer, devem ser objetos et al. (2001), os estudantes já exploram o espaço e detêm algum conhecimento sobre o mesmo. Conhecimentos cons- truídos por meio de suas brincadeiras e da própria construção de brinquedos, de passeios realizados de reflexão associados “ (...) As experiências prévias precisam servir como elementos de referência para o professor organizar atividades que contribuam para, aos poucos, dar significação aos conceitos matemáticos.” às atividades matemáticas escolares. Segundo os PCNs dos anos iniciais do Ensino Fundamental, os objetivos do ensino de Geometria no primeiro ciclo são dois: e também quando • Estabelecer pontos auxiliam seus familiares em alguma atividade. As experiências de referência para situar-se, posicionar-se e prévias precisam servir como elementos de deslocar-se no espaço, bem como para identi- referência para o professor organizar ativi- ficar relações de posição entre objetos no es- dades que contribuam para, aos poucos, dar paço; interpretar e fornecer instruções, usan- significação aos conceitos matemáticos. do terminologia adequada. É importante salientar que partir dos • Perceber semelhanças e diferenças entre conhecimentos que as crianças pos- objetos no espaço, identificando formas tridi- suem não significa restringir-se a eles, mensionais ou bidimensionais, em situações pois é papel da escola ampliar esse que envolvam descrições orais, construções e universo de conhecimentos e dar condições a elas de estabelecerem vínculos entre o que conhecem e os novos conteúdos que vão construir, possibilitando uma aprendizagem significativa (BRASIL, 1997, p.45). representações. (BRASIL, 1997, p.47) Na docência, quando refletimos so- bre “para quê ensino algo” é preciso ir além da dimensão utilitária como a resolução de problemas da vida cotidiana. Como afirmam Fonseca et al (2001), o estudo da Geometria 10 é importante também como meio de facili- As ilustrações acima mostram o uso tar as percepções espaciais dos estudantes, de padrões geométricos. Tais padrões, tanto contribuindo para uma melhor apreciação os criados pelas pessoas quanto os da natu- das construções e dos trabalhos artísticos, reza, se caracterizam pelo uso de simetrias, tanto dos seres humanos quanto da nature- do paralelismo e de polígonos regulares, en- za. A Geometria está presente em diversas tre outros elementos geométricos. Uma das manifestações culturais e artísticas: arte- riquezas de nossa cultura são os artistas po- sanatos, tecelagens, tapeçarias, esculturas, pulares e podemos tirar proveito disso para construções e objetos do cotidiano. Na arte explorar e sistematizar conceitos geométri- dos indígenas brasileiros, por exemplo, a Ge- cos de forma prazerosa. O desenho, a arqui- ometria se manifesta de forma marcante. tetura e a escultura também fornecem ótimos elementos para o ensino de Geometria. É importante chamar a atenção das crianças para características geométricas presentes em obras de arte e em construções, como as que destacamos a seguir. 11 Obra de Mondrian Fonte: http://cealdecote.wordpress.com/2007/12/ Fonte: http://meninasemarte.wordpress.com/tag/arte-indigena/ Projeto de Oscar Niemayer MAC (Museu de Arte Contemporânea), Niterói, RJ. Nossa proposta de abordagem da Geometria não conseguem descrever com clareza um caminho a percorrer, por exemplo. É conversando com os alunos que podemos desco- Neste texto buscamos destacar a im- brir como usam termos e pontos de referên- portância de uma abordagem que integre cia e ajudá-los a aperfeiçoarem estes usos e conhecimentos prévios, desenvolvidos na e a ampliarem o vocabulário. Cabe destacar pela interação social com o mundo físico, que atividades de localização e movimenta- com conhecimentos mais formais, da ma- ção não fazem muito sentido se reproduzi- temática historicamente construída. Nela das em papel, no livro ou em folhas de exer- são muito bem vindos os inúmeros jogos ou cício. Estar perto, longe, em cima, em baixo, atividades com materiais concretos que po- atrás, na frente, entre, etc., só faz sentido dem ser experimentados na escola. Os jogos concretamente, a partir de um referencial que envolvem movimento e localização das estabelecido com clareza. crianças, a montagem de modelos concretos de figuras geométricas com canudos de refrigerantes, com garrafas pet ou com su- Visualização e pensamento geométrico cata, e muitas outras atividades desse tipo podem enriquecer o ensino. Sabemos que as percepções prove- nientes dos movimentos e dos sentidos, em Destacamos especialmente as atividades de especial do tato e da visão, cumprem uma desenho. Desde os rabiscos espontâneos, função fundamental na constituição de nos- até os desenhos com o auxílio de instrumen- so pensamento geométrico. tos simples e adequados à faixa etária, existe um vasto repertório de atividades escolares A visão nos ajuda a captar e interpre- que auxiliam a criança a representar os obje- tar as informações provenientes do mundo tos ao seu redor e a compreender as proprie- que nos cerca, bem como a constituir ima- dades geométricas das figuras desenhadas gens mentais baseadas nessas informações. ou reproduzidas em imagens gráficas. Por exemplo, ao olharmos uma bola de futebol, criamos a imagem mental de um Também são fundamentais as con- objeto com propriedades apropriadas para versas e debates. Qualquer nomenclatura realizar movimentos muito variados e que se desenvolve e ganha significado apenas se a torna propícia àquele esporte. É na escola tivermos necessidade de usá-la. As crianças que podemos ajudar os alunos a fazerem a pequenas, muitas vezes, usam termos liga- imagem mental do objeto geométrico asso- dos à localização de forma equivocada ou ciado à bola – uma superfície esférica – que 12 é uma abstração, definido como a região do são da criança de um diagrama coincide com espaço na qual todos os pontos são equi- a desejada pelo professor. Pesquisas apon- distantes de um mesmo ponto, o centro tam para o fato de que as diferenças entre da esfera. Num sentido que se pode dizer a interpretação desses objetos se constitui inverso, a visualização é outra capacidade em um dos principais obstáculos no estudo geométrica importante. da Geometria (PARZYSZ, 1988; ARSAC, 1989; LABORDE & CAPPONI, 1994). Estas capacidades estão sempre pre- sentes em atividades de representação grá- Localização e orientação fica de objetos tridimensionais por meio de desenhos. Reproduzir um objeto tridimen- Os movimentos da criança, a explo- sional por meio de desenho é uma ativida- ração do espaço e as interações propiciadas de bastante complexa, já que o desenho é pelas diversas formas de linguagem caracte- bidimensional e é preciso fazer escolhas do rizam a fase inicial, espontânea, da aquisição que representar e do que abandonar de in- das competências geométricas. Essas primei- formação, tentando garantir que o desenho ras aquisições permitem à criança localizar “leve seu leitor” ao objeto representado. O objetos, observar os seus deslocamentos e uso de capacidades como as descritas aqui situar-se no seu entorno físico. evidenciam que a Geometria favorece o desenvolvimento de um pensamento crítico e A noção de referencial é básica em autônomo nos alunos (PAVANELLO, 1993). todas as atividades que envolvem localização Como diz Freudenthal (1973) [...] as formas e movimento. Reconhecer se um objeto ou no espaço são um guia insubstituível para a uma pessoa está longe ou perto, em cima ou pesquisa e a descoberta (p. 407). embaixo, à direita ou à esquerda, requer que se estabeleça sempre outro objeto ou pessoa Para nós, no estudo da Geometria, é como referência: longe ou perto da casa de preciso investir na compreensão das repre- Maria; em cima ou embaixo da mesa; à direi- sentações de figuras espaciais por meio de ta ou à esquerda de Pedro. Como ocorre com desenhos em uma folha de papel. Estas re- muitas noções básicas, o referencial é tão presentações, que Parzysz (1988) chama de enraizado nas atividades que envolvem a lo- diagramas, incluem não apenas as represen- calização e o movimento, que ele acaba por tações de figuras geométricas simples, mas ficar implícito em nossas falas. Nesses casos, também a representação esquemática de sempre cabe ao interlocutor, dependendo do objetos concretos. Uma das dificuldades em contexto, tornar claro qual o referencial to- Geometria é que nem sempre a compreen- mado numa determinada situação. 13 Apesar de, na linguagem cotidiana, como o trajeto entre a sala de aula e outro ser comum a ausência de explicitação do ponto da escola, são fundamentais para de- referencial, o professor deve ser muito cau- senvolver competências de localização. O teloso nesse aspecto, já que a omissão do professor pode, depois de ir com sua turma referencial, em atividades propostas em livros didáticos, por exemplo, pode torná-las enigmáticas ou mesmo inexequíveis. de um ponto a outro da própria escola, propor atividade de elaboração de um texto coletivo que registre o percurso, com pontos de referência, como se fosse o registro para que outras pessoas pudessem percorrer o mesmo Atividades de representações gráfi- trajeto. Atividades deste tipo devem ser pro- cas como croquis, plantas baixas, mapas e postas com ampliação do trajeto, individuali- construção de maquetes, também são im- zação dos deslocamentos e uso das rotas des- portantes no ensino escolar, pois levam a critas por uns e por outros alunos de modo a criança a adquirir competências mais elabo- verificarem sua eficácia. radas de localização de objetos e de observação de deslocamentos. Finalizamos este texto enfatizando dois aspectos primordiais em nossa propos A maioria dos livros didáticos traz propostas para que a criança trace percurso em mapas ou em malhas quadriculadas. No entanto, muitas vezes, o “mapa” apresentado contém erros de representação da realidade que podem ser aceitáveis se produzidos pelas crianças, mas que não deveriam estar presentes nos livros. Um problema frequente é confundir quem está sendo tomado como referência: o personagem na ilustração ou o leitor do livro. Atividades envolvendo malhas quadri- culadas e o plano cartesiano para localização de pontos ou de regiões são muito importantes. Desde os primeiros anos de escolaridade é possível brincar com quadriculados simples para que a criança localize algo a partir da descrição do professor de sua localização e vice-versa. A descrição oral de percursos, ta: o desenho e o registro oral ou escrito em linguagem materna das experiências vivenciadas no coletivo ou individualmente. 14 REFERÊNCIAS ARSAC, G. La Construction du Concept de Figure chez les Élèves de 12 Ans. In Proceedings of the thirteenth conference of the International Group for Psychology of Mathematics Education, pp. 85-92, Paris, PME, 1989. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997. 142p. ______. Secretaria de Educação Básica. Espaço e Forma. Ledur, Berenice Schwan et al. Brasília: MEC. Secretaria de Educação Básica. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. 2006. 23p. (Coleção: PRÓ-LETRAMENTO. Fascículo 03). CARVALHO, J.B.P.F. (org.). Matemática: Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 248 p. (Coleção Explorando o Ensino; v. 17). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16903&Item id=1139. Acessado em 07/10/2013. 15 FONSECA, M. C. et al. O ensino de Geometria na escola fundamental: três questões para a formação de professor dos ciclos iniciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. FREUDENTHAL, Hans. Mathemathics as an educational task. Dordrecht: Reidel, 1973. LABORDE, C. & CAPPONI, B. Cabri-géomètre Constituant d’un Milieu pour l’Apprentissage de la Notion de Figure Géométrique. Recherches en Didactique des Mathématiques vol.14, n°1.2, 1994, p.165-210. PARZYSZ, B. Knowing vs Seeing, Problems for the Plane Representation of Space Geometry Figures. Educational Studies in Mathematics, n°19.1, 1988, pp 79-92. PAVANELLO, R. M. O abandono do ensino de Geometria no Brasil: causas e conseqüências. Zetetiké, n1, 1993. P. 7-17. texto 2 Práticas de ensino de Geometria: algumas experiências com o desenvolvimento da movi mentação e localização de pessoas / objetos no mundo físico Nelson Antonio Pirola1 Este texto tem como principal ob- Geralmente o professor ensinava jetivo apresentar algumas experiências de Geometria no fim do ano, era um dos práticas de ensino de Geometria no ciclo de últimos conteúdos. O tempo para tra- alfabetização (três primeiros anos do Ensino balhar esse conteúdo era mínimo; os Fundamental) no que diz respeito ao desen- professores não davam muita impor- volvimento de habilidades relacionadas à tância, era somente um conteúdo a movimentação e localização . mais. Os recursos utilizados para ex- 2 plicação desse conteúdo eram: cader- Algumas pesquisas, como as de Piro- no, lousa, giz e réplicas de sólidos que la (1995), mostram que, embora os currículos podíamos manusear, mas sem muita oficiais preconizem o ensino de Geometria contextualização, era somente para em todas as etapas da Educação Básica, o que reconhecimento da figura. se percebe, na sala de aula, é a predominância de práticas de ensino de conteúdos de Geometria alicerçadas em memorização de nomes de figuras e propriedades geométricas, Dessa forma, o ensino de Geometria quase sempre esteve pautado na visualização sem conexões com outras áreas da Matemá- de formas e no reconhecimento de proprie- tica e outros campos do saber. Como salienta dades geométricas. O desenvolvimento de uma professora do 3º ano do Ensino Funda- outras habilidades geométricas, tais como mental, quando questionada sobre como era aquelas relacionadas à movimentação e lo- o ensino de Geometria na época em que ainda calização, de orientação espacial e de per- era aluna da Educação Básica, a Geometria, cepção geométrica, parecem sempre ter sido tradicionalmente, sempre era deixada para o pouco exploradas no ensino de Geometria. final do ano letivo: 1 Professor Adjunto do Departamento de Educação da UNESP/Bauru e Consultor Temática. Email: [email protected] 2 desta Edição Neste texto a movimentação e a localização se referem sempre às pessoas e objetos no espaço físico. 16 O ensino de Geometria pode ser rações entre a Geometria e Educação Física. mais atrativo se o professor incorporar em suas práticas de ensino atividades lúdicas A relação interdisciplinar na Educa- e desafiadoras. Entre outras abordagens, o ção Física, na infância e no ciclo de alfabe- professor alfabetizador poderá utilizar di- tização, na escola, é muito positiva, pois, ferentes espaços para explorar conceitos ao tratar com o movimento dos corpos, se e propriedades geométricas relacionadas à desenvolvem noções que envolvem experi- movimentação e à localização. ências lógico-matemáticas e as estruturas cognitivas que pouco a pouco se modificam A visita a um Centro de Treinamento conforme haja aprendizagens significati- de Trânsito, que desenvolve projetos na área vas, ou seja, interessantes e apropriadas de Educação para o Trânsito, poderá forne- para cada aluno, de acordo com sua cultura cer elementos para se trabalhar a movimen- e fase de desenvolvimento. tação de pessoas e veículos, utilizando como recursos as placas de trânsito e o semáforo, Trabalhar com deslocamentos no es- por exemplo. Nesse caso, as crianças po- paço, tal como na Geometria (andar, derão compreender quando devem parar, correr, saltar, equilibrar, etc.), se deslo- quando podem atravessar a rua, qual a faixa car de frente, de costas, de lado, numa de ciclista e também conhecer o significado brincadeira de “pega–pega”, por exem- das placas espalhadas pela cidade. plo, dá à criança possibilidades de experimentar seu corpo e os outros cor- A quadra de esportes e o pátio da es- pos, entendendo o que está em cima, cola são ambientes em que o professor alfa- embaixo, ao seu lado, e de que lado. Es- betizador poderá desenvolver atividades de tas são noções que se relacionam com Educação Física com interações com a Geo- o mundo natural e com a Geometria, metria. Os jogos esportivos, como o vôlei e o uma vez que essa parte da Matemática futebol, e as brincadeiras, como o “pega-pe- também se preocupa, desde a Educa- ga”, são elementos importantes e motiva- ção Infantil, com o desenvolvimento da dores para se trabalhar, entre tantas outras lateralidade e do reconhecimento da coisas, com a movimentação e a localização importância de se estabelecerem pon- das pessoas. tos de referência para localizar uma pessoa ou objeto no espaço. A seguir, destacamos um depoimento de uma especialista que mostra algumas inte3 Departamento de Educação – UNESP -Bauru Profª Drª Luciene Ferreira da Silva3 17 Dessa forma, realizando atividades lú- dicas, construindo brinquedos e trabalhando das para localizar um determinado animal ou uma obra de arte. em grupos, é possível desenvolver habilidades geométricas, explorando a lateralidade, a A sala de aula também se constitui orientação espacial e a em um rico espaço des- percepção geométrica, tinado à exploração de componentes impor- tantes do pensamento geométrico. As habilidades de movimentação de um objeto também podem ser exploradas por meio da brincadeira do “passa-passa” (PIRO- LA, 2006). Essa brincadeira consiste em dispor os alunos em fila e entregar ao primeiro um objeto (uma bola, por exemplo). Vários comandos podem ser “ (...) realizando atividades lúdicas, construindo brinquedos e trabalhando em grupos, é possível desenvolver habilidades geométricas, explorando a lateralidade, a orientação espacial e a percepção geométrica, componentes importantes do pensamento geométrico.” atividades de ensino de Geometria. A professora Alessandra Vitali trabalha com uma turma do 3º Ano do Ensino Fundamental da EMEB Prefeito Prof. José Mendesano, da cidade de Registro, São Paulo. Ela relata uma experiência interessante em relação ao trabalho com a Geometria. Utilizando embalagens variadas trazidas pelos alunos, a turma montou dados: Por exemplo, o um mercadinho. Ini- professor pode solicitar cialmente foi feita uma a um aluno que passe classificação dos pro- o objeto por cima de sua cabeça para quem dutos: produtos de limpeza, alimentação etc. está atrás dele. A seguir, esse aluno deverá se Posteriormente, as embalagens foram classi- colocar como o último da fila. ficadas em corpos redondos e poliédricos. Outros espaços podem ser explora- dos pelo professor no processo de ensino da Geometria. Por exemplo, em uma visita Desde o 1º bimestre exploro a Geometria com meus alunos, oralmente e com atividades pertinentes. Utilizo a interdisciplinaridade sempre que possível para explo- a um zoológico, ou museu, os mapas e as rar, tanto oralmente quanto no registro, sinalizações com setas podem ser explora- sobre o tema. Os alunos gostam bastante 18 da comparação das formas geométricas cações. De acordo com o relato da professo- com os objetos que fazem parte do dia-a- ra Alessandra, também é possível fazer uma -dia, seja na escola, no trajeto ou em casa. maquete com ruas e prédios. A partir dessa A maioria compreendeu bem a diferenciação de figuras geométricas dos sólidos geométricos, os quais explorei em sala maquete, várias atividades de movimentação e localização poderão ser realizadas. Por exemplo: na maquete construída da cidade, com objetos do mercadinho, comparando pode-se identificar qual o melhor caminho formas, tamanhos e espessuras. (...) Neste para se deslocar da praça à padaria. Aqui po- bimestre recortamos e colamos os sólidos derão ser utilizados relatos orais com o uso geométricos do livro didático. Foi uma ativi- de noções de lateralidade. dade que os alunos adoraram. Após debate e explicação das planificações para formar os sólidos, fiz uma exploração inicial sobre as arestas, os lados e os vértices, com As habilidades de localização e movi- mentação podem, ainda, ser desenvolvidas os sólidos mais utilizados e conhecidos. As utilizando o papel quadriculado, croquis e crianças fizeram comparações e compreen- mapas em um trabalho com interações com deram que a Geometria está presente em a Geografia. A descrição de trajetos, a identi- todos os lugares. ficação de locais em mapas e a identificação do que está ao sul, ao norte, a leste a oeste Também realizamos uma maquete simbólica, com os objetos do mercadinho. Fizemos uma disputa entre meninas e meninos: montar uma rua com casas, prédios, são alguns elementos interessantes utilizados para articular o ensino da Geografia com o de Geometria. carros e outros objetos pertinentes, para posteriormente explorarmos as figuras ge- ométricas através dos sólidos. Claro que entre outras coisas, a importância do reco- houve empate! Todos demonstraram aten- nhecimento de pontos de referências para a ção e envolvimento, se divertiram e aprenderam um pouco mais sobre a Geometria, deixando claro que vale a pena utilizar o concreto aliado ao registro escrito, pro- Atividades dessa natureza enfatizam, localização e a movimentação no espaço. Vários recursos já foram desenvolvi- porcionando ao ensino uma melhor assi- dos para auxiliar as pessoas a se localizarem e milação dos conhecimentos pelos alunos. a se movimentarem. Um desses recursos é o GPS (Sistema de Posicionamento Global), que O trabalho com embalagens de di- dá as informações necessárias para se che- ferentes formatos é bastante interessante, gar a um determinado destino. Entretanto, pois, por meio delas, é possível realizar clas- o conhecimento das noções de lateralidade sificações de sólidos geométricos e planifi- é imprescindível para realizar um determina- 19 do trajeto com sucesso, uma vez que o GPS Outro recurso muito utilizado para utiliza comandos como: virar à direita, virar dar a posição de uma pessoa é o celular, pois à esquerda, fazer uma curva suave à direita, muitos modelos já têm o GPS integrado. Vá- manter-se à esquerda e assim por diante. rias pessoas utilizam as redes sociais para postarem a sua localização em um dado mo- Antes da criação e utilização do GPS mento (fazer check-in). em larga escala, outros recursos eram utilizados para realizar a movimentação e localização. Entre esses recursos destacamos as indicações orais e os mapas. Uma pessoa que chegava a uma cidade em que nunca foi e desejava localizar uma determinada rua, geralmente parava o carro e perguntava a alguém onde ficava essa rua. Com as informações obtidas, como “anda três quadras e vire à esquerda, passando o supermercado vire à direita” era possível chegar a um determinado local. A consulta a um mapa também possibilitava chegar ao destino de- No ciclo de alfabetização, os regis- tros oral e escrito dos alunos possibilitam constituir um dos instrumentos para avaliar o desenvolvimento das habilidades relacionadas à localização e movimentação. O professor alfabetizador poderá utilizar a roda de conversa, realizada no pátio da escola, para pedir aos alunos que destaquem alguns pontos de referência presentes em seu trajeto casa-escola. Podem destacar praça, igreja, edifício, etc. A seguir, os alunos sejado. Quando não se dispõe do GPS, esses poderão registrar esses pontos de referência recursos ainda são utilizados. em um desenho. Uma variação dessa atividade é solicitar aos alunos que desenhem o Com o GPS, as informações são obti- trajeto que fazem para se deslocar da sala das em tempo real, o que possibilita ao mo- de aula ao refeitório. A seguir destacamos a torista economia de tempo e maior precisão produção de um aluno de seis anos com o nas informações. desenho do trajeto de sua casa à escola. Ao explicar o trajeto, o aluno disse que sua tia saía de sua casa (B) e ia buscá-lo em casa (A). A seguir, a tia retornava no sentido de B para ir até C, que é a escola. A professora dessa turma ficou intrigada, querendo saber por que a tia não ia direto de A para C. Conversou com a tia e mostrou o traO GPS facilita a movimentação e a localização. jeto feito pelo aluno e questionou por 20 que, uma vez em A, não seguia direto para C, não sendo necessário voltar. A tia explicou que seu sobrinho tinha feito o itinerário correto, uma vez que para ir de A a C direto era inviável, pois as ruas apresentavam muitos buracos, dificultando bastante o deslocamento. Extraído de Pirola (2006). P. 199-200 Feita a atividade, as produções dos alunos podem ser expostas e cada um deles pôde explicar o seu desenho e os pontos de referências destacados. De forma geral, existem muitas ati- vidades interessantes a serem desenvolvidas com os alunos para desenvolver a habilidade de movimentação e localização. O professor alfabetizador não pode ficar restrito somente ao ambiente da sala de aula. Precisa se movimentar com seus alunos, explorando outros espaços e realizando conexões com outros campos do saber, como, por exemplo, a Educação Física e a Geografia. O trabalho interdisciplinar é importante no processo de construção do conhecimento, pois possibilita, entre outras coisas, utilizar um determinado conceito em diferentes contextos. 21 REFERÊNCIAS PIRES, C. M. C; CURI, E. CAMPOS, T.M.M. Espaço e forma: a construção de noções geométricas pelas crianças. São Paulo: PROEM. 2000. PIROLA, N. A. Um estudo sobre a formação dos conceitos de triângulo e paralelogramo em alunos de 1º grau. 1995. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. ______ . Espaço e forma na educação infantil. In: Coletânea de Textos do CECEMCA. 1ed, 2006, v. 1, p.192-240. 22 texto 3 Figuras planas e espaciais: como trabalhar com elas nos anos iniciais do Ensino Fundamental? Odalea Aparecida Viana1 A Geometria escolar estuda o espaço de uma maneira simplista, acabam impedindo e as formas. Neste texto, iremos nos dedicar que nossas crianças aprendam conceitos geo- às formas que podem ser representadas como métricos. O Quadro 1 mostra algumas afirma- figuras geométricas. ções que são frequentes nas falas dos professores (VIANA et al., 2013) e a nossa percepção em Sabemos que a Geometria plana estu- relação às mesmas. da as figuras planas (ou bidimensionais), como AFIRMAÇÕES NOSSA PERCEPÇÃO 1ª) AO OBSERVAR AS FORMAS DOS OBJETOS, AS CRIANÇAS APRENDEM GEOMETRIA. CONCORDAMOS ( ) NÃO CONCORDAMOS (X) 2ª) AO MANIPULAR OBJETOS CONCRETOS, AS CRIANÇAS APRENDEM GEOMETRIA. CONCORDAMOS ( ) NÃO CONCORDAMOS (X) 3ª) QUANDO ASSOCIAM O NOME ÀS FIGURAS GEOMÉTRICAS, AS CRIANÇAS APRENDEM GEOMETRIA. CONCORDAMOS ( ) NÃO CONCORDAMOS (X) CONCORDAMOS ( ) NÃO CONCORDAMOS (X) parede, associamos essas formas a retângulos. 4ª) AO DESMONTAR E MONTAR CAIXINHAS DE EMBALAGENS, AS CRIANÇAS APRENDEM GEOMETRIA ESPACIAL. 5ª) AO CONTAR FACES, VÉRTICES E ARESTAS, AS CRIANÇAS APRENDEM GEOMETRIA ESPACIAL. CONCORDAMOS ( ) NÃO CONCORDAMOS (X) quadrados, retângulos, triângulos, polígonos, etc.; e que a Geometria espacial estuda as figuras espaciais (ou tridimensionais), como cubos, paralelepípedos, pirâmides, cilindros, etc. Os objetos produzidos pelo homem têm formas tridimensionais, apesar de, em alguns casos, nos referirmos apenas à forma de uma de suas partes. Por exemplo, quando olhamos a porta, a janela, o quadro branco ou a própria Entendemos que explorar as proprie- dades das figuras geométricas, bem como 23 Quadro 1. Afirmações comuns nas falas dos professores compor e decompor formas, pode ser um bom caminho para as crianças aprenderem conceitos e desenvolverem seu raciocínio em Geometria. No entanto, inicialmente vamos contestar algumas ideias que, ao serem admitidas Evidentemente, a alternativa assina- lada “não concordamos” é uma provocação para que possamos tecer algumas reflexões sobre o ensino e aprendizagem da Geome- 1 Professora da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal, da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] tria. O objetivo deste texto é apresentar uma A aprendizagem da Geometria se dá concepção acerca da formação de conceitos pelo desenvolvimento do chamado “pensa- geométricos elementares e o papel das figu- mento geométrico”, conforme denominado ras nesse processo. por Van Hiele – um autor que se preocupou em estudar como os conceitos geométricos Conceitos Sob a perspectiva piagetiana, pode- podem ser formados pelos alunos (VAN HIELE, 1986). O modelo, que pode ser visto em mos compreender a formação de conceitos Crowley (1994), consiste em cinco níveis de – tema de especial interesse neste trabalho compreensão: reconhecimento, análise, de- – por meio do entendimento das operações dução informal, dedução formal e rigor e su- que um indivíduo pode realizar ao longo do gere que os alunos progridam através dessa seu desenvolvimento e na construção do es- sequência hierárquica enquanto aprendem paço perceptivo e representativo (PIAGET & Geometria. Esses níveis do raciocínio geo- INHELDER, 1993). Um conceito é uma gene- métrico foram descritos por Van Hiele (1986) ralização a partir de dados relacionados e e são resumidos a seguir: que possibilita responder a algo ou pensar em estímulos ou percepções específicos de Nível 1 – Reconhecimento: 24 uma determinada maneira. Quando a criança formou os conceitos de retângulo2 e de Neste estágio inicial, também chama- trapézio3, por exemplo, ela pôde generalizar do de nível básico ou de visualização, o alu- as figuras abaixo como sendo representan- no percebe os conceitos geométricos como tes desses conceitos e pôde perceber as tá- entidades totais; não vê componentes ou buas do portão com a forma de dois retân- atributos. A aparência física é determinante gulos e quatro trapézios (Imagem 1). para reconhecer figuras e não suas partes ou propriedades. O aluno consegue aprender um vocabulário geométrico, identificar formas específicas e reproduzir um desenho com papel quadriculado. Por exemplo, pode reconhecer um dado, chamá-lo de cubo, mas não é capaz de reconhecer as seis faces quadradas. Este ní- Imagem 1. Trapézios à esquerda e esquema de um portão formado por retângulos e trapézios. 2 vel mais elementar de raciocínio é decorrente da forma como normalmente a Geometria pa- Retângulos são quadriláteros (polígonos de quatro lados) que possuem quatro ângulos retos. 3 Trapézios são quadriláteros que têm um par de lados paralelos, e retângulos são quadriláteros que têm quatro ângulos retos. rece ser ensinada nos anos iniciais do Ensino e os de B são “retinhos”, mas demorarão Fundamental, ou seja, baseada em ativida- para dizer que as duas figuras são polígonos des que têm por objetivo o reconhecimento e têm o mesmo número de lados. No segun- nos dois sentidos: nome <-> figura. do caso, talvez se refiram às alturas (o cubo D é mais “alto” que o paralelepípedo C), às Em muitas ocasiões, as descrições faces iguais de D e diferentes de C, e só mais das figuras estão baseadas em sua seme- tarde indicarão que ambas as figuras são po- lhança com outros objetos (não necessa- liedros com seis faces. riamente geométricos) que conhecem. São usadas frases como: “... se parecem com...”, “ ...a forma de...” etc. Nível 2 – Análise: Neste nível, o aluno reconhece as partes de uma figura, começa a analisar as suas propriedades e utiliza algumas delas para resolver certos problemas. Não é capaz de explicar relações entre as mes- Imagem 2. A e B são polígonos de seis lados (hexágonos); C e D são poliedros de seis faces (hexaedros). No nível 2, por meio de atividades exploratórias, as crianças poderão reconhecer e nomear os grupos de figuras a seguir (Imagem 3), já que agora elas conseguem analisar as propriedades. mas, não vê inter-relações entre as figuras e não entende definições. Pode perceber que os lados opostos e, possivelmente, que as diagonais de um retângulo são con- Imagem 3. Grupo A: retângulos; Grupo B: triângulos e Grupo C: trapézios. gruentes, mas não notará como os retângulos se relacionam com os quadrados. Da mesma maneira, no nível 2, as crianças podem analisar semelhanças (o Acrescente-se que, neste nível, o que é mais difícil do que analisar diferenças) aluno dá mais importância à existência de e podem separar as figuras em poliedros4 e algumas propriedades diferenciadoras nas não poliedros (Imagem 4). figuras que à existência de propriedades comuns. Como exemplo, dadas as figuras a seguir (Imagem 2), provavelmente as crianças vão apontar diferenças: B é “maior” que A, Imagem 4. Poliedros (à esquerda) e não poliedros (à direita). os “cantinhos” (ângulos) de A são “abertos” 4 Os poliedros são figuras tridimensionais (ou espaciais) que são formadas por faces (superfícies planas), vértices e arestas. Os não poliedros são, em geral, chamados de corpos redondos (na figura estão um cone, dois cilindros, uma esfera e um tronco de cone). 25 Nível 3 – Ordenação: melhor, não analisam as propriedades das figuras. Evidentemente, não conseguem in- O aluno, neste nível, ordena logica- cluir classes de figuras, entendendendo, por mente figuras e entende inter-relações de exemplo, que quadrados são paralelogra- propriedades tanto das figuras quanto entre mos5. A Imagem 5 mostra classes de figuras elas. É capaz de formar classes de figuras, e a para quadriláteros prismas6. O entendimen- inclusão de classes é entendida. Pode enten- to das relações de inclusão ilustradas pelas der por que todo quadrado é retângulo, mas imagens requer o Nível 3 de desenvolvimen- pode não ser capaz de explicar por que as dia- to do raciocínio geométrico, de acordo com gonais de um retângulo são congruentes. Van Hiele (1986): Nível 4 – Dedução: O aluno compreende o significado da dedução e é capaz de construir demonstrações de teoremas. Em geral, esse nível não é alcançado no Ensino Fundamental. Nível 5 – Rigor: O aluno, nesse nível, é capaz de trabalhar com outras Geometrias que não a euclidiana. Estudantes de nível superior podem atingir esse nível. Imagem 5 – Inclusão de classes para os polígonos que são quadriláteros (à esquerda) e para os poliedros que são prismas (à direita). Consideramos que aprender Geome- tria, mesmo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, não se resume a reconhecer e nomear figuras, mas sim a desenvolver formas de pensamento geométrico. Para desenvolver os níveis de conceitos, são necessárias operações mentais que vão muito além da manipulação de manipular objetos. Algumas pesquisas indicam que os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e até do Ensino Médio estão em um nível de formação conceitual bem abaixo do esperado. Assim, são muitos os que não reconhecem as figuras constantes na Imagem 5, pois não analisam suas características, ou 5 De acordo com Piaget e Inhelder (1993), todo pensamento surge das ações, mas estas não se resumem a ações físicas com objetos; é preciso que as crianças coordenem essas ações no plano do pensamento. Assim, não basta montar quadrados com Paralelogramos são quadriláteros que possuem dois pares de lados paralelos. 6 Prismas são poliedros que têm duas faces paralelas e congruentes e as outras faces (laterais) paralelogramos (geralmente retângulos). 26 quatro varetinhas do mesmo comprimento; também sugeridas outras atividades para é preciso que, ao receber varetas de compri- a Geometria plana e espacial. mentos variados, a criança imagine quantas e de quais tamanhos ela precisaria para re- Algumas atividades para construir conceitos presentar as formas de um piso e de uma bandeira – e tentar explicar por que fez assim, por exemplo. Essas antecipações das ações tornam-se verdadeiros desafios para o aluno e são conflitos cogni- “(...) com base na teoria piagetiana, consideramos que oportunizar a manipulação de material concreto pode contribuir para a formação de conceitos desde que as crianças possam agir no plano do pensamento.” Exemplo 1: Trabalhar com figuras planas recortadas (que permitam movimentar, girar, sobrepor) a) Identificar congruências7 em triângulos: Há tivos que, de acordo pares de figuras iguais com Piaget, ajudam no (congruentes)? desenvolvimento intelectual dos alunos. tiana, 27 Assim, com base na teoria piageconsideramos que oportunizar a manipulação de material concreto pode b) Identificar semelhanças nas figuras: Há pa- contribuir para a formação de conceitos res de figuras em que, ao que parece, uma é a desde que as crianças possam agir no pla- ampliação ou redução da outra? “Há pares de no do pensamento. Figuras desenhadas polígonos que parecem ser semelhantes?” nas folhas dos livros ou em cartazes não permitem, por exemplo, antecipação de deslocamentos e de giros, nem de verificação dos resultados desses movimentos. Alguns exemplos de movimentos de figuras são descritos a seguir, lembrando que c) Variação da atividade anterior: as mesmas figuras poderão compor um jogo de cartas, com os mesmos questionamentos anteriores. o professor pode construir, junto com os alunos, a maior parte dessas figuras. São 7 Dois triângulos são congruentes quando têm lados e ângulos correspondentes de mesma medida. Uma das maneiras de verificar a congruência é sobrepor as figuras. 8 Dois polígonos são semelhantes quando os lados correspondentes são proporcionais e os ângulos correspondentes têm a mesma medida. Evidentemente, nos anos iniciais, exploram-se apenas as ideias de redução e de ampliação. Exemplo 2: Criar, compor e decompor figuras planas a) Criar formas poligonais d) Criar uma forma poligonal, recortá-la em cartolina e usá-la para compor faixas (congruência e translação/simetria). Abaixo, o “cachorro poligonal” é polígono de 10 lados! A ideia é que a criança crie contor- nos como os ilustrados, com auxílio de régua e sem medidas, apenas para caracterizar polígonos. Não importa que as figuras não fiquem simétricas, o importante é caracterizar os lados retos. b) Decompor e recompor o polígono criado (dodecágono). Que figuras foram obtidas? Exemplo 3: Antecipando construções a) Antecipar a escolha das faces para formar os poliedros (prismas, paralelepípedos, pirâmides). Observe os polígonos à esquerda (eles serão as faces): quantas faces você vai precisar para montar cada poliedro à direita? Serão todas triangulares? Haverá quadrados? 28 b) Antecipar a escolha das arestas para formar os poliedros (prismas, paralelepípedos, A “estrela poligonal” é um polígono pirâmides). Quantas varetas (arestas) você de 12 lados. Ela deu origem a 6 polígonos, precisará para formar o paralelepípedo? Te- sendo 2 triângulos (triângulos equiláteros) e rão a mesma medida? 4 quadriláteros (sendo um quadrado e três trapézios). Entre esses 6 polígonos, há polígonos congruentes? c) Compor figuras (quebra-cabeça) com: (i) Exemplo 4: Desenvolvendo vocabulário contornos definidos, (ii) contornos não defi- a) Jogo “Adivinha quem sou”: sou um polígo- nidos, (iii) modelo com peças do mesmo ta- no, tenho quatro lados, tenho quatro ângu- manho, (iv) modelo com peças maiores que los, os lados são congruentes, os ângulos o modelo etc. são todos retos. b) Jogo da memória de pares ou trios. rentes? Esse poliedro tem faces que são iguais às daquela pirâmide? Considerações finais Conforme podemos notar, o voca- bulário deve ser aprendido pela criança Conforme as teorias mostram, é ne- nas próprias atividades. cessário que a criança estabeleça relações o tempo todo: É igual? É diferente? É parecido? Esperamos ter explicado as nossas O que tem de igual? É o ângulo? É a medida percepções contidas no Quadro 1: na nossa do lado? É a quantidade de lados? concepção, não se aprende Geometria observando formas de objetos e manipulando O enfrentamento de desafios, na for- materiais concretos, mas devemos dar ênfa- ma de antecipações, também é importan- se à criatividade e à exploração das proprie- te. Na Geometria plana, por exemplo: Esta dades, de modo a contribuir para a forma- quantidade de lados vai ser possível para for- ção de conceitos e para o desenvolvimento mar esse polígono? As medidas desses lados dos níveis de pensamento em Geometria. formam aquele hexágono? Por quê? Se juntar aqueles dois ângulos formará o ângulo reto do quadrado? Na Geometria espacial: quantas arestas e de que medidas você vai precisar? Essas são as melhores faces para aquele poliedro? E se pegar essas, forma aquele outro poliedro que é pirâmide? E por que não pegar aquelas? Se juntar essas faces retangulares formará o paralelepípedo? Além disso, apostamos em ativida- des que incentivem a criança a criar, a inventar, e a explorar as propriedades da figura criada. Na Geometria plana: Esse seu “peixe poligonal” é um polígono de quantos lados? Lados iguais? Quantos ângulos? Tem ângulos retos? Na Geometria espacial: Esse poliedro que você criou, quantas faces tem? As faces são iguais? São dife- 29 REFERÊNCIAS CROWLEY, M. L. O modelo Van Hiele de desenvolvimento do pensamento geométrico. In: LINDQUIST. M. M; SHULTE A. A. (org.) Aprendendo e ensinando Geometria. Tradução de Hygino H. Domingos. São Paulo: Atual, 1994. PIAGET, J.; INHELDER B. A representação do espaço na criança. Tradução de Albuquerque, B. M. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. VAN HIELE, P. M. Structure and Insight – A Theory of Mathematics Education, Orlando: Academic Press, 1986. VIANA, O. A.; SILVA, R. M. M.; SILVA, B. A. R. Relações entre atitudes e concepções de professores acerca da Geometria. Encontro Nacional de Educação Matemática, 11, PUCPR, 2013. Anais… Curitiba, 2013. 30 Presidência da República Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica TV ESCOLA/ SALTO PARA O FUTURO Coordenação Pedagógica Ana Maria Miguel Acompanhamento pedagógico Grazielle Bragança Copidesque e Revisão Milena Campos Eich Diagramação e Editoração Bruno Nin Virgilio Veiga Consultor especialmente convidado Nelson Antonio Pirola E-mail: [email protected] Home page: www.tvescola.org.br/salto Rua da Relação, 18, 4º andar – Centro. CEP: 20231-110 – Rio de Janeiro (RJ) Setembro 2014 31