COMUNICAÇÃO DE CRISE Desafios e Oportunidades Mariana Victorino Docente convidada e Investigadora na FCH/UCP Diretora Geral da Porter Novelli – Omnicom Group De que vamos falar? • Contexto tecnológico e comunicacional marcado pela adoção massiva dos social media => • Ameaças crescentes à reputação organizacional originadas ou disseminadas através dos social media => • Necessidade de definir e implementar estratégias de comunicação de crise para lidar com essas ameaças reputacionais. © Mariana Victorino O que defendem os investigadores da área? © Mariana Victorino “A reputação passa despercebida até ser ameaçada.” Barnett & Lafferty (2006) © Mariana Victorino • “O conceito de reputação no contexto corporativo é determinante para o consolidação da importância da área da gestão da comunicação de crise, tendo em conta que hoje em dia faz parte integrante da sua definição e é a razão de ser da sua existência”. Entrevista a Timothy Coombs, Setembro 2013 © Mariana Victorino “A rápida evolução dos novos media tem resultado em que (…) a prática da comunicação de crise esteja à frente da investigação nesta área.” (Coombs and Holladay, 2008) © Mariana Victorino “O risco é um dos fatores que tem a maior influência negativa sobre a reputação corporativa e consequentemente sobre o valor de mercado de uma organização” Van Riel (1997) “O contexto empresarial em mutação tem implicações na reputação. A proliferação dos media e da circulação de informação, a exigência de transparência e a crescente atenção atribuida à responsabilidade social corporativa traduzem o maior enfoque que as organizações estão a colocar na construção e manutenção de uma reputação sólida” (Argenti, 2009) “Apesar da enorme atenção que tem sido dada à utilização dos social media na área das relações públicas (…), a investigação académica ainda tem de disponibilizar diretrizes baseadas em evidências empíricas, que provem a importância de os integrar nas práticas de gestão da comunicação de crise”. (Jin, Liu & Austin, 2011) © Mariana Victorino O que nos dizem os estudos de mercado? © Mariana Victorino Em Portugal: – Apenas 56% das empresas não cotadas em bolsa dispõem de um plano de comunicação de crise direcionado para os media tradicionais – 72% das empresas não dispõem de um plano de comunicação de crise direcionado para os social media (APCE/Spirituc, 2012) © Mariana Victorino “80% das actividades necessárias para gerir uma situação de crise estão relacionadas com a comunicação”. (Porter Novelli, 2002) © Mariana Victorino “Os social media têm muitos benefícios potenciais para as empresas e para as marcas, no entanto, trazem também inconvenientes. As empresas estão cada vez mais a confrontar-se com riscos e ameaças através dos social media (…). As empresas têm de compreeender os riscos envolvidos e prepararem-se para geri-los e mitigá-los.” (Altimeter Group, 2012) http://www.altimetergroup.com/research/reports/social-media-risk-management Tendências atuais © Mariana Victorino • As barreiras de tempo e espaço diluíram-se: responder em horas, não dias • É exigida uma “hipertransparência”: já não existem “segredos”, nem formas de esconder informação ou posturas contraditórias • O diálogo é tão importante como a veiculação das mensagens: só a interação permite construir relacionamentos • A internet “não esquece”, o que implica gerir a reputação online: 80% dos utilizadores online começam a sessão num motor de busca, que agrega conteúdos informativos e multimédia (ex: Domino’s Pizza) • Os “inimigos” das empresas/ marcas usam as mesmas ferramentas: não menospreza-los, mesmo que sejam de pequena dimensão; hoje em dia todos somos influenciadores. © Mariana Victorino Condicionantes à evolução da teoria e da prática Mundo Empresarial • Tanto a área dos social media como a área da comunicação de crise são pouco exploradas em Portugal: – Inexperiência das empresas nestas áreas – As empresas receiam entrar no mundo dos social media (para além da monitorização) – As empresas não valorizam a área da comunicação de crise, até serem confrontadas com uma situação real Mundo Académico • São temáticas de difícil investigação: – Velocidade das mudanças e tendências ao nível dos social media – Relutância das empresas em abordar a temática da comunicação de crise, por estar relacionada com temas sensíveis e muitas vezes negativos para a sua imagem, ou temas confidenciais. É necessário criar sinergias entre o mundo académico e o mundo empresarial, de forma a contribuir para o avanço do conhecimento nestas áreas, desconstruindo receios e preconceitos. First things first: O que é a Comunicação de Crise “Uma crise é um factor de viragem importante e distintivo” Ollefs (2007) É consensual que: • Uma crise ameaça o funcionamento da empresa e pode ter consequências negativas se não for gerida adequadamente. • As potenciais consequências negativas para a organização determinam que a situação de crise não deva ser negligenciada ou subavaliada, justificando medidas de prevenção e preparação. • Na maior parte dos casos uma crise origina uma vasta cobertura mediática negativa que pode causar danos na reputação da empresa. © Mariana Victorino • A comunicação assume um papel fundamental em contexto de crise: – A gestão cuidada e eficaz da comunicação funciona como um seguro do capital-confiança e capital-imagem da empresa, que vão ser benéficos caso esta se confronte com uma crise; – As actividades de preparação e prevenção de crise são, segundo a bibliografia existente, indispensáveis para que a gestão da comunicação neste contexto seja eficaz. © Mariana Victorino Importância da Prevenção e Preparação CONTEXTO TRADICIONAL • • • • • • Dispor de um Manual de Crise, uma Equipa de Crise e um portavoz adequado Estabelecer ligação entidadeschave Manter um contacto regular com os Media Criar relações meio envolvente Definir canais de comunicação interna Treinar e preparar regularmente a equipa e o(s) porta-voz(es) (media trainings, simulações de crise) CONTEXTO DIGITAL • • • • • Sensibilizar a direção da empresa para a importância dos social media Implementar um programa permanente de monitorização dos social media Identificar os influenciadores mais relevantes para o negócio e começar a construir uma relação com eles Definir uma estratégia de comunicação online (ex. Facebook, Linkedin, Twitter, Blog, YouTube) Estabelecer as regras de Social Media Engagement da empresa © Mariana Victorino O que é que os media querem saber? Crise => pressão mediática crescente: • • • • • • • • • O que aconteceu? Quem está envolvido? Como aconteceu? De quem é a responsabilidade? Quando tiveram conhecimento da situação? O que estão a fazer? Como vão resolver? Como vão evitar que se repita? Que custos estão envolvidos? RESPOSTAS RÁPIDAS! © Mariana Victorino As Mensagens 3 T’s: Tell The Truth • 5 C’s: – Cuidado: ‘Lamentamos / estamos solidários’’ – Compromisso: ‘estamos a fazer tudo para …’ – Consistência: nas mensagens veiculadas – Coerência: uma história, sem contradições – Clareza: sem abertura para outras interpretações © Mariana Victorino A importância de um bom porta-voz • Um mau porta-voz pode criar uma crise sobre outra crise… © Mariana Victorino Take aways Adotar uma atitude proativa na integração dos media digitais na estratégia de comunicação da empresa Desenvolver estratégias de comunicação articuladas nos meios online e offline Mapear os stakeholders envolvidos e definir formas de interação numa atitude aberta e transparente Aprender com as experiências negativas e extrair key learnings e implementar as necessárias medidas corretivas Ter em conta os impactos ao nível reputacional e comunicacional e não apenas os técnicos ou legais Mudar a mentalidade da liderança das organizações no que diz respeito à utilização dos social media e à importância da comunicação de crise “You never know what you are going to get. Prepare and deal with it!” G. McNamara (2013)