04-09-2014
A Água como Recurso
II Jornadas IGOT dos Professores de Geografia
Recursos hídricos – água nos seus diferentes estados e reservatórios,
disponível ou potencialmente disponível, susceptível de satisfazer, em quantidade
e qualidade, uma dada procura num local e período de tempo determinado.
A Água: Recurso e Risco Multiescalar
Reservatórios
naturais
Catarina Ramos
[email protected]
Reservatório artificial
Lisboa, 4 de setembro de 2014
A ÁGUA COMO RECURSO
A água como Risco
Perigo hidrológico - Evento extremo, relativo à água, que é capaz de provocar
uma catástrofe. As características fundamentais de um perigo (hazard) são a
localização, frequência, magnitude e recorrência.
Conteúdo
Critérios de Classificação
dos Recursos Naturais
A água pode constituir um perigo através:
• da sua escassez (secas, desertificação),
• do seu excesso (cheias, inundações),
• da sua degradação (contaminação, poluição).
Disponibilidade
Importância Estratégica
A ÁGUA COMO RECURSO: quanto ao conteúdo
A ÁGUA COMO RECURSO
superficiais
Recursos hídricos
subterrâneos
Recursos hídricos superficiais:
Bacias Hidrográficas
subterrâneos
Recursos hídricos subterrâneos:
Aquíferos
superficiais
PNA, 2001
Estação hidrométrica
Piezómetro
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Conteúdo
repartição espacial
Critérios de Classificação
dos Recursos Naturais
capacidade de renovação
dos hidrossistemas
Disponibilidade
Disponibilidade
uso sustentável
Importância Estratégica
capacidade económica e tecnológica
Renováveis e a que escala temporal?
?
Recursos hídricos
? Não renováveis (finitos ou esgotáveis)
O Ciclo Hidrológico à Escala Global
Repartição espacial
O Planeta Terra pode-se considerar um sistema global fechado, onde a circulação
da água se faz de forma contínua e fechada entre oceanos - atmosfera continentes – oceanos. São subsistemas abertos porque há permuta de massa e
energia entre eles.
6,7%
Os recursos hídricos estão
desigualmente repartidos
P = Etr + S
P = Etr + I + Es
61,7%
Em que:
P – precipitação
Etr – evapotranspiração real
S - Escoamento
Es – escoamento superficial
I – infiltração profunda
Fonte: UNESCO
Renovação:
Nem todos os recursos
hídricos são renováveis.
Alguns são fósseis.
Fonte: UNEP
O Ciclo hidrológico é alimentado
pelas energias solar e gravítica
O Ciclo Hidrológico à Escala Global
Tipos de fluxos e volumes de água movimentados no ciclo hidrológico anual
do Planeta (em milhares de km3).
A Renovação das reservas de água no Planeta
Tempo de Residência: Tr = S / Q,
em que S é o volume de água armazenado no subsistema (atmosfera, lago, rio,
etc.) e Q é o volume de água que sai numa determinada unidade de tempo.
Exemplo: Atmosfera
S = 12 900 km3
Q = 496 000 km3 (111 000 + 385 000)
496 000
12 900
1 ano
TR
Tr = 12 900 / 496 000 = 0,026 anos
Se 1 ano = 365 dias, então 0,026 x 365 = 9,5 dias
(balanço hídrico positivo)
(balanço hídrico negativo)
Fonte: Ramos, 2005
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O Ciclo Hidrológico à Escala Global
Capacidade de renovação
dos hidrossistemas
11%
7%
A água renova-se desigualmente nos vários
“reservatórios naturais”
Subsistemas
41%
Alterações climáticas
1 semana
Atmosfera
1,5 semanas
Rios
> 2 semanas
As mudanças de estado a que a água é submetida, durante as fases do ciclo
hidrológico, dão-se a temperaturas bem definidas, o que quer dizer que uma
pequena variação da temperatura do Globo pode modificar substancialmente
as condições do ciclo hidrológico, retardando-o ou acelerando-o.
3%
Tempo de Residência
Biota
37%
Diferentes impactes regionais
1%
Fonte: UNEP
Água no solo
• Descida de T:
retardamento do ciclo
aumento das calotes de gelo e glaciares
2 semanas a 1 ano
Lagos e albufeiras
2 semanas a 10 anos
Áreas pantanosas
1 a 10 anos
Calotes de gelo e
glaciares
> 1000 anos
Mares e oceanos
Toalhas aquíferas
À escala de vida humana nem todos
> 4000 anos
os recursos hídricos são renováveis
+ de 2 semanas a 10 000 (P. Peixoto, 1989)
anos
Disponibilidade: variação inter-mensal
Variação mensal do escoamento anual
nos diversos continentes
• Aumento de T:
aceleração do ciclo
aumento da evaporação e da quantidade
de água na atmosfera
Fonte: http://www.gfdl.noaa.gov/
Disponibilidade:
a questão do acesso à água
Rio Loire em Montjean
Escoamento anual
nos diversos continentes
(S = P – ETR)
Fonte: http://www.grdc.sr.unh.edu/
Rio Obi em Salekhard
Rio Nilo em Assuão
“mínimo vital de água”,
ou seja, escassez crónica
de água
Fevereiro
Fonte: http://www.grdc.sr.unh.edu/
Disponibilidade:
a questão do acesso à água
Stress Hídrico
Disponibilidade:
a questão do acesso à água
severo >40%
elevado 20-40%
baixo 10–20%
s/ stress < 10%
Fonte: UNEP
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Disponibilidade:
a questão do acesso à água
Disponibilidade:
a questão do acesso à água
O Problema da qualidade da água
http://www.grid.unep.ch/index.php?option=com_content&view=article&id=24&t
heme=products&subtheme=&Itemid=69
http://www.viewsoftheworld.net/?p=1292
http://www.altenergyshift.com/gallery/image/125-lack-of-access-to-safe-water-infographic/
A ÁGUA COMO RECURSO
A ÁGUA COMO RECURSO
Conteúdo
Importância estratégica
é mutável no tempo
depende da sua abundância e
ocorrências conhecidas
Critérios de Classificação
dos Recursos Naturais
depende do estádio de
desenvolvimento das
sociedades, que se manifesta
em diferentes procuras e
distintos níveis de capacidade
de intervenção tecnológica
Disponibilidade
global
supranacional
nacional
Importância Estratégica
regional
local
global
A ÁGUA COMO RECURSO
nacional e regional
A ÁGUA COMO RECURSO
Importância estratégica
Importância estratégica
supranacional
regional
Bacia do Rio Nilo
33%
B. Castelo do Bode
local
61,7%
da água doce
nacional
sistema aquífero da
margem esquerda do
Tejo e Sado
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Importância estratégica
A ÁGUA COMO RECURSO
Importância estratégica
depende da sua abundância
e ocorrências conhecidas
é mutável no tempo
Aqueduto romano (cerca de 2000 anos)
A água no conflito israelo-árabe
Barragem de Alqueva (sécs. XX-XXI)
Aqueduto das águas livres (séc. XVIII)
1º) O rio Jordão dá 40% das
necessidades de água a Israel.
As suas nascentes estão nos
Montes Golan.
2º) Aquífero dolomítico da margem
ocidental do Jordão
3º) Aquífero costeiro
Importância estratégica
Importância estratégica
O caso da partilha dos recursos hídricos luso-espanhóis
O caso da partilha dos recursos hídricos luso-espanhóis
Recursos hídricos renováveis = escoamento interno + escoamento externo
Escoamento interno
(internal water resources) é o que
se produz em território nacional e resulta
de P – ETR = S
=
+
+
962mm = 577 mm + 385 mm
45%
Douro
antes
A ÁGUA COMO RECURSO
R.
Mira
Lis
Tejo
Importância estratégica
Origem
superficial
Origem
subterrânea
Total
(hm3)
(hm3)
(hm3)
%
Urbano
212
349
561
Industrial
206
179
385
4,4
11
9
20
0,2
Turismo
depois
A ÁGUA COMO RECURSO
A utilização da água em Portugal continental
Sectores
Guadiana
Cada português dispõe de 6859 m3 / ano (3772 m3 / ano só nacionais),
enquanto cada espanhol tem 2794 m3 / ano
Sado
52 %
R. Oeste
Ave
Vouga
Mondego
Mondego
Ave
Total water resources = internal water
resources + external water resources
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Leça
Cávado
Douro
Minho
Lima
Vouga
Guadiana
Tejo
Lima
Sado
Capacidade de armazenamento de água nas
bacias hidrográficas, antes e depois de Alqueva
Minho
Capacidade de produção de energia
hidroeléctrica nas bacias hidrográficas
Cávado
Escoamento externo
(external water resources) é o que entra
em território nacional através dos rios
transfronteiriços e dos aquíferos
(de menor importância)
6,4
Agricultura
2341
4210
6551
74,8
Energia
1237
------
1237
14,1
Total
4007
4747
8754
100
depende do estádio de desenvolvimento das
sociedades, que se manifesta em diferentes
procuras e distintos níveis de capacidade de
intervenção tecnológica
Fonte: PNA, 2001.
Apesar dos recursos hídricos subterrâneos renováveis representarem apenas 16%
(6 000 hm3) do total de recursos hídricos gerado em Portugal continental (36700 hm3),
suportam cerca de 54% (4747 hm3) da utilização total de água (8754 hm3) anual
(PNA, 2001).
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A ÁGUA COMO RECURSO
A ÁGUA COMO RECURSO
Água
Energia
Água
O caso dos GCC (Gulf Cooperation Council Countries)
Energia
• Grande crescimento demográfico
Em 2010: 45 milhões de habitantes
Em 2050 estima-se que atinja 70 milhões de habitantes
• Desenvolvimento socioeconómico acelerado
• Aumento substancial da procura da água
Aumenta o stress especialmente sobre recursos hídricos não renováveis
• Aumento dos gastos de energia para ir buscar a água a maior profundidade e a
maior distância e para tratar água de baixa qualidade para abastecimento
doméstico e produção de alimentos
• A interdependência entre água e energia tem levado a um aumento da emissão de
gases de efeito de estufa que, mantendo a tendência atual, duplicará em 2035
• Feedback de deterioração ambiental
Fonte: WWDR, 2014
A ÁGUA COMO RECURSO
Centrais de Dessalinização:
A ÁGUA COMO RECURSO
Água
Água
Energia
Energia
• cerca de 50% da capacidade mundial está instalada
nos GCC
• em 2005, cerca de 55% da água para abastecimento
doméstico provinha da dessalinização
• Estas projeções são alarmantes: não sustentabilidade energética, emissão
de gases de efeito de estufa e poluição marinha pelas descargas do
subproduto (salmoura)
• continuação do aumento da água da dessalinização
devido à degradação dos aquíferos
• Ainda não se conhecem os impactes a nível térmico sobre os frágeis
ecossistemas marinhos da região
• ricos em combustíveis fósseis (petróleo, gás natural),
a dessalinização utiliza de forma intensiva e crescente
esses combustíveis
• Que energia para as centrais de dessalinização?
• Arábia Saudita: 25% da produção de petróleo e gás
natural é utilizado nas centrais de dessalinização.
Se se mantiverem as atuais tendências essa %
chegará a 50% em 2030
• Kuwait: em 2035 a energia requerida para as centrais de dessalinização igualará a
produção de petróleo em 2011-12 (2,5 milhões de barris /dia)
Em 2010, os GCC assinalaram a Declaração de Abu Dhabi: visão estratégica
a médio e longo prazo para a interligação entre água-energia-agricultura,
efeitos das alterações climáticas, impactes ambientais da dessalinização, com
especial destaque para a procura e conservação da água. A Declaração inclui
instrumentos económicos, tecnológicos, legislativos e sociais.
A ÁGUA COMO RECURSO
Bibliografia:
Água
Energia
Catarina Ramos – Programa de Hidrogeografia. DILIF – 3; CEG, Universidade de Lisboa, Lisboa.
http://www.ceg.ul.pt/descarga/Publicacoes_Download/CRamos/Programa_Hidrogeografia.pdf
WWDR 2014 - The United Nations World Water Report 2014, Vol.1 “Water and Energy”, Vol. 2 – Facing The Chalenges.
UNESCO, Paris.
http://www.unwater.org/publications/publications-detail/en/c/218614/
Sítios na internet:
“Solar Water Desalination”, iniciativa do Rei
Abdullah (Arábia Saudita), lançada em 2010.
Objetivo : construção de centrais solares
para dessalinização, de modo a que toda a
água proveniente da dessalinização utilize
apenas energia solar em 2019, a custos
muito mais baixos do que os atuais dos
combustíveis fósseis:
Mapas com distribuição da água subterrânea nos continentes:
http://www.populationdata.net/indexcarte.php?option=article&aid=152&mid=1555&nom=monde-eaux-souterraines
Agência Portuguesa do Ambiente – Água:
http://www.apambiente.pt/?ref=16&subref=7&sub2ref=9&sub3ref=833
Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos: http://snirh.apambiente.pt/
Atlas da Água em Portugal: http://geo.snirh.pt/AtlasAgua/
Mapas e gráficos sobre a água à escala global: http://www.unep.org/dewa/vitalwater/index.html
Mapas e gráficos vários:
http://www.grid.unep.ch/index.php?option=com_content&view=article&id=24&theme=products&subtheme=&Itemid=69
Dados, gráficos e mapas sobre bacias hidrográficas em todo o Planeta: http://www.grdc.sr.unh.edu/
Energia solar:
2010: 0,52 a 1,13 euros / m3 de água
2019: 0,31 euros / m3 de água
Mapas deformados por país sobre a água: http://www.viewsoftheworld.net/?p=1292
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