Coro ‘Quem canta seus males espanta’ Em Foco Pág. 13 Borba Inaugurado novo lar de idosos Terceira idade Santo Estêvão Voluntários colocam mãos à obra Pág. 15 Em Ação VOZDAS MISERICÓRDIAS Pág. 12 União das Misericórdias Portuguesas diretor: Paulo Moreira | ano: XXVIII | outubro 2012 | publicação mensal Integração Degradação da proteção no lagar de social preocupa Santas Casas Valpaços Vindimas As Santas Casas estão preocupadas com a “degradação dos mecanismos de proteção social que a proposta de Orçamento de Estado para 2013 apresenta”. O alerta surgiu no âmbito da última reunião do Conselho Nacional da União das Misericórdias Portugue- Solidez das finanças públicas deve assentar num processo contínuo de solidariedade nacional sas, em Vila Viçosa a 20 de outubro. Os conselheiros alertaram ainda que a necessidade de se afirmar a solidez das finanças públicas deve “assentar num processo contínuo de solidariedade nacional para com os mais desfavorecidos”. Assim, as Santas Casas se dispo- nibilizam “para participarem no esforço de racionalização da despesa pública, potencializando a manutenção de uma rede social que reduza as assimetrias da sociedade e permita a manutenção do princípio da solidariedade entre as gerações”. Última, 24 Em época de vindimas, a Santa Casa de Valpaços envolve idosos e cidadãos com deficiência no corte e na pisa das uvas, promovendo a integração e a valorização pessoal. Depois do vaivém das caixas, as uvas acumulam-se no lagar à espera de pés enérgicos. Do lado de fora, controla-se a ansiedade e o entusiasmo de recuperar velhos hábitos. Em Ação, 8 Cortejo Terceira idade ‘EnvelheSer’ integra idosos em Cascais Solidariedade saiu à rua em Sangalhos A solidariedade saiu à rua em Sangalhos. Centenas de pessoas responderam ao convite da Misericórdia local e participaram no cortejo das oferendas que aconteceu no último dia de Setembro. Aos quilos, aos pares, aos molhos. A forma não era importante. Fundamental era o espírito de dádiva que se criou entre todos os lugares da freguesia. Em Ação, 9 João Paulo II Voluntariado é alicerce do Centro “EnvelheSer”. A diferença entre um C e um S é que para a Santa Casa de Cascais constitui a essência do trabalho junto da população idosa e o projeto Dinâmica Sénior é uma das faces mais visíveis deste trabalho. Para marcar o Dia Mundial do Idoso, celebrado no primeiro dia de Outubro, fomos conhecer este e outros trabalhos desenvolvidos pelas Misericórdias em todo o país. Destaque, 4 a 6 Então com 60 anos, Amélia Catarino foi a primeira a inscrever-se para o serviço de voluntariado do centro João Paulo II - que ajudou a construir - tendo-se tornado num dos “pilares” nos quais o seu fundador, o padre Virgílio Lopes, se apoiava. Em setembro passado, faleceu a mais antiga voluntária do centro de deficientes profundos da UMP em Fátima. Em Ação, 10 2 www.ump.pt vm outubro 2012 panorama A FOTOGRAFIA espaço sénior Tempo de reencontro É também altura de dar as boas vindas aos novos colegas que se juntam a este projeto. Queremos que se sintam em sua casa e que desfrutem as escolhas que fizeram do variado leque em oferta T iveram início no passado dia 8 de Outubro as atividades escolares na nossa Academia de Cooperação e Cultura. Mais do que início das atividades escolares, trata-se na verdade do reencontro entre amigos que não se viram durante algum tempo. É sempre com grande alegria que vivemos este reencontro, que trocamos as nossas experiências de férias, que renovamos o nosso desejo de aprender coisas novas É também altura de dar as boas vindas aos novos colegas que se juntam a este projeto. Queremos que se sintam em sua casa e que desfrutem as escolhas que fizeram do variado leque em oferta. Este ano realizámos um sonho antigo, efetuar as inscrições através de uma aplicação informática, que muito facilitou todo o procedimento, não só da inscrição em si, mas também na produção das pautas e acesso à informação necessária para a gestão deste processo. Expressamos o nosso grande desejo: que a nossa Academia seja cada vez mais um espaço de convívio, de partilha, de fortalecimento e renascimento de amizade. Bem-vindos. A subir Melhor voluntária Isabel Fernandes, de 24 anos, recebeu o prémio europeu de “Melhor Voluntário”, da Active Citizens of Europe. A portuguesa foi distinguida pelo trabalho com 900 pessoas no sul de Moçambique. Barcelos Homenagem à benemérita A Santa Casa da Misericórdia de Barcelos prestou uma homenagem à principal patrocinadora do Centro Social, em Silveiros, pelo nono aniversário do seu falecimento. Maria Eva Nunes Corrêa nasceu naquela freguesia em 1918 e foi exemplo de generosidade ao ajudar diversas instituições em todo o país, tendo doado uma pequena parte da sua fortuna para a criação do Centro Social que, hoje, tem o seu nome e que acolhe idosos em lar e educa as crianças. A homenagem à benemérita teve lugar a 15 de outubro e contou com a participação de dirigentes, convidados e utentes. A Descer Jovens inativos Jovens portugueses entre os 15 e os 29 anos que não estudam nem trabalham já custam ao Estado 2680 milhões por ano. É um montante que corresponde a 1,57% do Produto Interno Bruto (PIB). A Frase Bagão Félix ocupação Purificação Noronha Academia de Cultura e Cooperação da UMP [email protected] “A ideia que se dá ao País é que não vale a pena investir no futuro, no trabalho, na dedicação, no profissionalismo, no êxito, no sucesso. Não, não vale a pena. Porque, a partir de uma determinada altura, é um napalm fiscal, arrasa tudo.” O Número 116 funerais No último ano, a Irmandade da Misericórdia e de São Roque de Lisboa acompanhou funerais de 116 pessoas sem-abrigo, entre mulheres e crianças, oriundos de múltiplos países e com diferentes religiões. O Caso Santo Tirso Idosos em movimento na Santa Casa A Misericórdia de Santo Tirso celebrou o Dia Internacional do Idoso e do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações com uma Semana Aberta que envolveu pessoas de todas as idades. Segundo comunicado da instituição, a iniciativa envolveu utentes das respostas sociais de geriatria e dependência, tendo privilegiado a participação de pessoas com mais de 65 anos. A Semana Aberta da Misericórdia de Santo Tirso também contou com a presença de utentes de outras instituições da localidade. O programa, que decorreu entre 1 a 5 de outubro, contou com muita animação, desde vários momentos musicais ao vivo de grupos etnográficos, momentos desportivos e de relaxamento ao ar livre, sem esquecer da tarde dançante na Pedra do Couto, recordando as músicas do passado que puseram todos os participantes a mexer. Houve ainda oportunidade para diálogo sobre a “Alimentação Saudável” e “Cuidados de Enfermagem” no Centro Eng. Eurico de Melo, trocando impressões e desmistificando conceitos e práticas. “Mas sem dúvida que a iniciativa que teve mais impacto na comunidade foram os rastreios de saúde, realizados junto ao hospital, logo na abertura da semana, em comemoração do dia internacional do idoso. A Misericórdia contou com a parceria da Clitirso e do Jorge Oculista, realizando assim rastreio de enfermagem (hipertensão arterial, diabetes), rastreio nutricional (índice massa corporal), rastreio de podologia e visual. No total foram realizados cerca de 400 rastreios, que foram insuficientes para as solicitações, demonstrando a recetividade da população para os cuidados de saúde.” Rastreios marcaram iniciativa outubro 2012 vm www.ump.pt 3 ON-LINE Opinião Património das Misericórdias II São as Misericórdias um manancial de valores tais e tantos nos sectores da beneficência, como nos da cultura e da história, que a seu respeito alguns testemunhos merecem ser recordados e sublinhados É que o Gabinete do Património Cultural da UMP, conotado como está com a Associação Portuguesa de Museologia – Prémios APOM do Museu do Oriente, recebeu – e com mérito justamente reconhecido - o prémio de uma Menção Honrosa, pela Inovação e Criatividade e Inventário e Catalogação dos Bens Culturais das Misericórdias, até agora já efetuados. Foi testemunho público dos trabalhos já conseguidos a proclamação do Dia do Património das Misericórdias, e organizado pela primeira vez, bem como proclamado em 6 de Maio de 2011, no Salão Nobre da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães; pelo que o Dr. Manuel Lemos, voz e presença oficial da UMP, sublinhou como “um momento privilegiado de reflexão sobre o trabalho desenvolvido, e simultaneamente de definição e promoção de novas estratégias para o futuro”. São as Misericórdias um manancial de valores tais e tantos nos sectores da beneficência, como nos da cultura e da história, que a seu respeito alguns testemunhos merecem ser recordados e sublinhados: “Não se pode escrever a história de Portugal sem as Misericórdias” como o subscreveu Alexandre Herculano (1810-1877). Ao mesmo que sublinhava ainda: “No meio de uma nação decadente, mas rica de tradições, o mister de recordar o passado é uma espécie de magistratura moral, e uma espécie de sacerdócio…” E James Murphy, arquiteto irlandês que visitou Portugal logo após o terramoto de 1755, no seu livro, Viagens em Portugal, registou: “…há aqui instituições chamadas Irmandades da Misericórdia, que constantemente desempenham obras de caridade. É quase impossível enumerar todos os atos de beneficência praticados pela venerável Irmandade; atos baseados nos mais puros princípios da religião e humanidade, e sem a menor ostentação e hipocrisia.” Essa instituição definiu-a também com a sua autoridade de homem da fé e da pena, Frei Luis de Sousa, ao consigná-la como “um género de religião inventado pelo povo português” (1555-1632) O que viria em confirmação e reforço de um testemunho já muito antes subscrito por S. Francisco Xavier, quando, a caminho do Oriente, desembarcou em Goa, e já lá viu e testemunhou numa carta a Sto. Inácio, seu Padre-mestre: “Haveis de saber que nesta terra e em todos os lugares cristãos há uma companhia de homens muito honrados que têm cargo de amparar toda a gente necessitada…e se chama Misericórdia”. (15.III.1540) Vila Viçosa Valorizar memória e tradição oral A Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa está a desenvolver um projeto que visa valorizar a memória e a tradição oral dos idosos. “Memórias” é o nome desta iniciativa que consiste na recolha de receitas antigas, versos, cantigas e adivinhas. A divulgação deste conhecimento dos seniores é realizada no comércio local, com cartões que as pessoas podem consultar, ler e, se desejarem, levar para casa. Chaves Polidesportivo teve obras de requalificação O polidesportivo da Escola de Artes e Ofícios Prof. Nuno Rodrigues, da Misericórdia de Chaves, foi renovado e agora conta com relvado sintético e vedação. As obras de melhoramento, que custaram cerca de 25 mil euros, tiveram o apoio da Repsol Gás e do município de Chaves. A integra-se “na estratégia de requalificação dos equipamentos sociais da Santa Casa”, referiu o provedor João Paulo Abreu. Enfermagem Escola da UMP em Angola Funchal Celebrar dia do idoso com filme A Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias, da UMP, foi escolhida enquanto entidade coordenadora do carácter técnico-científico do “Projeto Forvida”. O projeto visa formar todos os enfermeiros das unidades de saúde geridas pela Igreja Católica em Angola e decorre da parceria entre a Fundação Fé e Cooperação, a Caritas de Angola e o Ministério da Saúde de Angola. A iniciativa tem duração de dois anos. Os idosos da Santa Casa da Misericórdia do Funchal celebraram o Dia Mundial do Idoso a realizar um pequeno filme. Segundo o técnico responsável, Marco Andrade, depois de uma sessão de reflexão sobre o que a terceira idade que passou sobretudo pelo debate sobre a distinção entre duas palavras sinónimas: velho e idoso. O filme foi realizado com testemunhos sobre a importância de um idoso se manter ativo no seu dia-a-dia. SLIDESHOW Concurso Angra do Heroísmo vencedora Manuel Ferreira da Silva Historiador e fundador do Voz das Misericórdias A Misericórdia de Angra do Heroísmo venceu o concurso promovido pelo Gabinete da Eurodeputada Maria do Céu Patrão Neves no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações. Para participar, as instituições precisavam de cumprir apenas duas condições: as equipas tinham de ser constituídas por duas pessoas com uma diferença de 50 anos de idade entre elas e ser residentes nos Açores. O objetivo era eleger um logotipo regional para o Ano Europeu. 4 www.ump.pt vm outubro 2012 DESTAQUE Passeios animam idosos em Cascais ‘EnvelheSer’ integra idosos em Cascais Bethania Pagin Através do projeto Dinâmica Sénior, da Misericórdia de Cascais, são organizadas diversas iniciativas que vão desde um simples almoço a viagens de três ou quatro dias “EnvelheSer”. A pequena diferença entre um C e um S é que para a Misericórdia de Cascais constitui a essência do trabalho junto da população idosa. Por isso, “EnvelheSer” é que se lê em todas as carrinhas de apoio à terceira idade da Instituição. Naquela Santa Casa, para além dos cuidados mais urgentes e básicos, todos – dos colaboradores aos dirigentes, passando também pelos voluntários – se preocupam em proporcionar aos seniores uma vida repleta de afetos, de convívio e de alegria. O projeto Dinâmica Sénior é uma das faces mais visíveis deste trabalho. Para marcar o Dia Mundial do Idoso, celebrado em Outubro, fomos conhecer este e outros trabalhos desenvolvidos pelas Misericórdias em todo o país. A ideia surgiu junto dos colaboradores do apoio domiciliário da Santa Casa de Cascais e foi rapidamente apoiada pelos dirigentes. Foi há cerca de três anos e o balanço atual é bastante positivo. Para a provedora, Isabel Miguéns, trata-se de devolver a pessoa ao seu próprio espaço, de integrar de volta os idosos na sociedade. A ideia é simples, mas não teria sido possível, outubro 2012 vm www.ump.pt 5 Envelhecimento ativo A União das Misericórdias Portuguesas vai promover, no próximo dia 30 de Novembro, um seminário no âmbito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações. A iniciativa vai ter lugar em Lisboa O que é envelhecer? No mês em que se comemora o Dia Mundial do Idoso, fomos à Misericórdia de Cascais conversar sobre terceira idade. Dois utentes e uma voluntária contaram-nos o que consideram ser os prós e os contras do envelhecimento. Manuel Maia 88 anos Utente da Residência Sénior O lado bom do envelhecimento é ter paz e poder usufruir dos frutos de uma vida de trabalho. Hoje há uma grande preocupação por parte de todos por causa da recessão, que põe em dúvida e em risco a paz de espírito que eu e minha mulher aspiramos. Este lar é muito bom, mas com os cortes anunciados, tenho dúvida que me possa manter por aqui. Quando não há incertezas e temos saúde, é possível envelhecer com serenidade. Conceição Reino 94 anos Utente da Residência Sénior realça a provedora, se não fosse o entusiasmo da equipa técnica. Através do projeto Dinâmica Sénior, são organizadas diversas iniciativas que vão desde um simples almoço a viagens de três ou quatro dias. Dezenas de cidades do país já receberam idosos da Misericórdia de Cascais. Em média, os grupos são compostos por 20 pessoas. A média etária ronda os 88 anos, conta-nos a assistente social responsável por este projeto e também pelo apoio domiciliário da Santa Casa. De acordo com Ana Carreira, o primeiro passeio foi o mais difícil de organizar. Hoje em dia, continua, já são os próprios utentes que perguntam para quando está marcada a próxima viagem, o próximo almoço ou o próximo convívio. Com o mês de novembro à porta, já está a ser organizado o magusto de São Martinho. Os passeios podem ser culturais, mas já houve idas à praia e até algumas “aventuras”, onde a idade não foi obstáculo e os idosos não tiveram medo, destacou a assistente social, lembrando o dia em que seniores “fizeram slide e gostaram”. E como surgiu então a ideia? Segundo Ana Carreira, o projeto nasce da constatação de que muitos idosos do apoio domiciliário passavam demasiado tempo em casa sozinhos e a maior parte não estava interessada em frequentar os centros de dia ou de convívio da instituição. Era preciso dar vida àquelas pessoas, tirá-las de casa. Além da alegria, devolvê-las ativamente à sociedade também acaba por ditar o adiamento da institucionalização. Passados três anos, o balanço é mais que positivo. Além do entusiasmo dos utentes, também por parte das famílias já há confiança no projeto e a prestação dos serviços de apoio domiciliário também melhorou. Todos os passeios e iniciativas são motivo de conversa quando os auxiliares vão a casa dos utentes. Para a provedora Isabel Miguéns, o projeto Dinâmica Sénior revela a capacidade que a equipa técnica tem para “ouvir” os utentes e encontrar soluções para os seus problemas. “O trabalho de ação social não deve ser estático”, destacou aquela responsável, lembrando também que iniciativas lúdicas como essas “ajudam a diluir as relações de hierarquia”, privilegiando as relações interpessoais nas diversas respostas sociais da instituição. O envelhecimento não tem lado mau. Gosto muito de estar aqui. Todos gostam de mim e eu gosto de todos. Sou muito feliz e tenho saúde, mas entristeço-me quando vejo idosos doentes. Também me preocupa o futuro por causa da situação em que está o país e o mundo. Faço apenas aquilo que posso: rezar e pedir a Deus que tenha compaixão por todos nós. Graça Reis 68 anos Voluntária há 20 anos na Misericórdia O lado positivo do envelhecimento é sabermos cuidar de nós. Noto que elas gostam muito de vir ao cabeleireiro. Sempre gostei de pessoas idosas e cuidar da autoestima é uma maneira de evitar aquela sensação de que somos desprezados quando somos mais velhos. Cuidar da aparência é uma maneira de promover o bem-estar. Comecei como voluntária na Misericórdia há 20 anos e hoje em dia já não me sinto capaz de parar. Sustentabilidade social ameaçada A sustentabilidade das instituições sociais esteve em foco durante o seminário promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós Maria Anabela Silva Manter a sua sustentabilidade e o trabalho social que prestam, aumentar a intervenção na comunidade, criando novas redes de cooperação e de parceria são os grandes desafios das instituições sociais. Esta foi uma das principais conclusões do seminário “Envelhecimento ativo – que presente, que futuro?”, promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós, em pareceria com a Associação Amigos da Grande Idade, que teve lugar no início de Outubro. “Há hoje um problema de sustentabilidade das instituições”, afirmou Joaquim Guardado, provedor da Misericórdia de Pombal, que interveio em representação do presidente da União das Misericórdias Portuguesas. O dirigente frisou que o Estado determina o valor de 930 euros como custo médio de cada idoso institucionalizado em lar, “mas só financia 350 euros”. “Onde vamos buscar o restante [580 euros], sabendo que a reforma da maioria dos utentes ronda os 200 euros e que as famílias têm dificuldades em comparticipar?”, questionou. Joaquim Guardado alterou também para o facto de aos lares chegarem idosos cada vez mais dependentes e com problemas de demência, situação que exige às instituições um maior número de funcionários. Face a essa realidade, o provedor entende que é necessário repensar a filosofia dos lares, com as instituições a apostarem numa maior especialização, vocacionando-se para determinadas doenças. Para fazer face às dificuldades atuais, Joaquim Guardado entende ainda que as instituições devem pôr de lado qualquer sentimento de rivalidade e pensar numa “lógica de partilha”. “É importante aprender com quem faz bem e criar uma cultura em que, para servir não basta ter vontade, tem de se ser competente”, acrescentou José Barreiros, sociólogo, que considerou que um dos grandes desafios do sector social reside na “qualificação das organizações, ao nível dos recursos humanos e da eficiência”. Por seu lado, João Ralha, especialista em Gestão Empresarial, frisou que os reformados representam “um capital importante, em termos de disponibilidade, experiência e talento”, que tem de ser potenciado e dinamizado. “Temos aqui uma espécie de mina de ouro que não está a ser explorada”, afirmou o gestor, para quem essas pessoas devem ser “preparadas e formadas”, para que possam prestar apoio a outros idosos, através, por exemplo, de cuidados sociais e de saúde ao domicílio. “Se a pessoa está reformada e capaz, pode dar apoio a um vizinho”, disse, sublinhando que esse reforço das redes sociais traria “grandes benefícios para a população e reduzia os encargos do Estado. O seminário organizado pela Misericórdia de Porto de Mós reuniu centenas de pessoas. UMP representada pelo provedor de Pombal 6 www.ump.pt vm outubro 2012 DESTAQUE Idosos nos carris da memória em Murça Para comemorar o Dia Internacional do Idoso, 20 utentes dos lares da Santa Casa de Murça viajaram de comboio desde o Pinhão até ao Peso da Régua Passeios para estimular convívio Patrícia Posse Na estação do Pinhão, havia rostos ansiosos por ver chegar o comboio com destino à cidade mais próxima. “O passeio foi planeado para assinalar o Dia do Idoso, para que saíssem da instituição e tivessem um dia diferente. Depois, ainda há uma visita ao Museu do Pão e do Vinho [Favaios]”, revelou a animadora sociocultural da Santa Casa de Murça, Sónia Rocha. Durante o percurso, os 20 utentes dos lares de Murça e do Fiolhoso cantaram, bateram palmas, espreitaram pela janela. Aos 72 anos, Benedita Rodrigues andou de comboio pela primeira vez. “Foi bonito. Gostei da viagem e da paisagem, que não conhecia.” Utente do lar desde 2002, Benedita elogia este tipo de atividades, pois “distraem”. Sónia Rocha reconhece as mais-valias para o bem-estar psíquico: “muito tempo na instituição faz com que fiquem tristes e isto é uma forma de os animar, de saírem da rotina e de lhes proporcionar novos conhecimentos”. António Zineira, 82 anos, é um homem habituado a estas andanças. “Viajei muito de comboio para ir para Lisboa, onde trabalhava.” Saía do Tua às 9h e chegava à capital pelas 16h30, tenho de ir para o lar. Dizia sempre que não queria ir, mas, agora, fui a primeira a pedir porque não quero estar sozinha.” Muitos idosos sentem-se desamparados e a maioria olha para esta fase da vida com pessimismo, principalmente por “não querem ir por vontade própria para o lar e sentirem que os familiares não querem ficar com eles em casa”. “Por isso, temos situações de revolta e de desmotivação total”, acrescenta Sónia Rocha. Há ainda “um caminho a percorrer” na valorização do papel do idoso. “Para as pessoas que vivem em zonas isoladas, era muito complicado se não tivessem estas instituições para os acolher e dar o mínimo de apoio e conforto”, refere. Aos 85 anos, Cremilde admite que viveu “muita solidão”, por causa de dois dos três filhos estarem em Ango- A frequência do centro de dia tem sido um elixir: “gosto muito de fazer amizades e tenho convivência com muita gente” mas há mais de 20 anos que não usava os caminhos-de-ferro. “Já conhecia estas paisagens, mas é diferente. Antes não se viam estes barcos.” O octogenário José Pinheiro também não é estreante. “Fiz muitas vezes do Pinhão para a Régua e para Lisboa, onde trabalhei. Também fui para a segada para Macedo de Cavaleiros. Só não gostava do barulho do comboio.” Nascida em Angola, Cremilde Santos veio para Portugal e o comboio foi o seu primeiro meio de transporte. “Na minha terra andei muito e aqui apanhei-o em Lisboa para Vila Real. Depois vim de táxi para Murça e por ali fiquei.” Apesar de já ter ido de comboio de Mirandela à Póvoa de Varzim “muitas vezes”, foi aos 85 anos que Maria Augusta Castro conheceu o itinerário Pinhão-Régua. “É muito bonito. Eu gosto de ver as paisagens.” Com 79 anos, Georgina Rosa não estranha o movimento sobre os carris. Aliás, até já tinha feito a mesma viagem, mas desta vez agradou-lhe mais “porque vinha com gente conhecida”. “Gosto muito de passear para não estar sempre presa no lar”, sublinha. Com quatro filhos, 10 netos e 10 bisnetos, Georgina teve “uma vida de muito trabalho”. Hoje, frequenta o centro de dia e perspetiva o seu envelhecimento com tristeza, sobretudo pela inevitabilidade da institucionalização. “Tenho muitos filhos e la. Contudo, a frequência do centro de dia tem sido um elixir: “gosto muito de fazer amizades e tenho convivência com muita gente, continuo a fazer crochê e também ando na hidroginástica”. Recorde-se que no âmbito do Dia Mundial do Idoso, no primeiro dia de outubro, as Misericórdias organizam em todo o país inúmeras e variadas atividades que visam celebrar a data com os utentes seniores. 259x351_JSC.pdf 1 1/16/12 10:16 AM a s a C a t n a S s . o s g a o s J u a s c o n s a r o a t b s Apo creditar nas éa C M Y CM MY CY CMY K truir futuros. s n o c a r a d ju sas ra a balhamos pa ibuto que dá às boas cau a tr a s a C ta n Nos Jogos Sa so agradecer-lhe o contr ndo-nos a levar r is da Queremos po sta nos jogos sociais, aju recisam. p po sempre que a perança àqueles que mais s. es r Boas Causa ia o p a é m diariamente a é b m Santa Casa ta s o g o J s o n r Aposta 8 www.ump.pt vm outubro 2012 em ação Pisar a uva ajuda na integração de utentes Integração no lagar de Valpaços Em época de vindimas, a Santa Casa da Misericórdia de Valpaços envolve idosos e cidadãos com deficiência no corte e na pisa das uvas, promovendo assim integração e a valorização pessoal Patrícia Posse Depois do vaivém das caixas, as uvas acumulam-se no lagar à espera de pés enérgicos. Do lado de fora, controla-se a ansiedade e o entusiasmo de recuperar velhos hábitos. “Os idosos participam ativamente na vindima e transmitem os seus saberes às pessoas mais novas. É um reviver de tradições e a demonstração de que ainda são capazes”, refere a diretora técnica da Santa Casa de Valpaços, Marilina Lopes. Para o provedor Altamiro Claro, é um modo de “quebrar a rotina do dia-a-dia do lar” e fazer com que os utentes se sintam úteis. A pisa está reservada aos idosos que ainda têm capacidade física e a quatro utentes com deficiência. Neste último caso, a integração é “altamente positiva”. “Sentimos a felicidade que eles sentem pelo envolvimento com o resto dos trabalhadores da quinta”, revela o vice-provedor Luís Sousa. Paulo Teixeira, 42 anos, confirma: “a pisa faz-se bem e estou entretido com os outros”. “Temos de calçar umas galochas e andar a pisar. Não tem muito que saber. Vamos conversando uns com os outros e, depois, vê-se quando o vinho está pronto”, relata. Na vindima, Paulo não se coibiu de provar as uvas e garante que “estavam docinhas e havia muitas”. Para a diretora técnica, é crucial valorizar a participação destes utentes de forma a motivá-los e a perceberem que “não são uma fasquia separada da sociedade ou do lar”. “É diferente estarem entre pessoas com mais de 65 anos a verem-se, também, integrados num grupo de pessoas ativas. Isso é muito bom em termos de valorização pessoal e profissional.” Do lar de S. José vieram dois reforços de peso: Carlos Monsalvarga e Augusto Cardoso, ambos com 80 anos. “Não é preciso saber muito, é só pisar. Agora, é mais fácil, porque existe uma máquina que separa logo o cangalho da uva, que fica logo limpa. Também já não é preciso pisar tanto tempo e nas cooperativas já nem pisam”, observa Carlos. O jogo da cabra cega fermenta-lhe na memória, pois era muito popular entre os pisadores de antigamente. “Tapávamos os olhos a alguém e, depois, tinha que apanhar outro e dizer quem era. Se acertasse, passava a venda. Num lagar como este em que andamos, tínhamos que andar muito tempo uns atrás dos outros.” Augusto foi à vindima pela terceira vez, mas só este ano é que se estreou na pisa das uvas. “Fez-me lembrar os meus tempos, em que custava mais… Mas também depende muito das pedras do lagar. Se as pedras forem mais frias e em lagares muito fechados, o O ritual da pisa da uva deixa Augusto saudoso da paródia que era outrora: ‘bebia-se um copito e aquilo era uma brincadeira’ vinho demora mais tempo a estar pronto”, revela. O octogenário garante que “se o lagar andar trabalhado, o vinho levanta mais depressa”. “Pisar é fácil, ainda mais agora que já vai tudo escolhido. Tem é que se ir provando o vinho e quando começar a perder a doçura, tem de ir para a pipa. Depois, vem o dia de S. Martinho em que, como diz o ditado antigo, vai à adega e prova o vinho.” O ritual deixa Augusto saudoso da “paródia” que era outrora: “bebia-se um copito e aquilo era uma brincadeira”. Quando regressam ao lar, Marilina Lopes percebe que os idosos vêm “radiantes, bem-dispostos e vontade de partilhar com quem ficou”. Este ano, os 6,5 hectares de vinha renderam cerca de 30 mil quilogramas de uvas, uma produção superior à do ano anterior. “Além da maior vigilância e das condições atmosféricas, temos vinhas novas que a cada ano vão proporcionando maior produção”, justifica o vice-provedor, responsável por toda a parte de produção agrícola da Misericórdia de Valpaços. outubro 2012 vm www.ump.pt 9 Estarreja celebra 77 anos A Misericórdia de Estarreja completou o 77º aniversário com uma atuação do seu grupo coral. A celebração terminou com um bolo de aniversário para idosos e crianças da instituição. Solidariedade saiu à rua em Sangalhos Centenas de pessoas responderam ao convite da Santa Casa da Misericórdia de Sangalhos e participaram no cortejo das oferendas da instituição Homenagem a Calado da Maia Novo edifício em Rio Maior Misericórdia de Rio Maior inaugurou um novo edifício para fisioterapia e serviços administrativos da instituição Antigo provedor foi homenageado A Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior inaugurou um novo edifício em que estão instalados os serviços da fisioterapia e os serviços administrativos da instituição. No mesmo dia, foi descerrada uma lápide em homenagem ao antigo provedor, Calado da Maia, cujo nome foi dado ao antigo hospital da Misericórdia. Foi a 29 de setembro. A cerimónia de bênção das novas instalações contou com a participação do bispo de Santarém, D. Manuel Pelino Domingues, coadjuvado pelo pároco e capelão da Misericórdia, o padre António Diogo. Segundo o provedor, João de Castro, aquela empreitada custou cerca de um milhão e 200 mil euros à Misericórdia de Rio Maior, “que se encontra paga na totalidade, não tendo havido qualquer comparticipação quer estatal, quer comunitária”. Presente na cerimónia, o vice-presidente da autarquia, Carlos Frazão Correia, assegurou um subsídio de 300 mil euros atribuído à Santa Casa, que irá ser liquidado dentro das possibilidades de tesouraria da câmara municipal. Para encerrar a sessão solene, teve lugar uma atuação do Coro da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior, sob a direção do maestro Luis Gamboa. VOLTAAPORTUGAL Alzheimer é tema de debate em Aveiro A Misericórdia de Aveiro promoveu um seminário sob o tema “Lembrar Alzheimer”. O objetivo era refletir sobre os desafios colocados pela doença. Dedicado a profissionais e estudantes da área da enfermagem, medicina, serviço social, sociologia, psicologia, fisioterapia, animação social, gerontologia e comunidade em geral, o evento teve lugar a 18 de outubro. Vera Campos A solidariedade saiu à rua em Sangalhos. Centenas de pessoas responderam ao convite da Santa Casa da Misericórdia local e participaram no cortejo das oferendas que aconteceu no último dia de Setembro. Aos quilos, aos pares, aos molhos. A forma não era importante. Fundamental era o espírito de dádiva que se criou entre todos os lugares da freguesia. Batatas, cebolas, farinhas, abóboras, patos, galinhas e afins. Estes e outros géneros, e alguns donativos em numerário, foram entregues no final de um cortejo que a Misericórdia de Sangalhos não organizava desde a década de 80. Manuel Gamboa é o provedor daquela Santa Casa que se encontra a comemorar 80 anos. Chamar a comunidade à Misericórdia foi o mote para a reativação do cortejo das oferendas. “Pensamos deste modo atrair algumas receitas, mas, acima de tudo, e principalmente, envolver a comunidade”, explica. As expectativas foram superadas, e os responsáveis mostravam-se “agradavelmente satisfeitos”. Cerca de trinta carros em fila transportavam as ofertas da população que compareceu em massa. Miúdos e graúdos, uns assistiam pela primeira vez, outros recordavam tempos passados. No final, um animado leilão concentrou a comunidade junto ao palco. Lúcia Araújo era uma das que recordava outros tempos porque participou no cortejo das oferendas com apenas oito anos de idade. Hoje, com 53, sente-se feliz por contribuir. “Está ser um espetáculo. Não é pela festa, mas pela solidariedade, pela misericórdia. Do lugar que organizei, posso dizer que superou as expectativas. As dificuldades são muitas, mas juntos conseguimos, essencialmente em géneros, contribuir com uma boa oferta”. Numa altura de crise generalizada, a instituição vê-se obrigada a uma gestão “muito rigorosa” dos seus recursos financeiros, pelo que a ajuda alcançada com o cortejo das oferendas Corridas solidárias em Santarém A Monumental Celestino Graça, em Santarém, recebeu no passado dia 13 de Outubro, duas corridas de toiros em solidariedade com a Santa Casa da Misericórdia de Santarém. O bilhete custava três euros, sendo que um revertia em favor da Misericórdia. Recorde-se que a promoção de espetáculos tauromáquicos pela Santa Casa, como fonte de receita, remonta, pelo menos, ao ano de 1825. 100 Mil portugueses que emigram Em 2011, mais de 100 mil portugueses procuraram oportunidades de trabalho fora da Europa, e nem sempre de forma legal, alertou recentemente o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário. Cortejo reuniu cerca de 30 carros será de extrema importância. Parte da verba poderá ser canalizada para as obras de reabilitação do Centro de Bem-Estar Infantil e Parque Infantil, para a vedação do Complexo Social da Terceira Idade e centro de acolhimento temporário, requalificação das 30 carros participaram no cortejo de oferendas promovido para angariar bens para a Santa Casa da Misericórdia de Sangalhos. A população compareceu em massa na iniciativa. instalações do centro de dia e lar, bem como para a renovação da ‘cansada’ frota automóvel da instituição. A missão da Misericórdia é cumprida entre as várias respostas sociais dedicadas à infância e terceira idade. Ao todo são cerca de 400 utentes e mais de uma centena de funcionários. Lar vai ser alvo de recuperação em Fafe Ainda no âmbito do 80º aniversário, em Novembro poderá acontecer um jantar solidário de angariação de fundos. A Mesa Administrativa da Misericórdia de Sangalhos, afiançou o provedor, avançará com a iniciativa se reunir número suficiente de interessados. Além disso, na Biblioteca Municipal de Anadia está patente uma exposição de pintura que reúne trabalhos de crianças e idosos, todos utentes da instituição. A receita alcançada com a venda de alguns desses trabalhos reverte para a Misericórdia. De 18 a 20 de Outubro, no âmbito da IV Feira Social de Anadia, a Santa Casa de Sangalhos estará presente com uma exposição que retrata o historial da instituição. Recorde-se que são muitas as Misericórdias que promovem cortejos de oferendas. Por proposta do presidente, a Câmara Municipal deliberou atribuir um apoio financeiro de 140 mil euros à Misericórdia de Fafe para as obras de reparação e conservação no edifício do Ex-Grémio da Lavoura, onde funciona o Lar de Santo António nº 2, com a ocupação de 40 residentes. A obra, num edifício de arquitetura “brasileira”, foi adjudicada pelo valor superior a um milhão de euros. Anadia atenta às doenças demenciais A Misericórdia de Anadia tem em curso, desde Julho, um projeto pioneiro na região. Designado por Atividades de Intervenção em Doentes Crónicos e Idosos, este projeto visa promover programas de intervenção terapêutica adequados às necessidades das pessoas idosas com declínio cognitivo ligeiro ou com síndrome demencial, tais como doença de Alzheimer ou doença de Parkinson. 10 www.ump.pt vm outubro 2012 em ação Voluntariado é alicerce do Centro João Paulo II Amélia Catarino foi a primeira a inscrever-se para o serviço de voluntariado do Centro João Paulo II, da União das Misericórdias Portuguesas Voluntária impulsionou centro da UMP Filipe Mendes A ligeireza no andar e a firmeza na atitude solidária fizeram de Amélia Catarino o modelo de orientação ética de voluntários e profissionais que exercem no Centro de Deficientes Profundos João Paulo II, em Fátima. Então com 60 anos, Amélia Catarino foi a primeira a inscrever-se para o serviço de voluntariado desta casa - que ajudou a construir - tendo-se tornado num dos “pilares” nos quais o seu fundador, o padre Virgílio Lopes, se apoiava. “A dona Amélia, como era natural de Fátima e conhecia bem a comunidade, foi responsável pelo recrutamento das primeiras pessoas que vieram trabalhar para o Centro”, recordou ao Voz das Misericórdias Manuel Cálem, presidente do Conselho de Administração da instituição. Discreta e com uma vitalidade “fora do vulgar”, Amélia Catarino ela que me trouxe para cá e ajudou-me em tudo”, declarou. “Nunca negava nada. Tenho uma ótima recordação dela”, disse. “Era sensível, carinhosa e amiga de ajudar, capaz de despir a camisa para dar aos outros. Dava tudo...”, disse Maria do Céu, outra das funcionárias que atualmente presta serviço na cozinha do centro. “Deixa muitas saudades. Foi uma pessoa que marcou muito o centro. Criou aqui uma equipa muito unida”, disse, por seu turno, Maria do Carmo, Amélia era natural de Fátima e foi responsável pelo recrutamento das primeiras pessoas que vieram trabalhar para o centro sempre preferiu trabalhar nos bastidores. Ajudava na cozinha, na organização do economato, na lavandaria, costura ou “em qualquer outro serviço que fosse preciso”, disse. “Era uma pessoa com um carácter extraordinário”, resumiu Engrácia Marques, diretora do centro, destacando “o altruísmo e a dedicação” que sempre emprestou a esta casa. “Tinha uma grande vontade de ajudar o próximo e partilhar a sua experiência e os conhecimentos adquiridos ao longo de uma vida no ensino público”, recordou. Na sua ótica, Amélia Catarino é o exemplo acabado daquilo que deve ser o voluntariado: um labor em prol do outro, que “volta a colocar as pessoas no centro”, referiu, sublinhando que, através dele, se criam laços entre instituição e comunidade. Gratuitidade, sentido do outro, exigência e solidariedade são, portanto, as características fundamentais do trabalho voluntário e que sempre nortearam a ação desta mulher que “teve uma vida plena”. Falecida a 13 de Setembro último, aos 82 anos, Amélia Catarino “faz muita falta”, disse, emocionada, Maria Isabel Vieira, responsável pela Secção de Economato do Centro João Paulo II. “Recordo-a com muita saudade. Ajudou muitas pessoas. Era muito amiga de todos e conseguia fazer com que todos se unissem”, referiu. O mesmo sentimento foi transmitido ao nosso jornal por várias outras colegas que encaram este trabalho “como uma missão” e uma forma de vida. Maria Leonor Almeida está no centro há mais de 20 anos. Veio também trabalhar para este local pela inevitável mão de Amélia Catarino. “Foi com a emoção a embargar-lhe a voz. “Quando tínhamos dificuldades, era a ela quem recorríamos. Ela chegava a todo o lado”, referiu a amiga Dolores Fontes, que trabalha neste centro desde a sua constituição. A primeira pedra desta casa foi colocada em 1982 e a construção do edifício demorou sete anos, sendo que muito deste trabalho, curiosamente, foi também feito por voluntários. “Somos os campeões do voluntariado, que é um alicerce desta casa”, afirmou Manuel Cálem, acrescentando que o Centro João Paulo II dispõe, desde a sua fundação, de uma “rede de voluntariado nacional e internacional muito forte”, que colabora ao longo de todo o ano. “Desde o início que esta casa está dotada de instalações próprias para acolher 16 voluntários residentes para um voluntariado de longa duração, onde é possível estabelecer planos de atividades e onde os utentes são os grandes beneficiados”, referiu. Há ainda inúmeros jovens que prescindem de uma semana de férias para prestarem aqui serviço nas mais diversas áreas. Experiências únicas que ajudam a formar personalidades e a lidar com a diferença. O Centro para Deficientes Profundos João Paulo II tem capacidade para acolher 192 residentes. A equipa técnica é composta por 212 colaboradores, 126 são ajudantes de lar. Os residentes do Centro João Paulo II têm idades entre os três e 65 anos. O trabalho desenvolvido tem em atenção a idade, mas também as necessidades específicas de cada um. VOZDAS MISERICÓRDIAS www.ump.pt Correio do leitor Anciania é riqueza que deve ser aproveitada Como contactar-nos: Correio Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa Email: [email protected] A Santa Casa da Misericórdia de Benedita, que apoia atualmente cerca de 120 idosos, promoveu um seminário para debater o envelhecimento As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone. O Voz das Misericórdias reservase o direito de selecionar as partes que considera mais importantes. Os originais não solicitados não serão devolvidos. Filipe Mendes Os maiores de 60 anos a nível mundial vão ultrapassar os 1.000 milhões de pessoas dentro de 10 anos devido ao ritmo de envelhecimento dos países emergentes, revela um relatório da ONU divulgado recentemente. Aquele segmento da população é o que regista o maior ritmo de crescimento, o que coloca a necessidade de mudanças sérias das políticas de saúde, sociais e económicas, destaca o documento “Envelhecer no século XXI: uma celebração e um desafio”, do Fundo da População das Nações Unidas (FNUAP). É essa também a opinião de Manuel Canaveira de Campos, o antigo presidente do INSCOOP - Instituto António Sérgio para o Sector Cooperativo – que, no passado 28 de Setembro, refletiu sobre o tema “Vidas Vividas - O Segredo das Gerações”, a convite da Santa Casa da Misericórdia de Benedita. “O envelhecimento demográfico não é um mal, é uma realidade”, constatou Canaveira de Campos, acrescentando: “a idade dá mais conhecimento. E isto é uma riqueza que se deve aproveitar”, afirmou. “O que me preocupa não é o envelhecimento da população, mas sim da sociedade”, continuou. “As novas gerações estão em falta com as mais velhas, mas o contrário também é verdade”, disse, acrescentando: “ter mais de 60 anos não é ter direito a estar todo o dia em frente à televisão”. “Temos de pensar de forma diferente e criar condições para aproveitar esse capital de conhecimento acumulado pelos mais velhos”, defendeu. Recorde-se que a Santa Casa de Benedita apoia atualmente mais de 120 utentes através das respostas sociais de lar, centro de dia e apoio domiciliário, contou ao Voz das Misericórdias o provedor da Instituição, Silva Rebelo. VOZDAS MISERICÓRDIAS Leia, assine e divulgue Para assinar, contacte-nos: Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 Lisboa Telefone: 218110540 ou 218103016 Email: [email protected] 12 www.ump.pt vm outubro 2012 em ação Mãos que ajudam em Santo Estêvão Um grupo de 50 voluntários colocou mãos à obra para eliminar barreiras no centro de deficientes profundos da União das Misericórdias em Viseu José Alberto Lopes Com o intuito de dar continuidade ao trabalho, realizado em junho de 2011, de recuperação e requalificação de um jardim abandonado, meia centena de voluntários do programa “As Mãos que Ajudam”, coordenados por Anabela Jordão, estiveram no Centro para Deficientes Profundos de Santo Estêvão, em Viseu. Desta feita, para além da limpeza dos espaços envolventes ao centro e da pintura de três salas de convívio dos utentes, o grande objetivo era a construção de uma rampa de acesso ao renovado jardim, de forma a permitir a passagem em cadeira de rodas aos utentes, vencendo a inclinação existente no local. “Era muito complicada aquela inclinação para o acesso ao jardim em cadeira de rodas, uma dificuldade que agora se consegue contornar com a execução desta rampa”, revelou Manuela Martins, diretora do Centro. Para que tal desiderato fosse possível, a instituição contactou diversas empresas da região de Viseu, solicitando apoio, nomeadamente através de material. Duas empresas responderam afirmativamente ao pedido, cedendo cimento e tintas. Por sua vez, a Junta de Freguesia de Abraveses apoiou a ação com três funcionários, uma carrinha de apoio, ferramentas, areia e cimento. “Conjugaram-se vontades para conseguirmos proporcionar uma melhor mobilidade e acesso ao jardim aos nossos utentes. A eliminação de barreiras é fundamental e consegui-lo com a ação generosa e solidária de pessoas que são sensíveis a estes problemas é algo muito relevante que não podemos deixar de enaltecer”, confidenciou a nova administradora do Centro para Deficientes Profundos Além da limpeza dos espaços envolventes e da pintura de salas, o objetivo era a construção de uma rampa de acesso ao jardim de Santo Estêvão, Infância Pamplona. O tempo também ajudou na execução dos trabalhos. Depois de uma semana de aguaceiros e mau tempo, o dia marcado para esta iniciativa, 29 de setembro, surgiu solarengo e quente, tendo sido possível verificar no terreno o empenho e a dedicação dos voluntários, sem um esgar de esforço ou desconforto nos rostos, mas antes uma forte convicção e espírito de solidariedade. “É fácil mobilizar pessoas para empreendimentos deste género, porque toda a gente se disponibiliza para ajudar”, salientou a coordenadora do grupo, Anabela Jordão. “Queríamos requalificar o espaço, torná-lo mais aprazível para realizar atividades ao ar livre, criar inclusivamente condições para ter animais, por exemplo, para interagirem com os nossos utentes. Para tal, estamos a pensar recuperar os edifícios circundantes ao jardim, alguns deles bem degradados, de forma a darmos continuidade a este trabalho, para que os nossos utentes, com muito maior regularidade, possam usufruir dele”, garantiu Infância Pamplona. A administradora do centro, cargo que acumula há dois meses com o de provedora da Santa Casa da Misericórdia de Santar, asseverou igualmente que a instituição, atualmente com 62 utentes, está a pensar abrir mais vagas. “O centro tem recursos humanos, equipamentos e os espaços físicos necessários para dar uma resposta de qualidade aos utentes”. Por sua vez, Manuela Martins manifestou o seu desejo de continuar a abrir as portas do centro à comunidade, nomeadamente às instituições locais de apoio à pessoa com deficiência. “Seria fantástico que este espaço que aqui estamos a requalificar hoje pudesse ser utilizado em conjunto com outras instituições, criando parcerias que beneficiariam toda a gente”, concluiu a diretora técnica. Receitas nas misericórdias Delícia de espinafres do Cartaxo INGREDIENTES (8 Pessoas) MODO DE PREPARAção: 500g Filetes de pescada 4 Ovos 1 Pacote de batata frita palha (grande) 1 Molho de espinafres 3 Cebolas 3 Dentes de alho 2,5 dl azeite 250 ml molho Bechamel Sal q.b. Pimenta q.b. Pão ralado Pré aqueça o forno a 180ºC. Lave os espinafres e coza-os em água e sal, quando terminar deixe-os a escorrer num passador. Seguidamente lamine as cebolas e os alhos e leve a refogar no azeite. Junte os filetes cortados em pedaços e tempere com sal até cozerem, adicione os espinafres já escorridos. Bata os ovos e misture-os com o molho Bechamel e a batata palha, retifique os temperos e junte ao preparado anterior. Coloque num recipiente próprio para forno. Salpique com pão ralado. Leve ao forno a gratinar. Para servir enfeite com folhas de espinafres e azeitonas pretas. Preço: DIFICUDADE: €€€€€ “Toda a gente se disponibiliza para ajudar” ,,,,, outubro 2012 vm 13 www.ump.pt EM FOCO Cantar pela saúde do corpo e da alma na Academia da União Participar num grupo coral obriga a mente a trabalhar, contribuindo para a saúde física, mental e não só. ‘Quem canta seus males espanta’ é ideia unânime no coro da universidade sénior da União Bethania Pagin “Quem canta seus males espanta”. A música alegra a alma, todos sabemos. Mas não é menos verdade que participar num grupo coral obriga a mente a trabalhar, contribuindo também para a saúde física e mental. No coro da Academia de Cultura e Cooperação, a universidade sénior da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), é assim. Pelo menos duas vezes por semana, cerca de 40 pessoas se juntam para afinar a voz e o espírito. O coro é umas das 90 disciplinas da Academia. É muito procurada, garante a maestrina ao Voz das Misericórdias. Segundo a irmã Maria Augusta, a procura só não é maior porque há responsabilidades associadas às aulas. Quando há atuações – a próxima está marcada para o dia 23 de novembro – o grupo tem de se reunir mais vezes para os ensaios. E foi num desses ensaios que encontramos os elementos do grupo coral. A mais jovem tem 62 anos, a mais velha já completou 90, mas os 30 anos de diferença de idade não comprometem a partilha da mesma opinião. “Quem canta seus males espanta”, ouve-se então na sala onde decorrem os ensaios. O grupo costuma reunir-se na casa das Irmãs Missionárias de Maria, fundadoras da Escola Superior de Enfermagem da UMP, ou no auditório da sede da União em Lisboa. Cantar faz bem à alma, rejuvenesce o espírito, mas no momento da atuação, apesar de todo o amor à camisola, os nervos não deixam de se fazer sentir. Contudo, é unânime que um certo nervosismo faz parte da atuação em público. “É como se fossemos atores a entrar em palco”, lembra uma das alunas daquela disciplina da Academia de Cultura e Cooperação. Mas se é verdade que a alma ganha saúde, vale a pena não esquecer que participar num grupo coral pode ser um divertido modo para evitar a doença a doença de Alzheimer. Pelo menos é assim que pensa Leonel, um dos elementos deste grupo coral Ensaios decorrem pelo menos duas vezes por semana Números 25 O coro da Academia de Cultura e Cooperação da UMP já existe há quase 25 anos. A sua criação confunde-se com a criação da própria universidade sénior. 40 cerca de 40 pessoas integram atualmente o grupo coral. Embora seja uma disciplina da Academia, as atuações obrigam a uma responsabilidade acrescida. 90 o elementos com mais idade do grupo coral da União das Misericórdias Portuguesas é Amélia Todobom, que já completou 90 primaveras. e que já soma 80 anos de idade. Não se trata apenas de cantar, contou ao Voz das Misericórdias, mas também e decorar músicas e partituras. Assim, o cérebro está sempre a ser exercitado, o que, segundo os médicos, ajuda a evitar doenças de foro mental como Alzheimer. O coro já tem quase 25 anos. Pode-se dizer que nasceu praticamente ao mesmo tempo que a Academia, fundada ainda pelo então presidente do Secretariado Nacional da União, padre Virgílio Lopes, em 1987. As primeiras professoras foram Natércia Simões, Ana Serrão e Delfina Figueiredo. “A Fina”, lembra uma das senhoras que desde aquela altura integra o grupo coral da UMP. Seguiu-se então Judite Figueiredo, cuja energia e dinamismo é lembrada por todos, tendo sido também a grande impulsionadora deste projeto musical. Foi ela quem passou o testemunho para a atual professora e maestrina, irmã Maria Augusta. Foi em 1996. O repertório é variado. Música sacra, popular ou clássica. Não há pre- O elemento mais jovem do grupo tem 62 anos, a mais velha já completou 90, mas os 30 anos de diferença de idade não comprometem a partilha ferências entre os elementos do grupo. Todas podem ser bonitas e tocar a alma, independente do estilo, dizem-nos. As atuações costumam ser frequentes e são sempre gratuitas. No dia 23 de novembro, a música vai ser Marinhais e o objetivo é ajudar a arrecadar fundos para uma organização sem fins lucrativos da região. Além disso, o coro costuma marcar presença em outros eventos, como as festas de fim de ano da própria Academia, encontros de grupos corais e eventos comemorativos variados. “Sopranos! Tenores! Vamos lá afinar essas vozes.” Está na hora de começar o ensaio. Afinal, é para isso que lá estão todos: para espantar males através da música. Este trabalho insere-se num novo projeto editorial do jornal Voz das Misericórdias. A partir desta edição, vamos publicar todos os meses um artigo sobre a realidade dos grupos corais nas Santas Casas. AF_anunc_molicareactive.pdf C M Y CM MY CY CMY K 1 12/10/10 4:38 PM outubro 2012 vm 15 www.ump.pt terceira idade Borba inaugura lar de idosos ministro enviou uma mensagem onde enaltecia o facto de a obra ter sido construída sem qualquer participação do Estado, tendo sido edificada só com fundos próprios da Santa Casa. No comunicado, lido na cerimónia, Pedro Soares destacava ainda que “as famílias no Alentejo contam agora com mais um importante apoio. As instituições sociais, além da resposta social que conferem, da empregabilidade que asseguram, são hoje uma importante rede de suporte familiar” Mostrando-se como um equipamento de importância social para a comunidade em que está inserida e não só, visto que o lar aceita inscrições de utentes de todo o país, este novo espaço de acolhimento vai possibilitar aos seus residentes usufruírem de Atuação da Tuna da Universidade Sénior de Borba animou a todos os convidados com cantares típicos do Alentejo Novo lar da Santa Casa da Misericórdia de Borba conta com mais 20 vagas. No mesmo dia, foi homenageado o antigo provedor, Manuel Ramalho Adriana Mello O dia 19 de outubro foi de festa para a cidade de Borba. Afinal, a Santa Casa da Misericórdia inaugurou o seu terceiro lar para idosos na localidade e prestou uma homenagem a Manuel Ramalho, o seu anterior provedor. Integrado no complexo da Aldeia Social da Quinta da Prata, o novo equipamento possui capacidade para acolher vinte utentes e, mesmo antes de iniciar o seu funcionamento, já contava com onze candidaturas. A cerimónia começou com o descerrar de uma placa comemorativa logo seguida de um breve momento de enaltecimento ao antigo provedor Manuel Ramalho (1924-2008), que esteve ao serviço da Misericórdia de Borba durante 33 anos. Em seguida a esse momento de reconhecimento e homenagem, realizou-se a atuação da Tuna da Universidade Sénior de Borba que animou a todos os convidados, funcionários, utentes e irmãos da Misericórdia com cantares típicos do Alentejo. Todos os oradores presentes – o vice-provedor da Santa Casa de Borba, Rui Bacalhau; a diretora do Centro Distrital da Segurança Social de Évora, Sónia Ferro; bem como Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas – assinalaram a importância deste género de Tuna da universidade sénior equipamento que vem beneficiar a terceira idade. O presidente da União das Misericórdias realçou que “um dos grandes problemas da sociedade portuguesa é o envelhecimento e o Alentejo é uma das regiões mais envelhecidas do nosso país. Assim, todos os equipamentos para idosos são importantes.” Manuel de Lemos distinguiu ainda a impor- tância da Santa Casa para o município de Borba, calculando que cerca de 10 por cento da população do município (entre utentes e funcionários) passam diariamente por esta instituição. Recorde-se que estava prevista a presença do ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, que devido a uma doença súbita não pode comparecer. No entanto, o alojamento, alimentação adequada às necessidades, cuidados de higiene, tratamento de roupa, serviços de saúde, animação e lazer. Ou seja, os utentes podem contar com apoio em todas as atividades da vida diária. Ao que tudo indica, e apesar da crise que assola a nossa sociedade, a Santa Casa de Borba ambiciona continuar a investir no bem-estar dos seus utentes e pretende construir, em breve, um pavilhão multifunções que “será um espaço onde além do social, pretendemos devolver a cidadania às pessoas”, afirmou o vice-provedor Rui Bacalhau, que também é o representante da União das Misericórdias Portuguesas na comissão do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações. Este dia especial terminou com um jantar convívio para todos os presentes. 16 www.ump.pt vm outubro 2012 saúde Fundamental o papel que as Santas Casas desempenham Congresso de Cuidados Continuados, organizado pela unidade de longa duração e manutenção da Misericórdia de Miranda do Douro, contou com 20 palestrantes e dezenas de participantes Professor Pinto da Costa marcou presença Daniel Faiões O dia-a-dia das unidades de cuidados continuados, os seus desafios e metas para o futuro foram as matérias que despertaram mais interesse nas jornadas que juntaram, a 28 e 29 de Setembro, vários técnicos de saúde, funcionários das Misericórdias e docentes na área da Medicina e da Enfermagem. Francisco Centeno, diretor clínico da Unidade de Longa Duração e Manutenção de Santa Maria Maior, foi um dos anfitriões e explicou o propósito deste congresso. “Quisemos dar a conhecer a realidade das unidades de longa duração e manutenção, perceber e explicar como trabalhamos e quais são os desafios futuros. Queremos saber se há motivos para nos preocuparmos se estas unidades vão continuar a ser sustentáveis ou não.” Francisco Machado, provedor da Santa Casa de Vimioso, esteve presente nesta ação em representação de Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, e usou da palavra para se referir à sustentabilidade destas instituições. “Exige-se uma melhoria, quer dos utentes quer dos colaboradores, para que se proporcionem meios para que o trabalho nas nossas unidades seja cada vez mais profícuo e orientado para os utentes.” O provedor explicou, também, a importância de criar novas pontes com a sociedade civil, sensibilizando-a e chamando-a a participar ativamente. “Como desafios para o futuro, acredito ser da maior importância apelar a novos voluntários, nomeadamente jovens e reformados ainda no uso das suas plenas faculdades físicas e intelectuais.” Uma das participações mais aguar- “ Médico legista considera que falta ainda algum esclarecimento, por parte da população, no que toca à distinção de termos médicos como “doente continuado” e “doente terminal” dadas e aplaudidas do Congresso foi a do professor Pinto da Costa, que aproveitou para enaltecer o peso das Misericórdias na vida das pessoas. “Parece-me fundamental o papel que desempenham no panorama nacional, porque têm vindo a substituir o Estado no seu dever de resolver os problemas. Depende sempre da maior ou menor capacidade económica e financeira de cada uma delas mas, obviamente, há Misericórdias autossustentáveis e outras que passam muitas dificuldades para gerir as competências que se lhe atribuíram, nomeadamente nesta problemática dos cuidados continuados e dos doentes terminais.” O conhecido médico legista apresentou-se ao congresso com uma comunicação intitulada “Morte Digna”, considerando que falta ainda algum esclarecimento, por parte da população, no que toca à distinção de termos médicos como “doente continuado” e “doente terminal”. Para Pinto da Costa, a dignidade humana não tem preço e não pode estar dependente de imposições economicistas. “A pessoa humana tem a sua dignidade intrínseca só por ser pessoa. A morte é um complexo processo que envolve sossego e é necessário humanizar a morte, compreendendo o ser-humano que todos somos”, concluiu. Neste congresso, foram ainda debatidos assuntos relacionados com as unidades de convalescença, unidades de média e longa duração, bem como a sustentabilidade das unidades de cuidados continuados. Também houve espaço para esclarecimentos sobre processos subagudos nos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), agudizações, a gestão da medicação, o internamento ativo e os aspetos éticos da sedação terminal. 18 www.ump.pt vm outubro 2012 educação 1 2 3 2 1 4 O outono e as castanhas marcaram início do ano letivo em Sintra Festa no Colégio de Nossa Senhora Esperança da Misericórdia do Porto Misericórdia de Valongo tem 68 crianças no pré-escolar 3 5 6 Ano letivo arranca nas Santas Casas 4 5 Alimentação saudável foi uma das iniciativas na Santa Casa de Murça Crianças da Misericórdia de Peso da Régua foram às vindimas 6 Em Castelo Branco, as uvas também animaram os mais pequenos Em todo o país, as Misericórdias organizaram iniciativas variadas para receber as crianças depois das férias de verão Bethania Pagin O ano letivo arrancou nas Misericórdias e por todo o país as crianças foram recebidas com variadas iniciativas que marcaram o fim das férias escolares. Em ateliês de atividades livres e pré-escolar, educadores e auxiliares deram às boas-vindas aos pequeninos. Pais e encarregados de educação também participaram. Fim de verão coincide com as vindimas e com as castanhas, por isso, esse foi um dos temas escolhidos para o regresso das crianças. Mas houve muito mais. Em Murça, por exemplo, as frutas deram lugar a pratos coloridos e divertidos que abriram o apetite dos mais pequenos para alimentos saudáveis. Almeirim, Almodôvar, Barcelos, Castelo Branco, Chamusca, Chaves, Espinho, Funchal, Gaia, Ílhavo, Maia, Moimenta da Beira, Murça, Penamacor, Peso da Régua, Porto, Póvoa de Lanhoso, Resende, Rio Maior, Sabrosa, Sines, Sintra, Valongo e Vila Verde foram as Santas Casas que responderam ao nosso desafio. O jornal Voz das Misericórdias deseja a todos um bom ano escolar. 20 www.ump.pt vm outubro 2012 estante Livro relata a história de 12 mulheres que mudaram o mundo Virginia Woolf Maria de Belém Roseira estreou-se na escrita e escolher falar sobre as 12 mulheres que durante o século XX abriram caminho para a modernidade Bethania Pagin Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a votar em Portugal. Marie Curie mereceu duas vezes o Prémio Nobel. Benazir Bhutto chegou a primeira-ministra do Paquistão e Maria de Lourdes Pintasilgo ascendeu também a um lugar de primeira-ministra nunca antes imaginado ser possível alcançar por uma mulher em Portugal. A bailarina e coreógrafa Isadora Duncan e a pintora Frida Kahlo viveram a sua arte em total liberdade. Eleanor Roosevelt imprimiu o seu nome na História universal. Simone Veil, sobrevivente do Holocausto, marcou a política francesa. Hannah Arendt, a provocadora filósofa política, inquietou mentes humanas. As escritoras vanguardistas Virginia Woolf e Simone de Beauvoir deixaram o seu marco na literatura. Dolores Ibárruri Gómez, ‘La Pasionaria’, sacrificou a sua vida em prol da luta por aquilo em que acreditava. Essas são as 12 escolhidas pela presidente da mesa da Assembleia geral da União das Misericórdias Portuguesas, Maria de Belém Roseira, que recentemente lançou o seu primeiro livro. “Mulheres livres” é uma edição Esfera dos Livros. Todas essas mulheres, escreve Maria de Belém Roseira na introdução do livro, foram protagonistas de transformações relativamente a práticas instituídas, de avanços legislativos, de rutura em relação ao lugar e estatuto da mulher na sociedade, que transpôs o seu lugar tradicional e dona de casa, mulher e mãe, esquecida e desvalorizada para assumir um papel ativo na sociedade. “Foram mulheres tão extraordinárias que não foi possível encobri-las socialmente, abafá-las. Elas extravasaram os limites. Foram, nos seus tempos e nas suas sociedades, uma janela que se abriu para os ventos da modernidade. Ao analisá-las, para além de outras características que partilham, creio que há uma comum a todas elas: não tiveram qualquer receio de afirmar a sua personalidade. De defender as suas ideias e os seus ideais, independentemente das críticas, dos boatos, do apontar de dedo, da maledicência ou dos ataques pessoais. Foram todas dotadas desta sede de liberdade e de coragem abso- mulheres livres Maria de Belém Roseira Esfera dos Livros, 2012 Hannah Arendt lutamente inquebrantável de resistir, resistir mesmo perante o sofrimento físico, como é o caso emblemático da pintora Frida Kahlo. Que fez da sua dor a sua liberdade. A sua arte.” Por isso, “revisitar as suas histórias é reconstruir a luta das mulheres ao longo do século XX. Pela sua igualdade, pela sua diferença, pela sua liberdade. Uma luta longe de estar terminada”. Recorde-se que a presença feminina nas Misericórdias portuguesas também costuma merecer a atenção de Maria de Belém Roseira. Num artigo escrito para o VM em Março de 2011, a presidente da mesa da Assembleia geral recordou que “o facto de o movimento [das Misericórdias] ter sido fundado por uma mulher não impediu que as instituições dele decorrentes tivessem passado a ser presididas e geridas por homens. Era assim naquele tempo e foi assim durante muito tempo! Os homens detinham as funções de comando no espaço público e as mulheres, realizavam as tarefas que, quanto mais servis, mais feminizadas eram”. “Mas as alterações sociais dos papéis das mulheres e os ventos de mudança também chegaram às Misericórdias. Prova disso é o número de provedoras que atualmente existe – algumas dezenas – e o número de membros do sexo feminino que hoje integra as mesas administrativas. Para além disso, creio não andar longe da verdade se afirmar que o maior número de dirigentes e quadros técnicos das Misericórdias é, na sua maioria, pessoal feminino. “ E, continuava: “Quem se bate pela igual dignidade de direitos e deveres entre homens e mulheres, como é o meu caso, não pode reivindicar um papel privilegiado para estas no âmbito das Misericórdias. Bem hajam os ventos de mudança que permitiram que todas e todos, de mãos dadas, em igualdade de mérito e de reconhecimento profissional e social, possamos somar a nossa vontade, a nossa competência e o nosso empenhamento no aprofundar do ideal de bem servir, na construção que dele fez a Rainha D. Leonor há mais de 500 anos.” outubro 2012 vm 21 www.ump.pt Lista de livros A Misericórdia de Proença-a-Nova Francisco Golão Tecnodidática, 2008 “Uma das vilas da Beira que mais cedo beneficiou da criação de tão benemérita criação de obra de caridade foi Proença-a-Nova, pois já em 1513 foi publicada a provisão régia de D. Manuel I, instituindo e legalizando a sua Misericórdia. O alvará de 22 de Outubro de 1559, infelizmente mutilado, continha a data exata da fundação da Confraria da Misericórdia de Proença-a-Nova, bem como a referência ao Priorado do Crato que a instituiu.” O excerto é da edição “A Santa Casa da Misericórdia de Proença-a-Nova: relação dos povos com a Confraria”. A Santa Casa de Vila Nova de Gaia Fernando António da Silva Correia Misericórdia de Gaia, 2012 “A Misericórdia - A Santa Casa de Vila Nova de Gaia”, de Fernando António da Silva Correia, é uma edição que reúne toda a história da instituição. Baseado em livros de atas, pesquisas de documentos, estudos dos tombos e relatos de acontecimentos, o livro marca o 83.º aniversário da instituição. Trata-se, escreve Fernando António da Silva Correia na introdução, “de uma obra despretensiosa, feita com o coração, escrita em comunhão com a história que o autor foi lendo e vivendo”. O prefácio é do presidente honorário da UMP, Vítor Melícias. Misericórdia de Canha através dos tempos Francisco Correia Misericórdia de Canha, 2008 Com a edição da obra “A Santa Casa da Misericórdia de Canha através dos tempos”, de Francisco Correia, pretende-se, segundo a provedora Honorina Silvestre, “contribuir para a coesão da Irmandade em torno dos valores da solidariedade e da fraternidade que nos uniram ao longo dos séculos”. Para Luís Graça, doutor em cultura portuguesa da Universidade Católica que assina a nota de apresentação, trata-se de uma obra “completíssima e esclarecedora” que “revela a estrutura fundiária que garantia a atividade da instituição”. Misericórdia de Fafe: 150 anos ao serviço da comunidade Daniel Bastos Misericórdia de Fafe, 2012 “A presença da Misericórdia no concelho está ligada ao decurso contemporâneo de Fafe. Estabelecida na segunda metade do século XIX, as raízes da Santa Casa de Fafe remontam a um período de significativas transformações no paradigma de desenvolvimento socioeconómico e demográfico local, indelevelmente cunhadas pela ação dos emigrantes brasileiros de torna-viagem.” Segundo Daniel Bastos, autor desta edição, o retorno brasileiro impulsionou a atividade industrial, mas também assumiu em Fafe uma feição benemérita. A História do Desporto na vila de Redondo José Calado Misericórdia de Redondo, 2012 “A História do Desporto na vila de Redondo”, de José Calado, tem um único objetivo fundamental: homenagear e galardoar todos os desportistas redondenses (anónimos e conceituados) que de alguma forma contribuíram para o reconhecimento desta localidade aquém e além-fronteiras. Ao longo de 160 páginas com fotografias, são relatados acontecimentos e factos históricos ocorridos ao longo do último século. A edição integra o projeto “Cadernos de O Redondense”, da Misericórdia de Redondo, que visa, entre outros, divulgar a cultura local. 22 www.ump.pt vm outubro 2012 voz ativa Editorial VM Opinião Voz das Misericórdias Órgão noticioso das Misericórdias em Portugal e no mundo Paulo Moreira [email protected] Manutenção da solidariedade Em outubro, assinala-se o Dia Mundial do Idoso, no ano em que a Comissão Europeia celebra o envelhecimento ativo e da solidariedade entre gerações. Internamente, falamos cada vez mais sobre as duras medidas do orçamento de Estado U m dos fatores de estabilidade e criador de confiança, condições fundamentais para um ambiente de paz social, é o cumprimento do contrato social que há muito existe e tem permitido colmatar problemas mais agudos e gritantes da sociedade portuguesa. Há na proposta de orçamento para 2013 sinais preocupantes da degradação dos mecanismos de proteção social, que não nos podem deixar indiferentes e merecem uma ponderada reflexão. Se é evidente que se torna urgente racionalizar a despesa pública cortando nas gorduras do Estado (o que é muito mais fácil de dizer do que de efetivar), isto não pode por em causa a existência de uma rede social fundamental para a redução de assimetrias. A discussão sobre as funções do Estado é uma questão de primordial importância de que há muito se fala, mas sobre a qual muito pouco se tem refletido seriamente, longe das paixões partidárias e das estratégias de momento que habitualmente são más conselheiras, sobretudo quando se trata de um assunto com a relevância e a centralidade que este inegavelmente tem. Se é certo que sobre esta matéria existe existem diversas opiniões, convém lembrar que o Estado existe porque há um conjunto de cidadãos e um território que lhe dão corpo, e que ao longo do tempo foram sendo definidas obrigações e deveres que podem ser repensados, mas sem nunca perder de vista a defesa dos mais desfavorecidos e a manutenção da solidariedade entre gerações. A não ser assim, corremos o risco de ter um Estado cada vez mais distante dos cidadãos e das suas instituições, o que fatalmente fará crescer a conflitualidade social e o descrédito nos atores políticos, o que só poderá contribuir ainda mais para a degradação de um ambiente de paz social tão necessário à real recuperação do nosso país. Propriedade: União das Misericórdias Portuguesas Contribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 Lisboa Tels: 218 110 540 218 103 016 Fax: 218 110 545 e-mail: [email protected] Tiragem do n.º anterior: 13.550 ex. Registo: 110636 Depósito legal n.º: 55200/92 Assinatura Anual: Misericórdias Normal - €20 Benemérita – €30 Outros: Normal - €10 Benemérita – €20 Fundador: Dr. Manuel Ferreira da Silva Diretor: Paulo Moreira Editor: Bethania Pagin Design e Composição: Mário Henriques Publicidade: Paulo Lemos Colaboradores: Adriana Melo Anabela Silva Daniel Faiões Filipe Mendes José Alberto Lopes Patrícia Posse Vera Campos Assinantes: Sofia Oliveira Impressão: Diário do Minho – Rua de Santa Margarida, 4 A 4710-306 Braga Tel.: 253 609 460 União das Misericórdias Portuguesas Joaquim Morão Provedor da Mis. de Idanha-a-Nova Pensar a mudança O progressivo avanço da investigação médica e farmacêutica, a crescente abundância alimentar e a implementação do Estado Social determinaram, em todo o Mundo Ocidental e na Europa em particular o aumento generalizado da esperança de vida. Demos anos à vida. De tal forma que, hoje em dia, confrontamo-nos com um dilema emergente: Como podemos dar vida aos anos conquistados, como podemos envelhecer mantendo-nos ativos e socialmente válidos? Por toda a Europa, a esperança de vida aumentou, a natalidade diminui acentuadamente, a estrutura familiar mudou radicalmente, com a diminuição do número de filhos, com a mudança do papel das mulheres na sociedade e no mundo do trabalho - elas que desempenharam desde sempre o papel de cuidadoras familiares - com a migração das zonas rurais para as áreas urbana. O resultado desta mudança, mais do que assustador, é insustentável. E por isso, creio, chegou a altura de refletirmos conjunta e seriamente sobre a adoção de novos modelos de acompanhamento à terceira idade, com o objetivo central de mantermos o indivíduo autónomo, socialmente ativo e integrado numa sociedade que reconheça e valorize a experiência e sabedoria acumuladas durante uma vida. Nos últimos anos, sobretudo nas duas últimas décadas, investimos em lares de terceira idade, em apoio domiciliário, em sistemas que, apesar de todos os esforços, não conseguem evitar que as pessoas sejam arrancadas do lugar ao qual pertenceram toda a vida, nem evitar a solidão e, em casos extremos, a negligência. Ou seja, até ao momento, deu-se primazia à institucionalização do individuo. O que proponho é uma reflexão sobre a necessidade de inverter os termos desta equação e passar a levar a instituição à casa do indivíduo, do idoso, que pretendemos se mantenha autónomo o mais tempo possível. E aqui reside a mudança de paradigma. Creio que seria útil o ensaio e avaliação da prestação de serviços integrados de apoio ao idoso no seu domicílio, estratégia que conduzirá à diminuição do número de internamentos em lares. Hoje em dia, os serviços de segurança social, bem como as IPSS, entre as quais as Misericórdias, conhecem detalhadamente os custos diários de internamento de cada idoso. Porém, a este custo, à que juntar um outro, de contabilidade mais difícil e menos exata: o custo social do desenraizamento dos idosos, o afastamento dos idosos das suas relações de família, de vizinhança, a sua progressiva dependência física e medicamentosa. Como diminuir os custos dos serviços de apoio aos idosos e, simultaneamente, aumentar a sua qualidade, promovendo a autonomia e envelhecimento ativo, com o objetivo de evitar ou retardar o internamento em lares de terceira idade é o grande desafio que temos pela frente. E é aqui que a cooperação entre entidades, sobretudo ao nível local e regional, poderá ser uma enorme mais-valia, tendo em conta a necessidade de melhorar as respostas e partilhar os custos. Envelhecer ativamente passa por investir mais na informação e acompanhamento da população idosa, numa lógica de promoção da saúde, porque a doença, a falta de autonomia e o internamento são soluções mais caras e menos humanas. A título de exemplo, afigura-se essencial que as IPSS, tanto ao nível do Envelhecer ativamente passa por investir mais na informação e acompanhamento da população idosa, numa lógica de promoção da saúde, porque a doença, a falta de autonomia e o internamento são soluções mais caras e menos humanas apoio domiciliário, como nos lares, reforcem os serviços de especialistas que deem suporte técnico à tomada de decisões mais qualificadas. Especialistas de diversas respostas sociais, a funcionar numa lógica de partilha de oferta de serviços e de divisão de custos, numa estratégia que exige o aprofundamento da cooperação e comunicação entre instituições e entidades. Valências que, insisto, devem sempre privilegiar a promoção da autonomia do idoso e, só em último caso, o internamento. Por exemplo, é necessários que as IPSS passem a contar com o trabalho de nutricionistas, capazes de elaborar ementas adequadas às necessidades específicas do idoso, apostem na melhoria dos serviços de higiene pessoal ou limpeza habitacional, na qual o idoso deve ter um papel ativo, como indivíduo capaz de tomar decisões, capacidade e prorrogativa que quer manter e nós - no papel de cuidadores - queremos incentivar. Da mesma forma, devemos procurar diversificar a oferta com outras especialidades relevantes - tanto na vertente domiciliária como nos lares - como fisioterapia, atividade física, terapia ocupacional, consultas médicas e de enfermagem domiciliárias, acompanhamento à farmácia, ao supermercado, prestação de serviços de reparação e manutenção em casa do idoso, serviço domiciliário de cabeleireiro, manicura e outros que se revelem necessário à manutenção da autonomia do idoso. Tudo isto planeado e direcionado com o objetivo central de promover o envelhecimento ativo. Ou seja, aumentar a automonia do cidadão e atrasar - ou mesmo evitar - a sua entrada no sistema de internamento, nos lares. Atualmente, não raras vezes, começamos a banalizar e a olhar o internamento como a melhor solução, a solução lógica. Não podemos cair nesta armadilha. O País precisa de uma revolução de mentalidades, que leve cada um de nós a questionar o papel da família, mas que também eduque o individuo no sentido de se valorizar e de valorizar a sua experiência e conhecimento. Até lá, cabe-nos a nós procurar melhorar permanentemente o sistema de apoio aos idosos, procurando não apenas dar anos à vida, mas sobretudo dar vida aos anos que a cada um caiba viver. outubro 2012 vm 23 www.ump.pt reflexão Jorge Simões Presidente da Entidade Reguladora da Saúde Momentos exigentes É expectável que a crise económica que o país atravessa continue a produzir efeitos na generalidade dos sectores de atividade em 2013, incluindo o da saúde, afetando naturalmente as relações económicas que se estabelecem entre os agentes Vivemos momentos particularmente exigentes. E no centro dos esforços que se empreendem para os vencer encontra-se, pela sua natural importância, o sector da saúde. O contexto não é favorável, sendo evidentes os fatores de pressão de diversa natureza. E o sucesso na superação dos desafios que se colocam depende, em primeiro lugar, do reconhecimento da dimensão e da complexidade desses mesmos desafios. Em termos políticos, o desenvolvimento do sistema de saúde português nos próximos anos será indubitavelmente pautado pelos compromissos assumidos pelo Estado Português com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, no âmbito do apoio financeiro externo a Portugal, o que tem determinado que a generalidade das políticas de saúde mais recentes concretizem medidas de racionalização na utilização de recursos, de ganhos de eficiência e de redução da despesa. Noutro plano, é expectável que a crise económica que o país atravessa continue a produzir efeitos na generalidade dos sectores de atividade em 2013, incluindo o da saúde, afetando naturalmente as relações económicas que se estabelecem entre os agentes. Esta eventual afetação das relações económicas torna premente a necessidade de garantir a legalidade e a transparência dessas relações, com particular incidência na defesa dos direitos e interesses dos utentes. Associada a esta crise económica e financeira reconhece-se uma importante componente social, sendo vários os fatores de pressão sobre as famílias e os indivíduos, desde a redução real dos rendimentos auferidos à incerteza nos mercados de trabalho, fatores estes que poderão alterar o perfil das necessidades e do consumo de cuidados de saúde. Também o processo de enve- lhecimento da população é um fator de índole social com particular incidência no sector da saúde, dele decorrendo não só o crescimento da procura de cuidados de saúde, mas também alterações no perfil dessa procura, ao nível do tipo e duração dos cuidados. Outro importante fator de pressão sobre o sector da saúde é a inovação tecnológica, que tem ocorrido a um ritmo considerável, observando-se a introdução constante de tecnologias, que frequentemente são mais onerosas, mas que nem sempre se traduzem em ganhos clínicos, e que muitas vezes representam desafios de enquadramento legal e de segurança da prestação de cuidados de saúde. Finalmente, as reformas em curso no sector da saúde têm determinado o surgimento de nova legislação, focando diversas componentes da atividade da prestação de cuidados de saúde, da organização em geral do sistema de saúde, e de definição dos direitos dos utentes. No plano interno, as mais importantes modificações legislativas têm acompanhado as referidas medidas de racionalização na utilização de recursos. Do contexto de integração europeia, advêm também desafios, como a necessidade de transpor para o ordenamento jurídico português a diretiva que visa facilitar o acesso a cuidados de saúde transfronteiriços, ou a nova diretiva do reconhecimento automático das competências dos profissionais de saúde, que irá facilitar a circulação de profissionais de saúde no espaço europeu. VOZDAS MISERICÓRDIAS Leia, assine e divulgue Junto envio cheque ou vale-postal para pagar a assinatura do Jornal Voz das Misericórdias pelo período de um ano. Nome: Morada: Código Postal: Telefone: Enviar para: Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 Lisboa Telefone: 218110540 ou 218103016 Email: [email protected] Número de assinante (se já lhe tiver sido atribuído): Email: Escolha a modalidade que pretende e marque com um X Assinante Normal 10 euros Assinante Benemérito 20 euros Todos estes desafios, aliados às respostas que têm sido delineadas para os enfrentar, poderão criar dinâmicas merecedoras de uma atenta vigilância por parte do regulador independente. Nesse contexto, o papel da ERS será fundamental para garantir o acesso aos cuidados de saúde, a observância dos níveis de qualidade e segurança nos serviços prestados, a defesa dos direitos e legítimos interesses dos utentes e a concorrência nos mercados da saúde. Estes são, pois, atributos imprescindíveis para que o sistema de saúde português atinja plenamente os seus objetivos, de promoção de ganhos em saúde, de resposta às expectativas dos utentes, e de proteção financeira dos cidadãos em situação de doença. Livro Mulheres que mudaram o mundo Estante Págs. 20 e 21 O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas foi, mais uma vez, convidado a participar na Conferência Internacional do Conselho Pontifício para os Serviços de Saúde. A iniciativa decorre entre os dias 15 e 17 de novembro, no Vaticano. Manuel de Lemos vai falar sobre “A missão das Misericórdias junto dos que sofrem”. Homenagem em Oliveira de Azeméis A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) associou-se à homenagem ao antigo provedor da Santa Casa de Oliveira de Azeméis, Gaspar Domingues, que teve lugar no âmbito do 121.º aniversário da Misericórdia. A UMP atribuiu ao antigo dirigente a medalha com o grau de Mérito e Dedicação, assim como o respetivo diploma. Foi a 27 de outubro. Mora inaugura núcleo museológico A Santa Casa da Misericórdia de Mora inaugurou o seu núcleo museológico. A cerimónia teve lugar a 26 de outubro e representou o concretizar de um sonho antigo da instituição. No mesmo dia, decorreu a apresentação pública da edição “O Património das Misericórdias: um passado com futuro”, sobre o inventário realizado pela UMP nas Santas Casas do Alentejo. Educação Debate Miranda do Douro promove seminário Pág. 18 Saúde Pág. 16 10 12 www.ump.pt ÚLTIMAHORA Presidente da UMP no Vaticano Ano letivo Santas Casas recebem crianças Posição pública das Misericórdias sobre o atual momento social de Portugal O Conselho Nacional da União das Misericórdias esteve reunido em Vila Viçosa, a 20 de outubro, e aprovou uma petição pública. Leia na íntegra O Conselho Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, reunido em Vila Viçosa no dia 20 de Outubro de 2012, com o Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, ouviu, atentamente, uma exposição do Presidente do Secretariado Nacional sobre a situação social vivida hoje, em Portugal e, em especial, sobre o papel das Misericórdias Portuguesas no auxílio às pessoas. Muito particularmente, o Conselho Nacional analisou o impacto do Orçamento de Estado para 2013 sobre a sustentabilidade das Misericórdias para que estas possam continuar a desempenhar a sua Missão. Em consequência, e depois de profundo debate, o Conselho Nacional e o Secretariado Nacional aprovaram e decidiram tornar pública a seguinte moção: “As Misericórdias Portuguesas podem deixar de manifestar, junto dos órgãos de soberania, a sua profunda preocupação pela evidente degradação dos mecanismos de proteção social que a proposta de Orçamento de Estado para 2013 apresenta. Compreendendo a necessidade de se afirmar o princípio da solidez das finanças públicas, garantidas por um rigoroso equilíbrio orçamental, não podem deixar de alertar que tal situação deve assentar num processo contínuo de solidariedade nacional para com os mais desfavorecidos. As Misericórdias Portuguesas, enquanto afirmação multisecular da sociedade civil, e numa longa tradição de complementaridade com o Estado, reafirmam a sua disponibilidade para, no quadro do princípio da subsidiariedade, se disponibilizarem para participarem no esforço de racionalização da despesa pública, potencializando a manutenção de uma rede social que reduza as assimetrias da sociedade portuguesa e Necessidade de se afirmar a solidez das finanças públicas deve assentar num processo contínuo de solidariedade nacional permita a manutenção do princípio da solidariedade entre as gerações. No entendimento das Misericórdias Portuguesas é fundamental manter a confiança na execução do nosso Contrato Social. Apelam, pois, ao Estado para que não se distancie dos cidadãos e das instituições de solidariedade social e se empenhe num processo gradual de identificação de quais as funções que esse mesmo Estado pretende e deseja cumprir no quadro constitucional em vigor. As Misericórdias Portuguesas, conscientes do grave momento que Portugal atravessa, manifestam a sua profunda convicção nos princípios de uma solidariedade ativa e na afirmação de uma cidadania de intervenção na defesa dos mais desfavorecidos da nossa sociedade. Só desse modo, será possível um esforço conjunto na criação de emprego para se poder ultrapassar esta situação crítica, invertendo o contínuo aumento da despesa social em sede de subsídio de desemprego e reinserção social, de forma a fazer face ao inevitável aumento de encargos com os mais velhos, os mais doentes e os grupos de risco.” Vila Viçosa, 20 de Outubro de 2012 Descubra a Misericórdia na sua terra Abrantes Águeda Aguiar da Beira Alandroal Albergaria-a-Velha Albufeira Alcácer do Sal Alcáçovas Alcafozes Alcanede Alcantarilha Alcobaça Alcochete Alcoutim Aldeia Galega da Merceana Alegrete Alenquer Alfaiates Alfândega da Fé Alfeizerão Algoso Alhandra Alhos Vedros Alijó Aljezur Aljubarrota Aljustrel Almada Almeida Almeirim Almodovar Alpalhão Alpedrinha Altares Alter do Chão Alvaiázere Álvaro Alverca da Beira Alverca Alvito Alvor Alvorge Amadora Amarante Amares Amieira do Tejo Anadia Angra do Heroísmo Ansião Arcos de Valdevez Arez Arganil Armação de Pera Armamar Arouca Arraiolos Arronches Arruda dos Vinhos Atouguia da Baleia Aveiro Avis Azambuja Azaruja Azeitão Azinhaga Azinhoso Azurara Baião Barcelos Barreiro Batalha Beja Belmonte Benavente Benedita Boliqueime Bombarral Borba Boticas Braga Bragança Buarcos CabeçãoCabeço de Vide Cabrela Cadaval Caldas da Rainha Calheta/Açores Calheta/Madeira Caminha Campo Maior Canas de Senhorim Canha Cano Cantanhede Cardigos Carrazeda de Ansiães Carregal do Sal Cartaxo Cascais Castanheira de Pera Castelo Branco Castelo de Paiva Castelo de Vide Castro Daire Castro Marim Celorico da Beira Cerva Chamusca Chaves Cinfães Coimbra Condeixa-a-Nova Constância Coruche Corvo Covilhã Crato Cuba Elvas Entradas Entroncamento Ericeira Espinho Esposende Estarreja Estombar Estremoz Évora Évoramonte Fafe Fão Faro Fátima/Ourém Felgueiras Ferreira do Alentejo Ferreira do Zêzere Figueira de Castelo Rodrigo Figueiró dos Vinhos Fornos de Algodres Freamunde Freixo de Espada à Cinta Fronteira Funchal Fundão Gáfete Galizes Gavião Góis Golegã Gondomar Gouveia Grândola Guarda Guimarães Horta Idanha-a-Nova Ílhavo Ladoeiro Lages das Flores Lages do Pico Lagoa Lagoa/Açores Lagos Lamego LavreLeiria Linhares da Beira Loulé Loures Louriçal Lourinhã Lousã Lousada Mação Macedo de Cavaleiros Machico Madalena Mafra Maia/Açores Maia/Porto Mangualde Manteigas Marco de Canaveses Marinha Grande Marteleira Marvão Matosinhos Mealhada Meda Medelim Melgaço Melo Mértola Mesão Frio Messejana Mexilhoeira Grande Miranda do Corvo Miranda do Douro Mirandela Mogadouro Moimenta da Beira Monção Moncarapacho Monchique Mondim de Basto Monforte Monsanto Monsaraz Montalegre Montalvão Montargil Montemor-o-Novo Montemor-o-Velho Montijo Mora Mortágua Moscavide Moura Mourão Murça Murtosa Nazaré Nisa Nordeste Obra da Figueira Odemira Oeiras Oleiros Olhão Oliveira de Azeméis Oliveira de Frades Oliveira do Bairro Ourique Ovar Paços de Ferreira Palmela Pampilhosa da Serra Paredes de Coura Paredes Pavia Pedrogão Grande Pedrogão Pequeno Penacova Penafiel Penalva do Castelo Penamacor Penela da Beira Penela Peniche Pernes Peso da Régua Pinhel Pombal Ponta Delgada Ponte da Barca Ponte de Lima Ponte de Sor Portalegre Portel Portimão Porto de Mós Porto Santo Porto Póvoa de Lanhoso Póvoa de Santo Adrião Póvoa de Varzim Povoação Praia da Vitória Proença-a-Nova Proença-a-Velha Redinha Redondo Reguengos de Monsaraz Resende Riba de Ave Ribeira de Pena Ribeira Grande Rio Maior Rosmaninhal S. Bento Arnóia/Celorico de Basto S. Brás de Alportel S. João da Madeira S. João da Pesqueira S. Mateus do Botão S. Miguel de Refojos/Cabeceiras de Basto S. Pedro do Sul S. Roque de Lisboa S. Roque do Pico S. Sebastião S. Vicente da Beira Sabrosa Sabugal Salvaterra de Magos Salvaterra do Extremo SangalhosSanta Clara-a-Velha Santa Comba Dão Santa Cruz/Madeira Santa Cruz da Graciosa Santa Cruz das Flores Santa Maria da Feira Santar Santarém Santiago do Cacém Santo Tirso Santulhão Sardoal Sarzedas Segura Seia Seixal Semide Sernancelhe Serpa Sertã Sesimbra Setúbal Sever do Vouga Silves Sines Sintra Soalheira Sobral de Monte Agraço Sobreira Formosa Soure Sousel Souto Tábua Tabuaço Tarouca Tavira Tentúgal Terena Tomar Tondela Torrão Torre de Moncorvo Torres Novas Torres Vedras Trancoso Trofa Unhão Vagos Vale de Besteiros Vale de Cambra Valença Valongo Valpaços Veiros Venda do Pinheiro Vendas Novas Viana do Alentejo Viana do Castelo Vidigueira Vieira do Minho Vila Alva Vila Cova de Alva Vila de Cucujães Vila de Frades Vila de Óbidos Vila de Pereira Vila de Rei Vila de Velas Vila do Bispo Vila do Conde Vila do Porto Vila Flor Vila Franca de Xira Vila Franca do Campo Vila Nova da Barquinha Vila Nova de Cerveira Vila Nova de Famalicão Vila Nova de Foz Côa Vila Nova de Gaia Vila Nova de Poiares Vila Pouca de Aguiar Vila Praia da Graciosa Vila Real de Santo António Vila Real Vila Velha de Rodão Vila Verde Vila Viçosa Vimeiro Vimieiro Vimioso Vinhais Viseu Vizela Vouzela Onde mora a solidariedade