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Maio - Junho /2012 3ª Edição
UMA PROVOCAÇÃO QUE CONTINUA VÁLIDA PARA OS INTELECTUAIS DA AMÉRICA LATINA:
¿EXISTE UNA FILOSOFÍA DE NUESTRA AMÉRICA?
Gustavo Marcial Prado Romero
Centro Universitário São Camilo (CUSC)
Universidad Nacional Mayor de São Marco (UNMSM)
[email protected]
Em 1968 Augusto Salazar Bondy divulga uma provocação no livro ¿Existe uma filosofía de
nuestra América? Neste livro ele diz que não há, nem nunca houve, filosofia na América Latina.
Com este desafio, ele questiona que o pensamento acadêmico produzido nas universidades desta
região não pode ser chamado a rigor filosofia. Esta disciplina tem um papel fundamental no
conhecimento adquirido pela humanidade ao longo da historia. A filosofia fundamenta inclusive o
conhecimento pragmático da ciência, enquanto ela articula um conjunto de informações sobre um
objeto, aquela que da o sentido para que estas informações sejam articuladas. Desse modo, a
filosofia se apresenta como o plano mais exigente da crítica, inclusive o panorama da história das
ideias nos daria contexto para julgar nosso próprio pensamento.
Porém, se não há filosofia na América Latina, esta ausência, como modo rigoroso de
pensamento, tem íntima relação ao subdesenvolvimento que domina a região. Por isso, para ASB
(como vamos chamá-lo a partir de agora) é de fundamental importância que comece a existir este
tipo de pensamento, a filosofia, em América Latina. E isso só será possível quando os profissionais
da filosofia, neste lugar do mundo, deixem atrás a autossatisfação, produto da falta de vigor, e que
tem por consequência a infertilidade. Neste livro, além de formular a tese de que não há filosofia
na América Latina, e mostrar a importância de que comece a existir, ASB apresenta um percurso de
um pensamento que se julga com alguma possibilidade de autonomia.
Logo no início é fundamental esclarecer que ASB não é contra nenhuma tradição de
pensamento ocidental, ou qualquer outra externa ao subcontinente. Ele apenas nos adverte, para
“[…] tener conciencia de su carácter provisional e instrumental, de su condición de medios y
elementos filtrantes de un proceso mental coordinado con el desarrollo nacional, para no tomarlos
como modelos definitivos ni como contenidos absolutos.” (p. 130). A filosofia ocidental tem seu
valor, dominou a historiografia do mundo, lhe dando o sentido até hoje. Mostrando-se como a
única descrição séria do mundo. ASB sustenta que estas ferramentas devem ser vistas apenas como
temporárias, não como perpetuas porque desse modo estaríamos fechando as possibilidades de
inovação em nosso cotidiano. Se bem que tem que ser olhadas por sua realidade material, elas não
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fecham a totalidade da existência; por isso, devem ser o passo prévio, até surgir um pensamento
mais independente na América Latina, inclusive com a apropriação dos conceitos da filosofia
tradicional, enquanto não houver uns mais eficientes.
Também tem que se pressupor a identidade comum de toda a região. Para ASB “[…] puede
hablarse de los países de la América hispano-india como una unidad de cultura” (p. 131). Por esse
motivo, ele propõe o estudo do movimento que surge nas universidades da região como uma
unidade, com uma mesma origem e costumes. Se apoiando nisso ASB diz que a filosofía
latinoamericana é um “[…] producto imitativo, sin originalidad y sin fuerza que, en lugar de crear,
repite un pensar ajeno.” (p. 119). Porque, segundo ele, os profissionais que se dedicam a filosofia,
nesta parte do mundo, até hoje apenas puderam repetir o que já foi dito pela história do
pensamento; nunca se atreveram, nem partiram de sua própria experiência, por isso não puderam
ser criativos, e nem caminharam com seus próprios pés. Sem exercitar-se, este pensamento ficou
fraco.
Assim, partindo da característica principal desta filosofia: a debilidade, ASB expressa: “[…] si
comparamos los caracteres que hemos encontrado en nuestro pensamiento con los fenómenos del
subdesarrollo veremos que no se oponen sino que, por el contrario, armonizan cabalmente entre sí,
lo cual permite explicaciones suficientes de muchos de esos caracteres.” (p. 122). Deste modo, ASB
está relacionando a passividade de um pensamento, o produzido em América Latina, com, por
exemplo, a dominação econômica exercida sobre ela. Ou seja, que a depressão na qual vive uma
região do mundo, tem como motivo o fato de não possuir um pensamento vigoroso que a
resguarde.
Em
outras
palavras:
que
um
pensamento
subdesenvolvido
implica
um
subdesenvolvimento econômico.
Porque é possível produzir um pensamento que seja a “[…] consagración de la pérdida de sí,
un pensar transcendente pero sin sustancia ni efecto en la historia […]” (p. 120). Porque existe a
possibilidade de que uma criação cultural, como a filosofia, seja não só irrelevante, assim como,
mesmo complexo e abstrato também ilusório. Poderia ser um pensamento que procurasse soluções
aos seus próprios problemas, mas, ao contrário, em vez de ser a consciência crítica de si mesma,
este pensamento atua como ferramenta dos poderes hegemônicos do planeta. É um pensamento
que serve para desarmar o povo sometido, porque é uma “consciência enajenada y enajenante” (p.
119). Poderia ser a reflexão do povo ao qual pertence, porém se transforma em transmissora de um
pensamento alheio que, por estar fora da realidade na qual foi produzida, aliena aos que se
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doutrinam sob esta meditação. Por isso, cabe a pergunta, é possível partir, como pensamento, de
elementos e categorias ausentes da realidade de alguém, diversas das que lhe toca viver?
Isto tem como consequência a inadequação da produção filosófica de um país
subdesenvolvido. Por isso, “[…] la frustración del pensador hispanoamericano se enraíza en la
imposibilidad de vivir según los patrones culturales extranjeros y en la incapacidad simultánea de
hacer fecunda en el pensamiento la vida de la comunidad estancada por la realidad del
subdesarrollo, con toda su carga negativa.” (p. 123). Por um lado, a elite de um país deprimido, as
classes educadas, pretendem ir em direção da ideia de progresso, sentido implantado pela tradição
do epicentro de poder mundial; e, por outro, vem seus esforços serem inférteis na inaplicabilidade
de seu pensamento. Repetindo, como eco, reverberando apenas, o que vem de fora, a
peculiaridade de sua voz nada mais significa, se torna vazia. Mesmo com grandes esforços, por
absorverem as luzes do melhor do pensamento ocidental, colhem um sucesso apenas local, e são
aplaudidos pelos que compartilharem sua alienação; mas, no epicentro global de produção de
pensamento, que querem atingir, não tem repercussão nenhuma.
Então, em que consiste o problema dessa atividade de pensamento em América Latina, e,
por que acontece isso? “El problema de nuestra filosofía es la inautenticidad. La inautenticidad se
enraíza en nuestra condición histórica de países subdesarrollados y dominados.” (p. 125). Ao não
poder ser, na sua mais crua realidade, ela se engana a si mesma. Não pode cumprir seu papel por
ser subdesenvolvida e dominada por outras tradições. A filosofia, como produção própria, não pode
ser apenas uma abstração vazia, consequência disso impera uma confusão sobre o que ela deva
ser. (Se bem a direção é dada pela tradição, e houve um tempo em que ela não podia ser discutida;
mas, a partir da modernidade a primeira certeza vem da auto-observação.) Para a filosofia da
América Latina ser ela mesma tem que se reconhecer, para ser criadora precisa partir não apenas
do abstrato, senão de sua própria realidade. Assim, os pensadores desta região do mundo poderão
deixar um caminho.
“Quien asume este pensamiento calcado cree verse expresado en él o se esfuerza en vivirlo
como suyo.” (p. 114). Este movimento não é totalmente equivocado e é um bom início. Pode-se
aprender copiando. Porém, não pode ficar sendo sempre uma reprodução apenas. Tem que ter
vida própria, uma responsabilidade para consigo, para com sua comunidade. A energia que gasta
querendo ser o que não é, investida em quem não oferece uma relação reciproca, se perde em
tentativas inúteis. Deste modo, se a filosofia é uma consciência, então um pensador pode-se
manifestar “[...] como alguien que se retrata perfilando su idea genuina o como alguien que se
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ilusiona sobre sí, que “se hace ideas” sobre lo que es y toma como imagen suya la de otro. Entonces
creyendo conocerse se ignora.” (p. 113-114), assim, “[…] se pierde como conciencia veraz.” (p. 114).
Por isso, perguntamos, como é possível conhecer de modo real as coisas, ou as ideias das coisas, se
não me conheço um pouco sequer? De que perspectiva partir, de que contexto, conjuntura, para
fundar um conceito sobre o mundo? Por consequência, se o ponto de partida é um mito, as bases
desse pensamento em algum momento devem ruir. Um conhecimento que não parte de sua
própria realidade, num momento deve se mostrar deficiente.
Para ser mais objetivo, ASB diz que a filosofia latino-americana existe de modo negativo,
“mienten sobre el ser que las asume pero al mentir dan expresión a su real defecto de ser.” (p.
115). É fato, ela existe, se manifesta como prática de profissionais que se dedicam a ela; mas, o faz
como um erro, como uma dissonância, como uma falta de sintonia. Deste modo, “[…] aciertan, sin
proponérselo, sin intensionarlo temáticamente, como expresión de la ausencia de un ser pleno y
original.” (p.115). O verbo ser da filosofia latino-americana surge dentro de um enunciado falso,
como uma carência, e é assim que tem que ser estudado. Ao não se atrever a ser ela mesma, ao
não arriscar, não expressa seu potencial, o que poderia ser em seu amago mais sincero. O ente da
filosofia latino-americana é um desacerto, e esse seu ser errático deve ser estudado como sendo
ela mesma.
Isso tudo “[…] ocurre cuando la filosofía se construye como un pensamiento imitado, como
una transferencia superficial y episódica de ideas y principios, de contenidos teóricos motivados por
los proyectos existenciales de otros hombres, por actitudes ante el mundo que no pueden repetirse
o compartirse en razón de diferencias históricas muy marcadas y que a veces son contrarias a los
valores de las comunidades que los imitan.” (p. 114). Deste modo, ASB está criticando a
transmissão segmentada da historia do pensamento, porque estes são conceitos que não podem
ser alcançados na sua plenitude sem sua conjuntura. Assim, mesmo sendo panorâmica, a filosofia
não pode ser superficial, tem que absorver a totalidade do ser daquele que medita segundo uma
coerência. Mas, quando se busca exatamente absorver um pensamento que ocorreu numa
circunstancia muito diferente da própria (mais ainda quando os elementos que conformam nossa
existência não são os mesmos daqueles que o pensaram) não pode menos que acabar na
insatisfação, consequência lógica de uma falsificação.
Por isso, “[…] los países dominados viven hacia afuera, pues dependen en su existencia de
las decisiones de las potencias dominantes […]” (p. 122). Do mesmo modo, a filosofia latinoamericana sempre se guiou por paradigmas externos de pensar. Desde sua introdução na América
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Latina (1551), com a filosofia escolástica, passando pela ilustração e pelo positivismo que a
afetaram, influenciando sua historia, desviando dos seus reais interesses um povo dominado, “[…]
dando a entender […] algo distinto de lo que em verdad existe.” (p. 118). Porque toda noção
conceitual se configura em base a um sentido, toda estrutura em torno de um eixo comum; assim,
o discurso sobre o mundo, também tem uma direção: um epicentro de ideias, um paradigma, no
qual se apoiaram os diversos graus de descrição do mundo, de noções de si mesmo. Levando desse
modo as massas de seguidores em uma direção errada.
Assim, ASB o manifesta: “[…] vivimos desde un ser pretendido, tenemos la pretensión de ser
algo distinto de lo que somos y lo que podríamos quizá ser, o sea, vivimos alienados respecto a la
propia realidad que se ofrece como una instancia defectiva, con carencias múltiples, sin integración
y por ende sin vigor espiritual.” (p. 117). Ou seja, pretendemos partir de algo que não é próprio em
nós, por decorrência chegamos longe de nossas reais possibilidades. E tudo isso porque
acreditamos ser, sem ser, ao não enxergarmos os problemas cotidianos. Ou seja, vamos num
sentido oposto ao material (do conteúdo das vidas das maiorias) potencializando as deficiências
que enfraquecem a força vital de uma particularidade idiossincrática. A filosofia latino-americana
não tem alento para suspeitar da tradição que lhe foi dada, ficou sem força ao não se alimentar de
sua seiva própria, sua base material, da qual está desintegrada, e por isso não enxerga suas próprias
carências.
Por isso, “La ilusión y la inautenticidad prevalecen en este caso y se paga con la esterilidad
[…]” (p. 114). E, isso, por causa de uma desestruturação, uma falta de organicidade (relação consigo
mesmo) que lhe dê direção, solidez a um particular modo de ver o mundo. Por consequência, não
se pode firmar frente a outros paradigmas adventícios, porque “[…] no hay base para um sello
próprio Del pensamiento capaz de neutralizar el impacto foráneo y latentación imitativa.” (p. 123).
Ou seja, que não há um ponto de apoio próprio para se sustentar como pensamento independente,
frente às tendências que vem do epicentro hegemônico; assim, como encontrar solidez para se
firmar a si mesmo, sem forças centrípetas que enfrentem as forças centrífugas?
Segundo ASB, “[…] el hombre en ciertas circunstancias - no frecuentes ni previsibles- salta
por encima de su condición actual y trasciende en la realidad hacia nuevas formas de vida, hacia
manifestaciones inéditas que perdurarán o darán frutos en la medida en que el movimiento
iniciado pueda extenderse y provocar una dialéctica general […]” (p. 124). Ou seja, as possibilidades
de superação da condição atual, para ir em direção de uma ampliação das perspectivas da
existência, para deixar atrás as limitações e a carência material, estão sujeitas a sua força
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multiplicadora. Para ASB, a filosofia latino-americana “[…] podría ser esa parte de la humanidad que
se empine sobre sí y que vaya de la negatividad del presente a formas nuevas y superiores de
realidad.” (p. 124). Assim, uma das condições para a existência da filosofia é que deve ter algum
efeito sobre a existência. Se por seu nível de abstração pode se transcender a si mesma, para poder
se enxergar melhor, só ela teria condições de sair de sua condição de deprimida; ao
menos,inicialmente,no plano teórico. Esse se empinar sobre si, como reflexão filosófica, não está
isolado do seu passado; do mesmo modo, procurando o sentido, tem também que engrenar com
seu futuro.
“Esto significa que aquella parte del hombre que se empina sobre su circunstancia no podrá
hacerlo con fertilidad y de modo perdurable sino cuando el movimiento que su gesto esboza sea
capaz de articularse con el resto de la realidad y provocar en ésta una mutación de conjunto.” (p.
124). Quer dizer que mesmo transcendendo a si mesmo, não será louvável se não for um estado
durável, que permaneça na história dos homens que influencia. Mas para isso precisa estar
integrado, ou seja, que o movimento que seu gesto simboliza tem que repercutir, tem que ter
consequências para não ser apenas um soliloquio. Como uma árvore, só será estável se suas raízes
estão integradas ao solo; assim também, a filosofia, como árvore transplantada, não será vigorosa
se não aceita a seiva da terra em que habita.
Por isso, a busca, da filosofía latinoamericana, pela “[…] posibilidad de ser auténtica en
medio de la inautenticidad que la rodea y la afecta: [para] convertirse en la conciencia lúcida de
nuestra condición deprimida como pueblos y en el pensamiento capaz de desencadenar y
promover el proceso superador de esta condición.” (p. 126). Se só a filosofia pode ver seu próprio
sentido quando os demais conhecimentos se constroem apoiados nele, e, não podem duvidar de
seus próprios pressupostos, assim como auto-observação, ela se questionará a si mesma, ou, se
sintonizará com a alienação que é dominante no seu contexto. Cabe à filosofia latino-americana se
empinar sobre si mesma, perceber sua condição oprimida e indicar o caminho, a direção, para
superar essa opressão.
Dessa maneira, “[…] una buena parte de la tarea que tiene por delante nuestra filosofía es
destructiva –a la larga también destructiva de su entidad actual como pensamiento alienado.” (p.
126). Já que o ponto inicial desta filosofia é perceber sua própria deficiência, por consequência terá
que demolir todas suas antigas certezas, para assim poder criar seu próprio caminho. Mas isso
implica que terá que autodestruir-se na sua busca por si mesma. Porque, se sua identidade é
falseada, ela não poderá construir sobre suas antigas bases, terá que se destruir a si mesma, para se
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desvencilhar do que a sobrecarrega. Desse modo, poderá caminhar e encontrar um ponto de apoio,
a partir do qual possa deslocar sua visão de mundo, até um horizonte mais amplo, e menos
opressor. Sua função será “develar nuestra sujeción como pueblos” (p. 126), será descontruir as
verdades aceitas, as que impedem o homem latino-americano acreditar em si próprio. Terá que
destruir seus antigos pressupostos, que o prendem, para alcançar suas possibilidades.
Por tanto, “[…] nuestros pueblos sólo saldrán de su condición rompiendo los lazos que los
tienen sujetos a los centros de poder y manteniéndose libres con respecto a toda otra sujeción que
paralizaría su progreso, se hace claro que la filosofía que hay que construir no puede ser una
variante de ninguna de las concepciones del mundo que corresponden a los centros de poder de
hoy, ligadas como están a los intereses y metas de esas potencias.” (p. 127). A ruptura com o
epicentro planetário, assim como a finalização da sujeição econômica, permitirá percorrer um
caminho próprio também no pensamento. O centro de poder global cega às inquietudes
particulares de cada povo os aliena e permite apenas um pensamento único. Inclusive, para ASB, o
estado de cautela deverá ser geral porque pode haver recaídas nos modos de alienantes de pensar.
Assim, o pensamento que deverá surgir em América Latina para ser original só poderá ser
autêntico. Não poderá depender de antigas potências, terá que aprender a ser ele genuinamente,
não poderá rejeitar mais sua natureza, sua geografia, sua história, seu entorno.
A filosofia latinoamericana tem que “[…] sumergirse en la sustancia histórica de nuestra
comunidad para buscar en ella el sustento de los valores y categorías que la expresen
positivamente y le revelen al mundo. Y estos valores, a su vez, habrán de ser fuente de energía y
resorte de un movimiento transformador capaz de llevar adelante, con el aporte de todos nuestros
países, un proceso ascendente de civilización.” (p. 126). As categorias do mundo ocidental serviram
para sustentar o que conhecemos como historiografia, porém muitas delas hoje se mostram
precárias. Assim, anteriores conceitos de beleza que oprimem nosso povo, que no passado se
mostravam como categoria absoluta, hoje se dissolvem frente a uma análise mais cuidadosa. Na
falência de noções apenas transcritas, que reprimem as possibilidades espontâneas, precisamos de
valores que fortaleçam nossa maneira de nos manifestar no mundo. Poderá desse modo se aportar
e ampliar o modo ocidental que serviu até hoje.
Para concluir, ASB não nega a sabedoria dos povos pré-colombianos, apenas diz que não
temos registros escritos deixados por eles para que possamos interpretar. Por isso, propõe um
estudo a partir da introdução da filosofia produto da conquista europeia sobre a América Latina.
Tampouco nega o valor da filosofia ocidental. Ele está propondo um pensamento mais rigoroso que
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não apenas imite sua matriz. Está mostrando a possibilidade de um tipo de pensamento que seja
um “[…] principio de una mutación histórica para una toma de consciencia radical de La existência
proyectada em el futuro.” (p. 125). Assim, como o pensamento moderno indica claramente qual foi
a novidade no modo de ver o mundo com respeito ao ponto de vista escolástico, do mesmo modo
deverá surgir na América Latina um pensamento que seja mais consciente de suas limitações e
potenciais. Um pensamento mais autêntico que leve a humanidade para um tipo de existência
menos opressiva.
SALAZAR BONDY, Augusto. (1968) ¿Existe una filosofía de nuestra América? México: Siglo Veintiuno.
133 p.
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Existe una filosofía de nuestra