FUNDAÇÃO UNIMED PÓS GRADUAÇÃO – GESTÃO DE NEGÓCIOS EM SAÚDE IMPACTO DA ADOÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NA UNIMED VOLTA REDONDA Andréia Aparecida Parente de Resende Cristiane da Silva Gomes Orientador Professor: Walden Carvalho Volta Redonda/RJ 2012 2 Andréia Aparecida Parente de Resende Cristiane da Silva Gomes IMPACTO DA ADOÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NA UNIMED VOLTA REDONDA Monografia apresentada ao curso de Pós Graduação em Gestão de Negócios em Saúde, da Fundação Unimed, como requisito parcial para obtenção do título de especialista. Orientador: Prof. Walden Carvalho. Volta Redonda/RJ 2012 3 Resumo O presente trabalho tem como objetivo destacar a importância das boas práticas de Governança Corporativa não só dentro das organizações, como também das Cooperativas de saúde. Para isso, faz-se importante mostrar todo o trabalho já desenvolvido pela Unimed Volta Redonda em relação ao seu comprometimento com tais práticas, oportunizando um melhor desempenho organizacional diante de um cenário tão competitivo, como o da área de planos de saúde. Um fator relevante que pode contribuir para a melhoria das boas práticas de Governança Cooperativa, que neste caso está mais representativo na Unimed Volta Redonda, seria a construção de um Portal de Governança, propiciando uma maior transparência na divulgação e comunicação com seus cooperados, colaboradores e clientes. Palavras-chave: Governança Corporativa – Unimed Volta Redonda – desempenho organizacional – Governança Cooperativa – transparência. Abstract This paper aims to highlight the importance of good corporate governance practices not only within organizations as well as in Health cooperatives. Thus, it becomes important to present the whole work already developed by Unimed Volta Redonda regarding its commitment to such practices, providing opportunities for a better organizational performance in such a competitive scenario as the health plan sector is. A relevant factor which may contribute for the improvement of good corporate governance practices, which in this case is more related to Unimed Volta Redonda, would be the construction of a Governance Web Portal providing greater transparency while informing and communicating with cooperative members, collaborators and clients. Key words: Corporate Governance – Unimed Volta Redonda – organizational performance - Corporate Governance – transparency. 4 SUMÁRIO PARTE 1- IMPORTÂNCIA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA UTILIZAÇÃO DA BOA PRÁTICA DA 1 – Introdução.........................................................................................................................6 2 – Conceitos e definições......................................................................................................8 2.1 – Governança Corporativa................................................................................................8 2.2 – Governança Cooperativa.............................................................................................11 3 – Governança Corporativa no Brasil.................................................................................15 4 – Governança Corporativa em Cooperativa de Saúde no Brasil.......................................17 5 – Impactos da adoção da Governança Cooperativa na Unimed Volta Redonda...............19 5.1 – Planejamento Estratégico............................................................................................21 5.2 – Estatuto Social e Regimento Interno...........................................................................22 5.3 – Práticas de Governança de TI......................................................................................24 5.4 – Responsabilidade Social e Relações Humanas...........................................................26 5.5 – Publicação do Balanço Patrimonial e Balanço Social ................................................30 5.6 – Fale conosco – “Ouvidoria”........................................................................................31 PARTE 2 – INCLUSÃO DA GOVERNANÇA APLICADA NO PORTAL UNIMED VOLTA REDONDA 6 – A necessidade do desenvolvimento de um espaço de Governança Corporativa no Portal Unimed Volta Redonda........................................................................................................33 6.1 - Definição de Portal de Governança.............................................................................35 6.2 - Alinhamento do Portal com as Melhores Práticas de Governança Corporativa..........36 6.3 - Fases Recomendadas para a implementação do Portal................................................38 6.4 - Ações Recomendadas para Motivar o Público-Alvo...................................................39 Conclusão.............................................................................................................................41 Referências...........................................................................................................................42 5 PARTE 1 A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DA BOA PRÁTICA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA 6 Introdução Nos últimos anos a importância da utilização de boas práticas de governança corporativa no cenário das empresas que atuam na área da saúde vem ganhando maior destaque, pois o ambiente organizacional de empresas do ramo financeiro já está inserido nesse contexto há algum tempo. A governança corporativa está relacionada à gestão de uma organização, sua relação com os acionistas (shareholders) e demais partes interessadas (stakeholders): clientes, funcionários, fornecedores, comunidade, entre outros. Sua essência está baseada em mecanismos de solução para o conflito de agência, decorrente da assimetria informacional e conflito de interesses entre as partes envolvidas. A importância da governança não se concentra apenas em disciplinar e harmonizar as relações entre as diversas áreas de uma organização ou com partes externas, está presente também na criação do conselho de administração, no qual deve ser o órgão máximo da empresa, responsável pela definição dos objetivos e estratégias que serão implementadas pela administração executiva. A governança corporativa é um dos pilares do enfoque em sustentabilidade. Uma empresa com boa governança corporativa é responsável e transparente para com seus acionistas e outras partes interessadas tais como empregados, credores, clientes e a sociedade em geral, contribuindo de várias formas para o crescimento sustentável em longo prazo. Apesar do aprofundamento nos debates sobre governança e da crescente pressão para a adoção das boas práticas de Governança Corporativa, o Brasil ainda se caracteriza pela alta concentração do controle acionário, pela baixa efetividade dos conselhos de administração e pela alta sobreposição entre propriedade e gestão. O que demonstra vasto campo para o incentivo ao conhecimento, ações e divulgação dos preceitos da Governança Corporativa. 7 No ambiente das empresas privadas e também atualmente das cooperativas, as denominadas “boas práticas” de governança corporativa passaram a ser perseguidas, exigidas e vistas como uma forma de o investidor assegurar o tratamento adequado de seus interesses, principalmente quanto ao retorno do investimento. Como existem modelos organizacionais diferenciados em relação à distribuição do controle de capital, as pesquisas sobre governança têm se orientado para propor soluções para questões abrangentes, resultantes das integrações entre os grupos de influência sobre a organização – proprietários, gestores, conselhos – e da forma como o poder é compartilhado e as decisões são tomadas, inclusive quanto aos aspectos de prestação de contas, transparência, representatividade, direitos e equidade. Por isso, a importância de ajustar os interesses dos envolvidos, alinhando diferenças entre expectativas dos grupos de proprietários e orientando e acompanhando os gestores, é a razão principal das preocupações da governança nas organizações. Um sistema de governança bem desenvolvido torna as relações mais transparentes, reduzindo riscos diversos e melhorando a segurança de todas as organizações do sistema. 8 2. Conceitos e definições 2.1 - Governança Corporativa O termo governança corporativa foi criado no início dos anos 90 nos países desenvolvidos, mais especificamente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, para moldar e estabelecer as regras que regulamentam o relacionamento dentro de uma companhia, desde os interesses de acionistas controladores e acionistas minoritários até dos administradores. Governança Corporativa, de acordo com Antonio Carlos Vidigal1, é o que se pode chamar de uma tradução malfeita de uma expressão inglesa corporate governance. Segundo o professor: A origem vem do verbo latino gubernare, que quer dizer “governar”, ou “dirigir”, “guiar”. O significado, meio vago, é o sistema pelo qual os acionistas de uma empresa (corporation, em inglês) “governam”, ou seja, tomam conta de sua empresa. Desde sua criação, apareceram várias definições para explicar o surgimento do termo Governança Corporativa, como, apresenta-se na Tabela 1: Exemplos de Definições de Governança Corporativa Estudo Definição Todo o conjunto de meios jurídicos, culturais e arranjos institucionais que determina o que as empresas de capital aberto podem fazer, quem (1995) pode controlá-las, como seu controle é exercido, e como os riscos e retornos das atividades das quais são responsáveis são alocados. CVM Conjunto de práticas que tem por finalidade aperfeiçoar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como (2002) investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. Relacionamentos explícitos e implícitos entre a corporação e seus Fiss constituintes, tão quanto o relacionamento entre esses grupos de (2008) constituintes. OECD Envolve o conjunto de relacionamentos entre a gestão da companhia, seus acionistas e seus stakeholders. A Governança Corporativa também (2004) provê a estrutura por meio da qual os objetivos da firma são realizados, assim como determina as formas de atingir os objetivos e de monitorar seus resultados. Blair Nota. Legenda: Comissão de Valores Mobiliários [CVM]; Organization for Economic Co-operation and Development [OECD]. Fonte: Monografia: Institucionalismo Organizacional e Práticas de Governança Corporativa. RAC, Curitiba, Edição Especial 2010, art. 7, pp. 177. De modo geral, podem-se dividir os sistemas de Governança Corporativa no mundo em: 1 Consultor e Administrador de empresas e ex-professor de “Governança Corporativa” no mestrado do IBMEC-RJ. 9 - Outsider System (acionistas pulverizados e tipicamente fora do comando diário das operações da companhia); Ex: Estados Unidos e Reino Unido. - Insider System (grandes acionistas tipicamente no comando das operações diárias diretamente ou via pessoas de sua indicação); Ex: Europa Continental e Japão. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC – antes denominado IBCA (Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração), criado em 1995 pelo administrador de empresas Bengt Hallqvist e o professor e consultor João Bosco, apresentou a seguinte definição, bastante abrangente e estabelecendo seus principais objetivos: Governança Corporativa é o sistema que assegura aos sóciosproprietários o governo estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretoria executiva. A relação entre propriedade e gestão se dá através do conselho de administração, a auditoria independente e o conselho fiscal, instrumentos fundamentais para o exercício do controle. A boa Governança assegura aos sócios eqüidade, transparência, responsabilidade pelos resultados (accountability) e obediência às leis do país (compliance). No passado recente, nas empresas privadas e familiares, os acionistas eram gestores, confundindo em sua pessoa propriedade e gestão. Com a profissionalização, a privatização, a globalização e o afastamento das famílias, a Governança Corporativa colocou o Conselho entre a Propriedade e a Gestão. Todas as definições apresentadas anteriormente servem para caracterizar o que vem a ser “Governança Corporativa”, e de que maneira esses conceitos podem ser adaptados as realidades das organizações brasileiras. Assim, em resposta à crescente demanda por melhores padrões de governança nas empresas, já no ano de 2000, a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) instituiu o chamado Novo Mercado, bem como os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa. O Novo Mercado caracteriza-se por ser um segmento destinado à negociação de ações emitidas por empresas que se comprometem, de modo voluntário, com a adoção de boas práticas de Governança Corporativa adicionais às previstas na legislação. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), lançou em 1999, o Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, cujo principal objetivo é “indicar caminhos para todos os tipos de sociedade comercial, visando a aumentar seu valor, melhorar seu desempenho, facilitar o acesso ao capital a custos mais baixos e contribuir para sua sustentabilidade de longo prazo”. 10 Dessa forma, o código do IBGC está baseado em quatro princípios: Transparência – A transparência adequada resulta em um clima de confiança e não deve restringir-se apenas ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à criação de valor. Equidade - Caracteriza-se pelo tratamento justo de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders). Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis. Prestação de Contas (accountability) - Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões. Responsabilidade Corporativa - Os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando à sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. 11 2.2 - Governança Cooperativa A expressão “Governança Cooperativa” é relativamente nova no vocabulário do cooperativismo, e por se basear nos princípios da “Governança Corporativa”, tem-se mostrado um diferencial competitivo na gestão das cooperativas médicas. Sendo as cooperativas caracterizadas como sociedade de pessoas, e não de capital, têm na união de indivíduos pela adesão voluntária e livre, na gestão democrática, na participação econômica dos membros e na autonomia e independência princípios basilares de sua gestão. Devido às particularidades do setor e respeitando as singularidades de cada tipo de organização, o IBGC apresenta o conceito de Governança Cooperativa, como sendo: “Conjunto de mecanismos e controles, internos e externos, que permite aos cooperados definir e assegurar a execução dos objetivos da cooperativa, garantindo sua continuidade e os princípios cooperativistas.” De acordo com Roberto Rodrigues2, as cooperativas estão servindo de ponte entre o bem-estar coletivo e o mercado, buscando melhores práticas de governança e gestão. Como embaixador da ONU para as cooperativas, afirma Roberto Rodrigues: “O cooperativismo se firma como motor de igualdade social e inclusão econômica. Esse fato levou a ONU a promulgar 2012 o Ano Internacional das Cooperativas, reconhecendo o papel das cooperativas na promoção da paz. Cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo são integrantes de cooperativas de diferentes ramos como o de crédito, agricultura, saúde, entre outros, que geram mais de 100 milhões de empregos em 100 países.” Por isso, a importância da adoção das práticas de Governança Cooperativa, que segundo o IBGC, são: representatividade, participação, direção estratégica, gestão executiva e fiscalização (controle interno e externo). 2 Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex- ministro da Agricultura. 12 Diante desse contexto, dentro do universo das cooperativas, esses elementos citados podem contribuir para que se possam alinhar os sistemas de controle, monitoramento e incentivos para que as decisões dos gestores sejam realizadas no melhor interesse dos proprietários. Seguindo essa linha, é certo que participar exige informação, conhecimento e capacidade de decidir. O princípio da transparência define, nas práticas de governança, o interesse dos gestores em assegurar que os proprietários, no caso os associados, tenham pleno conhecimento das informações e dos resultados, de forma a melhorar sua opinião. Isso conduz à necessidade de serem incluídas recomendações para a criação de canais eficazes de informação e de recebimento de críticas e sugestões. A Unimed do Brasil, dentro do seu PDO (Plano de Desenvolvimento Organizacional), estabeleceu um modelo de Governança Cooperativa, contemplando: Quadro 1 13 Quadro 2 – Figura adaptada, apresentada no projeto do PDO, desenvolvido pela Deloitte Iouchelohmatsu, 2010. Os stakeholders foram definidos quando da implementação do PDO (Plano de Desenvolvimento Organizacional). Uma Cooperativa tem como Natureza Jurídica: Sociedade Simples personificada e é controlada pelos votos dos cooperados, que tem igual valor, independente do capital. A Unimed do Brasil, nos termos da Lei nº 10.406, de 10/01/02, rege-se: - Pela legislação especial das Sociedades Cooperativas (Lei nº 5.764, de 16/12/71); - Pelo Estatuto Social; - Pelas normas legais vigentes; - Pela Constituição do Sistema Cooperativo Unimed; e - Pelas demais normas integratórias pactuadas entre as Cooperativas do Sistema. 14 A estrutura de governança da Unimed do Brasil, utilizada para sua administração e controle é composta pelos seguintes órgãos: Quadro 3 Fonte: www.unimed.com.br A Governança Cooperativa é uma tendência do novo mundo que está mais voltado às questões humanitárias, resgatando no indivíduo e importância de estar inserido no contexto da pluralidade e da coletividade, como meio proporcionar mais qualidade de vida através de uma gestão participativa. 15 3 – Governança Corporativa no Brasil No Brasil, os conselheiros profissionais e independentes surgiram em resposta ao movimento pelas boas práticas de Governança Corporativa e à necessidade das empresas modernizarem sua alta gestão, visando tornarem-se mais atraentes para o mercado. O fenômeno foi acelerado pelos processos de globalização, privatização e desregulamentação da economia, que resultaram em um ambiente corporativo mais competitivo. Oligopólios, empresas exclusivamente de controle e gestão familiar com alta concentração do capital, acionistas minoritários passivos e conselhos de administração figurativos passaram a dar lugar a investidores institucionais mais ativos, maior dispersão do controle acionário, maior foco na eficiência econômica e transparência da gestão. Muitos elementos têm levado a mudanças nas empresas brasileiras, entre elas as privatizações e o impacto da globalização, que acabaram influenciando o início das primeiras experiências de controle compartilhado no Brasil, instituído por meio de acordo de acionistas. Nessas empresas, os investidores participantes do bloco de controle passaram a dividir o comando da empresa, estabelecendo contratualmente regras. Os investidores institucionais - seguradoras, fundos de pensão e fundos de investimentos, entre outros - assumiram uma postura ativa, passando a comparecer nas assembleias gerais, a exercer os direitos de voto de suas ações e a fiscalizar de modo mais próximo a gestão das companhias investidas. O começo da abertura e consequente modificação na estrutura societária das empresas também ocorreram no mercado financeiro, influenciadas pelo movimento internacional de fusões e aquisições e a necessidade de captação de financiamentos externos para suportar o crescimento. O surgimento do aumento de investimentos de estrangeiros no mercado de capitais reforçou a necessidade das empresas se adaptarem às exigências e padrões internacionais. O Consultor e Administrador de Empresas, Antonio Carlos Vidigal entende a questão da Governança Corporativa no Brasil, da seguinte maneira: “A meu ver, a resposta é: a questão básica da Governança Corporativa no Brasil é a preocupação com a melhoria da gestão. É como formar um bom Conselho e como utilizá-lo, juntamente com a Auditoria Externa, e 16 em cooperação com o principal executivo, no sentido de obter uma gestão o mais eficiente possível.” Em resumo, o modelo empresarial brasileiro ainda vive um processo de transição, onde um número cada vez maior de empresas se vêem obrigadas a adotarem as boas práticas de Governança Corporativa para tornarem-se mais competitivas tanto no mercado externo quanto interno. Como resultado da necessidade de adoção das boas práticas de Governança, foi publicado em 1999 o primeiro código sobre governança corporativa, elaborado pelo IBGC. O código trouxe inicialmente informações sobre o conselho de administração e sua conduta esperada. Em versões posteriores, os quatro princípios básicos da boa governança foram detalhados e aprofundados. Com o objetivo de estimular a disseminação das melhores práticas de Governança, entre 2005 e 2006, o IBGC desenvolveu premiações nas instâncias empresarial, acadêmica e imprensa. 17 4 – Governança Corporativa em Cooperativa de Saúde no Brasil A partir de estudos feitos recentemente por especialistas no estudo de Cooperativas, observam-se a importância cada vez maior de adaptações realizadas por empresas que atuam nesse segmento as boas práticas da Governança Corporativa. O consultor empresarial e presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo, Carlos Salles, é enfático ao frisar que: “... todas as empresas da área de saúde, da mesma forma que as do varejo, organizações que lidam com educação ou indústrias, precisam de uma Governança adequada: Não há por que diferenciar os serviços de saúde das demais cadeias produtivas.” Salles, ressalta a importância, dos bons exemplos da busca por boa gestão tomando por exemplo as UNIMEDs, pois como cooperativas médicas, por sua própria natureza sempre seguiram várias regras de Governança e que estão expressos na sua missão, visão, princípios e valores. Quadro 4 18 Por isso, os princípios da Governança Corporativa, como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa já estão atualmente sendo denominadas no mundo das cooperativas como as boas práticas da Governança Cooperativa. O que acaba aproximando os dois termos, através de condutas já praticadas há bastante tempo no setor das cooperativas no Brasil, a exemplo do Sistema UNIMED. Cabe reconhecer, por fim, que a melhoria das práticas de governança de uma cooperativa representa não apenas benefícios individuais, mas para todo o segmento cooperativista na área de saúde, por melhorar a segurança, reduzir custos de fiscalização e controle, melhorar a imagem e fortalecer o espírito cooperativista da participação, ação coletiva e de pertencimento. 19 5 – Governança Corporativa na Unimed Volta Redonda De acordo com o manual de Governança Cooperativa 2012 da Unimed do Brasil, pág. 10: Todas as empresas e entidades que adotam o conceito de “governança corporativa” ganham em troca o respeito dos seus colaboradores, o reconhecimento do mercado, e passam a ser respeitadas nas sociedades e comunidades onde estão inseridas. Todas as empresas e entidades, portanto, tem um compromisso em buscar e aprimorar constantemente esse conceito, assim como cada pessoa tem a oportunidade de evoluir enquanto ser humano no decorrer de sua vida. Diante desse cenário criado pela Unimed Brasil, as cooperativas do sitema também vem adotando já há algum tempo, importantes práticas de governança com o objetivo de aprimorarem o controle e a transparência dos resultados obtidos, sejam eles financeiros ou organizacionais. Sendo assim, em 22 anos de existência, a Unimed Volta Redonda tornou-se a maior organização de trabalho médico do Sul Fluminense. Oferece um atendimento de qualidade a mais de 55 mil clientes, aliando humanização e tecnologia e garantindo à Cooperativa 93% de satisfação dos clientes. Além disso, existem conquistas que garantem sua posição única no mercado. Uma delas, é o Selo de Responsabilidade Social conferido pela Unimed Brasil, por dez anos consecutivos (2003 a 2012) além do reconhecimento local no evento Mérito Lojista como Destaque Empresarial, com a inauguração do Hospital Unimed. Com 93% de satisfação entre os mais de 55 mil clientes, investe-se em empreendimentos próprios como o Centro de Vida Saudável, que está formado pela Sede Administrativa, Pró Vida com suas unidades de Promoção e Gerenciamento em Saúde e futura intalação para Atendimento Médico, Lojas de Conveniência com farmácia e um Hospital próprio com ampla área de convivência ao ar livre. E com uma estrutura formada por: • 404 médicos; • Mais de 750 empregos diretos; • Mais de 3,5 mil empregos indiretos; • Maior cooperativa de trabalho médico da região; 20 • Atualmente possuímos mais de 55 mil clientes; • Ampla rede credenciada com 05 Hospitais e 74 Clínicas e Laboratórios; • Rede Própria com: 01 Hospital próprio; 02 Postos de Coleta do Laboratório Unimed; 01 Centro de Diagnóstico por Imagem próprio; 01 Unidade de Atenção à Saúde - Pró Vida. Ao ser escolhida como uma das 50 maiores empresas de planos de saúde do país, segundo a pesquisa Valor 1000, do Jornal Valor Econômico; e uma das 150 Melhores Empresas para se trabalhar no Brasil, segundo as Revistas Você S/A e Exame; que a Unimed Volta Redonda vem se comprometendo com o passar dos anos com a implementação de boas práticas de Governança Corporativa em sua unidade. Para a Unimed Volta Redonda as características da boa governança são: 1. Participação 2. Estado de direito 3. Transparência 4. Responsabilidade 5. Orientação por consenso 6. Igualdade e inclusividade 7. Efetividade e eficiência 8. Prestação de conta Considerando todos esses elementos como fundamentais, a Unimed Volta Redonda entende a importância de manter e fortalecer em todos os momentos de sua trajetória o compromisso de trabalhar a Governança Corporativa como uma estratégia fundamental para alcançar o respeito e o reconhecimento de toda a comunidade. 21 5.1 – Planejamento Estratégico O Planejamento Estratégico do Sistema Unimed Volta Redonda está alinhado as questões relevantes quanto a importância da Governança Corporativa, pois a estrutura organizada para a sua prática está composta das seguintes estratégias: • A manutenção dos Conselhos de Administração, Fiscal e Técnico atuantes e efetivos, e que são eleitos pela maioria. • Auditoria Independente idônea e reconhecida pelo mercado. • Prestação de contas clara e constante através do balanço patrimonial publicado no Jornal Diário do Vale. • Disponibilidade das informações contábeis e financeiras para os cooperados. • Participação dos Cooperados através de Assembleias, Oficinas, Reuniões e outros eventos. • Decisões tomadas em consenso, avaliadas e aprovadas pelo Conselho de Administração. • Investimento constante na profissionalização dos gestores. • Desde 2003, passou a adotar total transparência do planejamento e suas diretrizes, envolvimento de Cooperados e Conselhos. • Planejamento Orçamentário desde 2003, com total controle de desembolsos e investimentos. • Prestação de contas para os Conselhos e nas Assembleias. • Parceria com a Fundação Dom Cabral para aprimoramento da gestão, com ações de monitoria e acompanhamento do planejamento e resultados. A Unimed Volta Redonda criou um sistema próprio para o acompanhamento das ações do Planejamento Estratégico da empresa que fica disponível no portal para o acompanhamento de todos. Todas essas estratégias se tornam muito valiosas, para que as boas práticas de Governança Corporativa se tornem realidade no dia-a-dia da organização e de seus colaboradores. 22 5.2 – Criação do Estatuto Social e Regimento Interno O sistema Unimed Volta Redonda desde a sua criação, em 1989, vem crescendo e se tornando referência em Plano de Saúde nesta cidade. No início, o estatuto que regia a cooperativa já trazia de forma bem clara a existência dos Órgãos Sociais, em seu capítulo V, que determinava a criação dos seguintes órgãos da Cooperativa: a Assembleia Geral, o Conselho de Administração, o Conselho Técnico e o Conselho Fiscal. Dessa forma, a Unimed Volta Redonda já se comprometia com a transparência e melhor controle da cooperativa desde sua criação. Cada um desses órgãos adotados podem ser descritos de acordo com sua importância, no que diz respeito aos princípios da Governança Corporativa. Tabela 2 - Definição geral de cada um dos órgãos sociais da Cooperativa: Assembleia Geral – Capítulo VI Art. 26 - A Assembleia Geral dos Cooperados, que poderá ser Ordinária ou Extraordinária, é o órgão supremo da Cooperativa, tendo poderes, dentro dos limites da Lei e deste Estatuto, para tomar toda e qualquer decisão de interesse social, e suas deliberações vinculam a todos, ainda que ausentes e discordantes. Conselho de Administração – Capítulo VII Art. 41 – A Unimed Volta Redonda será administrada por uma Diretoria Executiva, que deverá ser supervisionada por um Conselho de Administração. Conselho Técnico – Capítulo VIII Art. 51 – O Conselho Técnico será composto por 03(três) membros efetivos e três suplentes, quaisquer destes para substituir quaisquer daqueles, todos Cooperados, com mandato de 04(quatro) anos, eleitos juntamente com o Conselho de 23 Administração, sendo permitida a reeleição de apenas 02(dois) membros. Conselho Fiscal – Capítulo IX Art. 54 – O Conselho Fiscal será formado 03(três) membros efetivos e 03(três) suplentes, quaisquer destes para substituir quaisquer daqueles, todos Cooperados eleitos pela Assembleia Geral Ordinária, com mandato de 01(um) ano, sendo permitida apenas a reeleição de 1/3(um terço) dos seus componentes. Fonte: Estatuto Social e Regimento Interno – Unimed Volta Redonda. Edição 2009. Para a Unimed Volta Redonda, estabelecer esses critérios baseando-se nas boas práticas de Governança Corporativa tornou o seu negócio na área de Saúde muito mais atrativo para que entrem novos cooperados em seu sistema, e também mais fortalecida para manter os que já fazem parte da cooperativa. Isso traz um reconhecimento por parte dos cooperados, enquanto controle e administração eficiente, o que possibilita maior competitividade no mercado de planos de saúde. 24 5.3 - Práticas de Governança de TI Governança de TI é “um braço” da Governança Corporativa e a sua atuação está relacionada ao fato das informações financeiras das empresas estarem salvas em sistemas de informação, os gestores de negócio precisam ter garantias que as informações nestes sistemas são confiáveis. Para se ter uma idéia, após os escândalos de 2001, o congresso americano aprovou uma lei chamado Sarbanes-Oxley, mais conhecida como SOX, onde os executivos de empresas com ações na bolsa de Nova York são responsabilizados criminalmente por desvios nas demonstrações financeiras, podendo além de levar multa ser preso também. Mesmo que os executivos não tenham participação em fraudes das demonstrações financeiras, caso for detectado alguma fraude, eles são penalizados. A premissa mais importante da Governança de TI é o alinhamento entre as diretrizes e objetivos estratégicas da organização com as ações de TI. A definição do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Sr. João R. Peres, demonstra este conceito de forma abrangente, atribuindo os papéis e as responsabilidades conforme abaixo: “Governança de TI é um conjunto de práticas, padrões e relacionamentos estruturados, assumidos por executivos, gestores, técnicos e usuários de TI de uma organização, com a finalidade de garantir controles efetivos, ampliar os processos de segurança, minimizar os riscos, ampliar o desempenho, otimizar a aplicação de recursos, reduzir os custos, suportar as melhores decisões e conseqüentemente alinhar TI aos negócios.” Para garantir que os dados nos sistemas são fidedignos, a Governança de TI tem o papel de criar estes controles de forma que a TI trabalhe de uma maneira o mais transparente possível perante os stakeholders (executivos, conselho de administração, acionistas). O framework, ou guia de melhores práticas mais utilizado no mundo em se falando de Governança de TI, e também utilizado pelo Sistema Unimed Volta Redonda, é o COBIT, mantido pela ISACA, que está na sua versão 4.1. O COBIT sugere uma série de processos a serem seguidos, chamados de objetivos de controle como: gerenciamento de incidentes, problemas, segurança da informação, indicadores, auditoria externa entre outros objetivos para que se possa garantir o controle das informações que se encontram em sistemas de informação. Atualmente, o Sistema Unimed Volta Redonda utiliza o ITIL V3 nos processos de gestão de incidentes, onde desde sua implantação foi possível perceber um avanço com 25 relação a uma melhor análise das solicitações e melhor atendimento. Contudo, a gestão de problemas ajuda a identificar os problemas crônicos e assim dar uma solução mais eficiente em sua solução. Importante destacar um capítulo especial para se falar da Governança em TI, pois esta se mostra fundamental para mapeamento e integração de processos e sistemas utilizados na área de saúde. Não existe no mercado de prestação de serviços em saúde um sistema maduro que atenda de forma plena todas as complexas variáveis existentes no ramo da Saúde Suplementar. A Unimed Volta Redonda acaba de receber um novo título que corrobora com a sua busca pela governança cooperativa: a gestão de TI da Cooperativa está entre as 100 melhores do Brasil, de acordo com o levantamento feito pela Revista Computer World, edição 2012. O estudo tem o objetivo de valorizar a organização e os projetos em TI, considerando investimentos e atuação dos líderes da área e o prêmio destaca o novo perfil dos líderes de TI no Brasil, cada vez mais alinhados à estratégia e ao grupo de trabalho. 26 5.4 - Responsabilidade Social e Relações Humanas A Unimed Volta Redonda tem trabalhado as questões pertinentes a Responsabilidade Social com o objetivo de elaborar e apresentar um instrumento que forneça a nossa cooperativa uma possibilidade de avaliar a extensão de nossas práticas sociais, a partir de um conjunto de dimensões propostas. Nele, procuramos correlacionar aspectos da gestão integrada com enfoque na responsabilidade social, encarado aqui, como diferencial competitivo no acirrado ambiente de negócios e com o princípio da obtenção de melhoria contínua. Como exemplo de responsabilidade e comprometimento social, a Unimed Volta Redonda tornou-se signatária da Carta de Compromisso da Rio+20, assinando um documento que tem como objetivo reforçar os valores descritos no Pacto Global da ONU, cujo valores esses que a Cooperativa já integra desde 2009. Através da Carta, a Unimed Volta Redonda reafirma sua contribuição para o desenvolvimento de uma economia mais verde e inclusiva. Outro fator importante a ser destacado em relação a Responsabilidade Social, é o fato do Sistema Unimed Volta Redonda ter recebido o seu 10º Selo de Certificação de Responsabilidade Social, sendo que o referido Selo está em sua 10ª Edição e é entregue pela Unimed do Brasil aos Sistemas que se destacam devido ao trabalho realizado. O título é um reconhecimento ao trabalho realizado pela Cooperativa na implementação da Responsabilidade Social como ferramenta de gestão, no fortalecimento dos princípios do Cooperativismo e na construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Em relação a área das relações humanas a Unimed Volta Redonda também direciona seus esforços em vários projetos que serão apresentados a seguir: Inimigos do Dodói Cinco anos distribuindo alegria e boas risadas a crianças hospitalizadas de nossa cidade. Faça chuva ou faça sol, dois colaboradores se vestem de palhaço, transformam-se em Dr. Tourão e Dr. Batatinha e visitam crianças hospitalizadas em Instituições da região. O projeto tem como principal objetivo ajudar na recuperação 27 da saúde emocional das crianças, através do amor, do humor e da alegria. São "visitas médicas" semanais que promovem a diversão com jogos, brinquedos e fantoches. Até hoje, os "doutores" visitaram mais de 3.000 crianças nos hospitais da cidade. Grupo de Voluntários O grupo de voluntários tem a intenção de incentivar a doação de talento e o desenvolvimento da comunidade. O grupo se reúne para arrecadar fundos e descobrir novos voluntários. A Unimed Volta Redonda, além de incentivar as ações de voluntariado, apoia, investe e oferece capacitação para os coordenadores do grupo. Temos em nossa cooperativa cerca de 60 colaboradores voluntários. Dentre eles, 25 formam o Grupo de Voluntários - que capta recursos financeiros e talentos para as entidades filantrópicas da nossa cidade. Projeto Hora Certa Iniciativa que visa suprir a necessidade das escolas quanto à abordagem específica/técnica de assuntos relacionados à sexualidade. Ele está amparado por três pilares que atuam de forma conjunta: pais, professores e alunos, e suas respectivas posturas responsáveis. O projeto acontece em parceia com a Secretaria Municipal de Educação. Atuando em 6 escolas da rede municipal. Profissionais do Futuro O projeto oferece atividades de aprendizado técnico, social e cultural através da participação nas rotinas da empresas. São contemplados alunos destaques do ensino médio da rede pública de Volta Redonda. Ao final das atividades, que tem duração de cinco meses, cria-se um banco de dados que fica a disposição dos médicos cooperados com os currículos e referência dos alunos. Os estudantes que apresentam boas notas e que são pró-ativos durante esse período de treinamento também têm chance de conquistar uma vaga de emprego na Unimed Volta Redonda. Desde 2006, cinco estagiários acabaram se tornando colaboradores. Coral Cantar para melhorar o próprio equilíbrio emocional e estimular a recuperação da saúde de outras pessoas. Esse é maior objetivo do projeto coral: levar a magia do 28 canto aos pacientes de hospitais da cidade. É uma doação de carinho, arte e saúde. Nos últimos dois anos, mais de 900 pacientes já foram visitados. Pessoas da comunidade e colaboradores da Unimed Volta Redonda compõem o coral. Por isso, ele está baseado em temas como Valores, Transparência e Governança, Público Interno, Meio Ambiente, Fornecedores, Comunidade e Governo e Sociedade. O Selo está em sua 10ª edição e desde o primeiro ano a Unimed Volta Redonda mantém a sua certificação. Neste ano de 2012, a Cooperativa aumentou sua pontuação em relação ao ano passado. Outra importante iniciativa dentro dessa temática foi promover o plantio de mudas nativas do Palmito Juçara na área de sua sede administrativa, no Jardim Belvedere, em parceria com o Instituto Educa Mata Atlântica. As duas instituições querem fazer mais. Em uma ação promovida nas redes sociais, a Unimed Volta Redonda e o Instituto Educa Mata Atlântica pretendem plantar outras duas mil mudas de espécies nativas na comunidade. Para isso, bastou curtir os posts da Semana do Meio Ambiente na página da Unimed Volta Redonda. A data do plantio será divulgada posteriormente. O local será na Reserva da Cicuta, às margens do Rio Brandão. Todos esses exemplos mostram o quanto envolvido se encontra a Unimed Volta Redonda com questões que ultrapassam as relações internas da organização e vão até a comunidade da cidade em que está sediada. O que causa impacto na qualidade de vida não só de seus clientes, como também de toda a população que vive em Volta Redonda e depende das boas práticas utilizadas pelas empresas que estão dispostas a se responsabilizarem pela construção de uma sociedade melhor. A Superintendência de Desenvolvimento Humano empenha-se em propiciar um ambiente onde haja o desenvolvimento das melhores práticas de gestão e governança cooperativa para a organização, buscando sempre tirar o máximo de rendimento dos colaboradores, valorizando as qualidades e habilidades de cada um para a área que se identifica, ou seja, usar a ferramenta certa para cada operação, e com isso atender os requisitos básicos de uma gestão responsável focando o desenvolvimento de pessoas. 29 Dentre as práticas de Governança de RH desenvolvidas pela Unimed Volta Redonda podemos citar: Programa de formação de lideranças através de cursos de aperfeiçoamento e pósgraduação ministrados pela Fundação Dom Cabral e Fundação Unimed; Auxilio Educação para graduação aos funcionários da Cooperativa; Programa de Coaching para as lideranças. 30 5.5 – Publicação do Balanço Patrimonial e Balanço Social Várias empresas na atualidade tem adotado a prática de publicação do Balanço Patrimonial, pois entendem que se trata de uma forma transparente de divulgar informações importantes para seus acionistas, colaboradores e comunidade. A Unimed Volta Redonda publica anualmente seus Balanços Patrimonial e Social no Jornal Diário do Vale (jornal de circulação da Cidade). Com a criação do espaço “Governança Cooperativa” estas demonstrações também passarão a ficar disponíveis em tempo integral no site da Unimed Volta Redonda. 31 5.6 – Fale conosco – “Ouvidoria” Segundo Ana Lúcia Tateshita e Fábio Lopes, no artigo: Quais os benefícios da criação de uma Ouvidoria? Guia de Ouvidorias – Brasil (08/11/2011): (...) Uma Ouvidoria é única em sua representação, mesmo que atuando em modelos de gestão públicos e privados: seu papel é o de representar a voz do cidadão dentro da organização e propor melhorias contínuas capazes de satisfazer aspectos legais, como os previstos no Código de Defesa do Consumidor ou de gestão, mobilizando ações que resultam em resultados positivos nos controles internos. Sendo assim, a ouvidoria aparece como uma forma de re-estabelecer o equilíbrio das relações, darem o direcionamento as manifestações do cliente quando nas instituições os demais canais de acesso já foram esgotados. A partir do momento que o canal da Ouvidoria é devidamente implantado, pode se transformar em um eficiente elo estratégico para possibilitar a transformação dentro de uma cooperativa como a Unimed Volta Redonda. O fato de receber diretamente do cliente as manifestações em relação as mais variadas questões, desde reclamações, sugestões e elogios pode fazer desta comunicação uma arma eficiente na resolução de questões importantes envolvendo processos e mudanças na cultura organizacional, e também a manutenção do que está dando certo. O retorno ao cliente não atendido pelos demais canais de relacionamento da organização, de uma resolução definitiva, acaba agregando valor na capacidade de entender as suas reais necessidades, possibilitando uma melhoria contínua de processos, levando a otimização de seus serviços, capazes de realizar diferenciais competitivos e manutenção de sua marca em relação à concorrência. A criação de um espaço Fale conosco – “Ouvidoria” no site da Unimed Volta Redonda demonstra a intenção de vivenciar a Governança Corporativa através de um relacionamento próximo com o cliente, possibilitando a transparência no dia-a-dia destes que estão presentes no Hospital, Pró-vida, Centro de Diagnóstico por Imagem, Laboratório, Unidade 33 e também sendo atendidos pelos médicos em seus consultórios. 32 PARTE 2 INCLUSÃO DA GOVERNANÇA APLICADA NO PORTAL UNIMED VOLTA REDONDA 33 6 – A necessidade do desenvolvimento de um espaço de Governança Corporativa no Portal Unimed Volta Redonda As empresas estão em permanentes e constantes transformações, exigindo para sua sobrevivência e permanência que seus colaboradores e líderes percebam essa realidade mutável com consciência de que é preciso acompanhar as tendências mundiais relacionadas à transparência, no que diz respeito a divulgação de informações. De acordo com as diretrizes estabelecidas pelo manual de Governança Corporativa do Sistema Unimed Brasil, elaborado neste ano de 2012, é de grande importância esclarecer as demais cooperativas sobre o significado desse termo que vem sendo utilizado por empresas do mundo todo. Seria de grande importância estabelecer nesse espaço no Portal Unimed, a estrutura das diretrizes que estariam divididas em quatro seções, e que buscariam evidenciar grupos de questões da governança consideradas essenciais para a cooperativa. Portanto, as seções tratariam dos seguintes assuntos: 1) Representatividade e participação; 2) Direção estratégica; 3) Gestão estratégica; 4) Fiscalização e controle; 5) Ouvidoria. Sendo assim, a primeira seção focaria na questão das assembleias, o processo eleitoral, os canais de comunicação e informação e a formação cooperativista. As seções dois e três buscariam enfatizar a necessidade de separação entre as funções estratégicas e as funções executivas, evidenciando em cada uma delas as principais atribuições e responsabilidades dos administradores, bem como a publicação dos Balanços Patrimonial e Social da Cooperativa. A seção quatro trataria de diferentes atores que também atuam, além do Conselho de Administração, como instrumentos de fiscalização e controle (associados, auditorias, conselho fiscal e organização sistêmica), evidenciando sua importância e os mecanismos utilizados por cada um deles. 34 A seção cinco representaria a assistência aos cooperados e clientes da Unimed Volta Redonda, recebendo elogios, reclamações e sugestões sobre os serviços oferecidos por todas as dependências do Hospital e Pró Vida. 35 6.1 - Definição de Portal de Governança De acordo com o Guia de Orientação para Implementação de Portal de Governança, produzido em 2007 por um grupo de profissionais apoiados pelo IBGC, definem-no da seguinte maneira: “O Portal de Governança Corporativa é uma ferramenta interativa que atende às boas práticas de governança corporativa e que pode ser acessada de qualquer local, dentro ou fora da organização, para facilitar a consulta dos conselheiros de administração, demais administradores e conselheiros fiscais às informações necessárias para o desempenho de suas responsabilidades legais e estatutárias da melhor forma possível.” O Portal acaba proporcionando também uma maior interação entre seu público por meio da troca de ideias e informações, exemplificado pelas notícias de jornais, comunicados institucionais, informes financeiros, entre outros. O Portal pode ser destinado a uma organização ou a um grupo empresarial. No caso do Sistema Unimed Volta Redonda, seria muito importante a implantação do Portal de Governança Corporativa, pois facilitaria a aquisição de informações tanto para os cooperados quanto para seus clientes. Oportunizando maior transparência nas informações a serem divulgadas por vários setores da organização. 36 6.2- Alinhamento do Portal com as Melhores Práticas de Governança Corporativa Em consonância com os princípios básicos do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, o Portal irá se transformar em uma ferramenta apropriada para a organização disponibilizar para seu público-alvo, sem privilégios, informações sobre os aspectos tangíveis e intangíveis. As informações podem ser econômico-financeiras, legais e sobre novos projetos e investimentos relevantes, aquisição, fusão ou incorporação e também tratar de questões de ordem socioambiental na definição dos negócios e operações. Para viabilizar o acesso às informações em tempo adequado à tomada de decisão, muitas organizações têm utilizado portais confidenciais estruturados na Web com o objetivo de incrementar e facilitar a comunicação e a troca de informações entre os membros da alta administração. A partir dessa visão, o Portal poderá contribuir para que seu público-alvo conduza os negócios da organização visando sua sustentabilidade. No Brasil, ainda são poucas as empresas que utilizam esta ferramenta de gestão, mas mesmo diante desse fato, o IBGC conseguiu constatar características em comum, possibilitando estabelecer padrões fundamentais a serem seguidos: 1º - Segurança: criptografia e autenticação, visando proteger informação sensível de acesso indevido; 2º - Gerenciamento de conteúdo: armazenamento, localização e recuperação de informações; 3º - Acesso remoto: acesso via internet às informações em tempo real; 4º - Notificação de atualizações: garantia de acesso à versão mais atualizada dos documentos aos gestores; 5º - Viabilizar consenso virtual: troca de informações (consultas, debates, etc.) antes das reuniões; 6º - Agenda centralizada de eventos: possibilidade de os usuários serem notificados, consultarem compromissos, verificarem a agenda e acessarem documentos de suporte. 37 A partir dessas informações é possível criar um Portal de Governança Corporativa com maior credibilidade para os usuários, facilitando a coleta de dados atualizados sempre que for necessário. 38 6.3 - Fases Recomendadas para a implementação do Portal A sequência de implementação do Portal de Governança depende da estratégia escolhida: licenciar produto disponível no mercado ou desenvolver solução própria. Caso a opção seja por licenciar algum produto disponível no mercado internacional, não há necessidade de estabelecer uma sequencia de implementação detalhada. É necessário adquirir a licença e cuidar para que sejam feitas as adequações necessárias. Importante salientar que os produtos importados são desenvolvidos a partir das melhores práticas em vigor nos respectivos países de origem, porém, nem sempre correspondem às situações especificas das organizações brasileiras. Caso a escolha recaia por desenvolver solução própria, recomenda-se a adoção da seguinte sequência de implementação: a) Levantamento de requisitos; b) Elaboração de protótipo da macroestrutura e navegação; c) Elaboração de protótipo da linha visual e das páginas Web; d) Especificação funcional e técnica; e) Codificação e testes; f ) Treinamento; g) Carga de conteúdo e homologação. A Unimed Volta Redonda possui equipe qualificada para desenvolvimento de um espaço de Governança Cooperativa no Portal, sendo necessário o redimensionamento de um analista de TI para o desenvolvimento deste espaço. 39 6.4 - Ações Recomendadas para Motivar o Público-Alvo A fim de garantir que o projeto de implementação do Portal de Governança traga os benefícios esperados, recomenda-se a adoção das seguintes ações: • Seminário Inicial Com o objetivo de definir o escopo específico para o desenvolvimento do Portal, recomenda-se a realização de seminário envolvendo os potenciais usuários e a área que irá administrar a ferramenta. Neste evento é apresentado o valor que pode ser agregado pela ferramenta na atuação dos usuários, sensibilizando-os em especial quanto às possíveis funcionalidades e exemplos de conteúdos disponíveis. É importante que nesse seminário sejam criadas oportunidades para os participantes apresentarem sugestões de funcionalidades e de conteúdos, permitindo o desenvolvimento a partir de um modelo geral, porém atento às particularidades do setor de atuação da organização e às necessidades específicas dos usuários. • Acompanhamento da Evolução do Projeto Recomenda-se a apresentação periódica da evolução do projeto, de modo que o público-alvo acompanhe o cronograma de desenvolvimento da ferramenta. A ação objetiva o maior envolvimento possível dos potenciais usuários com o projeto e, consequentemente, a redução de resistências. Esta providência é importante para manter o interesse despertado no seminário inicial, familiarizar gradualmente os potenciais usuários com a ferramenta e permitir a apresentação de novas sugestões. A tendência é contribuir para a promoção do crescente comprometimento dos participantes com o projeto. • Treinamento dos Usuários A capacitação prática dos usuários, a partir da navegação nas diversas funcionalidades e conteúdos disponíveis na ferramenta, mostra-se necessária ao conhecimento e familiarização que antes era apenas conceitual. 40 • Manual de Uso do Portal A elaboração e distribuição de um manual complementam as condições iniciais de uso, a ser utilizado em caso de dúvidas. • Atendimento Personalizado A fim de proporcionar atendimento de qualidade e manter a credibilidade do Portal, recomenda-se a disponibilização de atendimento personalizado por técnico(s) com conhecimento na aplicação, podendo ser contatado(s) por telefone, e-mail ou qualquer outro meio disponível. É importante que esse atendimento seja realizado de forma ágil, pois não convém que os usuários voltem a utilizar os meios tradicionais de obtenção dos conteúdos desejados, sob risco de subutilização do Portal. • Avaliação A avaliação periódica do funcionamento da ferramenta pode envolver aspectos relacionados à qualidade e facilidade de localização de conteúdo, velocidade de acesso aos arquivos, estabilidade do sistema e qualidade no atendimento personalizado. O sistema de avaliação eficiente revela-se um meio de obter retorno dos usuários e realizar ajustes, mantendo a ferramenta constantemente atualizada e adequada às necessidades dos usuários. 41 Conclusão Procuramos com o presente trabalho demonstrar a importância do estudo da governança corporativa, hoje já adaptada ao conceito de Governança Cooperativa para o aperfeiçoamento e desenvolvimento de cooperativas especializadas em saúde. Com o inexorável movimento de globalização da economia, e seu reflexo no ambiente organizacional das empresas é inevitável que haja uma maior homogeneização das regras que as regem. A adoção de boas práticas de governança tem se mostrado fundamental para o sucesso e a perenidade das organizações, principalmente no que tange à segurança a ao retorno aos associados. Diante disso, observamos que as regras de governança corporativa não estão dissociadas da realidade do Sistema Unimed Volta Redonda, principalmente em relação às práticas que já vem sendo utilizadas nas áreas de Tecnologia da Informação, Recursos Humanos, Responsabilidade Social, Contabilidade, entre outros. A Unimed Volta Redonda obteve 96 pontos na primeira edição do Selo Nacional Unimed de Governança Cooperativa e conquistou com esse resultado o Selo Prata. Essa pontuação indica que a Unimed Volta Redonda possui e pratica a Governança Cooperativa, atendendo aos critérios definidos no Regimento do Selo para a respectiva categoria. A proposta de implantação de um Portal de Governança Corporativa no site do Sistema Unimed Volta Redonda, se faz relevante para que a adoção dessas boas práticas de governança corporativa possa ser divulgada tanto para seus associados, quanto para seus clientes, possibilitando assim que a Unimed obtenha um melhor resultado nas próximas edições do Selo visando alcançar o Selo Diamante. É certo que não se trata de modismo gerencial, pois as boas práticas de governança trazem contribuições para reduzir os desafios de tomada de decisão coletiva e do acompanhamento da ação executiva, e para assegurar aos cooperados o direito, e o dever, de definirem sobre os caminhos futuros da cooperativa. Assim, a criação do Portal visa contribuir para a construção de um sólido e adequado ambiente de governança e que considere as especificidades desse tipo de sistema. 42 Referências AGUIAR, Carlos Guilherme de Paula. “Governança Corporativa e Geração de Valor aos Acionistas”. 2005. 36 f. Monografia – (Graduação em Economia) – Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. AQUINO, Eudes de Freitas. Manual de Governança Cooperativa 2012 – Unimed Brasil. Aprovado em reunião da Diretoria Executiva, conforme ata do dia 20 de junho de 2012.(54 p.) CAVALCANTE, Fábio. Artigo: “Governança Corporativa: diferencial para o sucesso” Mar. 2006. Disponível em: <http://www.imasters.com.br/artigo/3915/governanca/governanca_corporativa> Acesso em: 10/07/2012 às 19h. DOROW, Emerson. Disponível em:< http://www.governancadeti.com/2010/07/o-que-egovernanca-de-ti-e-para-que-existe> Acesso em: 25/07/2012 as 17h09. GARCIA, Félix Arthur. “Governança Corporativa”. 2005. 41 f. 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