Francisco da Silva Couto Externato da Luz Nº 834 Batalha no sítio errado Estava em cima de uma prateleira, limpa e toda arranjada. Era um brinquedo; uma nave espacial que ganhara vida logo depois de ser construída. Era vermelha com uma tonalidade escura. No cockpit, estava sentado um piloto com um cachecol à volta do pescoço, que tinha um ar sério. Mas também tinha outros brinquedos como o Spiderman, ou o meu carro telecomandado,… adiante! Naquele dia era o meu aniversário, portanto iria estar com os meus amigos o dia todo no parque, até ao anoitecer. Mal eu saí, gerou-se uma certa confusão à volta da nave. Parecia-me que estavam irritados por nunca serem tão úteis como ela. Disseram que haveria vingança, e que destruiriam tudo o que lhes fosse obstáculo. O pequeno robô, (que podia ser muito pequeno em altura, mas era um grande amigo e era muito esperto) serviu-se da ocasião para falar: - E se nos calássemos e voltássemos aos nossos lugares?! Todos olharam para ele, mas o pequenote não mostrou vergonha. Olhou lhes com olhos enfurecidos e depressa todos se foram embora. A nave começou a carregar os seus mísseis, e o robô os seus foguetes. Todos os aliados da nave se prepararam. Todos sabiam. Iria haver uma batalha. Uma batalha assustadoramente tenebrosa. Do outro lado do quarto estavam o Zeca e a Zeta, os dois gémeos nenucos da minha irmã mais nova que teimava em guardá-los no meu quarto. Zeca e Zeta lideravam as tropas adversárias da nave. Ouviu-se um estrondo. O Zeca e a Zeta estavam a atacar. A nave voou para cima das cabeças dos adversários e atirou sobre eles, mas Zeca e Zeta tiraram as fraldas anti balas e cobriram os seus aliados. A bala fez ricochete e partiu o vidro da janela. «Bolas!» pensou a nave. «Sem contar os mil euros que o meu dono vai gastar!» O robô activou os foguetes que tinha escondido nos pés e começou a voar. Foi a vez do Zeca e da Zita, perdão, da Zeta. Pegaram na catapulta-chupeta, e atiraram as chuchas contra as prateleiras. Um dos pregos soltou-se mas as tropas da nave aguentaram-se bem. Carregaram as armas com as peças do lego. Mas infelizmente, ao atirar sobre o Zeca e a Zeta, as peças juntaram-se dando origem à maior Torre Eiffel do Mundo. Quando os brinquedos ganham vida não há nada que os possa parar. «Estou farto disto!» pensou o robô. - Parem! Parem, por favor! “Em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana…” -Por favor robô. Não é altura para declamares os Lusíadas! O Zeca e a Zeta olharam um para o outro: -É verdade! Olharam todos para eles. -Estamos aqui a guerrear sem algum sentido lógico. Estamos a fazer esforços para nada! Ele pode ser pequeno, o robô, mas tem o poder de ser muito inteligente! -Já paraste de ser chato? - Resmungou a Zeta. -Proponho o robô como rei dos brinquedos! -Sim! Viva! Sim! De repente, ouviu-se um som de passos a subir as escadas. -Todos aos seus lugares! - Gritou a nave. Cheguei ao meu quarto e acreditem que estava a maior barafunda que alguma vez se pode imaginar! Diverti-me muito durante o fim de semana a arrumá-lo e a pagar mil euros pelo vidro partido. E agora espero que tenhas aprendido a deixar os teus brinquedos debaixo de olho e de preferência que não tenhas nenhum brinquedo preferido senão vais ter um fim de semana como o meu!