PORTUGUÊS — 1 GRUPO SP/CV — 10/2010 RESOLUÇÕES E RESPOSTAS QUESTÃO 1 a) No trecho, o interlocutor do Parvo é o Diabo (identificado por meio de termos como “cornudo” — alusão aos chifres de que seria dotado), que o convidara a entrar na sua Barca, tomando a direção do Inferno. O Parvo recusa o convite, tratando o Diabo com ofensas, demonstrando agressividade e desprezo. b) O Parvo representa um camponês pobre e ignorante, típico dos estratos sociais mais baixos da sociedade portuguesa do início do século XVI. No fragmento transcrito, a marca mais evidente dessa origem social é a linguagem, repleta de palavras de baixo calão (“Caga”, “cagarrinhosa”), expressando conceitos fundados em crendices populares: “cornudo”, “Entrecosto de carrapato”, “há de parir um sapo” etc. c) Do ponto de vista moral, embora seja desbocado, o Parvo sintetiza em seu comportamento os valores da simplicidade e da ingenuidade — virtudes cristãs que o tornariam merecedor da salvação da alma, apesar das falhas, uma vez que elas não teriam sido cometidas por malícia, segundo evidencia a fala do Anjo ao acolher o Parvo na barca do Paraíso. QUESTÃO 2 a) Trata-se da briga entre Leonardo e Chiquinha. Leonardo Pataca intervém em apoio à mulher. Armado de seu espadim, investe contra o filho. Leonardo é obrigado a fugir de casa e fica sem ter onde morar. Leonardo vai visitar Luisinha, mas não consegue vê-la. Volta para casa irritado e Chiquinha o irrita mais ainda. O rapaz explode; Chiquinha, também. Arma-se uma confusão, em que Leonardo Pataca toma o partido da mulher e obriga o filho a fugir de casa ao persegui-lo de espadim em punho. Sem ter onde morar, Leonardo vai viver de favor na casa em que vivia também seu antigo amigo de molecagens na igreja, Tomás da Sé. Lá, Leonardo entrega-se aos amores com Vivinha, filha de uma das donas da casa. b) O excerto parodia o sentimentalismo das personagens românticas. O excerto mostra personagens excessivamente emocionais comportando-se como caracteres de melodrama sentimental típico do Romantismo. Porém, o sentimentalismo não se apresenta em tom sério e elevado. Ao contrário, esse padrão é subvertido pelo humor farsesco, que escancara o ridículo da situação, configurando a inversão carnavalesca da seriedade romântica por efeito da paródia. QUESTÃO 3 a) Extraído do último capítulo do romance, o trecho apresenta o retorno de Martim ao litoral onde vivera uma grande história de amor que culminou com a morte de Iracema. Daí a “amarga saudade” que as terras despertam no guerreiro. A morte da heroína vem aludida no trecho “as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara” (Iracema fora enterrada sob um coqueiro), enquanto as saudades que deixou no companheiro são referidas na passagem “em seu coração derramou-se um fogo que o requeimou era o fogo das recordações que ardiam como a centelha sob a cinza”. 2 — ANGLO VESTIBULARES b) Em Iracema, a natureza, mais que mero elemento temático, é um dos recursos expressivos que o narrador usa para recriar, no plano da ficção, o universo cultural pretensamente indígena. No excerto, a oração “o cajueiro floresceu quatro vezes”, por exemplo, é uma perífrase temporal construída a partir do ponto de vista do nativo, que desconheceria a marcação cronológica ocidental; função semelhante possui o símile “seu coração transudou, como o tronco do jataí nos ardentes calores”, em que se explica um estado de espírito não por elementos conhecidos da cultura letrada, mas por dados do universo indígena. QUESTÃO 4 a) O narrador é José Fernandes, fidalgo português, proprietário rural na região serrana de Guiães e amigo de Jacinto de Tormes, protagonista do romance. José Fernandes sente-se tonto em meio ao movimento torrencial da cidade. Depreende-se do texto um juízo negativo em relação à cidade, que se revela como espaço de desumanização. b) Entre os elementos que permitem identificar o texto como realista, podem ser apontados os seguintes: • descritivismo objetivista (“eram tabuletas encimando tabuletas, que outras tabuletas apertavam”); • observação e análise da realidade (“grossa sociabilidade”, “e mais me cansava o perceber a tenaz incessância do trabalho latente, a devorante canseira do lucro,”); • espírito crítico (“um cacho de figuras escuras trepava sofregamente para o ônibus”); • zoomorfismo, traço denunciador de influências naturalistas, que procurava acentuar a animalização, o embrutecimento dos seres humanos (“com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas, numa pressa inquieta.”). QUESTÃO 5 a) Pela perspectiva ambígua do texto, Capitu comportou-se de modo extremamente sincero, mal conseguindo disfarçar seu afeto pelo defunto Escobar, embora tentasse ocultá-lo. Todavia, se foi sincera consigo mesma, deixando correr as lágrimas, foi infiel ao marido, que percebeu os profundos sentimentos que, reconditamente, nutria por Escobar. Logo, seu comportamento, naquele preciso momento, caracteriza-se pela dissimulação, pois pretende abafar a autenticidade de sua afeição por ele. b) A passagem é decisiva no romance, porque, a partir desse ponto da trama, Bentinho, o narrador-personagem, descobre um elemento determinante para fundamentação da suspeita de que Capitu o traía com seu amigo Escobar. Por essa perspectiva, as provas seriam suas lágrimas e a enorme atração que o defunto exerceu sobre ela. Nesse sentido, convém prestar atenção ao pormenor de que os olhos de Capitu são comparados com os da viúva, o que reforça ainda mais a convicção do narrador quanto à infidelidade da esposa. QUESTÃO 6 a) A mulher pode ser considerada a opressora: na extremidade do braço que aponta de cima para o menino, vê-se um dedo enorme, em posição acusatória; os sapatos de saltos altos sugerem posição de superioridade econômica e social. O garoto pode ser considerado o oprimido: seus braços largados ao lado do corpo sugerem submissão e impotência; os pés descalços, pobreza. b) O garoto tirou proveito do poder de convencimento da classe dos numerais. Por meio de pretensos dados estatísticos, que têm grande peso argumentativo, ele se coloca numa posição de vítima: não tem acesso aos serviços públicos essenciais (como o ensino básico), não conta com a proteção familiar ou de qualquer instituição e não tem estímulo para o seu desenvolvimento físico. PORTUGUÊS — 3 GRUPO SP/CV — 10/2010 QUESTÃO 7 a) O pronome tuas faz referência ao termo jovem camponesa. O pronome seu faz referência ao termo mulher morena. b) Meus amigos, meus irmãos, e vocês todos que guardam ainda meus últimos cantos Deem (ou Dêem, na forma anterior ao Acordo Ortográfico) morte cruel à mulher [morena! QUESTÃO 8 a) No texto I, a asa-branca bateu as asas para partir do sertão (local de origem) devido à seca, representada pelas figuras da “terra ardendo”, da “fogueira de São João”, do “braseiro”, da “fornaia”, da “farta d’água”. No texto II, ela bateu as asas para voltar para o sertão (local de destino) após ter percebido o anúncio de chuva, representado pelas figuras do relâmpago (“Faz três noites que relampeia”) e do trovão (“ouvindo o ronco do trovão”). b) Duas respostas são possíveis: 1. A substituição do -lh- por /i/. Exemplos: “oiei” e “fornaia”, por olhei e fornalha no Texto I, e “muié” e “trabaiador”, por mulher e trabalhador no Texto II. 2. A substituição do -l- por /r/. Exemplos: “prantação” e “farta”, por plantação e falta no Texto I, e “prantação”, por plantação no Texto II. QUESTÃO 9 a) Exemplos da função conativa da linguagem, com que o enunciador apela diretamente ao interlocutor: • os pronomes (vou te propor um grande negócio, você); • os vocativos (papai, pai) • os verbos (entende, sabe) • as perguntas (Alô? Papai? entende? Sabe o que a mamãe…?) Exemplos de desvio da norma culta típicos da oralidade: • tiver (em vez de estiver), em “quando eu tiver lá no meu futuro garantido” • né (em vez de não é) • a mistura de pronomes de segunda pessoa (te) e terceira pessoa (você) • a falha de regência em “o lugar que nós moramos” (o correto seria o lugar em que ou onde nós moramos) • pra (em vez de para) • a gente (em vez de nós) • umas horinhas (algumas horas, algum tempo) b) Respeitada a exigência de um período constituído de apenas duas orações — principal e concessiva —, são várias as respostas possíveis. Exemplos: ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONCESSIVA Preciso de espaço externo, embora moremos bem. Quero espaço externo, apesar de a nossa casa ser boa. Desejo espaço externo, apesar de que tenhamos ótima moradia. Dê-me espaço externo, apesar de morarmos bem. Eu gostaria de espaço externo, mesmo que nossa moradia seja ótima. Necessito de espaço externo, se bem que moremos muito bem. Eu gostaria de espaço externo, ainda que moremos bem. Etc. Etc. Note que a ordem das duas orações poderia ser invertida, iniciando-se o período com a oração subordinada: Embora moremos bem, preciso de espaço externo. ORAÇÃO PRINCIPAL 4 — ANGLO VESTIBULARES QUESTÃO 10 a) Trata-se de uma metáfora. O fato de títulos de nobreza serem herdados de antepassados ou concedidos pela realeza coloca seus possuidores numa posição socialmente elevada, supostamente acima do alcance de questionamentos, cobranças ou desrespeito. Funcionários de alguns tribunais reagiram ao CNJ como se fossem tão inatacáveis quanto nobres. A base da metáfora é o traço da superioridade supostamente intocável ou inabalável, comum aos dois grupos — o dos nobres e o dos funcionários de alguns tribunais. b) Dipp havia afirmado que “o mito do juiz intocável caiu”. Em sua resposta, ele diz que o mito “está caindo”. Assim, não negou a queda do mito, mas mudou o aspecto verbal: o que fora dado como fato concluído, momentâneo, pelo verbo no pretérito perfeito (caiu), agora é dado como fato que vem se processando ao longo do tempo, em continuidade, pela perífrase verbal (está caindo). PORTUGUÊS — 1 GRUPO RA/RS — 10/2010 RESOLUÇÕES E RESPOSTAS QUESTÃO 1 a) No trecho, o interlocutor do Parvo é o Diabo (identificado por meio de termos como “cornudo” — alusão aos chifres de que seria dotado), que o convidara a entrar na sua Barca, tomando a direção do Inferno. O Parvo recusa o convite, tratando o Diabo com ofensas, demonstrando agressividade e desprezo. b) O Parvo representa um camponês pobre e ignorante, típico dos estratos sociais mais baixos da sociedade portuguesa do início do século XVI. No fragmento transcrito, a marca mais evidente dessa origem social é a linguagem, repleta de palavras de baixo calão (“Caga”, “cagarrinhosa”), expressando conceitos fundados em crendices populares: “cornudo”, “Entrecosto de carrapato”, “há de parir um sapo” etc. c) Do ponto de vista moral, embora seja desbocado, o Parvo sintetiza em seu comportamento os valores da simplicidade e da ingenuidade — virtudes cristãs que o tornariam merecedor da salvação da alma, apesar das falhas, uma vez que elas não teriam sido cometidas por malícia, segundo evidencia a fala do Anjo ao acolher o Parvo na barca do Paraíso. QUESTÃO 2 a) Trata-se da briga entre Leonardo e Chiquinha. Leonardo Pataca intervém em apoio à mulher. Armado de seu espadim, investe contra o filho. Leonardo é obrigado a fugir de casa e fica sem ter onde morar. Leonardo vai visitar Luisinha, mas não consegue vê-la. Volta para casa irritado e Chiquinha o irrita mais ainda. O rapaz explode; Chiquinha, também. Arma-se uma confusão, em que Leonardo Pataca toma o partido da mulher e obriga o filho a fugir de casa ao persegui-lo de espadim em punho. Sem ter onde morar, Leonardo vai viver de favor na casa em que vivia também seu antigo amigo de molecagens na igreja, Tomás da Sé. Lá, Leonardo entrega-se aos amores com Vivinha, filha de uma das donas da casa. b) O excerto parodia o sentimentalismo das personagens românticas. O excerto mostra personagens excessivamente emocionais comportando-se como caracteres de melodrama sentimental típico do Romantismo. Porém, o sentimentalismo não se apresenta em tom sério e elevado. Ao contrário, esse padrão é subvertido pelo humor farsesco, que escancara o ridículo da situação, configurando a inversão carnavalesca da seriedade romântica por efeito da paródia. QUESTÃO 3 a) Extraído do último capítulo do romance, o trecho apresenta o retorno de Martim ao litoral onde vivera uma grande história de amor que culminou com a morte de Iracema. Daí a “amarga saudade” que as terras despertam no guerreiro. A morte da heroína vem aludida no trecho “as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara” (Iracema fora enterrada sob um coqueiro), enquanto as saudades que deixou no companheiro são referidas na passagem “em seu coração derramou-se um fogo que o requeimou era o fogo das recordações que ardiam como a centelha sob a cinza”. 2 — SISTEMA ANGLO DE ENSINO b) Em Iracema, a natureza, mais que mero elemento temático, é um dos recursos expressivos que o narrador usa para recriar, no plano da ficção, o universo cultural pretensamente indígena. No excerto, a oração “o cajueiro floresceu quatro vezes”, por exemplo, é uma perífrase temporal construída a partir do ponto de vista do nativo, que desconheceria a marcação cronológica ocidental; função semelhante possui o símile “seu coração transudou, como o tronco do jataí nos ardentes calores”, em que se explica um estado de espírito não por elementos conhecidos da cultura letrada, mas por dados do universo indígena. QUESTÃO 4 a) O narrador é José Fernandes, fidalgo português, proprietário rural na região serrana de Guiães e amigo de Jacinto de Tormes, protagonista do romance. José Fernandes sente-se tonto em meio ao movimento torrencial da cidade. Depreende-se do texto um juízo negativo em relação à cidade, que se revela como espaço de desumanização. b) Entre os elementos que permitem identificar o texto como realista, podem ser apontados os seguintes: • descritivismo objetivista (“eram tabuletas encimando tabuletas, que outras tabuletas apertavam”); • observação e análise da realidade (“grossa sociabilidade”, “e mais me cansava o perceber a tenaz incessância do trabalho latente, a devorante canseira do lucro,”); • espírito crítico (“um cacho de figuras escuras trepava sofregamente para o ônibus”); • zoomorfismo, traço denunciador de influências naturalistas, que procurava acentuar a animalização, o embrutecimento dos seres humanos (“com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas, numa pressa inquieta.”). QUESTÃO 5 a) Pela perspectiva ambígua do texto, Capitu comportou-se de modo extremamente sincero, mal conseguindo disfarçar seu afeto pelo defunto Escobar, embora tentasse ocultá-lo. Todavia, se foi sincera consigo mesma, deixando correr as lágrimas, foi infiel ao marido, que percebeu os profundos sentimentos que, reconditamente, nutria por Escobar. Logo, seu comportamento, naquele preciso momento, caracteriza-se pela dissimulação, pois pretende abafar a autenticidade de sua afeição por ele. b) A passagem é decisiva no romance, porque, a partir desse ponto da trama, Bentinho, o narrador-personagem, descobre um elemento determinante para fundamentação da suspeita de que Capitu o traía com seu amigo Escobar. Por essa perspectiva, as provas seriam suas lágrimas e a enorme atração que o defunto exerceu sobre ela. Nesse sentido, convém prestar atenção ao pormenor de que os olhos de Capitu são comparados com os da viúva, o que reforça ainda mais a convicção do narrador quanto à infidelidade da esposa. QUESTÃO 6 a) A mulher pode ser considerada a opressora: na extremidade do braço que aponta de cima para o menino, vê-se um dedo enorme, em posição acusatória; os sapatos de saltos altos sugerem posição de superioridade econômica e social. O garoto pode ser considerado o oprimido: seus braços largados ao lado do corpo sugerem submissão e impotência; os pés descalços, pobreza. b) O garoto tirou proveito do poder de convencimento da classe dos numerais. Por meio de pretensos dados estatísticos, que têm grande peso argumentativo, ele se coloca numa posição de vítima: não tem acesso aos serviços públicos essenciais (como o ensino básico), não conta com a proteção familiar ou de qualquer instituição e não tem estímulo para o seu desenvolvimento físico. PORTUGUÊS — 3 GRUPO RA/RS — 10/2010 QUESTÃO 7 a) O pronome tuas faz referência ao termo jovem camponesa. O pronome seu faz referência ao termo mulher morena. b) Meus amigos, meus irmãos, e vocês todos que guardam ainda meus últimos cantos Deem (ou Dêem, na forma anterior ao Acordo Ortográfico) morte cruel à mulher [morena! QUESTÃO 8 a) No texto I, a asa-branca bateu as asas para partir do sertão (local de origem) devido à seca, representada pelas figuras da “terra ardendo”, da “fogueira de São João”, do “braseiro”, da “fornaia”, da “farta d’água”. No texto II, ela bateu as asas para voltar para o sertão (local de destino) após ter percebido o anúncio de chuva, representado pelas figuras do relâmpago (“Faz três noites que relampeia”) e do trovão (“ouvindo o ronco do trovão”). b) Duas respostas são possíveis: 1. A substituição do -lh- por /i/. Exemplos: “oiei” e “fornaia”, por olhei e fornalha no Texto I, e “muié” e “trabaiador”, por mulher e trabalhador no Texto II. 2. A substituição do -l- por /r/. Exemplos: “prantação” e “farta”, por plantação e falta no Texto I, e “prantação”, por plantação no Texto II. QUESTÃO 9 a) Exemplos da função conativa da linguagem, com que o enunciador apela diretamente ao interlocutor: • os pronomes (vou te propor um grande negócio, você); • os vocativos (papai, pai) • os verbos (entende, sabe) • as perguntas (Alô? Papai? entende? Sabe o que a mamãe…?) Exemplos de desvio da norma culta típicos da oralidade: • tiver (em vez de estiver), em “quando eu tiver lá no meu futuro garantido” • né (em vez de não é) • a mistura de pronomes de segunda pessoa (te) e terceira pessoa (você) • a falha de regência em “o lugar que nós moramos” (o correto seria o lugar em que ou onde nós moramos) • pra (em vez de para) • a gente (em vez de nós) • umas horinhas (algumas horas, algum tempo) b) Respeitada a exigência de um período constituído de apenas duas orações — principal e concessiva —, são várias as respostas possíveis. Exemplos: ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONCESSIVA Preciso de espaço externo, embora moremos bem. Quero espaço externo, apesar de a nossa casa ser boa. Desejo espaço externo, apesar de que tenhamos ótima moradia. Dê-me espaço externo, apesar de morarmos bem. Eu gostaria de espaço externo, mesmo que nossa moradia seja ótima. Necessito de espaço externo, se bem que moremos muito bem. Eu gostaria de espaço externo, ainda que moremos bem. Etc. Etc. Note que a ordem das duas orações poderia ser invertida, iniciando-se o período com a oração subordinada: Embora moremos bem, preciso de espaço externo. ORAÇÃO PRINCIPAL 4 — SISTEMA ANGLO DE ENSINO QUESTÃO 10 a) Trata-se de uma metáfora. O fato de títulos de nobreza serem herdados de antepassados ou concedidos pela realeza coloca seus possuidores numa posição socialmente elevada, supostamente acima do alcance de questionamentos, cobranças ou desrespeito. Funcionários de alguns tribunais reagiram ao CNJ como se fossem tão inatacáveis quanto nobres. A base da metáfora é o traço da superioridade supostamente intocável ou inabalável, comum aos dois grupos — o dos nobres e o dos funcionários de alguns tribunais. b) Dipp havia afirmado que “o mito do juiz intocável caiu”. Em sua resposta, ele diz que o mito “está caindo”. Assim, não negou a queda do mito, mas mudou o aspecto verbal: o que fora dado como fato concluído, momentâneo, pelo verbo no pretérito perfeito (caiu), agora é dado como fato que vem se processando ao longo do tempo, em continuidade, pela perífrase verbal (está caindo).