NA //edição especial SPECIAL EDITION // DEZEMBRO 2005 WWW.APIFARMA.PT NOTÍCIAS [APIFARMA] PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA PORTUGUESE ASSOCIATION OF PHARMACEUTICAL INDUSTRY’S NEWSLETTER 02. WORKSHOP: A ESPERA DOS DOENTES POR NOVOS MEDICAMENTOS PATIENTS AWAITING NEW MEDICINAL PRODUCTS 06. O MEDICAMENTO EM PORTUGAL: DO PEDIDO À DISPONIBILIZAÇÃO MEDICINAL PRODUCTS IN PORTUGAL: FROM THE REQUEST TO AVAILABILITY 08. EM BENEFÍCIO DOS CIDADÃOS FOR THE BENEFIT OF CITIZENS 10. A VISÃO DOS DOENTES THE PATIENTS’ VIEWS A espera dos doentes por novos medicamentos Pode a Europa fazer melhor? Patients Awaiting New Medicinal Products Can Europe do better? Workshop organizado em colaboração com a EFPIA e APIFARMA 02 NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 No dia 24 de Outubro decorreu, no CCB um workshop intitulado “A Espera dos Doentes Por Novos Medicamentos: Pode a Europa Fazer Melhor?” promovido e organizado conjuntamente pela Federação Europeia da Indústria Farmacêutica (EPFIA) e pela Apifarma. Este Fórum foi promovido com o objectivo de chamar a atenção para as discrepâncias da acessibilidade dos doentes aos medicamentos nos diferentes Estados Membros, e contou com a participação dos responsáveis da EFPIA, da APIFARMA, do INFARMED, da AMPIF, do Grupo de Trabalho da Inovação, e de jornalistas da imprensa especializada. A plateia, para além de uma representação significativa da Indústria Farmacêutica, contou com associações de doentes pertencentes à parceria com a APIFARMA, as quais tiveram uma participação muito activa, a qual contribuiu indiscutivelmente para o enriquecimento do debate. Os atrasos na atribuição das comparticipações, para além dos limites legalmente impostos, o peso das despesas em medicamentos nos orçamentos de saúde, a falta de equidade entre os doentes europeus aos tratamentos inovadores foram alguns dos temas abordados. On 24 October, a workshop entitled "Patients Awaiting New Medicinal Products: Can Europe Do Better?" was held at the CCB. It was jointly sponsored and organised by the European Federation of Pharmaceutical Industries and Associations and Apifarma. This workshop was promoted with a view to raising awareness about the discrepancies in access to medicinal products in the various Member States and was participated in by senior officers of the EFPIA, APIFARMA, the INFARMED, the AMPIF, the Working Group on Innovation (Grupo de Trabalho da Inovação), and journalists of the specialist press. In addition to a significant representation of the Pharmaceutical Industry, the workshop was attended by patients' associations belonging to the partnership established with APIFARMA, which participated actively, thereby unquestionably contributing to enriching the debate. Delays in awarding reimbursement, in addition to limits imposed by the law, the weight of expenditure on medicinal products within health budgets and the lack of equity among European patients in respect of innovative treatments were some of the issues discussed. NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 03 DOENTES PORTUGUESES SÃO DISCRIMINADOS João Gomes Esteves Presidente da APIFARMA // Prof. Dr. Vasco Maria Presidente do INFARMED Segundo o Presidente da APIFARMA, João Gomes Esteves, “não é aceitável que no século XXI haja, na Europa, doentes de primeira, doentes de segunda e doentes de terceira” e acrescenta que “não é aceitável que o doente português tenha menos qualidade de vida do que a maioria dos doentes europeus. Criar condições para que os doentes tenham acesso aos novos medicamentos sempre foi, e continua a ser, uma prioridade da Indústria Farmacêutica.” O Professor Dr. Vasco Maria, presidente do INFARMED, referiu, na sua intervenção inicial, que o acesso às novas terapêuticas é fundamental e insere-se na missão do Instituto que representa. Considera ainda que este tipo de iniciativa é de extrema importância para que se possam, em conjunto, identificar os constrangimentos que interferem na acessibilidade dos cidadãos ao medicamento e que contribuem para as diferenças de equidade existentes no espaço europeu. Philip Ellsworth, coordenador do grupo de trabalho de acessibilidade dos doentes aos medicamentos da EFPIA apresentou, de um modo sucinto, os objectivos que constituem a preocupação e a base de trabalho do referido grupo. Ao longo dos 8 anos de existência do grupo, o seu objectivo tem sido essencialmente alertar para o problema real que é a acessibilidade dos doentes às novas terapêuticas. Os doentes devem ter acesso aos novos medicamentos em tempo útil, os quais devem ser aprovados com um preço acessível e de acordo com um sistema apropriado de comparticipação. 04 NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 PORTUGUESE PATIENTS ARE DISCRIMINATED AGAINST According to the Chairman of APIFARMA, João Gomes Esteves, "It is unbelievable that in Europe, in the twenty first century, there are first, second and third class patients”, and he added that “it is unacceptable that Portuguese patients have a worse quality of life than most European patients. To create conditions for patients to access new medicinal products has always been, and continues to be, a priority of the Pharmaceutical Industry.” Professor Dr. Vasco Maria, Chairman of the INFARMED, mentioned in his opening speech that access to new therapies is fundamental and forms part of the mission of the Institutes he represents. He further believes that this type of initiative is of utmost importance to be able to jointly identify the constraints that interfere with citizens’ access to medicinal products and contribute to the differences in equity existing within the European area. Philip Ellsworth, Coordinator of the EFPIA's working group on patient access to medicinal products, presented a brief overview of the goals which constitute the concerns and working basis of the aforementioned group. Over the group's 8 years of existence, its goal has essentially been to call people's attention to the real problem posed by patient access to new therapies. Patients should have access to new medicinal products in time, and these products should be approved with an accessible price in accordance with an appropriate reimbursement system. 65% DOS MEDICAMENTOS APROVADOS NÃO ESTÃO NO MERCADO // Marie-Claire Pickaert Directora Geral Adjunta da EFPIA Marie-Claire Pickaert, Directora Geral Adjunta da EFPIA, iniciou a sua intervenção referindo que Portugal foi o primeiro país onde o grupo iniciou este tipo de Fórum. Pelo segundo ano consecutivo, são apresentados alguns dos resultados mais relevantes em termos de monitorização dos procedimentos de AIM, decisões sobre preços e comparticipações, para o período de tempo entre 30 de Junho 2000 e 30 de Junho de 2004. Estes dados correspondem à fase 3 do Estudo “Patient W.A.I.T. Indicator”, que tem vindo a ser conduzido com a colaboração do IMS Health. O número de medicamentos disponíveis, após aprovação das respectivas moléculas, é outro indicador de acessibilidade analisado neste estudo. Em Portugal verifica-se que 65% dos medicamentos aprovados não se encontram comercializados ou simplesmente comparticipados. Neste caso, os doentes são privados da sua terapêutica, mesmo quando o medicamento apresenta autorização de introdução no mercado. Segundo Marie-Claire Pickaert, e como mensagem principal, esta é uma situação crítica quando se fala em crianças com asma, em crianças com leucemia ou mulheres com cancro da mama, que esperam por novos tratamentos. 65% OF APPROVED MEDICINAL PRODUCTS ARE NOT IN THE MARKET Marie-Claire Pickaert, Assistant General Director of the EFPIA, commenced her speech by mentioning that Portugal was the first country where this type of forum had begun. For the second consecutive year, some of the most significant results in terms of monitoring MA procedures, price and reimbursement decisions for the period between 30 June 2000 and 30 June 2004 are presented. These data correspond to stage 3 of the “Patient W.A.I.T. Indicator” study, which is being conducted in collaboration with IMS Health. The number of available medicinal products, after approval of the corresponding molecules, is another accessibility indicator analysed in this study. For Portugal, it was realised that 65% of approved medicinal products are not marketed or simply not reimbursed. In this case, patients are deprived of their therapy, even when the medicinal product has a marketing authorisation. According to Marie-Claire Pickaert, the main message is that this is a critical situation when one talks about children with asthma, children with leukaemia or women with breast cancer who are waiting for new treatments. NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 05 O medicamento em Portugal: DO PEDIDO À DISPONIBILIZAÇÃO Medicinal products in Portugal: From the request to availability 400 Tempo médio entre a aprovação de AIM e a Comparticipação (Total de P. Centralizados e Não Centralizados) 427 431 França 500 Cristina Lopes, Technical Director of Apifarma, presented a European and national approach to the process, from the MA request to availability to patients. In fact, obtaining an MA is not synonymous with accessibility, this being only the first step to create conditions to access the market. The results of 5 studies were thus presented: 3 of international scope and 2 domestic. Although these studies had different samples, methodologies and monitoring times, in the end it was possible to show the same trend in terms of results. During the periods under analysis, the times for granting MAs and reimbursement in Portugal are above the periods of time laid down in the law. Times for obtaining reimbursement for all approved medicinal products (Centralised and NonCentralised Procedures) exceed 361 days. Grécia Cristina Lopes, Directora Técnica da Apifarma, fez uma abordagem europeia e nacional do processo, desde o pedido de AIM até à sua disponibilização aos doentes. De facto, a obtenção de uma AIM não é sinónimo de acessibilidade, sendo que é apenas o primeiro passo para criar as condições de acesso ao mercado. Foram assim apresentados os resultados de 5 estudos: 3 de âmbito internacional e 2 nacionais. Embora se tratem de estudos com diferentes amostras, diferentes metodologias e com tempos de monitorização diferentes, no final foi possível evidenciar uma mesma tendência em termos de resultados. Nos períodos em análise verifica-se que, para Portugal, os tempos de concessão de AIM e comparticipação, se encontram acima dos prazos legais estabelecidos. Os tempos de comparticipação para todos os medicamentos aprovados (Procedimento Centralizado e Não Centralizado), ultrapassam os 361 dias. 435 453 389 Average time between approval of the MA and reimbursement (Total Centralised and Non-Centralised Procedures) 345 361 327 302 300 259 214 0 O valor apontado pelo estudo Patient W.A.I.T. Indicator (EFPIA), fase 3, coloca Portugal na 17ª posição das 23 apresentadas. The value found by the Patient W.A.I.T. Indicator (EFPIA) study, stage 3, places Portugal in 17th position among the 23 countries considered. *Polónia: Medicamentos sem reembolso (+/- 7 anos) *Poland: Medicines without reimbursement (+/- 7 years) COMPARAÇÃO PAN-EUROPEIA: O CANCRO PAN-EUROPEAN COMPARISON: CANCER 4,71% Artrite Reumatóide Reumatóide Artrite 4,71% Diabetes Diabetes 8,24% Sangue Blood 9,41% SNC Em termos de doenças, são os doentes com Sida, Cancro, Alterações do Sistema Nervoso Central e Diabetes, aqueles que mais aguardam por uma terapêutica inovadora, que existe, mas que não se encontra ainda disponível para todos os doentes na Europa. 10,59% Cancro Cancer 10,59% HIV VIH 51,76% Outros Others 06 NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 Que Patologias estão envolvidas? What are the pathologies involved? Polónia* Eslováquia Bélgica República Checa Finlândia Hungria Irlanda Portugal Estónia Itália Chipre 82 Espanha 131 Noruega 130 170 Países Baixos 122 Suécia 159 Áustria Reino Unido 0 Dinamarca 0 EUA 0 Alemanha 100 54 Suíça 200 226 MELHORAR A PERFORMANCE DE ACTUAÇÃO TO IMPROVE PERFORMANCE De facto, um estudo recentemente elaborado pelo Instituto Karolinska intitulado “A pan European Comparison regarding patient Access to cancer drugs” vem reafirmar esta tendência para uma das patologias acima referidas – o cancro. Apesar dos benefícios comprovados das recentes e inovadoras opções de tratamento, actualmente disponíveis para esta doença, os doentes europeus não têm um acesso igualitário a esses mesmos fármacos. Na sua apresentação, Cristina Lopes reforçou a ideia de que a acessibilidade dos doentes aos novos medicamentos depende de um enquadramento normativo estável e previsível, da colaboração entre os reguladores e a Indústria, além de que são necessárias medidas para tornar os processos de autorização dos medicamentos e de fixação de preços e comparticipações mais expeditos e transparentes. É importante também pensar na inovação como uma oportunidade, sendo que as necessidades actuais e futuras de terapêuticas inovadoras devem ser quantificadas e servir de base para a formação dos orçamentos para a saúde. In terms of diseases, patients with AIDS, cancer, alterations to the central nervous system and diabetes are those who wait longest for innovative therapies which exist but are not yet available to all patients in Europe. In fact, a study recently carried out by the Karolinska Institute called “A pan-European comparison regarding patient access to cancer drugs” confirms this trend for one of the abovementioned pathologies – cancer. Despite the duly demonstrated benefits of the recent innovative treatment options currently available for this disease, European patients do not have equal access to these medicinal products. In her presentation, Cristina Lopes stressed the idea that patient access to new medicinal products depends on a stable and predictable regulatory framework, collaboration between the regulators and the Industry, in addition to the need for measures to make the authorisation process for medicinal products and the definition of prices and reimbursement faster and more transparent. It is also important to view innovation as an opportunity, where current and future needs for innovative therapies should be quantified and used as a basis for preparing health budgets. O Presidente do INFARMED, Professor Vasco Maria, revendo as actuais dificuldades na acessibilidade dos doentes aos medicamento referiu que tudo fará “para encurtar a espera dos doentes por novos medicamentos”, acrescentando que esta será uma das prioridades do seu mandato. Em primeiro lugar, um dos objectivos será o de cumprir a lei, nomeadamente, cumprir os prazos claramente definidos na Directiva de Transparência. Em segundo lugar, a reavaliação do sistema de comparticipações, necessária para reduzir as ineficiências. Pretende-se que este sistema assente em princípios mais sólidos, de justiça social, de equidade, de justiça distributiva e que as decisões não sejam tomadas de maneira casuística. No seu entender, este objectivo não pode ainda estar desligado de outros aspectos. É necessário, de facto, garantir a viabilidade do sistema, mas sobretudo a sua estabilidade. No final o que se pretende é a obtenção de um sistema mais justo, que permita racionalizar a utilização dos recursos, que seja mais eficiente e possa contribuir significativamente para a melhoria do acesso pelos cidadãos. The Chairman of the INFARMED, Professor Vasco Maria, reviewing the current difficulties experienced by patients in accessing medicinal products, mentioned that he will do everything within his power “to shorten patients' waiting time for new medicinal products”, adding that this will be one of the priorities of his term in office. First of all, one of the goals to be achieved is to respect the law, in particular the periods of time clearly defined in the Transparency Directive. Secondly, to revaluate the reimbursement system. This system should be grounded on more solid principles of social justice, equity and distributive justice, and decisions should not be made on a case-by-case basis. In his opinion, this goal cannot be dissociated from other aspects. In fact, it is necessary to ensure the feasibility of the system, but particularly its stability. In the end, what is to be achieved is a fairer system, which makes it possible to rationalise the use of resources, is more efficient and may significantly contribute to improving citizens’ access. NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 07 Em benefício dos Cidadãos For the benefit of citizens Diamantino Cabanas, Director Adjunto do Jornal Tempo Medicina, foi o jornalista que moderou o debate “Acesso aos novos medicamentos: impacto no doente e na família”. Iniciou este painel com uma reflexão, referindo que a problemática de acessibilidade se prende igualmente com a sustentabilidade do Estado. Considera ainda que a necessidade de racionalizar e equilibrar os recursos, deve ser o ponto de partida para os governos poderem continuar a trabalhar em benefício dos cidadãos, permitindo a sua acessibilidade às novas terapêuticas. Isabel Saraiva, Directora Executiva da Apifarma, durante o debate apresentou este tema como alicerçado nos seguintes pontos: o acesso dos doentes, a competitividade das empresas e a sustentabilidade do sistema. Quanto à sustentabilidade do sistema, considera ser um problema nuclear, ao condicionar muitas vezes as decisões na área da comparticipação. Neste sentido, há ainda um longo caminho a percorrer sendo que a racionalização deste sistema é a razão de ser da inovação e do acesso. Ana Maria Nogueira, médica e representante da Associação dos Médicos Portugueses da Indústria Farmacêutica (AMPIF), sublinhou o esforço da Indústria Farmacêutica no sentido de introduzir no mercado medicamentos inovadores. Segundo esta oradora, os ensaios clínicos podem contribuir para um acesso precoce às terapêuticas inovadoras e são uma fonte privilegiada de informação para os doentes. É neste sentido que urge a necessidade de trazer para Portugal mais centros de ensaio. MECANISMOS DE CORRECÇÃO Em resposta à questão sobre “O que poderia ser feito para melhorar, encurtar o prazo de tempo, sobretudo no domínio da comparticipação?”, João Norte, representante do Grupo de Trabalho da Inovação da APIFARMA, referiu as recomendações do G10, nomeadamente, as que se referem à acessibilidade. Em resposta a estas recomendações, alguns países estão já a aplicar medidas com vista a tornar os processos mais céleres. A título de exemplo, em alguns países, o início da discussão dos processos para a aprovação do preço e comparticipação ocorre ainda antes da decisão de autorização de introdução no mercado ter sido concedida. Refere ainda que é necessário tornar claro quais as directrizes necessárias para demonstrar a mais valia terapêutica e económica do medicamento, em sede de comparticipação. No entender deste responsável, o reforço e a garantia da acessibilidade para os cidadãos, alicerçada na inovação, constituem uma prioridade, sendo que a Indústria Farmacêutica e toda a sua actividade são parte da solução e não do problema. Todas as partes devem assim colaborar. Considera também que a inovação é ainda percepcionada como geradora de despesas e este argumento é muitas vezes utilizado, em sede de comparticipação, para atrasar a aprovação de novos medicamentos, dificultando o seu acesso por parte de quem mais deles necessita – os doentes. Seria importante reflectir sobre os medicamentos inovadores, em relação aos benefício que trazem para os doentes e não como algo que vai fazer despesa. MAIS E MELHOR INFORMAÇÃO EVOLUIR É INOVAR De facto as Associações de Doentes estão, neste momento, a reclamar, e bem, o seu direito à informação sobre novos medicamentos e o que está a ser feito em termos de investigação e desenvolvimento. As Associações de Doentes são, neste momento, parceiros incontornáveis no acesso a novos medicamentos. Como mensagem final foi referida a importância da transparência e harmonização dos procedimentos, para que todos os doentes tenham a mesma oportunidade de tratamento: “Não queremos que haja doentes mais europeus do que outros”. A Directora Executiva da APIFARMA, Isabel Saraiva, acrescentou ainda que a evolução pode ser uma face da inovação. Concretizando, se um determinado fármaco apresentar um melhor perfil de segurança, uma forma de utilização mais fácil, um esquema posológico mais adequado, isto é também inovação. Não se justificam assim os atrasos, que se verificam na sua aprovação. Diamantino Cabanas, Assistant Director of the newspaper Tempo Medicina, was the journalist who moderated the debate on “Access to new medicinal products: impact on the patient and the family”. He started this panel off with a thought, saying that the problems associated with access also relate to the sustainability of the State. He further believes that the need to rationalise and balance resources should be the starting point for governments to be able to continue to work for the benefit of citizens, enabling their access to new therapies. During the debate, Isabel Saraiva, Executive Director of Apifarma, presented this issue as grounded on the following points: patient access, companies’ competitiveness and the sustainability of the system. With regard to the sustainability of the system, she believes it is a nuclear problem, by often constraining decisions in the area of reimbursement. In this sense, there is a long way to go, given that the rationalisation of this system is the reason for innovation and access. Ana Maria Nogueira, a doctor and representative of the Association of Portuguese Doctors in the Pharmaceutical Industry (Associação dos Médicos Portugueses da Indústria Farmacêutica - AMPIF), stressed the efforts made by the Pharmaceutical Industry to bring innovative medicinal products into the market. According to this speaker, clinical trials may contribute to early access to innovative therapies and a privileged source of information for patients. It is in this sense that it is urgent to bring more trial centres to Portugal. MORE AND BETTER INFORMATION In fact, the Patients' Associations are presently claiming, as is their due, the right to information on new medicinal products and what is being done in terms of research and development. Patients' Associations are currently unquestionable partners in access to new medicinal products. By way of a final message, the importance of transparency and harmonisation of procedures, so that all patients have the same treatment opportunities, was mentioned: “We do not want patients who are more European than others”. CORRECTIVE MECHANISMS In answer to the question “What could be done to improve and shorten the time frames, in particular in the area of reimbursement?”, João Norte, a representative of APIFARMA's Working Group on Innovation, mentioned the recommendations of the G10, chiefly those concerning accessibility. Responding to these recommendations, some countries are already applying measures with a view to speeding up the procedures. By way of example, in some countries, discussion of the procedures to approve the price and reimbursement begins even before the marketing authorisation is granted. He also said that is necessary to further clarify the necessary guidelines to demonstrate the therapeutic and economic added value of a medicinal product in the context of reimbursement. In his opinion, reinforcement and assurance of accessibility for citizens, grounded on innovation, are a priority, bearing in mind that the Pharmaceutical Industry and all its activity are part of the solution and not the problem. Thus, all parties should collaborate. He also believes that innovation is still perceived by some as generating expenses and this argument is often used in the context of reimbursement to delay the approval of new medicinal products, making their access by those who need them most – the patients - more difficult. It would be important to reflect on innovative medicinal products in the light of the benefits they bring to patients and not as something that will give rise to expenses. TO EVOLVE IS TO INNOVATE The Executive Director of APIFARMA, Isabel Saraiva, further added that evolution can be one of the faces of innovation. In concrete, if a certain medicinal product presents a better safety profile, an easier manner of use or a more appropriate dosage scheme, this is also innovation. Delays experienced in their approval are therefore not justified. NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 09 A Visão DOS DOENTES A plateia contou com a participação activa de inúmeras Associações de Doentes que fizeram questão de estar presente e dar uma perspectiva concreta dos seus pontos de vista. Para António Vilar, representante da Associação de Doentes com Artrite Reumatóide, a questão do acesso a medicamentos ditos inovadores vai mais além da razão dos custos, uma vez que já foi provado que uma afectação mais eficiente dos recursos pode levar a poupanças, melhores resultados em termos de saúde e uma melhor qualidade de vida. Para os doentes com artrite reumatóide, a acessibilidade aos medicamentos restringe-se aos poucos hospitais existentes no país, com serviço de reumatologia, o que não serve de todo os interesses destes doentes. João Correia Nunes, representante da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, referiu que os benefícios comprovados, obtidos como consequência das recentes opções de tratamento actualmente disponíveis para os doentes europeus, nem todos estão disponíveis em Portugal. Na sua mensagem alertou as autoridades políticas para a necessidade de serem equacionados os custos em relação aos ganhos em saúde, no caso da doença da Diabetes, nomeadamente, em relação aos gastos com hospitalizações, perda de dias de trabalho e em relação à medicação necessária para tratar as complicações tardias da doença. Jorge Nunes da Associação Nacional da Espondilite Anquilosante referiu na sua intervenção que, em primeiro lugar, é preciso começar a pensar no doente e só depois no medicamento. Considera que as doenças devem ter igual tratamento por parte das autoridades políticas no que se refere à comparticipação dos medicamentos, mesmo que estes não estejam aprovados para outras indicações terapêuticas, mas que possam usufruir de benefício clínico em relação à sua utilização. Comentou, no final: “Hoje de manhã acordei cheio de dores, estou com dores até agora e ninguém mas tira. Comigo devem ter acordado cerca de 50 000 pessoas nas mesmas circunstâncias, mas que vieram trabalhar.” É emergente que algo se faça no sentido de aumentar a qualidade de vida dos doentes, que são e podem continuar a ser produtivos para a nossa sociedade. Para Rui Narciso, representante da Federação de Instituições de apoio a doentes crónicos, o factor económico dos doentes não pode, de maneira nenhuma, ser um factor que condicione o acesso à saúde. Por outro lado, a viabilidade do sistema, referido pelos diversos intervenientes nesta discussão, deve ser a estrutura base da acessibilidade para todos os cidadãos que pagam os seus impostos, que não devem, por isso, ser penalizados em relação a um direito socialmente adquirido. CONCLUSÕES A acessibilidade aos novos medicamentos depende da relação entre a Indústria Farmacêutica e o Estado. A Indústria investiga e produz, mas é o Estado que tem a responsabilidade de garantir a sua acessibilidade aos cidadãos doentes. A colocação de novos medicamentos no mercado é assim influenciada por um conjunto de requisitos normativos, que diferem de país para país, levando a desigualdades no acesso a nível da Europa. 10 NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 Todos os estudos apresentados revelam que há uma tendência marcada para um atraso no acesso aos novos medicamentos, sendo que em Portugal os tempos se encontram muito acima do legalmente previsto pela Directiva da Transparência. É unânime o sentimento de que em Portugal o sistema de comparticipações não funciona. Há, assim, necessidade de rever este sistema tornando-o mais justo e realista. Garantir o acesso aos medicamentos por parte dos doentes é algo que todos os parceiros têm de se debruçar, e contribuir para que sejam encontradas as melhores soluções de equidade para todos. Patients’ VIEWS Several Patients' Associations actively participated in the workshop. These associations were glad to attend the event and be able to express their views. For António Vilar, the representative of the Association of Patients with Rheumatoid Arthritis (Associação de Doentes com Artrite Reumatóide), the issue of access to medicinal products considered innovative extends beyond cost-related motives, since it has already been demonstrated that a more efficient allocation of resources may lead to savings, better outcomes in terms of health and a better quality of life. For patients with rheumatoid arthritis, accessibility to medicinal products is restricted to the few hospitals existing in the country with a rheumatology service, which does not serve the interests of these patients. João Correia Nunes, the representative of the Association for the Protection of Portuguese Diabetics (Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal), said that the duly demonstrated benefits obtained as a result of recent treatment options currently available to European patients are not all available in Portugal. In his message, he alerted the political authorities to the need to assess costs on the basis of health gains, in the case of diabetes chiefly with regard to the costs of hospital stays, loss of working days and medication needed to treat the late complications of this disease. Jorge Nunes of the National Ankylotic Spondylitis Association (Associação Nacional da Espondilite Anquilosante), mentioned in his speech that, first of all, it is necessary to start thinking about patients and only then about medicinal products. He believes that diseases should be treated equally by the political authorities with regard to reimbursement of medicinal products, even if these are not approved for other therapeutic indications, but may provide clinical benefits in their use. At the end, he commented: “Today I woke up in pain, I am in pain as I speak and no one can take this pain away. Probably more than 50,000 people woke up in pain as I did, but they came to work.” It is urgent to do something to improve the quality of life of patients, who are and may continue to be productive in our society. For Rui Narciso, the representative of the Federation of Institutions Providing Assistance to Chronic Patients (Federação de Instituições de Apoio a Doentes Crónicos), patients' economic factor should by no means restrict their access to health. On the other hand, the viability of the system, mentioned by various participants in this debate, should be the basic structure for accessibility by all citizens who pay their taxes, and they should not, accordingly, be penalised in respect of a socially acquired right. CONCLUSIONS Accessibility to new medicinal products depends on the relationship between the Pharmaceutical Industry and the State. The Industry researches and manufactures, but it is the State that is responsible for ensuring its access to sick patients. The placement of new medicinal products in the market is therefore influenced by a set of regulatory requirements which differ from one country to another, leading to inequality in access in Europe. All the studies presented show that there is a marked tendency for delays in access to new medicinal products, and in Portugal the times are well beyond those laid down in the Transparency Directive. There is a unanimous feeling that the Portuguese reimbursement system is not operating properly. This system should therefore be reviewed, becoming fairer and more realistic. To ensure patient access to medicinal products is something that all partners should analyse, and contribute to finding the best equitable solutions for all. NA EDIÇÃO ESPECIAL DEZEMBRO 2005 11 APIFARMA NA FICHA TÉCNICA EDIÇÃO E PROPRIEDADE APIFARMA - Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica Rua Pêro da Covilhã, 22 PT-1400-297 LISBOA PORTUGAL Telefs.: 21 303 17 80 21 301 82 64 Fax: 21 303 17 97/8/9 E-mail: [email protected] PAGINAÇÃO E PRODUÇÃO GRÁFICA alphadesign DISTRIBUIÇÃO Gratuita TIRAGEM 1 000 exemplares REGISTO 122222 English version available on: www.apifarma.pt