3B terça A GAZETA CUIABÁ, 21 DE MAIO DE 2013 PS DE VÁRZEA GRANDE Entre as denúncias dos médicos estão vazamentos, obras malfeitas e falta até de gesso Vistoria revela problemas THALYTA AMARAL DA REDAÇÃO mostrar que o Pronto-Socorro não funciona 100% precariamente como dizem”. Para atender tranquilamente a demanda, seria necessário dobrar o número de leitos, o que segundo o prefeito só pode ser al- cançado através de obras para aumentar a unidade ou a construção de um novo Pronto-Socorro, o que para Guimarães é inviável por causa dos altos custos. Enquanto as obras não chegam, dezenas de pacientes se espremem na fila de espera e nos corredores para conseguir atendimento. Porém, para o prefeito, é melhor “atender no corredor do que fechar as portas e o paciente não ter atendimento”. No dia da visita, a unidade não estava aceitando a internação de pacientes urgentes, porque o autoclave (aparelho que esteriliza os materiais) estava quebrado e não há previsão para que volte a funcionar. O prefeito garantiu que está providenciando o conserto do aparelho e que uma licitação está em andamento para a compra de um novo. Entre os problemas citados por Guimarães está a falta, que segundo ele é pontual, de medicamentos comuns como dipirona e buscopan. Ele reconhece que há um pequeno problema com a entrega, pois há dívidas da gestão passada que atrapalham a entrega de novos medicamentos, mas que a situação será resolvida. O prefeito também alegou que os medicamentos de uso rotineiro têm que ser pedidos com antecedência para que não haja a falta e que os medicamentos mais caros estão disponíveis. Wallace também visitou as obras da Unidade de Pronto-Atendimento de Várzea Grande (UPA) e 2 unidades de Postos de Saúde da Família (PSFs). A avaliação da presidente do Sindimed, Elza Queiroz, foi de que a visita foi positiva, onde puderam ser observadas as melhorias. “Nós conversamos com a classe médica e já vimos coisas boas, mas também sabemos que a demanda é grande e que existem problemas que precisam ser corrigidos”. Pronto-Socorro e Maternidade Municipal de Várzea Grande aumenta atendimentos nos 4 primeiros meses do ano, porém a situação ainda é grave. Além da demanda que aumenta a cada dia, faltam medicamentos e várias instalações continuam em condições precárias. Entre as denúncias dos médicos estão vazamentos, obras malfeitas e falta até de gesso. O prefeito do município, Wallace Guimarães, realizou ontem junto com o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed) uma visita pela unidade. Mesmo com a apresentação de pontos positivos, várias reclamações persistem entre os pacientes e médicos. Entre os resultados mostrados na visita estão os 187 leitos em funcionamento, por onde passam 25 mil pacientes por mês. O número de partos realizados também aumentou, de 140 em 2012 para 140 partos nos primeiros 4 meses deste ano. Wallace também mostrou que serão realizadas mudanças na unidade, que incluem a criação de mais 25 leitos para a maternidade. Atualmente, são realizadas por mês 200 cirurgias entre eletivas e de emergência e o número de pacientes transferidos para o Hospital Metropolitano caiu de 80 para menos de 10. Com vários pontos positivos, o prefeito reconhece que a estrutura não suporta a demanda, pois os pacientes atendidos vem também do interior do Estado, cerca de 20% dos João Vieira atendimentos. “Nós reconhecemos que temos problemas, mas queremos Para atender à demanda, prefeito afirma que seria necessário dobrar número de leitos ou construir uma nova unidade no município RONDONÓPOLIS Professor da UFMT é executado em chácara BRUNA PINHEIRO DA REDAÇÃO A Polícia Civil de Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá) investiga a morte do professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), João Henrique Botteri Negrão, 64, que foi encontrado nos fundos de sua chácara com 2 tiros. O corpo foi localizado na noite deste domingo (19). A hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) já está sendo descartada pela Polícia, uma vez que nada foi roubado. Um amigo do professor foi quem acionou a Polícia quando, chegando à chácara, o encontrou morto no quintal. O homem decidiu procurar Negrão em casa depois de não conseguir falar com ele desde o início da tarde de domingo (19). Já na chácara, ele viu luzes acesas e ouviu o barulho da televisão ligada. Depois de chamar várias vezes por Negrão, o amigo decidiu pular o muro. A casa estava com a janela e as por- tas dos fundos abertas. A perícia esteve no local por volta das 21h. Ele foi atingido com um tiro no peito e outro de raspão no lado esquerdo da cabeça. Segundo informações, Negrão estaria com marcas de sol, o que indicaria que ele pode ter sido morto ainda durante o dia. De acordo com o delegado do Centro Integrado de Segurança e Cidadania, Lucídio Nunes Rondon, a Polícia trabalha também com o fato da chácara de Negrão já ter sido assaltada 2 vezes. Por conta disso, o professor teria se pronunciado publicamente reclamando da segurança na região. O caso é investigado pela delegada Juliana Carla Buzetti. João Henrique graduouse em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e possuía doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Era professor de História da UFMT no campus Rondonópolis. Chico Ferreira João Henrique Botteri Negrão era doutor em História Social São necessários mais 150 a 200 leitos Médicos reclamam da falta de medicamentos essenciais DA REDAÇÃO Médicos do Pronto-Socorro de Várzea Grande afirmam que a situação é pior do que foi apresentada pelo prefeito Wallace Guimarães. O que ele aponta como problema pontual, garantem fazer parte da rotina. A pediatra Isabel Cristina Gonçalves afirma que todas as semanas em seus plantões há falta de medicamentos. Um deles é utilizado para pacientes com crise de asma e como não há nenhum substituto as consequências podem ser graves. “Em uma crise de asma o medicamento tem que ser administrado na hora, senão, em até 2 horas o paciente pode morrer. E ai seria apenas mais uma estatística”. Na sala de repouso dos médicos, o espaço pequeno e desconfortável testa o sistema imunológico dos profissionais. Nos quartos para descanso há muito mofo, vazamentos e infiltrações nas paredes. Cerca de 10 médicos tem que dividir um banheiro durante os plantões e o cheiro de esgoto é forte no local. Na visita, o prefeito informou que irá realizar reformas nos alojamentos dos médicos, porém, ainda sem data prevista. Enquanto o prefeito afirmou que a maioria dos medicamentos em falta tem substituto na farmácia da unidade, os médicos afirmam que não. “Existe um remédio chamado adrenalina, que se não tiver quando um paciente tem parada cardíaca pode causar a morte. Há alguns dias uma criança teve convulsões, mas não tinha anticonvulsionante e não tem outro que faça o mesmo efeito”, lembra Isabel. O anestesista Hilton João da Silva lembra que já passou por plantões esse ano em que havia apenas 10 doses de dipirona e que os pacientes que chegavam com dor não recebiam o medicamento, que era administrado apenas em pacientes com mais de 40º de febre. “Nós somos o último recurso das pessoas, não podemos depender de uma segunda alternativa”. (TA) TRAGÉDIA Acidente mata índios na MT-040 BRUNA PINHEIRO DA REDAÇÃO Dois índios morreram na manhã desta segunda-feira (20) em um acidente na MT- 040, em Juscimeira (157 km ao sul de Cuiabá). Os 2 estavam parados na pista quando foram atingidos por um ônibus. O motorista do veículo fugiu do local. De acordo com o comandante da base da Polícia Militar do Distrito de São Lourenço de Fátima, sargento Ariovaldo Manhani, as vítimas estavam em 2 carros diferentes quando um teve problemas e parou na pista. Enquanto trocavam o pneu de um dos veículos, um ônibus carregando 5 pessoas atingiu Dario Brami, 42, e Nilson Koegado, 39. Os índios morreram na hora. Além deles, outras 4 pessoas estavam dentro dos carros. Após a colisão, o motorista do ônibus deixou o local sem prestar socorro às vítimas. Segundo informações da Polícia, ele deve se apresentar ainda esta semana na Delegacia de Rondonópolis (212 km ao sul da Capital). O motivo seria a pressão dos indígenas, que estariam ameaçando o motorista. “No momento do acidente, os índios se exaltaram e inclusive quiseram atear fogo ao ônibus. Acreditamos que o motorista esteja com medo de se apresentar aqui em Juscimeira, porque os indígenas já chegaram a dizer que querem matá-lo”. A causa do acidente ainda deve ser apurada e a Polícia aguarda pelo depoimento do motorista para dar prosseguimento às investigações. A hipótese mais provável é a de que ele tenha perdido o controle e não tenha visto os índios parados na pista. “Dependemos da perícia técnica para afirmar se ele estava em alta velocidade, mas é bem possível que estivesse mesmo”. Dario teve esmagamento de crânio e Nilson morreu preso às ferragens dos carros. Os outros indígenas que estavam nos veículos sofreram pequenos ferimentos. João Vieira/Arquivo Vítimas estavam paradas na pista quando foram atingidas por um ônibus; motorista fugiu