no nEGÓcio IDENTIDADE CULTURAL TEXTO DE milEna parEntE sua marca sempre viva A o iniciar uma empresa, preocupações fundamentais pairam na cabeça dos empresários: estrutura física, capital, investimentos financeiros, qualidade e diferenciação do produto, mão de obra qualificada, localização estratégica, entre tantas outras que tiram o sono de muitos até verem o negócio consolidado e rendendo os primeiros resultados de um longo trabalho realizado. Mas será que todos lembram que é necessário um cuidado especial com a cultura da empresa? Isso mesmo, para que a empresa se fortaleça no mercado frente ao concorrente, fidelize o consumidor, colaboradores e fornecedores, é necessário que a marca tenha uma cultura forte e estabelecida de maneira que todos possam entender a proposta e os ideais da empresa. Quando bem implantada, resulta em bons frutos e na otimização da companhia. A sócia-diretora da Doers consultoria, Daniela Orefice, explica que entendemos cultura como o conjunto de premissas básicas de atuação e conduta dos membros de uma sociedade. Essas premissas, que obtiveram sucesso ao serem testadas ao longo do tempo, constituem a cultura da empresa e possuem, de acordo com a sócia, quatro funções essenciais: dar aos membros uma identidade; facilitar o compromisso coletivo; promover a estabilidade organizacional; e moldar o compor- tamento ao ajudar os membros a darem sentido a seus ambientes. “Nesse sentido, essas premissas são passadas às pessoas que interagem com a organização (funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, entre outros) em todas as inter-relações sociais, ou seja, na forma com que o conhecimento é gerado e compartilhado, como as decisões são tomadas, como as informações fluem ou não nos diversos níveis ou, ainda, nos comportamentos reforçados e repetidos e naqueles que são desprezados”, relata Daniela. O CEO da Progen, Eduardo Barella, diz que a transferência da cultura de uma empresa está ligada a alguns pilares fundamentais: resultados, pessoas e clima organizacional. • Resultados: uma cultura só é disseminada se a organização tem resultados financeiros positivos • Pessoas: é por meio delas que a cultura é disseminada, e • Clima Organizacional: caso não seja positivo, não é possível a manutenção das pessoas e, como consequência, diminui a produtividade, aumenta a rotatividade e, de acordo com Barella, é provável que afete o resultado “Veja, portanto, que se trata de um ciclo que deve estar muito bem integrado, caso contrário, a cultura se perde”, observa o CEO. O DNA de uma empresa é fundamental para informar a proposta e os ideais ao público. Mas como assegurar essa identidade ao longo dos anos? Como agir em um processo de fusão? Especialistas trazem informações e dicas sobre algo que precisa estar presente no dia a dia de uma organização A cultura de uma organização não é simplesmente transferida, ela deve ser aceita pelo receptor. Para o sócio-fundador da DN Consult, Dorival Donadão, “não há um método simples e direto de transferência e, sim, um processo de influência permanente, para que os principais traços de uma cultura (a chamada essência de uma organização) sejam, de fato, incorporados pelas pessoas”, afirma. Os ideais de uma empresa precisam ser absorvidos pelos seus funcionários, para que gere frutos positivos e duradouros. Na opinião do diretor executivo da Marcondes Consultoria, Caio Brisolla, há duas formas principais: a primeira, ações, comportamentos e decisões da direção da empresa, por meio do exemplo de seus líderes; a segunda são as regras de negócio, em que podemos citar as políticas, processos, procedimentos, códigos (código de ética, dressing code, por exemplo) e até mesmo o layout das instalações. “Essas ‘regras de negócio’ dão vida e sentido à cultura da empresa, pois, a partir de sua definição e prática, as pessoas terão uma clara ideia sobre a identidade da empresa e o que ela valoriza”, explica o diretor. 58 GES39_58-63_NoNegocio_IdentidadeCultural.indd 58 23/12/2011 10:43:23 59 GES39_58-63_NoNegocio_IdentidadeCultural.indd 59 23/12/2011 10:44:15 no nEGÓcio IDENTIDADE CULTURAL O QUE UMA EMPRESA DEVE FAZER PARA ASSEGURAR QUE O DNA DA EMPRESA SEJA MANTIDO AO LONGO DOS ANOS? É importante que uma empresa que queira assegurar a longevidade de sua cultura tenha sucesso em sua trajetória: crescimento, lucratividade e participação no mercado. Na opinião de Barella, a manutenção de se fazer e enxergar as coisas dependem muito do grau de sucesso do que foi feito no passado. Brisolla, relata algumas características que devem ser cultivadas por uma empresa que queira durar: stakeholders, com a realização de ações e projetos que atendam os interesses de acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, parceiros, comunidade, governo e meio ambiente Quando acontece uma fusão ou aquisição, é bastante provável que se sobressaiam, a curto prazo, os fatores ou traços culturais que são mais 5. Resiliente: ao permitir que a cultura resista a crises aderentes e coerentes àquele 2. Visão inspiradora: para e não mude a toda hora, possibilitar que as pessoas negócio. “Foi o que aconteceu Donadão, por sua vez, relaestejam comprometidas e conforme a direção do com a Ambev nas suas recenta que a perenidade de uma identificadas com o direevento tes aquisições e, mais remoto cultura é consequência de cionamento da empresa a no tempo, quando adquiriu a 6. Baixa entropia cultural: sua conexão com os tempos longo prazo Antarctica. Esse negócio, beque faz com que as pessoem que ela coabita. “Culturas bidas, precisa de escala, efias desperdicem parte de extremamente fortes no pas- 3. Orientada por valores: ao fazer que suas práticas, suas energias em trabalho ciência logística e um ‘radar’ sado ganham seu passaporte ações e decisões sejam para o futuro na medida em improdutivo e desenvolpermanente junto ao consupautadas por valores deque se adaptam às mudanvam relações não saumidor. E esses aspectos são finidos pela liderança e ças, sem perder a sua essêndáveis que criem atritos, fortes na cultura da Ambev. disseminados por toda a cia”, acredita. estresse e acabem comPortanto, o próprio perfil da organização prometendo o alcance de O diretor executivo da atividade deixa claro quais 4. Atenção a todos os seus resultados. Marcondes Consultoria, Caio são as características culturais que irão prevalecer”, salienta Dorival Donadão. De forma geral, não há uma regra pronta para isso. fusão: difErEntEs que as modifica também será o sucesso”. Pode prevalecer a cultura da maior emculturas E uma Única É natural que em um processo de fupresa, da mais competente, a que tiver EmprEsa. o QuE faZEr? são haja o prevalecimento da cultura da o melhor portfólio de produtos/serviços Em um processo de fusão, onde a nova empresa que tomou a frente do procesou o melhor posicionamento no mercaequipe será formada por membros de amso, sendo, na grande maioria das vezes, a do. “O ideal seria a construção de uma bas as culturas, é bastante difícil, ou quase maior empresa. Mas Barella observa que ‘terceira cultura’, para que a empresa reimpossível, na opinião de Daniela Orefice, isso não significa que a cultura da empresultante da fusão pudesse aproveitar o prever qual irá se sobressair. “O que obsersa fusionada deva sumir ou ser esquecida: que há de melhor das duas originais e, ao vamos é que, mesmo havendo uma pre“se houve o interesse de fusão, é porque mesmo tempo, abandonar o que não servalência de uma determinada cultura, esexistem nessas empresas aspectos cultuve mais para a nova realidade e incorposa também se modifica. Se o que define as rais e de gestão que devem ser analisados rar novos traços”, elucida Caio Brissola, premissas de uma cultura é o sucesso, o e incorporados”, avalia. que observa ainda que a liderança da no1. Adaptabilidade: para permitir que a empresa se oxigene e mude para fazer frente aos desafios dos novos tempos “Se uma empresa familiar é vendida para outra família ou para um grupo de investidores, é bem provável que a sua cultura mudará ao longo tempo e estará mais alinhada com os valores de seus novos proprietários” caio brisolla, diretor eXecutiVo da Marcondes consultoria 60 GES39_58-63_NoNegocio_IdentidadeCultural.indd 60 23/12/2011 10:44:16 va empresa terá um papel fundamental nessa decisão e construção. A “mescla” de culturas acontece de forma natural nos processos de fusão ou aquisição, mas não na essência: nos princípios, valores, estilo de liderança e padrões fundamentais de governança e estratégia. “A mescla acontece em práticas do cotidiano, em movimentos internos de comunicação e motivação e até mesmo em modelos de comportamento, vestimenta e linguagem. Mas o ‘coração’ da cultura mais forte prevalece”, diz o sócio-fundador da DN Consult. Para Daniela, mais do que poder haver uma mescla, ela deveria ser perseguida, objetivada e incentivada. De acordo com a sócia-diretora da Doers consultoria, a cultura serve para dar significado e equilíbrio às organizações e às pessoas e para identificar um grupo. “Você pertence a um grupo e se compromete com ele quando se percebe representado nele, quando se alinha a ele. Ninguém se engaja pela pressão. As pessoas se submetem à pressão e às necessidades que têm de sobrevivência, mas não se engajam. Qualquer processo de fusão ou de transformação de uma empresa gera um volume de trabalho e de atenção maior das pessoas. As empresas esperam essa participação, envolvimento e engajamento. Participar significa se sentir ouvido”, afirma. A sócia da Doers diz que, num momento de fusão, é fundamental que todos se sintam ouvidos, representados e respeitados, e ouvir significa estar aberto a mudar, a mesclar e a compor. E completa: “É a mescla que gera um resultado superior”. O CEO da Progen, por sua vez, acredita que o ideal é a manutenção de uma única cultura, levando-se em consideração aspectos específicos da empresa fusionada que devem ser levantados e definidos na ocasião da due diligence. “Relevar aspectos específicos da outra organização são especialmente importantes em fusões de empresas de serviços. A manutenção de uma única cultura deve acontecer para que haja a coesão e a orientação adequada quanto ao cumprimento das diretrizes da alta direção da organização”. Durante um processo de fusão, não pode haver imposição de cultura, por não ser sustentável e gerar um proces- também, quem não quer mexer em nada. Nesse caso, Daniela diz que o risco de perder talentos do grupo que chega é grande, ou, até mesmo dos dois grupos. “Em tempos de mercado aquecido e apagão de talentos, perder talentos é o que qualquer empresa não quer”. Empresas familiares e sua cultura de identidade “Não há um método simples e direto de transferência e, sim, um processo de influência permanente, para que os principais traços de uma cultura (a chamada essência de uma organização) sejam, de fato, incorporados pelas pessoas” Dorival Donadão, sócio-fundador da DN Consult so de grande rejeição. Na composição, como sugeriu a sócia-diretora da Doers consultoria, a cultura dominante ensina seus valores, rituais e crenças ao novo grupo, ao mesmo tempo em que está aberta para algumas mudanças e adaptações. Mas há de se levar em conta, A cultura de uma empresa é fortemente moldada e influenciada por seus líderes – de acionistas a diretores. Em uma empresa familiar, portanto, a cultura e os valores praticados confundem-se com a própria história da família, do fundador e com seus próprios valores pessoais – e, novamente, seus comportamentos e as regras do negócio dirão para as pessoas o que a empresa valoriza. “Se uma empresa familiar é vendida para uma outra família ou para um grupo de investidores, é bem provável que a sua cultura mudará ao longo tempo e estará mais alinhada com os valores de seus novos proprietários”, observa o diretor executivo da Marcondes Consultoria, Caio Brisolla. As empresas familiares têm uma história de construção e afirmação da sua identidade cultural. É importante que essa história seja comunicada de uma forma adequada e que as pessoas percebam as conquistas, as dificuldades e as lições aprendidas nesse caminho. Dorival Donadão diz que, nessas empresas, quase sempre há personagens-chave, ou seja, os “heróis” da cultura. “Essas figuras devem exercer um papel de educadores na transposição da cultura, dando depoimentos e contando as histórias que fundamentam a cultura. Aliás, contar histórias é um poderoso canal de comunicação de uma cultura”. PMEs: como delimitar a cultura e passá-la para seus colaboradores, clientes e parceiros? Pequenas e médias empresas quase sempre contam com a “impressão digital” dos empreendedores na sua cultura. Enquanto permanecem nesse porte de empresa, a cultura é fluida e espontânea, quase natural. O problema é quando o crescimento vem e os empreendedores 61 GES39_58-63_NoNegocio_IdentidadeCultural.indd 61 23/12/2011 10:44:17 no nEGÓcio IDENTIDADE CULTURAL MULTINACIONAL: HÁ UMA IDENTIDADE? A HORIBA é uma multinacional especializada na fabricação de equipamentos de medição e análise, que cresceu por meio de fusões e aquisições e possui programas mundiais para a transferência de cultura e, mais do que isso, de filosofia de trabalho. O Joy & Fun é uma filosofia que prega o bem-estar no trabalho. O presidente da empresa explica que há a crença de que, se gostarem do trabalho que desenvolvem e sentirem orgulho disso, se tornarão mais felizes e, consequentemente, mais produtivos e inovadores. Além da filosofia Joy & Fun, a HORIBA possui cinco pilares que sustentam essa forma de trabalho chamado de OMOI: • Fazer parte de uma comunidade colaborativa, na vanguarda de novas ideias e criações • Atingir as metas e fazer a vida memorável, promovendo o maior potencial intelectual • Desenvolver a aprendizagem que capta os desenvolvimentos de negócios para todo mundo, onde quer que ocorram • Se orgulhar de compartilhar o que a HORIBA faz e o que oferece • Querer participar de todas as ações onde possa ajudar “O OMOI significa um sentimento emocional como paixão, entusiasmo, desejo, aspiração, ambição, compromisso, missão e objetivo; sendo a essência para chegar ao Joy & Fun por meio do trabalho”, explica o presidente da HORIBA, Hamilton Ibanes. Ele relata que há reuniões anuais na sede da empresa no Japão, além de um programa por meio do qual é planejado os próximos cinco anos de cada filial. Com esse crescimento mundial, a sede japonesa desenvolveu um livro chamado HORIBA Brand Book, que mostra qual é a filosofia da empresa e como a marca se tornou o que é hoje. A publicação conta ainda com 36 contribuições de funcionários de todas as sedes. “Além disso, os pequenos comportamentos do dia a dia contribuem para que a cultura seja mantida. O próprio fundador da empresa, diferente de outros empreendedores japoneses, valoriza a inclusão de outras culturas ou formas de pensamento no cotidiano, desde que estejam ligados ao bem e valorização das pessoas”, relata Hamilton. já não estão tão presentes nos ambientes de trabalho. Nesse momento, é fundamental que se forme lideranças que sejam as transmissoras da cultura, ficando os empreendedores como “guardiões” dos seus principais traços. Para Brisolla, uma forma interessante para as PMEs é a de aplicar a cultura do protagonismo e empowerment, com foco na identificação e implantação da cultura internamente. Empresas que desenvolvem essas culturas possuem pessoas que não são coadjuvantes e tão pouco vítimas da sorte ou das decisões tomadas por outros, mas, ao contrário, escrevem sua própria história e têm poder legitimado para isso. A melhor forma de implantar a cultura do protagonismo é desenvolvendo um ambiente de trabalho que estimule a participação, autonomia e abertura das pessoas – começando com a liderança, é claro. Em tais empresas, as pessoas são vivas (não estão lá apenas para trocar o seu tempo por um contracheque), determinadas (tomam decisões de modo responsável) e conscientes, e não há espaço para agendas ocultas. Para o público externo, a cultura pode ser percebida por meio das declarações e decisões de seus líderes, “na maneira como os fornecedores são tratados e na velocidade de resposta das reclamações dos clientes”, exemplifica o diretor. Mas ele diz, também, que a cultura também pode ser percebida pela forma como a empresa comunica e gerencia a sua marca. “Os atributos da marca (veiculados, por exemplo, em campanhas publicitárias) são o outro lado da moeda, uma vez que também definem a identidade da empresa, ao mostrar os principais traços de sua cultura para o mercado. No caso de pequenas empresas, o processo é bem semelhante”. Vale lembrar que não há diferenças 62 GES39_58-63_NoNegocio_IdentidadeCultural.indd 62 23/12/2011 10:44:19 entre construir culturas em pequenas ou grandes empresas. O processo é o mesmo, só que nas grandes empresas, ele é mais complexo, por envolver uma maior quantidade de líderes e de pessoas, mas sempre será um processo educacional, de reforço e exemplo, relata Daniela. Como definir os valores da marca? A forma adequada de referir-se ao valor da marca é contextualizarmos sobre o valor estratégico da mesma. Barella diz que, no sentido financeiro, uma empresa vale aquilo que gera de resultado para seu acionista, portanto, o seu valor, no sentido estratégico, está ligado à percepção do público e de seus clientes quanto ao que ela transmite (no que diz respeito às crenças, imagem e credibilidade). “Consequentemente, quanto melhor você trabalha sua imagem e sua marca, melhor você consegue vender o seu produto ou serviço, gerando quase sempre mais retorno ao acionista”, indica. Para o sócio-fundador da DN Consult, os chamados “atributos da marca” devem ser construídos a partir da verdade, ou seja, “eu posso atribuir relevância a alguns aspectos que só são proeminentes no meu ponto de vista e não da verdade do meu entorno. As ‘partes interessadas’ (os stakeholders) estão de acordo comigo? A sociedade, o mercado (principalmente os clientes), a mídia, os acionistas, enfim, os formadores de opinião estão comigo na minha percepção?”. Hipermarcas e a construção de identidade Quando um grupo decide coexistir com várias marcas, o que ele precisa assegurar é que todas elas alicercem-se nos mesmos valores. Mas dar liberdade a cada uma para construir a forma como entregarão esses valores a seus funcionários, clientes, parceiros, fornecedores, é o que irá distinguir perante esses públicos uma marca da outra. Daniela Orefice conta que o alinhamento das lideranças aos valores do grupo deve ser feito de forma uniforme e talvez até colocando essas lideranças juntas, para que haja troca, experimentação e aprendizagem. “Mas sempre com o objetivo de os valores fundamentais do grupo serem reforçados por eles, em cada empresa, todos os dias”. Todavia, Donadão ressalta que as hipermarcas, por si só, não configuram uma cultura e, sim, um portfólio de produtos. O sócio-fundador da DN Consult exemplifica com a Procter & Gamble, uma organização de hipermarcas, que recentemente percebeu que, especificamente no Brasil, não tinha clareza de comunicação de sua marca corporativa. “Isso explica o investimento recente e pesado nos grandes canais de comunicação para agregar as marcas em um símbolo único (o logo institucional P&G) e passar alguns atributos importantes que posicionam essa marca corporativa (qualidade, inovação, etc)”. Há desafios para manter o DNA? Quais erros não podem cometer? O principal desafio é o da congruência entre o que a empresa comunica e aquilo que realmente define a sua identidade. A marca comunica para fora o que a empresa é por dentro, ou seja, a sua identidade, a sua cultura, e será melhor entendida pelo público externo se houver reforço constante por meio de discursos e, principalmente, atos e decisões da administração da empresa que sejam coerentes com os seus valores. “As marcas também precisam se oxigenar de tempos em tempos; ou seja, elas precisam mudar o visual e a linguagem para retratar a nova realidade da empresa”, relata Brisolla. As marcas têm um limite de afirmação dos seus atributos e esse limite é configurado pela competitividade do mercado. Para que a cultura seja gerenciada de maneira eficaz, o diretor aponta alguns dos erros mais comuns que devem ser evitados: tomar decisões sem que haja um bom diagnóstico da situação atual (ou seja, na “base do achismo”); acreditar que mudança de cultura é um processo rápido (não raro, a mudança dura mais de cinco anos); deixar que a área de RH (ou qualquer outra) sinta-se dona do projeto quando, na verdade, o principal patrocinador e dono do projeto é a liderança da empresa; achar que qualquer consultoria vai implantar a mudança (ela só ajuda, questiona, desafia as pessoas); achar que a empresa muda por si só co- “O que observamos é que, mesmo havendo uma prevalência de uma determinada cultura, essa também se modifica. Se o que define as premissas de uma cultura é o sucesso, o que as modifica também será o sucesso” Daniela Orefice, sóciadiretora da doers consultoria mo um monobloco – as pessoas mudam e esse processo não é nada linear; aliás, frequentemente, há sofrimento, estresse e perdas ao longo desses processos. Para Dorival Donadão, não é uma questão de erros e, sim, de posicionamento. “O importante é a escolha estratégica de uma marca: o que ela é, qual o seu valor competitivo e como sustentar esse valor na arena competitiva”. 63 GES39_58-63_NoNegocio_IdentidadeCultural.indd 63 23/12/2011 10:44:20