XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro 2012 - Juiz de Fora
MOBILIDADE URBANA E TRÁFEGO INTERNO SOB A
INFLUÊNCIA DAS NOVAS EDIFICAÇÕES DO CAMPUS DA UFJF
Maria de Fátima Gervásio (1); Vivian Moreno de Oliveira (2); José Alberto Barroso
Castañon (3)
(1) UFJF, e-mail: [email protected]
(2) UFJF, e-mail: [email protected]
(3) UFJ, e-mail: [email protected]
Resumo
A mobilidade urbana torna-se cada vez mais problemática, principalmente em locais onde o
adensamento urbano ocorre de forma desordenada e rápida, impedindo planejamento e
estrutura adequada. Os congestionamentos ocorrem ao longo de várias horas do dia e não
mais nos períodos de pico como ocorriam no passado. Este fato compromete o sistema viário,
tais como demora nos tempos de viagens, tumultos entre fluxo de veículos e pedestres, maior
probabilidades de acidentes, aumento do consumo de combustível, maior emissão de
poluentes, maior poluição visual e sonora e o aumento da solicitação dos pavimentos. Este
trabalho, portanto, tem como objetivo fazer uma avaliação do volume de tráfego no Campus
da UFJF, gerado pelo aumento do número de vagas que a instituição tem oferecido devido ao
Programa REUNI, a implantação de novos empreendimentos nas proximidades do Campus e
visa também avaliar os impactos destes fatores sobre o sistema de transporte. A metodologia
adotada baseia-se em uma revisão de literatura a respeito da evolução do volume de tráfego
em um contexto geral e a análise em andamento sobre aumento do tráfego no anel viário do
Campus. Com as informações referentes ao tráfego de veículos e das condições reais do
aumento do fluxo, será feito uma análise da real situação e os dados serão importantes para
alimentar o Sistema de Gerência, pois mediante essas informações será possível aos órgãos
responsável, definir e elaborar estratégias para os serviços referentes à organização e fluidez
do tráfego do Campus da UFJF.
Palavras-chave: Mobilidade Urbana, Campus Universitário, Volume de Tráfego.
Abstract
Urban mobility becomes increasingly problematic, especially in places where urban
densification occurs in a disorderly and quickly manner, avoiding planning and adequate
infrastructure. Congestion occurs over several hours a day and no longer in rush hours such
as occurred in the past. This fact undertakes the road system, such as delays in travel times,
disorders between vehicle and pedestrian flow, more accidents probabilities, increased fuel
consumption, increased emissions, increased noise and visual pollution and increase request
of floors. The study aims to evaluate the traffic volume in UFJF Campus generated by the
increase number of vacancies the institution is offering by REUNI Program, the enterprises
developed near the Campus and also aims to evaluate the impacts of these factors on the
transport system. The methodology adopted based on a volume traffic evolution literature
review in a general context and the increased traffic ongoing analysis in Campus ring road.
With the information pertaining to traffic and the real conditions of increased flow, will be an
analysis of the real situation and data will be important to feed the Management System, as
this information will be possible through the organs responsible, define and develop
strategies for services relating to the organization and flow of traffic Campus UFJF.
Keywords: Urban Mobility, University Campus, Traffic Volume.
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1. INTRODUÇÃO
O crescimento dos centros urbanos é um fenômeno que atinge as grandes cidades e provoca
impactos à sua infraestrutura, afetando, principalmente, o sistema viário. Paralelo a este fato,
ocorre o intenso aumento de veículos que possibilita sérios problemas ao tráfego,
comprometendo o fluxo e a segurança dos usuários.
O aumento urbano desordenado ocasionado pelo crescimento da população, o intenso uso de
veículos, a ausência de infraestrutura adequada, os impactos ambientais e outros fatores, tem
influência significativa na qualidade de vida da população e justificam a busca por soluções
para estudar questões urbanas mencionadas (MAGAGNIN e SILVA, 2008).
Na cidade de Juiz de Fora/MG, entre os anos 2000 e 2010 (IBGE, 2012) o número de casas
com automóveis passou de 49.250 para 73.582. Em uma cidade que possui 170 mil
residências, significa que, para cada dez casas, quatro delas tem automóvel. Dados do
Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), informam que Juiz de Fora conta hoje
com 194.368 veículos (SANGLARD, 2012).
Esta situação afeta a mobilidade necessária para o funcionamento e desenvolvimento das
atividades exercidas, pois a concentração urbana ocasiona aumento de veículos que trafegam
diariamente, influenciando nos transtornos causados aos usuários deste sistema que vão,
desde engarrafamentos até danos materiais devido à ocorrência de acidentes.
Assim, o trabalho tem por objetivo geral fazer uma análise quantitativa do volume de tráfego
no Campus da UFJF, gerado pelo aumento do número de vagas que a instituição tem
oferecido devido ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni) e também aos empreendimentos desenvolvidos nas
proximidades, através de uma discussão sobre o aumento do tráfego, com enfoque no anel
viário da Universidade. Pretende-se desenvolver uma metodologia com base em uma revisão
de literatura, de modo a relatar as consequências dos problemas referentes ao excesso de
veículos na região, e apresentar algumas alternativas que já foram tomadas e outras que estão
em andamento. Além disso, será feito uma abordagem geral sobre o aumento do tráfego no
anel viário do Campus da UFJF.
2. ESTUDO DO AUMENTO DO TRÁFEGO NO ANEL VIÁRIO DO CAMPUS DA
UFJF
O aumento da frota de veículos tem grande influência no crescimento e desenvolvimento das
cidades e este fato afeta consideravelmente o sistema viário, pois provoca enorme
concentração de usuários, tanto de veículos particulares quanto de veículos coletivos, que
ocasionam atrasos.
A situação supracitada é evidenciada na cidade de Juiz de Fora que vem sofrendo grandes
transtornos devido ao aumento de veúculos no centro urbano. Cujos problemas se refletem,
também, no Campus da UFJF com o intenso tráfego no anel viário.
O anel viário do Campus foi construído em 1960 com o objetivo de atender a demanda
interna. O projeto da época não tinha a estimativa, a longo prazo, do aumento do entorno e
nem mesmo estrutura para atender o acesso as zonas Sul e Norte da cidade. De acordo com
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IBGE (2012), o aumento populacional na região da Cidade Alta, entre 2000 a 2010, os
números passaram de 29.313 para 38.711 pessoas. Esse aumento trouxe consequências para o
anel viário, pois juntamente com o crescimento da população acarretou o aumento de
veículos, tornando o anel uma via saturada (NICODEMUS, 2012).
A UFJF iniciou o processo de implantação do REUNI em 2008, com meta de conclusão para
2012. O programa criou 1675 novas vagas durante o processo de reestruturação e ampliação
(UFJF, 2007). Com isto, o Campus sofreu expansões físicas, com a construção de novos
edifícios para comportar os novos cursos e as novas vagas. As ampliações contribuíram,
principalmente, para o maior acesso de alunos ao ensino superior e para a melhoria do
planejamento estratégico da Universidade.
Conforme informações de Nicodemus (2012) o primeiro semestre letivo de 2012 recebeu cera
de 15 mil estudantes, entre veteranos e calouros distribuídos em 55 cursos de graduação da
Universidade. Assim, com a volta também dos professores e servidores, estimou a circulação
de 200 mil veículos na cidade que correspondem a um aumento de cerca de 12% da frota de
veículos. A Secretaria de Transporte e Trânsito de Juiz de Fora (SETTRA) informou que
foram 24 mil veículos a mais nas ruas, principalmente na área central e no entorno da
Universidade.
No final do mês de Maio/2012, apesar da paralização de professores, pôde-se perceber que os
problemas de congestionamento ainda eram recorrentes. Embora tenham acontecido com
menor intensidade, o fato é que os problemas do tráfego hoje enfrentados estão associados
não somente ao aumento do número de veículos internos na Universidade. Deve-se também
aos fatores externos, como o aumento crescente da frota e a passagem de veículos que usam
as vias do anél viário da UFJF como rota de destino a outros pontos da cidade.
Outro fator importante, que influencia no aumento do tráfego de veículos no Campus é o
grande desenvolvimento de novos empreendimentos localizados no entorno, uma vez que a
Universidade fica localizada em área urbana e de ligação entre a região designada por “cidade
alta” e o centro da cidade. Os fatores mencionados trouxeram enormes transtornos ao trânsito
da UFJF, principalmente no anel viário que é um local de maior retenção de veículos em
várias horas do dia, próximo aos pórticos Sul e Norte (ver Figura 1) (VALENTE, 2012).
A
B
C
Figura 1. Retenção do fluxo de veículos no anel viário em momentos distintos.
Em A: 8:00, B: 12:30 e C: 17: 30 (VALENTE, 2012).
Castañon (2010) apresenta o resultado de pesquisa de volumes de entrada no pórtico norte
onde 60% do total de veículos que entram neste pórtico tem origem vinda da parte baixa da
cidade. Este levantamento comprovou que 60% a 70% dos veículos que circulam pelas vias
da universidade são veículos que utilizam o anel apenas como via de passagem.
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Deste modo, são necessárias medidas para que o sistema viário se torne mais funcional para
garantir melhor circulação da população. Os corredores de ônibus, específicos para o
transporte coletivo, são soluções tomadas para tentar resolver esta condição presente em
várias cidades do Brasil (LIMA; SANTOS; ARCOVERDE, 2010).
3. CARACTERIZAÇÃO DO FLUXO DE VEÍCULOS NO ANEL VIÁRIO
Com a adesão da instituição ao REUNI, que estabeleceu as condições e os recursos
disponíveis para a expansão da oferta de vagas nos cursos de graduação, resultou um intenso
aumento no tráfego interno de veículos no Campus da UFJF. Anteriormente às obras de
expansão a UFJF possuía um Campus Universitário com metragem equivalente a
135.020,14m² de área edificada e este número foi ampliado com as obras do REUNI (UFJF,
2007). Como consequência, edificações existentes sofreram reformas e ampliações e outras
novas foram projetadas e construídas. A cidade universitária também sofreu reformas de
infraestrutura com redimensionamento das vias de acesso e ligação as novas edificações, além
de investimentos em terraplanagem.
A partir da aprovação do Plano de Expansão da Universidade, o projeto previu soluções para
evitar possíveis transtornos quanto ao crescente fluxo de veículos e a possibilidade de falta de
estacionamento. Para isto foram previstas modificações no sentido do tráfego, criação de
faixas para novas vagas e criação de baias exclusivas para acesso aos ônibus. Hoje, com as
obras em fase final, alguns estacionamentos ainda não foram construídos. Nos horários de
maior fluxo podem ser notados os transtornos na saída entre fluxo de veículos e pedestres.
As soluções adotadas pela UFJF, depois de concluídas as obras, poderão contribuir para a
minimização da falta de estacionamentos e maior praticidade para os usuários. Porém, outros
problemas não deixarão de existir, já que nem tudo está a cargo apenas das propostas de
intervenção feitas pela Universidade. Deve contar também com uma possível parceria de
órgãos e secretarias municipais que também detém responsabilidades e devem promover
ações para melhoria do trânsito próximo ao Campus.
Esta alternativa, já adotada pela Universidade de São Paulo, facilitou o acesso dos estudantes
dentro do Campus diminuindo a necessidade do uso dos veículos particulares. O projeto foi
uma parceria da USP com a SPTrans com a implantação do Bilhete USP (BUSP) que garante
o transporte coletivo gratuito para os alunos, professores e funcionários (USP, 2012). A
medida ampliou o número da frota de veículos coletivos e os horários de atendimento aos
usuários também foram extendidos, diminuindo o tempo de espera nos pontos de ônibus.
Os congestionamentos e o grande número de veículos que circulam no Campus Universitário
são problemas enfrentados em muitas instituições no país. A UFJF, pautada nas propostas já
implantadas em outras Universidades pode adotar os conceitos de diminuição dos ciclos de
viagens e do número de veículos que trafegam no Campus, para minimizar os problemas
gerados para motoristas e pedestres. À Universidade cabe rever suas propostas de mobilidade
e evitar que seus usuários necessitem do automóvel particular. Fornecer alternativas de
mobilidade gratuita e eficiente para o Campus, como as propostas instituídas pela USP,
tendem a modificar os hábitos dos usuários, permitindo que utlizem o automóvel de maneira
consciente e com menor frequência.
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4. MOBILIDADE NO CAMPUS DA UFJF
O acentuado crescimento da frota de veículos particulares aliados a ampliação da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) que, desde 2008 implantou o Programa REUNI,
apresentaou reflexos negativos na mobilidade de veículos e pedestres no Campus. Novas
construções vem sendo erguidas de forma acelerada para suprir o aumento do número de
vagas para cursos de Graduação e Pós-Graduação.
Com a expansão universitária, os alunos tiveram dificuldades de acesso aos novos edifícios,
pois a empresa de transporte coletivo não incluiu estas novas edificações em seus itinerários.
A Universidade está dividida em vários setores de ensino, localizados em diversos pontos, de
acordo com a topografia do Campus. A instituição não tem veículos coletivos para locomoção
interna dos estudantes durante o dia, apenas para acesso ao restaurante universitário.
Alguns projetos estão em desenvolvimento para minimizar os efeitos do tráfego intenso no
Campus, cujo desenho inicial, de 1960, sofreu uma única grande modificação, na reforma do
anel em 2006 (CASTAÑON, 2006). Na ocasião foram planejadas ações para reduzir a
velocidade dos carros no Campus, como implantação de mão única, construção de
plataformas de travessias e iluminação específica nas faixas para pedestres além de
campanhas educativas de pedestres e motoristas.
Hoje o cenário do Campus foi modificado e, aliado às novas intervenções sofridas interna e
externamente, se encontra em uma nova realidade, enfrentando os conflitos dos problemas
comuns a cidade: a mobilidade urbana. Dentre os transtornos incluem os abusos de motoristas
que não respeitam as passagens elevadas de pedestres, que são redutores de velocidades
localizados em toda a extensão do anel viário.
De acordo com o exposto, com relação ao intenso aumento no fluxo de veículos no anel viário
da UFJF e os transtornos causados aos usuáios, tanto internos quanto externos, percebe-se a
relevância da pesquisa para estudos de propostas que possam contribuir para minimizar a
situação atual da região. Assim, diagnosticar deficiências e indicar soluções para a melhoria
das condições do tráfego urbano pode contribuir para o bem estar e acessibilidade das
pessoas, uma vez que na área urbana a boa qualidade das vias pode ser associada à capacidade
funcional e estrutural dos pavimentos, conforto ao rolamento e segurança dos usuários.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora não haja solução a curto prazo, outras alternativas também devem ser propostas a fim
de otimizar o trabalho em conjunto, como o incentivo à diminuição de veículos internos e
demais medidas que ofereçam aos alunos e professores maiores possibilidades de
deslocamento.
Atualmente muitas Universidades brasileiras que manifestam os mesmos problemas com o
tráfego no Campus têm promovido ações para melhorar a circulação dos alunos e incentivar o
uso consciente do automóvel, oferecendo-lhes condições adequadas de acesso dentro da
Universidade. A pesquisa que originou este artigo, ainda está em andamento e pretende
concluir propostas que se adequem à realidade da cidade.
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A partir das informações expostas nesse artigo, espera-se que seja atingido o objetivo de
informar aos leitores a respeito da situação em que se encontra o sistema viário em âmbito
nacional, seus efeitos e sua origem, de forma a conscientizar todos os envolvidos no sistema.
Com o desenvolvimento dos esforços científicos, pretende-se colaborar para aumentar o nível
de consciência e relevância do tema abordado a fim de contribuir para a melhoria da
qualidade do tráfego, para manutenção e conservação do pavimento e consequentemente para
a segurança e conforto dos usuários.
REFERÊNCIAS
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VALENTE, E. Retenções diárias revelam saturação do tráfego na UFJF. Tribuna de Minas, 08 abr. 2012.
Disponível em: <http://www.tribunademinas.com.br/cidade/retenc-es-diarias-revelam-saturac-o-do-trafego-naufjf-1.1070448>. Acesso em: 30 mai. 2012.
SANGLARD, F. Em cada dez lares de Juiz de Fora, quatro têm carros. Tribuna de Minas, 15 maio 2012.
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