O ENSINO DA SOCIOLOGIA COMO DIFUSOR DE UMA
PRÁTICA REFLEXIVA ENTRE ESTUDANTES DO ENSINO
MÉDIO INTEGRADO DO CAMPUS VITÓRIA – IFPE
Paulo Henrique Miranda da Silveira
Instituto federal de educação, ciência e tecnologia de Pernambuco – IFPE, Campus
Vitória de Santo Antão
Palavras-chave: ensino da sociologia, reflexividade, cidadania.
1. Introdução
O presente artigo tem como objetivo desenvolver no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE, Campus Vitória de Santo Antão, a partir
da prática do ensino da sociologia entre estudantes do nível médio integrado, a
articulação de saberes docentes para além da sala de aula, ao promover ações de
pesquisa, extensão e intervenção social, que visem a reflexividade dos estudantes,
enquanto sujeitos sociais. Nesse sentido, a participação dos estudantes dar-se-á em
seminários, fóruns e encontros visando estimulá-los não só acerca dos principais debates
que (re) constituem o campo de reflexão da sociologia, mas também possam despertar
entre os estudantes o interesse e a curiosidade de aprender, compreender e explicar a sua
própria realidade social, ao atuar articuladamente com os diversos itinerários de ensino e
conhecimento que são desenvolvidos no campus Vitória de Santo Antão. Nesse sentido,
o ensino da sociologia no nível médio integrado a educação profissional tem como um
dos seus grandes desafios contribuir para a formação cidadã dos estudantes, ao abordar
aspectos: civis, políticos e sociais de nossa sociedade. Pois, ao abordar os principais
processos sociais que norteiam a vida contemporânea, a prática do ensino da sociologia
perpassa a interdependência entre a relação indivíduo/sociedade no âmbito geral dessa
ciência e, o seu estudo aprofunda as principais transformações no campo educacional e
no mundo do trabalho a partir das condições sócio históricas levantadas pelas diversas
correntes do pensamento social (Funcionalismo, Interacionismo, Estruturalismo e
Pós-Estruturalismo).Ao buscar apresentar as diversas perspectivas do pensamento social
contemporâneo, o ensino da sociologia dialoga com os principais modelos clássicos de
análise sociológica a partir dos expoentes da Sociologia: Karl Marx, Émile Durkheim e
Max Weber, que juntos, tinham em comum, a preocupação com uma educação voltada
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para o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos sociais, ao defenderem uma visão
crítica e reflexiva dos fenômenos sociais. Visto que, ao adotarmos junto aos estudantes
essa perspectiva de ensino integrada a pesquisa e a extensão, estaremos promovendo um
processo de construção coletiva pari passu com um olhar crítico e uma capacidade
ampliada de análise dos temas abordados dentro e fora de sala de aula. Do mesmo modo
que, esse tipo de ação aprimora não só a nossa prática de ensino docente, pois
experimentarmos novas possibilidades teórico-metodológicas de intervenção social,
bem como contribui para que o instituto cumpra com sua missão conforme citação
abaixo:
“... formar profissionais cidadãos, críticos, capazes, comprometidos e conscientes de seu papel em
sociedade e em sintonia com as transformações pelas quais passa o mundo moderno. A Instituição
busca desenvolver suas ações de modo a fornecer à sua clientela um ensino de qualidade, buscando
a formação de profissionais que atuem em seu meio como um importante agente de transformação
que venha atender às necessidades de um mercado emergente, moderno e competitivo.” (IFPE,
2013)
Deste modo, os estudantes serão estimulados a desenvolver o que Wright Mills
(1982) denominou como “a imaginação sociológica”, que significa a capacidade de
pensar, articular, agir, relacionando elementos: sociais, espaciais, históricos, culturais,
econômicos, de nossa vida, permitindo uma análise que ultrapassa a dimensão do senso
comum e transforma o sujeito em ator social.
2. Referencial Teórico
De acordo com o art.36 da LDB 9.394/96 um dos principais objetivos do currículo
da educação profissional no ensino médio é difundir entre os estudantes o conhecimento
dos processos sociais de “transformação da sociedade e da cultura” e, por conseguinte,
aprofundar o debate acerca do efeito desses processos de transformação na forma como
os indivíduos relacionam-se no mundo do trabalho. Sendo assim, a educação
profissionalizante deve ocorrer de forma articulada com os debates atuais e com “os
diferentes itinerários formativos observados nas normas do respectivo sistema e nível de
ensino”. (LDB, pg. 35, 2010)
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Tendo em vista que, na sociedade contemporânea as modificações ocorrem a todo
o momento na direção de uma perspectiva de redes que deslocam a compreensão do
significado do “mundo da vida”, que segundo Habermas significa a esfera das práticas
sociais para além do sistema formal – Estado, Mercado e Ciência –, constituindo-se num
fenômeno complexo, capaz de abranger múltiplos aspectos da vida social.
Esse sistema, coloniza o mundo vivido e a sociedade civil através da mundialização
do capital, da alta tecnologia e da adoção de politicas neoliberais que ditam os campos
de formação técnica (médio) e tecnológica (superior), sendo também estes instrumentos
de poder que balizam a manutenção e/ou reprodução da estrutura social vigente.
Fazendo-se necessário que os futuros profissionais desses campos estejam preparados
para o enfrentamento das dinâmicas inerentes as transformações no mundo do trabalho,
ao desenvolverem a capacidade de articular conceitos e métodos de pesquisa como etapa
fundamental para a sua formação cidadã.
Nessa direção, o debate sociológico emerge enquanto contributo para a compreensão
desses fenômenos e de suas consequências para a transformação da estrutura social dos
indivíduos, ao discutir os efeitos práticos dessas mudanças para o crescimento e o
desenvolvimento social desordenado que tanto afetam o modo de vida das pessoas.
É nesse cenário de intensas e profundas mudanças na configuração socioeconômica
brasileira, que há igualmente um grande anseio pela formação de profissionais das áreas
técnica e tecnológica, que não sejam apenas reprodutores de uma atuação operacional,
funcional, sujeitados ao que Foucault chamou de “modelo disciplinar”, mas que possam
atuar enquanto sujeitos que desejam e almejam modificar o contexto social do qual são
oriundos.
Por isso, em 2008, com o advento da lei Nº 11.892, é instituída a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, composta de trinta e oito Institutos
Federais (IFs). Essas entidades têm um papel estratégico na geopolítica atual, já que
foram inauguradas e incorporadas a novas e antigas instituições da rede dos IFs para
ampliarem o processo de descentralização da educação profissional, ao buscarem
“estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à
emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e
regional” (idem,Pg.41).
A criação desses novos institutos permitiu aos arranjos locais e a comunidade
acadêmica (discentes, docentes e técnicos administrativos) um continuum processo de
estudo, ao serem promovidas pesquisas e extensões num ambiente educacional, onde há
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a perspectiva de mobilidade educacional horizontal (continuada) e vertical (elevação da
escolaridade) entre os sujeitos sociais.
No entanto, se por um lado os IFs são instituições inovadoras do ponto de vista da
promoção da indissociabilidade do saber (ensino, pesquisa e extensão) e, com isso
propiciam uma formação educacional “integrada” aos estudantes do nível médio, por
outro lado tem-se observado uma fragilidade organizacional dessas instituições ao não
priorizarem artigos de pesquisa social que definam concretamente o que significa uma
formação educacional voltada para “o mundo do trabalho”, pois não se verifica no
campus Vitória, algum núcleo de pesquisa que problematize em sua prática de
ensino/pesquisa ações interdisciplinares que desenvolvam a consolidação de um
processo de integração do aprendizado junto aos futuros técnicos.
Portanto, o presente artigo defende a prática de ensino da sociologia como um dos
elementos indutores desse debate, ao difundir dentro e fora de sala de aula elementos
educacionais que integrem a “vida” e a “cultura” dos estudantes, e com isso promova a
prática de pesquisa cientifica a partir da criação de um Núcleo de Pesquisa Social
(NUPS), que tenha como paradigma a participação dos futuros técnicos no campo das
principais temáticas concernentes ao mundo do trabalho.
3. Objetivos
3.1 Objetivo Geral

Instituir um Núcleo de Pesquisa Social (NUPES) a partir do ensino da
sociologia no nível médio integrado, voltado à prática da reflexão crítica
da realidade ao interagir com os diversos itinerários do conhecimento
que são desenvolvidos pelo Instituto Federal de Pernambuco -IFPE
Campus Vitória de Santo Antão.
3.2 Objetivos Específicos
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
Aprimorar a prática de ensino em sociologia, ao difundir conceitos e
temáticas ligadas à realidade local dos alunos do nível integrado;

Incentivar a pesquisa científica entre os alunos;

Promover encontros, fóruns, seminários que aproximem os alunos do
debate acerca das transformações sociais no mundo do trabalho.
4. Questão de pesquisa
Diante das transformações que ocorrem no âmbito social e da cultura na sociedade
contemporânea, como o ensino da sociologia pode estimular os alunos a uma reflexão
crítica da realidade a partir de uma prática de pesquisa integrada aos diversos itinerários
de conhecimento desenvolvidos no Campus IFPE Vitória de Santo Antão?
5. Metodologia
Este artigo visa incentivar a difusão dos conceitos básicos da sociologia
(instituições sociais, processos de socialização, sociabilidades, mudança social e
desigualdade social) de modo que os alunos possam ter a partir desse instrumental
teórico, uma formação mais condizente com a interpretação das questões prementes da
sociedade contemporânea.
Para tanto, o professor procurara sistematizar as temáticas sociais em sala de
aula como “um leitor de situações”, ou seja, uma espécie de interprete, um mediador
capaz de improvisar diante do dinamismo que se constitui a relação social em sala, onde
o aspecto ecológico da sala é um espaço que reúne um conjunto de interações sociais a
partir de quadros explicativos para cada situação social, no qual para cada um desses
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momentos é representada uma ação manifestada pelo professor (Tardif &Lessard 2007,
pag.231-255).
Nessa perspectiva, a prática docente buscará desenvolver a interatividade entre
alunos, ao apresentar temáticas sociais dentro e fora de sala de aula, que podem ser
abordadas via questionários (vide anexo), roteiros de pesquisa, significando uma série
de ações e dinâmicas que redesenhem toda a trama das relações sociais (Cf. Tardif,
2007).
A utilização de instrumentos de pesquisa tais como questionários e roteiros,
serão recursos didáticos para a intervenção inicial em sala e para a definição de um
modelo de trabalho que será adotado posteriormente pelo professor. Pois, diante das
informações estatísticas e sociais que serão produzidas conjuntamente com os alunos,
estes serão autores e atores do processo de ensino/aprendizagem.
Como resultado dessa prática de ensino, construiremos uma base informacional
através de tabelas, gráficos, sociogramas e roteiros de pesquisa, cuja percepção social
dos alunos acerca das temáticas discutidas nortearam todo o ano letivo.
Nessa perspectiva, faremos a investigação do perfil sócio humano dos alunos,
como prática de ensino, onde consideraremos os dados socioeconômicos (local onde
nasceu, renda familiar e individual, atividade profissional, motivação pelo curso), seu
nível de satisfação com relação às instituições sociais (família, escola e igreja), assim
como suas avaliações sobre o ensino da sociologia.
O objetivo da utilização destes instrumentos metodológicos será discutir o perfil
social destes estudantes e a importância do ensino para uma reflexão do papel de cada
um diante dos desafios que o mundo do trabalho nos reserva.
Posteriormente, esses dados serão coletados e tabulados e seguiram para uma
matriz do programa estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences)
possibilitando a utilização de frequências e índices que proveram as informações
necessárias para a discussão em sala de aula, com base nos resultados alcançados
durante o desenvolvimento da prática de ensino da sociologia.
Deste modo, o ensino da sociologia junto aos alunos do campus IFPE Vitória
buscará promover estudos, pesquisas sociais, grupos focais, que abordem temáticas que
são significativas para a vida social de cada um, como também para a sua atuação junto
ao mundo do trabalho. Já que, essa prática de ensino pode auxiliá-los na construção de
artigos sociais, relatórios técnicos, monográficas e, inclusive, em pesquisas nas diversas
linhas de estudo que estejam sendo desenvolvidas no campus Vitória.
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6. Resultados esperados

Desenvolver a produção de conhecimento, pesquisa e extensão através da
criação de um Núcleo de Pesquisa Social (NUPES).

Identificar as percepções sociais dos alunos do IFPE campus Vitória
acerca das instituições da sociedade (família, escola, governo, dentre
outras).

Aprofundar a interface entre a sociologia e os diversos itinerários de
conhecimento da instituição.

Compreender o contexto sócio educacional dos alunos e do campus
Vitória,
ao
empregar
indicadores
sociais
(demográficos,
socioeconômicos e educacionais) como fontes permanentes de
investigação do instituto e da comunidade acadêmica.

Construir um perfil social dos alunos do IFPE a partir da prática
pedagógica da sociologia.
7. Cronograma
2014
Atividades
1º.
Bim.
2º.
Bim.
3º.
Bim.
Construção do plano de ensino


Regência



Elaboração dos instrumentos de coleta de dados
Regências

Rodas de conversas

Colóquios
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
4º.
Bim.







Seminários
Fóruns e encontros

Levantamento e análise dos dados secundários junto
aos artigos em desenvolvimento no IFPE.




Apresentação de resultados parciais
Preenchimento de Banco de Dados
Resultados Parciais/Monitoramento



8. Referências bibliográficas
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9. Anexo
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