DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA- DCHF
LICENCIATURA EM LETRAS COM A LÍNGUA INGLESA
SOCIOLOGIA
PROFESSOR: ANTÔNIO LIMA DA ANUNCIAÇÃO
JOÃO BOSCO DA SILVA
([email protected])
O FUNCIONALISMO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
FEIRA DE SANTANA – BAHIA
2007
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1. Conceito:
As raízes mais remotas do funcionalismo nos remetem aos trabalhos do sociólogo
inglês Herbert Spencer (1882-1903) e a do francês Emile Durkheim (1855-1917). Spencer,
fortemente influenciado pela notável emergência das ciências naturais, comparou as
sociedades aos organismos vivos, tal como ocorre num organismo biológico qualquer, a
ação de uma só parte do sistema social termina por alterar as outras partes do organismo
social na sua totalidade. Para os funcionalistas, a sociedade está constituída por
subsistemas (estruturas) que operam (funcionam) de modo interdependente.
Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo francês e fundador da sociologia moderna,
afirma que cada indivíduo exerce uma função específica na sociedade e sua má execução
significa um desregramento da própria sociedade. Sua interpretação de sociedade está
diretamente relacionada ao estudo do fato social, que para ele apresenta características
específicas: exterioridade e a coercitividade. Ele foi um dos responsáveis por tornar a
sociologia uma matéria acadêmica, sendo aceita como ciência social. Durante sua vida,
publicou centenas de estudos sociais, sobre educação, crimes, religião, e até suicídio. Para
ele "coisa" é algo Sui generes, ou seja, dotada de uma lógica própria.
O Funcionalismo foi um movimento muito popular nas Ciências Sociais, e produziu um
grande número de teóricos, além de Émile Durkheim, podemos citar Bronislaw Malinowski,
Alfred Reginald Radcliffe-Brown, Émile Durkheim, Talcott Parsons, Niklas Luhmann,
George Murdoch, Kinglsey Davis, Wilbert Moore, Jeffrey Alexander, G. A. Cohen e Herbert
J. Gans.
1.1 - Bronisław Kasper Malinowski (Cracóvia, 7 de Abril de 1884 — New Haven, 16
de Maio de 1942) foi um antropólogo polaco. Ele é considerado um dos fundadores da
antropologia social, também conhecida como a escola funcionalista. Suas grandes
influências incluiam James Frazer e Ernst Mach.
Segundo o antropólogo Ernest Gellner, Malinowski tomou uma posição original em
relação aos conflitos de idéias do seu tempo. Ele não repudiou o nacionalismo, uma das
ideologias nascentes e marcantes do século XIX. Mas ele fusionou o romantismo com o
positivismo de uma nova maneira, tornando possível investigar as velhas comunidades mas
ao mesmo tempo recusando conferir autoridade ao passado. Ele rejeitou a especulação
evolucionista e a manipulação do passado para fins do presente, pecados vulgares do seu
tempo.
Sem dúvida, a principal contribuição de Malinowski à antropologia foi o
desenvolvimento de um novo método de investigação de campo, cuja origem remonta à
sua intensa experiência de pesquisa na Austrália, inicialmente com o povo Mailu (1915) e
posteriormente com os nativos das Ilhas Trobriand (1915-16, 1917-18).
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1.2 - Alfred Reginald Radcliffe-Brown (Birmingham, 17/01/1881 — Londres,
24/10/1955) foi um cientista social britânico, considerado um dos maiores expoentes da
Antropologia.
1.3 - Talcott Edgar Frederick Parsons (13 de Dezembro, 1902 - 8 de Maio, 1979) foi
por muitos anos um dos Sociólogos mais conhecidos nos Estados Unidos e no mundo. Seu
trabalho teve grande influência nas décadas de 1950 e 1960, particularmente na América,
mas decaiu gradualmente a partir de então. A mais proeminente tentativa de reviver o
persamento parsoniano, sob o título de "Neofuncionalismo", pertence ao sociólogo Jeffrey
Alexander, da Universidade de Yale.. Ele desenvolveu um sistema teorético geral para a
análise da sociedade que veio a ser chamado de Funcionalismo Estrutural.
1.3.1 – Funcionalismo Estrutural: Cada um dos componentes do sistema, suas
partes, tal como uma peça qualquer em relação a uma máquina, desempenham papéis que
visam contribuir para estabilidade e ordem social, por isso tal abordagem ou teoria é
chamada de funcionalismo-estrutural. A partir dessa visão totalizadora da sociedade, o
passo seguinte é determinar os seus componentes básicos formados pela economia, o
sistema político, a família e o sistema educativo em geral, com seus valores e crenças bem
definidos. Elas todas são interdependentes e agem no sentido de preservar a sobrevivência
do todo, não havendo necessariamente uma hierarquia entre elas (para os marxistas por
exemplo, o fator econômico é predominante)
Para os funcionalistas estes componentes atuam por interação, tendo capacidade de
adaptação para enfrentar os imprevistos e as exigências de mudanças que surgem aqui e
acolá. Se por uma razão qualquer o sistema não apresentar a elasticidade necessária, a
qualidade de adaptar-se ao movimento, o sistema tornar-se-ia disfuncional (expressão
criada por Robert Merton), do mesmo modo que uma peça desgastada ou defeituosa põe
em perigo o desempenho de um motor.
1.3 -O Sistema Social:
a) As peças que o compõem são mutuamente dependentes;
b) elas contribuem para o bom funcionar do sistema;
c) equilíbrio, ainda que sempre em movimento; o distúrbio induz a uma contra-reação
para manter o equilíbrio manter o equilíbrio.
1.3.1 -Propriedades do sistema a que as peças contribuem:
a) Adaptação (economia)
b) Integração (cortes de justiça; polícias; lei)
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c) Manutenção do teste padrão e gerência da tensão (família; instrução; a cultura
contribui ao para o compromisso do papel da socialização)
d) Realização de objetivo (política)
1.3.2 -A estratificação social é definida como:
"classificação diferenciada dos indivíduos humanos que compõem um sistema social
dado e seu tratamento como superior ou inferior relativo a um outro em determinadas
situações sociais importantes" (Parsons, Aproximação Analítica ao Estrato Social, p. 69)
1.3.3 -Linha central fundamental da estratificação: atribuições versus realização:
a) O status atribuído: resultados do nascimento ou das qualidades biológicas hereditárias
(por exemplo idade, sexo)
b) O status alcançado: resultado das ações pessoais (esforço, trabalho duro, talento)
1.3.4 -Avaliação Moral
Expectativa feita na base da avaliação moral, tendo por resultado graus de respeito ou
de desaprovação (status)
1.3.5 -Seis bases da avaliação moral diferencial:
i.
ii.
iii.
iv.
Sociedade na unidade do parentesco (pelo nascimento, pela união)
Qualidades pessoais (sexo, idade, beleza pessoal, valor e força da inteligência)
Realizações (resultado de ações do indivíduo)
Possessões (coisas materiais e não-materiais que pertencem a um individual e pode
ser transferida)
v. Autoridade (reconhecimento institucional, direito legítimo para poder influenciar as
ações de outras);
vi. Poder (habilidade de influenciar outros e fixar possessões que não sancionadas
institucionalmente)
1.3.6 - Grupos de parentesco como unidades de estratificação:
"o status da classe de um indivíduo é a sua classificação no sistema do estratificação.
O que pode lhe ser atribuído em virtude daqueles de seus laços de parentesco que o ligam
a uma unidade na estrutura da classe" (77-8)
1.3.7 - Dois aspectos dominantes da estratificação americana:
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a) Ocupação: critérios universais; status conseguido; não determinado pelo
nascimento; igualdade de oportunidade;
b) Parentesco: status atribuído a alguém determinado pelo nascimento
1.3.8 - Contradição entre a ocupação e o parentesco:
Parsons: "No sistema americano de estratificação, não permitia-se às mulheres
competirem nos mesmos fundamentos de igualdade para trabalhar como o que rege o dos
homens; se não, isto ameaçaria a estabilidade da família, e da própria sociedade"
(entende-se como feita antes do movimento feminista dos anos 60 iniciar a sua luta pela
aprovação da Emenda da Igualdade).
1.3.9 -Instrumental contra papéis expressivos:
Para Parsons, tudo iria pelo melhor dos mundos se os papéis desempenhados pelo
marido e pela mulher fossem adequados, respeitando cada um sua esfera de atuação.
a) Papéis instrumentais = homens = atuam pela família na parte externa; mundo
ocupacional (trabalho, profissão); adaptação da sociedade;
b) Papéis expressivos = mulheres = atuam no interior da família: gerência da tensão
na família; socialização das crianças.
2. O fato social:
É qualquer forma de coerção (é o ato de induzir, pressionar ou compelir alguém a
fazer algo pela força, intimidação ou ameaça) sobre os indivíduos, que é tida como uma
coisa exterior a eles, tendo uma existência independente e estabelecida em toda a
sociedade, que é considerada então como caracterizada pelo conjunto de fatos sociais
estabelecidos.
Também se define o fato social como uma norma coletiva com independência e poder
de coerção sobre o indivíduo.
É exterior na medida em que existe antes do próprio indivíduo e coercitivo na medida
em que a sociedade impõe tais postulados, sem o consentimento prévio do indivíduo. Um
dos focos de Durkheim era em como as sociedades poderiam manter a sua integridade e
coerência na era moderna, quando as coisas como religião e etnia não poderiam estavam
tão dispersas e misturadas. A partir disto, ele procurou criar uma aproximação científica
para os fenômenos sociais. Descobriu a existência e a qualidade de diferentes partes da
sociedade, divididas pelas funções que exercem, mantendo o meio balanceado. Isto ficou
conhecido como a teoria do Funcionalismo. Também falava que a sociedade é mais do que
a soma de suas partes. Ao contrário de Max Weber, ele não estava focado no que motivava
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as ações individuais das pessoas (individualismo), mas no estudo dos “fatos sociais”, termo
criado por ele mesmo que descreve os fenômenos que não são limitados apenas a uma
pessoa. Os fatos sociais tem uma existência indepentende e mais objetiva do que as ações
individuais, e podem somente ser explicados por outros fatos sociais, como a região onde a
sociedade está submetida, governos etc.
2.1 - “Consciência Coletiva”: Émile Durkheim (1858 – 1917), era francês de boa
família, formado em Direito e Economia, porém sua obra inteira é dedicada a Sociologia.
Seu trabalho parte da reflexão e do reconhecimento da existência de uma “Consciência
Coletiva”. Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se
tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e
costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
2.2 - “Socialização” e “Fatos sociais”: A este processo de aprendizagem, Durkheim
chamou de “Socialização”. A consciência coletiva seria então formada durante a nossa
socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nossas mentes e que serve para
nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse “tudo” ele chamou de
“Fatos Sociais”, e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
2.3 - Características: Nem tudo que uma pessoa faz é um fato social, para ser um
fato social tem de atender a três características: 1) generalidade; 2) exterioridade e 3)
coercitividade. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem independente de suas
vontades individuais, é um comportamento estabelecido pela sociedade. Não é algo que
seja imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá antes e que continua
depois e que não dá margem a escolhas.
O mérito de Durkheim aumenta ainda mais quando publica seu livro “As regras do
método sociológico”, onde ele define uma metodologia de estudo, que embora sendo em
boa parte extraída das ciências naturais, dá seriedade a nova ciência. Era necessário
revelar as leis que regem o comportamento social, ou seja, o que comanda os fatos sociais.
Em seus estudos, ele concluiu que os fatos sociais atingem toda a sociedade, o que só é
possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Partindo deste raciocínio ele
desenvolve dois dos seus principais conceitos: Instituição Social e Anomia (ausência
generalizada de respeito a normas sociais, devido a contradições ou divergências).
2.4 - A instituição social: é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto
de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados
pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer
as necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto,
conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra,
elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da ordem. Sua defesa das
instituições se baseia num ponto fundamental, o ser humano necessita se sentir seguro,
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protegido e respaldado. Uma sociedade sem regras claras, sem valores, sem limites leva o
ser humano ao desespero.
Basta uma rápida observação do contexto histórico do século XIX, para se perceber
que as instituições sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento,
valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivendo em condições
miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados. Aos problemas que ele observou,
ele considerou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de “Anomana”. A
anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o
meio para isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a
sociedade.
3. A divisão do trabalho social:
Na tentativa de “curar” a sociedade da anomia, Durkheim escreve “A divisão do
trabalho social”, onde ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade
orgânica entre os membros da sociedade. A solução estaria em, seguindo o exemplo de
um organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para
sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho, ele
será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a
necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o
indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de
forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
4. União dos trabalhadores:.
Para se chegar ao “Funcionalismo” devemos lembrar de Marx conclamando a “união”
dos trabalhadores, de forma consciente dos indivíduos ou uma união dependente, de um
jeito ou de outro, ambos se opõe ao individualismo possessivo, o que nos remete a
dificuldade de convivência entre os homens. Mais de um século depois o conflito ainda não
está resolvido.
5. Max Weber:
Foi um economista e sociólogo alemão, e é considerado atualmente um dos
fundadores do estudo moderno da sociologia e administração pública. Começou sua
carreira na Universidade de Berlin, e depois passou para várias outras instituições. Teve
grande influência política na Alemanha, sendo um dos negociadores de seu país no
Tratado de Versailles, e membro da comissão que criou a Weimar Constitution, a
Constituição do Estado Alemão.
Ele foi o responsável pela inserção do Artigo 48 nesta constituição, que mais tarde foi
usado por Adolf Hitler para reprimir a oposição e conseguir poderes ditatoriais. Até hoje as
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contribuições de Weber para a política alemã continuam controversas. Seus maiores
trabalhos foram nas áreas da Racionalização e Sociologia da Religião e Governo, mas
também contribuiu para o campo da economia. Sua obra mais famosa é a “Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo”, que deu início ao seu estudo religioso.
Morreu de pneumonia, em Munique, 14 de junho de 1920.
REFERÊNCIAS:
[01] http://www.duplipensar.net/lit/francesa/2004-02-durkheim.html > acesso em 15/06/07
[02] Durkheim, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2002.
[03] Aron, R. As etapas do pensamento sociológico. (págs: 297 a 369)
[04] Goldman, L. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Ed. Difel. 1967 (pág: 27a70)
[05] Martins, J. de S. Ideologia e sociedade. Rio, 1930 (págs: 23 a 45).
[05] http://pt.wikipedia.org/wiki/Funcionalismo > acesso em 15/06/07
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