Volta Redonda, hoje: “novos movimentos migratórios, primeiras
aproximações”.♠
Baiena Feijolo Souto♣
Palavras Chave: Volta Redonda, transformações socioeconômicas, migrações,
pendularidade.
Resumo:
Município sede da maior indústria siderúrgica da América Latina – Companhia
Siderúrgica Nacional - Volta Redonda, cresceu em torno do desenvolvimento da
indústria no país, sendo assim um grande pólo de atração populacional, durante boa
parte do século XX. Entretanto, o processo de reestruturação produtiva, resultante
das novas políticas macroeconômicas empreendidas a partir da década de 90,
culminaram na privatização da usina, acarretando um longo período de recessão e
desemprego para o município, onde se identificam novas modalidades de
movimentos sócio-espaciais, entre eles a pendularidade.
♠
Trabalho Submetido ao V Encontro Nacional sobre Migrações, a se realizar em Campinas 15 - 17 de outubro de 2007.
♣
Mestranda em Estudos Populacionais - Escola Nacional de Ciências Estatísticas – IBGE.
Introdução:
O artigo aqui apresentado trata de um primeiro esforço de aproximação da
dissertação de mestrado em estudos populacionais e que tem por enfoque discutir
tipos e etapas do processo migratório ocorrido na cidade de Volta Redonda,
compreendendo-o como expressão do desenvolvimento local favorecido pelas
políticas do Estado e, que nesse sentido, influencia diretamente nas questões
territoriais e sociais.
Pretende-se, no entanto, percorrer a trajetória dos processos migratórios
empreendidos ao longo do século XX no município, levantando-se a hipótese de que
ocorreram três grandes movimentos: o primeiro com a instalação da Usina
Presidente Vargas, no inicio da década de 40, que serviu como atrativo para a
imigração de mão-de-obra direta relacionada com as atividades industriais e de
pessoas interessadas no desenvolvimento econômico trazido pela usina. No
segundo movimento observa-se uma repulsão ou movimento emigratório, que está
ligado ao saturamento das atividades industriais e se apresenta em duas etapas: a
primeira faz parte das estratégias de diversificação empreendidas principalmente
pela elite mais intelectualizada da região, formada por engenheiros, médicos,
dentistas, etc., e que almejando melhor formação para os seus filhos, os enviavam
para universidades, principalmente na capital do estado Rio de Janeiro, São Paulo e
algumas cidades mineiras. Esse fluxo, que a principio se destinava simplesmente à
formação de mão-de-obra qualificada para uma diversidade de atividades
absorvidas direta ou indiretamente pelo desenvolvimento da indústria, produzia uma
migração de retorno. Essa modalidade de movimento populacional por sua vez se
torna uma alternativa definitiva no período mais crítico de empregos na região.
O terceiro e último movimento consiste numa pendularidade, que se torna visível a
partir da privatização da usina, época em que o efetivo de trabalhadores foi
drasticamente reduzido, acarretando um período de desemprego e desaquecimento
da economia local. No entanto, um novo ciclo de industrialização e de outras
atividades econômicas surge nas mediações, em municípios vizinhos, o que absorve
parte da mão-de-obra desocupada. O deslocamento diário passa a ser alternativa
para os residentes da cidade.
Um panorama geral do município na última década do século XX ressaltando a
existência desse último movimento será o foco do artigo, evidenciando como o
1
processo de reestruturação global da economia faz-se no nível local, modificando as
relações sociais, políticas e econômicas do município, revelando novas estratégias
empreendidas pelos indivíduos para a manutenção de sua subsistência.
1 - História de Volta Redonda:
Volta Redonda, recebeu esse nome dado ao acidente geográfico identificado por
uma curva sinuosa feita pelo Rio Paraíba naquela região. A principio foi área de
exploração de garimpeiros em busca de ouro e de pedras preciosas.
No século XIX deu lugar a grandes fazendas produtoras de café, sendo chamada
de Povoado de Santo Antonio de Volta Redonda. Seu crescimento àquela época foi
impulsionado pela expansão da navegação pelo Rio Paraíba, comum desde o
século XIX entre os municípios de Resende e Barra do Piraí, e pela expansão da
malha ferroviária do país cortando os dois grandes centros urbanos Rio e São Paulo,
em 1871 com a criação da Central do Brasil, e mais tarde chegando aos municípios
vizinhos Barra Mansa e Barra do Piraí.
A expansão do transporte até o lugarejo impulsionou seu crescimento, o que levou
no fim do século, através do pleito de seus moradores a elevá-lo à condição de
freguesia, sendo em 1926, considerado oitavo distrito de Barra Mansa.
A crise e decadência do café, no entanto, produziram conseqüências em todo o Vale
do Paraíba, importante área de agricultura no país, o que ocasionou estagnação de
seu crescimento. A Vila de Santo Antônio de Volta Redonda, porém, possuía uma
localização privilegiada. Situada entre as duas maiores cidades do país Rio de
Janeiro, ainda capital e São Paulo, foi favorecida pela expansão da antiga estrada
Rio-SãoPaulo, e ainda pelo acesso fácil ao estado de Minas Gerais através da linha
férrea que saía de Barra Mansa. A esse fato deve-se o grande interesse do Estado
Getulista, após quase uma década de intensas pesquisas em implantar ali a primeira
grande indústria siderúrgica do país, parte do plano de desenvolvimento das
atividades industriais no Brasil.
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) ou Usina Presidente Vargas, começa a
ser implantada em 1941, se tornando um grande pólo de atração de mão-de-obra
ligada direta ou indiretamente à atividade industrial, a construção ocorre em plena
Segunda Guerra Mundial, e é favorecida pelos Estados Unidos em troca do apoio
brasileiro aos aliados.
2
A era do aço se inicia, e é o divisor de águas não só para a área do então distrito
como para toda a região no entorno. Com um crescimento exorbitante da população
(cerca de 29% a.a entre 40 e 50), em 1954 após manifestações populares o distrito
é reconhecido como município de Volta Redonda, em 17 de julho.
Na realidade a história do município se confunde com a história da usina, o projeto
da siderúrgica não se restringiu somente às instalações industriais, o objetivo era de
criar uma cidade industrial modelo, e para tanto foram construídos bairros inteiros
para os empregados, criteriosamente alocados de acordo com a hierarquia de
funções, fato que ainda hoje marca a distribuição espacial da cidade, formava-se
assim, “duas cidades” interdependentes dentro de Volta Redonda: a dos
funcionários da usina e a dos não-funcionários, unificadas em 1968, quando a CSN
entrega à prefeitura a administração dos serviços urbanos. Foram criados também
um hospital e uma escola para a especialização técnica de mão-de-obra e tempos
depois um clube recreativo para os empregados. Além dessas atribuições, a
empresa passou também a ser responsável pela segurança local montando uma
guarda com poderes de polícia para manter a ordem nas suas instalações. Em 1973
Volta Redonda é considerada área de segurança nacional, fato que se estendeu até
o fim do regime militar. Mesmo diante de tantas restrições ali nasceram movimentos
sociais fortes como o sindicato dos metalúrgicos de Volta Redonda, responsável por
greves históricas.
Na década de 80, a CSN em crise acumula dívidas, contribuindo também para a
estagnação da economia do município, a greve de 1988, no entanto, revela sinais
claros da saturação da relação entre a empresa, funcionários e município.
As políticas governamentais a nível nacional, empreendidas a partir do fim da
década, levaram então ao processo de privatização da usina, ocorrido em 1993, e
que deu origem a maior crise vivida pelo município ao longo de sua história.
2 - Volta Redonda: entre a privatização da usina e um novo recomeço
Em 1993, depois de uma grande investida do governo federal, a CSN foi privatizada,
introduzindo um novo ciclo no município, que veio a refletir em toda a região Sul
Fluminense, principalmente na região do Médio Vale do Paraíba.
A privatização foi parte do Plano Nacional de Desestatização que vinha sendo
implementado desde a vitória de Fernando Collor em 1989, política governamental
3
que abriu portas para ideologias neoliberais no país, principalmente depois do
desaquecimento da economia na década de 80 (década perdida).
A cidade àquela época mostrava grande resistência à qualquer plano de
privatização, ainda sob efeito da greve terminada tragicamente em 1988, a qual
mobilizou toda a população que ainda mantinha em seu imaginário a CSN enquanto
empresa modelo.
Tais acontecimentos influenciaram a eleição do ex-líder
metalúrgico Juarez Antunes à prefeitura da cidade; no entanto, pouco depois de
empossado, Juarez morre num acidente automobilístico, e seu vice assume, mas
não mantém uma postura combativa como a sua.
Na realidade foi criado, naquele momento, todo um cenário propício aos
acontecimentos em Volta Redonda. A CSN vinha acumulando grandes prejuízos e
dívidas, e já não conseguia manter a competitividade, portanto não sendo atraente
ao novo capital privado. Foi montada, porém, toda uma política de saneamento,
articulada pelo então nomeado presidente Procópio Lima Netto, o qual desativou
partes integrantes da usina como a FEM (Fabrica de Estrutura Metálicas), a
COBRAPI, etc. e anunciou um enxugamento do efetivo diretamente ligado a usina.
O reflexo das demissões foi imediato e a cidade, bastante dependente da usina,
passa a ter que reeorganizar suas estratégias econômicas. Esse momento de
tensão, ativa os movimentos sociais - estimulados pelo arcebispo Dom Waldyr
Calheiros - e o sindicato dos metalúrgicos que empenham a greve mais longa de
toda a história de Volta Redonda. Diferentemente de greves anteriores, passados 31
dias, o governo não intervém no movimento e a CSN entra na justiça, recebendo um
parecer favorável quanto ao caráter abusivo da greve, o sindicato sai enfraquecido
do movimento, o que acaba por favorecer o surgimento de uma dissidência sindical
que recebeu o nome de Força Sindical e que teve apoio aberto da direção da usina
e do governo, eleita em 1992.
Cria-se então uma nova mentalidade entre os empregados e a população local: de
que a privatização era a saída diante das ameaças de fechamento; além disso,
aqueles que permanecessem, teriam direitos a uma parcela das ações, o que os
tornaria, por assim dizer, “donos” também. A ilusão termina com a venda feita em
1993 com o Grupo Vicunha como acionista majoritário, que se concretizou com
demissões maciças, principalmente de funcionários mais antigos que gozavam de
maiores benefícios conquistados no tempo da estatal. A crise que se instala na
cidade influenciou sobre todas as atividades e produziu uma onda de desemprego.
4
O município, no entanto, ainda mantinha uma boa infra-estrutura, mantendo-se entre
os melhores do estado e o melhor da Região do Médio Paraíba. Entre suas
principais vantagens esteve sempre a formação de mão-de-obra qualificada para a
industria, principalmente, pela Escola Técnica Pandiá Calógeras, parte integrante da
CSN e pela Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica da UFF, ali instalada a
quase meio século.
A CSN privatizada e dinamizando sua produção passa a atrair investimentos de
clientes e fornecedores para as imediações. Volta Redonda, particularmente, não
recebe mais indústrias, as quais vão sendo instaladas em municípios vizinhos, como
a fábrica de caminhões da Volkswgen em Resende, a montadora Pegeout-Citróen,
além das indústrias de metais e vidros instaladas em Porto Real.
Esse novo momento é vivido com ansiedade pelos desempregados de Volta
Redonda; de fato, parte da mão-de-obra desempregada passa a ser reabsorvida
pela atividade industrial, no entanto, indústrias extremamente modernas não
necessitam de um grande efetivo e parte desses desempregados sai da região em
busca de melhores condições e outra parcela muda de atividade, principalmente
para o ramo de serviços.
A partir dessas transformações observa-se que o município, passa a experimentar
novos fluxos migratórios importantes que serão aqui levantados, entre eles a
pendularidade, ou seja, movimento empreendido pela população residente em um
município, mas que se desloca para trabalhar ou estudar em outro.
3- Volta Redonda Hoje
Volta Redonda está localizada na Região Sul Fluminense1 do estado do Rio de
Janeiro. O município fica entre as duas principais metrópoles do país Rio de Janeiro
e São Paulo.
Apelidada, após a década de 40, de “Cidade do Aço”, por ser a sede da maior
siderúrgica da América Latina (Companhia Siderúrgica Nacional), sua história está
intrinsecamente ligada à história da CSN, que na realidade funda as bases do
desenvolvimento industrial do país, no Estado-Novo, além de um marco no
estreitamento entre as relações Estado e Sociedade, onde se construiu ao longo do
1
Meso-Região Geográfica, divida em três Micro-Regiões Vale do Paraíba, Baía da Ilha Grande e Barra do Piraí.
Volta Redonda está localizada na Micro-Região do Vale do Paraíba.
5
tempo uma “identidade cultural inserida nas narrativas do Estado-Nação”
(Fernandes, 2001).
No entanto, no fim da década de 80, uma crise econômica emblema uma nova
lógica social globalizante, balizada pela inserção de políticas neoliberais, que
culminam na desestatização de grandes indústrias estatais, entre elas a CSN,
privatizada em 1993, gerando em Volta Redonda uma crise sem precedentes como
ressalta Fernandes:
“(...) Mudança de tamanha radicalidade e, até mesmo, a nossa perplexidade,
desafiaram-nos a apreender o conteúdo cultural dessa transformação, ao
intuirmos não ser o processo vivido pela cidade um fenômeno que se restringiria
ao domínio da esfera produtiva. Ele seria mais amplo. Volta Redonda, onde
produção e reprodução sempre foram fenômenos indissociáveis, formando uma
totalidade, vai sofrer o impacto em suas relações sociais de uma globalização da
cultura que já não mais a vincula somente ao seu entorno físico. As identidades
nacionais são abaladas pelo movimento da globalização e, neste roldão, também
a identidade da “Cidade do Aço”, cuja construção se deu ao longo da realização
do projeto nacional-desenvolvimentista”. (Fernandes, 2001).
Em meio à crise detonada pela privatização e a grande dependência da cidade em
relação à usina, a solução encontrada foi tentar se desenvolver num curto espaço de
tempo um desenvolvimento econômico sustentado sobre outras bases além da
indústria, atraindo investimentos em setores como o de serviços e comércio, visando
o aumento dos empregos e da arrecadação tributária, além dos tributos que vem
sendo pagos a partir de 2000 pela CSN, quando o município é contemplado com o
PAC (Programa Ambiental Compensatório), firmado entre a empresa e o governo do
estado, como forma de minimizar os danos causados ao longo do tempo,
principalmente ambientais, e que também prevê ações sociais tomadas pela
empresa em beneficio do município, como a cessão de terrenos inutilizados, etc.
3.1 - Aspectos Demográficos
Volta Redonda possui uma população relativamente jovem, 30% da população em
1991 e 24,8% em 2000 tinham até 14 anos; e a população em idade ativa2 (10 e
mais anos) representava 77,6% em 1991 e 76,1% em 2000 (Tabela 1). Observandose a distribuição por idade e sexo da população em ambos o ano observa-se que há
reentrâncias significativas em 1991 nos grupos de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos e
em 2000 nos grupos de 25 a 29 anos e de 30 a 34 anos, tais evidências podem
2
Como PIA, foram consideradas pessoas de 10 a 64 anos.
6
estar ligadas a movimentos de emigração empreendidos a partir do processo de
reestruturação produtiva, seguido da privatização da usina. Ainda através das
pirâmides pode-se ressaltar a redução de sua base o que reafirma a queda das
taxas de fecundidade observada anteriormente. (Gráficos 1 e 2)
Tabela 1- Volta Redonda- Estrutura Etária da População 1991 e 2000
1991
2000
Homens
(%)
Mulheres
(%)
0 a 4 anos
4,68
4,59
9,27
4,01
3,9
7,9
5 a 9 anos
5,24
5,08
10,32
4,13
3,96
8,1
10 a 14 anos
5,27
5,17
10,44
4,45
4,33
8,8
15 a 19 anos
4,35
4,47
8,82
4,94
4,87
9,8
20 a 24 anos
4,14
4,51
8,65
4,39
4,52
8,9
25 a 29 anos
4,49
5,09
9,58
3,56
3,91
7,5
30 a 34 anos
4,61
5,04
9,65
3,58
4,07
7,7
35 a 39 anos
4,17
4,36
8,53
4,04
4,6
8,6
40 a 44 anos
3,17
3,32
6,49
3,93
4,36
8,3
45 a 49 anos
2,14
2,31
4,45
3,24
3,58
6,8
50 a 54 anos
1,7
1,93
3,63
2,34
2,58
4,9
55 a 59 anos
1,45
1,71
3,16
1,65
1,89
3,5
60 a 64 anos
1,25
1,49
2,74
1,15
1,57
2,7
65 a 69 anos
0,99
1,02
2,01
1,1
1,46
2,6
70 a 74 anos
0,56
0,61
1,17
0,89
1,03
1,9
75 a 79 anos
80 ou mais
anos
0,28
0,36
0,64
0,5
0,59
1,1
0,17
0,29
0,46
0,4
0,7
1,1
Total .
48,7
51,4
Fonte: IBGE Censo 1991 e 2000
100
48,3
51,9
100
Idade
Total
Homens (%)
Mulheres
(%)
Total
Gráfico 1 – Pirâmide Etária da População de Volta Redonda 1991
Volta Redonda -composição por idade e sexo 1991
80 ou mais anos
70 a 74 anos
60 a 64 anos
50 a 54 anos
40 a 44 anos
MULHERES
30 a 34 anos
HOMENS
20 a 24 anos
10 a 14 anos
0 a 4 anos
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
Fonte: IBGE censo 1991
7
6,00
Gráfico 2 – Pirâmide Etária da População de Volta Redonda 2000
Volta Redonda - composição por idade e sexo 2000
80 ou mais anos
70 a 74 anos
60 a 64 anos
50 a 54 anos
40 a 44 anos
MULHERES
30 a 34 anos
HOMENS
20 a 24 anos
10 a 14 anos
0 a 4 anos
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
6,00
Fonte: IBGE censo 2000
Volta Redonda tem crescido a taxas abaixo do estado e da micro-região onde se
localiza, mas acima das encontradas para a capital do estado, que vem segundo,
estudos como o de Ervatti (2006), sendo uma área com pouca atratividade, pois
grande parte dos investimentos atualmente vem se destinando ao interior do estado
devido à “saturação econômica e física” da região metropolitana. Em Volta Redonda,
o baixo crescimento está ligado às baixas taxas de mortalidade, fecundidade e a
predominância de movimento emigratório na última década do século XX, que será
ressaltado mais adiante. Através de série histórica (gráficos 3 e 4)
podem-se
observar como vem se comportando as taxas brutas de mortalidade e fecundidade
de Volta Redonda em relação ao estado e a micro-região do Médio Vale do Paraíba.
Volta Redonda vem mantendo ao longo do tempo taxas abaixo do estado e
próximas as da micro-região.
8
Gráfico 3 Taxa Bruta de Mortalidade – Volta Redonda, Rio de Janeiro e Médio Vale do Paraíba
Taxa Bruta de Mortalidade - Volta Redonda, Rio de Janeiro
e Médio Vale do Paraíba - 1993/2004 (por 1000 hab.)
10
9
8
7
6
5
4
Estado
3
2
Região do Médio
Paraíba
Volta Redonda
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
20 03
04
(1
)
1
-
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE
Gráfico 4- Taxa Bruta de Natalidade – Volta Redonda, Rio de Janeiro e Médio Vale do Paraíba
Taxa Bruta de Natalidade - Volta Redonda, Rio de Janeiro e
Médio Vale do Paraíba - 1993/2004 (por 1000 hab.)
25
20
15
10
Estado
Região do Médio
Paraíba
Volta Redonda
5
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
20 03
04
(1
)
-
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE
Volta Redonda, desde a instalação da usina, é uma área3 predominantemente
urbana, expressando taxas de urbanização bastante elevadas, chegando a 99,9%
em 2000. É também considerada uma área de alta densidade demográfica, cerca de
quatro vezes mais que a do estado do rio e mais de 10 vezes a da micro-região do
Vale do Paraíba, sendo mais baixa, porém, que a capital do estado (cerca de três
vezes). É de se notar, no entanto, que a elevada densidade demográfica do
município é em parte devida ao elevado crescimento da população até a década de
3
É tratado como área, pois até 1954 ano da instalação da usina não era considerado município.
9
80, e ao fato de que a usina ocupa parcela significativa da extensão territorial do
município. (Tabela 2)
Tabela 2 - Taxa média geométrica de crescimento anual, taxa de urbanização e densidade
demográfica,
segundo Estado do Rio de Janeiro, Região do Médio Paraíba e município de Volta Redonda - 2000
Regiões de Governo
Taxa média geométrica
Taxa de
Densidade
e municípios
de crescimento anual
urbanização
demográfica (1)
1991/2000 (%)
(%)
(hab/km2)
1,30
96,0
Região do Vale do Paraíba
Estado
1,38
93,0
350,03
135,49
Rio de Janeiro
0,73
100
4.853,1
Volta Redonda
1,05
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro CIDE.
(1) Refere-se a 2005.
99,9
1.402,7
Em 2000, Volta Redonda possuía uma população de cerca de 232 mil habitantes,
contando com uma infra-estrutura básica de boa qualidade em comparação com
municípios do estado do Rio de Janeiro. O município dispunha de uma ampla
cobertura de saneamento (rede de abastecimento de água,esgoto e coleta de lixo),
saúde e educação, como pode ser verificado na tabela 3, ocupando assim, a 3°
posição no ranking do IDH municipal para o estado.
Tabela 3- Infra-estrutura do Municipal – Volta Redonda 2000
Tabela 3- Infra-estrutura do Municipal – Volta Redonda 2000
ÁREA DO MUNICÍPIO
182,8 km²
HABITANTES
232 mil 287 habitantes
POSTOS DE SAÚDE
38
6 com 739 leitos, 115 ambulatórios e 14.441
internações
HOSPITAIS
ATENDIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL
99,30%
ATENDIMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO
89,20%
ATENDIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA
90%
ATENDIMENTO DE COLETA DE LIXO
90,62%
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO PRÉ-ESCOLAR
84 com 4.773 matrículas e 292 docentes
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO FUNDAMENTAL
115 com 49.300 matrículas e 2.438 docentes
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO MÉDIO
27 com 16.245 matrículas e 884 docentes
Fonte: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Volta Redonda
10
Considerando-se a tabela 4, relativa ao IDH municipal, pode-se observar, entretanto,
que embora, Volta Redonda ocupe uma posição privilegiada no estado do Rio, no
ranking nacional passou da 109° posição em 1991 a 297° em 2000. Há que se
observar que mesmo que tenham melhorado seus indicadores durante o período,
essa melhora foi aquém da maior parte dos municípios brasileiros.
Tabela 4 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) 2000
COD IBGE 330630 - Município de Volta Redonda/RJ
Índice/Ano
Esperança de vida ao nascer
(em anos)
1991
2000
69,05
70,80
Taxa de alfabetização de adultos (%)
92,24
94,93
Taxa bruta de freqüência escolar (%)
80,46
89,53
Renda per capita (em R$)
242,26
348,17
Índice de longevidade (IDHM-L)
0,734
0,763
Índice de educação (IDHM-E)
0,883
0,931
Índice de renda
0,689
0,750
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)
0,769
0,815
Classificação na UF
3°
3°
Classificação Nacional
109
297
(IDHM-R)
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro -
CIDE
A partir de dados do estudo realizado por Pochman e Amorim (2006)4 para os
municípios brasileiros, na tabela 5 procurou-se estabelecer um comparativo entre os
três primeiros colocados no ranking do IDH-M para o estado do Rio de Janeiro.
Niterói, Rio de janeiro e Volta Redonda, ocupam no Atlas a 5°, 17° e 236° posição
respectivamente. Há de se salientar, entretanto, que todos os índices para Volta
Redonda estão abaixo dos municípios comparados, mas seu desempenho a nível
nacional está relacionado, principalmente, aos índices5 de desigualdade, emprego e
exclusão.
4
5
Referência ao Atlas da Exclusão Social lançado em 2006.
Os índices variam de 0 a 1. Considera-se que quanto mais próximo de 0, pior a situação social.
11
Tabela 5 - Índices de desenvolvimento Municipal
Niterói
Rio de Janeiro
Volta Redonda
Ano 2000
Ano 2000
Ano 2000
Índice de Pobreza
0,815
0,786
0,745
Índice de Emprego
0,288
0,348
0,252
Índice de Desigualdade
0,851
0,490
0,214
Índice de Alfabetização
0,937
0,923
0,917
Índice de Escolaridade
0,979
0,847
0,727
Índice de Juventude
0,909
0,862
0,787
Índice de Violência
0,752
0,821
0,81
Índice de Exclusão
0,763
0,694
0,596
Ranking Atlas
5°
17°
236°
Ranking IDH-M/RJ
1°
2°
3°
Ranking IDH-M/Nacional
3°
60°
297°
Índice
Fonte: Pochman e Amorim (2006) “Atlas da Exclusão Social”
A realidade é que Volta Redonda vem passando por um momento de reestruturação
em todas suas esferas, após a crise gerada a partir da privatização da usina. Sem
as ações tão diretas da usina sobre a cidade, que rompem com seu histórico elo de
dependência, outros agentes como a prefeitura, movimentos sociais, sindicatos, etc,
além, é claro, de seus habitantes vem tentando traçar alternativas de minimizar os
efeitos desse rompimento.
3.2 - Trabalho e Economia:
A partir da privatização, como já ressaltado, há um descompasso entre os papéis
dos diversos agentes envolvidos com o município (CSN, prefeitura, sindicatos, etc.).
A população em si foi a mais prejudicada, mais precisamente porque a cidade
possuía uma dependência extrema da usina, e essa passa não ser mais se
responsabilizar por “papéis antes implicitamente destinados a ela, como educação
de qualidade e garantia de emprego, dentre outros. Ao adotar uma gestão baseada
na eficiência de recursos, a CSN precariza suas relações de trabalho e abandona
uma série de ações diretas que beneficiavam não apenas seus funcionários como
toda a cidade, deixando aí um hiato a ser desempenhado por outras instituições.”
(Ferreira, 2005)
A terceirização da mão-de-obra foi uma das formas adotadas pela CSN de
transformar parte de seus custos fixos com pessoal em variáveis, além de “criar uma
12
sub-classe de trabalhadores dentro do local de trabalho, dificultando a mobilização
operária, em virtude desta cisão entre “efetivos” e “terceiros”(...) a terceirização na
CSN contribuiu imensamente para o empobrecimento da comunidade local,
“jogando” trabalhadores para a informalidade” (Ferreira,2005).
Volta Redonda passa então pelo desafio de reestruturar-se, principalmente, no
sentido de atender às demandas da população local por emprego, educação e
saúde, sendo essa demanda intensa, haja visto, que uma parcela significativa dos
trabalhadores estava desempregada ou inserida em trabalhos precarizados, muitos
em empresas fornecedoras de mão-de-obra terceirizada para a usina.
Tabela 6- Volta Redonda - PEA ,
segundo grupos de Idade-1991 e 2000
Grupos idade
1991
2000
1991 (%)
TOTAL
86081
110606
100
2000 (%)
100
De 10 a 14 anos
1317
1027
1,53
0,93
De 15 a 19 anos
8103
11013
9,41
9,96
De 20 a 24 anos
12991
16670
15,09
15,07
De 25 a 29 anos
14564
14002
16,92
12,66
De 30 a 34 anos
14199
14549
16,49
13,15
De 35 a 39 anos
12693
15954
14,75
14,42
De 40 a 44 anos
9450
14815
10,98
13,39
De 45 a 49 anos
5306
10077
6,16
9,11
De 50 a 54 anos
3400
6300
3,95
5,70
De 55 a 59 anos
2159
3196
2,51
2,89
De 60 a 64 anos
975
1477
1,13
1,34
De 65 a 69 anos
468
987
0,54
0,89
De 70 a 74 anos
257
405
0,30
0,37
De 75 a 79 anos
98
100
0,11
0,09
De 80 ou mais
101
34
0,12
0,03
Fonte: IBGE Censo 1991 e 2000
Observa-se, através da tabela 6, Volta Redonda possui uma PEA (população
trabalhando, ou a procura de emprego) jovem, em 1991, cerca de 74% possuia até
39 anos, porcentagem reduzida para 66% em 2000.
Essa redução, no entanto, se deve principalmente aos grupos etários entre 25 e 39
anos, que tiveram uma redução percentual de 8% no período entre 1991 e 2000, há
de se ressaltar, no entanto, que são esses também os grupos responsáveis pelas
reentrâncias observadas na composição etária da população, o que reforça a idéia
de que esteja havendo movimentos emigratórios, mais acentuados nessas faixas de
idade.
Quanto ao quadro de atividades econômicas do município, sabe-se que os
empregos em Volta Redonda em grande parte da história foram predominantemente
industriais, na tabela 7 e gráfico 4, observa-se, entretanto, que entre 2002 e 2003 há
13
um déficit de empregos industriais, o que provavelmente ainda atue como reflexo
pós-privatização, mas que parece vir se convertendo nos anos precedentes.
Tabela 7 - Volta Redonda 2002-2006 Desempregados
e Admitidos na Indústria
Município
2002
2003
2005
2006
Desempregados
2.024
2.831
1.463
1.654
Admitidos
1.475
2.487
1.727
2.355
Diferença
-549
-344
264
701
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE
Gráfico 4- Desempregados e Admitidos na Indústria
Volta Redonda 2002/2006 -Dempregados e
admitidos na Indústria
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
Desempregados
Admitidos
0
2002
2003
2005
2006
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE
A atividade industrial, realmente, vem perdendo sua centralidade no município, o
que é evidenciado a partir do gráfico 5, que mostra a evolução dos empregos no
município por atividade econômica.
Observa-se que os empregos industriais sofreram a maior queda no período de
1996 a 2005, com os setores de comércio e serviços se tornando cada vez mais
significativos, o que não significou, no entanto nesse período um aumento nos
rendimentos dos empregados, pelo contrário, até 1996 mais de 40% das pessoas
empregadas em Volta Redonda ganhavam mais de 5 salários mínimos, atualmente
cerca de 20% apenas dos empregados estão nessa faixa, por outro lado,
empregados que ganham de 1 a 2 salários mínimos que representavam 23% dos
empregados, hoje chegam a quase 45%. (gráfico 6)
14
Gráfico 5 – Evolução dos empregos por atividade econômica
Volta Redonda 1996/2005 - Evolução dos empregos por
atividade econômica
45
Indústria
40
Serviços Industriais de
utilidade Publica
35
30
Construção Civil
25
Comércio
20
15
Serviços
10
Administração Publica
5
0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Agropecuária
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE
Gráfico 6 – Empregados por faixas de rendimento
Volta Redonda 1996/2005 - Empregados por
faixas de rendimento (% )
45
40
35
30
Até 1/2 SM
25
De 1/2 até 1 SM
20
De 1 até 2 SM
15
De 2 até 3 SM
De 3 até 5 SM
10
5 e + SM
5
0
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE
Outro fato interessante que vem ocorrendo é a mudança no perfil dos empregados
da cidade, vem diminuindo o peso relativo de empregados em idades mais
avançadas (acima de 30 anos), ou seja, o mercado de trabalho em Volta Redonda
está preferencialmente voltado para pessoas mais jovens (tabela 86), o que pode ser
efeito do crescimento do setor de serviços e comércio.
6
Os dados estão referidos a RAIS, e portanto, consideram apenas trabalhadores formais .
15
Tabela 8 - Volta Redonda - Número de empregados, segundo faixas de idade
Grupos idade
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
TOTAL
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
De 10 a 14 Anos
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
De 15 a 24 Anos
18,3
18,6
18,6
18,5
18,6
18,2
17,9
16,5
16,8
32,8
De 25 a 29 Anos
16,2
16
16
15,5
15
14,9
15,1
15,2
15,6
27,5
De 30 a 39 Anos
35,1
35,1
35,1
34,1
32,8
31,9
31,2
30,1
28,8
26,9
De 40 a 49 Anos
23,3
23,1
22,8
23,8
24,7
25,5
25,8
26,7
26,7
11,2
De 50 a 64 Anos
6,6
6,7
7,2
7,7
8,4
9,1
9,5
9,9
10,4
0,5
De 65 + anos
0,3
0,4
0,4
0,4
0,4
0,5
0,5
0,5
0,5
0
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE
Todos esses fatores conjugados estão ligados à instabilidade do mercado de
trabalho, e consequentemente do aumento do desemprego, o que tem colocado os
trabalhadores em condições de vulnerabilidade, forçados a aceitar condições de
trabalho precarizadas e salários baixos dentro do município, mas também pode estar
impulsionando esses trabalhadores a buscar novas alternativas como a migração
ora feita através de movimentos de emigração, ora feita através de movimentos de
pendularidade como serão vistos adiante.
3.3 - Migrações em Volta Redonda:
As
migrações
humanas
são
fenômenos
de
mobilidade
espacial,
sendo
predominantemente sociais, as migrações, no entanto, podem ter um caráter
permanente ou temporário. Volta Redonda, cresceu principalmente por conta dos
fluxos de imigração ocasionados desde a implantação da CSN.
No entanto, dados de data fixa do censo de 2000, observados, através da tabela 9,
revelam que, Volta Redonda, atualmente é uma área de baixa eficácia migratória
(-0,250), apresentando uma taxa líquida de migração negativa, ou seja, com
predomínio de movimento emigratório.
Analisando, os fluxos de emigração, nota-se que foram mais expressivos dentro do
estado do Rio, principalmente para cidades próximas, localizadas na mesma
mesorregião geográfica como Barra Mansa (17,6%), Barra do Piraí (12,0%),
Pinheiral (11,3%) e Angra dos Reis (10,8%). (Tabela 10)
Esses movimentos que vem ocorrendo nas últimas décadas, provavelmente estejam
ligados à diminuição de postos de trabalho industriais no município e aos baixos
salários oferecidos em outras atividades econômicas, o que, no entanto necessita de
uma análise mais apurada. No caso especifico de Angra dos Reis, esse fluxo pode
16
estar ligado à expansão da atividade turística da região, impulsionado pelo
crescimento do setor hoteleiro (Ervatti, 2006).
Tabela 9 - Saldos Migratórios Líquidos Volta Redonda e
Região Sul Fluminense
Meso- Região e município
Imigrantes
Região Sul Fluminense
Volta Redonda
Emigrantes
Taxa Líquida
Índice de Eficácia
de Migração
Migratória
41124
37555
3569
0,045
7417
12366
-4949
-0,25
Fonte: IBGE - censo demográfico 2000
Tabela 10 - População Emigrante de Volta Redonda para outros
municípios, principais deslocamentos (Rio de Janeiro)
Emigrantes
(%)
Angra dos Reis
1341
10,8
Barra do Piraí
1484
12
Barra Mansa
2171
17,6
88
0,7
Munícipio
Cabo Frio
Campos dos Goytacazes
80
0,6
Carmo
174
1,4
Duque de Caxias
79
0,6
Itaboraí
165
1,3
Itaguaí
156
1,3
Itaperuna
109
0,9
Itatiaia
242
2
Macaé
122
1
Niterói
147
1,2
Nova Friburgo
92
0,7
Nova Iguaçu
432
3,5
Petrópolis
121
1
Pinheiral
1403
11,3
Piraí
308
2,5
Porto Real
82
0,7
Quatis
104
0,8
Resende
581
4,7
Rio Claro
338
2,7
Rio de Janeiro
1087
8,8
São Gonçalo
111
0,9
São João de Meriti
139
1,1
Valença
285
2,3
Vassouras
80
845
0,6
12366
100
Outros
Total
6,8
Fonte:Censo Demográfico 2000 - IBGE
Embora, os movimentos de emigração tenham sido significativos nesse período,
uma outra modalidade de deslocamento chama também atenção, a pendularidade, e
que refere-se à população que se desloca do local de residência para trabalhar ou
estudar.
17
Em 2000, 7689 pessoas,ou seja, 3,2% da população praticava a pendularidade.
(Tabela 11)
Tabela 11 -2000 População residente, por deslocamento para trabalho ou estudo, Estado do Rio de Janeiro, Região do
Médio Paraíba e município de Volta Redonda
População residente, por deslocamento para trabalho ou estudo
Estado, Municipio
e Micro região
Total
Trabalhavam ou
estudavam no
município
residência
Trabalhavam ou
Trabalhavam ou Trabalhavam ou
Não trabalhavam estudavam em
estudavam em
estudavam em
nem estudavam outro município
outra UF
país estrangeiro
da UF
Médio Paraíba
785192
450006 (57,3%)
281650 (35,9%)
49454 (6,3%)
3830 (0,5%)
123 (0,0%)
Estado
14392106
8207444 (57,0%)
5204495 (36,2%)
955628 (6,6%)
21656 (0,2%)
2071 (0,0%)
Volta Redonda
242063
144115 (59,5%)
89115 (36,8%)
7689 (3,2%)
1022 (0,4%)
101 (0,0%)
Fonte: IBGE - Censo 2000
Pode-se verificar, através da tabela 12, que essa modalidade de deslocamento vem
sendo praticada por uma população bastante jovem, entre 20 e 39 anos, sendo mais
significativo na faixa de 20 a 24 anos. Além disso, é um fenômeno mais comum na
população masculina.
Tabela 12 – Volta Redonda - 2000 Proporção de População residente,
por deslocamento para trabalho ou estudo.
Grupos de Idade/
Sexo
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 anos ou mais
Trabalhavam ou
estudavam no
município de
residência
Homens
Mulheres
Não trabalhavam
nem estudavam
Trabalhavam ou
estudavam em
outro município
ou país
estrangeiro
Total
Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
97,4
97,9
1,5
1,8
1,1
0,3
100
100
84,6
78,4
11,2
18,5
4,2
3,1
100
100
73,0
55,8
15,3
37,8
11,6
6,4
100
100
77,0
51,0
13,2
45,5
9,7
3,5
100
100
77,2
52,0
15,3
45,2
7,5
2,8
100
100
74,3
50,1
16,8
46,3
8,9
3,6
100
100
70,4
52,2
22,4
45,9
7,2
2,0
100
100
59,7
40,4
34,4
57,7
5,9
1,9
100
100
47,6
38,0
47,5
60,4
4,8
1,6
100
100
40,5
22,9
55,7
76,0
3,9
1,1
100
100
25,8
15,8
71,6
83,1
2,6
1,1
100
100
20,7
11,7
78,6
87,9
0,7
0,4
100
100
4,8
91,7
95,2
0,0
0,0
100
100
8,3
Fonte: IBGE - Censo Demográfico
18
Assim como os fluxos de emigração, a pendularidade é expressiva dentro da
unidade da federação, principalmente para os municípios de Barra Mansa (27,51%),
Resende/Porto Real (15%) e para o Rio Capital e Região Metropolitana (20,87%).
(Tabela 13)
Os movimentos empreendidos para Barra Mansa, Resende e Porto Real podem
estar ligados à atividade industrial, dado que Barra Mansa é sede de duas indústrias
siderúrgicas (SBM e Bárbara) e Resende/Porto Real são municípios que nas últimas
décadas vem dando continuidade ao histórico processo de industrialização da região
do Médio Paraíba, são sede da fábrica de caminhões da Volkswagen, da montadora
da Pegeout-Citróen e da Guardian fábrica de vidros.
Para o Rio de Janeiro, no entanto, a pendularidade sempre foi comum entre a
população jovem, que se deslocava para estudar nas universidades do estado,
retornando, em geral, aos fins de semana para a cidade.
Tabela 13- População Residente em Volta Redonda por Município
que trabalha ou estuda, principais deslocamentos
Local de trabalho ou estudo
Código
Freqüência
(%)
Angra dos Reis
3300100
277
3,15
Barra Mansa
3300407
2420
27,51
Barra do Piraí
3300308
264
3,00
Itatiaia
3302254
173
1,97
Juiz de Fora
3136702
88
1,00
Niterói
3303302
126
1,43
Nova Iguaçu
3303500
77
0,88
País estrangeiro
9800000
101
1,15
Pinheiral
3303955
319
3,63
Piraí
3304003
287
3,26
Resende/Porto Real
3304201
1044
14,95
Rio de Janeiro*
3304557
1349
20,87
São Paulo
3550308
212
2,41
Valença
3306107
108
1,23
3306206
92
1,05
Vassouras
Fonte:Censo Demográfico 2000 - IBGE
* Incluso Rio de Janeiro não especificado
19
Considerações Finais:
Volta Redonda, é um marco na história da industrialização no país,sendo durante
muito tempo um grande pólo de atração populacional. A partir dos dados coletados
no censo 2000, percebe-se, que o município apresenta atualmente uma baixa
eficácia migratória, com perdas populacionais significativas, sendo mais expressivos
as emigrações intraestaduais. Observa-se também a coexistência de um
deslocamento pendular, também predominantemente intraestadual.
Os movimentos aqui ressaltados estão intrinsecamente ligados à nova realidade que
a cidade vem enfrentando após a privatização da usina, da qual era tão dependente.
A dinâmica do mercado de trabalho mostra que nesse período houve um declínio
dos empregos industriais, com um aumento nos setores de serviço e comércio,
porém, há de se ressaltar que no mesmo período houve uma queda significativa na
renda média dos salários do empregados.
Desemprego,
baixos
salários,
aumento
das
desigualdades
sociais
podem
conjuntamente estar impulsionando os deslocamentos populacionais, que deverão
ser melhor avaliados na dissertação de mestrado, que além da análise quantitativa,
importante na mensuração do fenômeno, também vai contar com uma análise
qualitativa que possibilite a apreensão de dimensões relacionais, simbólicas e
subjetivas dos atores sociais envolvidos.
O artigo aqui apresentado é parte de um primeiro esforço de análise, sem pretensão
de chegar à conclusões precisas, mas sim mostrar que enquanto fenômenos sociais,
as migrações estão ligadas a contextos históricos específicos.
20
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Volta Redonda, hoje: “novos movimentos - Abep