7 CONCLUSÕES Após análise e discussão dos resultados, concluiu-se que todas as hipóteses foram confirmadas, assim como formulamos as seguintes conclusões: 7.1 Perfil demográfico e hábitos associados à carcinogênese de boca 7.1.1 O carcinoma de células escamosas de boca apresenta maior incidência em homens, de cor branca, entre a 5ª e 7ª década de vida e ocorre preferencialmente em língua. 7.1.2 A elevada ocorrência de carcinoma de células escamosas em mucosa de rebordo alveolar, localização não enfatizada pela literatura como uma das mais frequentes, sugere a necessidade de esclarecimento se casualidade da amostra, particularidade regional ou alteração do perfil demográfico associado a esta localização. 7.1.3 Um dos motivos para o atraso no diagnóstico do carcinoma de células escamosas de boca é a demora do paciente em procurar o profissional de saúde. Conclusão 161 7.1.4 Os pacientes tabagistas de cigarro e etilistas de cerveja e destilados, além de serem mais acometidos pelo carcinoma de células escamosas, desenvolvem a lesão em idade mais precoce. Estes resultados indicam, entre outras, a necessidade de ampliar as atividades de prevenção primária como o controle do uso de tabaco e redução do consumo de álcool. 7.1.5 O aumento na prevalência do carcinoma de células escamosas de boca em pacientes com idade inferior a 40 anos indica a necessidade de monitoramento rigoroso desses pacientes. 7.2 Concordância diagnóstica entre os métodos citopatológico e histopatológico (padrão ouro) no diagnóstico de carcinoma de células escamosas de boca 7.2.1. Considerando que as alterações celulares são suficientes para o diagnóstico de malignidade e identificação do tipo tumoral, a citopatologia pode ser utilizada como procedimento diagnóstico de rotina de malignidade e de carcinoma de células escamosas de boca, pois apresenta 83% de concordância diagnóstica com o exame histopatológico. 7.2.2 A presença de esfregaços com adequada celularidade proporciona melhor possibilidade de conclusão citopatológica. Diante disso, a coleta adequada da amostra é imprescindível para assegurar o diagnóstico citopatológico preciso. 7.2.3 A citopatologia deve ser incorporada na rotina de investigação das lesões de boca e o laudo conclusivo pode ser utilizado para o encaminhamento dos Conclusão 162 pacientes às unidades de saúde capacitadas para planejar e executar a conduta terapêutica, com possível redução do tempo entre o diagnóstico e o tratamento. 7.3 Análise de mucosas adjacentes a carcinomas de células escamosas de lábio e de língua, através da histopatologia e pela imunorreatividade ao anticorpo anti-Ki-67 7.3.1 A mucosa lateral adjacente ao carcinoma de células escamosas de boca apresenta alterações arquiteturais e atipias citológicas variáveis, configurandose em displasia epitelial e com predomínio do tipo moderada e de baixo risco. 7.3.2 O sistema binário classifica como alto risco as áreas que realmente, apresentam alterações arquiteturais e citológicas inquestionáveis. 7.3.3 A presença de infiltrado inflamatório mononuclear com predomínio de linfócitos subjacente ao epitélio das margens adjacentes aos carcinomas de células escamosas de boca é frequentemente observado, mas parece não ter associação com o grau de diferenciação e com o tipo de fronte de invasão do carcinoma de células escamosas. 7.3.4 O afluxo de células inflamatórias mononucleares, principalmente observadas nas cristas epiteliais, pode corresponder às áreas de invasão tumoral. 7.3.5 Parece haver certa associação entre os dois sistemas de gradação histopatológica de displasia epitelial, já que todas as displasias epiteliais leves foram classificadas em baixo risco e todas as severas foram classificadas em alto risco, tanto em lábio quanto em língua. Conclusão 163 7.3.6 Quanto à classificação das displasias epiteliais moderadas, parece não haver associação entre as gradações, uma vez que foram classificadas tanto em alto risco quanto em baixo risco. Diante disso, o sistema binário parece permitir uma melhor estratificação desses casos que, frequentemente, apresentam maior dificuldade diagnóstica. 7.3.7 Quando comparados os dois sistemas de gradação histopatológica de displasia epitelial com a localização da imunomarcação do anticorpo anti-Ki-67, sugere que, quando a imunomarcação for parabasal, provavelmente a displasia epitelial é leve e de baixo risco. 7.3.8 A localização da imunomarcação do anticorpo anti-Ki-67 acima da camada basal é diretamente proporcional à severidade da displasia epitelial em ambos os sistemas avaliados tanto em mucosa de lábio quanto de língua. 7.3.9 O aumento do índice de positividade da imunomarcação do anticorpo antiKi-67 é diretamente proporcional à localização da imunomarcação, assim como com os dois sistemas de gradação histopatológica de displasia epitelial em mucosas adjacentes a carcinomas de células escamosas de boca. 7.3.10 A avaliação da imunomarcação do anticorpo anti-Ki-67 parece ser uma boa ferramenta na investigação das alterações arquiteturais e citológicas, de margem adjacente a carcinoma de células escamosas de boca, já que permite a identificação da localização e da quantidade de células imunomarcadas. A sua aplicação na análise detalhada da morfologia nuclear é um aspecto que deve ser valorizado, Conclusão 164 principalmente, quando associado às alterações citológicas no contexto da displasia epitelial. 7.3.11 Algumas células presentes em margens aparentemente inocentes apresentam características morfológicas semelhantes às células tumorais, o que sugere que certas alterações morfológicas sutis podem representar um espectro de alterações iniciais de malignidade. Defronte aos nossos resultados e conclusões, acreditamos ser fundamental a execução de ações efetivas na política de controle do câncer de boca, assim como a avaliação periódica dos pacientes de alto risco e maior investimento no treinamento de cirurgiões-dentistas e médicos a fim de identificar as lesões epiteliais precursoras e proceder ao encaminhamento adequado. Ainda assim, estudos futuros utilizando a citopatologia como procedimento diagnóstico de rotina para carcinoma de células escamosas de boca, poderão ampliar a amostra e então, definir a acurácia do método, aspecto ainda controverso na literatura mundial. Quanto à margem do carcinoma de células escamosas de boca, futuras investigações com amostras representativas poderão fornecer dados mais conclusivos acerca da associação entre os dois sistemas de gradação histopatológica de displasia epitelial, assim como com a imunopositividade ao anticorpo anti-Ki-67 para analisar as diferenças entre os sítios anatômicos, bem como interpretar melhor a estratificação e o prognóstico das displasias moderadas pelo sistema binário. A avaliação do afluxo de células inflamatórias mononucleares, principalmente nas cristas epiteliais, torna-se necessário a fim de identificar se esse critério pode ser incluído como mais um critério indicador de invasão e se as células Conclusão 165 aparentemente inocentes localizadas nas margens e que apresentam características morfológicas semelhantes às células tumorais, já podem representar um espectro de alterações iniciais de malignidade. A seleção dessas células por microdissecção a laser e a avaliação por citometria de fluxo poderão definir o grau de ploidia com maior objetividade para que se possa, então, associar com as características morfológicas, tanto pela histopatologia quanto pela citopatologia, e facilitar a identificação de alterações morfológicas iniciais que já possam representar malignidade e com isso, auxiliar na definição diagnóstica e no entendimento e gradação da displasia epitelial. 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABDO, E. N. et al. 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