“Injury by barbed wire on the forearm region in equine: case report” por arame farpado na região do antebraço em equino: relato de caso ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA KARINA CALCIOLARI “Lesiones por alambre de puas en la region del antebrazo en equina: reporte de un caso” Figura 1: Alongamento e contração no membro afetado realizado durante a fisioterapia RESUMO: Os equinos são comumente acometidos por lesões nos membros, sendo umas das afecções mais atendidas na rotina do médico veterinário. Cavalos têm características peculiares de cicatrização e o entendimento destas direciona o profissional ao tratamento mais adequado ao tipo de ferida. Reporta-se o caso de um equino acometido por uma laceração grave na região do antebraço após ficar preso em uma cerca de arame farpado. Houve perda neuromuscular significativa e consequentemente déficit motor do membro afetado. Foi avaliada a evolução da cicatrização da lesão havendo recuperação de noventa por cento da capacidade motora permitindo a atividade esportiva moderada. Unitermos: cavalo, cerca, ferida, óleo de rícino ABSTRACT: Horses are commonly affected by limb injuries, considered one of the most common diseases seen in veterinarian routine. Horses have peculiar characteristics of healing and understanding these issues directs the professional treatment most appropriate to the type of wound. This article refers to the case of a horse affected by a severe laceration on the forearm region after becoming trapped in a barbed wire fence. There was significant loss neuromuscular and consequently motor deficit of the affected limb. The evolution of the wound as well as the ability of the horse motor were evaluated based on the prescribed treatment. The animal showed complete healing of the lesion with 90% recovery of its motor capacity allowing it to moderate sports activity. Keywords: horse, fence, wound, “castor oil” RESUMEN: Los caballos son comúnmente afectados por lesiones de los miembros, siendo una de las enfermedades más comunes que se observan en la rutina del veterinario. Los caballos tienen características peculiares de la cicatrización y la comprensión de estas dirige el profesional al tratamiento más adecuado para el tipo de herida. Se refiere al caso de un caballo afectado por una grave laceración en la región del antebrazo después de ser atrapado en una cerca de alambre de púas. Hubo pérdida neuromuscular significativa y consecuentemente déficit motor de la extremidad afectada. Se evaluó la evolución de la herida, así como la capacidad motora del caballo al tratamiento prescrito. El animal mostró una cicatrización total de la lesión con la recuperación del 90% de la capacidad motora lo que permite la actividad deportiva moderada. Palabras clave: caballo, valla, heridas, aceite de rícino Karina Calciolari* ([email protected]) Mestranda do Programa de Cirurgia Veterinária na Fac. de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV-UNESP) - Campus de Jaboticabal, SP Jairo de Melo Júnior Médico-Veterinário Autônomo Especialista em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais Sofia Amorin Cerejo Mestranda do Programa de Anestesiologia na Faculdade de Medicina (FMB-UNESP) Campus de Botucatu, SP Vitor Foroni Casas Docente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Univ. de Franca (UNIFRAN) Lucas de Freitas Pereira Docente de Farmacologia Veterinária, Obstetrícia Veterinária e Doenças Infecciosas na Univ. de Franca (UNIFRAN) José Abdo de Andrade Hellú Responsável Técnico na empresa J.A. Saúde Animal * Autora para correspondência Introdução Os equinos por sua natureza têm atitudes de fuga e por este motivo como consequencia respostas rápidas a qualquer estímulo de perigo22. São animais ativos e estão comumente envolvidos em atividades atléticas as quais os predispõem a injurias traumáticas, especialmente em membros2,20,22. Cercas de arame farpado ou liso constituem a causa mais comum de feridas, em10 • bora vários outros objetos possam ser incriminados20,9. Estes objetos comumente se prendem aos membros dos cavalos resultando em lacerações e esfacelamentos de pele, músculos e tendões. Relata-se um caso de lesão por arame farpado em um equino com perda significativa de inervação e musculatura local, com tratamento por primeira intenção sem sucesso, porém seguido de cicatrização por segunda intenção com produto a base de óleo de rícino e tratamento de suporte com sucesso. Revisão de Literatura Feridas e lacerações em membros de equinos fazem parte da rotina do veterinário de equinos. Feridas nesta espécie, principalmente nas extremidades dos membros, são em geral de caráter complicado. Tal fato se dá pela falta de tecido de revestimento muscular e constituição quase que de arame farpado ou liso nos equinos19. Há poucos estudos com relação ao efeito cicatrizante de produtos a base de óleo de rícino, que é derivado da mamona (Ricinus communis), porém estes têm em sua composição ácidos graxos essenciais (triglicérides de cadeia média) que apresentam ação cicatrizante uma vez que facilitam a entrada de fatores de crescimento na célula, promovem mitose e consequentemente a proliferação celular, estimulam a neoangiogênese além de ação quimiotáxica para leucócitos. Esses produtos apresentam ainda ação antimicrobiana (bactericida para Staphylococcus aureus)9. Um estudo realizado com ratos identificou ainda a atividade anti-inflamatória e antirradicais livres do extrato metanólico de Ricinus communis9. Relato de Caso Um equino, fêmea, com dois anos e três meses de idade, mestiça da raça Quarto de Milha, pesando 356 quilogramas e pelagem alazã foi encaminhada para o atendimento no Hospital Veterinário da Universidade de Franca (UNIFRAN) após sofrer um acidente em cerca de arame farpado. A laceração acometeu a região medial do antebraço esquerdo totalizando uma circunferência de aproximadamente 15 centímetros. Foi relatado que o fato havia ocorrido há aproximadamente quatro horas e o animal já havia sido medicado com flunixin meglumine na dose de 1,1 miligramas (mg) por quilo (kg) por via intravenosa. No exame clínico o animal não flexionava normalmente o membro para andar, arrastando a pinça, apresentava grande hemorragia, mucosas normocoradas, tempo de preenchimento capilar de dois e meio segundos, frequência cardíaca de 58 batimentos por minuto, pulso forte e leve grau de desidratação. A ferida foi classificada como limpa-contaminada com perda significativa de pele, ruptura total do músculo extensor carporadial, parcial do músculo flexor carporadial e ruptura do nervo mediano e ulnar e das veias medianas. O animal foi encaminhado para tratamento cirúrgico da ferida sendo mantida fluidoretapia intravenosa a base de solução ringer com lactato durante todo o procedimento. Preventivamente administrou-se soro antitetânico na dose de 10.000 unidades internacionais (U.I) via intramuscular (IM). Optou-se por manter o animal em posição quadrupedal, sendo este sedado com detomidina na dose de 10 microgramas (mcg) por kg por via intravenosa. Foi realizado tricotomia ao redor da ferida e posterior desinfecção desta com clorexidine degermante (digliconato de clorexidina 2%) e solução de cloreto de sódio a 0,9% com um mililitro (ml) de adrenalina (1 mg/ ml) por litro de solução. Foi realizado bloqueio infiltrativo intramuscular e subcutâneo com lidocaína 2% sem vasoconstritor. A utilização de anestésicos locais com vasoconstritores pode levar a necrose da pele além de interferir na cicatrização da ferida posteriormente19. Realizou-se o debridamento retirando todo tecido desvitalizado. Para a sutura do músculo extensor carporadial foi utilizado fio de sutura de ácido poliglicólico trançado nº2, para o subcutâneo utilizou-se ácido poliglicólico trançado nº0 e para a pele fio de sutura poliamida monofilado (nylon) de 0,7 milímetros de espessura. Para drenar possíveis exsudatos foi inserido no espaço morto um dreno adaptado a partir de uma sonda uretral nº14. Utilizou-se polivinil pirrolidona iodo (PVPI 10% de iodo ativo) sobre os pontos, e atadura compressiva. Para evitar a automutilação colocou-se colar de contenção cervical adaptado feito de canos de PVC20. Foi estipulado para analgesia o cloridrato de tramadol na dose de 2 mg/kg de doze em doze horas (BID) por três dias associado com flunixin meglumine na dose de 1,1 mg/kg uma vez ao dia (SID), ambos por cinco dias administrados por via intramuscular (IM). Após esse período devido aos efeitos deletérios sobre a mucosa gástrica e túbulos renais do flunixin meglumine administrado por longo prazo9,19 este foi substituído por meloxican em gel oral (Maxican gel®, Ouro Fino) que é um inibidor ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA KARINA CALCIOLARI exclusivamente por tendões e ligamentos. Os membros dos equinos ainda possuem uma má circulação sanguínea e linfática além de grande movimento. Outro fator importante é granulação excessiva que essa espécie tende a desenvolver20. Fatores esses que associados ao tipo de temperamento do animal (mais agressivo, agitado ou mais calmo) influenciam no processo de cicatrização22. Uma grande dificuldade que o profissional encontra no tratamento destas feridas, além do procedimento em si, é a utilização do animal posteriormente. O restabelecimento da função, a aparência da cicatriz, que pode levar a desvalorização do animal, e principalmente o custo, pesa na decisão no tipo de tratamento a ser realizado. Um ponto importante no tratamento de qualquer ferida é o tempo de contaminação, ou seja, do momento da injúria até a realização do procedimento clínico ou cirúrgico. As feridas, de maneira didática, são classificadas de acordo com três aspectos básicos: grau de contaminação, de exposição e a localização da injuria. Essa classificação orienta o profissional para a seleção do tratamento apropriado assim como a previsão de recuperação19,22. Quanto ao grau de contaminação, as feridas são classificadas como limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e sujas ou infectadas. Levando em consideração o ambiente no qual os equinos vivem, comumente as feridas são contaminadas ou sujas no momento do exame inicial. Feridas contaminadas são lesões traumáticas com menos de quatros a seis horas de evolução, onde se encontra corpos estranhos nesta9. Feridas sujas têm presente edema e supuração, entretanto o tempo entre a exposição e a ocorrência de multiplicação microbiana varia de acordo com o grau de contaminação ambiental. Feridas limpas-contaminadas podem ser fechadas após meticulosa limpeza e debridamento19.. Já a classificação por tipo, as feridas são divididas em feridas fechadas ou abertas dependendo do grau de penetração na pele9. As fechadas não acometem a espessura completa da pele, estando entre elas às abrasões, contusões e hematomas. As abertas penetram na derme podendo envolver estruturas mais profundas como músculos, nervos e tendões, incluindo nestas as lacerações, avulsões e perfurações9. As lacerações são feridas com bordos irregulares e dano com extensão e profundidade do epitélio e abaixo deste, sendo este o tipo mais comum nas lesões por cercas Figura 2: Curativo compressivo realizado com compressas, algodão, ataduras (em branco) e ligas compressivas (em roxo) • 11 ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA KARINA CALCIOLARI Figura 3: Uso do colar cervical produzido com tubos de PVC ............................................................................... dos desvitalizados. O tratamento da lesão foi direcionado para cicatrização por segunda intenção20,9. Foi realizado curativo duas vezes ao dia com limpeza com clorexidine degermante, extrato de barbatimão20 e aplicação de pomada a base de óleo de rícino (Ricinus Assept®, VANSIL). Manteve-se a ferida fechada com faixas compressivas para evitar a granulação excessiva20. No inicio do tratamento a pomada a base de óleo de rícino foi misturada com açúcar cristal que além de estimular a granulação, reduz a secreção da ferida e promove remoção de tecidos necróticos9, 20. Com o desenvolvimento do tecido de granulação foi interrompido o uso do açúcar cristal, utilizando-se somente a pomada a base de óleo de rícino. Dois dias após, o animal apresentou desidratação moderada associada à queda significativa no hemograma - 3,1x108 hemácias/µl (valor de referência22: 7 a 13 x 108/ µl) e 15,0% de hematócrito (valor de referência22: 32 a 52%). Foi realizada transfusão totalizando dois litros de sangue total. Após dois dias o animal apresentava 5,2 x 108 hemácias/µl e hematócrito de 24% o qual se manteve posteriormente. Após uma semana de cessar a aplicação do antimicrobiano e do anti-inflama- ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA KARINA CALCIOLARI seletivo da COX-2, inalterando a COX-1, sendo menos tóxico as mucosas gástricas19. A dose oral do meloxican gel utilizada foi de acordo com a indicação do fabricante por um período de quinze dias. O antimicrobiano de escolha foi a associação de penicilinas G com estreptomicina (Diclopen 10 milhões®, JA Saúde Animal – sendo o diluente do produto a base de diclofenaco de sódio substituído por água para injeção) na dose de 20.000 UI/kg. A dose foi divida em duas frações diárias por dez dias consecutivos por via IM. Foi realizado acompanhamento com hemograma periodicamente. O animal apresentou leucocitose persistente (12.800 leucócitos/µl, valor de referência¹9 de 6.000 a 12.500 leucócitos/µl) direcionando a troca das penicilinas por enrofloxacina 10% na dose de 4,0 mg/kg, SID, IM, durante dez dias, havendo resultado positivo no leucograma. Devido à grande quantidade de medicamentos, o uso prolongado destes e o estresse do tratamento que o animal foi submetido, foi administrado ranitidina, que é um inibidor de H1, evitando aparecimento de úlceras gástricas na dose de 1,0 mg/kg BID, IM. O animal apresentou grande edemaciamento do membro afetado devido à perda significativa de vasos linfáticos. Administrou-se furosemida na dose 1mg/kg SID por dois dias e flumetasona na dose inicial de 2,5 mg/kg SID, IM, diminuindo a dose pela metade a cada três dias por nove dias. Associado a estes medicamentos foi realizado duchas com água fria por vinte minutos, BID, seguido por massagens no sentido distal para proximal utilizando gel a base de dimetilsulfóxido (DM-gel®, Vetnil) e ligas compressivas. Após sete dias do atendimento inicial o animal apresentou necrose cutânea e muscular associada à deiscência dos pontos. Optou-se então pela retirada completa destes com debridamento cirúrgico dos teci- Figura 4: Acompanhamento da evolução cicatricial da ferida do dia zero até 110 dias após o acidente 12 • Discussão e Conclusão O caso relatado demonstra o grau de dificuldade que o médico-veterinário encontra ao tratar lesões em membros de equinos, tanto pela anatomia como pela peculiaridade da cicatrização da espécie. A periodicidade desses casos realmente é alta no atendimento veterinário assim como alguns autores descrevem9,20 sendo que na insti- ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA KARINA CALCIOLARI Figura 5: Alongamento do membro afetado realizado durante a fisioterapia ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA KARINA CALCIOLARI tório o equino apresentou pico febril - 40ºC (valor de referência para equinos adultos20, de 38,0 a 39,0ºC), aumento de frequência cardíaca - 60 batimentos por minuto (bpm) (valor de referência para equinos adultos20, de 30 a 40 bmp) associado à leucocitose: 14.800 leucócitos/µl (valor de referência20: 6.000 a 12.500 leucócitos/µl) Foi administrado ceftiofur na dose de 4,4 mg/kg SID, IM, por dez dias e então substituído por penicilina benzatina 40.000 UI/kg em quatro doses sendo uma a cada sete dias. Foi retomado o uso de meloxican gel oral por mais 15 dias sendo este associado ao flunixin meglumine, na mesma dose anteriormente citada, nos três primeiros dias. O animal desenvolveu processo de granulação moderado não havendo necessidade de curetagem cirúrgica, sendo utilizado apenas gel a base de policresuleno (Albocresil 18 mg/g®, Nycomed) nas bordas da lesão por apresentar efeito abrasivo evitando que a granulação presente impedisse a epitelização. Com a melhora aparente da ferida e do animal (aproximadamente 40 dias após) iniciou-se um trabalho de fisioterapia. O animal foi estimulado a andar por períodos curtos (cerca de 30 a 60 minutos diários) fora da baia em local com diferentes tipos de piso (grama, cimento e pedregulhos) para aumentar a movimentação dos músculos e a propriocepção. Posteriormente o equino realizou exercícios de andar sobre obstáculos de 10 cm de altura sobre o chão obrigando-o a levantar o membro afetado. A evolução total da lesão ocorreu dentro de três meses, sendo que nos últimos 15 dias de cicatrização não foi mais utilizado bandagem compressiva devido à dificuldade de mantê-la sobre a ferida. Foi realizado apenas limpeza e aplicação da pomada a base de óleo de rícino e gel a base de policresuleno. Durante esse período foi possível acompanhar a melhora significativa na flexão do membro afetado, sendo que ao final do tratamento o animal apresentou a capacidade de trotar e galopar com déficit pouco perceptível. Figuras 6: Exercícios de cinesioterapia realizada com obstáculos ................................................................................. tuição na qual esse animal foi encaminhado, 13% dos equinos atendidos em 2012 com alguma afecção dos membros foi decorrente de lesão por arame. Comparativamente a um estudo retrospectivo da casuística do Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas/RS, foi observado que as afecções cutâneas representavam 37% da rotina sendo destes 63% eram lacerações, perfurações, incisões e contusões². Casos assim ilustram o grau de importância do estudo dessas lesões, da evolução cicatricial nessa espécie assim como o uso de agentes cicatrizantes. O relato ainda reporta a má circulação sanguínea que os membros de equinos apresentam retardando o processo cicatricial20. A má nutrição sanguínea pode ser agravada pela presença de anemia, como ocorreu no caso relatado, esta inicialmente relacionada à hemorragia, levando ao menor aporte sanguíneo à microcirculação da ferida e falha na oxigenação e nutrição local19. Entretanto apesar da grande perda sanguínea que o animal apresentou, a queda no he- matócrito ocorreu somente alguns dias após do acidente, levando a suspeita de nutaliose concomitante como causa da anemia. O equino apresentava alguns carrapatos e como esta afecção tem um período de incubação de alguns dias foi administrado cloridrato de imidocarb preventivamente. Embora haja relatos de diversas funções ao óleo de rícino, não há aporte científico específico deste como agente cicatrizante de feridas, embora alguns autores relatam sua função anti-inflamatória, emoliente e antibacteriana quando usada topicamente8,12 e sendo assim favorecendo um ambiente propício para a cicatrização. Com relação ao uso do policresuleno tópico, há poucos relatos na medicina veterinária, alguns autores relatam que o uso desse produto em feridas em humanos leva a uma boa resposta tecidual. Refere-se a sua ação ao seu efeito hemostático, de desnaturação seletiva e eliminação de tecido necrosado, sendo coadjuvante após procedimentos abrasivos. No relato em questão quando a ferida foi tratada somente com a pomada à base de óleo de rícino houve maior progressão cicatricial comparado ao uso do gel a base de policresuleno, sendo esta uma avaliação qualitativa. Foi observada a ação hemostática do policresuleno descrita por autores12, porém não foi observado ação epitelizante. O uso do gel de policresuleno sozinho aparentemente retardava a evolução cicatricial, porém efetiva para conter a evolução de um tecido de granulação excessivo que se formava ocasionalmente nos bordos da ferida. Portanto quando comparado ao gel de policresuleno o processo cicatricial teve melhor evolução com o uso da pomada a base de óleo de rícino, porém é necessário realizar estudos comparativos mais específicos e aprofundados com relação ao modo de ação do óleo de rícino em feridas. O uso da fisioterapia como terapia em si é recente em medicina veterinária, há relato do uso de caminhadas terapêuticas para frente e de fasto em equino com deformidade flexural após cirurgia corretiva, na qual foi essencial para recuperação da movimentação e amplitude dos membros afetados10. Outro relato ainda descreve um equino com paralisia facial que a partir de exercícios terapêuticos (cinesioterapia) recuperou a função dos músculos faciais1. Ambos os casos são condizentes com o caso relatado, onde a cinesioterapia foi extremamente benéfica para a recuperação dos movimentos e coordenação motora do membro afetado além de estimular a circulação sanguínea favorecendo a cicatrização da ferida. • 13 O tratamento estipulado para o caso descrito pode ser considerado efetivo, tanto para a ferida com cicatrização por segunda intenção, como o tratamento de suporte, uma vez que houve reepitelização total da ferida, restabelecimento fisiológico do animal e a recuperação motora de aproximadamente 90%. Esta recuperação possibilitou melhor qualidade de vida ao animal, além de poder ser utilizado em atividades equestres moderadas. AGRADECIMENTOS: Gostaria de agradecer a todos os estagiários e monitores, graduandos da Medicina Veterinária da UNIFRAN que auxiliaram no tratamento do caso relatado, em especial o Felipe Fraga que colaborou com os treinamentos e publicidade da fisioterapia e cinesioterapia. Aos enfermeiros Edivaldo, Mário e Márcio, sempre presente nos auxiliando. OBRIGADA! Referências 1 - ALVES, R.O.; SILVA, L.A.F.; SILVA, O.C.; PEIXOTO, J.F.G. Emprego da Fisioterapia em Equinos com Paralisia Facial (relato de caso), Ciência Animal Brasileira. [Periódico de internet]. 2008. 9 (2). [Acesso em 10 de jan de 2013]. Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/view/1131/ 3723. 2 - ANDRADE, S.F. Manual de Terapêutica Veterinária, 2ª ed., São Paulo: Roca, 2002, p.251. 3 - ASHDOWN, R.R.; DONE, S.H. Atlas colorido de anatomia veterinária de equinos, 2ª ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2002, p.75. 14 • 4 - DALY, W. Wound infection In: Slatter, D. 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