EXTRAÇÃO DE PLASMÍDIOS RECOMBINANTES CONTENDO OS GENES DE VirB9 e VirB10 DE Anaplasma marginale e IMUNIZAÇÃO DE BOVINOS COM PLASMÍDIOS RECOMBINANTES (VACINA DE DNA) Amanda Fonseca Zangirolamo (CNPq/balcão UEL), Aline Girotto (Doutorado/Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da UEL), Adriana Letícia Côelho (Mestrado/Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da UEL), Marilda Carlos Vidotto (co-orientadora), Odilon Vidotto (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Medicina Veterinária Preventiva/Centro de Ciências Agrárias– Londrina – PR Palavras-chave: Anaplasma marginale, vacina de DNA, bovinos. Resumo: A anaplasmose é uma doença hemolítica de bovinos, causada pelo Anaplasma marginale (Família Anaplasmataceae). Uma vacina de DNA com um pool de plasmídios (pcDNA3.1/MSP1a, MSP1b, MSP5, VirB9 e VirB10) foi avaliada em bezerros. GI: 4 animais receberam a vacina de DNA; GII: 3 animais - controle do vetor de DNA, e GIII: 4 animais - controle negativo. Os animais do GI receberam, via IM, três doses de 8,0 mL da vacina DNA, com intervalo de 21 dias. Nas mesmas condições, os animais do GII e GIII foram inoculados com o vetor de pcDNA3 e PBS. O desafio foi 30 dias após a última dose da vacina, com 2 mL com 107 eritrócitos infectados com a cepa PR-1 A. marginale. Os animais do GI apresentaram resposta de IgG total e IgG2, 42 dias após a primeira dose da vacina e os animais dos grupos controles não mostraram resposta humoral até o dia do desafio. Os parâmetros clínicos e parasitológicos dos animais imunizados com a vacina de DNA e dos grupos controles não apresentaram variações clínicas significativas e a parasitemia permaneceu abaixo dos níveis detectáveis em esfregaços de sangue corados pele panótipo. Embora tenha havido boa resposta de anticorpos não foi possível concluir se houve proteção. Introdução Anaplasma marginale (THEILER, 1910) da Ordem Rickettsiales, Família Anaplasmataceae, é o agente etiológico da anaplasmose dos bovinos, doença de caráter febril e hemolítico que causa elevados prejuízos à pecuária bovina mundial (RICHEY; PALMER, 1990). A imunização baseada Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. em DNA iniciou uma nova era da pesquisa em vacinas e esta tecnologia envolve a transferência de gene de interesse, codificando uma proteína antigênica, para as células musculares do hospedeiro, e indução da resposta imune. Diferentes vetores que expressam genes de mamíferos têm sido desenvolvidos, mas os plasmídios recombinantes, DNA plasmidial codificando genes de interesse, são os mais freqüentemente usados, já que não apresentam o inconveniente das vacinas clássicas, uma vez, que as principais vantagens da vacina de DNA são: eliminação dos riscos associados com o uso de organismos atenuados, menores custos comparáveis ao custo de expressão e purificação de proteínas recombinantes e não tem requerimentos especiais de estocagem por ser estável. Estudos imunológicos têm mostrado a participação de células TCD4, interferon gama (INF-ϒ) e IgG2 na proteção contra A. marginale em bovinos imunizados (GALE et al., 1996; BROWN et al., 1998a, b). Materiais e métodos Extração, purificação e quantificação de plasmídio Após a etapa de clonagem dos genes responsáveis pelas proteínas VirB9 e VirB10 de A. marginale, os plasmídios recombinantes pcDNA3.1/VirB9 e pcDNA3.1/VirB10 foram extraídos a partir da cultura das bactérias E. coli TOPO contendo os plasmídios, por lise alcalina segundo a técnica descrita por BIRNBOIN; DOLLY (1979). A produção destes plasmídios em grande escala foi realizada para o preparo da vacina de DNA, utilizando-se o kit comercial Qiagen Plasmid Giga kit (Qiagen), seguindo as instruções do fabricante. Os plasmídios purificados foram visualizados em gel de agarose 1% contendo uma solução de brometo de etídio a 25 µg/ml, e fotografados com lâmpada UV. Para determinação da massa molecular dos plasmídios foi utilizado o padrão lambda HindIII (Promega, Madison, WI), e posteriormente os plasmídios foram submetidos a quantificação de DNA pela espectrometria em comprimento de onda de 260 nm. A vacina de DNA foi preparada com um pool de plasmídios (pcDNA3.1/ MSP1a, pcDNA3.1/MSP1b, pcDNA3.1/MSP5, pcDNA3.1/VirB9 e pcDNA3.1/ VirB10) na concentração de 1mg/ml foram armazenados em tampão Tris – EDTA (TE) (10 mM Tris-HCl, 1 mM EDTA pH 8,0) a – 70 oC., os quais serão utilizados na imunização dos bezerros livres de A. marginale. Imunização de bovinos com vacina de DNA Foram utilizados 11 bezerros machos, com idade entre 6 e 8 meses, da raça holandesa, provenientes de cidade de Castro-PR, comprovadamente livres da infecção por A. Marginale através da PCR e ELISA. Os animais foram distribuídos aleatoriamente entre os seguintes grupos: GI: 4 animais receberam vacina de DNA; GII: 3 animais para o controle do vetor de DNA, e GIII: 4 animais para o controle negativo. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Cada animal do GI recebeu, via intramuscular (IM), três doses de 8,0 mL da vacina DNA contendo o pool de plasmídios recombinantes, com intervalo de 21 dias. Nas mesmas condições, os animais do GII e GIII foram inoculados com o vetor de DNA e PBS, respectivamente. Todos os animais dos três grupos foram desafiados 30 dias após a última dose da vacina, por via IM, com 2 mL contendo 4x107 eritrócitos infectados da cepa PR-1 A. marginale, isolada de um bezerro com anaplasmose clínica (Kano et al., 2002) e multiplicada em bezerros esplenectomizados um mês antes da inoculação. Resultados e Discussão Os animais que receberam a vacina de DNA (GI) apresentaram resposta humoral de IgG total e IgG2, pelo teste de ELISA, 42 dias após a primeira dose da vacina. Enquanto que os animais dos dois grupos controles não apresentaram resposta humoral significativa até o dia do desafio. Vinte dias após o desafio a resposta de anticorpos contra A. marginale apresentada por esses dois grupos foi semelhante à do grupo vacinado. Os parâmetros clínicos e parasitológicos dos animais imunizados com a vacina de DNA e os grupos controles não apresentaram variações clínicas significativas e a parasitemia permaneceu abaixo dos níveis detectáveis em esfregaços de sangue corados pele panótipo. Conclusões Pelos resultados obtidos podemos afirmar que a vacina de DNA contra A. marginale estimulou a resposta imune específica dos bezerros vacinados, porém não mostrou proteção, uma vez que não ocorreram diferenças nos parâmetros clínicos e parasitológicos entre os grupos de bezerros vacinados e controles. Agradecimentos Ao CNPq, CAPES, Fundação Araucária, PROPPG e Programa de Pósgraduação em Ciência Animal da UEL, pelo apoio financeiro, bolsas de IC, Mestrado, Doutorado e Produtividade em Pesquisa. Referências BROWN, W. C.; SAHKAP, V.; ZHU, D.; McGUIRE, T. C.; TUO, W.; McELWAIN, T. F.; PALMER, G. H. CD4+ T Lymphocyte and IgG2 responses in calves immunized with Anaplasma marginale outer membranes and protected against homologous challenge. Infection and Immunity, v. 66, p. 5406-5413, 1998a. BROWN, W. C.; ZHU, D.; SHKAP, V.; McGUIRE, T. C.; BLOUIN, E. F.; KOCAN, K. M.; PALMER, G. H. The repertoire of Anaplasma marginale antigens recognized by CD$+ T Lymphocyte clones from protectively Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. immunized cattle is diverse and includes major surface protein 2 (MSP-2) and MSP-3. Infection and Immunity, v. 66, p. 5414-5422. 1998b. GALE, K.R., GARTSIDE M., DIMMOCK C.M., ZACKREWSKI, H., LEATCH, G. Peripheral blood lymphocyte proliferative responses in cattle infected with or vaccinated against Anaplasma marginale. Parasitology Research. 82:551562, 1996. PALMER, G.H., OBERLE, S.M., BARBET, A.F., GOFF, W.L., DAVIS, W.C., MCGUIRE, T.C., 1988. Immunization of cattle with a 36-kilodalton surface protein induces protection against homologous and heterologous Anaplasma marginale challenge. Infection and Immunity, 56:1526-1531. RICHEY, E. J.; PALMER, G. H. Bovine Anaplasmosis. Continuing Education Article 10, v.12, n. 11, p. 1661-1668, 1990. THEILER, A. Anaplasma marginale (Genus nov. et. Species nov.) um noveau protozoaire du betail. Bulletin de la Societe de Pathologie Exotique, v.3, p.135-137, 1910. TEBELE, N. AND PALMER, G.H. Cross protective immunity between the Florida and a Zimbabwe stock of Anaplasma marginale. Tropical Animal Health and Production, 23:197-202, 1991. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.