Fundamentos de Análise Matemática Profª Ana Paula Sequência Infinitas Definição 1: Uma sequência numérica a 1 , a 2 , a 3 , , a n , é uma função, definida no conjunto dos números naturais : f:n fn an Notação: O número n é chamado de índice e a n o n-ésimo elemento da sequência, ou termo geral. an n a n para sequência. a1, a2, a3, , an, a a1, a2, a3, , an, é conjunto dos termos da sequência. Exemplos: 1) a n n 2) a n 1 n 3) a n a n n ,a 0 n par 4) a n 5) a n n n 1 n ímpar an n n 6) a n 1 7) a n 5 e an ,a n n 1 1 n 2a n n 8) a n 1, 2, 5, 9, 1, 1, 1, 9) a n 2, 3, 5, 7, 11, 10) 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1 /n , 1, , 37, , 1, 1 1 (sequência definida por recorrência) 11) 0, 1, 0, 1, 0, 1, 0, 12) a n 5 n 1 0, 0, 1, 0, 0, 1, 0, 0, 1, 0, 0, n Definição 2: Diz-se que uma sequência a n converge para o número L, ou tem limite L se, dado qualquer número 0, é sempre possível encontrar um número N tal que n N |a n L| isto é, 0, N tal que n N |a n L| Uma sequência que não converge é dita divergente. Chama-se sequência nula toda sequência que converge para zero. Notação: lim a n L ou a n L ou lim n a n L OBS: 1) Ao dizermos "dado qualquer 0" está implícito que pode ser arbitrariamente pequeno, ou seja, tão pequeno quanto quisermos. Uma vez satisfeita para um certo 0 , estará satisfeita com qualquer positivo, menor do que um certo 0 para que 0 ; portanto, basta prová-la para todo ela provada para qualquer 0. 2) Supor que N é um inteiro positivo, um índice da sequência; pois se não for assim, é claro que ele pode ser substituído por qualquer inteiro maior. Mas N não precisa ser inteiro! 3) Pode ser n N ou n N . |a n L| |a n L| 4) Se é possível fazer |a n L| com qualquer 0, certamente é possível fazer /2, portanto, |a n L| . |a n L| 5) Tanto faz |a n L| ou |a n L| k para uma constante k 0, pois se é possível fazer |a n L| k com qualquer 0, certamente é possível fazer |a n L| k /k . 6) Se suprimirmos de uma sequência a n um número finito de seus termos, isso não altera o caráter da sequência com n . Assim, se a sequência original converge para L, ou diverge, a nova sequência convergirá para L ou divergirá, respectivamente. Definição 3: Dado um número L qualquer, chama-se vizinhança números x do intervalo L , L . Notação: V L Isto é, x V L x L L x L |x L| 2 de L a todos os OBS: Ao definirmos limite, estamos dizendo n N an V L , ou seja, n N |a n L| ou n N an L , ou ainda n N L an L OBS: pode ser dado arbitrariamente mas, uma vez prescrito, não pode ser mudado até a determinação de N. Exemplos: Prove, pela definição, que as sequências convergem para os limites dados: n 1) a n 1 n 12 2) a n 3) a n 3n n sen2n 2 3n 4n n2 n 4 3 3 Definição 4:Diz-se que uma sequência a n de números reais é limitada à direita ou limitada superiormente se existe um número B tal que a n B para todo n; e limitada à esquerda ou limitada inferiormente se existe um número A tal que A a n para todo n. Uma sequência limitada superiormente e inferiormente é dita, simplesmente, limitada. Isto equivale a afirmar que existe um número M tal que |a n | M para todo n. Teorema 1: Toda sequência convergente é limitada. OBS: 1) A recíproca não é verdadeira. Contra-exemplos: 1) a n 0 n par 1 n ímpar n 2) a n 1 n n 3) A contrapositiva é verdadeira: "Todo seqüência não limitada não converge", o que é usado para provar quando a seqüência é divergente. 3 Teorema 2: Se uma seqüência a n converge para um limite L, e se A então, a partir de um certo índice N, A a n B. Corolário 1: Se uma seqüência a n converge para um limite L L . de certo indíce N, |a n | 2 L B, 0, então, a partir OBS: Sempre que tivermos uma seqüência com limite diferente de zero, poderemos encontrar números A e B de mesmo sinal nas condições do teorema. Em geral, nas aplicações, utilizamos apenas uma das desigualdades, ou A a n ou a n B. Teorema 3: Sejam a n e b n duas seqüências convergentes, com limites a e b respectivamente. Então a n b n , a n b n e ka n , onde k é uma constante qualquer, são seqüências convergentes, além de que, lim a n lim b n a b; a) lim a n b n b) lim ka n k lim a n ka; em particular, k 1 nos dá a n a an a; c) lim a n b n ab; lim a n lim b n d) Se, além das hipóteses acima, b 0, então existe o limite ab nn , igual a ab ; Exercício: Prove, por indução, a seguinte desigualdade, devida a Jacques Bernoulli: 1 x n 1 nx válida para x 1 e n natural. Exemplo: 1) Dado um número a 2) Prove que n n 1. 0, prove que n a 1. Definição 5: Diz-se que uma seqüência a n é crescente se a 1 a 2 an e decrescente se a 1 a 2 an . Diz-se que a seqüência é não-decrescente se a1 a2 an e não-crescente a 1 a 2 an . Diz-se que a seqüência é se ela satisfaz qualquer uma dessas condições. 4 Exemplos: Classifique as seqüências como crescente, decrescente, não-decrescente, não-crescente e monótona. Além verifique se elas são limitadas inferiormente, superiormente e limitada. 1) a n n n 2) a n 1 n 3) a n a n n ,a 0 n par 4) a n n 1 n ímpar an 5) a n n n 6) a n 1 7) a n 5 e an ,a n n 1 n 2a n 1 n 8) a n 1, 2, 5, 9, 1, 1, 1, 9) a n 2, 3, 5, 7, 11, 10) 1, 1, 1, 1, 1, 1, 1, , 37, , 1, 11) 0, 1, 0, 1, 0, 1, 0, 12) a n 5 5 n 1 n , 1, /n 1 (seqüência definida por recorrência) OBS: Seqüência não-decrescente não-crescente é limitada superiormente. é limitada inferiormente. Seqüência Teorema 4: Toda seqüência monótona e limitada é convergente. Exemplo: Prove que a seqüência a n tem limite. 1 n 1 n que define e é crescente e limitada, portanto, Subseqüências Definição 6: Uma subseqüência de uma dada seqüência a n é uma restrição dessa seqüência a um subconjunto infinito do conjunto dos números naturais. Dito de outra maneira, uma subseqüência de a n é seqüência do tipo b j a n j , onde n j é uma seqüência crescente de inteiros positivos, isto é, n 1 n 2 . Notação: a nk nk ou a n n ou a nk k OBS: 1) Qualquer subseqüência de a n pode ser vista como uma seqüência. k nk a nk Exemplos: 2 n n par 1) a n 2) a n 1 n 1 n n ímpar 1 1 n OBS: 1) Subseqüência de seqüência monótonas também é monótona. 2) Subseqüência de seqüência limitada também é limitada. 3) Subseqüência de seqüência limitada inferiormente também é limitada inferiormente. 4) Subseqüência de seqüência limitada superiormente também é limitada superiormente. 6 Teorema 5: Se uma seqüência a n converge para um limite L, então toda sua subseqüência a n j também converge para L. Definição 7: Diz-se que a seqüência a n diverge (ou tende) para e escreve-se ou lim a n se, dado qualquer número positivo k, existe N tal que n N lim a n a n k. Analogamente, a n diverge (ou tende) para e escreve-se lim a n se, dado qualquer número negativo k, existe N tal que n N a n k; Exemplos: 1. a n n 2. a n n2 3. a n n 4. a n n 1 5. a n 3 n2 6. a n 6 n Teorema 6: a) a n an . b) Seja a n uma seqüência não limitada. Sendo não decrescente, ela tende a ;e sendo não crescente, ela tende a . c) Se lima n , então a1n tende a zero. d) Se lima n 0, então a1n tende a se a n 0, e tende a se a n 0. e) Se b n é uma seqüência limitada e a n ou a n , então a seqüência a n b n tende a ou a , respectivamente. f) Se a n e b n c, onde c é um número positivo, então a n b n . (Em particular, a n e bn anbn . g) Se a n . e a n b n , então bn . 7 Exemplos: 1. Prove que a seqüência a n , com a 1, tende a infinito. Teorema 7 (dos intervalos encaixados):. Seja I n a n , b n , n 1, 2, 3, , uma família de intervalos fechados e encaixados, isto é, I 1 I2 In . Então existe pelo menos um número c pertencendo a todos os intervalos I n (ou, o que é o mesmo, c I1 I2 In . Se, além das hipóteses feitas, o comprimento |I n | b n a n do n-ésimo intervalo tender a zero, então o número c será único, isto é, I1 I2 In c . OBS: 1) A condição de que os intervalos sejam fechados é essencial no teorema anterior: In 0, 1n são encaixados e limitados mas não são fechados. É fácil ver que sua interseção é vazia. 2) A condição de que os intervalos sejam limitados é essencial no teorema anterior: n, é uma família de intervalos fechados e encaixados, mas sua interseção é In vazia. Definição 8: Diz-se que L é um valor de aderência ou ponto de aderência de uma dada seqüência a n se a n possui uma subseqüência convergindo para L. Teorema 8 (de Bolzano-Weierstrass): Toda seqüência limitada a n possui uma subseqüência convergente. Teorema 9 (Critério de convergência de Cauchy): Uma condição necessária e suficiente para que uma seqüência a n seja convergente é que, qualquer que seja 0, exista N tal que n, m N . |a n a m | Dado 8 0, existe um índice N tal que, para todo inteiro positivo p, n N . |a n a n p | Definição 9: Chama-se seqüência de Cauchy toda seqüência que satisfaz uma das condições equivalentes. Exemplos: 1 1) a n n 2) a n 1 n n Contra-exemplo:a n 9 1 n.