Recursos hídricos subterrâneos: caminhos
para a sustentabilidade de um recurso
estratégico
Dr. Ricardo Hirata
Instituto de Geociências
[email protected]
aqüífero
1
Disponibilidade de água subterrânea, comparativamente às outras
ocorrências de água no planeta:
z
Embora a água ocorra em
toda a parte, o recurso
hídrico está irregularmente
distribuído no planeta.
68,9
Geleiras
Aquíferos
Rios e Lagos
29,9
0,9
z
Mais de 97,5% da água na
Terra é salgada
z
2,5
Água Salgada
Água Doce
Outros
0,3
Portanto, considerando-se
apenas as águas doces e
líquidas do planeta (exceto
calotas polares), as águas
subterrâneas representam
95% do total
97,5
As águas subterrâneas no mundo
No mundo,
2 bilhão de
pessoas
dependem
das águas
subterrâneas
z
z
Importância nas áreas urbanas: 1,1 bilhões na Ásia e
150 milhões utilizam água subterrânea em cidades latino americanas
13 das 23 megacidades (> 10 milhões de habitantes) são
dependentes de água subterrânea
2
As águas subterrâneas no mundo
z
z
Importância na agricultura: 17 países com maiores áreas irrigadas
com uso de água subterrânea representam 150 milhões de hectares
(57% do total do mundo) e usam 1240 bilhões m3/ano
Alguns números: Dependência dos aqüíferos: Índia (50%); EUA
(43%); China (27%); Paquistão (25%)
A descarga das águas
subterrâneas mantém
corpos de água superficiais
e a vida
3
As águas
subterrâneas
são
responsáveis
pela
manutenção de
rios, lagos e
pântanos e os
ecossistemas
associados
z
z
Importância para o meio ambiente: Água subterrânea é parte integral
do ambiente, representando 97% da água doce e líquida do planeta
½ dos wetlands do mundo estão desaparecendo ou desapareceram
devido a exploração de água
Importância das
águas
subterrâneas
Estima-se que 175
milhões utilizam o
recurso na
América Latina.
No Brasil, 35% da população
são dependentes das águas
subterrâneas
4
70% dos
municípios
paulistas são total
ou parcialmente
abastecidos por
água subterrânea.
z Várias cidades do
estado estão sobre
importantes
mananciais
subterrâneos
z
É crescente o uso das águas subterrâneas no
abastecimento público e privado no Brasil e no
mundo
z
z
z
z
z
Gigantesca disponibilidade hídrica (95%);
Apresenta geralmente excelente qualidade química
natural (note: toda água mineral é subterrânea),
geralmente não requerendo tratamento;
Custo de obtenção menor que outras fontes de água;
Menos susceptível a longos períodos de seca, sendo
estratégico nos cenários futuros de variações
climáticas;
Menos vulnerável à contaminação antrópica que
outras fontes de água.
5
É crescente o uso das águas subterrâneas no
abastecimento público e privado no Brasil e no
mundo
z
As águas subterrâneas são o recurso hídrico mais
democrático, pois:
z Servem como única opção de água para
populações pobres, muitas vezes com poços de
baixa qualidade e
z Abastecem às populações de classe média e alta,
através de poços tubulares de grande valor.
O resultado disso é facilmente observável:
z
z
z
z
35% da população brasileira se abastece de água
subterrânea;
As principais cidades nordestinas têm nas águas
subterrâneas seu abastecimento complementar;
Mesmo em áreas de baixo potencial aqüífero, como a
Bacia do Alto Tietê, 480 poços tubulares são
perfurados anualmente;
70% dos núcleos urbanos paulistas são total ou
parcialmente abastecidos por águas subterrâneas
6
Crescimento do uso da água no mundo
Aqüífero Guarani
Fonte:SRH - MMA (2001)
Íntima relação
entre os aqüíferos Guarani e
o Serra Geral (próximo à área
de afloramento)
Fm Serra Geral
(basaltos)
Aqüífero
Guarani
7
Poços de grande profundidade
E elevada produção
Poço tubular profundo em Catanduva (SP), explorando o
Aqüífero Guarani na área confinada
Área do Aqüífero Guarani: 1,2 milhões de km2
PY
6%
UY
4%
AR
19%
z
BR
71%
Sistema
compartilhado, mas
a maior área de
ocorrência no Brasil
Fonte: Borghetti et al (2004)
8
Densidade de poços
no Aqüífero Guarani
No Brasil, maior
exploração e
conhecimento
do Aqüífero
ocorre no
Estado de São
Paulo
Levantamento
preliminar com
1000 poços
Chang (2001)
COMPLICAÇÕES HIDROGEOLÓGICAS
™ Estrutura geológica: possível compartimentação em
blocos;
™ Zonas de descarga (saída de água do Aqüífero)
praticamente desconhecidas;
™ Desconhecimento dos mecanismos de fluxo das
águas (circulação dentro do próprio Aqüífero);
™ Desconhecimento das reais potencialidades
hidráulicas do Aqüífero
™ Teores excessivos de fluoreto na água em alguns
pontos: falta explicação e mapeamento das anomalias
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COMPLICAÇÕES CONJUNTURAIS
™ Pouca informação, desinformação pública, confusão:
- ufanismo (“o Aqüífero pode salvar a humanidade”)
- teoria conspiratória: (“querem entregar o Aqüífero ao
capital internacional”)
™ Tecnoburocracia
• Pouca valorização das universidades e institutos de
pesquisa
• Pouca permeabilidade para com a sociedade
™ Falta estrutura adequada para a gestão do Aqüífero,
tanto nos países, como nos estados brasileiros
Projeto de Desenvolvimento e Proteção
Ambiental do Aqüífero Guarani
z
GEF, OEA, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
Diretrizes básicas (período 2003-2008):
z
z
z
z
z
Melhorar o conhecimento da estrutura e do
funcionamento hidráulico do Aqüífero e, portanto, de
suas reais potencialidades;
Disponibilizar de forma ampla e pública, um sistema
geo-referenciado de informação.
Estabelecer um protocolo e regras comuns de gestão
do Aqüífero.
Fomentar a participação pública, a educação
ambiental, a comunicação social, de modo a garantir
as reservas aqüíferas para o futuro.
10
Componentes do projeto Guarani, em curso
SIG
Bases para uma gestão do
Aqüífero Guarani
Temas Críticos identificados no Projeto Guarani
1. Perigo de Superexploração
z
Superexploração
ou exploração
maior que a
capacidade do
aqüífero
z
Exaustão do
aqüífero pela
retirada de água
maior que a
capacidade de
recarga
11
Rebaixamento causado pelo
bombeamento de um poço
E a interferência entre poços, causando
conflito de usuários e até perda do recurso
12
Ribeirão
Preto (SP)
Fortes
interferências
entre poços
pode indicar a
superexploração do
aqüífero
Temas Críticos identificados no Projeto Guarani
2. Contaminação das águas subterrâneas
z
Embora haja a descoberta de áreas contaminadas, a
maior parte dele ainda apresenta boa qualidade de
suas águas.
(IGME)
O controle de
fontes tem sido um
dos meios mais
eficazes de reduzir
este risco de
contaminação de
aqüíferos.
13
Temas Críticos identificados no Projeto Guarani
3. Carência de macro estratégias
Falta de estratégias globais para a gestão
sustentável do Aqüífero
Desafios do Aqüífero Guarani: técnico-científico
z
Nos espaços estadual/provincial e municipal – os
desafios são:
z
Identificar zonas críticas (quanto à degradação
da qualidade e super-exploração)
z
Realizar pesquisas específicas, dirigidas a
problemas ou lacunas de conhecimento;
z
Subsidiar os técnicos para elaboração de lei
específica de proteção do manancial nas áreas
de recarga (mais vulnerável à contaminação)
z
Capacitar profissionais no campo da
hidrogeologia e gestão integrada
14
Desafios do Aqüífero Guarani: institucional
z
z
z
Construir um esquema de gestão participativa do
Aqüífero.
Há convergência entre atores no plano técnicocientífico, mas faltam manifestações dos governos
que reforcem o papel positivo do Aqüífero como um
dos fatores de integração entre os países.
Criar um plano de utilização e proteção do Aqüífero
Guarani que esteja presente no detalhamento do
Plano Nacional de Recursos Hídricos, a partir de
2007
Desafios do Aqüífero Guarani: institucional
z
Articulação e fortalecimento institucional
z
Implantação e operação descentralizada do
sistema de informações
z
Protocolo mínimo de normas técnicas de projeto,
construção e outorga de poços
z
Ampliação de colegiados de gestão em sintonia
com os comitês de bacia
z
Forte investimento em informação pública e
participação na gestão
z
Fortalecimento dos órgãos gestores
15
Recomendações:
1.
Que seja implantada no sistema de ciência e
tecnologia, uma linha permanente de fomento à
pesquisa voltada à solução dos principais problemas
do Aqüífero Guarani
2.
Que, no campo diplomático, o Governo Brasileiro
tome a iniciativa de colocar na pauta de discussão
um “Protocolo pela utilização sustentável e proteção
do Aqüífero Guarani”, em benefício dos quatro
países do Cone Sul.
Recomendações:
3.
Que o Aqüífero Guarani seja contemplado no Plano
Nacional de Recursos Hídricos, com um programa
regional (escala 1:250.000) de diretrizes de gestão
da qualidade e quantidade das águas subterrâneas.
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GT Aqüífero Guarani: oportunidades e
desafios do grande manancial do Cone Sul
Ricardo Hirata (USP) coordenador
Antonio Eduardo Lanna (UFRGS)
Gerôncio Rocha (DAEE/SP)
José Luiz Albuquerque Filho (IPT/SP)
Júlio Thadeu Kettelhut (SRH/MMA)
Luiz Fernando Scheibe (UFSC)
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Recursos hídricos subterrâneos e geologia
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