1º Ten Al MONIQUE A. G. CARVALHO VACINAS COMO PREVENÇÃO DE SAÚDE: enfoque para aplicação pelo Exército Brasileiro RIO DE JANEIRO 2008 C331v Carvalho, Monique do Amaral Goldoni de. Vacinas como prevenção de saúde: enfoque para o Exército Brasileiro /. - Monique do Amaral Goldoni de Carvalho. / - Rio de Janeiro, 2008. 43 f. ; 30 cm. Orientador: Marcelo Lima da Silva Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares.) Referências: f. 41-43. 1. Vacinas. 2. Exército Brasileiro. I. Silva, Marcelo Lima da. II. Escola de Saúde do Exército. III. Título. CDD 614 10 Ten Al MONIQUE DO AMARAL GOLDONI DE CARVALHO VACINAS COMO PREVENÇÃO DE SAÚDE: enfoque para aplicação pelo Exército Brasileiro Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde, especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: Marcelo Lima da Silva RIO DE JANEIRO 2008 Ao meu orientador que me auxiliou em todas as etapas desta pesquisa. RESUMO As vacinas são uma importante ferramenta para proporcionar a promoção e a prevenção da saúde dos militares em tempo de paz e de guerra. Ao se vacinar um militar, deve-se levar em conta a prevalência da doença prevenida (a epidemiologia da doença) no local onde o militar está servindo, a eficácia da vacina e a possibilidade do uso daquela doença, passível de prevenção, como arma biológica. Os militares são vacinados de acordo com as vacinas relacionadas no Manual de Imunizações do Ministério da Saúde, que implementa o Plano Nacional de Imunizações (PNI), no qual todos os brasileiros estão sujeitos e de acordo com a Portaria no 69 - DGP de 17 de abril de 2003 que regulamenta o uso de vacinas e imunobiológicos no Exército Brasileiro, que é específico para o militar brasileiro. Também são descritas outras vacinas disponíveis ou que estão em pesquisa, diferentes das já recomendadas para o militar, mas que são interessantes para o uso em tempo de paz ou de guerra. Portanto, foram divididas de maneira didática, as vacinas de maior indicação para uso em tempo de paz e em tempo de guerra. Vacinas para uso em tempo de paz são: a vacina contra malária, dengue, leshimaniose, influenza. Vacinas de interesse para uso em tempo de guerra são: a vacina contra o antrax, ebola, chikungunya, cólera, febre tifóide, hepatite A. Palavra-chave: Vacinas, Exército, Prevenção ABSTRACT The vaccines are an important tool to provide the promotion and the prevention of the militaries health in periods of peace and war. When you vaccinate a military, you should take into account the prevalence of the prevented disease (the epidemiology of the disease), the place where the military is working, the effectiveness of the vaccine and the possibility of the use of this prevented disease as a biological weapon. The Brazilian militaries are vaccinated according to the related vaccines in the Manual of Immunizations from the Health Ministry, which implements the National Plan of Immunizations (PNI) valid for all Brazilians. The militaries are also vaccinated according to the Document number 69 from DGP, dated April 17, 2003, that regulates the use of vaccines and imunobiologics in the Brazilian Army. There also described other vaccines that are available or are in search, who are diferent from the vaccines that are already recommended for the military, that vaccines also are interesting for use in time of peace or time of war The vaccines were divided in a didactic way: vaccines for use in period of peace and vaccines for use in period of war. The vaccines for use in period of peace are the ones against malaria, dengue, leshimaniose, and influenza. The vaccines for use in period of war are the ones against the anthrax, ebola, chikungunya, cholera, typhoid fever, and hepatitis A. Word-key: Vaccines, Army, Prevention SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 07 2 MATERIAL MÉTODO...................................................................................................10 E 3 VACINAÇÃO IMUNIZAÇÃO.......................................................................................11 E 4 VACINAS EM TEMPO DE PAZ.......................................................................................12 4.1 VACINAS RECOMENDADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE................................12 4.2 VACINAS RECOMENDADAS PELA PORTARIA NO 69DGP....................................15 4.2.1 Vacina Dupla Adulto (dT).............................................................................................15 4.2.2 Vacina contra febre amarela.........................................................................................17 4.2.3 Vacina contra hepatite B...............................................................................................18 4.2.4 Vacina dupla viral..........................................................................................................19 4.3 VACINA CONTRA O INFLUENZA.................................................................................20 4.4 VACINAS EM PESQUISA...............................................................................................21 4.4.1 Vacina contra a malária................................................................................................22 4.4.2 Vacina contra o dengue.................................................................................................24 4.4.3 Vacina contra a leshimaniose.......................................................................................25 5 VACINAS EM TEMPO GUERRA.............................................................................28 5.1 VACINAS CONTRA DOENÇAS ADQUIRIDAS ORAL...............................28 5.1.1 Vacina contra a tifóide.........................................................................................28 5.1.2 Vacina contra cólera...................................................................................................29 5.1.3 Vacina contra A..............................................................................................30 DE POR VIA febre a Hepatite 5.2 VACINAS CONTRA AGENTES QUE PODEM SER USADOS COMO ARMAS BIOLÓGICAS........................................................................................................................ . 31 5.2.1 Vacina contra o Antrax.................................................................................................31 5.2.2 Vacina contra o Ebola....................................................................................................34 5.2.3 Vacina contra Chikungunya..........................................................................................36 6 DISCUSSÃO......................................................................................................................... 38 7 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 39 REFERÊNCIAS................................................................................................................... ...41 1 INTRODUÇÃO Os militares pertencem a uma categoria profissional que coloca sua saúde em risco, tanto em períodos de paz como de guerra, pois estão sujeitos a constantes movimentações nacionais e até mesmo internacionais e, além disso, em períodos de guerra estarão expostos a situações extremas que favorecem o aparecimento de epidemias, possibilidade de sofrerem ataques de armas biológicas e além de outras injúrias à saúde. Existem algumas medidas para evitar as baixas entre os militares, tais como: selecionar um homem saudável para ser um militar, atentar-se para a escolha do local mais adequado para a instalação de um acampamento, se atendo a detalhes como presença ou não de vetores de doenças, posicionamento de fossas, a qualidade da água coletada para consumo da tropa, o cuidado com a higiene, o preparo e a obtenção dos alimentos a serem utilizados pelo militar em campanha, com o objetivo de prevenir as doenças gastrointestinais e as doenças transmissíveis por vetores, além disso, podemos aplicar medidas de profilaxia primária e secundária para a preservação da saúde do militar. A profilaxia secundária é o conjunto de medidas adotadas após a exposição de uma pessoa saudável a um agente agressor da saúde, essa conduta não é a ideal porque significa que o militar já foi exposto ao patógeno e já existe um risco de adoecer, mas quando a profilaxia secundária é bem sucedida se torna melhor opção do que tratar a doença já manifestada. São exemplos de profilaxia secundária: o uso de soro antitetânico em militares com feridas consideradas graves (profundas, grandes e/ou sujas) e que não estejam adequadamente imunizados contra o tétano, uso de soro anti-rábico para os militares que sofreram mordedura ou arranhadura por animais transmissores da raiva, uso de imunoglobulina específica humana para o vírus da hepatite B nos militares expostos a sangue ou materiais pérfuro-cortantes que possam estar contaminados, assim como o uso de anti-retrovirais para prevenir a infecção pelo vírus do HIV nos mesmos tipos de acidentes relacionados no caso anterior e o uso de antibiótico profilático em militares que se expuseram a outro militar que esteja com meningite. A profilaxia primária é o conjunto de medidas, realizadas antes do contato do paciente com o agente patógeno, que evitam a infecção do militar. Exemplos de profilaxia primária são: a administração de mefloquina à militares em áreas endêmicas de malária, uso de repelentes para a prevenção de doenças transmissíveis por mosquitos, tais como: a febre amarela, o dengue, a leshimaniose e até mesmo a malária e o uso de vacinas para evitar a infecção das doenças imunopreveníveis, que é o foco da monografia. É importante salientar que existem outros tipos de vacinas que são usadas como tratamento imunomodulador, como é o caso das vacinas para tratamento de alergias, que não se encaixam no tema dessa monografia. A preservação da saúde do militar é importante, em qualquer tempo (guerra ou paz), para se obter o adequado desempenho de suas missões e economizar gastos. Não foram encontrados estudos que quantifiquem especificamente a economia financeira com gastos em saúde quando se evita doenças através do uso de vacinas, somente temos dados gerais de queda do número de infecções e de óbitos com a aplicação de algumas das vacinas referenciadas nesta monografia. Os dados decrescentes do número de infecções, por si só, já nos leva a crer na economia dos meios, um exemplo de bons resultados foi a erradicação da varíola no mundo após a introdução da vacina, é bom lembrar que a credibilidade da vacina ocorreu após Napoleão Bonaparte ter mandado vacinar o exército francês, que ficou imune à varíola. (REZENDE,2002) A administração de vacinas é uma poderosa ferramenta para a promoção e preservação da saúde do militar. Quando pensamos em tempos de paz, a vacina é importante para prevenir doenças endêmicas e epidêmicas em nosso país que é quase continental e que apresenta epidemiologias diferentes para diferentes doenças por todo o território nacional. Além disso, nas movimentações internacionais há o risco de exposição a doenças diferentes da que possuímos em nosso país sendo, portanto, necessário a preocupação com a administração de vacinas para prevenir doenças endêmicas de outras nacionalidades. Em tempo de guerra, é necessário se preocupar com a epidemiologia do país no qual será empregado a Força Terrestre e com as armas biológicas que o inimigo possui, para poder se avaliar o uso de vacinas na tentativa de neutralizar as conseqüências desses ataques e com a possibilidade do surgimento de epidemias decorrentes da guerra. Este problema é tão importante que os Estados Unidos da América investiram cerca de 37.000 dólares de dinheiro federal na pesquisa de vacinas durante a 2a Guerra Mundial, o resultado disso é que 10 das 28 vacinas descobertas no século 20 foram descobertas durante este período. As vacinas desenvolvidas durante esse período são exemplificadas pela nova vacina contra o tifo, a primeira vacina contra o influenza, contra o pneumococco pneumonia, contra a peste e a primeira vacina contra encefalite japonesa; também houve incremento de pesquisa e de melhorias nas vacinas já existentes como a da febre amarela, cólera, varíola e vacina anti-tetânica. (HOYST et al, 2006). Essa preocupação foi decorrente da experiência dos Estados Unidos da América a na 1 Guerra Mundial, que em 1918, nos últimos meses do exaustivo conflito ocorreu uma pandemia de influenza que matou 20 a 50 milhões de pessoas - militares e civis - sendo os militares americanos particularmente atingidos. Segundo as estatísticas, perto de 80% das mortes sofridas pelos militares americanos na 1a Guerra Mundial não foram decorrentes do combate e sim da infecção pelo influenza. Ficou demonstrado que a virulência do influenza foi mais devastadora para a vida humana do que a própria guerra em si. (HOYST et al, 2006). O exército americano hoje publica periodicamente versões atualizadas do seu USAMRIID’s- Management of Biological Casualits Handbook, que versa sobre as vacinas utilizadas e ou desenvolvidas pelo exército americano, suas pesquisas se concentram no U.S. Army Medical Research Institute of Infectious Diseases Research (Instituto de Pesquisas Médicas de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos). Não é somente o exército americano que possui essa preocupação, a Inglaterra possui o seu Defense Science and Technology Lab (Laboratório de Ciência e Tecnologia) que faz parte do Ministério da Defesa da Inglaterra, a Rússia tem o seu Laboratório Russo de Guerra Química e Biológica, entre outros países que se preocupam com essas pesquisas. O Brasil não possui pesquisas militares relacionadas na área. Existe uma preocupação, no mundo globalizado de hoje, no desenvolvimento de vacinas preventivas, de estudos para a compreensão de doenças ainda não elucidadas e até mesmo o início do desenvolvimento de armas biológicas pela percepção que as doenças podem ser mais letais do que as armas convencionais. É importante ressaltar que qualquer vacina pode ser aplicada tanto em tempo de paz como em tempo de guerra. O que irá definir a aplicação será a epidemiologia do local ao qual o militar será movimentado, os surtos epidêmicos e a disponibilidade do inimigo em relação a armas biológicas. 2 MATERIAL E MÉTODO Para a realização desta monografia foi realizada uma revisão bibliográfica, utilizando publicações do período compreendido entre os anos de 2000 a 2008. Foram citadas as vacinas já recomendadas para o uso pelo militar brasileiro e foram acrescidas vacinas já existentes ou em pesquisa, baseado em literatura existente, que são importantes para o conhecimento e o uso pelo Exército Brasileiro. A escolha destas vacinas foi baseada nas seguintes variáveis: epidemiologia da doença (nacional ou internacional), eficácia da vacina na prevenção de doenças e promoção da saúde do militar, possibilidade de infecção pela doença em situações de campanha e a possibilidade do uso da doença como arma biológica. Convém ressaltar que existem outras vacinas que também se encaixam nessas variáveis, mas que não foram citadas na monografia, visto que, o assunto imunizações é extenso. O objetivo da monografia é demonstrar a importância de se utilizar o processo de imunização como forma de promover a prevenção e a promoção da saúde do militar do Exército Brasileiro. 3 VACINAÇÃO E IMUNIZAÇÃO Vacinar é o ato de administrar qualquer vacina ou toxóide (toxina inativada) a um indivíduo na tentativa de se prevenir uma doença. É bom ressaltar que vacina e toxóide não são a mesma coisa. O termo vacina aplica-se ao ato de inocular microorganismos vivos de baixa virulência ou substâncias derivadas desses microorganismos, mas que possuam potencial imunogênico, em um indivíduo com fim: preventivo, paliativo ou curativo. Um toxóide é uma toxina que foi tornada atóxica e que após ser inoculada no organismo tem a capacidade de induzir imunidade contra as manifestações tóxicas orgânicas desta toxina. Imunização é o processo de induzir imunidade artificialmente e que pode ser obtido tanto pelo uso de vacinas como pelo uso de toxóides, que seriam responsáveis pela imunização ativa. Existe também a imunização passiva que ocorre quanto administramos os anticorpos contra as doenças. Na imunização ativa o organismo é estimulado a produzir anticorpos e deflagrar respostas imunes celulares mediadas por linfócitos T. Na imunização passiva artificial ocorre uma proteção temporária através da administração de anticorpos exógenos (imunoglobulinas). A imunização passiva natural consiste na passagem de anticorpos por via transplacentária para o feto do tipo IgG, fenômeno que confere proteção contra muitas doenças infecciosas nos primeiros meses de vida. (PEDIATRIA IMUNIZAÇÕES, 2004) 4 VACINAS EM TEMPO DE PAZ Existem dois documentos que regulamentam a vacinação na qual o militar brasileiro está submetido; um é o Manual de Imunizações do Ministério da Saúde, que implementa o Plano Nacional de Imunizações (PNI), no qual todos os brasileiros estão sujeitos; o outro documento é a Portaria no 69 - DGP de 17 de abril de 2003 que regulamenta o uso de vacinas e imunobiológicos no Exército Brasileiro, que é específico para o militar brasileiro. De acordo com o Decreto n o 78.231 de 1976, é responsabilidade do Ministério da Saúde definir as vacinas de caráter obrigatório em todo o território nacional ou em determinadas regiões do país, de acordo com o comportamento epidemiológico das doenças preveníveis por vacinação (MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA VACINAÇÃO,2001). Existem recomendações semelhantes entre os documentos em questão. O Manual de Vacinas do Ministério da Saúde é mais abrangente que a portaria, isso se justifica porque como o manual é bem completo a portaria só vem complementar as vacinas recomendadas nele, com um enfoque no militar. 4.1 VACINAS RECOMENDADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE O Programa Nacional de Imunizações (PNI) organiza e disciplina as ações de vacinação executadas em todo o território nacional. O PNI considera prioridade a administração das seguintes vacinas: • vacina oral contra a poliomielite; • vacina tríplice bacteriana (DTP) – contra a difteria, o tétano e a coqueluche; • vacina contra o sarampo; • vacina contra a tuberculose (BCG-ID); • vacina contra a hepatite B; • vacina contra o haemophilus influenzae tipo b; e • vacina contra a febre amarela. (MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA VACINAÇÃO, 2001). O Programa também recomenda a administração da vacina tríplice viral (contra rubéola, caxumba e sarampo) em crianças a partir dos 12 meses de idade (preferencialmente aos 15 meses), a administração da vacina tríplice viral (contra rubéola, caxumba e sarampo) em crianças a partir dos 12 meses de idade (preferencialmente aos 15 meses) e a administração da vacina contra a rubéola imediatamente após o parto e após o aborto, bem como em todas as mulheres em idade fértil (mulheres que têm idade entre 12 e 49 anos). Para as gestantes e mulheres em idade fértil é importante também a administração da vacina dupla tipo adulto (dT) na tentativa de se evitar o tétano neonatal. Esta vacina também está indicada para outros grupos de risco na tentativa de se evitar o tétano acidental e a difteria, estes outros grupos de risco são: os escolares, trabalhadores rurais, da construção civil, agricultores, aposentados. (MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA VACINAÇÃO, 2001). Exemplificando o impacto da redução produzida na incidência de doenças imunopreveníveis, com a aplicação de vacinas pelo Ministério da Saúde, principalmente para aquele grupo em que as medidas de controle implicaram um maior impacto (sarampo, pólio, tétano acidental e neonatal, coqueluche, difteria), que em 1980, foram registrados 153.128 casos para o conjunto dessas doenças, número que se reduziu para apenas 3.124 casos, 20 anos depois. Ainda mais relevante foi o impacto sobre o número de óbitos por essas mesmas doenças, tendo-se observado a redução de 5.495 para 277 óbitos, no mesmo período. Análise similar poderia ser feita para as demais doenças desse grupo, que também apresentaram reduções na incidência, na mortalidade e na ocorrência de seqüelas, com impactos significativos na qualidade de vida. (CARMO et al,2003) As vacinas recomendadas pelo Ministério da Saúde, suas doses e as doenças evitadas estão exemplificadas no quadro abaixo: IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS Ao nascer BCG-ID Dose única Formas graves de tuberculose Vacina contra hepatite B 1ª dose Hepatite B Vacina contra hepatite B 2ª dose Hepatite B 1 mês 2 meses Vacina oral contra poliomielite (VOP ou Sabin) 1ª dose Poliomielite ou paralisia infantil Vacina tetravalente (DTP tríplice bacteriana + Hib contra Haemophilus influenzae tipo b) 1ª dose Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções, causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b Vacina oral contra poliomielite (VOP ou Sabin) 2ª dose Poliomielite ou paralisia infantil Vacina tetravalente (DTP tríplice bacteriana + Hib contra Haemophilus influenzae tipo b) 2ª dose Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções, causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b Vacina oral contra poliomielite (VOP ou Sabin) 3ª dose Poliomielite ou paralisia infantil Vacina tetravalente (DTP tríplice bacteriana + Hib contra Haemophilus influenzae tipo b) 3ª dose Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções, causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b Vacina contra hepatite B 3ª dose Hepatite B 9 meses Vacina contra febre amarela (somente em área endêmica) Dose única Febre amarela 12 meses SRC (tríplice viral) Dose única Sarampo, rubéola, síndrome rubéola congênita e caxumba 15 meses Vacina oral contra poliomielite (VOP ou Sabin) Reforço Poliomielite ou paralisia infantil DTP (tríplice bacteriana) Reforço Difteria, tétano e coqueluche 6 a 10 anos BCG – ID Reforço Formas graves de tuberculose 10 a 11 anos dT (dupla adulto) Reforço Difteria e tétano Vacina contra febre amarela (somente em área endêmica) Reforço Febre amarela Mulheres de 12 a 49 anos SR (dupla viral) Dose única Sarampo, rubéola e síndrome. rubéola congênita Maiores de 60 anos Vacina contra influenza Dose única (Gripe) Influenza Vacina contra pneumococos Dose única Pneumonias 4 meses 6 meses (MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA VACINAÇÃO, 2001). O Ministério da Saúde fez uma modificação no calendário vacinal no ano de 2006 e acrescentou a vacina contra o Rotavírus aos 2 e 4 meses. Essa vacina não foi acrescida no calendário acima porque ela ainda está na fase de pesquisa, está sendo avaliando seus possíveis efeitos colaterais e sua eficácia, visto que a primeira vacina que foi testada nos Estados Unidos causava invaginação intestinal em lactentes. (CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA PROF. ALEXANDRE VRANJAC, 2008) Além disso, a vacina não está disponível em todas as cidades brasileiras. É importante saber as vacinas aplicadas pelos programas nacionais de saúde já que o militar, por ser cidadão brasileiro, terá sido imunizado contra essas doenças ainda na infância. 4.2 VACINAS RECOMENDADAS PELA PORTARIA NO 69-DGP A Portaria n 0 69– DGP, de 17 de abril de 2003 determina as vacinas obrigatórias para os militares brasileiro, que são: • vacina dupla adulto - tétano e difteria; • vacina contra febre amarela; e • vacina contra a hepatite B. Observação: a portaria em questão também recomenda que as integrantes do segmento feminino que estejam em idade fértil sejam vacinadas contra o sarampo e a rubéola. (PORTARIA Nº 69 - DGP, 2003) 4.2.1 Vacina Dupla Adulto (dT) A vacina anti-tetânica surgiu durante a 2a Guerra Mundial e o seu valor na prevenção do tétano, em indivíduos feridos, foi comprovada durante esse período. Conseguimos avaliar sua eficácia analisando dados epidemiológicos coletados durante 2a Guerra Mundial e durante a invasão das Filipinas. No exército norte-americano, durante a 2a Guerra Mundial foram registrados apenas seis casos da doença entre os soldados feridos que tinham sido adequadamente imunizados com três doses da vacina, dando uma incidência, num tipo de ferimento de alto risco, de um caso entre 455.803 feridos de guerra corretamente vacinados. Assim como, na tropa brasileira corretamente imunizada contra o tétano, nenhum caso foi relatado entre os 2.587 feridos durante a 2a Guerra Mundial. Já na população civil da Manila que não havia sido imunizada contra o tétano, ocorreram 473 casos da doença entre 12000 feridos durante a invasão das Filipinas, o que dá uma incidência de 40 casos para 1.000 civis feridos. Quando se compara o índice de infecção dos civis da Manila não imunizados com o índice de infecção do exército norte-americano previamente imunizado, percebe-se uma freqüência 9.000 vezes maior de infecção nos civis da Manila em relação ao exército norte-americano. (VERONESI et al, 2005) A vacina dupla tipo adulto (dT) é indicada a partir dos sete anos de idade, para prevenção da difteria e do tétano acidental. Como já citado anteriormente, a dT é indicada para a vacinação de gestantes e de mulheres em idade fértil (12 a 49 anos), como forma de prevenir o tétano neonatal. A vacina dupla tipo adulto é administrada nos indivíduos que não tenham recebido as vacinas DTP ou DT, nos indivíduos que tenham esquema incompleto dessas vacinas e na ocasião dos reforços do esquema básico. Em relação à difteria, a recente epidemia que ocorreu na Rússia e nos Novos Estados Independentes (NIS) nos anos de 1990 com pico em 1995, ressalta bem a importância da vacinação no controle da difteria. De 1990 a 2001, foram reportados 160000 casos com 4000 mortes. Em 1992, iniciou-se uma campanha de vacinação com corbetura de 80 % em todas as faixas etárias, fazendo com que houvesse um declínio importante da doença nesse país. Em 2003 foram reportados à Organização Mundial de Saúde somente 896 casos, sendo que, desses, 892 eram originários da Rússia e do NIS. Os mais suscetíveis eram adultos jovens que não tinham tido revacinação a cada 10 anos. (VERONESI et al, 2005) O esquema de vacinação é composto pela imunização básica e pelas doses de reforço. Na imunização básica, são aplicadas três doses com intervalo de vinte e oito dias entre a primeira e a segunda dose e, de seis meses entre a segunda e a terceira dose. O intervalo entre, a segunda e a terceira dose, pode ser reduzido para três meses. Na gestante a vacinação deve ser iniciada o mais precoce possível e as doses deverão ser aplicadas até, no máximo, vinte dias antes da data provável do parto. As doses que faltarem deverão ser aplicadas depois do parto na mesma oportunidade em que se vacinará o bebê. As doses de reforço deverão ser aplicadas a cada dez anos após a terceira dose e deverá ser antecipado para cinco anos em caso de gestação ou acidentes graves com risco de tétano acidental. Os eventos adversos mais comuns são: dor, calor, febre, vermelhidão e enduração local. As contra-indicações à utilização da vacina dupla adulto são: • reação anafilática sistêmica grave decorrente de aplicação de dose anterior; • Síndrome de Guillain-Barré nas seis semanas após a vacinação contra difteria e/ou tétano anterior; e • reação de hipersensibilidade local, tipo fenômeno de Arthus, após dose anterior de vacina contendo toxóide tetânico. Se uma pessoa, que não completou o esquema básico de imunização contra o tétano e possui contra-indicação absoluta ao uso de uma preparação contendo toxóide tetânico, sofrer um ferimento contaminado ou profundo, esta pessoa deverá receber imunização antitetânica passiva (soro ou imunoglobulina humana). 4.2.2 Vacina contra febre amarela A vacina com a cepa viral atenuada 17D foi desenvolvida pelos pesquisadores Theiler e Smith em Nova York, nos laboratórios da Fundação Rockefeller. A descoberta aconteceu em 1937 e desde então a vacina vem sendo utilizada no Brasil, a conseqüência de sua aplicação foi a queda das epidemias urbanas de febre amarela, a última ocorreu no Estado do Acre em 1942, o que demonstra a eficácia da vacina. A vacina da febre amarela consegue 100% de imunização. (VERONESI et al, 2005) O vírus da febre amarela circula em todos os municípios das regiões Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Centro-Oeste (Goiás, incluindo Brasília - DF, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). Também circula em numerosos municípios das regiões Nordeste (no Maranhão, em todos), Sudeste e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Em parte dos municípios dos Estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, embora não esteja ocorrendo circulação viral, existem condições que podem permitir a eventual transmissão da febre amarela. (VERONESI et al, 2005) A via de administração é a subcutânea. Seu esquema de vacinação é a de dose única com reforço a cada dez anos. É importante ressaltar que a vacina contra febre amarela pode ser aplicada simultaneamente com qualquer vacina do calendário básico, porém, quando for aplicada após outras vacinas também constituídas de vírus vivos atenuados, deve-se esperar um intervalo mínimo de duas semanas com exceção da vacina oral contra a poliomielite. Os eventos adversos mais comuns são: dor local, cefaléia e febre. (PORTARIA Nº 69 - DGP, 2003) As contra-indicações para a vacina são: crianças com menos de 5 meses pelo risco de encefalite, gestantes, imunodeficientes, alérgicos a ovo (pois a vacina contém componentes do ovo) ou com reação alérgica a dose anterior. A decisão de vacinar pessoas que possuam contra indicações (crianças entre 5 e 9 meses e nutrizes) deve considerar os riscos de aquisição da doença e da imunização (risco benefício). (PORTARIA Nº 69 - DGP, 2003) 4.2.3 Vacina contra hepatite B Existe alta prevalência de infecção por hepatite B no Oeste de Santa Catarina e Paraná, assim como áreas de baixa prevalência na Amazônia. Também na regiäo Sudeste, classicamente uma área de baixa prevalência, foi encontrada localidade com alta prevalência no interior de Minas Gerais. A regiäo Centro-Oeste, até então com dados pouco conhecidos, apresenta baixa prevalência nas localidades pertencentes ao cerrado de Goiás e Mato Grosso. Já a parte mais setentrional dessa regiäo, correspondente ao Sul da Amazônia, tem prevalência moderada a alta, como a maioria da regiäo Norte. Finalmente, o Nordeste brasileiro apresenta níveis de endemicidade mais baixos do que os computados anteriormente. Porém a regiäo é pouco estudada fora da faixa litorânea, impedindo avaliaçöes mais exatas. (VERONESI et al, 2005) Como a vacinação contra a hepatite B foi implementada na década de 90, ainda está em pesquisa o real impacto, a longo prazo, na prevenção contra as formas crônicas da doença. (CARMO et al,2003) A vacina contra hepatite B é composta por antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) purificado, obtido por engenharia genética. O esquema de vacinação é feito através da aplicação de três doses com intervalo de vinte e oito dias entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a segunda e a terceira dose. O intervalo entre a segunda e a terceira dose pode ser reduzido para três meses. O reforço é aplicado apenas em hemodialisados com queda da concentração de anticorpos. Os eventos adversos mais comuns são: dor local, febre baixa, mal-estar, cefaléia e fadiga.A contra-indicação é a ocorrência de reação anafilática sistêmica decorrente de aplicação de dose anterior. (PORTARIA Nº 69 - DGP, 2003) 4.2.4 Vacina dupla viral A Organização Mundial de Saúde estima que ocorram cerca de 30 milhões de casos de sarampo a cada ano e, em 2004, 454 mil óbitos, mesmo com a vacina estando disponível desde 1963. No Brasil ocorriam epidemias de sarampo a cada 2 ou 4 anos nos grandes aglomerados urbanos, sendo registrados 775.973 casos entre 1980 e 1995. A partir de 1992 ocorreu uma importante redução do número de casos no país decorrente da implementação do Plano Nacional de Eliminação do Sarampo. Entretanto, em 1997 houve uma epidemia com mais de 50 mil casos, a maioria nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo e desde então, houve uma intensificação das ações de controle (vacinações de bloqueio, implantação da segunda dose da vacina, expansão da população alvo) que ocasionou a queda do número de casos e, desde 2001, a interrupção da transmissão de sarampo dentro do Brasil, o último caso foi relatado no Mato Grosso do Sul em 2000. (VERONESI et al, 2005) Em relação à rubéola, até 1999 a faixa etária mais acometida era a de crianças de um a nove anos, seguida pelas crianças de dez a 14 anos. A partir de 2000 vem sendo observado um aumento da incidência na faixa etária de 15 a 29 anos, atribuído à implantação gradual da vacina tríplice na década de 1990, que deslocou a transmissão do vírus para a faixa etária dos adultos jovens e por isso a indicação da dupla viral se justifica nessa portaria. A rubéola tem distribuição mundial, porém existe uma predominância nos países de clima temperado. O pico de incidência ocorre durante a primavera ainda que apareçam casos durante todo o ano. (VERONESI et al, 2005). A vacina é composta por vírus vivos atenuados contra o sarampo e a rubéola. É encontrada na forma de frasco-ampola com uma ou múltiplas doses sob a forma liofilizada. A vacina deve ser conservada em geladeira, entre 2º e 8ºC e após a diluição deve ser aplicada no prazo máximo de oito horas, sempre mantida entre 2º e 8ºC. A via de administração é a via subcutânea. O esquema de vacinação é por dose única. Devem ser vacinadas todas as integrantes do segmento feminino em idade fértil, deve ser indicada para os militares sempre que houver uma situação de aparecimento de casos de sarampo no território nacional, ou nos países que fazem fronteira com o Brasil. (PORTARIA Nº 69 - DGP, 2003) Os eventos adversos mais comuns são: febre, erupção cutânea, artralgias e artrites. As contra-indicações são: • antecedente de reação anafilática sistêmica após a ingestão de ovo de galinha (pois a vacina apresenta componentes do ovo); • gravidez; e • administração de gamaglobulina, sangue total ou plasma nos três meses anteriores. É importante ressaltar que as mulheres vacinadas deverão evitar a gravidez por trinta dias após a aplicação e caso ocorra a administração de imunoglobulina humana normal, sangue total ou plasma nos quatorze dias que se seguem à vacinação, deve-se revacinar três meses depois. (PORTARIA Nº 69 - DGP, 2003) 4.3 VACINA CONTRA O INFLUENZA A vacina contra o vírus influenza não é preconizada de rotina nem pelo Ministério da Saúde e nem pela Portaria n0 69 do DGP. A gripe é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus influenza. O vírus influenza é transmissível de pessoa a pessoa e entra no organismo através da via respiratória por meio de gotículas eliminadas através da tosse ou do espirro. A penetração do vírus no organismo ocorre através da mucosa do nariz ou da garganta e a aglomeração de pessoas em ambientes fechados facilita a disseminação da gripe. A doença é encontrada em todos os países do mundo há pelo menos 400 anos. O vírus influenza vem causando epidemias a cada 2-3 anos e, eventualmente, pandemias (epidemias que afetam um grande número de países). (PEDRO et al, 2008) A OMS estima que de 5% a 15% da população mundial é atingida pelo vírus da gripe, cinco milhões de casos graves e até 500 mil mortes em todo o mundo. É uma das principais doenças imunopreveníveis existente no mundo hoje. O impacto econômico pode chegar a US$ 60 milhões (em relação a dinheiro gasto com tratamento e perdas ao trabalho) para cada 1 milhão de habitantes. O vírus influenza pode ser transmitido desde 24 horas antes até 7 dias após o aparecimento dos sintomas. (VERONESI et al, 2005) É devido a esses fatores que o Exército Brasileiro deveria começar a vacinar anualmente seus militares. O vírus pertence à família Orthomyxoviridae e é classificado de acordo com o material genético em três tipos diferentes (A, B e C). Os vírus influenza A são capazes de infectar diversas espécies de animais (pássaros, galinhas, patos, porcos, cavalos, baleias etc) e é capaz de causar epidemias. Esses vírus sofrem constantemente pequenas alterações em sua composição antigênica, o que faz com que o sistema imune não reconheça o vírus em uma nova infecção. Além disto, o vírus influenza A pode sofrer mutações tão grandes que pode produzir um novo subtipo do vírus que poderá ter alto potencial patogênico. E como ele seria um novo subtipo a população humana não teria nenhuma imunidade prévia, facilitando o início de uma grande epidemia. As condições favoráveis para que ocorram essas mutações são: o contato entre seres humanos, aves domésticas (influenza aviária ou "gripe do frango") e porcos (influenza suína), possibilitando infecções simultâneas (co-infecção) e a troca de material genético entre subtipos do vírus influenza A de origem humana e animal. (PEDRO et al, 2008) No século 20 ocorreram três pandemias e todas foram causadas pelo vírus influenza A. A primeira ocorreu em 1918-19 pelo subtipo H1N1 (gripe espanhola), a segunda em 1957-58 pelo H2N2 (gripe asiática) e a última em 1968-69 pelo H3N2 (gripe Hong-Kong). A gripe espanhola, a mais devastadora, causou a morte de um número de pessoas estimado entre 20 e 40 milhões. (PEDRO et al, 2008) Os vírus influenza B e C, basicamente, infectam seres humanos. O vírus B pode causar epidemias. O vírus influenza C não tem potencial epidêmico e causa doença de menor gravidade. A vacina contra a gripe mais comumente utilizada é a injetável, que possui componentes de vários subtipos do vírus influenza, inativados e fracionados. A vacina é elaborada a partir de vírus influenza cultivados em ovos de galinha, portanto, não deverá ser aplicada a indivíduos que possuam alergia à ovo. Além disto, existem na sua composição pequenas quantidades de timerosal (Mertiolate®) e de neomicina (um antibiótico), e a alergia a esses componentes também é uma contra-indicação à aplicação da vacina. A vacina é produzida com vírus inativados e, portanto, pode ser administrada com segurança em pessoas com imunodefiociências e, não representa risco para o feto se for aplicada a gestantes. A vacina não protege contra o vírus influenza C e deve ser utilizada anualmente para incluir as últimas alterações antigênicas ocorridas com o vírus influenza. A vacina contra o influenza também é importante para utilização em época de guerra, visto que durante o período de combate pode surgir epidemias fatais da doença, como já foram demonstradas pela história durante a I Guerra Mundial. 4.4 VACINAS EM PESQUISA Existem doenças que são endêmicas em nosso país e que precisam de medidas de controle devido aos danos causados à saúde do brasileiro. Várias pesquisas estão em andamento na tentativa de se desenvolver vacinas eficazes contra essas doenças. Foram priorizadas as pesquisas realizadas por instituições brasileiras e o Exército Brasileiro poderia participar dessas pesquisas, visto que, é de vital importância para a movimentação de seus militares em território nacional. Essas doenças não são ocupacionais da profissão militar e o militar está sujeito aos mesmos índices de infecção ou epidemiologia que o restante da população que varia de acordo com a região do território nacional, porém, a movimentação por todo o território nacional é sim uma característica da profissão militar e isso faz com que o militar esteja em contato com uma variedade maior de doenças que os demais cidadãos brasileiros. As populações de uma região endêmica para determinada doença possuem maior resistência para aquela doença devido a uma seleção natural ou imunização prévia decorrente de infecções passadas. Quando um militar é movimentado para uma área endêmica para determinada doença que não existe em sua área de origem, ele possuirá maiores chances de desenvolver formas mais graves dessas doenças, e por isso uma preocupação maior com as vacinas, já que as movimentações são constantes e os riscos também serão. Quando movimentamos um militar para uma área endêmica de uma determinada doença que possa ser evitada com vacinas, essa vacina deverá ser utilizada como proteção, assim como é feito com a vacina da febre amarela, poderá ser feito com a malária, o dengue, a leshimaniose, quando essas vacinas estiverem prontas para o uso. 4.4.1 Vacina contra a malária A malária no Brasil incide fundamentalmente na região da bacia amazônica, incluindo os Estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Neste último Estado, a área endêmica compreende apenas a sua região ocidental. (VERONESI et al, 2005) Existe, no Brasil, uma vacina contra a malária já na fase de testes desde 1997. Nos primeiros testes, a vacina mostrou-se capaz de gerar resposta imunológica em macacosde-cheiro (Saimiri sciureus) nos laboratórios do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, e do Centro Nacional de Primatas, em Belém do Pará, esta vacina busca imunizar contra o protozoário Plasmodium falciparum (responsável por 99% das mortes por malária). A etapa seguinte (teste em humanos) já está sendo realizada em voluntários na Suíça. Uma das maiores dificuldades para o desenvolvimento da vacina é o complexo ciclo de vida do parasita, pois durante este ciclo, o protozoário muda sua estrutura e expõe diferentes proteínas em sua superfície. Algumas destas proteínas são específicas de um estágio, outras aparecem durante todo o ciclo do parasita. Como o objetivo é fabricar uma vacina que atinja todos os estágios do ciclo de vida do Plasmodium, pode ser necessário trabalhar com as proteínas presentes em cada um dos estágios de vida do parasita, o que dificulta o trabalho e a pesquisa. (MELO, 2002). Dentro das hemácias é onde o parasita se multiplica e essa etapa é a mais longa do seu ciclo de vida, é aquela em que surgem os principais sintomas da doença. Não é possível para o sistema imunológico atingir o parasita quando ele está dentro das hemácias, o que o protege durante a fase mais importante: a reprodutiva. Isso ocorre porque as hemácias, que são anucleadas, não possui o antígeno leucocitário humano (HLA), esse antígeno que estimula as células de defesa do organismo a agirem contra as infecções e está presente em todas as células nucleadas do corpo. O HLA é a identidade imunológica de cada pessoa, é um sistema de cognição voltado para seu próprio organismo e faz com que o agente patógeno seja reconhecido como estranho pelo organismo. Portanto, a vacina em estudo na Fiocruz imuniza contra o Plasmodium somente quando este se encontra na fase de vida fora das hemácias. A vacina é composta por duas proteínas encontradas na superfície do Plasmodium identificadas por cientistas da França e da Dinamarca: a MSP3 e a GLURP; ambas presentes no parasita na fase do ciclo em que ele se encontra no sangue (mas fora das hemácias). Nesse momento, o sistema imunológico humano consegue reconhecer essas proteínas, estranhas ao organismo, e desencadeia a ação das células de defesa e a produção de anticorpos, que destroem o protozoário. Além dessa vacina, os cientistas da Fiocruz estão também pesquisando uma outra proteína potencialmente vacinal que foi descoberta em 1995 e também será testada nos macacos-de-cheiro. (MELO, 2002) Os estudos realizados pela Fiocruz ainda não foram publicados em revista científica por ainda estarem na fase de teste. Vacina de DNA é uma outra possibilidade explorada tendo como vantagem a facilidade na sua obtenção e indução de resposta de células T, principalmente CD8+ além da persistência no hospedeiro com estimulação imune por período prolongado. (GOTO, LINDOSO,2008) 4.4.2 Vacina contra o dengue Encontra-se hoje, no território brasileiro os sorotipos 1,2,3 do vírus do dengue, ainda não foi detectado o sorotipo 4. Os sorotipos estão distribuídos, com proporção diferente de prevalência em cada região, por todo o território nacional. O mosquito transmissor do dengue, o Aedes aegypti, também é encontrado praticamente em todo o território nacional. Portanto, o Brasil é um país endêmico para o dengue, estando sujeito a surtos epidêmicos sazionais. (VERONESI, 2005). Foram mais de 500 mil casos registrados no ano passado, sendo 1541 casos de dengue hemorrágica, ao todo 158 pessoas morreram. No Rio de Janeiro, já são mais de cinco mil casos só neste ano de 2008. (GLOBO.COM, 2008) O dengue hemorrágico ocorre com maior freqüência quando uma pessoa que já tenha tido a doença é infectada por um outro sorotipo do vírus, porém ela já pode ocorrer na primeira infecção e é mais comum no sorotipo 2. São quatro tipos diferentes de sorotipos do vírus do dengue, que se apresentam com milhares de variações em mais de cem países. Tantas variações dificultam a busca de uma vacina para a doença. Por isso, uma vacina ainda é um projeto de longo prazo, pelo menos quatro anos. Além disso, existe também uma dificuldade em produzir uma vacina que englobe ao mesmo tempo os quatro sorotipos. O geneticista belga Nicolas Carels integra um grupo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que comparou quase três mil seqüências do vírus. O grupo concluiu que o tipo 2, um dos sorotipos que existe no Brasil, é o que mais apresenta diferenças e mutações. Segundo o pesquisador, por causa das mutações do vírus, a vacina terá que ser refeita periodicamente (a exemplo do que já ocorre com a usada contra a gripe), por isso, Nicolas Carels acredita que o Brasil tem que dominar a tecnologia da produção da vacina, porque, como no caso do vírus da gripe, vão aparecer subtipos do tipo 2 que, por exemplo, estariam capazes de vencer a resistência da vacina. (CARELS et al, 2007) Um estudo da Fiocruz Pernambuco analisou uma proteína estrutural, a glicoproteína E, localizada na superfície do vírus da dengue. O trabalho identificou 11 peptídeos (proteínas) que por serem capazes de desencadear a produção de anticorpos apresentam potencial para ser usado no desenvolvimento de uma vacina contra a doença. A descoberta rendeu o depósito da quinta patente da Fiocruz Pernambuco no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). (CENTRO DE PESQUISAS LEÔNIDAS E MARIA DEANE, 2008). Além das pesquisas nacionais, o governo brasileiro planeja trazer para o país a tecnologia de uma vacina desenvolvida por um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos. Esta vacina ainda está em desenvolvimento, porém, tem demonstrado resultados promissores em animais e também em alguns testes com humanos que vem revelando que o uso em seres humanos é seguro. Os estudos desenvolvidos nos Estados Unidos apontam que a vacina é eficaz contra os quatro tipos de vírus da doença (tipos 1, 2, 3 e 4). (RAVIPRAKASH et al,2008).A estimativa é que a vacina estará pronta em três a quatro anos. Para trazer a tecnologia da vacina para o Brasil, o Ministério da Saúde deverá firmar um acordo de parceria entre o Instituto Butantan e os pesquisadores norteamericanos. O Instituto Butantan faria parte da pesquisa participando de ensaios com populações em maior escala e iria aprender a tecnologia da vacina. (RODRIGUES,2007) 4.4.3 Vacina contra a leshimaniose Existem duas formas da doença: a leshimaniose visceral, que é a forma mais grave e até fatal, e a leshimaniose tegumentar. A leishmaniose visceral é uma doença causada por diferentes protozoários do tipo Leishmania (sendo, a mais comum, no Brasil a Leishmania donovani), que entra no organismo humano por meio de saliva inoculada pela picada de mosquitos chamados flebótomos. A forma visceral caracteriza-se pelo acometimento exclusivo dos órgãos internos. Cerca de 12 milhões de pessoas sofrem hoje de leishmaniose visceral, a maioria na América Latina, África e Oriente Médio. Existe em 17 estados brasileiros, sendo que, em torno de 90% dos doentes estão na Região Nordeste, preferencialmente no Maranhão, Piauí e Bahia, segundo dados da Funasa. (AGÊNCIA NOTISA,2003) Os principais hospedeiros, nas regiões em que existe a doença, portanto, são o cachorro e a raposa. A infecção acontece através da inoculação do protozoário através da picada de mosquitos (flebótomos) contaminados. Os mosquitos se contaminam ao picarem os animais hospedeiros contaminados (cachorro, raposa). Portanto, não há transmissão direta. A leishmaniose visceral também é chamada de Calazar ou a febre Dundun. (VERONESI et al,2005) No Brasil, estão sendo realizadas pesquisas na tentativa de se desenvolver uma vacina na Fiocruz da Bahia. Nos estudos desenvolvidos com voluntários constatou-se que as pessoas de áreas endêmicas apresentam respostas imunológicas diferentes à saliva do mosquito e que aqueles que, ao serem submetidos à saliva do flebótomo, produzem em resposta imunoglobulina G1 e imunoglobulina E, são mais resistentes à infecção e, provavelmente, não irão desenvolver a doença. Os indivíduos em que predomina a resposta com aumento de imunoglobulina G4, as chances de doença são mais prováveis. (AGÊNCIA NOTISA,2003) A leishmaniose tegumentar também é uma zoonose, mantida na natureza por animais silvestres, com a participação secundária de animais domésticos. Também é transmitida através da picada do flebótono e causada por diversos tipos de leishmania (sendo, a mais comum, no Brasil a Leishmania brasilienses). No Brasil, a leishmaniose tegumentar vem sendo registrada em todos os estados, inclusive na região Sul do país. As populações rurais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as que se contaminam com maior freqüência com a moléstia, pois a doença se encontra em extensas áreas de colonização recente, com florestas ainda abundantes. Das regiões Norte e Nordeste procedem cerca de 75% dos casos registrados no país. No Nordeste a endemia persiste também em áreas de colonização antiga, especialmente nas zonas serranas dos estados do Ceará, Paraíba e Bahia. Também é encontrado parasita em extensa área da Amazônia e nos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia. A doença também é endêmica na região Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que são áreas de colonização antiga. (VERONESI et al, 2005) A leishmaniose tegumentar caracteriza-se por feridas nas mucosas do nariz e garganta, podendo também atingir a boca, pele e progredir, em raríssimos casos, para infestações graves nos órgãos internos. Foi utilizada uma vacina, composta de promastigotas mortas de 5 diferentes de Leishmania, para teste em militares na floresta amazônica, em área de alto risco para leishmaniose tegumentar, e observou-se uma redução de 67,3% em 1980 e 7% em 1983 na incidência da doença entre os indivíduos vacinados que passaram a apresentar Teste de Montenegro positivo, tendo sido sugerido que o teste intradérmico, em humanos, seria um importante indicador da resposta imune o que, de certa forma, refletiria um estágio de proteção. Nenhum efeito de exarcebação da doença da doença foi observado, contrastando com os resultados experimentais feitos em camundongos, onde a injeção subcutânea ou intramuscular de antígenos de L. major resultava em exarcebação da infecção. Em 1985, resultados de uma campanha de vacinação durante epidemia de leishmaniose tegumentar na cidade de Viana no Espírito Santo revelaram diferenças estatisticamente significantes nos niveis de infecção entre os grupos vacinados e não vacinados e não vacinados com 87,6% dos indivíduos vacinados apresentando Teste de Montenegro positivo após a vacinação. (DEPARTAMENTO DE PROTOZOOLOGIA/IOC-FIOCRUZ) No âmbito das pesquisas internacionais, uma vacina contra leishmaniose tegumentar criada a partir da saliva do mosquito pólvora, o transmissor, se provou eficiente quando testada em ratos. A vacina foi desenvolvida, por um grupo de pesquisadores liderados pelo médico José Ribeiro, do Instituto Nacional de Doenças Alergênicas e Infecciosas (Niaid), ligado ao governo dos EUA. Nos ratos submetidos à nova vacina, a infecção do parasita causador da doença foi substancialmente mais fraca do que em ratos não vacinados, as feridas foram menores e se recuperaram da infecção em seis semanas. (RIBEIRO et al,2001) 5 VACINAS EM TEMPO DE GUERRA As vacinas utilizadas em tempo de guerra são aquelas contra doenças que possam ser utilizadas como arma biológica ou as que possuam maior prevalência de ocorrerem devido a situação de campanha. 5.1 VACINAS CONTRA DOENÇAS ADQUIRIDAS POR VIA ORAL Devido às condições sanitárias as quais a tropa é submetida na situação de campanha, aumenta-se muito a chance de infecção por doenças adquiridas por via oral que podem levar a vômitos e diarréias, causando até mesmo surtos nas tropas. Por isso a preocupação com vacinas contra essas doenças nesse momento. 5.1.1 Vacina contra a febre tifóide A febre tifóide é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por uma bactéria, a Salmonella typhi. Os sintomas são: febre prolongada, alterações do trânsito intestinal, aumento de vísceras (fígado e baço). A doença pode ainda evoluir para confusão mental progressiva, podendo ser fatal. A contaminação ocorre por via oral-fecal, principalmente através da ingestão de água e de alimentos contaminados com fezes humanas ou, menos freqüentemente, com urina. (VERONESI et al,2005) É importante ressaltar que é simples contaminar a água do inimigo, ou o inimigo contaminar sua água de consumo em época de guerra, basta jogar fezes contaminadas em um ponto do rio acima do ponto do acampamento alvo. A doença tem distribuição mundial sendo mais freqüente nos países em desenvolvimento, onde as condições de saneamento básico são inexistentes ou inadequadas. Estima-se a ocorrência de 12 a 33 milhões de casos por ano no mundo, com aproximadamente 600 mil óbitos, cerca de 60% dos casos notificados ocorrem na Ásia e 35% na África. No subcontinente Indiano, sudeste Asiático, África, América Central e do Sul, a doença é endêmica. No Brasil, são registrados casos em todas as regiões do país, principalmente no Norte e Nordeste e nos últimos dez anos a Bahia notificou 1.765 casos da doença e o Amazonas notificou 1.447 casos da doença (dados colhidos entre 1996 e 2005). Nos países desenvolvidos ocorrem apenas surtos ocasionais de febre tifóide endêmica. (PEDRO et al,2008) Indivíduos com diminuição da acidez gástrica (gastrectomizados, portadores de doenças crônicas intestinais) ou imunodeficientes têm um risco maior de adquirir a febre tifóide. O consumo de alimentos como leite, manteiga, queijo e peixes são considerados de alto risco, pois possuem o pH ideal (4,4 a 7,8) para o crescimento da S. typhi. O uso de antibiótico altera a microbiota intestinal que normalmente compete com as bactérias patogênicas e, portanto, aumenta a suscetibilidade à infecção pela S. typhi. A vacina injetável tem eficácia entre 50 e 70%. A vacina oral contra a febre tifóide tem eficácia entre 40 e 90% e não pode ser utilizada em indivíduos imunodeficientes e gestantes, uma vez que é produzida com bactérias atenuadas. Quando o risco de infecção é muito elevado, a utilização de uma das vacinas como medida complementar deve ser avaliada individualmente após consulta médica, levando-se em consideração o riscobenefício. É importante ressaltar que as vacinas disponíveis apresentam baixa eficácia e, portanto, não são indicadas para serem utilizadas rotineiramente, por isso, seriam utilizadas somente em campanha. (PEDRO et al,2008) 5.1.2 Vacina contra a cólera A cólera é uma doença causada por uma infecção intestinal aguda pela bactéria Vibrio cholerae, a diarréia é decorrente da ação da enterotoxina produzida pela bactéria. Existem cerca de 190 sorogrupos dessa bactéria, porém, apenas dois sorogrupos são capazes de produzir a enterotoxina e causar a diarréia, são eles: o V. cholerae O1 (biotipos "clássico" e "El Tor") e o V. cholerae O139. A infecção acontece pela ingestão de água ou de alimentos contaminados (infecção fecal-oral) e em 90% dos casos a infecção é assintomática ou produz diarréia de pequena intensidade. Em 10% dos infectados a doença é potencialmente fatal, evoluindo de maneira rápida (horas) com diarréia aquosa profusa de instalação súbita que causa desidratação grave e diminuição acentuada da pressão sangüínea (choque hipovolêmico). (VERONESI et al,2005) A doença é endêmica em vários países e episodicamente ocorrem surtos, principalmente, nos locais onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. Existem as vacinas injetáveis e as vacinas orais contra a cólera. As vacinas injetáveis apresentam eficácia pequena e inferior a 50%, curta duração de imunidade (cerca de 3 meses) e não reduzem a incidência de infecções assintomáticas. Existem duas vacinas orais que possuem eficácia em torno de 85% e produzem imunidade por cerca de 3 anos (imunidade por um tempo maior que as injetáveis e também maior eficácia). É importante ressaltar, que até o momento atual, nenhuma dessas vacinas são recomendadas para o uso rotineiro sem indicação específica, por isso, serão recomendadas somente em tempo de guerra. A utilização das vacinas orais deve ser considerada quando o risco de infecção é muito elevado, como é o caso de indivíduos com diminuição da secreção ácida do estômago (hipocloridria ou acloridria), em gastrectomizados ou indivíduos com atividade de alto risco (como trabalho em campos de refugiados, em áreas endêmicas, militares em regiões endêmicas). No Brasil, as vacinas (injetável ou oral) contra a cólera não estão disponíveis na Rede Pública. A vacina pode ser tomada por maiores de dois anos de idade, exceto gestantes e pessoas com doenças moderada e grave e hipersensibilidade aos seus componentes. A administração deve ser adiada em pessoas com febre ou problemas intestinais agudos. Recomendam-se três doses para crianças entre dois e seis anos e reforço após seis meses. A partir desta idade, bastam duas doses e uma de reforço, após dois anos. O intervalo das doses iniciais não deve ultrapassar seis semanas. (PEDRO et al,2008) 5.1.3 Vacina contra Hepatite A A infecção pelo vírus da hepatite A acontece por via fecal-oral, onde o vírus é transmitido pelas fezes de pessoas contaminadas, essas fezes irão contaminar a água e/ou alimentos que serão ingeridos pelas pessoas suscetíveis, ocasionando assim a infecção. A hepatite A é uma doença infecciosa que, embora acometa predominantemente o fígado (causando sua inflamação), pode causar manifestações sistêmicas como: artrite, nefrite e anemia hemolítica (anemia em que ocorre a destruição das hemácias), além de sintomas gerais e constitucionais. Geralmente a infecção é assintomática (cerca de 90% dos casos), mas quando apresentam manifestações clínicas elas variam desde um quadro inespecífico, com mal-estar, febre, dor abdominal, náuseas e vômitos, até os sinais clássicos da infecção hepática, que são o escurecimento da urina (colúria), a presença de fezes claras (acolia fecal) e a cor amarelada da pele e das mucosas (icterícia). A doença é endêmica e encontrada em todos os países do mundo, mas é mais comum nos locais onde faltam água tratada e boas condições de higiene e saneamento básico (países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento). (VERONESI et al,2005) As vacinas contra a hepatite por vírus A são feitas com partículas mortas do vírus, que por sua vez, são muito purificadas e não causam infecção. O esquema de vacinação depende do tipo de vacina utilizada, existem as vacinas monovalentes e a vacina combinada (contra hepatite A e B). As vacinas monovalentes são administradas em duas doses: a dose inicial e a dose de reforço após seis meses. A vacina combinada contra hepatite A e hepatite B é administrada em esquema de três doses: a dose inicial e depois mais duas doses com um intervalo de 30 e 180 dias após a primeira dose. A vacina possui uma eficácia excelente pois, mais de 95% dos vacinados desenvolvem anticorpos em títulos protetores (anticorpos na quantidade necessária para conferir proteção) após a primeira dose; após segunda dose, quase 100% da população apresenta anticorpos em títulos protetores. (BRICKS,2008) A vacina contra a hepatite A também pode ser usada em tempo de paz em militares que se movimentarão para áreas mais pobres e com menos recursos de esgoto e saneamento básico. 5.2 VACINAS CONTRA AGENTES QUE PODEM SER USADOS COMO ARMAS BIOLÓGICAS Cabe aos serviços de inteligência dos Exércitos de todas as nações descobrir e se informar sobre as armas que os inimigos possuem, inclusive as armas biológicas. Apesar de existir acordos em relação à não utilização de armas biológicas por alguns países, inclusive pelo Brasil, o risco de sermos atacados dessa maneira se mantém, havendo, portanto, a necessidade de proteger a tropa em campanha contra o ataque. 5.2.1 Vacina contra o Antrax Em 1877, Robert Koch colheu o Bacilluss anthracis de uma cultura e demonstrou a capacidade da bactéria de formar endósporos. Robert Koch produziu experimentalmente a doença, através da injeção desses esporos num animal, portanto, o Bacilluss anthracis foi a primeira bactéria que se demostrou poder causar uma doença. Antrax é uma doença aguda infecciosa (causada pela bactéria Bacillus anthracis) que acontece naturalmente em animais que se alimentam de plantas (gado, veados, etc.). Os esporos do Bacillus anthracis podem permanecer viáveis durante várias décadas, podendo ser contaminante por várias décadas. (VERONESI et al,2005) É importante ressaltar que cada grama de Antrax é capaz de produzir 100 milhões de doses mortais individuais (é 100,000 vezes mais mortífero que a mais poderosa arma química). Mata de forma silenciosa e invisível. A inalação de Antrax é praticamente sinônimo de morte a curto prazo, por isso, a grande preocupação das nações de todo o mundo com a sua utilização como arma biológica. (PORTAL SÃO FRANCISO,2008) São três as vias de infecção do Antrax: • Através de cortes na pele resultantes de contacto com animais contaminados, levando a uma infecção local ou sistêmica; • Através da inalação de esporos resultando numa infecção nos pulmões (via utilizada para arma biológica); • Por ingestão de comida contaminada, resultando numa infecção gastrointestinal (antrax gastrointestinal). Este tipo de contaminação não é normalmente considerada uma ameaça para as forças militares. Os sintomas de antrax começam depois de 1 a 6 dias de incubação, dependendo do tipo de contágio, portanto, quando os indivíduos começam a adoecer todos já estão contaminados. A maior percentagem (95%) da infecção do antrax ocorre pela via cutânea que é a forma mais comum e natural de contaminação é a cutânea. A infecção ocorre quando a bactéria consegue penetrar no organismo através da pele lesionada, utilizando a própria lesão como meio facilitador da infecção. Geralmente as bactérias estão em contato com madeira, couro, cabedal, lã, ou animais contaminados. Os sintomas iniciais são um inchaço, semelhante a uma picada de inseto, que evolui no final de dois dias para uma úlcera não dolorosa, normalmente com 1 a 3 cm de diâmetro e uma zona negra constituída por tecido morto no centro. Além disso, os glânglios linfáticos da zona adjacente ainda podem inchar. Cerca de 20% dos casos não tratados de antrax cutâneo resultam em morte, no entanto com uma terapia apropriada as mortes são raras, por isso, é necessário o rápido diagnóstico e o início precoce da terapia para se obter bons resultados. Outra via de infecção é por via inalatória, essa via é a preferencial para a utilização do antrax como arma biológica, a infecção ocorre através da inalação de esporos do bacilo. Inicialmente os sintomas assemelham-se a uma constipação comum e ao final de vários dias evolui com sintomas respiratórios, nesse momento o paciente pode evoluir para o choque. Normalmente este tipo de contaminação é fatal. A doença intestinal provocada pelo antrax acontece depois da ingestão de carne contaminada. Os sintomas são caracterizados por uma inflamação aguda no intestino e os sinais iniciais caracterizam-se por náuseas, perda de apetite, vômitos, febre seguida de fortes dores abdominais, hematêmese (vômitos com sangue), e diarréia, este tipo de contaminação leva á morte de 25 a 60% dos contaminados. É extremamente remota a possibilidade de contágio direto de pessoa para pessoa, em qualquer forma da doença. Nos países onde os índices de vacinação dos animais são baixos, e o antrax é endêmico, a população deve evitar sempre que possível, o contato com animais vivos e com carne crua, principalmente o consumo de carne crua. A incidência natural do antrax na população é muito baixa principalmente na forma contraída por inalação. (PORTAL SÃO FRANCISO,2008) Existe uma vacina licenciada pelas autoridades de saúde, que apresenta uma taxa de eficiência de 93%. Esta vacina é produzida e distribuída pela BioPort Corporation, Michigan, USA e não contém qualquer tipo de bactérias vivas ou mortas, contendo no máximo 2.4 mg de hidróxido de alumínio. Esta vacina foi concebida para animais e não para humanos. A vacina contra o Antrax tem evidências de segurança e eficiência contra a inalação de antrax. (PORTAL SÃO FRANCISO,2008) É recomendada a vacinação aos seguintes grupos: • Pessoas que trabalham diretamente com o organismo no laboratório; • Pessoas que trabalham com carne importada de países com poucas restrições sanitárias; • Pessoas que trabalham com carne e animais infectados em áreas de grande incidência da doença; • Pessoal militar deslocados para áreas onde o risco de exposição é elevado, quando é utilizado como arma biológica. (PORTAL SÃO FRANCISO,2008) Vários países possuem armas biológicas. As armas biológicas são capazes de causar grande devastação entre indivíduos não protegidos e o Bacillus anthracis, agente causador do antrax, é capaz de causar grande devastação à vida humana se for utilizado em campanha, por apresentar as seguintes características: • Existir poucas barreiras; • Baixo custo de produção do Antrax; • Não necessita de grande conhecimento nem tecnologia para a sua produção; • Fácil de produzir em larga escala; • Fácil de transformar em uma arma. • É extremamente estável. Pode ser armazenada por um período virtualmente indefinido sob a forma de pó, mantendo todas as suas características; • Pode ser disperso por simples aerossol, ou em balística (fácil utilização); • Baixa capacidade de ser detectada. (PORTAL SÃO FRANCISO,2008) A vacina contra Antrax (AVA) que é utilizada em militares americanos já está aprovada pela FDA (Food and Drug Administration) desde 1970. Esta vacina foi aplicada em militares americanos que foram combater no Iraque. As experiências com a pulverização intencional de esporos de antrax são baseadas na exposição ambiental que aconteceu em Sverdlovsk (ex - União Soviética) em abril e maio de 1979 e que foi atribuída ao consumo de carne contaminada. Na época foram analisadas evidências sobre disseminação de um aerossol, sobrevivência dos esporos de antrax e exposição ambiental. Percebeu-se que o grande risco para a saúde humana na sequência da aerossolização de esporos de antrax ocorre no período em que os esporos de antrax permanecem no ar, chamada aerossolização primária. O clima e o tipo de pulverização têm um papel muito importante no período durante o qual, os esporos permanecem na atmosfera e na distância percorrida pelos mesmos antes de atingirem o solo ou se tornarem inofensivos. O aerossol tem a capacidade de ficar totalmente disperso num período compreendido entre uma hora a um dia no máximo. Os primeiros sintomas de infecção somente serão detectados depois que quase todos estarão contaminados, não tendo tempo hábil para se detectar o ataque e se prevenir, o que é mais um ponto a favor para a utilização do antrax como arma biológica. (PORTAL SÃO FRANCISO,2008) 5.2.2 Vacina contra o Ebola O vírus Ebola é um RNA vírus que foi isolado pela primeira vez em 1976. O vírus foi isolado em uma epidemia de febre hemorrágica que ocorreu em vilas do Noroeste do Zaire, próximo ao rio Ebola, a partir de doentes humanos. O Ebola provoca um quadro de febre hemorrágica extremamente fatal, pois o vírus apresenta tropismo pelas células hepáticas e do sistema retículo-endotelial. Até o momento atual, foram relatadas quatro epidemias de febre hemorrágica causadas pelo Ebola entre seres humanos; que são: as duas primeiras em 1976, no Zaire e no Oeste do Sudão, resultando em mais de 550 casos e 340 mortes, a terceira em 1979 no Sudão foi menor com 34 casos e 22 óbitos e a quarta em 1996 no Zaire. Não há tratamento para a doença, que pode ser fatal (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE,2008) As principais formas de transmissão do vírus são: pelo uso de seringas e agulhas reutilizadas, transmissão de pessoa a pessoa através de contato íntimo com doentes graves, pelo contato sexual e casos secundários foram observados entre profissionais de saúde e membros da família que cuidavam de doentes. Os cadáveres das vítimas do ebola também podem transmitir a doença. O vírus Ebola é extremamente fatal e pode ser usado como arma biológica, como o próprio cadáver da pessoa infectada pode transmitir a doença, é uma arma (doença) que por si só consegue se manter atuante por muito tempo. Como a doença se apresenta naturalmente na forma de surtos endêmicos esporádicos, a preocupação com a vacina se dá somente em campanha. O início dos sintomas é súbito, iniciando com febre alta, calafrios, dor de cabeça, anorexia, náusea, dor abdominal, dor de garganta e prostração profunda. Pode ainda evoluir, em alguns casos entre o quinto e o sétimo dia de doença, com exantema de tronco o que anuncia as manifestações hemorrágicas, que são: a conjuntivite hemorrágica, as úlceras sangrentas em lábios e boca, o sangramento gengival, a hematêmase e a melena. Durante as epidemias, foi observado que todos os casos que evoluíram com a forma hemorrágica o paciente foi a óbito. (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE,2008) Foi desenvolvida, através de uma colaboração entre equipes de cientistas do Centro de Pesquisa de Vacinas Dale e Betty Bumpers e do Instituto Médico de Pesquisa de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos, uma vacina de ação rápida contra o vírus Ebola que protege macacos depois de apenas uma dose. Se a pesquisa comprovar que a vacina também é eficaz em seres humanos, será possível conter rapidamente os surtos de Ebola. Durante a pesquisa, os cientistas vinham tentando desenvolver vacinas que funcionassem em duas etapas. Na primeira etapa, seria a administração, por via injetável, de material genético não- infeccioso do micróbio causador da doença para provocar uma resposta inicial do sistema imunológico. Na segunda etapa foi administrada uma segunda injeção contendo uma versão atenuada do vírus, formulada para estimular a resposta imunológica inicial. Porém, como o Ebola é uma doença muito virulenta e é preciso agir com rapidez para combatê-la com eficácia, os pesquisadores preferiram investir em uma única etapa de vacinação. Na pesquisa realizada, oito macacos receberam uma versão da segunda injeção e depois foram expostos ao vírus Ebola. Os pesquisadores descobriram que uma única injeção foi capaz de proteger concretamente todos os macacos, até mesmo os que receberam uma alta concentração do vírus. (MURCI et al,2007) 5.2.3 Vacina contra Chikungunya O exército americano desenvolveu uma vacina segura e eficiente, bem tolerada e com alto poder imunogênico ao vírus Chikungunya e estão considerando esse vírus como uma possível arma biológica. (USAMRIID’s,2005) É importante nos atermos a esse vírus, pois ele é causador de febre hemorrágica, potencialmente fatal e que tem sintomas parecidos com o do dengue, o que dificultaria o diagnóstico em nosso país e, além disso, é transmitido tradicionalmente pelo Aedes albopictus, mas pode ser transmitido pelo Aedes aegypti, que existe em grande quantidade no Brasil, por isso, estamos vulneráveis ao ataque por esse vírus e se justifica a preocupação com a vacina em tempo de guerra contra o vírus. O quadro clínico se apresenta inicialmente e de forma súbita com febre, que se acompanha de artralgias, mialgias e cefaléia, e em alguns casos pode aparecer vômitos, conjuntivite, diarréia e ingurgitamento ganglionar. Também aparece o exantema que acomete aproximadamente 50% dos doentes. A hemorragia aparece em cerca de 5% a 8% dos doentes, sendo que hematêmese, epistaxes, melena e petéquias são as formas mais freqüentes. Ocasionalmente vem colapso circulatório e óbito. As maiores epidemias pelo vírus Chikungunya ocorreram na Ásia e na África, mas a doença também é encontrada em outras partes do mundo. (VERONESI et al, 2005). A epidemia mais recente teve início em 2005 e vem afetando algumas ilhas do Sudeste do Oceano Índico. Desde janeiro de 2006, foram notificados casos nas ilhas Reunião, Mayotte, Maurícias e Seicheles. A ilha Reunião tem sido a mais afetada, sendo, neste momento o local com o maior número de casos, estimando-se que, desde o início da epidemia, tenham ocorrido cerca de 157000 casos, dos quais cerca de 22000 na terceira semana de Fevereiro de 2006. (GEORGE,2008) Não existe nenhum tratamento específico para a doença, assim como no dengue. Essa doença deve ser observada em relação a possíveis ataques (como arma biológica) ao Brasil, pois exércitos de outras nacionalidades possuem a vacina e o vírus, já o Brasil não possui a vacina e possui o mosquito transmissor da doença. 6 DISCUSSÃO Todas as vacinas podem ser usadas tanto em tempo de paz como em tempo de guerra, depende da indicação epidemiológica do momento. As vacinas classificadas para uso em tempo de paz foram aquelas que possuíam as seguintes variáveis: a doença é epidêmica em nosso país, a doença é epidêmica também em outras localidades do mundo (para serem usadas em missões internacionais), a eficácia da vacina e a morbidade e a mortalidade da doença. Essas variáveis se justificam pelas constantes movimentações territoriais inerentes à carreira militar. As vacinas contra a febre tifóide, a hepatite A e o cólera também possuem as variáveis para serem aplicadas em tempo de paz e também se enquadram nas vacinas que não são de uso rotineiro, mas seriam importantes para o militar brasileiro. Além disso, as vacinas que não são recomendadas para uso rotineiro (incluindo as três citadas anteriormente) podem ser usadas para o controle de epidemias emergentes. Todas as vacinas relacionadas para uso em tempo de paz podem ser utilizadas em campanha, quando o país para o qual a tropa for ser deslocada, possuir a variável de epidemiologia da doença para a qual a vacina for eficaz. Na situação de campanha, o militar não se encontrará em condições adequadas de higiene e saneamento básico, estando suscetível a infecções decorrentes do consumo de água e alimentos contaminados por agentes patógenos. Portanto, foi utilizada a variável de doenças de infecção por via oral-fecal para relacionar vacinas contra essas doenças. A vacinação contra esses agentes consegue a prevenção da saúde desses militares em tempo de guerra. Deve-se ainda ressaltar que o próprio inimigo pode contaminar as águas dos rios que chegam aos acampamentos com esses agentes com o intuito de ocasionar epidemias. Para vacinas em tempo de guerra também foi utilizada a variável: possibilidade do agente causador da doença ser utilizado como arma biológica pelo inimigo. Em relação às vacinas ainda na fase de pesquisa, foi dada prioridade às pesquisas realizadas no Brasil. 7 CONCLUSÃO Existe hoje, no mundo, uma preocupação em se aplicar cada vez mais a medicina preventiva, com a finalidade de diminuir os riscos de óbitos por doença, e de incapacitação temporária ou definitiva para o desempenho da função ao que se exerce. Além disso, sabe-se que a medicina preventiva economiza dinheiro por evitar tratamentos caros, empregando ações de promoção e prevenção de saúde mais baratos. A aplicação de vacinas para se evitar as doenças imunopreveníveis é uma medida de medicina preventiva altamente eficaz. Durante a guerra, apesar de todo o apoio logístico, existem algumas limitações no atendimento ao militar combatente devido: a uma quantidade restrita dos insumos a serem utilizados em seu tratamento, a inexistência de diversas especialidades médicas no local do atendimento, um elevado número de doentes decorrentes de baixas por traumas, queimaduras, perfurações por armas de fogo ou armas brancas e muitas vezes a dificuldade no transporte e evacuação do doente do local de combate até o atendimento de terceiro e quarto escalões. Sabe-se também, por estatísticas, algumas demonstradas na monografia, que a maioria dos óbitos em tempo de guerra advém de doenças infecciosas e não de ferimentos adquiridos em combate. Ao analisar esses fatores se percebe a necessidade de evitar ao máximo as doenças que possam ser imunopreveníveis com a finalidade de manter o militar saudável para o combate, deixar de sobrecarregar as equipes de saúde que somente irão se ocupar com os atendimentos decorrentes do combate, economizar os insumos médicos e facilitar a dinâmica da guerra. Além do que, quanto mais se gasta em tratamento médico, maior será o custeio da guerra para a nação. Economizar dinheiro, dentro do possível, nos períodos de guerra é importante para a compra de novos armamentos e equipamentos, compra de alimentos e importante para a reconstrução das cidades e da própria economia daquela nação após o período de guerra. Em tempos de paz, a vacinação proporciona a prevenção e a promoção de saúde para o militar que está sujeito a constantes injúrias a sua saúde, quer seja em atividades de treinamento em campo, quer seja nas suas movimentações inerentes à carreira militar. Um militar que adoece em tempos de paz também onera o exército, pois ele irá deixar de exercer suas atividades por um período de tempo, algumas vezes poderão ser reformados e também poderão necessitar de atendimento custeado pelo sistema FUSEX. Portanto, a medicina preventiva é o que se tem de mais novo em discussão na área de saúde no mundo hoje, e isso é bem empregado ao exército por motivos já explicados. O Exército Brasileiro ainda não possui pesquisas na área de vacinas, ao contrário de outros exércitos de outras nações (exemplo: Estados Unidos, Rússia), que possuem seus próprios centros de pesquisas na área de vacinas e armas biológicas, já citadas anteriormente. O Exército Brasileiro poderia investir mais em pesquisas de vacinas pela importância destas. Estas pesquisas poderiam ser realizadas no IBEx (Instituto de Biologia do Exército) ou em parceria com institutos públicos civis já renomados como: Instituto Oswaldo Cruz- FIOCRUZ, Instituto Butantan. Além disso, poderia ser criado um manual mais aprofundado com as recomendações de vacinas a militares do exército brasileiro, hoje possuímos somente uma Portaria n0 69 do DGP (Diretoria Geral de Pessoal). No manual poderia constar: as indicações de aplicação de vacinas e imunobiológicos, sinais e sintomas das doenças imunopreveníveis, principalmente as de uso como armas biológicas e os tratamentos. O manual seria usado como um livro de bolso pelos militares do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro. REFERÊNCIAS APROVA as normas técnicas de vacinação e a utilização de imunobiológicos no Exército Brasileiro. Portaria nº 69 – DGP. 17 abr. 2003. Disponível em: www.dgp.eb.mil.br/normas/Port069-03.htm . Acesso em: 19 de maio de 2008. ARMAS químicas. Portal São Francisco. Disponível em: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/armas-biologicas/armas-quimicas-5.php . Acesso em: 5 de agosto de 2008. ARMAS químicas e biológicas: vacina para o antraz. Fundação Nacional de Saúde. 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