INFOGRAFIA: O DESIGN VISUAL DA INFORMAÇÃO
INFOGRAPHIC: THE VISUAL DESIGN OF INFORMATION
Fetter, Luiz Carlos; Mestrando; Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
[email protected]
Scherer, Fabiano de Vargas; Me; Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
[email protected]
Resumo
Este artigo se propõe a examinar o infográfico como subgênero jornalístico que ocupa
um lugar cada vez mais destacado na imprensa. Para isso, discute o papel do infografista
como coautor de uma reportagem narrada graficamente para a visualização de um fato ou
evento. Como uma ferramenta, estrutura uma interação que pressupõe transmissão de idéias,
conceitos, mensagens. Como mediador da transmissão da informação o infografista formula
uma versão visual do mesmo, para outro sujeito: o leitor. Esta mediação não é neutra: as
escolhas formais e a sua abordagem influenciam a comunicação, seu conteúdo e a valoração
dos elementos em jogo.
Palavras Chave: informação, comunicação, design, infográfico.
Abstract
This article aims to examine the infographic as journalistic subgenre that occupies an
increasingly prominent in the press. For this, discusses the role of the infographic as coauthor of a story narrated to graphically display a fact or event. As a tool, an interaction
structure which requires transmission of ideas, concepts, messages. As mediator of
transmission of information the computer graphics experts formulates a visual version of the
same, to another subject: the reader. This mediation is not neutral: the formal choices and
influence their approach to communication, content and valuation of the elements in play.
Keywords: information, communication, design, infographic.
Infografia: o Design Visual da Informação
1. Introdução
No infográfico, a informação e a comunicação acontecem simultaneamente. A
discussão sobre as fronteiras dessas duas áreas de conhecimento tem aqui um exemplo
perfeito da simbiose. Confirma-se o caráter intercambiável e complementar de ambas, por que
intervêm diretamente na compreensão, registro e intervenção no mundo (STUMPF e
WEBER, 2002).
A leitura e interpretação de uma mensagem são influenciadas por diversos fatores,
desde a sua produção até a sua recepção pelo leitor, o contexto no qual esta interação se dá, as
referências individuais de cada sujeito envolvido neste processo comunicacional, sua
familiaridade com códigos, etc. Assim, a atividade de conferir visualidade a um discurso
normalmente feito apenas através de texto escrito não está isenta de interferência. E a
indicação de que matéria será acompanhada deste recurso – tarefa que normalmente não cabe
apenas ao departamento de infografia – já é, em si, uma escolha que confere importância e
maior visualidade a determinada notícia. Assim, o recurso do infográfico pode ser usado para
ampliar a visibilidade de determinados acontecimentos, pessoas ou idéias.
Algumas questões antecedem a escolha do gênero mais adequado para abordar
determinada informação: o que informar? Para quem informar? Informar que circunstâncias?
O que determina a noticiabilidade (seleção e hierarquização de acontecimentos em função de
seu valor-notícia)? Charaudeau (2007) questiona a identidade das instâncias de informação produção e recepção, e afirma haver um acordo tácito implícito entre ambas. O autor ainda é
categórico ao afirmar que ambas as instâncias subscrevem, acima de qualquer estratégia e
intenção particular, um contrato de reconhecimento mútuo das condições de troca em que
estão envolvidos, e a isso denomina contrato de comunicação.
A questão que envolve a escolha de que notícias serão infografadas, recebendo assim
certo destaque visual na página, está circunscrita as mesmas questões editorias que
determinam outros destaques por parte da instância produtora, e deve estar sempre levando
em conta esse contrato com sua parte complementar, a instância de recepção. No jornalismo
científico costuma-se tratar de assuntos cujo entendimento pode não ficar claro apenas com a
descrição textual. O caráter do infográfico nem sempre é complementar, podendo ser
autônomo, fundamental. A linguagem gráfica pode ser extremamente elucidativa quando se
trata de evidenciar uma estrutura espacial, por exemplo. Inúmeras ciências, como a biologia, a
geografia, a geometria, a astronomia e a medicina não teriam se desenvolvido até o estágio
em que se encontram hoje se prescindissem dessa forma sofisticada de construção do
pensamento que é a imagem, em suas mais variadas formas. Impossível pensar o
desenvolvimento de profissões milenares, como a arquitetura, e recentes, como o design sem
a representação gráfica.
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A crescente velocidade com que consumimos informação reveste os infográficos de
uma importância cada vez maior. Sucessivamente, desde sua criação, a imprensa e as artes
gráficas submeteram o leitor a uma aquisição de repertório visual que resultou num domínio
sofisticado de códigos. A facilidade de leitura e o potencial de sedução estética que o leitor
espera e está apto a consumir é consideravelmente grande. Assim, o que antes era um recurso
para compensar a má qualidade ou até mesmo a ausência do levantamento fotográfico
também é uma opção em outras ocasiões, devido a seu impacto e atração sobre o leitor. Nesse
contexto o poder de síntese somado ao fator atração tornou o infográfico um recurso
praticamente obrigatório.
2. Objetivos
O objetivo deste trabalho é discutir o papel da infografia como coautora de uma
reportagem narrada graficamente para a visualização de um fato ou evento. Também como
uma ferramenta, que estrutura uma interação que pressupõe transmissão de idéias, conceitos,
mensagens. Salienta-se o papel do infográfico como mediador da transmissão da informação,
onde formula uma versão visual do mesmo para outro sujeito, o leitor. Esta mediação não é
neutra: as escolhas formais e a sua abordagem influenciam a comunicação, seu conteúdo e a
valoração dos elementos em jogo.
É também objetivo deste trabalho trazer a tona à discussão do papel da infografia no
contexto da circulação atual da informação.
3. O que é um Infográfico?
Infográficos são quadros informativos que usam simultaneamente texto e elementos
visuais (fotos, gráficos, mapas ou ilustrações) para transmitir uma informação ao leitor. O
infográfico pretende mostrar um acidente, por exemplo, como ele supostamente aconteceu,
com detalhes relevantes e forte apelo visual. Ninguém previu o acidente e por isso não há
fotografias, mas as evidencias e os depoimentos permitem entender como tudo ocorreu;
investiga-se e monta-se uma espécie de storyboard para narrar, visualmente, o acontecido
(figura 01). Localizações, funcionamento de mecanismos, gráficos, interiores de prédios,
mapas e linhas de tempo tem nesta tipologia informativo-comunicacional sua forma ideal de
narrativa.
Considerados atraentes (podem ter essa propriedade realçada) para o leitor, facilitam e
agilizam a compreensão do texto oferecendo uma noção mais rápida e clara dos sujeitos, do
tempo e do espaço da notícia. Barnhurst (apud SOUZA, 2005) assinala que o infográfico é
particularmente útil ao apresentar uma grande quantidade de informação destinada à
apreensão imediata.
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Figura 01: Três versões do infográfico sobre o acidente do vôo TAM JJ 3054 (Rubens Paiva).
Fonte: acervo dos autores.
Constata-se, nestes novos tempos marcados por uma velocidade e consumo de
informação freneticamente crescente, que o infográfico é cada vez mais usado. A concisão e a
síntese com que um infográfico aborda os assuntos são perfeitamente sincronizadas com o
perfil pós-moderno. Quem quer ou pode se envolver mais do que 5 minutos para se interar
sobre o mais recente acidente aéreo? O caráter descartável da notícia é evidente nos dias de
hoje, quando há mais consumo da informação como “novidade” do que propriamente
interesse real nela. Isto não o invalida, muito pelo contrário. Um infográfico pode funcionar
como uma porta de entrada: caso o leitor se interesse sobre o assunto, passa a ler a matéria em
si, mais extensa e aprofundada.
3.1. Origem
Segundo Machado (2001), a imagem foi historicamente desprezada em vários
momentos e em várias culturas. O autor define quatro momentos distintos em que a imagem
foi denegrida como vilã e definida como uma ameaça à humanidade: o primeiro, nas culturas
judaico-cristã, islâmica e na tradição filosófica grega; o segundo, durante o Império
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Bizantino; o terceiro, a reforma protestante. Todos esses ciclos se baseiam na superioridade
da palavra, sobretudo da palavra escrita (que não deixa de ser uma imagem) como a única
fonte da verdade, e numa errônea marginalização da imagem, sempre associada à idolatria. O
quarto momento, por incrível que pareça, é o atual, baseado numa retomada da crítica
platônica dos simulacros.
Não deixa de ser sintomático que a repulsa às imagens retorne com furor e
intolerância em nosso tempo. (...) Felizmente, ao menos por enquanto, tal como na
sociedade grega antiga, apenas no plano do pensamento filosófico, ou seja, nesse
terreno que poderíamos definir como sendo o do neoplatonismo. Hoje, a visão das
massas reunidas ao redor dos aparelhos de televisão é considerada, por um número
bastante expressivo de nossos intelectuais, tal qual aquela atribuída por Moisés ao
povo judeu reunido em torno do bezerro de ouro: uma insuportável manifestação da
iconofilia e da idolatria, um culto ao demônio, que se deve a qualquer preço combater.
(MACHADO, 2001, p.15).
Para Machado (2001), os pensadores franceses Guy Debord, com a sua “Sociedade do
Espetáculo”, e Jean Baudrillard são os que representantes do atual iconoclasmo. Para
Baudrilard, a mídia eletrônica e digital produz uma hiper-realidade, uma ficção de realidade
alucinatória e alienante, uma “desrealização fatal”. A isso Debord chama “a civilização das
imagens”. Ainda segundo o autor, esse delírio interpretativo já foi devidamente questionado e
superado, pois o papel da mídia não está definido a priori, nem é uma fatalidade histórica
intransponível, mas sim um processo negociado de sentido entre signos (mensagens
culturais), as realidades de que eles tratam e seus intérpretes (que lhes dão sentido).
Machado (2001) cita Fançois Dagognet, cuja obra considera a pintura e a imagem em
geral como necessários à ciência, como alicerce do pensamento rigoroso e complexo. O
desenho, segundo Dagognet, encontra-se de forma plenamente constituída no trabalho
iconográfico dos cientistas ”semióticos”, para os quais o registro gráfico desempenha papel
heurístico e metodológico (quando não ontológico) na investigação científica. Também Costa
(1998) evidencia a importância da visualização tecnocientífica. Para ele, o meio determina a
mensagem e seus modos de relação com os indivíduos.
Segundo De Pablos (1999), sempre houve infografia. Quando apareceu a imprensa
informativa a infografia se somou, porque o binômio imagem/texto é facilmente entendido
por qualquer leitor, e o jornalista de ontem e de hoje sempre teve claro que seu impresso deve
chegar ao maior número possível de leitores. Entretanto, as origens da visualização estão nos
diagramas geométricos, nas tabelas de posição das estrelas e nos mapas.
3.2. Evolução Histórica
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À medida que o conhecimento humano percorre sua rota de evolução a necessidade de
registro se faz evidente, e em muitos casos o diagrama, ou seja, uma representação visual
estruturada e simplificada de um determinado conceito ou idéia é o modo mais conciso,
prático e exato de fixá-lo. As informações mapeadas (geologia, economia, demografia e
saúde, por exemplo) são impulsionadas por novas tecnologias de impressão, que abrem
caminho para a sofisticação deste tipo de informação.
Figura 02: Infográficos históricos de William Playfair, Charles Joseph Minard e Florence Nightingale.
Fonte: The Economist.
Entre 1800 e 1849 temos o início da infografia moderna. William Playfair usou um
gráfico de barras e de linhas com dados econômicos na Inglaterra. O mesmo Playfair criaria
também um gráfico em forma de pizza, comparando proporções de um todo, fórmula visual
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presente hoje em softwares de edição de texto e de apresentações. Em 1861, Charles Joseph
Minard representou graficamente a campanha russa na guerra de 1812 ilustrando a relação
número de soldados x queda das temperaturas. Outro nome importante é o de Florence
Nightingale, que além de ser considerada pioneira na área da enfermagem moderna, era
membro da Sociedade Real de Estatística da Inglaterra. Ela elaborou um gráfico que ilustra as
causas principais de mortalidade durante a guerra, o que contribuiu para a melhoria do
atendimento nos hospitais militares, ao mostrar que muitos soldados morreram de causas
evitáveis (figura 02).
A primeira metade do século XIX foi responsável por uma explosão no crescimento de
gráficos estatísticos e de mapeamento temático, graças às inovações obtidas no século
anterior. Grande parte das formas dos gráficos estatísticos conhecidos hoje foi desenvolvida
nesta época.
Ao longo dos tempos, desde Gutenberg, o hábito da leitura cresceu continuamente até
transformar-se em uma habilidade indispensável ao homem. Um sem-número de atividades
passou a depender da leitura. A necessidade crescente de informação aumentou sua
velocidade. Com seu advento e sua evolução técnica, a fotografia é incorporada aos diários –
à medida que a tecnologia de impressão assim o permite – o que aumentou seu caráter tanto
informativo como documental. A experiência visual com um fato antes apenas narrado sob
forma de texto era um avanço inquestionável. O surgimento das mídias audiovisuais e sua
popularização afetaram a maneira como os jornais diários noticiam, buscando uma linguagem
cada vez mais rápida, telegráfica, e acessível às novas massas de leitores.
Mas foi com o surgimento do computador pessoal, mais especificamente do Macintosh
da Apple, em 1985, que a infografia se assenta como um dos pilares dos periódicos
contemporâneos. Começava uma pequena revolução visual, sacudindo e renovando a letargia
reinante no meio editorial através de uma quebra generalizada de regras, que, se não foram de
todo institucionalizadas, resultaram em reformas cujo centro pode ser expresso numa grande
valorização da expressão visual.
Tendo percorrido uma trajetória evolutiva que o dotou de grande agilidade de leitura
ao mesmo tempo em que o municiou de um arsenal de códigos visuais mais abrangentes, o
leitor médio estava pronto para um salto em temos de narrativas informacionais. Hollywood,
as histórias em quadrinhos e a televisão, além da imprensa, criaram um público não apenas
ávido por todo e qualquer tipo de informação, mas muito mais preparado para o consumo
desta através das imagens. O modernismo, com sua profusão de escolas e estilos nunca vistos
até então, inaugura uma era caleidoscópica onde a informação visual ganha espaço e disputa a
primazia com o texto. O pós-moderno consagra este aspecto multifacetado. A narrativa visual
atinge seu auge, com um público leitor possuidor de um grande repertório de códigos visuais
e dotado de alta velocidade de leitura.
Conforme De Pablos,
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O jornalismo impresso do final do século XX encontra a sua necessária e refrescante
demótica na informação gráfica não analógica. Isto acontece em alguns momentos
evidentemente históricos, durante os quais a comunicação somente escrita atua como
modo de informação impermeável para uma proporção de leitores jovens. (DE
PABLOS, 1999, p.28, tradução nossa).
Com a explosão da internet surge o jornalismo online, onde as informações são
disponibilizadas gratuitamente e que apresenta atualização ainda mais ágil do que a TV, além
de oferecer a interatividade e/ou animação. Isso leva os impressos a investirem no que poderia
ser seu diferencial: a informação com certo nível de profundidade e a riqueza de detalhes
visuais elaboradas num prazo que a instantaneidade não contempla. Ao final, cada tipo de
mídia tem suas especificidades asseguradas, mas houve o inegável estabelecimento de um
novo padrão no qual a infografia conquistou um espaço considerável e prestígio.
Hoje praticamente todos os grandes veículos de jornalismo disponibilizam sua versão
na internet, onde o infográfico desempenha papel ainda mais relevante e completo. A nova
mídia torna possível a navegação do leitor/usuário pelo infográfico, que pode, assim, ter
várias camadas e níveis de informação, links para edições anteriores ou listas de eventos
similares etc, o que eleva significativamente seu potencial de informação sobre determinado
assunto.
Segundo Valero Sancho, a infografia digital:
(...) é um aporte informativo elaborado em produtos comunicativos visuais ou
audiovisuais realizada mediante elementos icônicos, tipográficos e auditivos
normalmente verbais, que permite ou facilita a compreensão dos acontecimentos,
ações ou coisas da atualidade ou alguns de seus aspectos mais significativos e
acompanha ou substitui o texto informativo falado ou escrito. (SANCHO, 2001,
p.201, tradução nossa).
A confluência da televisão com o computador potencializou o gênero
vertiginosamente numa direção que não tem retorno e na qual poderão se desenvolver
avanços espetaculares (Sancho, 2001). O leitor é solicitado a interagir, pois o infográfico pode
agora ser lido na ordem que se desejar indo e voltando ao bel prazer do usuário, e podendo ser
expandido e remeter a outros infográficos, agregando hipertextualidade. As possibilidades são
imensas e os veículos podem acumular uma verdadeira biblioteca de infográficos interligados,
onde cada assunto pode remeter a um momento anterior ou de algum modo estar conectado a
um banco de dados onde o assunto possa estar expandido ou desenvolvido.
4. Tipologias dos Infográficos
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Dentro do universo da necessária transferência visual encontramos quatro tipologias
de gráficos não analógicos: diagramas, mapas, gráficos e tabelas (Leturia, 1998).
Os mapas podem constituir um infográfico por si próprio ou ser parte de um diagrama
que nos mostre onde ocorreu determinado evento. Ao elaborar um mapa há que se ter o
cuidado de não adicionar informações dispensáveis ao leitor e ao mesmo tempo eleger
elementos facilmente reconhecíveis.
Os gráficos são a forma mais fácil de explicar notícias com dados abundantes, cifras,
números e estatísticas. Subdividem-se em três tipos: de barras (para referir quantidades), de
fatias (que indicam proporções), de linha (expressam evolução de determinado elemento ao
longo do tempo). Todo infográfico contém título, informação visual, texto sucinto e a fonte de
onde foram obtidos os dados.
As tabelas servem para representar simples dados quantitativos. É uma das formas
mais antigas de infográficos.
Por sua vez, os diagramas, segundo Leturia (1998), são as infografias mais complexas
que existem, e também as que requerem maiores habilidades artísticas. Servem para mostrar
como algo aconteceu, como algo é por dentro ou como funciona determinado mecanismo.
Todos os diagramas necessitam de legendas e textos para complementação da informação
gráfica.
Bounford (2000) classifica os diagramas em ilustrativos, estatísticos, relacionais,
organizacionais e temporais (figura 03). Os diagramas ilustrativos utilizam a imagem,
pictórica ou simbólica, para descrever a situação ou os eventos que mostram e geralmente são
utilizados para retratar conceitos físicos mais abstratos e quase sempre em contextos
localizados. Os estatísticos trabalham com tabelas e gráficos, sendo que estes últimos ainda
podem ser desdobrados em gráficos de linha e dispersão e em gráficos de barra, área e
volume. Os relacionais procuram demonstrar as posições relativas dos dados em relação as
suas localizações, existentes ou previstas, no mundo físico (exemplo de aplicação é o de uma
linha de trem com suas estações). Os organizacionais, ao contrário dos relacionais, mostram a
inter-relação entre entidades físicas sem levar em consideração sua localização geográfica,
sendo assim, mais abstratos (exemplos são as árvores genealógicas). E os temporais que,
como o nome já diz, representam o tempo, e apesar de percebermos o tempo de forma linear,
podem ser elaborados de outras formas como ciclos ou tabelas (exemplo é o de uma
cronologia do desenvolvimento de um estilo artístico).
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Figura 03: Exemplos de diagramas, em sentido horário, a partir do canto superior esquerdo: ilustrativos (Nigel
Holmes), estatísticos (Trevor Bounford), relacionais (John Grimwade), organizacionais (Nigel Holmes) e
temporais (Trevor Bounford). Fonte: Bounford (2000).
Existe ainda mais uma tipologia, o “sumário infográfico”: é o mais simples e
provavelmente influenciado pela informática, onde se estabelece uma imagem ou ícone junto
ao título, ao invés de um título meramente textual. Nestes, a presença da imagem é meramente
ilustrativa, não participando do processo de compreensão da informação.
5. Elementos e Características dos Infográficos
Seus elementos costumam ser: um título, um pequeno parágrafo introdutório e um ou
mais elementos diagramáticos. Já quanto às características de um infográfico, elas dizem
respeito à informação, à significação, à funcionalidade, à estética, à compreensão, à
iconicidade, à tipografia e à concordância.
Em relação à informação, seis perguntas devem ser respondidas: o quê, quem, quando,
onde, como e por quê. Já a significação se refere a um conceito que associado a determinadas
conotações, se une ao significante para constituir um signo lingüístico. Pretende explicar o
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mais essencial de um acontecimento cujo significado deve ser importante e pertinente ao
momento.
Neste contexto, quando a infografia tem grande capacidade de substituição de um
texto significa que tem grande funcionalidade. Pode, inclusive, ter vida própria, prescindindo
de um texto principal que a torne secundária, coadjuvante. Para isso basta que tenha total
funcionalidade e autonomia enquanto notícia, sustentando-se sozinha.
A originalidade e a beleza harmônica contam esteticamente e permitem um valor
superior de conotações. A boa estética não faz, por si, boa infografia, – mas ajuda.
A compreensão, por sua vez, é a capacidade de entendimento. O leitor deve
decodificar as mensagens, cujos elementos tenham boa legibilidade e se diferenciem entre si.
Uma informação que se pretende rápida deve apresentar facilidade de leitura e simplicidade
de entendimento. Já a iconicidade se refere ao grau de contribuição de mensagens figurativas
ou visuais não codificadas, que tendem a representar com signos os diversos objetos.
A tipografia deve ser clara e legível para efetivar um texto sintético e preciso. Corpos
pequenos costumam solicitar um espaço proporcionalmente maior entreletras e entrelinhas.
Existem tipos projetados para apresentar boa legibilidade em corpos pequenos, como, por
exemplo, Myriad, Bell Gothic, FFInfo e Meta. Conhecer o propósito da criação do tipo é um
indicativo de suas qualidades.
A concordância, por sua vez, refere-se à unicidade com uma matéria ou notícia do qual
o infográfico faz parte, entre os elementos que a compõe (idioma, sintaxe, e ortografia) bem
como com o próprio acontecimento ao qual se refere, para que não lhe falte veracidade.
Para Lupton (1996), o processo de criação do design gráfico forja relações entre
imagens e textos no copia-cola, reduz-amplia, enquadra-isola. Para o infografista, o mais
importante é conseguir simplificar e esquematizar uma situação, estabelecer a infografia como
uma linguagem específica, com características e propriedades únicas e exclusivas.
6. Como e Quando usar Infográficos
A escolha da matéria para ser acompanhada de infográfico não é neutra. A avaliação
de importância sempre será influenciada, em maior ou menor grau, por uma série de fatores,
sejam eles pessoais, ideológicos ou corporativos. Não é diferente em todo o jornalismo: a
neutralidade não existe, e negar isto é antiético, pois a mediação profissional tem seus
pressupostos.
Segundo Barnhurst (apud SOUZA, 2005), apesar da aparência, um infográfico não é
neutro nem apenas expõe dados de maneira precisa. Eles podem reforçar modelos de poder e
dominância pela ênfase dos interesses de certos grupos em detrimento de outros. Sua aparente
neutralidade reforça sua autoridade e confere mais relevância para a questão.
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Para Souza (2005) a suposta neutralidade propalada pelo design modernista é uma
ilusão: ao apresentar, descrever, desvelar o mundo (e não apenas seu conteúdo) participa dos
processos de interpretar e representar o mundo, de consentimento social e pessoal. Obedecer
apenas aos princípios do utilitarismo ou servir apenas para chamar a atenção é um
reducionismo não só do papel do design como do jornalismo: sua missão e vocação é
interpretar ativamente o cotidiano e esclarecer o leitor.
O caráter “vivo” e pouco abstrato do imbricamento entre texto e imagem seria
responsável pela facilidade de aquisição, retenção e recordação da informação. Porém, a
infografia, como de resto toda informação editorial, não é dispositivo neutro que
invariavelmente expõe dados de forma inequívoca e precisa. Pode reforçar modelos de poder
e dominância pela ênfase em determinados assuntos ou classes sociais e pela reprodução de
estereótipos para representar sinteticamente determinados elementos ou situações denotadoras
de status. Um empresário, por exemplo, tende a ser sempre representado por um homem
branco de terno e valise. Sua origem na informação militar é sintomática. Quando lhe
atribuem um caráter documental eles podem se tornar particularmente persuasivos.
De acordo com Peltzer (1992) podemos considerar a existência de vários gêneros
dentro do jornalismo infográfico, que corresponderiam a subsistemas formais e artificiais de
imposição de alguma ordem à realidade ou de antecipação das experiências dessa realidade.
Porém, esses gêneros, além de se combinarem nos infográficos mistos (que constituem, aliás,
a maioria dos infográficos) não têm fronteiras rígidas.
Ainda segundo o autor, são quatro os fatores decisivos para a adoção do infográfico ter
se dado de maneira definitiva: transmissibilidade, editabilidade, difusão e armazenamento. A
informação gráfica tem seus limites, como qualquer outra. Fora os limites naturais da mera
informação, a principal delas é que a mensagem da qual dispomos possa ser transferida
através da linguagem visual.
A transferência visual é a capacidade que uma notícia tem de, como todas, ser
comunicada de forma exclusivamente literária, mas que também poderá ser
apresentada, total ou parcialmente, de forma gráfica, não analógica, mas sim
desenhada, criada pelo artista, para evidenciar seu conteúdo e facilitar sua
comunicação. (DE PABLOS, 1999, p.30)
Tufte (1990) coloca a questão da pertinência ou não de elementos acessórios ao
infográfico. O autor condena o uso indiscriminado de ilustrações, barras e outros elementos
gráficos e incentiva o uso de diagramas com riqueza de informações, pois quando examinados
de perto, cada dado tem um valor, quando visto em geral, as tendências e padrões podem ser
observados.
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7. Considerações Finais
Constata-se que a infografia é mais um híbrido do design e da comunicação, firmandose como um gênero jornalístico e como mais uma especialização do design gráfico
informacional. Transmitindo informação de maneira visual, tornando-se coautora e, ao
mesmo tempo, ajudando a estruturar a idéia e/ou o conteúdo da mensagem, alterando e
ampliando os conceitos, redefinindo o papel dos profissionais e do público.
Deste ponto de vista, não é difícil vislumbrar um futuro cada vez mais promissor para
a infografia. Tudo indica que ganhará cada vez espaço mais generoso e nobre tanto nos
periódicos quanto nos demais meios de comunicação, produzido por equipe especializada e
qualificada, onde múltiplas habilidades e as tecnologias disponíveis se somam para elaborar
registros visuais com impacto e agilidade de leitura características.
8. Referencias Bibliográficas
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1998.
DE PABLOS, José Manuel. Infoperiodismo. El periodista como creador de infografia.
Madrid, Editorial Sintesis, 1999.
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Acesso em: 23.04.2010.
LUPTON, Ellen. Mixing messages: graphic design in contemporary culture. New York:
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SOUZA, Jorge Pedro. Elementos de jornalismo impresso. Florianópolis, Letras
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STUMPF, Ida Regina e WEBER, Maria Helena. Comunicação e informação: conflitos e
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Three of the best graphics from history. The Economist. London, pág. 74-76, 22 dez 2007.
TUFTE. Edward. Envisioning Information. Cheshire: Graphics Press, 1990.
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