BATALHAS ENTRE PERSAS, ROMANOS E GODOS
Ana Paula Fazolla ¹
Uiara Barros Otero ²
Este trabalho se concentra na investigação de fenômenos históricos que correspondem ao período
de transição entre antiguidade e o medievo, analisando as batalhas históricas travadas em contexto
de conflitos civis e desestruturação do Império Romano, os quais opuseram persas e romanos nas
fronteiras orientais, romanos e godos em Adrianópolis, na Trácia, província romana. Identificam-se
processos de assentamento godo, germânico, em território romano e outros diferentes tipos de
relacionamento político existentes em diferentes conjunturas. Além disso observamos, pressões
externas nas fronteiras romanas, através dos persas, na disputa por áreas de influência na região, em
momentos de conflitos e usurpações de poder em Roma. O objetivo principal da pesquisa é criar
um jogo utilizando tecnologia de RPG, com fins educacionais, reconstruindo os cenários de época,
transformados em cartoons nos quais o aluno (usuário) participa de forma interativa com os
personagens e situações contextualizadas, cumprindo tarefas, ao mesmo tempo, que conhece,
compreende e aprende processos e conceitos históricos.
Para alcance de nossas propostas traçamos alguns objetivos, dentre eles: a) Identificar e selecionar
conteúdos curriculares abordados no período que medeia a desestruturação do Império Romano do
Ocidente e a construção do mundo medieval; b) Analisar conceitos históricos construídos no
processo de assentamentos, ocupação, negociação, conquista, pilhagens e guerras, entre os povos
germânicos e romanos, e destes com os persas nas fronteiras orientais, dentro das dinâmicas
política, espaço-temporal e geográfica; c) Identificar diferentes tipos de relacionamento travados
entre romanos e povos estrangeiros de acordo com a política imperial.
Esta apresentação se propõe a explicar o contexto de criação e concepções históricas retratadas nos
cenários (figuras 1, 2 e 3).
No séc. III – Pressão persa na fronteira oriental. Uma série de conflitos militares opõe romanos e
persas pelo controle de áreas da Síria e ao Eufrates. Esses conflitos se intensificam no século III
com a fundação do Império Sassânida. Em 260 o rei persa Shapur I derrota o imperador romano
Valeriano em batalha. A dinastia Sassânida foi um constante tormento para Roma.
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¹ Discente do Curso de História, UNIGRANRIO
² Docente da Escola de Educação, Ciências, Letras, Artes e Humanidades, UNIGRANRIO
Figura 1 – Batalha Entre Persas E Romanos No Oriente
Ano 378 – Batalha de Adrianópolis. Foi uma batalha travada em Adrianópolis, em 378 d.C, entre
romanos e germânicos. Os godos pediram proteção e asilo em território romano, porém sentiram-se
humilhados comprando comida a peso de ouro. Inicialmente a batalha foi uma luta entre forças
equilibradas. Porém, houve um elemento surpresa, os cavaleiros góticos apareceram subitamente e
derrotaram a cavalaria romana. Grandes números de guerreiros góticos cercaram o exército romano
e começou uma luta corpo a corpo, diante da falta de cavaleiros o exército não conseguiu sair do
cerco. Com a chegada da noite, o imperador Valente, comandante do império romano, recuou para a
casa de um camponês que logo foi incendiada pelos godos.
Figura 2 – Forte Romano – Batalha De Adrianópolis
Após 378 – IV SÉC – Os godos são assentados, instalados na região dos Bálcãs em acordo com o
imperador romano Teodósio, tornando-se federados. Como novos aliados desejam se fixar em
território romano, recebendo terras para suas famílias, provisão em alimentos e recursos financeiros,
enquanto os hunos se aproximam. Alarico, chefe godo assume o título de magister militum do
Ilírico, e seu povo auxilia na defesa contra usurpadores e contras outros povos estrangeiros que
desafiavam o poder romano. Os godos além de serem romanizados, também são cristianizados.
Figura 3 – Assentamento Godo
O projeto é coordenado pela profa. Uiara Barros Otero do curso de Licenciatura em História e segue
algumas diretrizes fundamentais: a) uso da transposição didática, defendido por Chevalard, ou seja,
transformar conteúdos curriculares acadêmicos em linguagem do saber a ser ensinado no ensino
fundamental do segundo ciclo, em sala de aula na disciplina de História; b) selecionamos o período
de transição da antiguidade para o medievo (sécs. III-V), a fim de abordar o processo de migrações
germânicas atravessando fronteiras territoriais do Império Romano, fixando-se neste espaço e
transformando-se em reinos; pretende-se favorecer a compreensão de um processo histórico
complexo e de longa duração, utilizando cenários de época em forma de desenhos, cartoons, a fim
de que o aluno se identifique com os conteúdos históricos e participe ativamente, interagindo com
contextos e personagens; selecionamos dez cenários, os quais julgamos necessários para abarcar um
período longo na História; optamos pela imparcialidade, ao descrever as culturas germânicas e
romanas ao mesmo tempo, buscando descontruir a imagem do senso comum a qual consagra a
superioridade romana sobre os outros, interpretados como “bárbaros”; c) selecionamos os povos
germânicos de etnia goda (visigodos e ostrogodos), porque constatamos os diferentes tipos de
relacionamento que os mesmos travaram com Roma, como aliados, federados até definirem-se
como ocupantes da península ibérica, herdando títulos e estrutura de poder romanos. Portando,
busca-se seguir a trajetória das incursões dos godos sobre os limes/fronteiras até assentarem-se no
interior do território romano; d) Visualiza-se o processo histórico através do auxílio de mapas que
abarcam os contextos históricos específicos, demonstrando as ocupações godas e também dos
demais povos germânicos em território romano; e) busca-se utilizar moedas cunhadas no mundo
romano e os vestuários dos guerreiros romano e germano para conceder movimento às tarefas
realizadas pelo personagem central, e ao mesmo tempo favorecer o conhecimento sobre as culturas,
os valores, hábitos, costumes, e ideologias; f) sobretudo, opta-se por uma nova visão historiográfica
que entende que o termo invasões e bárbaros não são mais satisfatórios, para abarcar um processo
de infiltração lenta e gradual de povos e culturas nas estruturas do sistema imperial romano. O
Império absorve e integra membros germânicos como aliados mais que invasores.
Neste momento nos encontramos na fase 4 (quatro) do planejamento, segundo cronograma proposto
transformando cenários em desenhos-cartoons, criando contextos, diálogos, tarefas, personagens e
transformando na técnica de RPG na tela do computador.
O jogo se desenvolve da seguinte maneira: a tela de abertura apresenta o título: Atravessando
fronteiras na História: da antiguidade ao medievo. O cenário apresenta um portal que permite a
entrada no jogo, com imagens de moedas e personagens que veiculam características romanas de
domínio e germanas.
Segue-se a introdução do jogo, em cujo cenário se apresentam como
personagens um aluno e um professor do mundo contemporâneo, entrando num Museu de História,
na seção de antiguidade e do medievo, no qual o mestre guiará o jovem para uma aula de História
de experiência real, quando o personagem se transportará para as situações contextualizadas do
passado. O aluno-personagem atravessará dez cenários, cumprindo tarefas com a interação do
usuário no jogo.
Esperamos aplicar conteúdos da História Antiga e Medieval em linguagem lúdica e interativa para
alunos do ensino fundamental do CAP CAXIAS, através de um jogo usando cenários e contextos
reconstruídos de acordo com a época retratada em situação real na sala de aula. Ao final
pretendemos produzir um relatório que narre a experiência desde a primeira etapa até a sua
conclusão, através da aplicação do jogo na turma da sétima série do CAP/CAXIAS. Após a
experiência vamos avaliar seus resultados e permitir o uso do jogo como ferramenta da sala de aula
para outras unidades escolares.
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Disponível em www.ebooksbrasil.org.
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