INDICADORES
Brasil
Ações da Petrobras PN (em R$)
Econom ico
14,27
13,98
14,00
14,11
13,60
www.brasileconomico.com.br
7/11
10/11
11/11
12/11
13/11
PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 14, 15 E 16 DE NOVEMBRO DE 2014 . ANO 6 . Nº 1.309 . R$ 3,00
Famílias se
retraem mais
no consumo
Pesquisa da Confederação
Nacional do Comércio (CNC)
mostrou nova queda na intenção de compras em outubro.
Foi o terceiro recuo consecutivo. Os bens duráveis estão
no menor patamar da série,
iniciada em 2010. P6
Venda da PT
servirá para
fortalecer a Oi
GE dobra aposta no Fundão
Ao inaugurar sua unidade no Parque Tecnológico da UFRJ, no qual foram
investidos R$ 500 milhões, a empresa anunciou que vai destinar a mesma
quantia para aumentar a capacidade de pesquisa até 2020. P11
Presidente interino da brasileira, Bayard Gontijo disse
que recursos provenientes
dos ativos da PT Portugal
servirão para a empresa se
consolidar no mercado ou
reduzir dívida. P10
Arthur Seixas/ Divulgação
Exportação de sucata
dispara com crise na
indústria siderúrgica
Segundo maior exportador mundial de minério de ferro, o Brasil vê as vendas de sucata
crescerem, em mais um indicador do processo de desindustrialização do país. Por falta de
demanda interna, a exportação de rejeitos de aço atingiu níveis recordes nos últimos três
meses: em setembro, foram 87,4 mil toneladas, o maior volume histórico. O material é
vendido para reciclagem em alto-fornos asiáticos.O cenário para 2015 não é melhor. P4e5
JULIO GOMES DE ALMEIDA
Os dados de exportação
provam que a indústria
perdeu competitividade. P7
OCTÁVIO COSTA
A esquerda chora a perda de
um filósofo brasileiro e um
marquês português. P32
FLORÊNCIA COSTA
China investirá US$ 40 bi na
nova rota da seda, cujo centro
é a cidade de Horgos. P25
ESTILO S/A
A estilista Marta Reis lança
biquínis e maiôs com pedras
semipreciosas brasileiras. P26
2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
MOSAICO POLÍTICO
GILBERTO NASCIMENTO
[email protected]
COM LEONARDO FUHRMANN
CASAL PROPÔS ‘VOLTA LULA’
“
Se não houver um
dilúvio, vai faltar
água. A falta com a
verdade do governo
para enfrentar a
crise joga com
otimismo para
chuvas futuras”
E
Divulgação
Embora engajada no “Volta Lula”, a ministra mostrava-se distante do PT, desde a indicação de
Fernando Haddad para concorrer
à Prefeitura de São Paulo, em
2012. Ela queria ser candidata e
relutou em apoiá-lo. O relacionamento de Marta com a presidenta
Dilma azedou de vez, em maio,
com o jantar oferecido para a ministra e Lula por Eleonora e Ivo
Rosset, na residência do casal de
empresários no Jardim Europa
(região nobre de São Paulo). Foram convidados empresários e artistas como Camila Pitanga, Bruna Lombardi, Carlos Alberto Ricelli, João Carlos Martins e Carlinhos Brown, entre outros. Na
campanha de Dilma, uma de suas
poucas participações foi no evento com artistas na PUC-SP, quando chegou atrasada. Ela bateu boca com o presidente nacional do
PT, Rui Falcão, em uma carreata
da campanha na zona sul.
Brizza Calvalcante/Ag Camara
m um evento social em abril deste ano, em São Paulo, o empresário Marcio Toledo, ex-presidente
do Jockey Club de São Paulo e marido da ex-ministra Marta Suplicy, defendeu, em conversa com
um representante do PT, o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à
Presidência da República. Naquele momento, Marta e Marcio, segundo petistas, estavam convencidos de
que o ex-presidente deveria substituir Dilma Rousseff na campanha. E fomentavam o “Volta Lula”. Marta
avaliava, de acordo com o interlocutor, que Dilma não teria chances na disputa contra os candidatos do
PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos (depois substituído por Marina Silva). O casal teria
deixado clara sua afinidade cada vez maior com o vice-presidente da República, Michel Temer.
Guilherme Campos
Deputado federal (PSD-SP),
sobre a reação do governo
paulista à crise hídrica
no Estado
Mudança de calendário
O Brasil pode vir a ter um novo feriado a partir de 2015. O Dia da
Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro apenas em
algumas cidades, poderá ser estendido para todo país. Projeto do
deputado Renato Simões (PT) que torna o feriado nacional foi
aprovado anteontem, por unanimidade, na Comissão de Cultura da
Câmara dos Deputados. Agora, a proposta passará pelas comissões
de Direitos Humanos, Constituição e Justiça e Cidadania.
Sem necessidade de ordem judicial
Abre-alas
Opções à seca
Olho no petróleo
A eventual ida de Marta Suplicy
para o PMDB, com o intuito de
disputar a eleição de 2016, pode
ajudar nos planos de Michel Temer.
Contribuiria na ascensão política
de sua filha mais velha, Luciana.
Atualmente, ela é secretária de
Assistência e Desenvolvimento
Social da gestão Haddad.
Executivos de sete grandes
empresas americanas do setor
energético estão no Brasil, trazidos
pela AmCham Rio e Brazil-U.S.
Business Council. O grupo está
interessado em saber como o
governo brasileiro vai diversificar a
matriz elétrica por conta da seca
que afeta as hidrelétricas.
A expectativa da comitiva é pela
ampliação do gás natural, energia
nuclear e fontes alternativas. Os
movimentos do setor de petróleo
também estão na mira do grupo,
atento à evolução das normas de
conteúdo local e à discussão sobre
o papel da Petrobras como
operador único do pré-sal.
FALE CONOSCO
Divulgação
Militantes da internet estão se
mobilizando contra o projeto
de lei 5937/13, do deputado
federal Major Fábio (Pros-PB),
em tramitação no Congresso
Nacional. A proposta obriga os
provedores a retirar do ar, sem
necessidade de ordem judicial,
conteúdo divulgado sem
autorização prévia e expressa
do autor. Para eles, o projeto
aumenta a possibilidade de
censura à internet. O autor
considera a medida importante
para proteger os direitos
autorais na rede.
E-mail: [email protected] Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar,
CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ). As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura.
Em razão de espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br
Atitudes devem
inspirar no
momento de crise
Profissionalismo
está em falta no
mercado brasileiro
Cobrança indevida
é claro desrespeito
ao consumidor
Nesse momento da crise do
abastecimento, as empresas
deveriam divulgar suas práticas
para economia de água e energia.
Desta forma, estas ações
poderiam servir como inspiração
e serem replicadas. Não dá para
ficar esperando uma solução que
caia céu. Muito menos por parte
do governo, que continua
negando a gravidade da situação.
Consideração e
comprometimento não são o forte
dos prestadores de serviço no
Brasil. Marcar e levar furo é um
péssimo hábito. Quando o cliente
agenda uma entrega ou visita de
um profissional, o que se espera é
que a pessoa cumpra o
compromisso porque
invariavelmente temos que estar
em casa à disposição do evento.
Cobrança indevida é uma
praga na vida dos brasileiros.
Como uma empresa acha que
pode incluir um novo serviço ou
produto em nossas faturas sem
pedir autorização prévia? Isso só
prejudica o relacionamento com o
cliente, que vai perder seu tempo
precioso para desfazer o erro.
Ainda vem a dor de cabeça para
estornar os valores.
Adriano Campos
Berenice Souza
Sonia Palhares
Rio de Janeiro, RJ
São Paulo, SP
Rio de Janeiro, RJ
INDICADORES
A expectativa pelo nome que irá assumir o ministério da Fazenda deu o
tom aos negócios no pregão de ontem. O Ibovespa terminou o dia em
queda de 2,14%, aos 51.846 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,9 bilhões.
TAXAS DE CÂMBIO
▲ Dólar comercial (R$ / US$)
COMPRA
VENDA
2,5930
2,5948
▲ Euro (R$ / E)
3,2348
3,2373
JUROS
■ Selic (ao ano)
META
EFETIVA
11,25%
11,15%
BOLSAS
▼ Bovespa - São Paulo
▲ Dow Jones - Nova York
▲ FTSE 100 - Londres
VAR. %
ÍNDICES
2,14
51.846,04
0,25
17.655,57
0,37
6.635,45
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 3
▲
BRASIL
Divulgação
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
ANA aconselha racionamento para SP
O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu
Guillo, disse ontem que as obras em andamento não resolvem a falta
de água em São Paulo. No curto prazo, disse, só chuvas e medidas
restritivas, como racionamento, podem resolver o problema. Para
Guillo, dizer que uma obra é a solução é tirar o foco, “pois as obras
precisam de dois ou mais anos para entrar em funcionamento”. ABr
Editor: Paulo Henrique de Noronha
[email protected]
José Cruz/ABr
Edla Lula
[email protected]
Brasília
Ainda que consiga aprovar a alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) — para liberar
da meta de superávit primário o
abatimento integral dos gastos
com investimentos do Programa
de Aceleração do Crescimento
(PAC) e das desonerações — o governo não deixará de pagar o preço político no processo de votação. Para facilitar o diálogo com a
oposição, o governo decidiu, ontem à noite, retirar o pedido de tramitação em regime de urgência
constitucional do projeto que modifica a meta do superávit. A alteração estava prevista para sair hoje no Diário Oficial da União.
O pedido de urgência era uma
pedra para as negociações, que ganharam status de moeda de troca
nos bastidores diante da iminente
construção do novo ministério de
Dilma. Além de ter que lidar com
a aprovação do projeto, o governo
terá pela frente que ceder, também, na discussão de várias matérias em tramitação.
Antes de analisar a alteração
na meta, o Congresso precisa votar os vetos presidenciais que
trancam a pauta desde agosto. O
mais polêmico é o que cria novos
municípios e foi vetado duas vezes pela presidenta Dilma Rousseff. Líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE) admitiu que o veto poderá ser derrubado já na terça-feira.
“Está sendo construído um
acordo entre as lideranças da Câmara e do Senado para a derrubada”, antecipou Pimentel. O veto
da presidenta ao segundo projeto
já vinha sendo contestado até mesmo por integrantes do partido do
governo, como o senador Aníbal
Diniz (PT-AC).
Outra pressão se concentra na
alteração do indexador da dívida
de estados e municípios. Aprovada na semana passada, a troca do
Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no cálculo do
pagamento da dívida ainda aguarda sanção presidencial. Como ao
longo das discussões o governo vinha recusando o dispositivo, incluído pelo Congresso no projeto,
que retroage o cálculo para os
anos anteriores a 2014, os parlamentares querem do governo a garantia de que a presidenta não vetará o item.
“Precisamos ter essas garantias”, enfatizou a senadora Ana
Amélia (PP-RS), cujo partido integra a base aliada. Ela fez ainda coro às críticas da oposição contra o
projeto do governo para a garantia
de superávit. “Poderia ter sido
muito mais conveniente ao governo, porque ganharia mais credibilidade, reconhecer a realidade
dos fatos e não maquiar a contabi-
Mercadante, da Casa Civil, garantiu que o governo não vai abrir mão de esforços “para fazer o maior superávit primário possível”
Governo recua
para mudar LDO
Diante de clima hostil no Congresso, Presidência volta atrás e retira pedido de tramitação
em regime de urgência constitucional do projeto que altera a meta do superávit primário
“
O governo quer
dialogar também
com a oposição, já que
o Brasil está, nesse
momento, propondo
uma mudança no
superávit, que não
significa, em nenhuma
hipótese, déficit”
Ricardo Berzoini
Ministro das Relações
Institucionais
lidade”, disparou a senadora, diretamente da tribuna do Senado.
Com discurso harmonizado,
os ministros Aloízio Mercadante,
da Casa Civil, e Ricardo Berzoini,
das Relações Institucionais, garantiram que o governo não encerrará o ano com déficit nas contas públicas. “O governo vai fazer o
maior superávit primário possível. Esta discussão é totalmente
transparente, os dados são auditados e totalmente explicitados”,
disse Mercadante.
O país acumula, até setembro,
déficit de R$ 20,7 bilhões nas contas públicas. “Não é o melhor para
o Brasil, nem para nenhuma economia desenvolvida do mundo hoje, aumentar impostos e cortar investimentos, porque isso levará o
país à recessão e ao desemprego”,
apelou Mercadante.
Segundo Berzoini, além dos entendimentos já encabeçados pelo
vice-presidente Michel Temer para convencer os aliados, o governo procurará a oposição para aprovar a matéria.
“O governo quer dialogar também com a oposição, já que o Brasil está, nesse momento, propondo uma mudança no superávit,
que não significa, em nenhuma hipótese, déficit. Estamos trabalhando para ter um superávit adequado à conjuntura econômica internacional”, afirmou.
Ontem, ao longo do dia, a oposição se mobilizou para impedir
que a votação da meta do superávit ocorresse em regime de urgência, como pretendia o governo. “Vamos levar o debate ao limite”, declarou o líder do DEM
no Senado, José Agripino (RN).
Já o PSDB, ameaçava até entrar
com pedido de mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal
Federal (STF).
Unida para impedir
que a votação da
proposta ocorresse
em regime de urgência,
a oposição se mobilizou
ontem. O PSDB até
planejou entrar com
pedido de mandado de
segurança hoje no STF
4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
▲
BRASIL
Exportação de
sucata dispara
com a crise
Por falta de clientes no país, vendas externas atingiram níveis
recordes nos últimos meses. Em outubro, alta foi de 50%
Nicola Pamplona
[email protected]
A crise na siderurgia brasileira
chegou ao setor de reciclagem de
aço, que vem buscando o mercado internacional como alternativa à escassez de clientes no Brasil.
Segundo dados da Secretaria de
Comércio Exterior (Secex), as exportações de sucata ferrosa dispararam nos últimos três meses,
atingindo o volume recorde de
87,4 mil toneladas em setembro,
volume 90% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Em outubro, foram 76 mil toneladas, alta de 50% na mesma
base de comparação. As exportações de aço, por outro lado, vêm
registrando queda no ano.
“A baixa demanda por parte
de produtos longos da siderurgia, que são os principais consumidores de sucata, acarretou
queda na demanda e, consequentemente, acarretou queda nos
preços”, diz Marcos Fonseca,
presidente do Instituto Nacional
das Empresas de Sucata de Ferro
e Aço (Inesfa). O cenário de crise se intensificou a partir de junho, diz o executivo, com a desaceleração do segmento de construção civil, que vinha mantendo a demanda por aços longos
no país, agravando uma situação
que já era ruim entre os produtores de aços planos — impactados
pela retração da indústria automobilística.
“No segundo semestre, a Usiminas e a CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) praticamente
não compraram sucata. A CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional) comprou muito pouco”, conta Fonseca. Recolhida em indústrias que têm o aço como insumo e
entre rejeitos de eletrodomésticos, a sucata ferrosa é processada
por empresas especializadas e revendida a siderúrgicas para a produção de aço em alto-fornos elétricos. Com o crescimento da ren-
EXPORTAÇÃO DE SUCATA
87,4
PESO LÍQUIDO
(Milhares de toneladas)
76,0
23,9
41,1
JAN/
2014
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
EM TRÊS ANOS (Milhares de toneladas)
OUT/2012
OUT/2013
45,7
50,8
76,0
OUT/2014
Fonte: Instituto Nacional das Empresas de Sucata Ferrosa (Inesfa)
da, a geração de sucata ferrosa
tem crescido de forma acelerada
no Brasil nos últimos anos. Em
2012, último dado disponível, a geração de sucata ferrosa no Brasil
atingiu 2,86 milhões de toneladas
— quase 30% a mais do que em
2009, ano em que foram iniciadas
as exportações do segmento.
Embora menos lucrativa, a opção pelo mercado internacional
foi a alternativa encontrada pelas empresas do segmento para
driblar a crise do setor siderúrgico, provocada pela retração na
demanda global após a crise financeira de 2008 e agravada pela perda de competitividade da
produção nacional com relação
aos concorrentes internacionais. Entre janeiro e setembro
deste ano, por exemplo, a produção nacional de aço bruto caiu
1,3%, mantendo tendência de retração verificada desde o início
da década. Já a produção de laminados teve queda de 5%, segundo dados do Instituto Aço Brasil.
As exportações são menos lucrativas, mas vêm sendo encaradas pelas empresas do setor como
saída para evitar acúmulo de estoques. “Ainda bem que temos as exportações”, diz Valentin Aparicio
Escamilla, proprietário da empresa Apariciofer. “De 2009 para cá,
saíram do país cerca de 1,7 milhão
de toneladas. Se não fosse o mercado externo, esse volume de sucata
ficaria jogado por aí”, comenta.
Segundo ele, a participação da
chamada sucata de obsolescência, que identifica os rejeitos gerados pela substituição de eletrodomésticos, hoje é responsável por
46% da geração de sucata ferrosa
no país — o restante representa a
sucata industrial.
O preço de venda no mercado
externo, porém, tem um desá-
Consumidora
de sucata, a
siderurgia
brasileira está
estagnada
desde 2010
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 5
Divulgação
PLANOS DE SAÚDE
Médicos paulistas cruzam os braços
Médicos suspendem hoje o atendimento a dez planos de saúde no
estado de São Paulo. A Associação Paulista de Medicina orientou ao
atendimento só de emergência, urgência ou cirurgias agendadas via
Intermédica, GreenLine, NotreDame, Ameplan, CET, Correios, Cruz
Azul, Economus, Trasmontano Saúde e Classes Laboriosas. O
protesto é pela falta de proposta de reajuste nos procedimentos. ABr
Douglas Engle/Bloomberg
“
Ainda bem que temos
as exportações.
De 2009 para cá,
saíram do país
cerca de 1,7 milhões de
toneladas. Se não fosse
o mercado externo,
esse volume de sucata
ficaria jogado por aí”
Aparício Valentim
Proprietário da Apariciofer
gio de R$ 100 por tonelada, referente aos custos logísticos para
transportar o produto. Segundo
a Inesfa, os principais mercados
para a sucata brasileira são Indonésia, Índia, Coreia do Sul, Paquistão, Vietnã e Bangladesh.
Maior importador mundial, a
Turquia recebe apenas o produto
em navios — as exportações brasileiras são feitas em contêineres, por falta de estrutura nos
portos. “Este é um dos entraves
do setor: não temos estrutura
portuária. Os portos que têm espaço são mais distantes e o frete
rodoviário inviabiliza seu uso”,
afirma Fonseca.
A expectativa do segmento é
que 2015 mantenha o mesmo ritmo deste segundo semestre, com
baixa demanda interna e dificuldades no setor siderúrgico. “Se
não vier alguma medida por parte do governo para desonerar se-
tor siderúrgico, o cenário deve se manter. Até porque, vamos ter aumento no custo de
energia elétrica, que é um consumível importante para a siderurgia”, comenta o executivo. Clientes e fornecedores andaram em pé de guerra no início da década, quando as siderúrgicas começaram a questionar as exportações brasileiras
de sucata, alegando que se destinavam a países com restrições às vendas externas dos
mesmos produtos.
O tema saiu da pauta do setor siderúrgico que, em agosto, durante o 25º Congresso
Brasileiro do Aço, elencou
uma série de desafios e propostas para lidar com o “persistente processo de desindustrialização no país e com o aumento expressivo das importações de aço e de bens intensivos em aço”. “Para a solução estrutural desses problemas, é necessária a correção
efetiva das assimetrias competitivas apontadas, ajuste cambial, o aumento significativo
dos investimentos do país,
particularmente em projetos
de infraestrutura, o que se espera possa ser implementado
ao longo dos próximos anos”,
diz carta divulgada pelo setor
ao final do encontro.
No curto prazo, pedem medidas como um programa de renovação da frota de caminhões, a revisão dos regimes especiais de importação e a efetiva implementação das normas
de conteúdo local, entre outras
medidas. “A indústria do aço
vem perdendo competitividade nos mercados interno e externo, devido ao câmbio sobrevalorizado, carga tributária elevada e cumulatividade de impostos, deficiências de infraestrutura e logística precárias e
onerosas, aumento dos custos
de energia e da mão de obra, entre outros”, conclui o texto.
A expectativa do
segmento de sucata
é que 2015 mantenha
o mesmo ritmo deste
segundo semestre,
com baixa
demanda interna
e dificuldades
no setor siderúrgico
Energia: país terá
que aumentar uso
de outras fontes
Capacidade das usinas
hidrelétricas deverá
se esgotar ao longo
da próxima década
Sonia Filgueiras
[email protected]
Brasília
O Brasil será obrigado a expandir a produção de energia a partir de outras fontes, além da hidrelétrica, para atender à demanda projetada até 2050. O
secretário de Planejamento e
Desenvolvimento do Ministério de Minas e Energia, Altino
Ventura Filho, afirmou ontem
que na lista de alternativas estão fontes como a energia nuclear, o carvão mineral e especialmente o gás natural. Segundo o secretário, a capacidade
de elevação da produção de
energia hidrelétrica se esgotará ao longo da próxima década.
Além da limitação na oferta
de energia hídrica, o quadro é
de expansão do consumo de
eletricidade. De acordo com
os cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda total por energia (incluindo suas várias fontes, como petróleo, carvão, gás, álcool, hidrelétrica e eólica)
mais que dobrará até 2050. No
caso específico da energia elétrica, a demanda triplicará no
período. E a demanda o gás natural, visto como um insumo
estratégico, “mais que triplicará”, com destaque para o consumo residencial e industrial,
que deverão apresentar taxas
de expansão de 7,1% e 4,2% ao
ano, respectivamente.
Ventura prevê a construção
de quatro a seis usinas nucleares nas próximas décadas, a
construção de usinas de energia elétrica baseadas em carvão para atender à Região Sul,
onde há jazidas do mineral,
mas, no caso do gás, há ainda
um obstáculo: o elevado preço
de produção no Brasil, na casa
de US$ 12 por milhão de BTUs
(British Thermal Unit). O setor
petrolífero brasileiro terá que
expandir sua produção e eficiência até chegar a um patamar entre US$ 7 e US$ 8 por milhão de BTUs. “Mas o Brasil vai
encontrar gás, gás associado
ao pré-sal”, afirmou Ventura.
De qualquer forma, segundo
ele, será necessário investir na
indústria de produção de gás
de forma a torná-la competitiva
em relação ao mercado internacional. “Havendo gás — e é possível
haver essa oferta — poderemos fazer um programa de expansão”,
afirmou. Segundo ele, seria possível expandir a produção de energia elétrica a partir do gás em 10
mil megawatts, o equivalente a
dez usinas do porte da Termorio.
De acordo com a EPE, haverá
uma crescente penetração do gás
natural na matriz energética brasileira, deslocando o consumo de derivados de petróleo na indústria e
nas residências (óleo combustível
e GLP, principalmente) até 2050.
Há também a expectativa de elevação da eficiência da produção e do
consumo de energia, o que fará
com que a demanda cresça abaixo
do PIB. A EPE usou como referência um cenário econômico em que
o consumo final de energia crescerá a um ritmo de 2,2% ao ano, contra uma expansão de 3,6% do PIB,
ao ano. Essa expansão do PIB integra um cenário de crescimento
econômica médio, que já teve, em
outros planos, o apelido de “surfando na marola”.
As projeções da empresa estão
nos estudos do Plano Nacional de
Energia 2050, em fase final de elaboração. Ontem, governo e representantes dos setores intensivos
no consumo de energia debateram os cenários socioeconômicos
e de demanda da estatal. Ainda de
acordo com a EPE, o consumo residencial subirá de 24 milhões de
TEPs (toneladas equivalentes de
petróleo), em 2013, a 44 milhões
em 2050 (1,7 % a.a.), e a frota de
veículos leves triplicará.
Segundo a EPE, haverá
crescente penetração
do gás natural
na matriz energética,
deslocando
o consumo de
derivados de petróleo
na indústria e nas
residências até 2050
6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
Divulgação
▲
BRASIL
INDÚSTRIA
São Paulo fecha 51 mil vagas em 2014
A indústria paulista demitiu 51 mil trabalhadores de janeiro a outubro
deste ano, divulgou ontem a Fiesp. Em outubro foram fechadas
12,5 mil vagas, uma queda de 0,37% ante setembro. A indústria
sucroalcooleira foi responsável por um terço das demissões, com a
extinção de 4.054 vagas. Dos 22 setores pesquisados, 14 demitiram,
seis contrataram e dois mantiveram o quadro de funcionários. ABr
Ernesto Carriço
Aline Salgado
[email protected]
A nova subida da Taxa Selic, agora em 11,25%, aprofunda o clima
nada confortável do varejo.
Além do financiamento mais curto, os consumidores têm pouco
alívio no bolso diante de juros
mais elevados no crédito pessoal, que giram em 42,8% ao
ano, segundo dados de setembro
do Banco Central. Com menos dinheiro disponível, o movimento
nas lojas tende a ser ainda menor. É o que antecipa a pesquisa
da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que constatou
queda de 0,8% — 120,6 pontos
— na Intenção de Consumo das
Famílias brasileiras no mês, em
comparação com outubro.
Segundo a CNC, esta é a terceira queda consecutiva no indicador. A compra de bens duráveis é um dos itens que perdeu
prioridade nos planos de compra dos consumidores. Alcançou o patamar mais baixo da série histórica, iniciada em 2010,
e registra retração de 3,0%, na
comparação mensal e de 15,4%,
na comparação com novembro
do ano passado.
Nas famílias com renda até 10
salários mínimos, a queda na intenção de compra de duráveis foi
de 2,9% na comparação mensal,
enquanto aquelas com renda acima de 10 salários mínimos registraram queda de 3,5%. Para o economista da CNC Bruno Fernandes, esse cenário é reflexo direto
do crédito mais caro e restrito,
bem como da inflação mais alta
No ano, as vendas de móveis e eletrodomésticos cresceram apenas 1,5%, e as de carros e motos caíram 9,8%, segundo dados do IBGE
Juros em alta afastam
consumidor das lojas
Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) revela nova queda na intenção de
compra das famílias. Bens duráveis estão no menor patamar da série, iniciada em 2010
A inflação dos bens
duráveis, segundo
dados do IBGE,
está quase no mesmo
patamar do IPCA,
com alta no acumulado
do ano de 3,28%
que, associados, vêm freando o
consumo no país.
Segundo cálculos da CNC,
com base nos dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo) medido pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação dos bens duráveis chega, no acumulado do
ano até outubro, a 3,28%. Já o IPCA está em 5,05%.
“Os consumidores esbarram
hoje não só na menor facilidade
do crédito, como também nos preços mais altos dos bens duráveis.
A subida do dólar deixou os produtos mais caros”, avalia Fernandes.
“Soma-se a isso o movimento
de compra antecipada com o ‘efeito IPI’ (Imposto sobre Produtos
Industrializados). O corte do imposto levou muitas famílias a renovarem seus bens e agora muitos já não veem necessidade de
comprar”, pontua.
INTENÇÃO DE
CONSUMO DAS FAMÍLIAS
Indicador de base 100
130,97
128,44
121,94
120,44
120,58
NOV/ DEZ JAN/ FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV
2013
2014
Fonte: CNC
Hoje, o IBGE divulga os resultados da Pesquisa Mensal de Comércio, referente ainda a setembro, e
que deve trazer números mais animadores. Isso porque, no mês da
pesquisa, o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio registrou avanço de 0,9%. Já em outubro, o movimento nas lojas fi-
cou estável, com leve alta de
0,1%, segundo a Serasa Experian.
Em agosto, o varejo restrito teve crescimento de 1,1% nas vendas, de acordo com o IBGE. No
ano, a expansão está em 2,9%. Para a CNC, a tendência é a de que o
comércio siga para 2015 mantendo resultados mornos.
Índice Cielo indica expansão de
3,7% nas vendas em outubro
O Índice Cielo do Varejo
Ampliado (ICVA) apontou
que a receita de vendas do
comércio do país cresceu 3,7%
no mês de outubro, descontada
a inflação, na comparação com
outubro de 2013. Já o indicador
de receita nominal cresceu
10,1%, na mesma base
de comparação.
De acordo com o
Departamento de Inteligência
da Cielo, o resultado foi
impactado positivamente pelo
calendário do mês, visto que
outubro contou com uma
sexta-feira a mais, dia em que
há mais movimento no
comércio. O feriado do dia 12 de
outubro, que caiu no domingo,
também teria contribuído
positivamente para alavancar
as vendas. Segundo a
instituição, sem os efeitos de
calendário, o índice
deflacionado teria apontado
um crescimento de 2,1% para o
varejo brasileiro em outubro,
1,6 ponto percentual a menos
do que o registrado de fato.
A melhora do movimento nas
lojas também foi observada no
comportamento da receita
nominal. Houve uma expansão
de 8,4% nos ganhos dos
comerciantes no mês, frente
aos 9,5% de setembro — ambos
com desconto dos efeitos
de calendário.
Os setores de alimentação
(bares e restaurantes) e
supermercados e hipermercados
foram os grandes responsáveis
pela alta do mês. Na outra ponta,
agências e operadores de viagens
e companhias aéreas tiveram
desaceleração e contribuíram
negativamente para o ICVA
de outubro.
O Índice Cielo do Varejo
Ampliado (ICVA) acompanha
mensalmente a evolução do
desempenho do varejo brasileiro
com base em um grupo de 1,5
milhão de pontos de venda e 24
setores, que são mapeados pela
Cielo e inclui de pequenos lojistas
a grandes varejistas. AS
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 7
SINTONIA FINA
JULIO GOMES DE ALMEIDA
[email protected]
A CRISE DA EXPORTAÇÃO
Editoria de Arte
O
ano de 2014 chamou a atenção para a crise vivida pela
exportação brasileira. Seu desempenho pífio, que sequer é
capaz de cobrir as importações — que também regridem
devido à crise da economia — ocasiona um déficit comercial que não
ajuda, pelo contrário, em moderar o já elevado déficit em transações
correntes das contas externas do país. Duas características centrais
devem ser destacadas na análise do problema. Primeiro, ele não é
tão recente como fazem crer as avaliações dos analistas. Segundo, a
crise é geral, no sentido de que é abrangente do ponto de vista dos
macrossetores econômicos ou dos subsetores industriais.
Com dados para os três primeiros trimestres desse ano, em
uma classificação de bens que segue metodologia da OCDE, é possível constatar que o mau resultado exportador de 2014 — queda
de 2,2% com relação ao ano anterior — seguiu outro ano adverso,
que foi 2013 (-1,7%) que, por seu
turno, foi precedido do terceiro
resultado negativo consecutivo,
-4,9%. Portanto, a questão não é
nova e sim já se prolonga por um
triênio, sem, no entanto, ter tido
o impacto que merecia. Convém
ainda observar que as quedas
ocorreram após dois anos de intenso crescimento em 2010/2011
(da ordem de 30% em cada um)
após a grande retração de 2009,
devido à crise mundial. Fora isso, o último ano que registrou retração das vendas externas foi
2002: -1,9%.
Do ponto de vista dos macrossetores, a exportação de bens típicos da indústria de transformação teve declínio de 4,2% em
2014 e de 3% como média anual
do período 2012/2014. Produtos
primários, representando os segmentos da agropecuária e da extrativa mineral, tiveram leve alta em 2014, 0,7%, mas no último triênio sofreram queda quase equivalente aos produtos industriais: -2,9%.
As evidências mostram que o
adverso período exportador brasileiro afetou na mesma intensidade produtos industriais e produtos primários, certamente devido a causas distintas. No primeiro caso, uma acirrada concorrência externa, aliada a uma falta de competitividade que é generalizada na economia brasileira,
respondem destacadamente. No
segundo caso, a queda de preços
das commodities exportadas pelo Brasil, motivadas pelo baixo
crescimento das economias centrais e pela recente desaceleração da economia chinesa, são os
fatores mais importantes. Vale dizer, as causas combinam fatores
externos e internos no caso de
produtos industriais e apenas fatores externos no caso dos produtos primários.
A maioria dos 18 ramos em
que os produtos industriais são
Evidências mostram
que o adverso período
exportador brasileiro
afetou na mesma
intensidade
produtos industriais
e produtos primários,
certamente devido
a causas distintas
classificados sofreu queda na
média do último triênio, num total de 12. Em bens de alta tecnologia, somente a Aeronáutica obteve avanço, média de 10% no
período em foco. Em todos os demais houve retração, especialmente em Equipamentos de rádio, TV e comunicação e Material de escritório e informática,
cujas taxas de declínio foram
muito expressivas, respectivamente, 22% e 9,5%. Também regrediram Instrumentos médicos e de precisão e Indústria farmacêutica. No setor de alta tecnologia como um todo, o peso
da Indústria aeronáutica se impõe, de forma a gerar uma variação média anual pequena, porém positiva, 0,7%.
Na média-alta tecnologia foi
onde o declínio se deu de forma
mais intensa, -6% em média
por ano, com todos os setores
tendo desempenho adverso,
com grande destaque para Veículos, Produtos químicos e Bens de
capital mecânicos e elétricos.
Média-baixa intensidade tecnológica teve redução mais moderada, 2,5% em média, em grande parte pelo efeito amortece-
Os dados
de exportação
provam que não
há como negar
a generalizada
perda de
competitividade
da indústria brasileira
no período recente
dor das exportações (em sua
maioria fictícias) de embarcações. Quedas expressivas se deram em Produtos metálicos (aço
é um destaque), Borrachas e plásticos e Derivados do petróleo.
Finalmente, na indústria de
baixa tecnologia, onde é ampla a
fronteira com o agronegócio, a
exportação cedeu em média entre 2012 e 2014, 1,9% ao ano. O retrocesso foi mais intenso em Alimentos (-3%), mas em Papel e
celulose e em Têxteis, couros e
calçados as exportações cresceram, 0,8% no primeiro caso e
2,5% no segundo. Os dados de
exportação provam que não há
como negar a generalizada perda
de competitividade da indústria
brasileira no período recente.
Coluna publicada às sextas-feiras
*Julio Gomes de Almeida, Professor do
Instituto de Economia da Unicamp e
Ex-Secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda
8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
Divulgação
▲
BRASIL
PRÉ-SAL
ANP e MME preparam resposta ao TCU
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Ministério de Minas e
Energia (MME) estão trabalhando em conjunto para esclarecer
dúvidas do TCU sobre a contratação direta da Petrobras para a
exploração dos volumes excedentes da cessão onerosa, no pré-sal.
O TCU decidiu que o MME só dê prosseguimento à contratação da
Petrobras após o aprimoramento de estudos técnicos. Reuters
O setor produtivo deve
contratar 163,6 mil
trabalhadores
temporários para
atender à demanda
de fim de ano: 30% são
destinados à indústria,
e os 70% restantes,
para o comércio
NATAL MAGRINHO
EXPECTATIVA DOS CONSUMIDORES
EM RELAÇÃO A 2013
NATAL TRAZ ALGUM ÂNIMO
Índice de confiança
melhorou em alguns setores
Pretendem gastar menos
Outubro ante mês anterior (%)
46%
Indústria
Gastarão o mesmo
40%
Serviços
Acham que a situação financeira da família melhorou
1,8%
1,2%
ABERTA TEMPORADA
DE CAÇA TALENTOS
Trabalho temporário
163,6 mil temporários
(1% mais sobre 2013)
Comércio
Indústria
Comércio
53%
SETOR
-8,7%
70%
30%
SITUAÇÃO ECONÔMICA
Pretendem quitar dívidas
35%
PERFIL
65% entre 18 e 39
70% entre 18 e 65
SALÁRIO
MÉDIO
1.298
1.024
Pretendem poupar
Idade
em anos
31%
Pretendem gastar com compras
24%
HÁBITOS DE CONSUMO
R$
Pretendem antecipar as compras para novembro
43%
Pagarão com cartão de crédito
68%
Usarão cartão de débito
47%
R$ 61 valor médio por presente
Fonte: Deloitte e Ibre/FGV
Brasileiro vai gastar
menos com presentes
Indústria e comércio se preparam para um Natal de vendas magras. Pesquisa aponta que
mais brasileiros pretendem reduzir as compras de presentes de fim de ano e poupar o 13º
Patrícia Büll
[email protected]
São Paulo
Estoque excessivo no comércio,
queda da confiança do empresário da indústria e indefinição sobre os rumos da economia apontam para um Natal mais modesto
neste ano. Pesquisa realizada pela
consultoria Deloitte mostra que
46% dos entrevistados pretendem gastar menos do que no ano
passado, e 40% disseram que gastarão o mesmo que em 2013.
Segundo Reynaldo Saad, sóciolíder da Deloitte para o Atendimento de Consumo e Varejo, os dados da pesquisa refletem a percepção da população sobre a economia no país — que, para 64% dos
pesquisados, encontra-se em estagnação ou declínio. “Prevendo
que o cenário deve se manter desaquecido, ou até passar por algum
ajuste mais severo, os brasileiros
estão mais prudentes em relação
aos gastos. Essa precaução tem
muito a ver com o momento que o
país vive”, diz Saad.
Tanto é assim que, quando
questionados sobre o destino do
13º salário, a maioria dos pesquisados apontou que pretende quitar
dívidas (35%) ou poupar (31%),
contra 24% que pretendem gastar
com compras. Para Saad, esse resultado mostra que o brasileiro está atingindo uma maior maturidade financeira a cada ano.
Um dado inédito apontado pelo executivo é que 43% dos entrevistados pretendem antecipar as
compras para novembro — o
maior índice já indicado para este mês, na série de cinco anos da
pesquisa. “Este novo momento
de compra é um dado muito importante para que os varejistas estejam preparados para atender
aos consumidores, tanto no nível
de estoques quanto na qualidade
da prestação dos serviços”, comenta Saad.
Entretanto, estoque foi um
dos itens que derrubou a confiança do empresário do comércio para os próximos meses. Segundo o
economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Ser-
“
Prevendo um cenário
desaquecido, ou até
de algum ajuste mais
severo, os brasileiros
estão mais prudentes
em relação aos gastos.
Isso tem muito
a ver com o momento
que o país vive”
Reynaldo Saad
Sócio-líder da Deloitte
viços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, os empresários avaliaram de
forma negativa o nível de estoques para o fim de ano. Com isso,
o nível de confiança recuou 1,6%
em outubro ante setembro. O resultado, de acordo com Bentes,
afasta a percepção de retomada
no nível de atividade do comércio, pelo menos no curto prazo.
Tanto é assim que a CNC projeta
crescimento de 2,6% nas vendas
de Natal, abaixo do 3% projetado
anteriormente.
A menor intenção de elevar
estoques afeta diretamente a indústria. Não por acaso, foi esse
indicador também que, em outubro, exerceu a maior influência
negativa no Índice de Confiança
da Indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com queda de
2,1% sobre o mês anterior, para
85,5 pontos, o indicador que mede a situação atual atingiu o menor nível desde março de 2009
(84,5). Houve aumento da proporção de empresas que se consideram com estoques excessivos,
de 14,1% para 14,6%, e diminui-
ção da parcela de empresas com
estoques insuficientes, de 1,4%
para 0,1%.
Apesar disso, a indústria conseguiu dar um respiro em setembro, com aumento do faturamento e das horas trabalhadas.
“O final de ano tradicionalmente tem melhora de demanda e a
produção aumenta para atender
esse crescimento”, diz o economista chefe da Austin Rating,
Alex Agostini. Para ele, a melhora está mais ligada aos fatores sazonais, justamente as festas de
fim de ano, do que a uma tendência de recuperação.
Projeção é contratar 1% mais
de trabalhadores temporários
Repetindo o que ocorre nesta
época do ano, também em 2014
haverá contratação de temporários. A expectativa do Sindicato
das Empresas de Prestação de
Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de
São Paulo (Sindeprestem) é de
um crescimento de 1% ante
2013, para 163,6 mil trabalhadores temporários, divididos entre
indústria (30% do total) e comércio (70% do total).
A Ofner faz parte desse grupo.
Para atender o aumento da demanhda prevista, a confeitaria paulista contratou 240 funcionários temporários distribuídos entre a fábrica em Socorro (SP) e suas 23 lojas.
A rede espera superar as vendas
de panetones do ano passado. Em
2013, foram fabricadas 400 toneladas do produto natalino, divididas entre as lojas da rede e terceiros. Para este ano, a Ofner se prepara para ampliar a produção total para 700 toneladas.
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 9
Divulgação
OBITUÁRIO
A poesia perde Manoel de Barros
O poeta cuiabano Manoel de Barros, um dos maiores nomes da
literatura nacional e ganhador de vários prêmios literários, morreu
ontem em Campo Grande (MS). Ele estava internado desde o dia 24,
no Hospital Proncor, da capital sul-mato-grossense, devido a uma
obstrução intestinal. Seu primeiro livro, intitulado “Poemas”, foi
publicado em 1937, quando tinha apenas 21 anos. ABr
Migração haitiana avança no Sul
Imigrantes traçam um novo perfil de ocupação estrangeira na região, estabelecendo fluxo permanente no país
Patrycia Monteiro Rizzotto
[email protected]
São Paulo
Os trabalhadores haitianos formam o contingente de mão de
obra estrangeira legalizada que
mais cresceu no país nos últimos
quatro anos, segundo levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Presença
tímida no território nacional em
2011, com apenas 814 pessoas, hoje os imigrantes da República do
Haiti já chegam 38 mil, sendo que
60% deles se estabeleceram na região Sul, traçando um novo perfil
da imigração local antes dominada por europeus, vindos da zonas
rurais do Velho Continente.
“Trata-se de um novo perfil
que aos poucos vem transformando a cultura e os costumes do Sul.
Em um primeiro momento houve
uma resistência a eles, mas na medida em que as empresas da região
passaram a absorver e formalizar
esses trabalhadores, a comunidade passou a ter uma acolhida positiva”, afirma o cientista social Jurandir Zamberlam, do Centro Ítalo de
Assistência (Cibai), autor do livro
“Os novos rostos da migração”.
De acordo com Zamberlam, a
maioria dos haitianos se fixaram
principalmente no interior dos estados de Santa Catarina e do Rio
Grande do Sul, onde havia escassez de mão de obra para atuar na
construção civil e em fábricas.
“Ao contrário dos europeus que se
estabeleceram no Sul do Brasil, os
haitianos são predominantemente oriundos de áreas urbanas do
Haiti e, contrariando o senso comum, muitos têm bom nível de
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO
Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 255 - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro/RJ
AVISO DE LICITAÇÃO
Pregão Eletrônico - SRP
Descrição
Valor
CAMPO OPERATÓRIO, TECIDO 100% ALGODÃO,
SIMPLES, COMPRIMENTO 45CM, LARGURA 50CM,
TEXTURA 15 FIOS/CM2, ACABAMENTO COM
PONTO OVERLOK, COR BRANCA, 4 CAMADAS, R$ 584.064,15
CANTOS ARREDONDADOS, CADARÇO DUPLO
MÍNIMO 18CM, SEM FIO RAIOPACO.
Nº 020/2014
Data
26/11/14
Hora
10:00 h
Edital disponível a partir de 14/11/2014 no COMPRASNET ou junto ao HUCFF-SLC-Pregão, trazendo um CD.
Esclarecimentos através do tel. (21) 2562-6297 ou, no que couber, na Almoxarifado Central.
Marco Antonio de Souza - Pregoeiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO
Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 255 - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro/RJ
AVISO DE LICITAÇÃO
Pregão Eletrônico - SRP
Nº 023/2014
Descrição
NDICADOR BIOLÓGICO, TIPO TERCEIRA GERAÇÃO,
APRESENTAÇÃO AUTOCONTIDO, AMPOLA COM
MEIO DE CULTURA, ESPÉCIE BACILLUS
STEAROTHERMOPHILLUS, CARACTERÍSTICAS
ADICIONAIS RESPOSTA EM 3HS, APLICAÇÃO
PARA ESTERELIZAÇÃO A VAPOR , COMPONENTES
ADICIONAIS COM INDICADOR QUIÍMICO E
CONTROLE DE PROCESSO, ADICIONAIS PACOTE
PARA TESTE (PEÇA).
Valor
Data
R$ 170.282,40 28/11/14
Hora
10:00 h
Edital disponível a partir de 14/11/2014 no COMPRASNET ou junto ao HUCFF-SLC-Pregão, trazendo um CD. Esclarecimentos
através do tel. (21) 2562-6297 ou, no que couber, na Almoxarifado Central.
Marco Antonio de Souza - Pregoeiro
IPECOL S.A. INDÚSTRIAS GRÁFICAS
CNPJ/MF nº 33.074.865/0001-51
ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA - EDITAL DE CONVOCAÇÃO
O Diretor Superintendente, no exercício de suas atribuições, convida os senhores acionistas a se reunirem, em Assembleia Geral Ordinária, às 14 horas, do
dia 26/11/2014, na sede social, situada, nesta cidade, na Rua Antunes Maciel
nº 239, São Cristóvão, para deliberar sobre as seguintes matérias constantes
da ordem do dia: a) Prestação de contas, aprovação do Balanço Patrimonial
e Demonstrações contábeis dos Exercícios de 2011, 2012 e 2013; b) Destinação dos Resultados dos Exercícios Financeiros; e c) Eleição da Diretoria.
Rio de Janeiro, 14/11/2014.
Rodrigo Mopir Fonseca dos Santos
Diretor superintendente
Estudo mostra que
17% dos haitianos
residentes no Rio
Grande do Sul
têm nível superior
completo. A maioria
é poliglota, sendo que
80% falam francês
e 42,8%, espanhol
instrução, o que nos leva a crer
que está havendo uma fuga de cérebros de lá para cá desde que o
país foi acometido pelo terremoto
de 2010”, diz o cientista social. Do
total de haitianos que vivem no
Rio Grande do Sul, 17% têm nível
superior, enquanto 23,8% tem o
ensino superior incompleto e
23,8% concluíram o ensino médio. A maioria é poliglota, além do
creole (língua nativa do Haiti),
80,9% falam francês, 42,8% espanhol, 25% português e 15,5% falam inglês.
Segundo o estudo de Zamberlam, 70,2% dos haitianos que vivem no Rio Grande do Sul chegaram no Brasil do ano passado para
cá, enquanto 23,8% imigraram
em 2012. E 70% do total está em
idade produtiva, numa faixa etária entre 18 e 50 anos. “Pouco
mais de 25% deles trabalham na
indústria, 27% na construção civil e 22% no setor terciário. Eles
suprem um demanda de mão de
obra operacional que estava escassa no estado. E além do emprego
formal, muitos ainda realizam trabalhos extras para incrementar a
renda, tendo em vista que mais de
70% deles remetem dinheiro para
suas famílias no Haiti.”
Para o cientista social, o fluxo
de imigração do Haiti para o Brasil
se tornará tão permanente quanto
o movimento migratório dos mexicanos para os Estados Unidos. “Isso decorre de vários fatores, mas o
principal deles se deve ao fato de a
economia do Brasil ter se tornado
atraente desde que o país passou a
integrar o bloco do Brics e pela imagem positiva criada com as ações
humanitárias depois da tragédia
no Haiti, além do fato de a Europa
e os Estados Unidos terem endurecido suas políticas de imigração
nos últimos anos”, disse. Para ele
o Brasil precisa promover mudanças em sua legislação para garantir
trabalho digno e rapidez na concessão de vistos humanitários.
10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
▲
EMPRESAS
Editora: Flavia Galembeck
[email protected]
Presidente da Oi
afirma que recursos
de venda de ativos
em Portugal seriam
destinados
prioritariamente a
uma operação de
fusão ou aquisição
Verba ‘carimbada’
para consolidação
Piervi Fonseca
Rodrigo Carro
[email protected]
O CEO interino da Oi, Bayard Gontijo, aproveitou ontem a teleconferência de resultados do terceiro
trimestre da companhia para defender a consolidação do setor
brasileiro de telecomunicações,
com a diminuição do número de
operadoras. Em conversa com
analistas, o executivo qualificou
como “desequilibrada” e “insustentável” a estrutura de mercado
atual, que — segundo ele — contribuiria para a redução do retorno
ao acionista. Gontijo assegurou
que os recursos provenientes de
uma possível venda dos ativos da
PT Portugal seriam destinados somente a viabilizar esse processo
de consolidação ou para diminuir
o endividamento da Oi.
“O que vemos hoje no setor é
uma demanda cada vez mais por
tráfego de dados o que implica numa necessidade cada vez maior de
investimentos, num mercado
competitivo, com importantes
players, e, além disso, regulado”,
afirmou ele, que acumula também os cargos de diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores. “No nosso entendimento, existe hoje um alinhamento de interesses entre todos os
players para que a consolidação
aconteça. E é isso que a Oi vai protagonizar e liderar”. Em agosto, a
Oi anunciou a contratação do BTG
Pactual para viabilizar a aquisição
da participação da Telecom Italia
na TIM, que é de 67%.
Perguntado sobre as duas ofertas feitas pelos ativos da PT Portugal, Gontijo disse que não enxerga
qualquer risco envolvendo a operação de venda da subsidiária da
Oi, detentora de ativos da Portugal Telecom. Mas frisou que não
poderia opinar especificamente
sobre os riscos regulatórios. A
francesa Altice, que já controla as
operadoras Oni e Cabovisão em
Portugal, ofereceu ¤ 7,025 bilhões
pela PT Portugal, enquanto os fundos Apax Partners e Bain Capital
colocaram na mesa uma proposta
de ¤ 7,075 bilhões. Em teoria, a
oferta da Altice poderia ser prejudicada por possíveis restrições regulatórias relacionadas à concentração de mercado. “A única simpatia que tenho é gerar valor para
o acionista”, disse Gontijo, referindo-se às duas propostas, que
“
No nosso entendimento,
existe hoje um
alinhamento de
interesses entre todos
os players para que a
consolidação aconteça.
E é esse processo que
a Oi vai protagonizar
e liderar”
Bayard Gontijo
Presidente interino da Oi
NÚMEROS
R$ 8 mi
Foi o lucro líquido registrado
pela Oi entre julho e
setembro deste ano.
R$ 47,7 bi
Era a dívida líquida da
empresa no fim de setembro.
na opinião dele ainda “podem melhorar”. De acordo com o CEO, a
Oi não tem prazo para escolher a
proposta vencedora.
Além das duas ofertas pela PT
Portugal, uma terceira pode ser
apresentada em breve. Ontem, os
Correios de Portugal (CTT) informaram em comunicado ao mercado que estão acompanhando o processo de venda da PT Portugal
com o objetivo de “analisar todas
as oportunidades que façam sentido no desenvolvimento das suas
áreas de negócio”. Ainda de acor-
do com o comunicado, os Correios
“não tomaram qualquer decisão
quanto a essas oportunidades.”
Com relação ao uso dos recursos gerados pela possível venda dos
ativos em Portugal, Bayard frisou
que teriam apenas duas destinações: consolidação de mercado ou
diminuição do endividamento. “É
muito difícil você alinhar todos esses interesses e ter certeza ou uma
garantia de que as coisas vão acontecer no mesmo momento”, justificou o CEO interino. “O que nós podemos garantir é que o dinheiro se-
rá utilizado apenas para esses propósitos, sendo a consolidação o
maior propósito da companhia neste momento.
Entre julho e setembro deste ano, a Oi obteve lucro líquido de
R$ 8 milhões, montante 95,6% inferior ao total de R$
172 milhões registrado no mesmo período de 2013. A receita líquida da
companhia encolheu 4,5% no terceiro trimestre, na
comparação anual,
totalizando R$ 8,84
bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização) somou
R$ 3 bilhões, o que representa um recuo de
1,5% frente ao mesmo
trimestre do ano passado. Na comparação com o
período de abril a junho de
2014, houve melhora do indicador
(+17,8%). A dívida líquida da companhia atingiu, ao fim de setembro, o patamar de R$ 47,79 bilhões, contra o total de R$ 46,23 bilhões registrado no final de junho.
“Nosso desempenho de receita
nesse trimestre reflete o fraco volume de adições brutas que registramos nos primeiros nove meses do
ano”, resumiu Gontijo. Entre as
prioridades da companhia para os
próximos trimestres, ele listou a
redução no ritmo de consumo de
caixa, a melhoria do perfil do balanço patrimonial da Oi por meio
da venda de ativos e a elevação no
nível da governança corporativa.
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 11
Henrique Manreza
CONDENAÇÃO
Raízen é condenada por abuso de poder
A Raízen Combustíveis S/A (antiga Shell Brasil Ltda.) foi condenada
pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por abuso
de poder de mercado na distribuição de combustíveis em Marília
e Bauru (SP), entre os anos de 1999 e 2003. Segundo a decisão,
a distribuidora influenciou a adoção de conduta uniforme e fixou
preços na revenda de combustíveis. A multa é de R$ 26,4 milhões. iG
GE reforça sua aposta no Brasil
Companhia inaugurou ontem seu Centro de Pesquisas Global no Rio, que receberá no total mais de R$ 1 bilhão
em investimentos até 2020. Esta é a 5ª unidade fora dos EUA, que ainda abrigará uma universidade corporativa
Fotos Carlos Moraes
Gabriela Murno
[email protected]
A GE anunciou a duplicação dos investimentos no seu novo Centro
de Pesquisas Global, inaugurado
ontem no Parque Tecnológico da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha de Bom Jesus, Rio de Janeiro. Agora serão
US$ 500 milhões — mais de R$ 1
bilhão — até 2020. O montante será destinado, principalmente, à
ampliação das pesquisas locais.
Com a inauguração, o Rio de Janeiro tornou-se oficialmente o
centro de inovação da GE na América Latina. “A abertura do Centro
de Pesquisas no Brasil permite à
GE inovar localmente para clientes na América Latina e, então, exportar essas inovações para o
mundo inteiro. É a junção do local
com o global (...) Vemos oportunidades significativas na região e investir em tecnologia é essencial
para a competitividade”, disse o
presidente e CEO global da companhia, Jeff Immelt, que participou
da cerimônia de inauguração.
O centro é a quinta unidade fora dos Estados Unidos e a primeira na América Latina. “O Brasil é
o terceiro maior mercado da GE,
ficando atrás apenas de Estados
Unidos e China”, declarou o presidente e CEO para América Latina,
Reinaldo Garcia. “Não há melhor
investimento para uma empresa
do que um centro de pesquisa.
Inovações são essenciais para o futuro de qualquer companhia”,
completou Immelt.
Confirmando a vocação do Parque Tecnológico da UFRJ, explicou o líder do Centro de Pesquisa
Global da GE no Brasil, Ken Herd,
50% das pesquisas serão destinadas à cadeia de óleo e gás, com foco em tecnologias de perfuração
no fundo do mar. A outra metade
será voltada para as demais áreas
de atuação da GE, com destaque
para aviação, saúde, energias renováveis e transporte.“Nosso objetivo é também colaborar com o
desenvolvimento do país em mercados importantes como petróleo
e gás, energias renováveis, aviação e saúde”, frisou Herd.
Com o centro também foi inaugurada a Crotonville Rio, braço latino-americano da primeira universidade corporativa do mundo, fundada pela GE em 1956 em Ossining, Nova York, nos Estados Unidos. A nova unidade recebe investimentos de US$ 50 milhões. Segundo Immelt, a universidade reforça
o compromisso da companhia
O novo centro terá como um dos focos pesquisas na área de petróleo e gás, confirmando a vocação do Parque Tecnológico da UFRJ
“
A abertura do Centro
no de Pesquisas
no Brasil permite
à GE inovar localmente
para clientes na
América Latina
e, então, exportar
essas inovações
para o mundo inteiro”
Jeff Immelt
Presidente e CEO Global da GE
com treinamento e educação não
só de seus colaboradores, mas também de seus parceiros e clientes.
“Uma prova da importância da
Crotonville é que 12 dos nossos
CEOs passaram por lá”, disse a diretora de RH da GE para América
Latina, Ana Lucia Caltabiano. No
Brasil, serão 85 opções de curso,
com duração de um dia a dois
anos. E a expectativa é que 60%
dos alunos sejam brasileiros e
40% dos executivos venham de
outras partes do mundo.
A GE investe anualmente de
5% a 6% da sua receita industrial
em novos produtos, o que repre-
sentou mais de US$ 5 bilhões em
2013. Apenas no último ano, lembrou Garcia, a companhia registrou 2.839 patentes. Ao passo que
o portfólio da empresa foi ampliado e houve ainda o fortalecimento
do foco em mercados emergentes.
Até 2015, a GE estima que dois terços de seu faturamento venham
de fora dos Estados Unidos, seu
mercado de origem, e que 70%
das receitas tenham como origem
seus negócios industriais.
Desde setembro de 2011, por
meio de uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a GE já desenvolve no
Brasil novas tecnologias junto a
clientes, universidades e parceiros, utilizando as instalações e laboratórios da instituição. Com isso, o novo centro, que ocupa 24
mil metros quadrados, já abre as
portas com mais de 160 empregados, dos quais 140 são engenheiros e pesquisadores. A expectativa é dobrar esse número, chegando a 2020 com 400 colaboradores.
Também participarão da inauguração o VP global da empresa, John Rice; o governador do Estado
do Rio de Janeiro, Luiz Fernando
Pezão, o prefeito do Rio, Eduardo
Paes; o ministro do Desenvolvimento Mauro Borges; entre outras
autoridades e executivos da GE.
GE, BG e
Petrobras de
olho no subsea
A abertura do novo Centro de
Pesquisas Global da GE no Rio
também marcou o anúncio de
planos envolvendo uma
parceria com a Petrobras e BG
Group para a construção de
uma fábrica de “subsea”,
focada em produzir
equipamentos de
processamento de petróleo no
fundo do mar, até 2020. A
futura unidade irá se concentrar
em tecnologias para tratamento
da água no fundo do mar para
perfuração de águas profundas
(com BG Group) e para
separação de petróleo, água e
gás (com a Petrobras).
“Com o centro podemos
trazer o melhor da tecnologia
global para ajudar o país a
vencer seus desafios. O Brasil
não é mais o país do futuro,
mas sim o presente. (...) 50%
das nossas receitas já vem de
fora dos EUA e a tendência é
que isso aumente”, disse o líder
do Centro de Pesquisas Global
da GE no Brasil, Ken Herd.
12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
POR DENTRO
Centro de referência
em pesquisas é no Rio
Com a inauguração, ontem, do centro de pesquisa da
General Electric (GE), o Parque Tecnológico da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se
consolida como um dos maiores polos do tipo no mundo.
O centro da GE é o primeiro da empresa americana na
América Latina, e suas atividades abrangerão as áreas
de petróleo e gás, energia e aviação. Nele vão trabalhar
400 profissioniais até 2020. Além dos 350 mil metros
quadrados iniciais destinados ao Parque, outros 240 mil
foram adicionados em 2012, com terrenos na Ilha do
Bom Jesus, justamente no ponto onde está sendo
apresentado o centro da GE e que, no futuro, vai abrigar
unidades da Ambev e da L‘Oréal. Depois de 11 anos da
abertura do Parque, restam apenas 10% da área total
disponíveis (60 mil metros quadrados) para instalação
de novas empresas. Segundo Maurício Guedes, diretor
executivo do Parque, 1.947 pesquisadores trabalham ali,
124 deles com PhD e 213 com doutorado ou mestrado.
Daqui a três anos, o número deve chegar a três mil. Na
incubadora da Coppe são outros 200 profissionais.
AS 26 INSTITUIÇÕES, POR SETOR
Logísitica
Tecnologias integradas
26 instituições
Investimentos
em 10 anos
R$ 1
bilhão
Siderurgia
12 grandes empresas
7 laboratórios e
centros de pesquisa
7 pequenas e médias
empresas
Tecnologia
da informação
e comunicação
Setor naval
e oceânico
26 startups
3
21
4
6
3
Petróleo
e gás
7
Área ambiental
Área em detalhe
Baía da Guanabara
ILHA DO FUNDÃO
(CIDADE UNIVERSITÁRIA)
Linha V
ermelh
a
Avenida Brasil
Li
nh
aA
m
ar
ela
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 13
Fernando Alvarus/Editoria de Arte
PRINCIPAIS EMPRESAS
1 General Electric
5 Georadar
Tecnologias Integradas
Pesquisa e
desenvolvimento,
principalmente para os
setores de petróleo e
gás/energia para
grandes empresas
2
3
4
Ambiental
Pesquisa e desenvolvimento, levantamentos
e diagnósticos geológicos, geofísicos e
ambientais; remediação de aquíferos para as
indústrias petrolífera e mineral
6
Baker Hughes
7
Vallourec
L‘Oréal e Ambev
Ocuparão terrenos na
Ilha do Bom Jesus
cedidos pelo Exército
para serem negociados
através da prefeitura
Lamce
Petróleo e gás
Pesquisa e desenvolvimento em serviços e
softwares para a indústria
8 LabOceano/Neo
Laboratórios
O LabOceano realiza ensaios de
modelos de equipamentos usados
nas atividades de exploração e
produção de petróleo e gás
offshore. No Neo são estudados e
testadas linhas flexíveis para
exploração de petróleo e gás em
águas profundas
Petróleo e gás
Pesquisa e desenvolvimento. Ligantes asfálticos e
novas soluções de pavimentação
10 Módulo de prototipagem
Um complexo com 20 módulos de 200m2 que
abrigará empresas e laboratórios cujo principal
objetivo é desenvolver, criar protótipos e testar novos
produtos e processo ligados à indústria do petróleo
11 Cetic
Centro de Teconologia de Informação e Comunicação
(empresas de pequeno médio porte)
Siderurgia
Pesquisa e desenvolvimento em
tubos de aço sem costura para
aplicações críticas
12 CEGM
Centro de Excelência em Gás Natural
ÁREA MILITAR
Laboratório de
Métodos
Computacionais em
Engenharia. Pesquisa
e desenvolvimento
em inovação de
métodos
computacionais de
alto desempenho.
Ligado à Coppe
9 BR Asfaltos
13 Incubadora de empresas Coppe/UFRJ
14 Schlumberger
Petróleo e gás
Pesquisa e desenvolvimento em recursos de
hidrocarbonetos em águas profundas no Brasil
1
3
15 NID
ILHA DO
BOM JESUS
2
Núcleo de Integração e Desenvolvimento.
Espaço para coworking e salas para empresas de
pequeno e médio porte
Baía da Guanabara
16 Antiga Usiminas (vago)
Restaurante
17 Tenaris Confab Industrial S/A
Siderurgia
Pesquisa e desenvolvimento para fabricação de tubos
com costura
18 Siemens/Chemtech
4
Recepção
do parque
6
5
Tecnologias Integradas
Pesquisa e desenvolvimento em petróleo e gás:
sistemas de comunicação submarina
8
14
7
17
9
15
10
Administração
18
19
16
21
20
11 12
Cubo
Futuro
espaço
para eventos
22
13
VILA RESIDENCIAL
19
BG – Group
Petróleo e gás
Pesquisa e desenvolvimento,
exploração e produção,
liquidificação de gás natural
e transmissão e distribuição
20 EMC Computer
Systems Brasil Ltda
Tecnologia de Informação
e Comunicação
Pesquisa e desenvolvimento em
informática: tecnologia de Big
Data (grandes dados)
21 Halliburton
Serviço Ltda
Petróleo e gás
Pesquisa e desenvolvimento
em tecnologias de
reservatórios, completação,
captação de CO2
22 FMC Technologies
do Brasil Ltda
Petróleo e gás
Pesquisa e
desenvolvimento em novas
tecnologias submarinas
14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
EMPRESAS
Caio Guatelli
▲
“
A Nike escolheu
o Rio para receber
suas duas primeiras
lojas próprias no Brasil
pela identificação da
cidade com o esporte.
No Rio, para onde
olhamos tem uma
pessoa correndo,
surfando, jogando bola,
vôlei, basquete...”
Cristian Corsi
Presidente da Nike no Brasil
Nike busca se aproximar
da nova geração de esportistas
Depois de reformar quadras do Aterro do Flamengo, empresa se associou à CBF para treinar 5 mil jovens no Rio
Erica Ribeiro
[email protected]
A Nike, considerada líder mundial no mercado de materiais e
roupas esportivas, tem sua imagem associada ao patrocínio
das seleções brasileiras de futebol e basquete, além do atletismo. Mas a empresa também
tem ampliado suas parcerias para incentivar o esporte ao ar livre. No Rio de Janeiro, que é tida pela empresa como a cidade
símbolo do esporte, foi firmada
parceria com a Prefeitura, em
que a norte-americana investiu na reforma de quadras do
Aterro do Flamengo e se associou à CBF para treinar cerca de
cinco mil jovens.
Também fez de uma de suas
duas lojas próprias no país (ambas no Rio de Janeiro) um clube
de corrida, com treinamentos
semanais gratuitos para quem
quiser começar a correr ou melhorar sua performance no esporte. “A Nike escolheu o Rio para receber suas duas primeiras
lojas próprias no Brasil pela
identificação da cidade com o
esporte. O Rio inspira práticas
esportivas, para onde olhamos
tem uma pessoa correndo, surfando, jogando bola, vôlei, basquete. Além disso, outro grande motivo foi o fato de a cidade
ser a sede dos Jogos Olímpicos”, destacou o presidente da
Nike no Brasil, Cristian Corsi,
que participou ontem em Guadalupe — zona Norte do Rio —
da celebração dos oito anos de
parceria da empresa com o Instituto Bola pra Frente, que atua
na educação de crianças e jovens por meio do esporte.
Segundo o executivo, a empresa tem planos de expansão de
seus negócios no Brasil. "Nosso
compromisso com o país é de longo prazo, com investimentos para os próximos anos", garante
Corsi, sem divulgar números da
empresa. O argentino, que está à
frente da companhia no Brasil
há dois anos, diz apenas que o
país está entre as cinco principais subsidiárias da Nike no mun-
Uma de suas duas
lojas próprias no país
(ambas no Rio) virou
um clube de corrida,
com treinamentos
semanais gratuitos
para quem quiser
começar ou melhorar
sua performance
do, com faturamento anual em
torno de US$ 1 bilhão.
Hoje são 36 lojas exclusivas
com parceiros brasileiros e 26
Nike Factory Store (que funcionam como outlets e para onde
vão as coleções passadas), além
das duas lojas próprias no Rio
(Ipanema e Copacabana) no
país. Mas a Nike quer mais.
Além das unidades parceiras
que crescem na proporção de
cinco a seis por ano, a empresa
pretende aumentar o número
de lojas próprias e ainda está
apostando na plataforma digital para chegar até o consumidor que está em regiões onde
não há lojas físicas.
Formando os esportistas
(e consumidores) do futuro
Além do marketing esportivo,
empresa tomou para si a missão de incentivar a atividade física entre as crianças e criar
uma geração mais saudável.
Com essa missão, a Nike tem
ido além do marketing esportivo e investido em parcerias que
incentivam o esporte não somente em comunidades carentes, como também em regiões
como a zona Sul do Rio de Janeiro. A empresa hoje é uma das
engajadas no programa Designed to Move (Desenhado para o
Movimento), junto com outras
organizações, entre elas o Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD),
que — a exemplo do já realizadonos Estados Unidos e Europa
— pretende investir US$ 16 milhões no Brasil nos próximos
cinco anos para incentivar os
esportes entre as crianças. Pesquisas feitas na época de lançamento do programa, em 2013,
indicam que cerca de R$ 27 bilhões poderiam ser economizados anualmente se existisse no
país mais atividade física. Esse
custo reflete os gastos diretos e
indiretos da inatividade física
no Brasil, com doenças, tratamentos entre outros. Comparativamente, esse custo é a metade do que o Governo Federal investe em Educação.
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 15
Mario Proenca/Bloomberg
AVIAÇÃO
Governo coloca à venda 61% da TAP
O governo português decidiu colocar à venda 66% do capital
da aérea estatal TAP Portugal, depois de uma primeira tentativa de
privatização que terminou em fracasso em 2012. “Temos a intenção
de ceder 61% do capital do grupo TAP por venda direta a um ou
vários investidores e reservar 5% para os trabalhadores”, anunciou
o secretário de Estado para os Transportes, Sergio Monteiro. AFP
Duracell sob nova direção
Warren Buffett troca ações da P&G por unidade de pilhas, em negócio que economizou milhões em impostos
Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, vai trocar sua participação de US$ 4,7 bilhões na P&G por uma das marcas
da empresa, a Duracell.
“Eu sempre fiquei impressionado com a Duracell, como consumidor e como investidor de longo
prazo na P&G e na Gillette”, disse
Buffett, presidente-executivo da
Berkshire Hathaway.
A transação adiciona mais uma
marca aos mais de 80 negócios do
conjunto de investimentos da
Berkshire Hathaway e também
ajuda a companhia de Buffett a
economizar uma alta cifra de impostos, que seriam cobrados com
a venda da participação da P&G.
A Berkshire afirmou que pagou
apenas US$ 336 milhões por sua
fatia de 1,9% na P&G, que totalizava cerca de 52,8 milhões de ações
em 30 de junho.
A compra da Duracell é um movimento “brilhante” de Buffett,
disse Doug Kass, que dirige a Seabreeze Partners Management,
nos Estados Unidos. “O Warren
ama marcas de consumo maduras
que produzem um fluxo de caixa
previsível. A Duracell se encaixa
nesse perfil.”
O megainvestidor já havia usado desse recurso, de comprar empresas pagando com ações, no
ano passado. Ele entregou uma
participação na Phillips 66 (PSX)
em fevereiro, em troca de uma das
unidades da empresa. Em julho,
as ações do controlador do Wa-
A P&G, a maior
fabricante de produtos
de consumo, já havia
anunciado que
venderia 100 de suas
marcas de crescimento
mais lento e se desfez
de sua unidade de
alimentos para pets
shington Post, a Graham Holdings, foram permutadas por dinheiro, uma estação de televisão de
Miami e ações da Berkshire que a
Graham detinha.
A Duracell deve ter cerca de
US$ 1,7 bilhão quando a operação
for concluída, o que é esperado para o segundo semestre do ano que
vem, de acordo com o comunicado da empresa.
A P&G, a maior fabricante de
produtos de consumo, já havia
anunciado que venderia 100 de
O Walmart mostrou fraco desempenho de vendas no Brasil no
seu terceiro trimestre fiscal, enquanto rivais como Grupo Pão
de Açúcar e Carrefour vêm conseguindo elevar o faturamento,
mesmo diante de menor crescimento econômico do país. As
vendas líquidas em lojas físicas
do Walmart caíram 0,7% no trimestre encerrado em outubro.
O resultado não é inteiramente
comparável ao de seus maiores
Para a Berkshire, sair de alguns
investimentos de capital também
ajuda a limpar a lousa para os sucessores de Buffett. Todd Combs e
Ted Weschler foram contratados,
em 2010 e 2011, para ajudar a supervisionar parte da carteira de investimentos da empresa e, eventualmente, executar tudo. O portfólio inclui participações de vários bilhões de dólares em companhias como Coca-Cola, American
Express e Wells Fargo & Co. Redação com agências
Andrew Harrer/Bloomberg
“Eu sempre fiquei impressionado com a Duracell, como consumidor e como investidor de longo prazo ”, disse Warren Buffett
Walmart têm queda nas
vendas trimestrais no Brasil
Varejista atribuiu
o fraco desempenho
ao fechamento de 25 lojas
no país no ano passado
suas marcas de crescimento mais
lento. Sob o comando do CEO
A.G. Lafley, a companhia se desfez de sua unidade de alimentos
para pets e vem reduzindo custos.
Uma empresa mais enxuta permitirá que recursos sejam investidos
no desenvolvimento de mais produtos, com preços mais altos. Empresas de produtos de consumo
têm lidado com clientes cautelosos, uma desaceleração nos mercados em desenvolvimento e custos
mais altos das commodities.
concorrentes no Brasil, pois estes
consideram a base de julho a setembro para o terceiro trimestre.
Nesse período, o Carrefour viu um
aumento orgânico de 12,8% nas
vendas locais, enquanto a divisão
alimentar do GPA — que inclui as
bandeiras Extra, Pão de Açúcar e
Assaí —, teve alta de 6,2% na receita líquida sobre um ano antes.
Em conferência, o presidente
do Walmart International, David
Cheesewright, atribuiu o recuo
nas vendas no Brasil a uma rede
mais enxuta, após o fechamento
de 25 lojas com desempenho abaixo da média em 2013. “Apesar da
queda geral nas vendas, a equipe
de administração continuoufazen-
do um grande progresso na redução das despesas operacionais, resultando em melhoria no lucro
operacional”, disse Cheesewright.
O Walmart, que não especifica as receitas das operações regionais, indicou queda na taxa de lucro bruto no Brasil no trimestre,
o que aponta provável esforço
promocional no período. As vendas em mesmas lojas subiram
0,8%, com um aumento de 3,4%
no tíquete médio de compra compensando a redução de 2,6% no
tráfego. O e-commerce não integra os resultados divulgados,
mas a empresa disse que o segmento obteve “forte crescimento
mais uma vez” no Brasil. Reuters
Dólar mais alto quintuplica
lucro da JBS no terceiro trimestre
Quase 80% das receitas
da empresa de proteína
animal são em moeda
norte-americana
A JBS acredita que o dólar vai continuar se valorizando frente a várias
moedas no mundo, o que impactará favoravelmente os resultados
da empresa, disse ontem o presidente da corporação, Wesley Batista, ao comentar um lucro recorde
no terceiro trimestre, de R$ 1,1 bilhão, cinco vezes maior do que o
montante registrado no mesmo período de 2013. Hoje, mais de 80%
da receita da JBS é dolarizada.
Batista destacou ainda que os
EUA ficaram muito competitivos,
especialmente em custo de mão
de obra, enquanto os emergentes
perderam competitividade.
“Produzir nos EUA hoje é barato”, afirmou ele. Questionado se as
exportações dos EUA não perderiam força com um dólar mais forte, ele afirmou que a empresa tem a
opção de se voltar para o mercado
interno dos EUA. Por outro lado, ela
poderia exportar mais por meio de
países cujas moedas estão se enfraquecendo, como o Brasil. A JBS tem
ainda operações na Austrália, Canadá, México, Paraguai e Uruguai.
Um dólar mais forte frente ao
real também ajuda a compensar
o aumento do preço da arroba bovina no Brasil, que está acima de
R$ 140. “A tendência é que as exportações do Brasil aumentem”,
observou. Reuters
16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 17
18 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
▲
FINANÇAS
Editora: Eliane Velloso
[email protected]
Léa De Luca
[email protected]
São Paulo
A Caixa continuou acelerando as
concessões de crédito acima do ritmo verificado por outros grandes
bancos brasileiros. A crescimento
foi de 24,4%, para R$ 576,4 bilhões — e deve fechar o ano com alta em torno de 22%. O Banco Central espera um aumento geral no
sistema de 12% para este ano. O lucro líquido no período alcançou
R$ 1,9 bilhão, com crescimento
de 1% em relação ao trimestre anterior e de 1,7% sobre o mesmo trimestre de 2013. O retorno sobre o
patrimônio líquido médio nos últimos doze meses foi de 17,8%.
Segundo o banco, o resultado
até setembro decorreu, principalmente, do aumento de 44,4% nas
receitas financeiras de crédito e
de 47,8% no resultado de títulos e
valores mobiliários, além do incremento nas receitas de prestação
de serviços e tarifas em 12%. No
período, as receitas totais alcançaram R$ 98,2 bilhões.
Márcio Percival, vice-presidente de finanças da instituição, lembra que o ritmo de aumento do crédito na Caixa já foi muito mais acelerado — há um ano, por exemplo, estava na casa dos 40%. A desaceleraçãoexplica,também, porque o índice de inadimplência (que relaciona
atrasos acima de 90 dias) caiu um
pouco em relação ao segundo trimestre, a 2,73%, mas ainda está
bem acima do verificado há um
ano — exatamente porque quanto
menor a velocidade de crescimento do saldo, mais os calotes aparecem. A previsão de Percival é de
que a taxa de atrasos termine o ano
ao redor de 2,8% no final do ano.
O aumento da participação da
Caixa em modalidades mais arriscadas, como cartões de crédito,
veículos e cheque especial também explica o aumento da inadimplência em relação a um ano atrás.
Apesar da diversificação, o forte do banco continua sendo o crédito imobiliário, com inadimplência baixa — a modalidade é responsável por mais da metade do saldo
da carteira de empréstimos ao final de setembro — consignado e
empréstimos para infraestrutura.
Segundo Percival, 80% do aumento dos empréstimos na Caixa no
período vieram dessas três modalidades. No Programa Minha Casa
Minha Vida, foram contratados
R$ 25,8 bilhões no período, dos
quais 34,7% foram destinados à
Faixa 1 (beneficiários com renda
de até R$ 1,6 mil).
A Caixa calcula que foi responsável por 37,7% do crescimento
do mercado de crédito nos últimos doze meses, obtendo uma
participação de 19,6% ao final do
trimestre. As contratações de crédito acumuladas até setembro somaram R$ 364,2 bilhões, 6,6% a
mais que o registrado no mesmo
período do ano anterior. As opera-
Crédito cresce 24,4%
na Caixa no terceiro tri
Lucro líquido foi de R$ 1,9 bi, praticamente estável em relação ao mesmo período de 2013;
inadimplência teve queda leve, mas previsão é de que suba a 2,8% até o fim do ano
Antonio Milena
ções habitacionais representaram
25,9% desse total, o que significou mais de 6 mil novos contratos
firmados todos os dias. Já as contratações de infraestrutura apresentaram um crescimento de
17,2% em relação ao ano passado.
A Caixa permaneceu na liderança do crédito habitacional com
67,6% de participação no mercado, com uma carteira que alcançou saldo de R$ 320,6 bilhões, aumento de 26,1% em 12 meses. Já
as operações comerciais atingiram saldo de R$ 187 bilhões, evolução de 15,7% no mesmo período.
A carteira de infraestrutura
apresentou saldo de R$ 51,3 bilhões, aumento de 52,8% em relação a setembro de 2013, e é o segmento que mais cresce na carteira
de crédito, correspondendo a
8,9% do crédito total. Percival explicou que o banco saiu das operações de crédito comercial para
grandes empresas mas que as operações de infraestrutura seguem
“estratégicas”. São financiamentos de obras de mobilidade urbana, investimentos em energia e
construção naval.
O vice-presidente ressaltou,
também, a melhora do índice de
eficiência da instituição, que atingiu o patamar mais alto em dez
anos: 56,74%. “Estamos colhendo os frutos dos investimentos feitos nos últimos anos em tecnolo-
“
O índice de Basileia,
que mede a capacidade
do banco emprestar,
está bastante
confortável: 15,32% (o
mínimo exigido pelo BC
é 11%); não precisamos
mais de aporte de
capital do Tesouro
Márcio Percival
Vice-presidente da Caixa
gia da informação, agências e contratação de pessoal. Somente em
TI, investimos R$ 1 bilhão”.
O executivo afirmou, ainda,
que o índice de Basileia - que mede a capacidade do banco emprestar — está bastante confortável
(15,32%, quando o mínimo exigido pelo BC é 11%). “Não precisamos mais de aporte de capital do
Tesouro”, afirmou.
As captações totais somaram
R$ 794,9 bilhões em setembro de
2014 — suficientes para cobrir
138% da carteira de crédito. A captação líquida nos nove primeiros
meses do ano alcançou R$ 64,1 bilhões, crescimento de 54,9%.
Os depósitos e letras totalizaram R$ 517,5 bilhões, aumento de
22,6% em relação ao terceiro trimestre de 2013, com captação líquida de R$ 23,6 bilhões e R$ 30,2
bilhões respectivamente. A poupança da Caixa representava
35,5% do mercado.
Percival lembra que a Caixa foi
o primeiro banco brasileiro a realizar uma emissão internacional de
dívida subordinada sob as regras
de Basileia III. Foram captados
US$ 500 milhões, com prazo de 10
anos e taxa de 7,25% ao ano, com
destaque para a participação dos
investidores asiáticos. Desde a sua
primeira operação internacional,
em outubro de 2012, a Caixa já realizou outras quatro tranches.
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 19
O MERCADO COMO ELE É...
LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES
[email protected]
ALA ‘TOMBINISTA’ PUXA DÓLAR
Editoria de Arte
A
bolsa de apostas de quem será o novo ministro da Fazenda
monopolizou as atenções dos mercados financeiros ontem.
O mercado financeiro operou dividido entre os vendedores de
dólar que acreditam que a presidente Dilma Rousseff não tem outra
opção a não ser colocar Henrique Meirelles no comando da economia
e os compradores de moeda americana que apostam na promoção
do atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ao posto.
Na queda de braço, venceu a segunda ala. O dólar fechou em alta de
1,2%, cotado a R$ 2,5948, maior preço de fechamento desde 18 de
abril de 2005. Na máxima do dia a moeda foi a R$ 2,6120. Os juros
também subiram no mercado futuro da BM&F. A taxa para janeiro de
2017 avançou de 12,77% para 12,87%.
O raquítico volume de negócios
no mercado de câmbio, de apenas
US$ 900 milhões, revela que nenhum dos lados tem muita certeza de qual será a decisão final.
Apostam nos seus candidatos,
mas não põem todo o seu cacife.
Mais numerosa, a corrente tombinista — entenda-se bem: não defende a escolha de Tombini, pelo
contrário, apenas acha que é a
mais logicamente provável — enxerga sinalizações mais nítidas da
preferência presidencial pelo funcionário de carreira do BC. Dilma
incorporou-o às pressas em sua
comitiva à cúpula do G-20 para
justamente transmitir o recado de
que estava acompanhada tanto pelo ministro da Fazenda que sai
quanto pelo que entra. A sucessão
está sendo consumada na Austrália aos olhos da comunidade financeira internacional, cuja aprovação da troca é essencial já que o balanço de pagamentos não fecha
sem os investimentos estrangeiros de portfólio.
Para esta ala majoritária tombinista, outro sinal é a suposta recusa de Meirelles em aceitar o
cargo caso seja convidado. Foi
uma forma elegante que encontrou para transmitir ao mercado
o alerta de que não será convidado. Outro indício que fortalece a
candidatura Tombini: à agência
Estado, o terceiro cogitado na
bolsa de apostas, para o qual faz
lobby o partido da presidente,
Nelson Barbosa, declarou que
não foi convidado, nem sondado, para ocupar nenhum cargo
no segundo mandato.
Qual a diferença essencial entre Meirelles e Tombini? Qualquer
um dos dois teria competência técnica para promover uma guinada
da política econômica em direção
à ortodoxia. Não há nenhum segredo indevassável na estratégia conservadora. O seu grau depende de
vontade política. Esse é o problema. Meirelles só toparia a empreitada se tivesse os plenos poderes
desfrutados quando ocupou a presidência do BC na era Lula. Tinha
status de ministro e se mantinha
forte e independente a despeito
dos petardos devastadores que lhe
eram endereçados pelo seu chefe
imediato, Guido Mantega, pelo
distante — José Alencar, vice-presidente — e pela sua colega de Ministério, Dilma Rousseff. Detinha
então uma carta tão branca de Lula que pôde impunemente, em
meio ao colapso de Wall Street, tomar decisões de política monetária das mais equivocadas da história do Copom.
Em setembro de 2008, às vésperas da quebra do Lehman Brothers, o comitê subiu a Selic de
13% para 13,75%. A taxa foi mantida estável nesse patamar, contra todas as evidências em contrário, nas reuniões de outubro e dezembro. Enquanto isso, Mantega
baixava várias medidas macroprudenciais para evitar uma recessão
muito severa em 2009. Meirelles e
o seu Copom só foram reduzir a taxa básica na reunião de 21 de janeiro. E carregaram na dose: a taxa
caiu um ponto, para 12,75%, mas
era tarde demais. Em setembro de
2008, o mercado americano já estava em pandarecos, com o Tesouro procedendo ao salvamento de
vários bancos “grandes demais
para quebrar”. O mínimo que o
Copom deveria fazer era não fazer nada, mantendo a taxa em
13%, e aguardar os acontecimentos. Seria um sonho pueril alguém achar que, no Ministério da
Fazenda de Dilma, Meirelles teria
tal grau de independência.
Tombini é um homem da equipe de Dilma, alguém que desfruta
de toda a sua confiança pessoal e
que poderá realizar o ajuste fiscal
na medida exata imaginada pela
economista Dilma. O problema é
que ele não goza da confiança do
mercado, justamente por sua fidelidade à presidenta.
Tal proximidade foi a responsável pelo que a maioria dos analistas acredita ser uma perda de credibilidade da autoridade monetária só reparável por uma independência formal. Para o mercado,
pior do que Tombini na Fazenda
seria conjugar sua promoção
com a do atual diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz
Awazu Pereira da Silva, à presidência da autoridade. Awazu é
Tombini poderá
realizar o ajuste fiscal
na medida exata
imaginada por Dilma;
o problema é que não
goza da confiança do
mercado, justamente
por sua fidelidade
à presidenta
considerado o integrante com
maiores pendores “dovish” dentre os oito membros do atual Copom. Foi um dos três que, na reunião passada, a de 29 de outubro,
votaram pela manutenção da Selic em 11% — voto vencido pela
maioria de cinco, dentre os quais
Tombini, que decidiu pela alta para 11,25%. Com Tombini na Fazenda e Awazu no BC, nem Nelson
Barbosa no Planejamento impediria a instalação de um clima de
guerra nos mercados.
O mercado internacional não
contribuiu muito para suavizar as
compras de dólares pela ala tombinista. O dia foi monopolizado por
indicadores ruins sobre as duas
maiores economias do planeta.
Em princípio, dados negativos sobre a atividade produtiva nos EUA
e na China poderiam ser vistos co-
mo benéficos aos mercados, pois
forçariam a adoção de medidas
destinadas a alargar a liquidez e a
encetar a recuperação econômica. O problema é que os EUA acabaram de encerrar um programa
de afrouxamento quantitativo, ao
qual não voltarão, apenas o início
da fase de aperto monetário explícito (a elevação do juro básico) pode ser postergado. Na China, providências destinadas a aquecer a
economia são vistas como quimeras irrealizáveis da mesma natureza das eternas promessas não cumpridas do presidente do Banco
Central Europeu, Mario Draghi.
O rendimento do título de 10
anos do Tesouro americano recuou de 2,37% para 2,36% por
causa da decepção com o relatório
semanal de auxílio-desemprego.
Os especialistas esperavam que as
solicitações do seguro se limitassem a 280 mil, mas foram de 290
mil na semana passada. O dado
deu razão ao presidente da regional de Nova York do Federal Reserve, William Dudley, para quem seria prematuro aumentar os juros
em breve em face da grande ociosidade no mercado de trabalho e da
inflação muito baixa. Na China, a
produção industrial subiu 7,7%
em outubro, ante previsão de 8%.
E as vendas no varejo avançaram
11,5%, também abaixo do projetado, de 11,6%.
20 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
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FINANÇAS
Lucro da Bolsa no 3º trimestre
cai 15,3%, para R$ 238 milhões
O desempenho mais fraco registrado no período reflete, principalmente, o impacto de R$ 63,1 milhões do Refis
Patricia Stavis
Alessandra Taraborelli
[email protected]
São Paulo
A BMF&Bovespa registrou lucro
líquido de R$ R$ 238,4 milhões
no terceiro trimestre do ano,
uma queda de 15,3% ante o mesmo período do ano passado. Na
comparação com os nove meses
do ano, o recuo foi de R$ 17,2%,
para R$ 744,6 milhões. O lucro líquido ajustado — excluindo os
efeitos extraordinários —, ficou
em R$ 357,4 milhões de julho a
setembro, ante R$ 403,7 milhões
em igual período de 2013. No ano
até setembro, houve queda de
12,8%, para R$ 1,105 bilhão.
A queda no lucro, segundo a
Bolsa, se deve, principalmente,
ao impacto de R$ 63,1 milhões
do Refis. A expectativa do mercado era de que o lucro líquido apresentasse uma queda menor, de
cerca de 8%.
A receita líquida atingiu R$
546 milhões, um pequeno avanço de 2% ante o terceiro trimestre de 2013. No ano, ocorreu queda de 9,4%, para R$ 1,5 bilhão. A
receita total somou R$ 594,7 milhões, estável ante o terceiro trimestre de 2013.
O diretor executivo de produtos e de relações com investidores da Bolsa, Eduardo Refinett
Guardia, disse que apesar do ambiente volátil e desafiador, foi
possível manter o sólido desempenho financeiro no terceiro tri-
BM&FBovespa: receita líquida soma R$ 546 milhões no trimestre
mestre, devido, em grande parte, a disciplina de custos. “Nosso compromisso com o controle
de custos foi recentemente reforçado ao reduzirmos o orçamento de despesas ajustadas de
2014. Além disso, reafirmamos
nosso compromisso com os acionistas através de uma combinação eficiente de distribuição de
dividendos e recompra de
ações”, disse em nota divulgada
à imprensa.
As receitas do segmento
BM&F (derivativos financeiros e
As receitas de
negociação e
liquidação no
segmento Bovespa
totalizaram R$ 263,6
milhões, aumento de
2,5% ante julho a
setembro de 2013.
mercadorias) somaram R$ 228,7
milhões), estáveis em relação ao
terceiro trimestre de 2013, uma
vez que o crescimento de 7,3%
do volume médio diário negociado foi neutralizado pela queda de
6,4% da receita por contrato
(RPC) média. O crescimento nos
volumes está relacionado, principalmente, ao maior volume negociado de mini contratos e de contratos de taxa de juros em dólares. Já a queda da RPC média reflete a mudança no mix de contratos negociados, maior participação de day trades e apreciação do
real sobre o dólar.
Já as receitas de negociação e
liquidação no segmento Bovespa
totalizaram R$ 263,6 milhões, aumento de 2,5% ante igual período. As receitas de negociação e
pós-negociação foram 3,4%
maiores, totalizando R$ 260,7 milhões e refletindo a combinação
de volumes estáveis com maiores
margens de negociação.
De acordo com a Bolsa, o aumento de 34,0%, para R$ 317,2
milhões, no volume médio diário do mercado de opções sobre
ações e índices em relação ao terceiro trimestre de 2013 reflete,
principalmente, o crescimento
de 151,8% no volume negociado
de opções sobre ações da Petrobras, que ocuparam a primeira
posição no ranking de opções
mais negociadas, representando
51,5% de todo o mercado, ante
27,4% no ano passado.
Ibovespa cai
2,14% e dólar
renova máxima
A expectativa pelo nome que irá
assumir o ministério da Fazenda
no segundo mandato da
presidenta Dilma Rousseff centra
a atenção dos investidores e a
cautela prevaleceu no mercado
de capitais ontem. O Ibovespa
recuou 2,14%, aos 51.846 pontos.
O giro financeiro foi de R$ 4,9
bilhões. À frente dos ganhos,
Hering ON subiu 2,14%. Na outra
ponta, Rossi recuou 6,52%.
No mercado de câmbio, o
dólar subiu 1,20%, cotado a R$
2,594 na venda, maior cotação
de fechamento desde 18 de
abril de 2005, quando
encerrou a R$ 2,60. Tal
movimento reflete incertezas
sobre quem substituirá Guido
Mantega no Ministério da
Fazenda, em meio ao clima de
incerteza sobre a condução da
política econômica do segundo
governo de Dilma Rousseff.
“Cada dia ouvimos uma
notícia indicando um nome
diferente. O mercado não sabe
mais para onde apontar, então
vai se proteger no dólar”,
explicou o gerente de
operações do Banco
Confidence, Felipe Pellegrini.
Com Reuters
Demanda por crédito cresce 2,8% em outubro
De acordo com Serasa
Experian, busca dos
consumidores cresceu na
relação anual e mensal
Mariana Pitasse
[email protected]
A quantidade de pessoas que buscaram crédito cresceu 2,8% em
outubro, na comparação com setembro, de acordo com o Indicador Serasa Experian da Demanda
do Consumidor por Crédito. Ainda segundo levantamento, a demanda subiu também na compa-
ração com outubro do ano passado, apresentando crescimento de
6,6%. Por outro lado, no acumulado do ano, período que vai de janeiro a outubro, houve queda de
2,5%, perante igual período do
ano passado.
Para o economista da Serasa
Experian, Luiz Rabi, a maior quantidade de dias úteis em outubro
frente a setembro e o Dia das
Crianças impactaram positivamente a procura do consumidor
por crédito durante o mês passado. “Apesar desta alta, vale ressaltar que a demanda continua em
queda no acumulado do ano ten-
do em vista o cenário mais adverso ao crédito, como juros em elevação e confiança dos consumidores deprimida” afirma.
O detalhamento da pesquisa
mostra que em todas as faixas de
renda houve avanço da demanda
por crédito na comparação mensal: 3,3% para quem ganha entre
R$ 5 mil e R$ 10 mil mensais,
3,1% para os que recebem entre
R$ 2 mil e R$ 5 mil mensais e
3,0% para aqueles que ganham
entre R$ 1 mil e R$ 2 mil por mês.
Para os que têm renda mensal superior a R$ 10 mil, a procura por
crédito cresceu 2,8%. Os meno-
res avanços foram registrados nas
faixas mais baixas de rendimento
mensal: 2,6% para os que recebem entre R$ 500 e R$ 1 mil por
mês e 2,5% para os consumidores
cuja renda mensal é inferior a R$
500 mensais.
Já a análise por região demostrada no levantamento, apontou
que o Sudeste concentrou a maior
alta da procura por crédito no
mês, registrando crescimento de
4,5% se comparado ao resultado
de setembro. Nas demais regiões,
as altas foram bem mais modestas: 1,9% no Centro-Oeste; 1,1%
tanto no Nordeste quanto no Sul;
e apenas 0,2% na região Norte.
Em contrapartida, no acumulado do ano, período que vai de janeiro a outubro, a pesquisa mostrou que demanda por crédito
caiu em quase todas as regiões, somando decréscimo de 4,9% na região Sul, seguida pela queda de
4,6% verificada na região Norte.
No Nordeste, o recuo foi de 3,6%,
ao passo que no Sudeste, a demanda do consumidor por crédito
caiu 2,1%. A região Centro-Oeste
foi a única que exibiu alta no acumulado do ano, uma expansão de
3,7% frente ao mesmo período do
ano passado.
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 21
Divulgação
CETIP
Financiamento de veículo cresce 2,6%
Os financiamentos de veículos no Brasil somaram 579.100 unidades
em outubro, sendo 281.416 unidades novas e 297.684 usadas, segundo
a Cetip. O volume representa uma alta de 2,6% em relação a setembro
e uma queda de 3,4% na comparação com outubro de 2013. No
acumulado entre janeiro e outubro, foram financiados 5,229 milhões
de veículos, número 6,3% inferior ante o mesmo período de 2013.
Chair do Fed
de NY teme
alta prematura
dos juros
Private Equity busca
setores defensivos
Com a estagnação, fundos optam por investir em serviços financeiros, varejo e saúde
Divulgação
Com o crescimento econômico
mais lento em mais de uma década
derrubando o valor das empresas
no Brasil, os fundos de private
equity, incluindo a unidade do JPMorgan Chase no país e a Advent
International Corp., estão investindo em saúde e em outros setores
“defensivos”.
A Gávea Investimentos, do JPMorgan, planeja investir nos próximos seis meses pelo menos US$
200 milhões de um fundo de US$ 1
bilhão criado para o Brasil, onde o
foco se voltará para saúde, educação e alimentos básicos, disse Christopher Meyn, chefe de private equity da empresa com sede no Rio de
Janeiro. Esses setores se sairão melhor com a economia em estagnação, disse Meyn em entrevista no
escritório da Gávea em São Paulo.
“Não há nada que enxerguemos como provável de acontecer
que realmente colocaria o Brasil
de volta no caminho para um crescimento maior no curto ou médio
prazos”, disse Meyn. “Os setores
defensivos são sempre bons, resistem a qualquer ambiente”.
A economia do Brasil entrou em
recessão neste ano em meio a uma
contração no primeiro semestre;
na pesquisa Focus do Banco Central
desta semana os economistas reduziram a estimativa para o produto
interno bruto de 2014 para 0,2%.
Os fundos de private equity que
buscam novos investimentos levantaram cerca de US$ 8 bilhões
na América Latina neste ano, segundo a Associação Latino-americana de Private Equity e Capital de
Risco, com sede em Nova York.
O Brasil será uma prioridade para a Advent, que administra US$
34 bilhões, em um momento em
que a empresa investe US$ 2,1 bilhões levantados em um novo fundo para a América Latina, segundo
Juan Pablo Zucchini, sócio-gerente da empresa de private equity
com sede em Boston.
A Advent está avaliando a compra de uma participação nos ativos do setor de cimento que a Lafarge SA e a Holcim Ltd. estão vendendo no Brasil e também priorizará negócios nos setores de serviços financeiros, varejo, saúde, infraestrutura e parques nacionais,
disse ele.
“Essas são empresas que podem crescer de forma agressiva,
muito mais rapidamente do que o
PIB”, disse Zucchini, citando a Dudalina SA, maior fabricante de ca-
A Gávea Investimentos vai investir pelo menos US$ 200 milhões no fundo criado para o Brasil
misas masculinas da América Latina. “Mesmo em um ambiente geral difícil, sempre há empresas que
têm desempenho acima do crescimento econômico do pais”.
Um consórcio liderado pela Advent adquiriu uma participação na
Dudalina, com sede em Blumenau, Santa Catarina, em um negócio anunciado no dia 13 de dezembro, sem revelar os termos do acordo, e disse no mês passado que venderia a participação por US$ 598,2
milhões para a Restoque Comércio
Confecções de Roupas SA.
“Ainda há muitas situações interessantes por aí e a Gávea está realizando diligências em algumas firmas no momento”, disse Meyn,
acrescentando que os negócios de
exportação ligados ao dólar poderiam ser atrativos, considerando o
dólar americano valorizado e a
perspectiva geralmente fraca para
o real no médio prazo.
A associação de private equity
da América Latina disse que a tendência parece ser a mesma observada em 2010 e 2011, quando os
fundos levantaram montantes recordes. Os negócios de fusão e
aquisição envolvendo fundos de
aquisições atingiram US$ 3,8 bilhões no acumulado do ano, um incremento de 41% na comparação
com o igual período de 2013.
Os fundos de
private equity
que buscam novos
investimentos
levantaram
aproximadamente
US$ 8 bilhões na
América Latina
somente neste ano
“Os ganhos de eficiência são
fundamentais para ajudar as empresas a reduzir os custos em ambientes mais difíceis e isso pode
ser conseguido por meio de aquisições com a ajuda de investidores financeiros”, disse Jório Salgado Gama, diretor-gerente da Moelis Co.
no Brasil.
O montante total levantado pelas empresas de private equity no
Brasil não é “um enorme volume
de capital, se relacionado com o tamanho da economia e com as empresas”, disse Otávio Guazzelli,
que também é diretor-gerente da
Moelis. “O setor de aquisições teve
um crescimento significativo nos
últimos anos, mas ainda tem muito espaço para crescer”.
Meyn, da Gávea, que administra US$ 17 bilhões, disse que embora a arrecadação de fundos esteja
crescendo, as empresas de private
equity “não ampliarão suas equipes como fizeram nos últimos cinco anos”.
Ele disse que os negócios relacionados ao consumo e ao setor
imobiliário serão mais desafiadores e que os fundos precisarão
olhar para produtos de nicho, enquanto os setores de infraestrutura e energia oferecem maior risco por causa da pressão regulatória. Bloomberg
Para William Dudley,
apertar a política
monetária antes da
hora traz riscos maiores
Elevar a taxa de juros cedo demais gera “consideravelmente maiores” riscos para o Federal Reserve, banco central
norte-americano, do que se
o movimento for tarde demais, disse ontem o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, numa forte defesa de abordagem mais paciente sobre apertar a política monetária.
Dudley disse que leituras
oficiais da inflação deverão recuar nos próximos meses como resultado da queda dos
preços da gasolina nos Estados Unidos. Ele repetiu que o
Fed pode querer deixar a economia correr suavemente para ajudar os norte-americanos desempregados há muito
tempo, finalmente, encontrarem emprego.
“O que posso dizer é que estamos progredindo em direção a nossos objetivos, mas
ainda há considerável progresso a ser feito”, disse Dudley.
“Acredito que as expectativas
do mercado de que elevaremos os juros por volta da metade do ano que vem, ou um pouco mais tarde, são expectativas razoáveis”.
À medida que o banco central se aproxima de seu primeiro aumento da taxa de juros em quase uma década, esperada para o próximo ano, o
discurso de Dudley em Abu
Dhabi reforçou a tendência
de que a chair Janet Yellen e
outros membros do Fed o farão com cautela.
Com a taxa básica de juros
do Fed perto de zero, um
“aperto prematuro pode levar
a condições financeiras que
são demasiadas apertadas, resultando em uma economia
mais fraca e abortando a decolagem”, explicou Dudley. Isso
“prejudicaria a credibilidade
do Fed e, mais importante, seria difícil corrigir”.
O desemprego nos EUA caiu
drasticamente para perto de
5,8%, e o crescimento econômico tem sido forte a maior parte
deste ano. Mas a inflação tem se
mantido abaixo da meta do Fed
de 2% nos últimos anos, confundindo o momento de um aumento da taxa. Com Reuters
22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
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MUNDO
Editora: Florência Costa
Redação
[email protected]
Empregos e crescimento econômico são os temas que vão dominar a
agenda da reunião do G20 em Brisbane, na Austrália, a partir de hoje. O primeiro-ministro australiano Tony Abbott disse que estes tópicos, e não “o que poderá acontecer nos próximos 16 anos sobre
mudanças climáticas”, é que estarão no centro dos debates do G20.
A declaração do anfitrião do encontro — feita no dia seguinte a
um acordo histórico entre Estados
Unidos e China sobre redução de
emissão de gases do efeito estufa
— foi uma reação às cobranças de
ativistas que reivindicam que a
mudança climática fosse um dos
assuntos de destaque no encontro
que reunirá chefes de Estado, ministros das Finanças e presidentes
dos bancos centrais dos países
mais ricos do planeta e também
das principais nações emergentes, incluindo o Brasil.
Abbott já havia sido alvo de críticas gerais de ambientalistas ao
afirmar, no mês passado, que o
“carvão é bom para a humanidade” e que continuaria “uma parte
essencial do futuro econômico da
Austrália e do mundo”. Essa fonte
energética, no entanto, é extremamente poluidora, contribuindo
para o aquecimento global. As afirmações do primeiro-ministro australiano contrastaram com declarações feitas em Washington por
autoridades americanas na véspera do encontro do G20. Jen Psaki,
porta-voz do Departamento de
Estado, disse que na reunião, “o
foco será em questões econômicas e em como estamos nos coordenando com a economia global”. Ele afirmou, no entanto,
que “o clima faz parte disso”.
Psaki disse ainda que o acordo climático entre EUA e China vai contribuir para que o tema seja discutido em encontros bilaterais de
chefes de Estado em Brisbane.
Já o primeiro-ministro australiano justificou sua posição afirmando que na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico
(Apec), realizada em Pequim até a
última quarta-feira, “ a mudança
climática mal foi mencionada”. O
pacto sino-americano para redução de emissões foi alcançado em
um encontro bilateral após a
Apec. “O foco da conferência do
G20 será crescimento econômico
e empregos”, afirmou Abbott.
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI),
Christine Lagarde, disse, no entanto, que a meta de crescimento
econômico prevista pelo G20 para os cinco próximos anos será insuficiente para criar todos os empregos necessários. Os países do
G2O - que representam 85% da riqueza mundial - desejam aumentar em 2% adicionais o valor do
Produto Interno Bruto (PIB) nos
próximos cinco anos, graças a
David Gray/Reuters
[email protected]
Emprego
na agenda do
G-20
Jason Reed/Reuters
uma série de medidas e reformas,
sobretudo para apoiar os investimentos privados nas infraestruturas."Empurrar a agulha dois pontos percentuais para cima é indubitavelmente um progresso. Mas
será suficiente para criar todos os
empregos necessários? Não”, afirmou Lagarde ao jornal “Australian Financial Review”."A recuperação econômica está acontecendo, mas é irregular, frágil e alguns riscos surgem no horizonte", advertiu ela.
Na sexta-feira, véspera da reunião do G20, cerca de 100 ecologistas australianos enterraram a
cabeça na areia de uma conhecida praia de Sidney, a capital do
país, para debochar do primeiroministro Tony Abbott, acusado
de agir como um avestruz diante
Abbott já havia sido
criticado por ativistas
ao afirmar, no mês
passado, que o “carvão
é bom para a
humanidade” e que
continuaria “ parte do
futuro econômico da
Austrália e do mundo”
Ativistas enterram cabeças na areia para comparar Abbott a
avestruz e governo australiano reforça a segurança de Brisbane
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 23
Divulgação
Estados Unidos
FBI chamou Luther King de ‘fraude’
Uma carta de 1964 do FBI para o ícone dos direitos civis nos EUA Martin
Luther King, foi revelada pelo jornal “The New York Times”. Na
mensagem, que ameaçava revelar seus casos extraconjugais, King é
chamado de “uma completa fraude” e “besta maléfica”. O autor teria
sido William Sullivam, um dos agentes do lendário diretor J. Edgar
Hoover, que pretendia estimular o suicídio do líder. AFP
Primeiro-ministro
australiano
Tony Abbott
diz que
reunião do G20
discutirá
emprego e
economia. Ele
irrita ecologistas
ao descartar
a mudança
climática
do perigo do aquecimento global.
Os ambientalistas criticam Abbott por ter abolido a taxa de
emissões de carbono aplicadas às
empresas mais poluentes.Eles
também acusam o primeiro-ministro de ter excluído os temas climáticos da agenda da cúpula. "A
recusa de Tony Abbott de incluir
a mudança climática na agenda
do G20 e as tentativas de seu governo de asfixiar o setor das energias renováveis mostram que ele
está determinado a manter a cabeça afundada na terra diante da
questão mais importante da nossa época", protestou Eden Tehan,
que organizou a manifestação.
Várias organizações não governamentais preparam protestos
durante a cúpula, o que obrigou o
governo a aumentar o esquema
de segurança. A ONG Oxfam,
uma das que que estarão presentes nas manifestações, atacou a
ação dos países ricos na guerra
contra a epidemia do Ebola, que
já matou 5 mil pessoas na África
Ocidental, segundo a Organização Mundial de Saúde.
A diretora-executiva da
Oxfam, Winnie Byanyima, disse
na sexta-feira que nove das 20
maiores economias do mundo
não conseguiram oferecer apoio
adequado à luta global contra o
Ebola. Apesar dos apelos urgentes
para o fornecimento de ajuda aos
países da África mais atingidos (Libéria, Serra Leoa e Guiné), Argentina, Indonésia, Arábia Saudita e
Turquia não fizeram contribuição
alguma. Já o Brasil, a Índia, o México, a Rússia e a França deveriam
ter feito mais, afirmou a Oxfam.
Do G20, os Estados Unidos, a
Grã-Bretanha e os países da União
Europeia têm assumido maior responsabilidade nessa campanha.
Mas Byanyima disse que estes países precisam convencer outros a
fazer mais durante a cúpula do
grupo em Brisbane. "Esconder-se
atrás da generosidade dos outros é
inaceitável se quisermos enfrentar a emergência imediata e garantir a recuperação da região a longo
prazo", afirmou a diretora-executiva da Oxfam. No entanto, o primeiro-ministro australiano afirmou que o Ebola é outro tema que
não estará na agenda do G20, alegando que a crise não é de natureza econômica.
O Banco Mundial alertou que
se o Ebola se espalhar para os países vizinhos de serra Leoa, Libéria
e Guiné, o custo econômico poderia chegar a US$ 32 bilhões até o
fim do ano que vem. A Oxfam afirmou que o G20 precisa cumprir a
sua ambição de proteger a economia global e agir rapidamente para impedir que as nações já empobrecidas revertam os ganhos econômicos dos últimos anos e aprofundem a sua dependência da ajuda internacional.
Outro tema que provocou polêmica antes do início da cúpula foi
o de um acordo anticorrupção entre os países do G-20. A China foi
acusada pela ONG Transparência
Internacional de rejeitar um projeto de acordo para tornar mais
transparentes os registros comerciais, identificar mais facilmente
os proprietários das companhias e
lutar assim contra as "empresas
fantasmas" que ocultam atividades ilegais."A China não obstaculiza em nenhum caso estas negociações", reagiu na quinta-feira
Zhang Jun, diretor-geral de assuntos econômicos internacionais do
ministério chinês de Relações Exteriores. "O G20 é o G20, não é o
Conselho de Segurança da ONU .
A China não tem direito a veto, nenhum país dispõe do direito de veto e todas as negociações se baseiam no princípio de consenso",
acrescentou. Com Reuters e AFP
Kiev e Moscou
trocam acusações
sobre cessar-fogo
O QUE É O G20?
■ É o grupo de
representantes de 19
países, mais um da União
Europeia. Geralmente
participam das reuniões
anuais os ministros das
finanças e os
presidentes de bancos
centrais dos países. O
grupo foi criado em 1999
para que os países
industrializadas e
desenvolvidas
pudessem se reunir e
discutir
questões-chaves da
economia global. A
primeira cúpula do G20
aconteceu em Berlim, na
Alemanha, em
dezembro de 1999.
Neste ano, Brisbane, na
Austrália, vai sediar a
reunião. No ano que vem,
será na Turquia.
■ Participam da cúpula
ministros das finanças e
presidentes dos bancos
centrais de 19 países:
Argentina, Austrália,
Brasil, Canadá, China,
França, Alemanha, Índia,
Indonésia, Itália, Japão,
México, Rússia, Arábia
Saudita, África do Sul,
Coreia do Sul, Turquia,
Reino Unido, e Estados
Unidos. A cadeira
restante pertence à
União Europeia. Neste
ano participarão
também chefes de
Estado.
■ A preocupação
principal do G20 é a
reforma econômica
global, a promoção do
crescimento, do livre
comércio, e da
cooperação econômica.
As economias do G20
representam dois terços
dos habitantes do
planeta, 85% do PIB
global, e três quartos do
comércio mundial.
Trégua no Leste da
Ucrânia, acertada no dia
5 de setembro, está cada
vez mais ameaçada
Redação
[email protected]
Moscou e Kiev trocaram acusações de descumprimento do cessar-fogo na quinta-feira, aumentando o temor de que o conflito na Ucrânia retorne com força. A Rússia alertou que uma retomada das hostilidades contra
separatistas pró-Rússia no leste
seria catastrófico para a Ucrânia. Já o governo ucraniano acusou a Rússia de enviar soldados e
armas para ajudar os rebeldes a
lançarem uma nova ofensiva no
conflito, que já matou mais de 4
mil pessoas.
A violência crescente, as violações do cessar-fogo e os relatos de comboios armados não
identificados vindos da fronteira
russa aumentaram os temores
A violência crescente,
as violações do
cessar-fogo e os
relatos de comboios
armados não
identificados vindos
da fronteira russa
aumentaram o temor
de um fim da trégua
de que a frágil trégua firmada
em 5 de setembro desmorone.
Moscou nega as acusações de envio de tropas e tanques nos últimos dias e diz que o cessar-fogo, tal como delineado no protocolo de Minsk, é a única solução
para o conflito.
“(O fracasso do cessar-fogo)
seria catastrófico para a situação
na Ucrânia”, afirmou o portavoz do Ministério russo das Relações Exteriores, Alexander Lukashevich. A Organização para a
Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que monitora a trégua, relatou haver várias colunas de soldados e tanques sem
identificação se distanciando da
divisa com a Rússia.
Novos bombardeios sacudiram a cidade ucraniana de Donetsk, reduto dos separatistas,
embora não tenha ficado claro
quem disparava, nem se os disparos partiam do aeroporto da cidade, onde tropas ucranianas e rebeldes disputam o controle das
instalações. Kiev, que fortaleceu suas defesas no leste da Ucrânia, afirma que os relatos sobre
as colunas confirmam suas acusações de que a Rússia está encaminhando reforços para os rebeldes.Zoryan Shkiryak, assessor
do Ministério do Interior da Ucrânia, alertou: “A probabilidade de
outra possível invasão de tropas
russas em território ucraniano é
alta e pode acontecer a qualquer
momento.” Na quarta-feira, a
Rússia havia declarado que planeja enviar bombardeiros de longo alcance em voos de patrulha
sobre águas americanas, inclusive sobre o Golfo do México. Mas
o Pentágono disse que se trata
apenas de treinamento de rotina
em espaço aéreo internacional.
Com Reuters
Maxim Zmeyev/Reuters
■ Este encontro em
Brisbane é
especialmente
importante porque os
líderes dos países, que
tomam as decisões,
estarão presentes.
Homens armados e caminhões militares são vistos em Donetsk
24 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
MUNDO
Martin Bernetti/AFP
▲
Fotos Divulgação
MISSÃO ESPACIAL TATUADA NO CORPO
Culto evangélico é organizado dentro da casa de detenção Colina, em Santiago, no Chile, em agosto
Catolicismo permanece
em queda entre latinos
Apesar do estouro de popularidade do Papa Francisco, pesquisa
confirma forte migração de fiéis católicos para igrejas protestantes
Redação
[email protected]
O fenômeno de popularidade do
papa Francisco na América Latina não foi suficiente para estancar a contínua queda do número
de adultos que se declaram católicos na região, aponta pesquisa
realizada em 18 países pelo instituto PEW Research.
Em grande parte do século XX,
até a década de 1960, pelo menos
90% da população latino-americana era formada por católicos.
Esse número vem caindo ano a
ano pelo fortalecimento de correntes protestantes. Atualmente,
apenas 69% dos adultos latinoamericanos se dizem católicos.
Hoje a América Latina possui
mais de 425 milhões de católicos,
que representam quase 40% da
população católica do planeta.
Mas a fuga para outras denominações é flagrante. Como 84% dos
adultos latinos afirmam que foram criados dentro do catolicismo, mas só 69% deles professam
a religião, a dedução é de que
15% procuraram outras igrejas.
No sentido contrário, houve
crescimento. Só 9% afirmam que
foram criados como protestantes, mas 19% se reconhecem em
uma de suas denominações, o
que ressalta a migração. O mes-
mo vale para aqueles que não tem
uma crença: 4% não teve formação religiosa na infância, mas 8%
não é filiado a nenhuma igreja na
idade adulta.
Quando se faz a leitura dos dados por país, aproximadamente
um em cada quatro nicaraguenses, um em cada cinco brasileiros
e um em cada sete venezuelanos
se declaram como ex-católicos.
São pessoas que deixaram o catolicismo e se voltaram para uma série de religiões consideradas protestantes, como os batistas, adventistas, metodistas, luteranos,
presbiterianos e aqueles de igrejas pentecostais. Estas últimas
Como 84% dos latinos
afirmam que foram
criados dentro do
catolicismo, mas
só 69% professa
a religião, a dedução
é de que 15% buscaram
outras igrejas, em
geral, protestantes
reúnem quase metade dos fiéis só
na igreja Assembleia de Deus. Na
Colômbia, por exemplo, 74% dos
protestantes afirmam que foram
criados como católicos.
Questionadas sobre as razões
da mudança, dentre oito explicações apresentadas a mais citada
foi a “busca de uma conexão pessoal com Deus” (81%) e, depois,
“a busca por um estilo diferente
de culto ou uma igreja que ajudasse mais seus membros” (69%). Essas constatações estão entre os
principais resultados de mais de
30 mil entrevistas presenciais realizadas em 18 países e, também, no
estado americano de Porto Rico.
O estudo também sondou a popularidade do Papa Francisco em
toda a região. O pontífice tem
uma imagem extremamente favorável no Uruguai e na Argentina,
seu país natal. Neste último, 91%
dos entrevistados o aprovam e só
3% tem uma percepção negativa
de seu papado. “Mas Francisco
não impressiona a todos por
igual”, afirma o relatório. Nos outros países, pouco mais da metade dos ex-católicos aprovam
Francisco, mas poucos consideram seu papado uma mudança
importante para a Igreja Católica.
Muitos dizem que ainda é cedo demais para terem uma opinião sobre o papa. com AFP
■ Matt Taylor, um dos cientistas que participou da missão
espacial Rosetta, que na quinta-feira conseguiu levar uma
sonda a pousar em um cometa pela primeira vez na história,
chamava a atenção dentro da Estação Espacial Europeia
pela camisa com imagens de mulheres semi-nuas e
principalmente pelo corpo todo tatuado. Uma das
tatuagens , na perna, era da espaçonave que aterrisou no
cometa 67P, e cujo objetivo é ajudar a desvendar a origem
da Terra. Taylor foi entrevistado por várias TVs e sua conta
no Twitter foi inundada com mensagens que o qualificavam
como “louco” e “interessante”. Redação
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 25
MUNDO EMERGENTE
FLORÊNCIA COSTA
[email protected]
A ROTA DA SEDA DO SÉCULO XXI
Pablo Tavares
A
té alguns anos atrás ninguém daria nada por Horgos. Afinal,
era uma adormecida vila na fronteira da China com o
Casaquistão. Mas tudo mudou depois que Pequim escolheu
esse local no noroeste do país, antes esquecido, para ser um imenso
centro logístico, de energia e de transportes. Horgos foi
ressuscitada para tornar-se uma espécie de ponta de um iceberg
chinês: o Cinturão Econômico da Rota da Seda, anunciado em 2013
pelo presidente Xi Jinping. No sábado passado, o mandatário
chinês disse que a nova rota comercial terá um fundo de
infraestrutura de US$ 40 bilhões para a construção de estradas,
ferrovias, portos e aeroportos.
Horgos é hoje um dos principais
cruzamentos desse cinturão mercantil inspirado na Rota da Seda
da antiguidade, que ligou o Oriente e o Ocidente, promovendo trocas comerciais e culturais. Essas
rotas eram usadas por peregrinos, monges, soldados, nômades, além de mercadores a partir
do primeiro século antes de nossa era, quando os romanos descobriram a seda. No final do século
19 o geógrafo alemão Ferdinand
von Richthofen batizou essa rede
de comunicação que ligava a China ao Ocidente com o nome “Rota da Seda”. Entre os ocidentais
que viajaram para o Império do
Meio naquela época, o mais célebre foi o veneziano Marco Polo
(1254-1324), que relatou suas
aventuras no clássico “As Viagens
de Marco Polo”.
Ponto de trânsito por vários séculos, Horgos ficou esquecida
após a Revolução Russa de 1917,
com o estremecimento das relações entre Moscou e Pequim. Mas
há dois anos, o governo chinês
criou uma zona de livre comércio
lá e inaugurou o maior gasoduto
do mundo, de quase 9 mil quilômetros, que liga o Turcomenistão
às cidades costeiras de Xangai,
Cantão e Hong Kong, abastecendo uma área onde vivem 500 milhões de pessoas. Carregamentos
já são levados de trem da China para a Europa através de Horgos.
Uma viagem até a Alemanha que
duraria 40 dias por navio, leva
apenas duas semanas por trem,
através de Horgos, informou Jeremy Page em um artigo no jornal “
The Wall Street Journal”. Um vale
cercado de picos nevados com
plantações de lavanda e habitado
por quase 90 mil pessoas, Horgos,
segundo o jornalista, simboliza o
projeto chinês de redesenhar o
mapa geopolítico asiático.
O projeto do cinturão chinês
inclui, além da parte terrestre, a
“Rota da Seda Marítima do Século 21”. Ao anunciar o projeto, Xi
Jinping invocou o espírito de
Zheng He, um almirante do século 15 que comandou uma frota de
navios carregados de tesouros
até a África. Ele acabou se transformando em um símbolo do poder marítimo chinês.
O plano prevê a construção ou a
expansão de portos e zonas industriais não apenas no Sul e Sudeste
da Ásia, mas também no Oriente
Médio, na África e até na Europa.
Os produtos dos países que integrarão essa rota marítima serão promovidos também por uma plataforma de comércio online, segundo o jornal “China Daily”.
Além do fundo de US$ 40 bilhões anunciado por Xi Jinping,
um novo banco de desenvolvimento de infraestrutura da Ásia, bancado pela China, e com o aporte inicial de US$ 50 bilhões, alimentará
os projetos. Alguns acadêmicos
chineses chegam até mesmo a
comparar a iniciativa com o Plano
Marshall que ajudou a reconstruir
a Europa no pós-guerra.
A agência de notícias “Xinhua” divulgou um mapa mostrando vários novos pontos geográficos do projeto,incluindo Moscou, Dushambe (Tadiquistão),
Jakarta (Indonésia) e Colombo
(Sri Lanka), sendo que outros países se oferecem para entrar na rota, como o Afeganistão.
O governo chinês está tão empenhado em ressuscitar os tempos em que era o centro do mundo, que tem organizado festivais
culturais para promover a iniciativa. Xian, capital da província de
Shaanxi, que foi um importante
Em 2012, Pequim criou
uma zona de livre
comércio em Horgos e
inaugurou lá o maior
gasoduto do mundo,
com 9 mil km, que
abastece uma área
onde vivem 500
milhões de pessoas
trajeto da antiga Rota da Seda, organizou, em outubro, o primeiro
Festival Internacional de Cinema
da Rota da Seda, exibindo 31 filmes estrangeiros e 10 chineses.
A pompa dispensada na organização da cúpula da Cooperação
Econômica Ásia-Pacífico (Apec),
nesta semana, com Xi Jinping como anfitrião, não deixa dúvida de
que os chineses não medem esforços para mostrar que procuram reconquistar a posição perdida.
Mas essa reinvenção também tem
um lado militar que assusta o
mundo. A China tem disputas territoriais e marítimas com todos
os vizinhos. Essa agressividade
militar fez com que os Estados
Unidos lançasse há três anos a
sua estratégia “pivô para a Ásia”.
A ideia é contrabalançar o poderio chinês. Mas essa estratégia foi
O Cinturão Econômico
da Rota da Seda
anunciado por Xi
Jinping inclui, além da
parte terrestre, a “Rota
da Seda Marítima do
Século 21”, bancados
por um fundo de US$
40 bilhões
deixada na geladeira no segundo
mandato de Barack Obama, que
tem sido alvo de críticas dentro
de casa por causa disso.
Pequim, agora, tenta convencer países da Ásia de que é do interesse deles aceitar uma China poderosa. Em um discurso para executivos no último domingo, Xi Jinping disse que o plano da China é
impulsionar o crescimento e prover a infraestrutura na região para
ajudar a colocar em prática o “sonho da Ásia-Pacífico”, ecoando o
slogan que repete dentro de casa:
“o sonho chinês”, que no discurso oficial significa “construir
uma sociedade próspera e rejuvenescer a nação”. Mas o fato é que
o sonho chinês tem tirado o sono
de muita gente.
Coluna publicada às sextas-feiras
26 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
ESTILO S/A
MARCIA DISITZER
[email protected]
BIQUÍNI DE
CRISTAL
Bolsa da Prada para
homens modernos
Fotos Arthur Seixas
As bolsas masculinas da
Prada fazem parte de uma
coleção-cápsula da grife italiana:
são de couro Saffiano e têm estampa
geométrica. São ideais para os
homens que carregam o mundo na
bolsa. Preço sob consulta. Shopping
Cidade Jardim, piso Térreo, SP.
Q
uem é do mar não enjoa.
Talvez por isso, a estilista
Marta Reis, que trabalhou
durante 15 anos na Blue Man, tenha
resolvido mergulhar de novo no
universo de beachwear. Ela, que
acaba de abrir uma grife que leva
o seu nome, lançou uma linha
preciosa para quem quer brilhar
no verão. São biquínis e maiôs com
pedras semi-preciosas brasileiras.
O mix de cristais aparece em fivelas
que adornam alças, sutiãs e as
laterais de calcinhas.
“A marca é fruto da minha parceria
com a empresária Daniela Peres”,
explica Marta. “Eu sou responsável
por toda parte de criação e a
Daniela, pela comercialização,
divulgação e marketing da
empresa”, explica ela, ressaltando
que essa primeira coleção foi ideia
de Daniela. “Resolvi, por sugestão
dela, criar peças com detalhes de
ametista, quartzo rosa, olho de tigre
e lápis-lazuli”, lembra. Segundo
a estilista, cada cristal exerce
um poder. “São ligados à
espiritualidade, à proteção
e ao amor”, conta.
A marca Marta Reis está sendo
vendida em multimarcas de luxo
do Rio de Janeiro, como a Via
Flores, no Leblon, e a Fabric & Co,
no Village Mall, na Barra da Tijuca.
“São produtos para uma mulher
que curte design e que valoriza
o artesanal”, diz Marta, animada
com os próximos passos da grife.
“Vamos vender para multimarcas
de todo Brasil e planejamos
participar da edição de verão
2015/2016 do Fashion Rio,
no ano que vem.”
■ Para combater flacidez e gordura
localizada, o cirurgião Pedro Granato
indica o aparelho Reaction,
que une a energia da radiofrequência,
reduzindo o volume das células de
gordura, com a terapia a vácuo, que
tem efeito de uma drenagem linfática.
■ Arnaldo De Merian recebe os DJs
RV, D-Groov, Bernardo Sacramento
e Flavia Xéxeo na Drop the Bass,
hoje, no 00 Gávea (RJ).
■ No Crystal Hair (RJ), a novidade
é o detox de melaleuca para o cabelo,
que promete recuperar a fibra
capilar em cinco sessões
e eliminar a oleosidade dos fios.
Fotos Divulgação
PONTO A PONTO
■ PedroLourenço
fez parceriacom
aNike elançou
umacoleção
feminina,que
podeserusada
naacademiae
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e vista privilegiada
Durante este
mês e em
dezembro,
acontece o
evento Verano
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sábados, das
16h às 22h, no Hotel Sheraton Rio.
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exclusivos e a vista de capotar
do Leblon e de Ipanema.
No clima de
Réveillon
e férias
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desenvolvida pela
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com direito a
rendas e clima
resort, já está à
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Coast têm tecidos
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e modernidade.
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Coluna publicada às sextas-feiras
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 27
CINEMA CORRENTE
RICARDO COTA
[email protected]
PARCERIA COM A NET SALVA GRUPO ESTAÇÃO DA CRISE
Divulgação
M
ais importante grupo de cinema alternativo do Rio de
Janeiro, o Estação Botafogo, hoje Estação NET, correu
sério risco de fechar suas portas. Diante de uma crise
milionária, que gerou uma dívida de R$ 43 milhões, o grupo
escapou da falência graças ao empenho de um dos seus sócios, do
carinho de seus frequentadores e sobretudo da sensibilidade
empresarial, muito rara na área de cultura. Em conjunto, estes
agentes perceberam o prejuízo afetivo e intelectual daquela que
seria uma perda irrecuperável. E puseram mãos à obra.
As razões que levaram à crise foram muitas e já bastante difundidas pela mídia. Agora, o que importa é ressaltar, e tornar exemplares, as ações que impediram a
clausura do grupo. A começar pelo empenho visceral do mais
atuante dos sócios remanescentes, Marcelo Mendes. Foi ele que
superando as limitações de quem
nunca cursou uma cadeira sequer de Direito preparou os termos da recuperação judicial do
Estação e negociou, na raça, a dívida com os acionistas.
O primeiro passo foi reduzila de R$ 43 para R$ 8 milhões. O
grupo também devia R$12 milhões em impostos que foram
parcelados e estão sendo pagos
pelo Programa de Recuperação
Fiscal, o Refis. Além dos termos
jurídicos, Marcelo comandou
uma ação nas redes sociais tornando pública a agonia do grupo. Conseguiu em pouco tempo
mobilizar mais de 10 mil segui-
MARINHA DO BRASIL
BASE AÉREA NAVAL
DE SÃO PEDRO DA ALDEIA
AVISO DE LICITAÇÃO
TOMADA DE PREÇOS N° 02/2014
A BASE AÉREA NAVAL DE SÃO
PEDRO DA ALDEIA torna público que
realizará Tomada de Preços
para
reforma da Torre de Controle de Tráfego
Aéreo do DIACTA da Base Aérea Naval
de São Pedro da Aldeia . Edital disponível no site www.comprasnet.gov.br, a
partir de 14/11/2014.
FÁBIO ANGELO DE ARAÚJO
Capitão-de-Mar-e-Guerra
Ordenador de Despesa
Além disso, caberá
ao Estação criar
uma curadoria para
selecionar filmes para
o Net Now, o que com
certeza melhorará em
muito a qualidade dos
produtos oferecidos
pela TV a cabo
dores no Facebook que repartiram memórias e contribuíram
para enfatizar a importância do
Estação no cenário cultural carioca. O desfecho feliz viria com
o interesse da Net em se tornar
parceira atrelando seu nome à
marca e criando uma linha de
ação de negócios inédita, visionária e promissora.
Há que se destacar a sensibilidade do vice-presidente de Estratégia e Gestão Operacional da
Net, Rodrigo Marques, que tomou conhecimento do caos financeiro do grupo pelos jornais. Ro-
drigo, poucos sabem, fora estagiário do Estação há muitos
anos, o que dá um colorido especial a esta trama de nítidos contornos cinematográficos. A parceria causou espécie a princípio
no setor audiovisual. Afinal, o
que interessaria a uma empresa
de TV por assinatura e Video on
Demand (Vod) a associação com
uma rede de cinemas, a princípio concorrente?
O conflito, segundo os novos
parceiros não existe. Os planos
incluem a exibição de filmes exclusivos do Estação no Net Now,
o VoD da Net. Também serão realizadas ações construtivas, como convites a roteiristas de séries internacionais para participarem de palestras sobre a relação cada vez mais próxima entre
cinema e tevê no espaço do Estação. As palestras farão parte do
programa NetLab TV, cujo intuito é estimular roteiristas e profissionais do mercado audiovisual.
Além disso, caberá ao Estação
criar uma curadoria para selecionar filmes para o Net Now, o que
com certeza melhorará em muito a qualidade dos produtos oferecidos pela TV a cabo.
Às vésperas de comemorar 29
anos de existência, o Grupo Estação dá um verdadeiro presente
ao seu público com esta parceria.
Mais do que garantir a sua sobrevivência, o grupo, de fôlego renovado, garante que a comunhão
irá permitir a ampliação de novas
salas e a compra, fundamental para o futuro, de equipamentos digitais condizentes com as novas necessidades da tecnologia de projeção. Fica assim preservado o futuro de um patrimônio cultural dos
amantes da sétima arte, que sempre enxergaram no Estação a janela de acesso para cinematografias alternativas ao já consagrado
mainstream. Agora é mãos à
obra. E que viva o Estação!
Coluna publicada às sextas-feiras
VB - Recursos Humanos Ltda, situada na Rua José Antonio Nunes, 151-A, Centro, CEP 06950-000
inscrita no município de Juquitiba/SP, sob n° 1913 e no CNPJ n° 54.512.553/0003-14, declara para os
devidos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod. 51 e 57 e das Notas Fiscais Fatura de Serviços em
formulário continuo: AIDF n° 1502 do n° 01 à 1.000, AIDF n° 1501 do n° 1.001 à 3.000, AIDF n° 89 do
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n° 8.001 à 10.000. por este motivo a empresa não se responsabiliza pelo USO indevido dos mesmos.
Disque Amizade de São Paulo Ltda, s i t u a d a n a R u a J o s é A n t o n i o N u n e s ,
271, sala 1 A, Centro, CEP 06950 000 inscrita no município de Juquitiba/
S P, s o b n ° 2 5 3 2 e n o C N P J n ° 0 0 . 9 0 4 . 6 5 8 / 0 0 0 2 0 9 . d e c l a r a p a r a o s d e v i
dos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod. 51 e 57 e das Notas Fiscais
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Serviços AIDF n° 1965 do n° 01 à 500, 10 blocos, por este motivo a empresa
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1.001 à 2.000, 20 Blocos, AIDF nº 1522 do nº 2.001 à 2.150, 03 Blocos, por este motivo a
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260 do n° 30.001 à 50.000, AIDF n° 478 do n° 50.001 à 70.000, AIDF nº 807 do n° 70.001 à 75.000, por
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POSITIVO INFORMÁTICA S.A.
CNPJ/MF: 81.243.735/0001-48 - Companhia Aberta
Ata da Reunião Ordinária do Conselho de Administração Realizada em 29 de Outubro de 2014
1. Data, Hora e Local: No dia 29 de outubro de 2014, às 9 horas, na sede do Grupo Positivo, na Av. Candido
Hartmann, 1400, Bigorrilho, na Cidade de Curitiba, Estado do Paraná.2. Presença e Convocação: A convocação
foi efetuada por meio eletrônico, estando presentes os Conselheiros: Lucas Raduy Guimarães, Hélio Bruck
Rotenberg, Fernando Xavier Ferreira, Pedro Santos Ripper, Samuel Ferrari Lago, Álvaro Augusto do Amaral e
Fernando Soares Mitri.Como convidado, o Sr.Idel Iankilevich DiretorVice Presidente de Finanças da Companhia.
3. Mesa: Presidente:Fernando Soares Mitri;Secretária:Alessandra de Paula Souza.4. Ordem do dia: a) análise
dos resultados de setembro de 2014; e b) renovação de autorização à Diretoria da Companhia.5. Deliberações:
Aberta a reunião, o Presidente convidou a mim, Alessandra de Paula Souza, advogada da Companhia, para
secretariar a reunião e lavrar a presente ata. Passou-se então à discussão do tema da pauta, pela ordem:
a) O Conselho analisou os resultados de setembro de 2014; e b) Deliberou renovar a autorização da Diretoria
de prestar garantia aos fornecedores de bens de informática do operador logístico Columbia Distribuidora S.A.,
com a finalidade de fornecer insumos exclusivamente à Companhia, com limite mensal de R$ 20.000.000,00
(vinte milhões de reais), por fornecedor homologado por esta Companhia. Tal autorização vigorará pelo prazo
de 12 meses, a contar desta data. 6. Nada mais tratado lavrou-se a ata que foi lida, aprovada e assinada por mim
Secretária e pelos Conselheiros da Companhia. Curitiba, 29 de outubro de 2014. Autenticação da Mesa:
Alessandra de Paula Souza - Secretária. Junta Comercial do Paraná. Certifico o registro em: 07/11/2014 sob
número: 20146164989. Protocolo: 14/616498-9, de 05/11/2014. Sebastião Motta - Secretário Geral.
28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
AGENDA CULTURAL
Editora: Flavia Galembeck
[email protected]
EM NOVO DISCO, CRIOLO
PEDE DIÁLOGO E EQUILÍBRIO
A
trajetória de Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, na música é bastante incomum. Após 20 anos
de estrada, o rapper paulista estava decidido a encerrar a carreira, pois a atividade mal lhe
permitia pagar as contas. Em 2011, lançou “Nó na Orelha”, disco dedicado a sua família
e que marcaria sua despedida. Ele só não imaginava que a obra produzida por Daniel Ganjaman e
Marcelo Cabral o colocaria sob os holofotes nacionais e, menos de um ano depois, estaria dividindo
o palco com Caetano Veloso. Em “Convoque seu Buda”, álbum que acaba de lançar, Criolo passeia,
mais uma vez, pelos mais variados ritmos da música brasileira com o talento e a criatividade já
reconhecidos pelo público e pela crítica. Após o show que fez junto com o rapper no Rio de Janeiro,
Milton Nascimento afirmou que, além de um encontro entre amigos, a apresentação representava
um “ato político”. A conotação política é uma forte marca da obra de Criolo e aparece com ainda mais
força em seu novo trabalho. Na turnê de apresentação do novo álbum, afirma que visitará canções
do disco que o projetou, além de seu primeiro trabalho, mais marcado pelo rap, “Ainda há Tempo”.
“Uma vez, passei em casa depois
de ter tidoumacidente,emeupaitinha chegado doserviço, por coincidência,emelevouparaopronto-socorro. Ao chegarmos lá, fui prontamenteatendido,masmeupaidemorouquase duashoras paraser liberado,porque,porsernegroenordestino,chamarama polícia parainvestigar se ele tinha participado de um
sequestro, pois um jovem que tinha
sofrido um acidente durante um sequestro estava lá”, conta.
O novo disco, que levou três meses para ser produzido, traz participações com outros nomes da nova
geração da música brasileira, como Tulipa Ruiz, Juçara Marçal e o
rapper Neto. Ele explica que, conforme compunha as canções, os
nomes dos parceiros vinham à
mente. Mais uma vez, o álbum ultrapassa as barreiras do rap e dialoga com diversos ritmos, brasilei-
AGENDA DE SHOWS
■ SÃO PAULO - SP
Sesc Vila Mariana
(14, 15 e 16 de novembro)
■ RIO DE JANEIRO - RJ
Fundição Progresso
(21 de novembro)
■ BELO HORIZONTE - MG
Parque das Mangabeiras
(22 de novembro)
■ PORTO ALEGRE - RS
Bar Opinião
(03 e 04 de dezembro)
■ CAXIAS DO SUL - RS
All Need Mater Hall
(05 de dezembro)
■ CURITIBA - PR
Ópera de Arame
(06 de dezembro)
■ BRASÍLIA - DF
Parque da Cidade
(07 de dezembro)
■ CUIABÁ - MT
Mandinga Festival
(20 de dezembro)
ros, africanos e jamaicanos, passeando pelo samba, reggae, e o
dub, sob a tutela de Ganjaman.
Nãoésóodiálogoentreestilosvariados que Criolo propõe. Na visão
domúsico,aausênciadesseelemento é uma dasgrandesmazelas da sociedade atual. “Dentro de casa, tem
pessoasquenãoconversam.Odiálogo é, também, entender o que o outro está falando. É ter paciência para
ouvir. Mas nós estamos todos muito
ansiosos. A gente acabou de sair de
uma ditadura, que acabou de sair de
uma escravidão, que acabou de sair
de uma invasão. A gente tem vergonha do nosso passado. Mas nossa
história é muito rica. Existem pessoas que construíram nossa nação
que são de uma beleza tão grande,
que isso éum prato cheio paraa gente se sentir valorizado e ter orgulho
da nossa história, de nossa construção, em meio a todo o caos posto”.
Em abril deste ano, justamente
por não ter conseguido estabelecer um diálogo com o público,
Criolo virou alvo de brincadeiras
na internet. Em entrevista a Lázaro Ramos, no programa Espelho,
do Canal Brasil, ele tentou relativizar o conceito da nova classe média. Uma frase em especial, “Lázaro, alguém nos ajude a entender”,
virou “meme” nas redes e, no disco novo, foi transformada em música por Criolo, na canção Cartão
de Visita. “Na hora em que eu estava construindo o texto, a frase veio
de modo natural. Como eu não fui
aceito, não soube me comunicar,
procurei seguir o toque das pessoas. Eu não tenho dimensão de
quem está ouvindo o que eu estou
falando. Estava conversando com
um amigo, procurando ser o mais
simples, como se eu tivesse aqui
conversando com você, ou na laje
de casa lá no Grajaú. Todo mundo
cobra de qualquer pessoa que ela
seja natural e ela mesmo. Só fui eu
mesmo”, esclarece.
Colaborou o estagiário João Pedro Soares
))) Leia a entrevista completa em
www.brasileconomico.com.br
Caroline Bittencourt/Divulgação
“Eu estou sempre no no Grajaú, ou
aqui na região do centro velho de
São Paulo, na Santa Efigênia, e ali é
a Cracolândia. A qualquer hora do
dia, você está vendo cinco, dez, 20
pessoas entregues a essa doença,
passando por situação difícil. É a
verdade do que a gente vê, pessoas
lutando para ter moradia, para sair
de um vício. Isso é uma realidade.
Machuca, porque desde criança você vê isso. E a gente não quer ver
nosso povo sofrendo desse jeito”,
explica, falando sobre a inspiração
para suas composições.
Ainda falando sobre política,
ele classifica como “deprimente”
a manifestação de preconceito contra os nordestinos durante as eleições, especialmente em São Paulo. “O que é isso? Que falta de respeito inadmissível. É vergonhoso,
sobretudo por ter vindo de pessoas que se dizem cultas. Como assim? Não estou entendendo. Ou
melhor, estamos entendendo bem
e sempre soubemos disso, só que,
agora, as pessoas não estão mais
disfarçando esse sentimento”, dispara. Filho de nordestinos criado
no bairro do Grajaú, em São Paulo,
Criolo afirma que não se trata de
uma realidade nova.
Fotos Divulgação
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 29
NOTAS
Divulgação
O ‘canto do cisne’ de duas
lendas vivas do Rock
Não deixa de ser irônico que os lançamentos mais badalados da indústria musical no final de 2014 sejam
de dois mitos do rock que na prática não produzem material relevante há pelo menos trinta anos. Os
críticos mais ácidos alegam que
“Endless River”, o derradeiro álbum do Pink Floyd, e as reedições
dos álbuns do Led Zeppelin não
passam de caça-níqueis com embalagens luxuosas para colecionadores. A julgar pelo interesse e admiração que ambas as bandas despertam nas gerações mais novas, o
mito parece resistir ao esgotamento criativo desses grandes músicos, que buscam ao mesmo tempo
preservar o legado e dar um fim
digno às suas gloriosas carreiras.
“Endless River”, o álbum de
despedida do Pink Floyd é um tributo ao tecladista e cofundador Rick Wright, que morreu de câncer
em 2008. Montado a partir de material que seria utilizado para uma
edição dupla do álbum “Division
Bell”, “Endless River” (Rio infinito, na tradução em inglês) traz as
marcas registradas do Pink Floyd:
o órgão e os sintetizadores pilotados pelo subestimado Wright produzem texturas encharcadas de
eco e reverberação que fazem a cama para a guitarra inconfundível
de David Gilmour costurar melodias límpidas, econômicas e melancólicas. Longe da inspiração de
clássicos como “Dark Side Of The
Moon” e “Wish You Were Here”,
“Endless River”, é um canto de cisne digno de uma banda que, no auge criativo contribuiu para dar ao
rock o status de arte.
Também foram lançadas as edições especiais de “Led Zeppelin
IV” e “Houses of The Holy”. Pela
quantidade de clássicos, ambos os
álbuns parecem coletâneas. A remasterização a
partir das fitas masters
realça a característica que
fez do Led Zeppelin uma
lenda: os contrastes entre
luz e trevas, leveza e peso,
em que a dinâmica e a interação quase sobrenatural
entre os integrantes eram
absolutas. E como se não
bastasse o material original, as novas edições trazem material de estúdio
inédito, com versões alternativas que farão a felicidade dos fãs e atrairão as novas gerações. André Boudon
10º Festival de Cinema
Italiano tem início no MIS-SP
Sentido horário:
“Led Zeppelin I, II, IV
e III”. Abaixo: “The
Endless River”,
do Pink Floyd.
Beti Niemeyer
Show ‘100 anos de Caymmi’
acontece hoje no Vivo Rio
Filme sobre Joãosinho Trinta chega aos cinemas
Desde ontem está em cartaz nos cinemas o longametragem “Trinta”,
que conta a história do carnavalesco Joãosinho Trinta. Estrelado por
Matheus Nachtergaele e dirigido
por Paulo Machline, o filme conta a
história de Joãosinho, que nasceu
em São Luis, no Maranhão, e se mudou para o Rio de Janeiro para ser
bailarino. Antes de ingressar no
samba e revolucionar os desfiles, o
carnavalesco integrou o Corpo de
Baile do Teatro Municipal do Rio,
chegando a encenar as óperas como “O Guarani”, de Carlos Gomes.
A partir da próxima terça-feira, dia 18, até domingo,
23, a 10ª edição do Festival de Cinema Italiano de
São Paulo tem início no Museu da Imagem e do
Som. Neste ano, o evento traz uma retrospectiva
de Pietro Germi, em homenagem ao seu centenário.
Com produção em andamento desde 2002, o filme foi arquivado pelo
diretor várias vezes até conseguir
um patrocinador definitivo. Enquantooroteiroficounagaveta,Machline produziu o documentário “A
Raça Síntese de Joãosinho Trinta”,
em que conta sua história através
de entrevistas com o protagonista e
pessoasde seuuniverso,comobjetivo de usá-las como pesquisa para
seu filme de ficção. Bem recebido
no Festival do Rio, “Trinta” chega
aos cinemas com a promessa de
conquistar o público. Vale conferir!
Hoje, Nana, Dori e Danilo se reúnem no Vivo Rio
para homenagear o pai, o grande compositor
Dorival Caymmi. O show é uma das comemorações
ao aniversário de 100 anos do compositor baiano.
Ingressos à venda no: ingressorapido.com.br
Moulin Rouge quebra
recordes mundiais no cancan
Chegou às lojas ontem, o 60º Livro Guinness,
que traz três novos recordes batidos pelo cabaré
parisiense Moulin Rouge. Entre eles, o de mais
“ronds de jambes” de cancan em menos tempo:
29 em 30 segundos, realizado por 44 dançarinas.
30 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
OPINIÃO
Editoria de Arte
Passado,
presente
e futuro
da Anvisa
Nelson Mussolini
[email protected]
Agência Nacional de Vigilância
Sanitária é um marco na saúde
do país. Sua contribuição para o
desenvolvimento da indústria
farmacêutica é notória e inegável. Quando foi instituída, em
1999, gerou grandes expectativas.
Foi a partir do moderno modelo de regulação sanitária e econômica instaurado pela Anvisa que a cadeia produtiva
de medicamentos adotou altos padrões
de qualidade que atraíram as principais
empresas globais e viabilizaram a consolidação de grandes laboratórios de capital nacional.
O artífice dos primórdios da Anvisa
foi Gonzalo Vecina Neto. Apesar das difíceis condições de trabalho, com um corpo técnico todo “emprestado” de outros
órgãos do governo, conseguiu instalar a
Agência e as primeiras regras de boas
práticas de fabricação foram editadas.
A indústria farmacêutica sofreu (e
não foi pouco) com diversas novas normas, às vezes mais de uma por dia, que
precisavam ser absorvidas e implementadas de forma rápida. Houve o “Projeto
Z”, mediante o qual todos os registros
de produtos eram reavaliados; foi editado o marco regulatório dos genéricos,
que mudou o mercado; vieram as regras
de controle de preços, impactando diretamente a rentabilidade das empresas.
O início não foi fácil, mas o médico
Vecina, de forma paciente e cirúrgica,
conseguiu implementar a Anvisa de
que hoje nos orgulhamos.
Depois de Vecina, muitas figuras valorosas ajudaram a construir um órgão
que, em poucos anos, se tornaria referência internacional de regulação de setores
vitais para a economia do país. Uma delas merece menção especial: o farmacêutico Dirceu Barbano, que acaba de encerrar seu mandato à frente da Anvisa.
Barbano, que durante alguns anos
contou com apenas mais dois diretores
(de um total de cinco) conseguiu, de forma hercúlea, imprimir um novo tom à
instituição. Enfrentou greves que praticamente pararam a liberação de produtos
nos portos e aeroportos; conseguiu aprovar um concurso público para o preenchimento de 314 vagas. E, o mais importante, obteve o reconhecimento internacional da excelência regulatória da Agência.
A indústria farmacêutica mantém
com a Anvisa um diálogo intenso e, às vezes,difícil, por causa das complexas ques-
A
O que se espera é
que o próximo
presidente da Anvisa
preserve esses avanços
e os amplie, deixando
o órgão imune a
ingerências políticas
tões envolvidas. Consensos e divergências fazem parte da rotina de interlocução entre ente regulador e setor regulado.
Não foi diferente na gestão de Barbano.
Por exemplo, não concordamos com
a exigência de registro de preços antes de
aprovado o registro do produto; isso atrasará o avanço tecnológico sem qualquer
resultado prático para o consumidor.
Combatemos de forma veemente a possibilidade de troca nas farmácias de similares por seus produtos de referência, pois
servirá somente para enfraquecer a exitosa política de genéricos, sem qualquer ganho sanitário para o consumidor.
Porém, essas questões não comprometem o legado de Barbano na condução da Agência. Em parceria com o Movimento Brasil Competitivo, teve a coragem de enviar os novos concursados da
Agência para conhecer o chão de fábrica da indústria. Entendeu perfeitamente que o técnico precisa conhecer como
se produz um medicamento para poder
melhor regulamentar o setor.
Sempre aberto ao diálogo, incentivou as consultas públicas, as audiências
públicas, implementou as reuniões de
diretoria colegiadas abertas, sem abrir
mão de suas convicções. Como farmacêutico, soube dosar a ânsia regulatória
do gestor com a necessidade de agilidade, transparência e previsibilidade do
setor regulado.
Deficiências persistem, mas Vecina,
Barbano e tantos outros demonstram
que o profundo comprometimento com
a questão sanitária no Brasil faz a diferença para melhor.
O que se espera é que o próximo
presidente da Anvisa, que necessariamente deve ser alguém da área de saúde, preserve esses avanços e os amplie, deixando o órgão imune a ingerências políticas que possam prejudicar seu bom funcionamento. Assim,
contribuirá para preservar uma indústria farmacêutica forte e competente,
que hoje tem condições de investir e
fazer inovação, para o bem da saúde
dos brasileiros.
Nelson Mussolini é presidente executivo do Sindicato da
Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo
Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 31
JULIO TAKANO
MÁRIO MELLO
Presidente da Associação Brasileira da Indústria,
Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv)
Diretor geral do PayPal América Latina
Como a indústria pode atuar
com seus produtos no varejo
Pagamentos via celular
é uma onda irresistível
Nos últimos anos, a indústria brasileira tem apresentado
crescimento inferior à expectativa do mercado. Logística
prejudicada pela malha rodoviária deteriorada e insuficiente para atender os picos de demanda, carga tributária alta e
complexa do país estão entre as razões mais citadas pelos
analistas econômicos. A forma como alguns varejistas tratam os produtos nos pontos de venda tem gerado insatisfação na indústria que vê um risco para a construção da marca
dos seus produtos.
Vivemos uma silenciosa, mas importante evolução dos
meios de pagamento. Assim como as cédulas e moedas perderam espaço para o talão de cheques, que, por sua vez, foi
superado pelo cartão de crédito, agora é a vez e a hora da
moeda eletrônica das “carteiras digitais”. Embalado pela
evolução tecnológica da comunicação, acompanhado pela
democratização dos equipamentos digitais móveis, o comércio eletrônico tornou-se uma irresistível onda que gradualmente conquista o coração e o bolso dos consumidores.
Para um produto chegar ao mercado, passa por estudos, pesquisas, desenvolvimento de design, adequação e estudo de lifestyle do consumidor, testes em laboratórios dos mais
variados tipos. Há investimentos em
marketing, publicidade, royalties.
Diante desse esforço, em alguns casos, o empresário vê seu produto no
chão ou escondido em um dos cantos da loja.
A participação da indústria no
varejo não se trata apenas do desejo, mas de necessidade, de sobrevivência. O maior desafio é entrar no
varejo sem criar conflito de canais,
o que pode ser um risco para o negócio como um todo. Ou seja, não passar a ser concorrente de seus próprios clientes. Sem dúvida, uma decisão difícil.
E, com o comércio eletrônico,
cresce também a adoção dos pagamentos móveis, que, no Brasil, devem atingir 80 milhões de usuários
cadastrados até 2018, de acordo
com a consultoria Frost&Sullivan.
De usuários de transporte público a
vendedores porta-a-porta, de pequenos comerciantes a profissionais liberais e grandes empresas, todos têm a ganhar com a facilidade
do novo sistema.
A velocidade da expansão da moeda eletrônica está atrelada à resposta
de algumas questões importantes.
Uma delas é definir a melhor plataforma tecnológica para essa operação, principalmente a que melhor
atenda à segurança das transações.
Uma recente pesquisa realizada pelo
instituto ReputationLeaders em todo o mundo, publicada em maio passado, apontou que 59% dos consumidores temem que seus dados financeiros sejam roubados em operações
via internet. O número sobe para
74% entre os brasileiros, paradoxalmente o povo mais aberto do mundo
ao uso de equipamentos móveis para
realizar pagamentos, segundo o mesmo levantamento.
O varejo continua detendo
a cadeia da compra e
distribuição, do que vende
e não vende. A diferença é
que agora a indústria
pergunta ao varejista:
por que não vende?
A estratégia da indústria tem sido
criar modelos de lojas flagship (lojas
conceitos). O objetivo é mostrar como expor bem produtos desvalorizados pela má exposição nos pontos de
venda. Algumas indústrias têm entrado no varejo com muito sucesso,
reposicionando e reforçando a capilaridade da marca.
Tenho trabalhado com cases como Hering Store, Artex, Tramontina. Constato que tem sido um movimento saudável criar um ciclo virtuoso da indústria em entender os
desejos dos consumidores e ajudar
varejistas com informações valiosas para construção do mix de produtos. A indústria passa a conhecer
o varejo e, em vez de serem vistos
como concorrentes diante dos clientes, ajudam aos varejistas a crescer,
a perceber e a valorizar a qualidade
dos produtos antes desprezados nos
pontos de venda.
Depois que a indústria entrou no
varejo, seus clientes varejistas começaram a vender produtos que antes não conseguiam. Alguns varejistas passaram a solicitar e cobrar da
indústria produtos que antes eram
desprezados por eles. A percepção
mudou.
Um produto bem exposto chegar
a valorizar 100%. Um produto pode
valer R$ 60, mas, se for exposto no
chão da loja, tem percepção de R$
30. Porém, quando indústria, em
sua loja conceito, expõe o produto de
forma diferenciada, o varejista passa
a ver os produtos de outra forma.
Quando este mesmo comprador
do varejista vai a uma flagship da indústria e vê como o novo produto exposto, valorizado, com curadoria e
explicações ao consumidor de forma
precisa e assertiva como descrito anteriormente, percebe o índice de inovação e passa a desejar o produto proposto pela indústria ao mercado.
Outro diferencial tem sido no
atendimento. A informação das funcionalidades e diferenciais dos produtos em alguns casos não são conhecidos por falta de treinamento.
O varejo continua detendo a cadeia da compra e distribuição, do
que vende e do que não vende. A diferença é que agora, mais experiente, a
indústria está perguntando ao varejista: por que não vende?
Aqui, faz toda a diferença a
experiência adquirida em
plataformas tecnológicas
de pagamento
eletrônico, fartamente
testadas e aprovadas
em todo o mundo
Assim, é preciso conquistar o território da desconfiança, permitindo
acelerar a mudança de comportamento do consumidor, que, em últi-
ma análise, é quem vai ditar não só o
timing, mas o grau de sucesso da nova modalidade.
Quanto à segurança, evidentemente, nem consumidor, nem lojista —
muito menos instituição financeira —
quer embarcar numa canoa furada
que exponha seus dados. Na verdade,
a escolha da plataforma ideal não é
apenas uma questão de opção pela
marca mais simpática ou popular,
mas sim a plena garantia de que os pagamentos móveis realizados não
caiam em mãos erradas ou sejam objeto de fraudes. Aqui, faz toda a diferença a experiência adquirida em plataformas tecnológicas de pagamento
eletrônico, fartamente testadas e
aprovadas em todo o mundo, antes de
confiar o envio ou recebimento de valores online, seja por meio de contas
bancárias ou cartões de crédito.
Portanto, valorizam-se produtos
financeiros que não apenas intermediam, mas agregam valor às transações domésticas e internacionais cada dia mais complexas, diante da diversidade de moedas, condições e
fronteiras envolvidas. A boa reputação dos sistemas de proteção, atendimento com qualidade ao consumidor
e ao varejista, e assumir os riscos da
operação são os componentes fundamentais para que uma empresa do segmento ganhe a confiança de todos os
envolvidos na cadeia de valor e lidere
as soluções em pagamentos móveis.
Nesse processo pioneiro, não há
vencedores ou vencidos. Os agentes de transformação devem se dar
as mãos — sejam fornecedores de soluções ou consumidores — em prol
da disseminação do pagamento móvel, que certamente trará maior nível de segurança e benefícios evidentes para todos.
Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas
Diretor Presidente José Mascarenhas
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32 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014
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PONTO FINAL
OCTÁVIO COSTA Chefe de Redação
[email protected]
E
m maio de 1996, na metade do primeiro governo de Fernando
Henrique Cardoso, abriu-se uma polêmica sobre a frase do
então presidente da República em conversa com empresários:
“Esqueçam o que eu escrevi”. FH negava de pés juntos que a tivesse
dito, mas, pelos rumos de sua administração, alguns intelectuais de
esquerda davam a frase como legítima. No calor do debate, a revista
“IstoÉ” decidiu ouvir a opinião do filósofo marxista Leandro Konder
sobre as possíveis contradições do sociólogo paulista. Com elegância
de sempre, mas em tom de decepção, Konder afirmou que a vaidade
pessoal e as concessões a grupos conservadores mudaram o
presidente de campo ideológico. E concluiu de forma taxativa:
“Fernando Henrique se converteu à direita”. Este foi título da
entrevista que deixou FH bastante irritado com o filósofo, cuja crítica
tinha mais peso do que qualquer outra.
Brasil e Portugal
perdem no mesmo
dia Leandro Konder
e Fernando
Mascarenhas.
Dois homens dignos.
Insubstituíveis
Leandro Konder, que morreu aos
78 anos, não era homem de meias
palavras. Seguidor fiel de Karl
Marx e do húngaro George
Lukáks, defendia suas ideias com
paixão e destemor, desde os tempos de juventude em Ipanema. Sob
só voltou ao Brasil em 1978, ao lado
do amigo e também filósofo Carlos
Nelson Coutinho. Os dois vieram
do exterior convencidos de que a
democracia é um valor universal
que, portanto, tem de ser aplicado
ao socialismo. Trataram de difun-
AROEIRA
influência de seu pai, Valério Konder, médico sanitarista e membro
do Partido Comunista, ele se encantou cedo com o marxismo. Por sua
militância, foi preso e torturado durante a ditadura militar. Em 1972,
partiu para o exílio na Alemanha e
dir esta visão e ajudaram a minar o
sectarismo que impregnava o pensamento de esquerda no país. “Ele
era um marxista dos menos dogmáticos, conhecido por seu carisma e
generosidade”, comentou o acadêmico Sérgio Paulo Rouanet.
A última quarta-feira foi dia de
perda também em Lisboa, onde
morreu, aos 69 anos, Fernando
Mascarenhas, o marquês de Fronteira e Alorna. Mecenas da arte e
da cultura, ele criou, em 1989, a
Fundação que leva o nome das
duas Casas, com sede no imponente Palácio da Fronteira, no número
1 do Largo de São Domingos de
Benfica. Disse o jornal “Público” a
respeito de Fernando: “Culto, sofisticado e com reconhecido senso
de humor, considerava-se um homem de esquerda, mas sempre levou a sério sua condição de herdeiro de uma boa dezena de títulos de
nobreza”. Nos dias do regime salazarista, chegou a ser chamado de
“marquês vermelho” pela oposição ao fascismo e pelas reuniões
clandestinas que promoveu no Pa-
lácio da Fronteira, sem temer a violenta repressão. Por várias vezes
foi chamado a depor na Pide (a polícia política) e se divertia ao lembrar que ia para a delegacia a bordo
de uma Cadillac dirigido por seu
motorista. Com sua militância irreverente, chamou atenção da imprensa francesa que atribuía ao nobre português a paternidade de
uma nova corrente ideológica: o
“marquesismo-leninismo”.
O marquês de Fronteira costumava convidar escritores e poetas
brasileiros para passar temporadas
em seu palácio, que tem um dos
mais belos jardins da Europa. Hospedava-os com todas as honras e
os apresentava à sociedade em noites de saraus literários, sempre
muito concorridas. Ficou famosa a
carta/sermão que Fernando Mascarenhas dirigiu ao sobrinho Antônio, seu sucessor, com conselhos
de fidalguia: “Sê primeiro um homem e, depois, só depois, mas logo depois, um aristocrata”.
Brasil e Portugal perdem dois
homens dignos. Insubstituíveis.
SOBE E DESCE
Fotos Divulgação
O FILÓSOFO E O MARQUÊS
■ Secretária nacionaldo
ConsumidordoMinistérioda
Justiça(Senacon),Juliana Pereira
disse que o governo quer, em 2015,
ampliar a participação social na
defesa do consumidor, através do
fortaleciemnto das associações.
■ O Inep, presidido por Francisco
Soares, tenta, mas não conseguiu
ainda fazer com que o Enem seja
100% à prova de fraude. Agora a
polícia investiga o vazamento do
tema da redação, que, aliás,
também provocou polêmica.
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