INDICADORES Brasil Ações da Petrobras PN (em R$) Econom ico 14,27 13,98 14,00 14,11 13,60 www.brasileconomico.com.br 7/11 10/11 11/11 12/11 13/11 PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . SEXTA-FEIRA E FIM DE SEMANA, 14, 15 E 16 DE NOVEMBRO DE 2014 . ANO 6 . Nº 1.309 . R$ 3,00 Famílias se retraem mais no consumo Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou nova queda na intenção de compras em outubro. Foi o terceiro recuo consecutivo. Os bens duráveis estão no menor patamar da série, iniciada em 2010. P6 Venda da PT servirá para fortalecer a Oi GE dobra aposta no Fundão Ao inaugurar sua unidade no Parque Tecnológico da UFRJ, no qual foram investidos R$ 500 milhões, a empresa anunciou que vai destinar a mesma quantia para aumentar a capacidade de pesquisa até 2020. P11 Presidente interino da brasileira, Bayard Gontijo disse que recursos provenientes dos ativos da PT Portugal servirão para a empresa se consolidar no mercado ou reduzir dívida. P10 Arthur Seixas/ Divulgação Exportação de sucata dispara com crise na indústria siderúrgica Segundo maior exportador mundial de minério de ferro, o Brasil vê as vendas de sucata crescerem, em mais um indicador do processo de desindustrialização do país. Por falta de demanda interna, a exportação de rejeitos de aço atingiu níveis recordes nos últimos três meses: em setembro, foram 87,4 mil toneladas, o maior volume histórico. O material é vendido para reciclagem em alto-fornos asiáticos.O cenário para 2015 não é melhor. P4e5 JULIO GOMES DE ALMEIDA Os dados de exportação provam que a indústria perdeu competitividade. P7 OCTÁVIO COSTA A esquerda chora a perda de um filósofo brasileiro e um marquês português. P32 FLORÊNCIA COSTA China investirá US$ 40 bi na nova rota da seda, cujo centro é a cidade de Horgos. P25 ESTILO S/A A estilista Marta Reis lança biquínis e maiôs com pedras semipreciosas brasileiras. P26 2 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 MOSAICO POLÍTICO GILBERTO NASCIMENTO [email protected] COM LEONARDO FUHRMANN CASAL PROPÔS ‘VOLTA LULA’ “ Se não houver um dilúvio, vai faltar água. A falta com a verdade do governo para enfrentar a crise joga com otimismo para chuvas futuras” E Divulgação Embora engajada no “Volta Lula”, a ministra mostrava-se distante do PT, desde a indicação de Fernando Haddad para concorrer à Prefeitura de São Paulo, em 2012. Ela queria ser candidata e relutou em apoiá-lo. O relacionamento de Marta com a presidenta Dilma azedou de vez, em maio, com o jantar oferecido para a ministra e Lula por Eleonora e Ivo Rosset, na residência do casal de empresários no Jardim Europa (região nobre de São Paulo). Foram convidados empresários e artistas como Camila Pitanga, Bruna Lombardi, Carlos Alberto Ricelli, João Carlos Martins e Carlinhos Brown, entre outros. Na campanha de Dilma, uma de suas poucas participações foi no evento com artistas na PUC-SP, quando chegou atrasada. Ela bateu boca com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, em uma carreata da campanha na zona sul. Brizza Calvalcante/Ag Camara m um evento social em abril deste ano, em São Paulo, o empresário Marcio Toledo, ex-presidente do Jockey Club de São Paulo e marido da ex-ministra Marta Suplicy, defendeu, em conversa com um representante do PT, o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à Presidência da República. Naquele momento, Marta e Marcio, segundo petistas, estavam convencidos de que o ex-presidente deveria substituir Dilma Rousseff na campanha. E fomentavam o “Volta Lula”. Marta avaliava, de acordo com o interlocutor, que Dilma não teria chances na disputa contra os candidatos do PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos (depois substituído por Marina Silva). O casal teria deixado clara sua afinidade cada vez maior com o vice-presidente da República, Michel Temer. Guilherme Campos Deputado federal (PSD-SP), sobre a reação do governo paulista à crise hídrica no Estado Mudança de calendário O Brasil pode vir a ter um novo feriado a partir de 2015. O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro apenas em algumas cidades, poderá ser estendido para todo país. Projeto do deputado Renato Simões (PT) que torna o feriado nacional foi aprovado anteontem, por unanimidade, na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. Agora, a proposta passará pelas comissões de Direitos Humanos, Constituição e Justiça e Cidadania. Sem necessidade de ordem judicial Abre-alas Opções à seca Olho no petróleo A eventual ida de Marta Suplicy para o PMDB, com o intuito de disputar a eleição de 2016, pode ajudar nos planos de Michel Temer. Contribuiria na ascensão política de sua filha mais velha, Luciana. Atualmente, ela é secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da gestão Haddad. Executivos de sete grandes empresas americanas do setor energético estão no Brasil, trazidos pela AmCham Rio e Brazil-U.S. Business Council. O grupo está interessado em saber como o governo brasileiro vai diversificar a matriz elétrica por conta da seca que afeta as hidrelétricas. A expectativa da comitiva é pela ampliação do gás natural, energia nuclear e fontes alternativas. Os movimentos do setor de petróleo também estão na mira do grupo, atento à evolução das normas de conteúdo local e à discussão sobre o papel da Petrobras como operador único do pré-sal. FALE CONOSCO Divulgação Militantes da internet estão se mobilizando contra o projeto de lei 5937/13, do deputado federal Major Fábio (Pros-PB), em tramitação no Congresso Nacional. A proposta obriga os provedores a retirar do ar, sem necessidade de ordem judicial, conteúdo divulgado sem autorização prévia e expressa do autor. Para eles, o projeto aumenta a possibilidade de censura à internet. O autor considera a medida importante para proteger os direitos autorais na rede. E-mail: [email protected] Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar, CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ). As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br Atitudes devem inspirar no momento de crise Profissionalismo está em falta no mercado brasileiro Cobrança indevida é claro desrespeito ao consumidor Nesse momento da crise do abastecimento, as empresas deveriam divulgar suas práticas para economia de água e energia. Desta forma, estas ações poderiam servir como inspiração e serem replicadas. Não dá para ficar esperando uma solução que caia céu. Muito menos por parte do governo, que continua negando a gravidade da situação. Consideração e comprometimento não são o forte dos prestadores de serviço no Brasil. Marcar e levar furo é um péssimo hábito. Quando o cliente agenda uma entrega ou visita de um profissional, o que se espera é que a pessoa cumpra o compromisso porque invariavelmente temos que estar em casa à disposição do evento. Cobrança indevida é uma praga na vida dos brasileiros. Como uma empresa acha que pode incluir um novo serviço ou produto em nossas faturas sem pedir autorização prévia? Isso só prejudica o relacionamento com o cliente, que vai perder seu tempo precioso para desfazer o erro. Ainda vem a dor de cabeça para estornar os valores. Adriano Campos Berenice Souza Sonia Palhares Rio de Janeiro, RJ São Paulo, SP Rio de Janeiro, RJ INDICADORES A expectativa pelo nome que irá assumir o ministério da Fazenda deu o tom aos negócios no pregão de ontem. O Ibovespa terminou o dia em queda de 2,14%, aos 51.846 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,9 bilhões. TAXAS DE CÂMBIO ▲ Dólar comercial (R$ / US$) COMPRA VENDA 2,5930 2,5948 ▲ Euro (R$ / E) 3,2348 3,2373 JUROS ■ Selic (ao ano) META EFETIVA 11,25% 11,15% BOLSAS ▼ Bovespa - São Paulo ▲ Dow Jones - Nova York ▲ FTSE 100 - Londres VAR. % ÍNDICES 2,14 51.846,04 0,25 17.655,57 0,37 6.635,45 Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 3 ▲ BRASIL Divulgação ABASTECIMENTO DE ÁGUA ANA aconselha racionamento para SP O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu Guillo, disse ontem que as obras em andamento não resolvem a falta de água em São Paulo. No curto prazo, disse, só chuvas e medidas restritivas, como racionamento, podem resolver o problema. Para Guillo, dizer que uma obra é a solução é tirar o foco, “pois as obras precisam de dois ou mais anos para entrar em funcionamento”. ABr Editor: Paulo Henrique de Noronha [email protected] José Cruz/ABr Edla Lula [email protected] Brasília Ainda que consiga aprovar a alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) — para liberar da meta de superávit primário o abatimento integral dos gastos com investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações — o governo não deixará de pagar o preço político no processo de votação. Para facilitar o diálogo com a oposição, o governo decidiu, ontem à noite, retirar o pedido de tramitação em regime de urgência constitucional do projeto que modifica a meta do superávit. A alteração estava prevista para sair hoje no Diário Oficial da União. O pedido de urgência era uma pedra para as negociações, que ganharam status de moeda de troca nos bastidores diante da iminente construção do novo ministério de Dilma. Além de ter que lidar com a aprovação do projeto, o governo terá pela frente que ceder, também, na discussão de várias matérias em tramitação. Antes de analisar a alteração na meta, o Congresso precisa votar os vetos presidenciais que trancam a pauta desde agosto. O mais polêmico é o que cria novos municípios e foi vetado duas vezes pela presidenta Dilma Rousseff. Líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE) admitiu que o veto poderá ser derrubado já na terça-feira. “Está sendo construído um acordo entre as lideranças da Câmara e do Senado para a derrubada”, antecipou Pimentel. O veto da presidenta ao segundo projeto já vinha sendo contestado até mesmo por integrantes do partido do governo, como o senador Aníbal Diniz (PT-AC). Outra pressão se concentra na alteração do indexador da dívida de estados e municípios. Aprovada na semana passada, a troca do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no cálculo do pagamento da dívida ainda aguarda sanção presidencial. Como ao longo das discussões o governo vinha recusando o dispositivo, incluído pelo Congresso no projeto, que retroage o cálculo para os anos anteriores a 2014, os parlamentares querem do governo a garantia de que a presidenta não vetará o item. “Precisamos ter essas garantias”, enfatizou a senadora Ana Amélia (PP-RS), cujo partido integra a base aliada. Ela fez ainda coro às críticas da oposição contra o projeto do governo para a garantia de superávit. “Poderia ter sido muito mais conveniente ao governo, porque ganharia mais credibilidade, reconhecer a realidade dos fatos e não maquiar a contabi- Mercadante, da Casa Civil, garantiu que o governo não vai abrir mão de esforços “para fazer o maior superávit primário possível” Governo recua para mudar LDO Diante de clima hostil no Congresso, Presidência volta atrás e retira pedido de tramitação em regime de urgência constitucional do projeto que altera a meta do superávit primário “ O governo quer dialogar também com a oposição, já que o Brasil está, nesse momento, propondo uma mudança no superávit, que não significa, em nenhuma hipótese, déficit” Ricardo Berzoini Ministro das Relações Institucionais lidade”, disparou a senadora, diretamente da tribuna do Senado. Com discurso harmonizado, os ministros Aloízio Mercadante, da Casa Civil, e Ricardo Berzoini, das Relações Institucionais, garantiram que o governo não encerrará o ano com déficit nas contas públicas. “O governo vai fazer o maior superávit primário possível. Esta discussão é totalmente transparente, os dados são auditados e totalmente explicitados”, disse Mercadante. O país acumula, até setembro, déficit de R$ 20,7 bilhões nas contas públicas. “Não é o melhor para o Brasil, nem para nenhuma economia desenvolvida do mundo hoje, aumentar impostos e cortar investimentos, porque isso levará o país à recessão e ao desemprego”, apelou Mercadante. Segundo Berzoini, além dos entendimentos já encabeçados pelo vice-presidente Michel Temer para convencer os aliados, o governo procurará a oposição para aprovar a matéria. “O governo quer dialogar também com a oposição, já que o Brasil está, nesse momento, propondo uma mudança no superávit, que não significa, em nenhuma hipótese, déficit. Estamos trabalhando para ter um superávit adequado à conjuntura econômica internacional”, afirmou. Ontem, ao longo do dia, a oposição se mobilizou para impedir que a votação da meta do superávit ocorresse em regime de urgência, como pretendia o governo. “Vamos levar o debate ao limite”, declarou o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN). Já o PSDB, ameaçava até entrar com pedido de mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Unida para impedir que a votação da proposta ocorresse em regime de urgência, a oposição se mobilizou ontem. O PSDB até planejou entrar com pedido de mandado de segurança hoje no STF 4 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 ▲ BRASIL Exportação de sucata dispara com a crise Por falta de clientes no país, vendas externas atingiram níveis recordes nos últimos meses. Em outubro, alta foi de 50% Nicola Pamplona [email protected] A crise na siderurgia brasileira chegou ao setor de reciclagem de aço, que vem buscando o mercado internacional como alternativa à escassez de clientes no Brasil. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de sucata ferrosa dispararam nos últimos três meses, atingindo o volume recorde de 87,4 mil toneladas em setembro, volume 90% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Em outubro, foram 76 mil toneladas, alta de 50% na mesma base de comparação. As exportações de aço, por outro lado, vêm registrando queda no ano. “A baixa demanda por parte de produtos longos da siderurgia, que são os principais consumidores de sucata, acarretou queda na demanda e, consequentemente, acarretou queda nos preços”, diz Marcos Fonseca, presidente do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa). O cenário de crise se intensificou a partir de junho, diz o executivo, com a desaceleração do segmento de construção civil, que vinha mantendo a demanda por aços longos no país, agravando uma situação que já era ruim entre os produtores de aços planos — impactados pela retração da indústria automobilística. “No segundo semestre, a Usiminas e a CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) praticamente não compraram sucata. A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) comprou muito pouco”, conta Fonseca. Recolhida em indústrias que têm o aço como insumo e entre rejeitos de eletrodomésticos, a sucata ferrosa é processada por empresas especializadas e revendida a siderúrgicas para a produção de aço em alto-fornos elétricos. Com o crescimento da ren- EXPORTAÇÃO DE SUCATA 87,4 PESO LÍQUIDO (Milhares de toneladas) 76,0 23,9 41,1 JAN/ 2014 FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT EM TRÊS ANOS (Milhares de toneladas) OUT/2012 OUT/2013 45,7 50,8 76,0 OUT/2014 Fonte: Instituto Nacional das Empresas de Sucata Ferrosa (Inesfa) da, a geração de sucata ferrosa tem crescido de forma acelerada no Brasil nos últimos anos. Em 2012, último dado disponível, a geração de sucata ferrosa no Brasil atingiu 2,86 milhões de toneladas — quase 30% a mais do que em 2009, ano em que foram iniciadas as exportações do segmento. Embora menos lucrativa, a opção pelo mercado internacional foi a alternativa encontrada pelas empresas do segmento para driblar a crise do setor siderúrgico, provocada pela retração na demanda global após a crise financeira de 2008 e agravada pela perda de competitividade da produção nacional com relação aos concorrentes internacionais. Entre janeiro e setembro deste ano, por exemplo, a produção nacional de aço bruto caiu 1,3%, mantendo tendência de retração verificada desde o início da década. Já a produção de laminados teve queda de 5%, segundo dados do Instituto Aço Brasil. As exportações são menos lucrativas, mas vêm sendo encaradas pelas empresas do setor como saída para evitar acúmulo de estoques. “Ainda bem que temos as exportações”, diz Valentin Aparicio Escamilla, proprietário da empresa Apariciofer. “De 2009 para cá, saíram do país cerca de 1,7 milhão de toneladas. Se não fosse o mercado externo, esse volume de sucata ficaria jogado por aí”, comenta. Segundo ele, a participação da chamada sucata de obsolescência, que identifica os rejeitos gerados pela substituição de eletrodomésticos, hoje é responsável por 46% da geração de sucata ferrosa no país — o restante representa a sucata industrial. O preço de venda no mercado externo, porém, tem um desá- Consumidora de sucata, a siderurgia brasileira está estagnada desde 2010 Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 5 Divulgação PLANOS DE SAÚDE Médicos paulistas cruzam os braços Médicos suspendem hoje o atendimento a dez planos de saúde no estado de São Paulo. A Associação Paulista de Medicina orientou ao atendimento só de emergência, urgência ou cirurgias agendadas via Intermédica, GreenLine, NotreDame, Ameplan, CET, Correios, Cruz Azul, Economus, Trasmontano Saúde e Classes Laboriosas. O protesto é pela falta de proposta de reajuste nos procedimentos. ABr Douglas Engle/Bloomberg “ Ainda bem que temos as exportações. De 2009 para cá, saíram do país cerca de 1,7 milhões de toneladas. Se não fosse o mercado externo, esse volume de sucata ficaria jogado por aí” Aparício Valentim Proprietário da Apariciofer gio de R$ 100 por tonelada, referente aos custos logísticos para transportar o produto. Segundo a Inesfa, os principais mercados para a sucata brasileira são Indonésia, Índia, Coreia do Sul, Paquistão, Vietnã e Bangladesh. Maior importador mundial, a Turquia recebe apenas o produto em navios — as exportações brasileiras são feitas em contêineres, por falta de estrutura nos portos. “Este é um dos entraves do setor: não temos estrutura portuária. Os portos que têm espaço são mais distantes e o frete rodoviário inviabiliza seu uso”, afirma Fonseca. A expectativa do segmento é que 2015 mantenha o mesmo ritmo deste segundo semestre, com baixa demanda interna e dificuldades no setor siderúrgico. “Se não vier alguma medida por parte do governo para desonerar se- tor siderúrgico, o cenário deve se manter. Até porque, vamos ter aumento no custo de energia elétrica, que é um consumível importante para a siderurgia”, comenta o executivo. Clientes e fornecedores andaram em pé de guerra no início da década, quando as siderúrgicas começaram a questionar as exportações brasileiras de sucata, alegando que se destinavam a países com restrições às vendas externas dos mesmos produtos. O tema saiu da pauta do setor siderúrgico que, em agosto, durante o 25º Congresso Brasileiro do Aço, elencou uma série de desafios e propostas para lidar com o “persistente processo de desindustrialização no país e com o aumento expressivo das importações de aço e de bens intensivos em aço”. “Para a solução estrutural desses problemas, é necessária a correção efetiva das assimetrias competitivas apontadas, ajuste cambial, o aumento significativo dos investimentos do país, particularmente em projetos de infraestrutura, o que se espera possa ser implementado ao longo dos próximos anos”, diz carta divulgada pelo setor ao final do encontro. No curto prazo, pedem medidas como um programa de renovação da frota de caminhões, a revisão dos regimes especiais de importação e a efetiva implementação das normas de conteúdo local, entre outras medidas. “A indústria do aço vem perdendo competitividade nos mercados interno e externo, devido ao câmbio sobrevalorizado, carga tributária elevada e cumulatividade de impostos, deficiências de infraestrutura e logística precárias e onerosas, aumento dos custos de energia e da mão de obra, entre outros”, conclui o texto. A expectativa do segmento de sucata é que 2015 mantenha o mesmo ritmo deste segundo semestre, com baixa demanda interna e dificuldades no setor siderúrgico Energia: país terá que aumentar uso de outras fontes Capacidade das usinas hidrelétricas deverá se esgotar ao longo da próxima década Sonia Filgueiras [email protected] Brasília O Brasil será obrigado a expandir a produção de energia a partir de outras fontes, além da hidrelétrica, para atender à demanda projetada até 2050. O secretário de Planejamento e Desenvolvimento do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, afirmou ontem que na lista de alternativas estão fontes como a energia nuclear, o carvão mineral e especialmente o gás natural. Segundo o secretário, a capacidade de elevação da produção de energia hidrelétrica se esgotará ao longo da próxima década. Além da limitação na oferta de energia hídrica, o quadro é de expansão do consumo de eletricidade. De acordo com os cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda total por energia (incluindo suas várias fontes, como petróleo, carvão, gás, álcool, hidrelétrica e eólica) mais que dobrará até 2050. No caso específico da energia elétrica, a demanda triplicará no período. E a demanda o gás natural, visto como um insumo estratégico, “mais que triplicará”, com destaque para o consumo residencial e industrial, que deverão apresentar taxas de expansão de 7,1% e 4,2% ao ano, respectivamente. Ventura prevê a construção de quatro a seis usinas nucleares nas próximas décadas, a construção de usinas de energia elétrica baseadas em carvão para atender à Região Sul, onde há jazidas do mineral, mas, no caso do gás, há ainda um obstáculo: o elevado preço de produção no Brasil, na casa de US$ 12 por milhão de BTUs (British Thermal Unit). O setor petrolífero brasileiro terá que expandir sua produção e eficiência até chegar a um patamar entre US$ 7 e US$ 8 por milhão de BTUs. “Mas o Brasil vai encontrar gás, gás associado ao pré-sal”, afirmou Ventura. De qualquer forma, segundo ele, será necessário investir na indústria de produção de gás de forma a torná-la competitiva em relação ao mercado internacional. “Havendo gás — e é possível haver essa oferta — poderemos fazer um programa de expansão”, afirmou. Segundo ele, seria possível expandir a produção de energia elétrica a partir do gás em 10 mil megawatts, o equivalente a dez usinas do porte da Termorio. De acordo com a EPE, haverá uma crescente penetração do gás natural na matriz energética brasileira, deslocando o consumo de derivados de petróleo na indústria e nas residências (óleo combustível e GLP, principalmente) até 2050. Há também a expectativa de elevação da eficiência da produção e do consumo de energia, o que fará com que a demanda cresça abaixo do PIB. A EPE usou como referência um cenário econômico em que o consumo final de energia crescerá a um ritmo de 2,2% ao ano, contra uma expansão de 3,6% do PIB, ao ano. Essa expansão do PIB integra um cenário de crescimento econômica médio, que já teve, em outros planos, o apelido de “surfando na marola”. As projeções da empresa estão nos estudos do Plano Nacional de Energia 2050, em fase final de elaboração. Ontem, governo e representantes dos setores intensivos no consumo de energia debateram os cenários socioeconômicos e de demanda da estatal. Ainda de acordo com a EPE, o consumo residencial subirá de 24 milhões de TEPs (toneladas equivalentes de petróleo), em 2013, a 44 milhões em 2050 (1,7 % a.a.), e a frota de veículos leves triplicará. Segundo a EPE, haverá crescente penetração do gás natural na matriz energética, deslocando o consumo de derivados de petróleo na indústria e nas residências até 2050 6 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Divulgação ▲ BRASIL INDÚSTRIA São Paulo fecha 51 mil vagas em 2014 A indústria paulista demitiu 51 mil trabalhadores de janeiro a outubro deste ano, divulgou ontem a Fiesp. Em outubro foram fechadas 12,5 mil vagas, uma queda de 0,37% ante setembro. A indústria sucroalcooleira foi responsável por um terço das demissões, com a extinção de 4.054 vagas. Dos 22 setores pesquisados, 14 demitiram, seis contrataram e dois mantiveram o quadro de funcionários. ABr Ernesto Carriço Aline Salgado [email protected] A nova subida da Taxa Selic, agora em 11,25%, aprofunda o clima nada confortável do varejo. Além do financiamento mais curto, os consumidores têm pouco alívio no bolso diante de juros mais elevados no crédito pessoal, que giram em 42,8% ao ano, segundo dados de setembro do Banco Central. Com menos dinheiro disponível, o movimento nas lojas tende a ser ainda menor. É o que antecipa a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que constatou queda de 0,8% — 120,6 pontos — na Intenção de Consumo das Famílias brasileiras no mês, em comparação com outubro. Segundo a CNC, esta é a terceira queda consecutiva no indicador. A compra de bens duráveis é um dos itens que perdeu prioridade nos planos de compra dos consumidores. Alcançou o patamar mais baixo da série histórica, iniciada em 2010, e registra retração de 3,0%, na comparação mensal e de 15,4%, na comparação com novembro do ano passado. Nas famílias com renda até 10 salários mínimos, a queda na intenção de compra de duráveis foi de 2,9% na comparação mensal, enquanto aquelas com renda acima de 10 salários mínimos registraram queda de 3,5%. Para o economista da CNC Bruno Fernandes, esse cenário é reflexo direto do crédito mais caro e restrito, bem como da inflação mais alta No ano, as vendas de móveis e eletrodomésticos cresceram apenas 1,5%, e as de carros e motos caíram 9,8%, segundo dados do IBGE Juros em alta afastam consumidor das lojas Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) revela nova queda na intenção de compra das famílias. Bens duráveis estão no menor patamar da série, iniciada em 2010 A inflação dos bens duráveis, segundo dados do IBGE, está quase no mesmo patamar do IPCA, com alta no acumulado do ano de 3,28% que, associados, vêm freando o consumo no país. Segundo cálculos da CNC, com base nos dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação dos bens duráveis chega, no acumulado do ano até outubro, a 3,28%. Já o IPCA está em 5,05%. “Os consumidores esbarram hoje não só na menor facilidade do crédito, como também nos preços mais altos dos bens duráveis. A subida do dólar deixou os produtos mais caros”, avalia Fernandes. “Soma-se a isso o movimento de compra antecipada com o ‘efeito IPI’ (Imposto sobre Produtos Industrializados). O corte do imposto levou muitas famílias a renovarem seus bens e agora muitos já não veem necessidade de comprar”, pontua. INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS Indicador de base 100 130,97 128,44 121,94 120,44 120,58 NOV/ DEZ JAN/ FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV 2013 2014 Fonte: CNC Hoje, o IBGE divulga os resultados da Pesquisa Mensal de Comércio, referente ainda a setembro, e que deve trazer números mais animadores. Isso porque, no mês da pesquisa, o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio registrou avanço de 0,9%. Já em outubro, o movimento nas lojas fi- cou estável, com leve alta de 0,1%, segundo a Serasa Experian. Em agosto, o varejo restrito teve crescimento de 1,1% nas vendas, de acordo com o IBGE. No ano, a expansão está em 2,9%. Para a CNC, a tendência é a de que o comércio siga para 2015 mantendo resultados mornos. Índice Cielo indica expansão de 3,7% nas vendas em outubro O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) apontou que a receita de vendas do comércio do país cresceu 3,7% no mês de outubro, descontada a inflação, na comparação com outubro de 2013. Já o indicador de receita nominal cresceu 10,1%, na mesma base de comparação. De acordo com o Departamento de Inteligência da Cielo, o resultado foi impactado positivamente pelo calendário do mês, visto que outubro contou com uma sexta-feira a mais, dia em que há mais movimento no comércio. O feriado do dia 12 de outubro, que caiu no domingo, também teria contribuído positivamente para alavancar as vendas. Segundo a instituição, sem os efeitos de calendário, o índice deflacionado teria apontado um crescimento de 2,1% para o varejo brasileiro em outubro, 1,6 ponto percentual a menos do que o registrado de fato. A melhora do movimento nas lojas também foi observada no comportamento da receita nominal. Houve uma expansão de 8,4% nos ganhos dos comerciantes no mês, frente aos 9,5% de setembro — ambos com desconto dos efeitos de calendário. Os setores de alimentação (bares e restaurantes) e supermercados e hipermercados foram os grandes responsáveis pela alta do mês. Na outra ponta, agências e operadores de viagens e companhias aéreas tiveram desaceleração e contribuíram negativamente para o ICVA de outubro. O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do desempenho do varejo brasileiro com base em um grupo de 1,5 milhão de pontos de venda e 24 setores, que são mapeados pela Cielo e inclui de pequenos lojistas a grandes varejistas. AS Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 7 SINTONIA FINA JULIO GOMES DE ALMEIDA [email protected] A CRISE DA EXPORTAÇÃO Editoria de Arte O ano de 2014 chamou a atenção para a crise vivida pela exportação brasileira. Seu desempenho pífio, que sequer é capaz de cobrir as importações — que também regridem devido à crise da economia — ocasiona um déficit comercial que não ajuda, pelo contrário, em moderar o já elevado déficit em transações correntes das contas externas do país. Duas características centrais devem ser destacadas na análise do problema. Primeiro, ele não é tão recente como fazem crer as avaliações dos analistas. Segundo, a crise é geral, no sentido de que é abrangente do ponto de vista dos macrossetores econômicos ou dos subsetores industriais. Com dados para os três primeiros trimestres desse ano, em uma classificação de bens que segue metodologia da OCDE, é possível constatar que o mau resultado exportador de 2014 — queda de 2,2% com relação ao ano anterior — seguiu outro ano adverso, que foi 2013 (-1,7%) que, por seu turno, foi precedido do terceiro resultado negativo consecutivo, -4,9%. Portanto, a questão não é nova e sim já se prolonga por um triênio, sem, no entanto, ter tido o impacto que merecia. Convém ainda observar que as quedas ocorreram após dois anos de intenso crescimento em 2010/2011 (da ordem de 30% em cada um) após a grande retração de 2009, devido à crise mundial. Fora isso, o último ano que registrou retração das vendas externas foi 2002: -1,9%. Do ponto de vista dos macrossetores, a exportação de bens típicos da indústria de transformação teve declínio de 4,2% em 2014 e de 3% como média anual do período 2012/2014. Produtos primários, representando os segmentos da agropecuária e da extrativa mineral, tiveram leve alta em 2014, 0,7%, mas no último triênio sofreram queda quase equivalente aos produtos industriais: -2,9%. As evidências mostram que o adverso período exportador brasileiro afetou na mesma intensidade produtos industriais e produtos primários, certamente devido a causas distintas. No primeiro caso, uma acirrada concorrência externa, aliada a uma falta de competitividade que é generalizada na economia brasileira, respondem destacadamente. No segundo caso, a queda de preços das commodities exportadas pelo Brasil, motivadas pelo baixo crescimento das economias centrais e pela recente desaceleração da economia chinesa, são os fatores mais importantes. Vale dizer, as causas combinam fatores externos e internos no caso de produtos industriais e apenas fatores externos no caso dos produtos primários. A maioria dos 18 ramos em que os produtos industriais são Evidências mostram que o adverso período exportador brasileiro afetou na mesma intensidade produtos industriais e produtos primários, certamente devido a causas distintas classificados sofreu queda na média do último triênio, num total de 12. Em bens de alta tecnologia, somente a Aeronáutica obteve avanço, média de 10% no período em foco. Em todos os demais houve retração, especialmente em Equipamentos de rádio, TV e comunicação e Material de escritório e informática, cujas taxas de declínio foram muito expressivas, respectivamente, 22% e 9,5%. Também regrediram Instrumentos médicos e de precisão e Indústria farmacêutica. No setor de alta tecnologia como um todo, o peso da Indústria aeronáutica se impõe, de forma a gerar uma variação média anual pequena, porém positiva, 0,7%. Na média-alta tecnologia foi onde o declínio se deu de forma mais intensa, -6% em média por ano, com todos os setores tendo desempenho adverso, com grande destaque para Veículos, Produtos químicos e Bens de capital mecânicos e elétricos. Média-baixa intensidade tecnológica teve redução mais moderada, 2,5% em média, em grande parte pelo efeito amortece- Os dados de exportação provam que não há como negar a generalizada perda de competitividade da indústria brasileira no período recente dor das exportações (em sua maioria fictícias) de embarcações. Quedas expressivas se deram em Produtos metálicos (aço é um destaque), Borrachas e plásticos e Derivados do petróleo. Finalmente, na indústria de baixa tecnologia, onde é ampla a fronteira com o agronegócio, a exportação cedeu em média entre 2012 e 2014, 1,9% ao ano. O retrocesso foi mais intenso em Alimentos (-3%), mas em Papel e celulose e em Têxteis, couros e calçados as exportações cresceram, 0,8% no primeiro caso e 2,5% no segundo. Os dados de exportação provam que não há como negar a generalizada perda de competitividade da indústria brasileira no período recente. Coluna publicada às sextas-feiras *Julio Gomes de Almeida, Professor do Instituto de Economia da Unicamp e Ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda 8 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Divulgação ▲ BRASIL PRÉ-SAL ANP e MME preparam resposta ao TCU A Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Ministério de Minas e Energia (MME) estão trabalhando em conjunto para esclarecer dúvidas do TCU sobre a contratação direta da Petrobras para a exploração dos volumes excedentes da cessão onerosa, no pré-sal. O TCU decidiu que o MME só dê prosseguimento à contratação da Petrobras após o aprimoramento de estudos técnicos. Reuters O setor produtivo deve contratar 163,6 mil trabalhadores temporários para atender à demanda de fim de ano: 30% são destinados à indústria, e os 70% restantes, para o comércio NATAL MAGRINHO EXPECTATIVA DOS CONSUMIDORES EM RELAÇÃO A 2013 NATAL TRAZ ALGUM ÂNIMO Índice de confiança melhorou em alguns setores Pretendem gastar menos Outubro ante mês anterior (%) 46% Indústria Gastarão o mesmo 40% Serviços Acham que a situação financeira da família melhorou 1,8% 1,2% ABERTA TEMPORADA DE CAÇA TALENTOS Trabalho temporário 163,6 mil temporários (1% mais sobre 2013) Comércio Indústria Comércio 53% SETOR -8,7% 70% 30% SITUAÇÃO ECONÔMICA Pretendem quitar dívidas 35% PERFIL 65% entre 18 e 39 70% entre 18 e 65 SALÁRIO MÉDIO 1.298 1.024 Pretendem poupar Idade em anos 31% Pretendem gastar com compras 24% HÁBITOS DE CONSUMO R$ Pretendem antecipar as compras para novembro 43% Pagarão com cartão de crédito 68% Usarão cartão de débito 47% R$ 61 valor médio por presente Fonte: Deloitte e Ibre/FGV Brasileiro vai gastar menos com presentes Indústria e comércio se preparam para um Natal de vendas magras. Pesquisa aponta que mais brasileiros pretendem reduzir as compras de presentes de fim de ano e poupar o 13º Patrícia Büll [email protected] São Paulo Estoque excessivo no comércio, queda da confiança do empresário da indústria e indefinição sobre os rumos da economia apontam para um Natal mais modesto neste ano. Pesquisa realizada pela consultoria Deloitte mostra que 46% dos entrevistados pretendem gastar menos do que no ano passado, e 40% disseram que gastarão o mesmo que em 2013. Segundo Reynaldo Saad, sóciolíder da Deloitte para o Atendimento de Consumo e Varejo, os dados da pesquisa refletem a percepção da população sobre a economia no país — que, para 64% dos pesquisados, encontra-se em estagnação ou declínio. “Prevendo que o cenário deve se manter desaquecido, ou até passar por algum ajuste mais severo, os brasileiros estão mais prudentes em relação aos gastos. Essa precaução tem muito a ver com o momento que o país vive”, diz Saad. Tanto é assim que, quando questionados sobre o destino do 13º salário, a maioria dos pesquisados apontou que pretende quitar dívidas (35%) ou poupar (31%), contra 24% que pretendem gastar com compras. Para Saad, esse resultado mostra que o brasileiro está atingindo uma maior maturidade financeira a cada ano. Um dado inédito apontado pelo executivo é que 43% dos entrevistados pretendem antecipar as compras para novembro — o maior índice já indicado para este mês, na série de cinco anos da pesquisa. “Este novo momento de compra é um dado muito importante para que os varejistas estejam preparados para atender aos consumidores, tanto no nível de estoques quanto na qualidade da prestação dos serviços”, comenta Saad. Entretanto, estoque foi um dos itens que derrubou a confiança do empresário do comércio para os próximos meses. Segundo o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Ser- “ Prevendo um cenário desaquecido, ou até de algum ajuste mais severo, os brasileiros estão mais prudentes em relação aos gastos. Isso tem muito a ver com o momento que o país vive” Reynaldo Saad Sócio-líder da Deloitte viços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, os empresários avaliaram de forma negativa o nível de estoques para o fim de ano. Com isso, o nível de confiança recuou 1,6% em outubro ante setembro. O resultado, de acordo com Bentes, afasta a percepção de retomada no nível de atividade do comércio, pelo menos no curto prazo. Tanto é assim que a CNC projeta crescimento de 2,6% nas vendas de Natal, abaixo do 3% projetado anteriormente. A menor intenção de elevar estoques afeta diretamente a indústria. Não por acaso, foi esse indicador também que, em outubro, exerceu a maior influência negativa no Índice de Confiança da Indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com queda de 2,1% sobre o mês anterior, para 85,5 pontos, o indicador que mede a situação atual atingiu o menor nível desde março de 2009 (84,5). Houve aumento da proporção de empresas que se consideram com estoques excessivos, de 14,1% para 14,6%, e diminui- ção da parcela de empresas com estoques insuficientes, de 1,4% para 0,1%. Apesar disso, a indústria conseguiu dar um respiro em setembro, com aumento do faturamento e das horas trabalhadas. “O final de ano tradicionalmente tem melhora de demanda e a produção aumenta para atender esse crescimento”, diz o economista chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Para ele, a melhora está mais ligada aos fatores sazonais, justamente as festas de fim de ano, do que a uma tendência de recuperação. Projeção é contratar 1% mais de trabalhadores temporários Repetindo o que ocorre nesta época do ano, também em 2014 haverá contratação de temporários. A expectativa do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sindeprestem) é de um crescimento de 1% ante 2013, para 163,6 mil trabalhadores temporários, divididos entre indústria (30% do total) e comércio (70% do total). A Ofner faz parte desse grupo. Para atender o aumento da demanhda prevista, a confeitaria paulista contratou 240 funcionários temporários distribuídos entre a fábrica em Socorro (SP) e suas 23 lojas. A rede espera superar as vendas de panetones do ano passado. Em 2013, foram fabricadas 400 toneladas do produto natalino, divididas entre as lojas da rede e terceiros. Para este ano, a Ofner se prepara para ampliar a produção total para 700 toneladas. Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 9 Divulgação OBITUÁRIO A poesia perde Manoel de Barros O poeta cuiabano Manoel de Barros, um dos maiores nomes da literatura nacional e ganhador de vários prêmios literários, morreu ontem em Campo Grande (MS). Ele estava internado desde o dia 24, no Hospital Proncor, da capital sul-mato-grossense, devido a uma obstrução intestinal. Seu primeiro livro, intitulado “Poemas”, foi publicado em 1937, quando tinha apenas 21 anos. ABr Migração haitiana avança no Sul Imigrantes traçam um novo perfil de ocupação estrangeira na região, estabelecendo fluxo permanente no país Patrycia Monteiro Rizzotto [email protected] São Paulo Os trabalhadores haitianos formam o contingente de mão de obra estrangeira legalizada que mais cresceu no país nos últimos quatro anos, segundo levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Presença tímida no território nacional em 2011, com apenas 814 pessoas, hoje os imigrantes da República do Haiti já chegam 38 mil, sendo que 60% deles se estabeleceram na região Sul, traçando um novo perfil da imigração local antes dominada por europeus, vindos da zonas rurais do Velho Continente. “Trata-se de um novo perfil que aos poucos vem transformando a cultura e os costumes do Sul. Em um primeiro momento houve uma resistência a eles, mas na medida em que as empresas da região passaram a absorver e formalizar esses trabalhadores, a comunidade passou a ter uma acolhida positiva”, afirma o cientista social Jurandir Zamberlam, do Centro Ítalo de Assistência (Cibai), autor do livro “Os novos rostos da migração”. De acordo com Zamberlam, a maioria dos haitianos se fixaram principalmente no interior dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, onde havia escassez de mão de obra para atuar na construção civil e em fábricas. “Ao contrário dos europeus que se estabeleceram no Sul do Brasil, os haitianos são predominantemente oriundos de áreas urbanas do Haiti e, contrariando o senso comum, muitos têm bom nível de UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 255 - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro/RJ AVISO DE LICITAÇÃO Pregão Eletrônico - SRP Descrição Valor CAMPO OPERATÓRIO, TECIDO 100% ALGODÃO, SIMPLES, COMPRIMENTO 45CM, LARGURA 50CM, TEXTURA 15 FIOS/CM2, ACABAMENTO COM PONTO OVERLOK, COR BRANCA, 4 CAMADAS, R$ 584.064,15 CANTOS ARREDONDADOS, CADARÇO DUPLO MÍNIMO 18CM, SEM FIO RAIOPACO. Nº 020/2014 Data 26/11/14 Hora 10:00 h Edital disponível a partir de 14/11/2014 no COMPRASNET ou junto ao HUCFF-SLC-Pregão, trazendo um CD. Esclarecimentos através do tel. (21) 2562-6297 ou, no que couber, na Almoxarifado Central. Marco Antonio de Souza - Pregoeiro UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 255 - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro/RJ AVISO DE LICITAÇÃO Pregão Eletrônico - SRP Nº 023/2014 Descrição NDICADOR BIOLÓGICO, TIPO TERCEIRA GERAÇÃO, APRESENTAÇÃO AUTOCONTIDO, AMPOLA COM MEIO DE CULTURA, ESPÉCIE BACILLUS STEAROTHERMOPHILLUS, CARACTERÍSTICAS ADICIONAIS RESPOSTA EM 3HS, APLICAÇÃO PARA ESTERELIZAÇÃO A VAPOR , COMPONENTES ADICIONAIS COM INDICADOR QUIÍMICO E CONTROLE DE PROCESSO, ADICIONAIS PACOTE PARA TESTE (PEÇA). Valor Data R$ 170.282,40 28/11/14 Hora 10:00 h Edital disponível a partir de 14/11/2014 no COMPRASNET ou junto ao HUCFF-SLC-Pregão, trazendo um CD. Esclarecimentos através do tel. (21) 2562-6297 ou, no que couber, na Almoxarifado Central. Marco Antonio de Souza - Pregoeiro IPECOL S.A. INDÚSTRIAS GRÁFICAS CNPJ/MF nº 33.074.865/0001-51 ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA - EDITAL DE CONVOCAÇÃO O Diretor Superintendente, no exercício de suas atribuições, convida os senhores acionistas a se reunirem, em Assembleia Geral Ordinária, às 14 horas, do dia 26/11/2014, na sede social, situada, nesta cidade, na Rua Antunes Maciel nº 239, São Cristóvão, para deliberar sobre as seguintes matérias constantes da ordem do dia: a) Prestação de contas, aprovação do Balanço Patrimonial e Demonstrações contábeis dos Exercícios de 2011, 2012 e 2013; b) Destinação dos Resultados dos Exercícios Financeiros; e c) Eleição da Diretoria. Rio de Janeiro, 14/11/2014. Rodrigo Mopir Fonseca dos Santos Diretor superintendente Estudo mostra que 17% dos haitianos residentes no Rio Grande do Sul têm nível superior completo. A maioria é poliglota, sendo que 80% falam francês e 42,8%, espanhol instrução, o que nos leva a crer que está havendo uma fuga de cérebros de lá para cá desde que o país foi acometido pelo terremoto de 2010”, diz o cientista social. Do total de haitianos que vivem no Rio Grande do Sul, 17% têm nível superior, enquanto 23,8% tem o ensino superior incompleto e 23,8% concluíram o ensino médio. A maioria é poliglota, além do creole (língua nativa do Haiti), 80,9% falam francês, 42,8% espanhol, 25% português e 15,5% falam inglês. Segundo o estudo de Zamberlam, 70,2% dos haitianos que vivem no Rio Grande do Sul chegaram no Brasil do ano passado para cá, enquanto 23,8% imigraram em 2012. E 70% do total está em idade produtiva, numa faixa etária entre 18 e 50 anos. “Pouco mais de 25% deles trabalham na indústria, 27% na construção civil e 22% no setor terciário. Eles suprem um demanda de mão de obra operacional que estava escassa no estado. E além do emprego formal, muitos ainda realizam trabalhos extras para incrementar a renda, tendo em vista que mais de 70% deles remetem dinheiro para suas famílias no Haiti.” Para o cientista social, o fluxo de imigração do Haiti para o Brasil se tornará tão permanente quanto o movimento migratório dos mexicanos para os Estados Unidos. “Isso decorre de vários fatores, mas o principal deles se deve ao fato de a economia do Brasil ter se tornado atraente desde que o país passou a integrar o bloco do Brics e pela imagem positiva criada com as ações humanitárias depois da tragédia no Haiti, além do fato de a Europa e os Estados Unidos terem endurecido suas políticas de imigração nos últimos anos”, disse. Para ele o Brasil precisa promover mudanças em sua legislação para garantir trabalho digno e rapidez na concessão de vistos humanitários. 10 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 ▲ EMPRESAS Editora: Flavia Galembeck [email protected] Presidente da Oi afirma que recursos de venda de ativos em Portugal seriam destinados prioritariamente a uma operação de fusão ou aquisição Verba ‘carimbada’ para consolidação Piervi Fonseca Rodrigo Carro [email protected] O CEO interino da Oi, Bayard Gontijo, aproveitou ontem a teleconferência de resultados do terceiro trimestre da companhia para defender a consolidação do setor brasileiro de telecomunicações, com a diminuição do número de operadoras. Em conversa com analistas, o executivo qualificou como “desequilibrada” e “insustentável” a estrutura de mercado atual, que — segundo ele — contribuiria para a redução do retorno ao acionista. Gontijo assegurou que os recursos provenientes de uma possível venda dos ativos da PT Portugal seriam destinados somente a viabilizar esse processo de consolidação ou para diminuir o endividamento da Oi. “O que vemos hoje no setor é uma demanda cada vez mais por tráfego de dados o que implica numa necessidade cada vez maior de investimentos, num mercado competitivo, com importantes players, e, além disso, regulado”, afirmou ele, que acumula também os cargos de diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores. “No nosso entendimento, existe hoje um alinhamento de interesses entre todos os players para que a consolidação aconteça. E é isso que a Oi vai protagonizar e liderar”. Em agosto, a Oi anunciou a contratação do BTG Pactual para viabilizar a aquisição da participação da Telecom Italia na TIM, que é de 67%. Perguntado sobre as duas ofertas feitas pelos ativos da PT Portugal, Gontijo disse que não enxerga qualquer risco envolvendo a operação de venda da subsidiária da Oi, detentora de ativos da Portugal Telecom. Mas frisou que não poderia opinar especificamente sobre os riscos regulatórios. A francesa Altice, que já controla as operadoras Oni e Cabovisão em Portugal, ofereceu ¤ 7,025 bilhões pela PT Portugal, enquanto os fundos Apax Partners e Bain Capital colocaram na mesa uma proposta de ¤ 7,075 bilhões. Em teoria, a oferta da Altice poderia ser prejudicada por possíveis restrições regulatórias relacionadas à concentração de mercado. “A única simpatia que tenho é gerar valor para o acionista”, disse Gontijo, referindo-se às duas propostas, que “ No nosso entendimento, existe hoje um alinhamento de interesses entre todos os players para que a consolidação aconteça. E é esse processo que a Oi vai protagonizar e liderar” Bayard Gontijo Presidente interino da Oi NÚMEROS R$ 8 mi Foi o lucro líquido registrado pela Oi entre julho e setembro deste ano. R$ 47,7 bi Era a dívida líquida da empresa no fim de setembro. na opinião dele ainda “podem melhorar”. De acordo com o CEO, a Oi não tem prazo para escolher a proposta vencedora. Além das duas ofertas pela PT Portugal, uma terceira pode ser apresentada em breve. Ontem, os Correios de Portugal (CTT) informaram em comunicado ao mercado que estão acompanhando o processo de venda da PT Portugal com o objetivo de “analisar todas as oportunidades que façam sentido no desenvolvimento das suas áreas de negócio”. Ainda de acor- do com o comunicado, os Correios “não tomaram qualquer decisão quanto a essas oportunidades.” Com relação ao uso dos recursos gerados pela possível venda dos ativos em Portugal, Bayard frisou que teriam apenas duas destinações: consolidação de mercado ou diminuição do endividamento. “É muito difícil você alinhar todos esses interesses e ter certeza ou uma garantia de que as coisas vão acontecer no mesmo momento”, justificou o CEO interino. “O que nós podemos garantir é que o dinheiro se- rá utilizado apenas para esses propósitos, sendo a consolidação o maior propósito da companhia neste momento. Entre julho e setembro deste ano, a Oi obteve lucro líquido de R$ 8 milhões, montante 95,6% inferior ao total de R$ 172 milhões registrado no mesmo período de 2013. A receita líquida da companhia encolheu 4,5% no terceiro trimestre, na comparação anual, totalizando R$ 8,84 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 3 bilhões, o que representa um recuo de 1,5% frente ao mesmo trimestre do ano passado. Na comparação com o período de abril a junho de 2014, houve melhora do indicador (+17,8%). A dívida líquida da companhia atingiu, ao fim de setembro, o patamar de R$ 47,79 bilhões, contra o total de R$ 46,23 bilhões registrado no final de junho. “Nosso desempenho de receita nesse trimestre reflete o fraco volume de adições brutas que registramos nos primeiros nove meses do ano”, resumiu Gontijo. Entre as prioridades da companhia para os próximos trimestres, ele listou a redução no ritmo de consumo de caixa, a melhoria do perfil do balanço patrimonial da Oi por meio da venda de ativos e a elevação no nível da governança corporativa. Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 11 Henrique Manreza CONDENAÇÃO Raízen é condenada por abuso de poder A Raízen Combustíveis S/A (antiga Shell Brasil Ltda.) foi condenada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por abuso de poder de mercado na distribuição de combustíveis em Marília e Bauru (SP), entre os anos de 1999 e 2003. Segundo a decisão, a distribuidora influenciou a adoção de conduta uniforme e fixou preços na revenda de combustíveis. A multa é de R$ 26,4 milhões. iG GE reforça sua aposta no Brasil Companhia inaugurou ontem seu Centro de Pesquisas Global no Rio, que receberá no total mais de R$ 1 bilhão em investimentos até 2020. Esta é a 5ª unidade fora dos EUA, que ainda abrigará uma universidade corporativa Fotos Carlos Moraes Gabriela Murno [email protected] A GE anunciou a duplicação dos investimentos no seu novo Centro de Pesquisas Global, inaugurado ontem no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha de Bom Jesus, Rio de Janeiro. Agora serão US$ 500 milhões — mais de R$ 1 bilhão — até 2020. O montante será destinado, principalmente, à ampliação das pesquisas locais. Com a inauguração, o Rio de Janeiro tornou-se oficialmente o centro de inovação da GE na América Latina. “A abertura do Centro de Pesquisas no Brasil permite à GE inovar localmente para clientes na América Latina e, então, exportar essas inovações para o mundo inteiro. É a junção do local com o global (...) Vemos oportunidades significativas na região e investir em tecnologia é essencial para a competitividade”, disse o presidente e CEO global da companhia, Jeff Immelt, que participou da cerimônia de inauguração. O centro é a quinta unidade fora dos Estados Unidos e a primeira na América Latina. “O Brasil é o terceiro maior mercado da GE, ficando atrás apenas de Estados Unidos e China”, declarou o presidente e CEO para América Latina, Reinaldo Garcia. “Não há melhor investimento para uma empresa do que um centro de pesquisa. Inovações são essenciais para o futuro de qualquer companhia”, completou Immelt. Confirmando a vocação do Parque Tecnológico da UFRJ, explicou o líder do Centro de Pesquisa Global da GE no Brasil, Ken Herd, 50% das pesquisas serão destinadas à cadeia de óleo e gás, com foco em tecnologias de perfuração no fundo do mar. A outra metade será voltada para as demais áreas de atuação da GE, com destaque para aviação, saúde, energias renováveis e transporte.“Nosso objetivo é também colaborar com o desenvolvimento do país em mercados importantes como petróleo e gás, energias renováveis, aviação e saúde”, frisou Herd. Com o centro também foi inaugurada a Crotonville Rio, braço latino-americano da primeira universidade corporativa do mundo, fundada pela GE em 1956 em Ossining, Nova York, nos Estados Unidos. A nova unidade recebe investimentos de US$ 50 milhões. Segundo Immelt, a universidade reforça o compromisso da companhia O novo centro terá como um dos focos pesquisas na área de petróleo e gás, confirmando a vocação do Parque Tecnológico da UFRJ “ A abertura do Centro no de Pesquisas no Brasil permite à GE inovar localmente para clientes na América Latina e, então, exportar essas inovações para o mundo inteiro” Jeff Immelt Presidente e CEO Global da GE com treinamento e educação não só de seus colaboradores, mas também de seus parceiros e clientes. “Uma prova da importância da Crotonville é que 12 dos nossos CEOs passaram por lá”, disse a diretora de RH da GE para América Latina, Ana Lucia Caltabiano. No Brasil, serão 85 opções de curso, com duração de um dia a dois anos. E a expectativa é que 60% dos alunos sejam brasileiros e 40% dos executivos venham de outras partes do mundo. A GE investe anualmente de 5% a 6% da sua receita industrial em novos produtos, o que repre- sentou mais de US$ 5 bilhões em 2013. Apenas no último ano, lembrou Garcia, a companhia registrou 2.839 patentes. Ao passo que o portfólio da empresa foi ampliado e houve ainda o fortalecimento do foco em mercados emergentes. Até 2015, a GE estima que dois terços de seu faturamento venham de fora dos Estados Unidos, seu mercado de origem, e que 70% das receitas tenham como origem seus negócios industriais. Desde setembro de 2011, por meio de uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a GE já desenvolve no Brasil novas tecnologias junto a clientes, universidades e parceiros, utilizando as instalações e laboratórios da instituição. Com isso, o novo centro, que ocupa 24 mil metros quadrados, já abre as portas com mais de 160 empregados, dos quais 140 são engenheiros e pesquisadores. A expectativa é dobrar esse número, chegando a 2020 com 400 colaboradores. Também participarão da inauguração o VP global da empresa, John Rice; o governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, o prefeito do Rio, Eduardo Paes; o ministro do Desenvolvimento Mauro Borges; entre outras autoridades e executivos da GE. GE, BG e Petrobras de olho no subsea A abertura do novo Centro de Pesquisas Global da GE no Rio também marcou o anúncio de planos envolvendo uma parceria com a Petrobras e BG Group para a construção de uma fábrica de “subsea”, focada em produzir equipamentos de processamento de petróleo no fundo do mar, até 2020. A futura unidade irá se concentrar em tecnologias para tratamento da água no fundo do mar para perfuração de águas profundas (com BG Group) e para separação de petróleo, água e gás (com a Petrobras). “Com o centro podemos trazer o melhor da tecnologia global para ajudar o país a vencer seus desafios. O Brasil não é mais o país do futuro, mas sim o presente. (...) 50% das nossas receitas já vem de fora dos EUA e a tendência é que isso aumente”, disse o líder do Centro de Pesquisas Global da GE no Brasil, Ken Herd. 12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 POR DENTRO Centro de referência em pesquisas é no Rio Com a inauguração, ontem, do centro de pesquisa da General Electric (GE), o Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se consolida como um dos maiores polos do tipo no mundo. O centro da GE é o primeiro da empresa americana na América Latina, e suas atividades abrangerão as áreas de petróleo e gás, energia e aviação. Nele vão trabalhar 400 profissioniais até 2020. Além dos 350 mil metros quadrados iniciais destinados ao Parque, outros 240 mil foram adicionados em 2012, com terrenos na Ilha do Bom Jesus, justamente no ponto onde está sendo apresentado o centro da GE e que, no futuro, vai abrigar unidades da Ambev e da L‘Oréal. Depois de 11 anos da abertura do Parque, restam apenas 10% da área total disponíveis (60 mil metros quadrados) para instalação de novas empresas. Segundo Maurício Guedes, diretor executivo do Parque, 1.947 pesquisadores trabalham ali, 124 deles com PhD e 213 com doutorado ou mestrado. Daqui a três anos, o número deve chegar a três mil. Na incubadora da Coppe são outros 200 profissionais. AS 26 INSTITUIÇÕES, POR SETOR Logísitica Tecnologias integradas 26 instituições Investimentos em 10 anos R$ 1 bilhão Siderurgia 12 grandes empresas 7 laboratórios e centros de pesquisa 7 pequenas e médias empresas Tecnologia da informação e comunicação Setor naval e oceânico 26 startups 3 21 4 6 3 Petróleo e gás 7 Área ambiental Área em detalhe Baía da Guanabara ILHA DO FUNDÃO (CIDADE UNIVERSITÁRIA) Linha V ermelh a Avenida Brasil Li nh aA m ar ela Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 13 Fernando Alvarus/Editoria de Arte PRINCIPAIS EMPRESAS 1 General Electric 5 Georadar Tecnologias Integradas Pesquisa e desenvolvimento, principalmente para os setores de petróleo e gás/energia para grandes empresas 2 3 4 Ambiental Pesquisa e desenvolvimento, levantamentos e diagnósticos geológicos, geofísicos e ambientais; remediação de aquíferos para as indústrias petrolífera e mineral 6 Baker Hughes 7 Vallourec L‘Oréal e Ambev Ocuparão terrenos na Ilha do Bom Jesus cedidos pelo Exército para serem negociados através da prefeitura Lamce Petróleo e gás Pesquisa e desenvolvimento em serviços e softwares para a indústria 8 LabOceano/Neo Laboratórios O LabOceano realiza ensaios de modelos de equipamentos usados nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás offshore. No Neo são estudados e testadas linhas flexíveis para exploração de petróleo e gás em águas profundas Petróleo e gás Pesquisa e desenvolvimento. Ligantes asfálticos e novas soluções de pavimentação 10 Módulo de prototipagem Um complexo com 20 módulos de 200m2 que abrigará empresas e laboratórios cujo principal objetivo é desenvolver, criar protótipos e testar novos produtos e processo ligados à indústria do petróleo 11 Cetic Centro de Teconologia de Informação e Comunicação (empresas de pequeno médio porte) Siderurgia Pesquisa e desenvolvimento em tubos de aço sem costura para aplicações críticas 12 CEGM Centro de Excelência em Gás Natural ÁREA MILITAR Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia. Pesquisa e desenvolvimento em inovação de métodos computacionais de alto desempenho. Ligado à Coppe 9 BR Asfaltos 13 Incubadora de empresas Coppe/UFRJ 14 Schlumberger Petróleo e gás Pesquisa e desenvolvimento em recursos de hidrocarbonetos em águas profundas no Brasil 1 3 15 NID ILHA DO BOM JESUS 2 Núcleo de Integração e Desenvolvimento. Espaço para coworking e salas para empresas de pequeno e médio porte Baía da Guanabara 16 Antiga Usiminas (vago) Restaurante 17 Tenaris Confab Industrial S/A Siderurgia Pesquisa e desenvolvimento para fabricação de tubos com costura 18 Siemens/Chemtech 4 Recepção do parque 6 5 Tecnologias Integradas Pesquisa e desenvolvimento em petróleo e gás: sistemas de comunicação submarina 8 14 7 17 9 15 10 Administração 18 19 16 21 20 11 12 Cubo Futuro espaço para eventos 22 13 VILA RESIDENCIAL 19 BG – Group Petróleo e gás Pesquisa e desenvolvimento, exploração e produção, liquidificação de gás natural e transmissão e distribuição 20 EMC Computer Systems Brasil Ltda Tecnologia de Informação e Comunicação Pesquisa e desenvolvimento em informática: tecnologia de Big Data (grandes dados) 21 Halliburton Serviço Ltda Petróleo e gás Pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de reservatórios, completação, captação de CO2 22 FMC Technologies do Brasil Ltda Petróleo e gás Pesquisa e desenvolvimento em novas tecnologias submarinas 14 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 EMPRESAS Caio Guatelli ▲ “ A Nike escolheu o Rio para receber suas duas primeiras lojas próprias no Brasil pela identificação da cidade com o esporte. No Rio, para onde olhamos tem uma pessoa correndo, surfando, jogando bola, vôlei, basquete...” Cristian Corsi Presidente da Nike no Brasil Nike busca se aproximar da nova geração de esportistas Depois de reformar quadras do Aterro do Flamengo, empresa se associou à CBF para treinar 5 mil jovens no Rio Erica Ribeiro [email protected] A Nike, considerada líder mundial no mercado de materiais e roupas esportivas, tem sua imagem associada ao patrocínio das seleções brasileiras de futebol e basquete, além do atletismo. Mas a empresa também tem ampliado suas parcerias para incentivar o esporte ao ar livre. No Rio de Janeiro, que é tida pela empresa como a cidade símbolo do esporte, foi firmada parceria com a Prefeitura, em que a norte-americana investiu na reforma de quadras do Aterro do Flamengo e se associou à CBF para treinar cerca de cinco mil jovens. Também fez de uma de suas duas lojas próprias no país (ambas no Rio de Janeiro) um clube de corrida, com treinamentos semanais gratuitos para quem quiser começar a correr ou melhorar sua performance no esporte. “A Nike escolheu o Rio para receber suas duas primeiras lojas próprias no Brasil pela identificação da cidade com o esporte. O Rio inspira práticas esportivas, para onde olhamos tem uma pessoa correndo, surfando, jogando bola, vôlei, basquete. Além disso, outro grande motivo foi o fato de a cidade ser a sede dos Jogos Olímpicos”, destacou o presidente da Nike no Brasil, Cristian Corsi, que participou ontem em Guadalupe — zona Norte do Rio — da celebração dos oito anos de parceria da empresa com o Instituto Bola pra Frente, que atua na educação de crianças e jovens por meio do esporte. Segundo o executivo, a empresa tem planos de expansão de seus negócios no Brasil. "Nosso compromisso com o país é de longo prazo, com investimentos para os próximos anos", garante Corsi, sem divulgar números da empresa. O argentino, que está à frente da companhia no Brasil há dois anos, diz apenas que o país está entre as cinco principais subsidiárias da Nike no mun- Uma de suas duas lojas próprias no país (ambas no Rio) virou um clube de corrida, com treinamentos semanais gratuitos para quem quiser começar ou melhorar sua performance do, com faturamento anual em torno de US$ 1 bilhão. Hoje são 36 lojas exclusivas com parceiros brasileiros e 26 Nike Factory Store (que funcionam como outlets e para onde vão as coleções passadas), além das duas lojas próprias no Rio (Ipanema e Copacabana) no país. Mas a Nike quer mais. Além das unidades parceiras que crescem na proporção de cinco a seis por ano, a empresa pretende aumentar o número de lojas próprias e ainda está apostando na plataforma digital para chegar até o consumidor que está em regiões onde não há lojas físicas. Formando os esportistas (e consumidores) do futuro Além do marketing esportivo, empresa tomou para si a missão de incentivar a atividade física entre as crianças e criar uma geração mais saudável. Com essa missão, a Nike tem ido além do marketing esportivo e investido em parcerias que incentivam o esporte não somente em comunidades carentes, como também em regiões como a zona Sul do Rio de Janeiro. A empresa hoje é uma das engajadas no programa Designed to Move (Desenhado para o Movimento), junto com outras organizações, entre elas o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que — a exemplo do já realizadonos Estados Unidos e Europa — pretende investir US$ 16 milhões no Brasil nos próximos cinco anos para incentivar os esportes entre as crianças. Pesquisas feitas na época de lançamento do programa, em 2013, indicam que cerca de R$ 27 bilhões poderiam ser economizados anualmente se existisse no país mais atividade física. Esse custo reflete os gastos diretos e indiretos da inatividade física no Brasil, com doenças, tratamentos entre outros. Comparativamente, esse custo é a metade do que o Governo Federal investe em Educação. Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 15 Mario Proenca/Bloomberg AVIAÇÃO Governo coloca à venda 61% da TAP O governo português decidiu colocar à venda 66% do capital da aérea estatal TAP Portugal, depois de uma primeira tentativa de privatização que terminou em fracasso em 2012. “Temos a intenção de ceder 61% do capital do grupo TAP por venda direta a um ou vários investidores e reservar 5% para os trabalhadores”, anunciou o secretário de Estado para os Transportes, Sergio Monteiro. AFP Duracell sob nova direção Warren Buffett troca ações da P&G por unidade de pilhas, em negócio que economizou milhões em impostos Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, vai trocar sua participação de US$ 4,7 bilhões na P&G por uma das marcas da empresa, a Duracell. “Eu sempre fiquei impressionado com a Duracell, como consumidor e como investidor de longo prazo na P&G e na Gillette”, disse Buffett, presidente-executivo da Berkshire Hathaway. A transação adiciona mais uma marca aos mais de 80 negócios do conjunto de investimentos da Berkshire Hathaway e também ajuda a companhia de Buffett a economizar uma alta cifra de impostos, que seriam cobrados com a venda da participação da P&G. A Berkshire afirmou que pagou apenas US$ 336 milhões por sua fatia de 1,9% na P&G, que totalizava cerca de 52,8 milhões de ações em 30 de junho. A compra da Duracell é um movimento “brilhante” de Buffett, disse Doug Kass, que dirige a Seabreeze Partners Management, nos Estados Unidos. “O Warren ama marcas de consumo maduras que produzem um fluxo de caixa previsível. A Duracell se encaixa nesse perfil.” O megainvestidor já havia usado desse recurso, de comprar empresas pagando com ações, no ano passado. Ele entregou uma participação na Phillips 66 (PSX) em fevereiro, em troca de uma das unidades da empresa. Em julho, as ações do controlador do Wa- A P&G, a maior fabricante de produtos de consumo, já havia anunciado que venderia 100 de suas marcas de crescimento mais lento e se desfez de sua unidade de alimentos para pets shington Post, a Graham Holdings, foram permutadas por dinheiro, uma estação de televisão de Miami e ações da Berkshire que a Graham detinha. A Duracell deve ter cerca de US$ 1,7 bilhão quando a operação for concluída, o que é esperado para o segundo semestre do ano que vem, de acordo com o comunicado da empresa. A P&G, a maior fabricante de produtos de consumo, já havia anunciado que venderia 100 de O Walmart mostrou fraco desempenho de vendas no Brasil no seu terceiro trimestre fiscal, enquanto rivais como Grupo Pão de Açúcar e Carrefour vêm conseguindo elevar o faturamento, mesmo diante de menor crescimento econômico do país. As vendas líquidas em lojas físicas do Walmart caíram 0,7% no trimestre encerrado em outubro. O resultado não é inteiramente comparável ao de seus maiores Para a Berkshire, sair de alguns investimentos de capital também ajuda a limpar a lousa para os sucessores de Buffett. Todd Combs e Ted Weschler foram contratados, em 2010 e 2011, para ajudar a supervisionar parte da carteira de investimentos da empresa e, eventualmente, executar tudo. O portfólio inclui participações de vários bilhões de dólares em companhias como Coca-Cola, American Express e Wells Fargo & Co. Redação com agências Andrew Harrer/Bloomberg “Eu sempre fiquei impressionado com a Duracell, como consumidor e como investidor de longo prazo ”, disse Warren Buffett Walmart têm queda nas vendas trimestrais no Brasil Varejista atribuiu o fraco desempenho ao fechamento de 25 lojas no país no ano passado suas marcas de crescimento mais lento. Sob o comando do CEO A.G. Lafley, a companhia se desfez de sua unidade de alimentos para pets e vem reduzindo custos. Uma empresa mais enxuta permitirá que recursos sejam investidos no desenvolvimento de mais produtos, com preços mais altos. Empresas de produtos de consumo têm lidado com clientes cautelosos, uma desaceleração nos mercados em desenvolvimento e custos mais altos das commodities. concorrentes no Brasil, pois estes consideram a base de julho a setembro para o terceiro trimestre. Nesse período, o Carrefour viu um aumento orgânico de 12,8% nas vendas locais, enquanto a divisão alimentar do GPA — que inclui as bandeiras Extra, Pão de Açúcar e Assaí —, teve alta de 6,2% na receita líquida sobre um ano antes. Em conferência, o presidente do Walmart International, David Cheesewright, atribuiu o recuo nas vendas no Brasil a uma rede mais enxuta, após o fechamento de 25 lojas com desempenho abaixo da média em 2013. “Apesar da queda geral nas vendas, a equipe de administração continuoufazen- do um grande progresso na redução das despesas operacionais, resultando em melhoria no lucro operacional”, disse Cheesewright. O Walmart, que não especifica as receitas das operações regionais, indicou queda na taxa de lucro bruto no Brasil no trimestre, o que aponta provável esforço promocional no período. As vendas em mesmas lojas subiram 0,8%, com um aumento de 3,4% no tíquete médio de compra compensando a redução de 2,6% no tráfego. O e-commerce não integra os resultados divulgados, mas a empresa disse que o segmento obteve “forte crescimento mais uma vez” no Brasil. Reuters Dólar mais alto quintuplica lucro da JBS no terceiro trimestre Quase 80% das receitas da empresa de proteína animal são em moeda norte-americana A JBS acredita que o dólar vai continuar se valorizando frente a várias moedas no mundo, o que impactará favoravelmente os resultados da empresa, disse ontem o presidente da corporação, Wesley Batista, ao comentar um lucro recorde no terceiro trimestre, de R$ 1,1 bilhão, cinco vezes maior do que o montante registrado no mesmo período de 2013. Hoje, mais de 80% da receita da JBS é dolarizada. Batista destacou ainda que os EUA ficaram muito competitivos, especialmente em custo de mão de obra, enquanto os emergentes perderam competitividade. “Produzir nos EUA hoje é barato”, afirmou ele. Questionado se as exportações dos EUA não perderiam força com um dólar mais forte, ele afirmou que a empresa tem a opção de se voltar para o mercado interno dos EUA. Por outro lado, ela poderia exportar mais por meio de países cujas moedas estão se enfraquecendo, como o Brasil. A JBS tem ainda operações na Austrália, Canadá, México, Paraguai e Uruguai. Um dólar mais forte frente ao real também ajuda a compensar o aumento do preço da arroba bovina no Brasil, que está acima de R$ 140. “A tendência é que as exportações do Brasil aumentem”, observou. Reuters 16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 17 18 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 ▲ FINANÇAS Editora: Eliane Velloso [email protected] Léa De Luca [email protected] São Paulo A Caixa continuou acelerando as concessões de crédito acima do ritmo verificado por outros grandes bancos brasileiros. A crescimento foi de 24,4%, para R$ 576,4 bilhões — e deve fechar o ano com alta em torno de 22%. O Banco Central espera um aumento geral no sistema de 12% para este ano. O lucro líquido no período alcançou R$ 1,9 bilhão, com crescimento de 1% em relação ao trimestre anterior e de 1,7% sobre o mesmo trimestre de 2013. O retorno sobre o patrimônio líquido médio nos últimos doze meses foi de 17,8%. Segundo o banco, o resultado até setembro decorreu, principalmente, do aumento de 44,4% nas receitas financeiras de crédito e de 47,8% no resultado de títulos e valores mobiliários, além do incremento nas receitas de prestação de serviços e tarifas em 12%. No período, as receitas totais alcançaram R$ 98,2 bilhões. Márcio Percival, vice-presidente de finanças da instituição, lembra que o ritmo de aumento do crédito na Caixa já foi muito mais acelerado — há um ano, por exemplo, estava na casa dos 40%. A desaceleraçãoexplica,também, porque o índice de inadimplência (que relaciona atrasos acima de 90 dias) caiu um pouco em relação ao segundo trimestre, a 2,73%, mas ainda está bem acima do verificado há um ano — exatamente porque quanto menor a velocidade de crescimento do saldo, mais os calotes aparecem. A previsão de Percival é de que a taxa de atrasos termine o ano ao redor de 2,8% no final do ano. O aumento da participação da Caixa em modalidades mais arriscadas, como cartões de crédito, veículos e cheque especial também explica o aumento da inadimplência em relação a um ano atrás. Apesar da diversificação, o forte do banco continua sendo o crédito imobiliário, com inadimplência baixa — a modalidade é responsável por mais da metade do saldo da carteira de empréstimos ao final de setembro — consignado e empréstimos para infraestrutura. Segundo Percival, 80% do aumento dos empréstimos na Caixa no período vieram dessas três modalidades. No Programa Minha Casa Minha Vida, foram contratados R$ 25,8 bilhões no período, dos quais 34,7% foram destinados à Faixa 1 (beneficiários com renda de até R$ 1,6 mil). A Caixa calcula que foi responsável por 37,7% do crescimento do mercado de crédito nos últimos doze meses, obtendo uma participação de 19,6% ao final do trimestre. As contratações de crédito acumuladas até setembro somaram R$ 364,2 bilhões, 6,6% a mais que o registrado no mesmo período do ano anterior. As opera- Crédito cresce 24,4% na Caixa no terceiro tri Lucro líquido foi de R$ 1,9 bi, praticamente estável em relação ao mesmo período de 2013; inadimplência teve queda leve, mas previsão é de que suba a 2,8% até o fim do ano Antonio Milena ções habitacionais representaram 25,9% desse total, o que significou mais de 6 mil novos contratos firmados todos os dias. Já as contratações de infraestrutura apresentaram um crescimento de 17,2% em relação ao ano passado. A Caixa permaneceu na liderança do crédito habitacional com 67,6% de participação no mercado, com uma carteira que alcançou saldo de R$ 320,6 bilhões, aumento de 26,1% em 12 meses. Já as operações comerciais atingiram saldo de R$ 187 bilhões, evolução de 15,7% no mesmo período. A carteira de infraestrutura apresentou saldo de R$ 51,3 bilhões, aumento de 52,8% em relação a setembro de 2013, e é o segmento que mais cresce na carteira de crédito, correspondendo a 8,9% do crédito total. Percival explicou que o banco saiu das operações de crédito comercial para grandes empresas mas que as operações de infraestrutura seguem “estratégicas”. São financiamentos de obras de mobilidade urbana, investimentos em energia e construção naval. O vice-presidente ressaltou, também, a melhora do índice de eficiência da instituição, que atingiu o patamar mais alto em dez anos: 56,74%. “Estamos colhendo os frutos dos investimentos feitos nos últimos anos em tecnolo- “ O índice de Basileia, que mede a capacidade do banco emprestar, está bastante confortável: 15,32% (o mínimo exigido pelo BC é 11%); não precisamos mais de aporte de capital do Tesouro Márcio Percival Vice-presidente da Caixa gia da informação, agências e contratação de pessoal. Somente em TI, investimos R$ 1 bilhão”. O executivo afirmou, ainda, que o índice de Basileia - que mede a capacidade do banco emprestar — está bastante confortável (15,32%, quando o mínimo exigido pelo BC é 11%). “Não precisamos mais de aporte de capital do Tesouro”, afirmou. As captações totais somaram R$ 794,9 bilhões em setembro de 2014 — suficientes para cobrir 138% da carteira de crédito. A captação líquida nos nove primeiros meses do ano alcançou R$ 64,1 bilhões, crescimento de 54,9%. Os depósitos e letras totalizaram R$ 517,5 bilhões, aumento de 22,6% em relação ao terceiro trimestre de 2013, com captação líquida de R$ 23,6 bilhões e R$ 30,2 bilhões respectivamente. A poupança da Caixa representava 35,5% do mercado. Percival lembra que a Caixa foi o primeiro banco brasileiro a realizar uma emissão internacional de dívida subordinada sob as regras de Basileia III. Foram captados US$ 500 milhões, com prazo de 10 anos e taxa de 7,25% ao ano, com destaque para a participação dos investidores asiáticos. Desde a sua primeira operação internacional, em outubro de 2012, a Caixa já realizou outras quatro tranches. Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 19 O MERCADO COMO ELE É... LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES [email protected] ALA ‘TOMBINISTA’ PUXA DÓLAR Editoria de Arte A bolsa de apostas de quem será o novo ministro da Fazenda monopolizou as atenções dos mercados financeiros ontem. O mercado financeiro operou dividido entre os vendedores de dólar que acreditam que a presidente Dilma Rousseff não tem outra opção a não ser colocar Henrique Meirelles no comando da economia e os compradores de moeda americana que apostam na promoção do atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ao posto. Na queda de braço, venceu a segunda ala. O dólar fechou em alta de 1,2%, cotado a R$ 2,5948, maior preço de fechamento desde 18 de abril de 2005. Na máxima do dia a moeda foi a R$ 2,6120. Os juros também subiram no mercado futuro da BM&F. A taxa para janeiro de 2017 avançou de 12,77% para 12,87%. O raquítico volume de negócios no mercado de câmbio, de apenas US$ 900 milhões, revela que nenhum dos lados tem muita certeza de qual será a decisão final. Apostam nos seus candidatos, mas não põem todo o seu cacife. Mais numerosa, a corrente tombinista — entenda-se bem: não defende a escolha de Tombini, pelo contrário, apenas acha que é a mais logicamente provável — enxerga sinalizações mais nítidas da preferência presidencial pelo funcionário de carreira do BC. Dilma incorporou-o às pressas em sua comitiva à cúpula do G-20 para justamente transmitir o recado de que estava acompanhada tanto pelo ministro da Fazenda que sai quanto pelo que entra. A sucessão está sendo consumada na Austrália aos olhos da comunidade financeira internacional, cuja aprovação da troca é essencial já que o balanço de pagamentos não fecha sem os investimentos estrangeiros de portfólio. Para esta ala majoritária tombinista, outro sinal é a suposta recusa de Meirelles em aceitar o cargo caso seja convidado. Foi uma forma elegante que encontrou para transmitir ao mercado o alerta de que não será convidado. Outro indício que fortalece a candidatura Tombini: à agência Estado, o terceiro cogitado na bolsa de apostas, para o qual faz lobby o partido da presidente, Nelson Barbosa, declarou que não foi convidado, nem sondado, para ocupar nenhum cargo no segundo mandato. Qual a diferença essencial entre Meirelles e Tombini? Qualquer um dos dois teria competência técnica para promover uma guinada da política econômica em direção à ortodoxia. Não há nenhum segredo indevassável na estratégia conservadora. O seu grau depende de vontade política. Esse é o problema. Meirelles só toparia a empreitada se tivesse os plenos poderes desfrutados quando ocupou a presidência do BC na era Lula. Tinha status de ministro e se mantinha forte e independente a despeito dos petardos devastadores que lhe eram endereçados pelo seu chefe imediato, Guido Mantega, pelo distante — José Alencar, vice-presidente — e pela sua colega de Ministério, Dilma Rousseff. Detinha então uma carta tão branca de Lula que pôde impunemente, em meio ao colapso de Wall Street, tomar decisões de política monetária das mais equivocadas da história do Copom. Em setembro de 2008, às vésperas da quebra do Lehman Brothers, o comitê subiu a Selic de 13% para 13,75%. A taxa foi mantida estável nesse patamar, contra todas as evidências em contrário, nas reuniões de outubro e dezembro. Enquanto isso, Mantega baixava várias medidas macroprudenciais para evitar uma recessão muito severa em 2009. Meirelles e o seu Copom só foram reduzir a taxa básica na reunião de 21 de janeiro. E carregaram na dose: a taxa caiu um ponto, para 12,75%, mas era tarde demais. Em setembro de 2008, o mercado americano já estava em pandarecos, com o Tesouro procedendo ao salvamento de vários bancos “grandes demais para quebrar”. O mínimo que o Copom deveria fazer era não fazer nada, mantendo a taxa em 13%, e aguardar os acontecimentos. Seria um sonho pueril alguém achar que, no Ministério da Fazenda de Dilma, Meirelles teria tal grau de independência. Tombini é um homem da equipe de Dilma, alguém que desfruta de toda a sua confiança pessoal e que poderá realizar o ajuste fiscal na medida exata imaginada pela economista Dilma. O problema é que ele não goza da confiança do mercado, justamente por sua fidelidade à presidenta. Tal proximidade foi a responsável pelo que a maioria dos analistas acredita ser uma perda de credibilidade da autoridade monetária só reparável por uma independência formal. Para o mercado, pior do que Tombini na Fazenda seria conjugar sua promoção com a do atual diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, à presidência da autoridade. Awazu é Tombini poderá realizar o ajuste fiscal na medida exata imaginada por Dilma; o problema é que não goza da confiança do mercado, justamente por sua fidelidade à presidenta considerado o integrante com maiores pendores “dovish” dentre os oito membros do atual Copom. Foi um dos três que, na reunião passada, a de 29 de outubro, votaram pela manutenção da Selic em 11% — voto vencido pela maioria de cinco, dentre os quais Tombini, que decidiu pela alta para 11,25%. Com Tombini na Fazenda e Awazu no BC, nem Nelson Barbosa no Planejamento impediria a instalação de um clima de guerra nos mercados. O mercado internacional não contribuiu muito para suavizar as compras de dólares pela ala tombinista. O dia foi monopolizado por indicadores ruins sobre as duas maiores economias do planeta. Em princípio, dados negativos sobre a atividade produtiva nos EUA e na China poderiam ser vistos co- mo benéficos aos mercados, pois forçariam a adoção de medidas destinadas a alargar a liquidez e a encetar a recuperação econômica. O problema é que os EUA acabaram de encerrar um programa de afrouxamento quantitativo, ao qual não voltarão, apenas o início da fase de aperto monetário explícito (a elevação do juro básico) pode ser postergado. Na China, providências destinadas a aquecer a economia são vistas como quimeras irrealizáveis da mesma natureza das eternas promessas não cumpridas do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. O rendimento do título de 10 anos do Tesouro americano recuou de 2,37% para 2,36% por causa da decepção com o relatório semanal de auxílio-desemprego. Os especialistas esperavam que as solicitações do seguro se limitassem a 280 mil, mas foram de 290 mil na semana passada. O dado deu razão ao presidente da regional de Nova York do Federal Reserve, William Dudley, para quem seria prematuro aumentar os juros em breve em face da grande ociosidade no mercado de trabalho e da inflação muito baixa. Na China, a produção industrial subiu 7,7% em outubro, ante previsão de 8%. E as vendas no varejo avançaram 11,5%, também abaixo do projetado, de 11,6%. 20 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 ▲ FINANÇAS Lucro da Bolsa no 3º trimestre cai 15,3%, para R$ 238 milhões O desempenho mais fraco registrado no período reflete, principalmente, o impacto de R$ 63,1 milhões do Refis Patricia Stavis Alessandra Taraborelli [email protected] São Paulo A BMF&Bovespa registrou lucro líquido de R$ R$ 238,4 milhões no terceiro trimestre do ano, uma queda de 15,3% ante o mesmo período do ano passado. Na comparação com os nove meses do ano, o recuo foi de R$ 17,2%, para R$ 744,6 milhões. O lucro líquido ajustado — excluindo os efeitos extraordinários —, ficou em R$ 357,4 milhões de julho a setembro, ante R$ 403,7 milhões em igual período de 2013. No ano até setembro, houve queda de 12,8%, para R$ 1,105 bilhão. A queda no lucro, segundo a Bolsa, se deve, principalmente, ao impacto de R$ 63,1 milhões do Refis. A expectativa do mercado era de que o lucro líquido apresentasse uma queda menor, de cerca de 8%. A receita líquida atingiu R$ 546 milhões, um pequeno avanço de 2% ante o terceiro trimestre de 2013. No ano, ocorreu queda de 9,4%, para R$ 1,5 bilhão. A receita total somou R$ 594,7 milhões, estável ante o terceiro trimestre de 2013. O diretor executivo de produtos e de relações com investidores da Bolsa, Eduardo Refinett Guardia, disse que apesar do ambiente volátil e desafiador, foi possível manter o sólido desempenho financeiro no terceiro tri- BM&FBovespa: receita líquida soma R$ 546 milhões no trimestre mestre, devido, em grande parte, a disciplina de custos. “Nosso compromisso com o controle de custos foi recentemente reforçado ao reduzirmos o orçamento de despesas ajustadas de 2014. Além disso, reafirmamos nosso compromisso com os acionistas através de uma combinação eficiente de distribuição de dividendos e recompra de ações”, disse em nota divulgada à imprensa. As receitas do segmento BM&F (derivativos financeiros e As receitas de negociação e liquidação no segmento Bovespa totalizaram R$ 263,6 milhões, aumento de 2,5% ante julho a setembro de 2013. mercadorias) somaram R$ 228,7 milhões), estáveis em relação ao terceiro trimestre de 2013, uma vez que o crescimento de 7,3% do volume médio diário negociado foi neutralizado pela queda de 6,4% da receita por contrato (RPC) média. O crescimento nos volumes está relacionado, principalmente, ao maior volume negociado de mini contratos e de contratos de taxa de juros em dólares. Já a queda da RPC média reflete a mudança no mix de contratos negociados, maior participação de day trades e apreciação do real sobre o dólar. Já as receitas de negociação e liquidação no segmento Bovespa totalizaram R$ 263,6 milhões, aumento de 2,5% ante igual período. As receitas de negociação e pós-negociação foram 3,4% maiores, totalizando R$ 260,7 milhões e refletindo a combinação de volumes estáveis com maiores margens de negociação. De acordo com a Bolsa, o aumento de 34,0%, para R$ 317,2 milhões, no volume médio diário do mercado de opções sobre ações e índices em relação ao terceiro trimestre de 2013 reflete, principalmente, o crescimento de 151,8% no volume negociado de opções sobre ações da Petrobras, que ocuparam a primeira posição no ranking de opções mais negociadas, representando 51,5% de todo o mercado, ante 27,4% no ano passado. Ibovespa cai 2,14% e dólar renova máxima A expectativa pelo nome que irá assumir o ministério da Fazenda no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff centra a atenção dos investidores e a cautela prevaleceu no mercado de capitais ontem. O Ibovespa recuou 2,14%, aos 51.846 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,9 bilhões. À frente dos ganhos, Hering ON subiu 2,14%. Na outra ponta, Rossi recuou 6,52%. No mercado de câmbio, o dólar subiu 1,20%, cotado a R$ 2,594 na venda, maior cotação de fechamento desde 18 de abril de 2005, quando encerrou a R$ 2,60. Tal movimento reflete incertezas sobre quem substituirá Guido Mantega no Ministério da Fazenda, em meio ao clima de incerteza sobre a condução da política econômica do segundo governo de Dilma Rousseff. “Cada dia ouvimos uma notícia indicando um nome diferente. O mercado não sabe mais para onde apontar, então vai se proteger no dólar”, explicou o gerente de operações do Banco Confidence, Felipe Pellegrini. Com Reuters Demanda por crédito cresce 2,8% em outubro De acordo com Serasa Experian, busca dos consumidores cresceu na relação anual e mensal Mariana Pitasse [email protected] A quantidade de pessoas que buscaram crédito cresceu 2,8% em outubro, na comparação com setembro, de acordo com o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito. Ainda segundo levantamento, a demanda subiu também na compa- ração com outubro do ano passado, apresentando crescimento de 6,6%. Por outro lado, no acumulado do ano, período que vai de janeiro a outubro, houve queda de 2,5%, perante igual período do ano passado. Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a maior quantidade de dias úteis em outubro frente a setembro e o Dia das Crianças impactaram positivamente a procura do consumidor por crédito durante o mês passado. “Apesar desta alta, vale ressaltar que a demanda continua em queda no acumulado do ano ten- do em vista o cenário mais adverso ao crédito, como juros em elevação e confiança dos consumidores deprimida” afirma. O detalhamento da pesquisa mostra que em todas as faixas de renda houve avanço da demanda por crédito na comparação mensal: 3,3% para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 10 mil mensais, 3,1% para os que recebem entre R$ 2 mil e R$ 5 mil mensais e 3,0% para aqueles que ganham entre R$ 1 mil e R$ 2 mil por mês. Para os que têm renda mensal superior a R$ 10 mil, a procura por crédito cresceu 2,8%. Os meno- res avanços foram registrados nas faixas mais baixas de rendimento mensal: 2,6% para os que recebem entre R$ 500 e R$ 1 mil por mês e 2,5% para os consumidores cuja renda mensal é inferior a R$ 500 mensais. Já a análise por região demostrada no levantamento, apontou que o Sudeste concentrou a maior alta da procura por crédito no mês, registrando crescimento de 4,5% se comparado ao resultado de setembro. Nas demais regiões, as altas foram bem mais modestas: 1,9% no Centro-Oeste; 1,1% tanto no Nordeste quanto no Sul; e apenas 0,2% na região Norte. Em contrapartida, no acumulado do ano, período que vai de janeiro a outubro, a pesquisa mostrou que demanda por crédito caiu em quase todas as regiões, somando decréscimo de 4,9% na região Sul, seguida pela queda de 4,6% verificada na região Norte. No Nordeste, o recuo foi de 3,6%, ao passo que no Sudeste, a demanda do consumidor por crédito caiu 2,1%. A região Centro-Oeste foi a única que exibiu alta no acumulado do ano, uma expansão de 3,7% frente ao mesmo período do ano passado. Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 21 Divulgação CETIP Financiamento de veículo cresce 2,6% Os financiamentos de veículos no Brasil somaram 579.100 unidades em outubro, sendo 281.416 unidades novas e 297.684 usadas, segundo a Cetip. O volume representa uma alta de 2,6% em relação a setembro e uma queda de 3,4% na comparação com outubro de 2013. No acumulado entre janeiro e outubro, foram financiados 5,229 milhões de veículos, número 6,3% inferior ante o mesmo período de 2013. Chair do Fed de NY teme alta prematura dos juros Private Equity busca setores defensivos Com a estagnação, fundos optam por investir em serviços financeiros, varejo e saúde Divulgação Com o crescimento econômico mais lento em mais de uma década derrubando o valor das empresas no Brasil, os fundos de private equity, incluindo a unidade do JPMorgan Chase no país e a Advent International Corp., estão investindo em saúde e em outros setores “defensivos”. A Gávea Investimentos, do JPMorgan, planeja investir nos próximos seis meses pelo menos US$ 200 milhões de um fundo de US$ 1 bilhão criado para o Brasil, onde o foco se voltará para saúde, educação e alimentos básicos, disse Christopher Meyn, chefe de private equity da empresa com sede no Rio de Janeiro. Esses setores se sairão melhor com a economia em estagnação, disse Meyn em entrevista no escritório da Gávea em São Paulo. “Não há nada que enxerguemos como provável de acontecer que realmente colocaria o Brasil de volta no caminho para um crescimento maior no curto ou médio prazos”, disse Meyn. “Os setores defensivos são sempre bons, resistem a qualquer ambiente”. A economia do Brasil entrou em recessão neste ano em meio a uma contração no primeiro semestre; na pesquisa Focus do Banco Central desta semana os economistas reduziram a estimativa para o produto interno bruto de 2014 para 0,2%. Os fundos de private equity que buscam novos investimentos levantaram cerca de US$ 8 bilhões na América Latina neste ano, segundo a Associação Latino-americana de Private Equity e Capital de Risco, com sede em Nova York. O Brasil será uma prioridade para a Advent, que administra US$ 34 bilhões, em um momento em que a empresa investe US$ 2,1 bilhões levantados em um novo fundo para a América Latina, segundo Juan Pablo Zucchini, sócio-gerente da empresa de private equity com sede em Boston. A Advent está avaliando a compra de uma participação nos ativos do setor de cimento que a Lafarge SA e a Holcim Ltd. estão vendendo no Brasil e também priorizará negócios nos setores de serviços financeiros, varejo, saúde, infraestrutura e parques nacionais, disse ele. “Essas são empresas que podem crescer de forma agressiva, muito mais rapidamente do que o PIB”, disse Zucchini, citando a Dudalina SA, maior fabricante de ca- A Gávea Investimentos vai investir pelo menos US$ 200 milhões no fundo criado para o Brasil misas masculinas da América Latina. “Mesmo em um ambiente geral difícil, sempre há empresas que têm desempenho acima do crescimento econômico do pais”. Um consórcio liderado pela Advent adquiriu uma participação na Dudalina, com sede em Blumenau, Santa Catarina, em um negócio anunciado no dia 13 de dezembro, sem revelar os termos do acordo, e disse no mês passado que venderia a participação por US$ 598,2 milhões para a Restoque Comércio Confecções de Roupas SA. “Ainda há muitas situações interessantes por aí e a Gávea está realizando diligências em algumas firmas no momento”, disse Meyn, acrescentando que os negócios de exportação ligados ao dólar poderiam ser atrativos, considerando o dólar americano valorizado e a perspectiva geralmente fraca para o real no médio prazo. A associação de private equity da América Latina disse que a tendência parece ser a mesma observada em 2010 e 2011, quando os fundos levantaram montantes recordes. Os negócios de fusão e aquisição envolvendo fundos de aquisições atingiram US$ 3,8 bilhões no acumulado do ano, um incremento de 41% na comparação com o igual período de 2013. Os fundos de private equity que buscam novos investimentos levantaram aproximadamente US$ 8 bilhões na América Latina somente neste ano “Os ganhos de eficiência são fundamentais para ajudar as empresas a reduzir os custos em ambientes mais difíceis e isso pode ser conseguido por meio de aquisições com a ajuda de investidores financeiros”, disse Jório Salgado Gama, diretor-gerente da Moelis Co. no Brasil. O montante total levantado pelas empresas de private equity no Brasil não é “um enorme volume de capital, se relacionado com o tamanho da economia e com as empresas”, disse Otávio Guazzelli, que também é diretor-gerente da Moelis. “O setor de aquisições teve um crescimento significativo nos últimos anos, mas ainda tem muito espaço para crescer”. Meyn, da Gávea, que administra US$ 17 bilhões, disse que embora a arrecadação de fundos esteja crescendo, as empresas de private equity “não ampliarão suas equipes como fizeram nos últimos cinco anos”. Ele disse que os negócios relacionados ao consumo e ao setor imobiliário serão mais desafiadores e que os fundos precisarão olhar para produtos de nicho, enquanto os setores de infraestrutura e energia oferecem maior risco por causa da pressão regulatória. Bloomberg Para William Dudley, apertar a política monetária antes da hora traz riscos maiores Elevar a taxa de juros cedo demais gera “consideravelmente maiores” riscos para o Federal Reserve, banco central norte-americano, do que se o movimento for tarde demais, disse ontem o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, numa forte defesa de abordagem mais paciente sobre apertar a política monetária. Dudley disse que leituras oficiais da inflação deverão recuar nos próximos meses como resultado da queda dos preços da gasolina nos Estados Unidos. Ele repetiu que o Fed pode querer deixar a economia correr suavemente para ajudar os norte-americanos desempregados há muito tempo, finalmente, encontrarem emprego. “O que posso dizer é que estamos progredindo em direção a nossos objetivos, mas ainda há considerável progresso a ser feito”, disse Dudley. “Acredito que as expectativas do mercado de que elevaremos os juros por volta da metade do ano que vem, ou um pouco mais tarde, são expectativas razoáveis”. À medida que o banco central se aproxima de seu primeiro aumento da taxa de juros em quase uma década, esperada para o próximo ano, o discurso de Dudley em Abu Dhabi reforçou a tendência de que a chair Janet Yellen e outros membros do Fed o farão com cautela. Com a taxa básica de juros do Fed perto de zero, um “aperto prematuro pode levar a condições financeiras que são demasiadas apertadas, resultando em uma economia mais fraca e abortando a decolagem”, explicou Dudley. Isso “prejudicaria a credibilidade do Fed e, mais importante, seria difícil corrigir”. O desemprego nos EUA caiu drasticamente para perto de 5,8%, e o crescimento econômico tem sido forte a maior parte deste ano. Mas a inflação tem se mantido abaixo da meta do Fed de 2% nos últimos anos, confundindo o momento de um aumento da taxa. Com Reuters 22 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 ▲ MUNDO Editora: Florência Costa Redação [email protected] Empregos e crescimento econômico são os temas que vão dominar a agenda da reunião do G20 em Brisbane, na Austrália, a partir de hoje. O primeiro-ministro australiano Tony Abbott disse que estes tópicos, e não “o que poderá acontecer nos próximos 16 anos sobre mudanças climáticas”, é que estarão no centro dos debates do G20. A declaração do anfitrião do encontro — feita no dia seguinte a um acordo histórico entre Estados Unidos e China sobre redução de emissão de gases do efeito estufa — foi uma reação às cobranças de ativistas que reivindicam que a mudança climática fosse um dos assuntos de destaque no encontro que reunirá chefes de Estado, ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países mais ricos do planeta e também das principais nações emergentes, incluindo o Brasil. Abbott já havia sido alvo de críticas gerais de ambientalistas ao afirmar, no mês passado, que o “carvão é bom para a humanidade” e que continuaria “uma parte essencial do futuro econômico da Austrália e do mundo”. Essa fonte energética, no entanto, é extremamente poluidora, contribuindo para o aquecimento global. As afirmações do primeiro-ministro australiano contrastaram com declarações feitas em Washington por autoridades americanas na véspera do encontro do G20. Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado, disse que na reunião, “o foco será em questões econômicas e em como estamos nos coordenando com a economia global”. Ele afirmou, no entanto, que “o clima faz parte disso”. Psaki disse ainda que o acordo climático entre EUA e China vai contribuir para que o tema seja discutido em encontros bilaterais de chefes de Estado em Brisbane. Já o primeiro-ministro australiano justificou sua posição afirmando que na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), realizada em Pequim até a última quarta-feira, “ a mudança climática mal foi mencionada”. O pacto sino-americano para redução de emissões foi alcançado em um encontro bilateral após a Apec. “O foco da conferência do G20 será crescimento econômico e empregos”, afirmou Abbott. A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse, no entanto, que a meta de crescimento econômico prevista pelo G20 para os cinco próximos anos será insuficiente para criar todos os empregos necessários. Os países do G2O - que representam 85% da riqueza mundial - desejam aumentar em 2% adicionais o valor do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos cinco anos, graças a David Gray/Reuters [email protected] Emprego na agenda do G-20 Jason Reed/Reuters uma série de medidas e reformas, sobretudo para apoiar os investimentos privados nas infraestruturas."Empurrar a agulha dois pontos percentuais para cima é indubitavelmente um progresso. Mas será suficiente para criar todos os empregos necessários? Não”, afirmou Lagarde ao jornal “Australian Financial Review”."A recuperação econômica está acontecendo, mas é irregular, frágil e alguns riscos surgem no horizonte", advertiu ela. Na sexta-feira, véspera da reunião do G20, cerca de 100 ecologistas australianos enterraram a cabeça na areia de uma conhecida praia de Sidney, a capital do país, para debochar do primeiroministro Tony Abbott, acusado de agir como um avestruz diante Abbott já havia sido criticado por ativistas ao afirmar, no mês passado, que o “carvão é bom para a humanidade” e que continuaria “ parte do futuro econômico da Austrália e do mundo” Ativistas enterram cabeças na areia para comparar Abbott a avestruz e governo australiano reforça a segurança de Brisbane Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 23 Divulgação Estados Unidos FBI chamou Luther King de ‘fraude’ Uma carta de 1964 do FBI para o ícone dos direitos civis nos EUA Martin Luther King, foi revelada pelo jornal “The New York Times”. Na mensagem, que ameaçava revelar seus casos extraconjugais, King é chamado de “uma completa fraude” e “besta maléfica”. O autor teria sido William Sullivam, um dos agentes do lendário diretor J. Edgar Hoover, que pretendia estimular o suicídio do líder. AFP Primeiro-ministro australiano Tony Abbott diz que reunião do G20 discutirá emprego e economia. Ele irrita ecologistas ao descartar a mudança climática do perigo do aquecimento global. Os ambientalistas criticam Abbott por ter abolido a taxa de emissões de carbono aplicadas às empresas mais poluentes.Eles também acusam o primeiro-ministro de ter excluído os temas climáticos da agenda da cúpula. "A recusa de Tony Abbott de incluir a mudança climática na agenda do G20 e as tentativas de seu governo de asfixiar o setor das energias renováveis mostram que ele está determinado a manter a cabeça afundada na terra diante da questão mais importante da nossa época", protestou Eden Tehan, que organizou a manifestação. Várias organizações não governamentais preparam protestos durante a cúpula, o que obrigou o governo a aumentar o esquema de segurança. A ONG Oxfam, uma das que que estarão presentes nas manifestações, atacou a ação dos países ricos na guerra contra a epidemia do Ebola, que já matou 5 mil pessoas na África Ocidental, segundo a Organização Mundial de Saúde. A diretora-executiva da Oxfam, Winnie Byanyima, disse na sexta-feira que nove das 20 maiores economias do mundo não conseguiram oferecer apoio adequado à luta global contra o Ebola. Apesar dos apelos urgentes para o fornecimento de ajuda aos países da África mais atingidos (Libéria, Serra Leoa e Guiné), Argentina, Indonésia, Arábia Saudita e Turquia não fizeram contribuição alguma. Já o Brasil, a Índia, o México, a Rússia e a França deveriam ter feito mais, afirmou a Oxfam. Do G20, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e os países da União Europeia têm assumido maior responsabilidade nessa campanha. Mas Byanyima disse que estes países precisam convencer outros a fazer mais durante a cúpula do grupo em Brisbane. "Esconder-se atrás da generosidade dos outros é inaceitável se quisermos enfrentar a emergência imediata e garantir a recuperação da região a longo prazo", afirmou a diretora-executiva da Oxfam. No entanto, o primeiro-ministro australiano afirmou que o Ebola é outro tema que não estará na agenda do G20, alegando que a crise não é de natureza econômica. O Banco Mundial alertou que se o Ebola se espalhar para os países vizinhos de serra Leoa, Libéria e Guiné, o custo econômico poderia chegar a US$ 32 bilhões até o fim do ano que vem. A Oxfam afirmou que o G20 precisa cumprir a sua ambição de proteger a economia global e agir rapidamente para impedir que as nações já empobrecidas revertam os ganhos econômicos dos últimos anos e aprofundem a sua dependência da ajuda internacional. Outro tema que provocou polêmica antes do início da cúpula foi o de um acordo anticorrupção entre os países do G-20. A China foi acusada pela ONG Transparência Internacional de rejeitar um projeto de acordo para tornar mais transparentes os registros comerciais, identificar mais facilmente os proprietários das companhias e lutar assim contra as "empresas fantasmas" que ocultam atividades ilegais."A China não obstaculiza em nenhum caso estas negociações", reagiu na quinta-feira Zhang Jun, diretor-geral de assuntos econômicos internacionais do ministério chinês de Relações Exteriores. "O G20 é o G20, não é o Conselho de Segurança da ONU . A China não tem direito a veto, nenhum país dispõe do direito de veto e todas as negociações se baseiam no princípio de consenso", acrescentou. Com Reuters e AFP Kiev e Moscou trocam acusações sobre cessar-fogo O QUE É O G20? ■ É o grupo de representantes de 19 países, mais um da União Europeia. Geralmente participam das reuniões anuais os ministros das finanças e os presidentes de bancos centrais dos países. O grupo foi criado em 1999 para que os países industrializadas e desenvolvidas pudessem se reunir e discutir questões-chaves da economia global. A primeira cúpula do G20 aconteceu em Berlim, na Alemanha, em dezembro de 1999. Neste ano, Brisbane, na Austrália, vai sediar a reunião. No ano que vem, será na Turquia. ■ Participam da cúpula ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais de 19 países: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, e Estados Unidos. A cadeira restante pertence à União Europeia. Neste ano participarão também chefes de Estado. ■ A preocupação principal do G20 é a reforma econômica global, a promoção do crescimento, do livre comércio, e da cooperação econômica. As economias do G20 representam dois terços dos habitantes do planeta, 85% do PIB global, e três quartos do comércio mundial. Trégua no Leste da Ucrânia, acertada no dia 5 de setembro, está cada vez mais ameaçada Redação [email protected] Moscou e Kiev trocaram acusações de descumprimento do cessar-fogo na quinta-feira, aumentando o temor de que o conflito na Ucrânia retorne com força. A Rússia alertou que uma retomada das hostilidades contra separatistas pró-Rússia no leste seria catastrófico para a Ucrânia. Já o governo ucraniano acusou a Rússia de enviar soldados e armas para ajudar os rebeldes a lançarem uma nova ofensiva no conflito, que já matou mais de 4 mil pessoas. A violência crescente, as violações do cessar-fogo e os relatos de comboios armados não identificados vindos da fronteira russa aumentaram os temores A violência crescente, as violações do cessar-fogo e os relatos de comboios armados não identificados vindos da fronteira russa aumentaram o temor de um fim da trégua de que a frágil trégua firmada em 5 de setembro desmorone. Moscou nega as acusações de envio de tropas e tanques nos últimos dias e diz que o cessar-fogo, tal como delineado no protocolo de Minsk, é a única solução para o conflito. “(O fracasso do cessar-fogo) seria catastrófico para a situação na Ucrânia”, afirmou o portavoz do Ministério russo das Relações Exteriores, Alexander Lukashevich. A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que monitora a trégua, relatou haver várias colunas de soldados e tanques sem identificação se distanciando da divisa com a Rússia. Novos bombardeios sacudiram a cidade ucraniana de Donetsk, reduto dos separatistas, embora não tenha ficado claro quem disparava, nem se os disparos partiam do aeroporto da cidade, onde tropas ucranianas e rebeldes disputam o controle das instalações. Kiev, que fortaleceu suas defesas no leste da Ucrânia, afirma que os relatos sobre as colunas confirmam suas acusações de que a Rússia está encaminhando reforços para os rebeldes.Zoryan Shkiryak, assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, alertou: “A probabilidade de outra possível invasão de tropas russas em território ucraniano é alta e pode acontecer a qualquer momento.” Na quarta-feira, a Rússia havia declarado que planeja enviar bombardeiros de longo alcance em voos de patrulha sobre águas americanas, inclusive sobre o Golfo do México. Mas o Pentágono disse que se trata apenas de treinamento de rotina em espaço aéreo internacional. Com Reuters Maxim Zmeyev/Reuters ■ Este encontro em Brisbane é especialmente importante porque os líderes dos países, que tomam as decisões, estarão presentes. Homens armados e caminhões militares são vistos em Donetsk 24 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 MUNDO Martin Bernetti/AFP ▲ Fotos Divulgação MISSÃO ESPACIAL TATUADA NO CORPO Culto evangélico é organizado dentro da casa de detenção Colina, em Santiago, no Chile, em agosto Catolicismo permanece em queda entre latinos Apesar do estouro de popularidade do Papa Francisco, pesquisa confirma forte migração de fiéis católicos para igrejas protestantes Redação [email protected] O fenômeno de popularidade do papa Francisco na América Latina não foi suficiente para estancar a contínua queda do número de adultos que se declaram católicos na região, aponta pesquisa realizada em 18 países pelo instituto PEW Research. Em grande parte do século XX, até a década de 1960, pelo menos 90% da população latino-americana era formada por católicos. Esse número vem caindo ano a ano pelo fortalecimento de correntes protestantes. Atualmente, apenas 69% dos adultos latinoamericanos se dizem católicos. Hoje a América Latina possui mais de 425 milhões de católicos, que representam quase 40% da população católica do planeta. Mas a fuga para outras denominações é flagrante. Como 84% dos adultos latinos afirmam que foram criados dentro do catolicismo, mas só 69% deles professam a religião, a dedução é de que 15% procuraram outras igrejas. No sentido contrário, houve crescimento. Só 9% afirmam que foram criados como protestantes, mas 19% se reconhecem em uma de suas denominações, o que ressalta a migração. O mes- mo vale para aqueles que não tem uma crença: 4% não teve formação religiosa na infância, mas 8% não é filiado a nenhuma igreja na idade adulta. Quando se faz a leitura dos dados por país, aproximadamente um em cada quatro nicaraguenses, um em cada cinco brasileiros e um em cada sete venezuelanos se declaram como ex-católicos. São pessoas que deixaram o catolicismo e se voltaram para uma série de religiões consideradas protestantes, como os batistas, adventistas, metodistas, luteranos, presbiterianos e aqueles de igrejas pentecostais. Estas últimas Como 84% dos latinos afirmam que foram criados dentro do catolicismo, mas só 69% professa a religião, a dedução é de que 15% buscaram outras igrejas, em geral, protestantes reúnem quase metade dos fiéis só na igreja Assembleia de Deus. Na Colômbia, por exemplo, 74% dos protestantes afirmam que foram criados como católicos. Questionadas sobre as razões da mudança, dentre oito explicações apresentadas a mais citada foi a “busca de uma conexão pessoal com Deus” (81%) e, depois, “a busca por um estilo diferente de culto ou uma igreja que ajudasse mais seus membros” (69%). Essas constatações estão entre os principais resultados de mais de 30 mil entrevistas presenciais realizadas em 18 países e, também, no estado americano de Porto Rico. O estudo também sondou a popularidade do Papa Francisco em toda a região. O pontífice tem uma imagem extremamente favorável no Uruguai e na Argentina, seu país natal. Neste último, 91% dos entrevistados o aprovam e só 3% tem uma percepção negativa de seu papado. “Mas Francisco não impressiona a todos por igual”, afirma o relatório. Nos outros países, pouco mais da metade dos ex-católicos aprovam Francisco, mas poucos consideram seu papado uma mudança importante para a Igreja Católica. Muitos dizem que ainda é cedo demais para terem uma opinião sobre o papa. com AFP ■ Matt Taylor, um dos cientistas que participou da missão espacial Rosetta, que na quinta-feira conseguiu levar uma sonda a pousar em um cometa pela primeira vez na história, chamava a atenção dentro da Estação Espacial Europeia pela camisa com imagens de mulheres semi-nuas e principalmente pelo corpo todo tatuado. Uma das tatuagens , na perna, era da espaçonave que aterrisou no cometa 67P, e cujo objetivo é ajudar a desvendar a origem da Terra. Taylor foi entrevistado por várias TVs e sua conta no Twitter foi inundada com mensagens que o qualificavam como “louco” e “interessante”. Redação Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 25 MUNDO EMERGENTE FLORÊNCIA COSTA [email protected] A ROTA DA SEDA DO SÉCULO XXI Pablo Tavares A té alguns anos atrás ninguém daria nada por Horgos. Afinal, era uma adormecida vila na fronteira da China com o Casaquistão. Mas tudo mudou depois que Pequim escolheu esse local no noroeste do país, antes esquecido, para ser um imenso centro logístico, de energia e de transportes. Horgos foi ressuscitada para tornar-se uma espécie de ponta de um iceberg chinês: o Cinturão Econômico da Rota da Seda, anunciado em 2013 pelo presidente Xi Jinping. No sábado passado, o mandatário chinês disse que a nova rota comercial terá um fundo de infraestrutura de US$ 40 bilhões para a construção de estradas, ferrovias, portos e aeroportos. Horgos é hoje um dos principais cruzamentos desse cinturão mercantil inspirado na Rota da Seda da antiguidade, que ligou o Oriente e o Ocidente, promovendo trocas comerciais e culturais. Essas rotas eram usadas por peregrinos, monges, soldados, nômades, além de mercadores a partir do primeiro século antes de nossa era, quando os romanos descobriram a seda. No final do século 19 o geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen batizou essa rede de comunicação que ligava a China ao Ocidente com o nome “Rota da Seda”. Entre os ocidentais que viajaram para o Império do Meio naquela época, o mais célebre foi o veneziano Marco Polo (1254-1324), que relatou suas aventuras no clássico “As Viagens de Marco Polo”. Ponto de trânsito por vários séculos, Horgos ficou esquecida após a Revolução Russa de 1917, com o estremecimento das relações entre Moscou e Pequim. Mas há dois anos, o governo chinês criou uma zona de livre comércio lá e inaugurou o maior gasoduto do mundo, de quase 9 mil quilômetros, que liga o Turcomenistão às cidades costeiras de Xangai, Cantão e Hong Kong, abastecendo uma área onde vivem 500 milhões de pessoas. Carregamentos já são levados de trem da China para a Europa através de Horgos. Uma viagem até a Alemanha que duraria 40 dias por navio, leva apenas duas semanas por trem, através de Horgos, informou Jeremy Page em um artigo no jornal “ The Wall Street Journal”. Um vale cercado de picos nevados com plantações de lavanda e habitado por quase 90 mil pessoas, Horgos, segundo o jornalista, simboliza o projeto chinês de redesenhar o mapa geopolítico asiático. O projeto do cinturão chinês inclui, além da parte terrestre, a “Rota da Seda Marítima do Século 21”. Ao anunciar o projeto, Xi Jinping invocou o espírito de Zheng He, um almirante do século 15 que comandou uma frota de navios carregados de tesouros até a África. Ele acabou se transformando em um símbolo do poder marítimo chinês. O plano prevê a construção ou a expansão de portos e zonas industriais não apenas no Sul e Sudeste da Ásia, mas também no Oriente Médio, na África e até na Europa. Os produtos dos países que integrarão essa rota marítima serão promovidos também por uma plataforma de comércio online, segundo o jornal “China Daily”. Além do fundo de US$ 40 bilhões anunciado por Xi Jinping, um novo banco de desenvolvimento de infraestrutura da Ásia, bancado pela China, e com o aporte inicial de US$ 50 bilhões, alimentará os projetos. Alguns acadêmicos chineses chegam até mesmo a comparar a iniciativa com o Plano Marshall que ajudou a reconstruir a Europa no pós-guerra. A agência de notícias “Xinhua” divulgou um mapa mostrando vários novos pontos geográficos do projeto,incluindo Moscou, Dushambe (Tadiquistão), Jakarta (Indonésia) e Colombo (Sri Lanka), sendo que outros países se oferecem para entrar na rota, como o Afeganistão. O governo chinês está tão empenhado em ressuscitar os tempos em que era o centro do mundo, que tem organizado festivais culturais para promover a iniciativa. Xian, capital da província de Shaanxi, que foi um importante Em 2012, Pequim criou uma zona de livre comércio em Horgos e inaugurou lá o maior gasoduto do mundo, com 9 mil km, que abastece uma área onde vivem 500 milhões de pessoas trajeto da antiga Rota da Seda, organizou, em outubro, o primeiro Festival Internacional de Cinema da Rota da Seda, exibindo 31 filmes estrangeiros e 10 chineses. A pompa dispensada na organização da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), nesta semana, com Xi Jinping como anfitrião, não deixa dúvida de que os chineses não medem esforços para mostrar que procuram reconquistar a posição perdida. Mas essa reinvenção também tem um lado militar que assusta o mundo. A China tem disputas territoriais e marítimas com todos os vizinhos. Essa agressividade militar fez com que os Estados Unidos lançasse há três anos a sua estratégia “pivô para a Ásia”. A ideia é contrabalançar o poderio chinês. Mas essa estratégia foi O Cinturão Econômico da Rota da Seda anunciado por Xi Jinping inclui, além da parte terrestre, a “Rota da Seda Marítima do Século 21”, bancados por um fundo de US$ 40 bilhões deixada na geladeira no segundo mandato de Barack Obama, que tem sido alvo de críticas dentro de casa por causa disso. Pequim, agora, tenta convencer países da Ásia de que é do interesse deles aceitar uma China poderosa. Em um discurso para executivos no último domingo, Xi Jinping disse que o plano da China é impulsionar o crescimento e prover a infraestrutura na região para ajudar a colocar em prática o “sonho da Ásia-Pacífico”, ecoando o slogan que repete dentro de casa: “o sonho chinês”, que no discurso oficial significa “construir uma sociedade próspera e rejuvenescer a nação”. Mas o fato é que o sonho chinês tem tirado o sono de muita gente. Coluna publicada às sextas-feiras 26 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 ESTILO S/A MARCIA DISITZER [email protected] BIQUÍNI DE CRISTAL Bolsa da Prada para homens modernos Fotos Arthur Seixas As bolsas masculinas da Prada fazem parte de uma coleção-cápsula da grife italiana: são de couro Saffiano e têm estampa geométrica. São ideais para os homens que carregam o mundo na bolsa. Preço sob consulta. Shopping Cidade Jardim, piso Térreo, SP. Q uem é do mar não enjoa. Talvez por isso, a estilista Marta Reis, que trabalhou durante 15 anos na Blue Man, tenha resolvido mergulhar de novo no universo de beachwear. Ela, que acaba de abrir uma grife que leva o seu nome, lançou uma linha preciosa para quem quer brilhar no verão. São biquínis e maiôs com pedras semi-preciosas brasileiras. O mix de cristais aparece em fivelas que adornam alças, sutiãs e as laterais de calcinhas. “A marca é fruto da minha parceria com a empresária Daniela Peres”, explica Marta. “Eu sou responsável por toda parte de criação e a Daniela, pela comercialização, divulgação e marketing da empresa”, explica ela, ressaltando que essa primeira coleção foi ideia de Daniela. “Resolvi, por sugestão dela, criar peças com detalhes de ametista, quartzo rosa, olho de tigre e lápis-lazuli”, lembra. Segundo a estilista, cada cristal exerce um poder. “São ligados à espiritualidade, à proteção e ao amor”, conta. A marca Marta Reis está sendo vendida em multimarcas de luxo do Rio de Janeiro, como a Via Flores, no Leblon, e a Fabric & Co, no Village Mall, na Barra da Tijuca. “São produtos para uma mulher que curte design e que valoriza o artesanal”, diz Marta, animada com os próximos passos da grife. “Vamos vender para multimarcas de todo Brasil e planejamos participar da edição de verão 2015/2016 do Fashion Rio, no ano que vem.” ■ Para combater flacidez e gordura localizada, o cirurgião Pedro Granato indica o aparelho Reaction, que une a energia da radiofrequência, reduzindo o volume das células de gordura, com a terapia a vácuo, que tem efeito de uma drenagem linfática. ■ Arnaldo De Merian recebe os DJs RV, D-Groov, Bernardo Sacramento e Flavia Xéxeo na Drop the Bass, hoje, no 00 Gávea (RJ). ■ No Crystal Hair (RJ), a novidade é o detox de melaleuca para o cabelo, que promete recuperar a fibra capilar em cinco sessões e eliminar a oleosidade dos fios. Fotos Divulgação PONTO A PONTO ■ PedroLourenço fez parceriacom aNike elançou umacoleção feminina,que podeserusada naacademiae nasruas. Alinha éformadapor novemodelos, comojaquetas, leggings, regatas esaias, além dedoistênis. Àvenda naCartel 011-11 -3081-4171. Drinques exclusivos e vista privilegiada Durante este mês e em dezembro, acontece o evento Verano Dry Martini By Richards, aos sábados, das 16h às 22h, no Hotel Sheraton Rio. A fórmula é imbatível: drinques exclusivos e a vista de capotar do Leblon e de Ipanema. No clima de Réveillon e férias A coleção desenvolvida pela blogger Helena Bordon para Martha Medeiros, com direito a rendas e clima resort, já está à venda na Farfetch (Farfetch.com.br). Botas com tecidos de alfaiataria As botas criadas por João Pimenta para a West Coast têm tecidos de alfaiataria, misturando tradição e modernidade. Vão estar à venda no início de 2015. www.westcoast.com.br Coluna publicada às sextas-feiras Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 27 CINEMA CORRENTE RICARDO COTA [email protected] PARCERIA COM A NET SALVA GRUPO ESTAÇÃO DA CRISE Divulgação M ais importante grupo de cinema alternativo do Rio de Janeiro, o Estação Botafogo, hoje Estação NET, correu sério risco de fechar suas portas. Diante de uma crise milionária, que gerou uma dívida de R$ 43 milhões, o grupo escapou da falência graças ao empenho de um dos seus sócios, do carinho de seus frequentadores e sobretudo da sensibilidade empresarial, muito rara na área de cultura. Em conjunto, estes agentes perceberam o prejuízo afetivo e intelectual daquela que seria uma perda irrecuperável. E puseram mãos à obra. As razões que levaram à crise foram muitas e já bastante difundidas pela mídia. Agora, o que importa é ressaltar, e tornar exemplares, as ações que impediram a clausura do grupo. A começar pelo empenho visceral do mais atuante dos sócios remanescentes, Marcelo Mendes. Foi ele que superando as limitações de quem nunca cursou uma cadeira sequer de Direito preparou os termos da recuperação judicial do Estação e negociou, na raça, a dívida com os acionistas. O primeiro passo foi reduzila de R$ 43 para R$ 8 milhões. O grupo também devia R$12 milhões em impostos que foram parcelados e estão sendo pagos pelo Programa de Recuperação Fiscal, o Refis. Além dos termos jurídicos, Marcelo comandou uma ação nas redes sociais tornando pública a agonia do grupo. Conseguiu em pouco tempo mobilizar mais de 10 mil segui- MARINHA DO BRASIL BASE AÉREA NAVAL DE SÃO PEDRO DA ALDEIA AVISO DE LICITAÇÃO TOMADA DE PREÇOS N° 02/2014 A BASE AÉREA NAVAL DE SÃO PEDRO DA ALDEIA torna público que realizará Tomada de Preços para reforma da Torre de Controle de Tráfego Aéreo do DIACTA da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia . Edital disponível no site www.comprasnet.gov.br, a partir de 14/11/2014. FÁBIO ANGELO DE ARAÚJO Capitão-de-Mar-e-Guerra Ordenador de Despesa Além disso, caberá ao Estação criar uma curadoria para selecionar filmes para o Net Now, o que com certeza melhorará em muito a qualidade dos produtos oferecidos pela TV a cabo dores no Facebook que repartiram memórias e contribuíram para enfatizar a importância do Estação no cenário cultural carioca. O desfecho feliz viria com o interesse da Net em se tornar parceira atrelando seu nome à marca e criando uma linha de ação de negócios inédita, visionária e promissora. Há que se destacar a sensibilidade do vice-presidente de Estratégia e Gestão Operacional da Net, Rodrigo Marques, que tomou conhecimento do caos financeiro do grupo pelos jornais. Ro- drigo, poucos sabem, fora estagiário do Estação há muitos anos, o que dá um colorido especial a esta trama de nítidos contornos cinematográficos. A parceria causou espécie a princípio no setor audiovisual. Afinal, o que interessaria a uma empresa de TV por assinatura e Video on Demand (Vod) a associação com uma rede de cinemas, a princípio concorrente? O conflito, segundo os novos parceiros não existe. Os planos incluem a exibição de filmes exclusivos do Estação no Net Now, o VoD da Net. Também serão realizadas ações construtivas, como convites a roteiristas de séries internacionais para participarem de palestras sobre a relação cada vez mais próxima entre cinema e tevê no espaço do Estação. As palestras farão parte do programa NetLab TV, cujo intuito é estimular roteiristas e profissionais do mercado audiovisual. Além disso, caberá ao Estação criar uma curadoria para selecionar filmes para o Net Now, o que com certeza melhorará em muito a qualidade dos produtos oferecidos pela TV a cabo. Às vésperas de comemorar 29 anos de existência, o Grupo Estação dá um verdadeiro presente ao seu público com esta parceria. Mais do que garantir a sua sobrevivência, o grupo, de fôlego renovado, garante que a comunhão irá permitir a ampliação de novas salas e a compra, fundamental para o futuro, de equipamentos digitais condizentes com as novas necessidades da tecnologia de projeção. Fica assim preservado o futuro de um patrimônio cultural dos amantes da sétima arte, que sempre enxergaram no Estação a janela de acesso para cinematografias alternativas ao já consagrado mainstream. Agora é mãos à obra. E que viva o Estação! Coluna publicada às sextas-feiras VB - Recursos Humanos Ltda, situada na Rua José Antonio Nunes, 151-A, Centro, CEP 06950-000 inscrita no município de Juquitiba/SP, sob n° 1913 e no CNPJ n° 54.512.553/0003-14, declara para os devidos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod. 51 e 57 e das Notas Fiscais Fatura de Serviços em formulário continuo: AIDF n° 1502 do n° 01 à 1.000, AIDF n° 1501 do n° 1.001 à 3.000, AIDF n° 89 do n° 3.001 à 5.000, AIDF n° 547 do n° 5.001 à 6.000, AIDF n° 806 do nº 6.001 A 8.000, AIDF n° 1034 do n° 8.001 à 10.000. por este motivo a empresa não se responsabiliza pelo USO indevido dos mesmos. Disque Amizade de São Paulo Ltda, s i t u a d a n a R u a J o s é A n t o n i o N u n e s , 271, sala 1 A, Centro, CEP 06950 000 inscrita no município de Juquitiba/ S P, s o b n ° 2 5 3 2 e n o C N P J n ° 0 0 . 9 0 4 . 6 5 8 / 0 0 0 2 0 9 . d e c l a r a p a r a o s d e v i dos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod. 51 e 57 e das Notas Fiscais Fatura de Serviços AIDF n° 288 do n° 01 à 500, 10 blocos, por este motivo a empresa não se responsabiliza pelo uso indevido dos mesmos. SSC - Serviços e Sistemas de Comunicações Ltda, situada na Rua José Antonio Nunes, 271, sala 04, Centro, CEP 06950-000 inscrita no município de Juquitiba/SP, sob n° 2220 e no CNPJ n° 67.157.099/0002-91, declara para os devidos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod 51 e 57 e das Notas Fiscais Fatura de Serviços AIDF n° 1965 do n° 01 à 500, 10 blocos, por este motivo a empresa não se responsabiliza pelo uso indevido dos mesmos. Teletra Manutenção Industrial Ltda, situada na Rua José Antonio Nunes, 151, Centro, CEP 06950-000 inscrita no município de Juquitiba/SP, sob n° 1914 e no CNPJ n° 51.878.809/ 0005-85, declara para os devidos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod. 51 e 57 e das Notas Fiscais Fatura de Serviços em formulário continuo: AIDF n° 2233 do n° 01 à 2.000, AIDF n° 2236 do nº 2.001 à 4.000, AIDF nº 1379 do nº 01 à 1.000, 20 Blocos, AIDF n° 1521 do nº 1.001 à 2.000, 20 Blocos, AIDF nº 1522 do nº 2.001 à 2.150, 03 Blocos, por este motivo a empresa não se responsabiliza pelo uso indevido dos mesmos. Uniforce - Serviços de Segurança Ltda, situada na Rua Prestes Maia, 24, Centro, CEP 06950000 inscrita no município de Juquitiba/SP, sob nº 2243 e no CNPJ n° 67.154.674/0002-00. declara para os devidos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod. 51 e 57 e das NFs AIDF n° 1934 do n° 01 à 500, 10 Blocos, AIDF n° 2234 do n° 501 à 750, 05 Blocos, NFFs em formulário continuo AIDF nº 2235 do n° 01 à 1.000, AIDF n° 958 do n° 1.001 à 3.000, por este motivo a empresa não se responsabiliza pelo uso indevido dos mesmos. Vale Benefícios Serviços Comércio e Administração Ltda, situada na Rua José Antonio Nunes, 271, sala 02, Centro, CEP 06950-000 inscrita no município de Juquitiba/SP, sob n° 2315 e no CNPJ n° 61.707.220/0002-25, declara para os devidos fins o extravio dos Livros Fiscais Mod. 51 e 57 e das Notas Fiscais Fatura de Serviços em formulário continuo: AIDF n° 1937 do n° 01 à 5.000, AIDF n° 2092 do n° 5.001 à 10.000, AIDF n° 1520 do nº 10.001 à 20.000, AIDF n° 157 do n° 20.001 à 30.000, AIDF n° 260 do n° 30.001 à 50.000, AIDF n° 478 do n° 50.001 à 70.000, AIDF nº 807 do n° 70.001 à 75.000, por este motivo a empresa não se responsabiliza pelo uso indevido dos mesmos. POSITIVO INFORMÁTICA S.A. CNPJ/MF: 81.243.735/0001-48 - Companhia Aberta Ata da Reunião Ordinária do Conselho de Administração Realizada em 29 de Outubro de 2014 1. Data, Hora e Local: No dia 29 de outubro de 2014, às 9 horas, na sede do Grupo Positivo, na Av. Candido Hartmann, 1400, Bigorrilho, na Cidade de Curitiba, Estado do Paraná.2. Presença e Convocação: A convocação foi efetuada por meio eletrônico, estando presentes os Conselheiros: Lucas Raduy Guimarães, Hélio Bruck Rotenberg, Fernando Xavier Ferreira, Pedro Santos Ripper, Samuel Ferrari Lago, Álvaro Augusto do Amaral e Fernando Soares Mitri.Como convidado, o Sr.Idel Iankilevich DiretorVice Presidente de Finanças da Companhia. 3. Mesa: Presidente:Fernando Soares Mitri;Secretária:Alessandra de Paula Souza.4. Ordem do dia: a) análise dos resultados de setembro de 2014; e b) renovação de autorização à Diretoria da Companhia.5. Deliberações: Aberta a reunião, o Presidente convidou a mim, Alessandra de Paula Souza, advogada da Companhia, para secretariar a reunião e lavrar a presente ata. Passou-se então à discussão do tema da pauta, pela ordem: a) O Conselho analisou os resultados de setembro de 2014; e b) Deliberou renovar a autorização da Diretoria de prestar garantia aos fornecedores de bens de informática do operador logístico Columbia Distribuidora S.A., com a finalidade de fornecer insumos exclusivamente à Companhia, com limite mensal de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), por fornecedor homologado por esta Companhia. Tal autorização vigorará pelo prazo de 12 meses, a contar desta data. 6. Nada mais tratado lavrou-se a ata que foi lida, aprovada e assinada por mim Secretária e pelos Conselheiros da Companhia. Curitiba, 29 de outubro de 2014. Autenticação da Mesa: Alessandra de Paula Souza - Secretária. Junta Comercial do Paraná. Certifico o registro em: 07/11/2014 sob número: 20146164989. Protocolo: 14/616498-9, de 05/11/2014. Sebastião Motta - Secretário Geral. 28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 AGENDA CULTURAL Editora: Flavia Galembeck [email protected] EM NOVO DISCO, CRIOLO PEDE DIÁLOGO E EQUILÍBRIO A trajetória de Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, na música é bastante incomum. Após 20 anos de estrada, o rapper paulista estava decidido a encerrar a carreira, pois a atividade mal lhe permitia pagar as contas. Em 2011, lançou “Nó na Orelha”, disco dedicado a sua família e que marcaria sua despedida. Ele só não imaginava que a obra produzida por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral o colocaria sob os holofotes nacionais e, menos de um ano depois, estaria dividindo o palco com Caetano Veloso. Em “Convoque seu Buda”, álbum que acaba de lançar, Criolo passeia, mais uma vez, pelos mais variados ritmos da música brasileira com o talento e a criatividade já reconhecidos pelo público e pela crítica. Após o show que fez junto com o rapper no Rio de Janeiro, Milton Nascimento afirmou que, além de um encontro entre amigos, a apresentação representava um “ato político”. A conotação política é uma forte marca da obra de Criolo e aparece com ainda mais força em seu novo trabalho. Na turnê de apresentação do novo álbum, afirma que visitará canções do disco que o projetou, além de seu primeiro trabalho, mais marcado pelo rap, “Ainda há Tempo”. “Uma vez, passei em casa depois de ter tidoumacidente,emeupaitinha chegado doserviço, por coincidência,emelevouparaopronto-socorro. Ao chegarmos lá, fui prontamenteatendido,masmeupaidemorouquase duashoras paraser liberado,porque,porsernegroenordestino,chamarama polícia parainvestigar se ele tinha participado de um sequestro, pois um jovem que tinha sofrido um acidente durante um sequestro estava lá”, conta. O novo disco, que levou três meses para ser produzido, traz participações com outros nomes da nova geração da música brasileira, como Tulipa Ruiz, Juçara Marçal e o rapper Neto. Ele explica que, conforme compunha as canções, os nomes dos parceiros vinham à mente. Mais uma vez, o álbum ultrapassa as barreiras do rap e dialoga com diversos ritmos, brasilei- AGENDA DE SHOWS ■ SÃO PAULO - SP Sesc Vila Mariana (14, 15 e 16 de novembro) ■ RIO DE JANEIRO - RJ Fundição Progresso (21 de novembro) ■ BELO HORIZONTE - MG Parque das Mangabeiras (22 de novembro) ■ PORTO ALEGRE - RS Bar Opinião (03 e 04 de dezembro) ■ CAXIAS DO SUL - RS All Need Mater Hall (05 de dezembro) ■ CURITIBA - PR Ópera de Arame (06 de dezembro) ■ BRASÍLIA - DF Parque da Cidade (07 de dezembro) ■ CUIABÁ - MT Mandinga Festival (20 de dezembro) ros, africanos e jamaicanos, passeando pelo samba, reggae, e o dub, sob a tutela de Ganjaman. Nãoésóodiálogoentreestilosvariados que Criolo propõe. Na visão domúsico,aausênciadesseelemento é uma dasgrandesmazelas da sociedade atual. “Dentro de casa, tem pessoasquenãoconversam.Odiálogo é, também, entender o que o outro está falando. É ter paciência para ouvir. Mas nós estamos todos muito ansiosos. A gente acabou de sair de uma ditadura, que acabou de sair de uma escravidão, que acabou de sair de uma invasão. A gente tem vergonha do nosso passado. Mas nossa história é muito rica. Existem pessoas que construíram nossa nação que são de uma beleza tão grande, que isso éum prato cheio paraa gente se sentir valorizado e ter orgulho da nossa história, de nossa construção, em meio a todo o caos posto”. Em abril deste ano, justamente por não ter conseguido estabelecer um diálogo com o público, Criolo virou alvo de brincadeiras na internet. Em entrevista a Lázaro Ramos, no programa Espelho, do Canal Brasil, ele tentou relativizar o conceito da nova classe média. Uma frase em especial, “Lázaro, alguém nos ajude a entender”, virou “meme” nas redes e, no disco novo, foi transformada em música por Criolo, na canção Cartão de Visita. “Na hora em que eu estava construindo o texto, a frase veio de modo natural. Como eu não fui aceito, não soube me comunicar, procurei seguir o toque das pessoas. Eu não tenho dimensão de quem está ouvindo o que eu estou falando. Estava conversando com um amigo, procurando ser o mais simples, como se eu tivesse aqui conversando com você, ou na laje de casa lá no Grajaú. Todo mundo cobra de qualquer pessoa que ela seja natural e ela mesmo. Só fui eu mesmo”, esclarece. Colaborou o estagiário João Pedro Soares ))) Leia a entrevista completa em www.brasileconomico.com.br Caroline Bittencourt/Divulgação “Eu estou sempre no no Grajaú, ou aqui na região do centro velho de São Paulo, na Santa Efigênia, e ali é a Cracolândia. A qualquer hora do dia, você está vendo cinco, dez, 20 pessoas entregues a essa doença, passando por situação difícil. É a verdade do que a gente vê, pessoas lutando para ter moradia, para sair de um vício. Isso é uma realidade. Machuca, porque desde criança você vê isso. E a gente não quer ver nosso povo sofrendo desse jeito”, explica, falando sobre a inspiração para suas composições. Ainda falando sobre política, ele classifica como “deprimente” a manifestação de preconceito contra os nordestinos durante as eleições, especialmente em São Paulo. “O que é isso? Que falta de respeito inadmissível. É vergonhoso, sobretudo por ter vindo de pessoas que se dizem cultas. Como assim? Não estou entendendo. Ou melhor, estamos entendendo bem e sempre soubemos disso, só que, agora, as pessoas não estão mais disfarçando esse sentimento”, dispara. Filho de nordestinos criado no bairro do Grajaú, em São Paulo, Criolo afirma que não se trata de uma realidade nova. Fotos Divulgação Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 29 NOTAS Divulgação O ‘canto do cisne’ de duas lendas vivas do Rock Não deixa de ser irônico que os lançamentos mais badalados da indústria musical no final de 2014 sejam de dois mitos do rock que na prática não produzem material relevante há pelo menos trinta anos. Os críticos mais ácidos alegam que “Endless River”, o derradeiro álbum do Pink Floyd, e as reedições dos álbuns do Led Zeppelin não passam de caça-níqueis com embalagens luxuosas para colecionadores. A julgar pelo interesse e admiração que ambas as bandas despertam nas gerações mais novas, o mito parece resistir ao esgotamento criativo desses grandes músicos, que buscam ao mesmo tempo preservar o legado e dar um fim digno às suas gloriosas carreiras. “Endless River”, o álbum de despedida do Pink Floyd é um tributo ao tecladista e cofundador Rick Wright, que morreu de câncer em 2008. Montado a partir de material que seria utilizado para uma edição dupla do álbum “Division Bell”, “Endless River” (Rio infinito, na tradução em inglês) traz as marcas registradas do Pink Floyd: o órgão e os sintetizadores pilotados pelo subestimado Wright produzem texturas encharcadas de eco e reverberação que fazem a cama para a guitarra inconfundível de David Gilmour costurar melodias límpidas, econômicas e melancólicas. Longe da inspiração de clássicos como “Dark Side Of The Moon” e “Wish You Were Here”, “Endless River”, é um canto de cisne digno de uma banda que, no auge criativo contribuiu para dar ao rock o status de arte. Também foram lançadas as edições especiais de “Led Zeppelin IV” e “Houses of The Holy”. Pela quantidade de clássicos, ambos os álbuns parecem coletâneas. A remasterização a partir das fitas masters realça a característica que fez do Led Zeppelin uma lenda: os contrastes entre luz e trevas, leveza e peso, em que a dinâmica e a interação quase sobrenatural entre os integrantes eram absolutas. E como se não bastasse o material original, as novas edições trazem material de estúdio inédito, com versões alternativas que farão a felicidade dos fãs e atrairão as novas gerações. André Boudon 10º Festival de Cinema Italiano tem início no MIS-SP Sentido horário: “Led Zeppelin I, II, IV e III”. Abaixo: “The Endless River”, do Pink Floyd. Beti Niemeyer Show ‘100 anos de Caymmi’ acontece hoje no Vivo Rio Filme sobre Joãosinho Trinta chega aos cinemas Desde ontem está em cartaz nos cinemas o longametragem “Trinta”, que conta a história do carnavalesco Joãosinho Trinta. Estrelado por Matheus Nachtergaele e dirigido por Paulo Machline, o filme conta a história de Joãosinho, que nasceu em São Luis, no Maranhão, e se mudou para o Rio de Janeiro para ser bailarino. Antes de ingressar no samba e revolucionar os desfiles, o carnavalesco integrou o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio, chegando a encenar as óperas como “O Guarani”, de Carlos Gomes. A partir da próxima terça-feira, dia 18, até domingo, 23, a 10ª edição do Festival de Cinema Italiano de São Paulo tem início no Museu da Imagem e do Som. Neste ano, o evento traz uma retrospectiva de Pietro Germi, em homenagem ao seu centenário. Com produção em andamento desde 2002, o filme foi arquivado pelo diretor várias vezes até conseguir um patrocinador definitivo. Enquantooroteiroficounagaveta,Machline produziu o documentário “A Raça Síntese de Joãosinho Trinta”, em que conta sua história através de entrevistas com o protagonista e pessoasde seuuniverso,comobjetivo de usá-las como pesquisa para seu filme de ficção. Bem recebido no Festival do Rio, “Trinta” chega aos cinemas com a promessa de conquistar o público. Vale conferir! Hoje, Nana, Dori e Danilo se reúnem no Vivo Rio para homenagear o pai, o grande compositor Dorival Caymmi. O show é uma das comemorações ao aniversário de 100 anos do compositor baiano. Ingressos à venda no: ingressorapido.com.br Moulin Rouge quebra recordes mundiais no cancan Chegou às lojas ontem, o 60º Livro Guinness, que traz três novos recordes batidos pelo cabaré parisiense Moulin Rouge. Entre eles, o de mais “ronds de jambes” de cancan em menos tempo: 29 em 30 segundos, realizado por 44 dançarinas. 30 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 OPINIÃO Editoria de Arte Passado, presente e futuro da Anvisa Nelson Mussolini [email protected] Agência Nacional de Vigilância Sanitária é um marco na saúde do país. Sua contribuição para o desenvolvimento da indústria farmacêutica é notória e inegável. Quando foi instituída, em 1999, gerou grandes expectativas. Foi a partir do moderno modelo de regulação sanitária e econômica instaurado pela Anvisa que a cadeia produtiva de medicamentos adotou altos padrões de qualidade que atraíram as principais empresas globais e viabilizaram a consolidação de grandes laboratórios de capital nacional. O artífice dos primórdios da Anvisa foi Gonzalo Vecina Neto. Apesar das difíceis condições de trabalho, com um corpo técnico todo “emprestado” de outros órgãos do governo, conseguiu instalar a Agência e as primeiras regras de boas práticas de fabricação foram editadas. A indústria farmacêutica sofreu (e não foi pouco) com diversas novas normas, às vezes mais de uma por dia, que precisavam ser absorvidas e implementadas de forma rápida. Houve o “Projeto Z”, mediante o qual todos os registros de produtos eram reavaliados; foi editado o marco regulatório dos genéricos, que mudou o mercado; vieram as regras de controle de preços, impactando diretamente a rentabilidade das empresas. O início não foi fácil, mas o médico Vecina, de forma paciente e cirúrgica, conseguiu implementar a Anvisa de que hoje nos orgulhamos. Depois de Vecina, muitas figuras valorosas ajudaram a construir um órgão que, em poucos anos, se tornaria referência internacional de regulação de setores vitais para a economia do país. Uma delas merece menção especial: o farmacêutico Dirceu Barbano, que acaba de encerrar seu mandato à frente da Anvisa. Barbano, que durante alguns anos contou com apenas mais dois diretores (de um total de cinco) conseguiu, de forma hercúlea, imprimir um novo tom à instituição. Enfrentou greves que praticamente pararam a liberação de produtos nos portos e aeroportos; conseguiu aprovar um concurso público para o preenchimento de 314 vagas. E, o mais importante, obteve o reconhecimento internacional da excelência regulatória da Agência. A indústria farmacêutica mantém com a Anvisa um diálogo intenso e, às vezes,difícil, por causa das complexas ques- A O que se espera é que o próximo presidente da Anvisa preserve esses avanços e os amplie, deixando o órgão imune a ingerências políticas tões envolvidas. Consensos e divergências fazem parte da rotina de interlocução entre ente regulador e setor regulado. Não foi diferente na gestão de Barbano. Por exemplo, não concordamos com a exigência de registro de preços antes de aprovado o registro do produto; isso atrasará o avanço tecnológico sem qualquer resultado prático para o consumidor. Combatemos de forma veemente a possibilidade de troca nas farmácias de similares por seus produtos de referência, pois servirá somente para enfraquecer a exitosa política de genéricos, sem qualquer ganho sanitário para o consumidor. Porém, essas questões não comprometem o legado de Barbano na condução da Agência. Em parceria com o Movimento Brasil Competitivo, teve a coragem de enviar os novos concursados da Agência para conhecer o chão de fábrica da indústria. Entendeu perfeitamente que o técnico precisa conhecer como se produz um medicamento para poder melhor regulamentar o setor. Sempre aberto ao diálogo, incentivou as consultas públicas, as audiências públicas, implementou as reuniões de diretoria colegiadas abertas, sem abrir mão de suas convicções. Como farmacêutico, soube dosar a ânsia regulatória do gestor com a necessidade de agilidade, transparência e previsibilidade do setor regulado. Deficiências persistem, mas Vecina, Barbano e tantos outros demonstram que o profundo comprometimento com a questão sanitária no Brasil faz a diferença para melhor. O que se espera é que o próximo presidente da Anvisa, que necessariamente deve ser alguém da área de saúde, preserve esses avanços e os amplie, deixando o órgão imune a ingerências políticas que possam prejudicar seu bom funcionamento. Assim, contribuirá para preservar uma indústria farmacêutica forte e competente, que hoje tem condições de investir e fazer inovação, para o bem da saúde dos brasileiros. Nelson Mussolini é presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo Sexta-feira e fim de semana, 14, 15 e 16 de novembro de 2014 Brasil Econômico 31 JULIO TAKANO MÁRIO MELLO Presidente da Associação Brasileira da Indústria, Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv) Diretor geral do PayPal América Latina Como a indústria pode atuar com seus produtos no varejo Pagamentos via celular é uma onda irresistível Nos últimos anos, a indústria brasileira tem apresentado crescimento inferior à expectativa do mercado. Logística prejudicada pela malha rodoviária deteriorada e insuficiente para atender os picos de demanda, carga tributária alta e complexa do país estão entre as razões mais citadas pelos analistas econômicos. A forma como alguns varejistas tratam os produtos nos pontos de venda tem gerado insatisfação na indústria que vê um risco para a construção da marca dos seus produtos. Vivemos uma silenciosa, mas importante evolução dos meios de pagamento. Assim como as cédulas e moedas perderam espaço para o talão de cheques, que, por sua vez, foi superado pelo cartão de crédito, agora é a vez e a hora da moeda eletrônica das “carteiras digitais”. Embalado pela evolução tecnológica da comunicação, acompanhado pela democratização dos equipamentos digitais móveis, o comércio eletrônico tornou-se uma irresistível onda que gradualmente conquista o coração e o bolso dos consumidores. Para um produto chegar ao mercado, passa por estudos, pesquisas, desenvolvimento de design, adequação e estudo de lifestyle do consumidor, testes em laboratórios dos mais variados tipos. Há investimentos em marketing, publicidade, royalties. Diante desse esforço, em alguns casos, o empresário vê seu produto no chão ou escondido em um dos cantos da loja. A participação da indústria no varejo não se trata apenas do desejo, mas de necessidade, de sobrevivência. O maior desafio é entrar no varejo sem criar conflito de canais, o que pode ser um risco para o negócio como um todo. Ou seja, não passar a ser concorrente de seus próprios clientes. Sem dúvida, uma decisão difícil. E, com o comércio eletrônico, cresce também a adoção dos pagamentos móveis, que, no Brasil, devem atingir 80 milhões de usuários cadastrados até 2018, de acordo com a consultoria Frost&Sullivan. De usuários de transporte público a vendedores porta-a-porta, de pequenos comerciantes a profissionais liberais e grandes empresas, todos têm a ganhar com a facilidade do novo sistema. A velocidade da expansão da moeda eletrônica está atrelada à resposta de algumas questões importantes. Uma delas é definir a melhor plataforma tecnológica para essa operação, principalmente a que melhor atenda à segurança das transações. Uma recente pesquisa realizada pelo instituto ReputationLeaders em todo o mundo, publicada em maio passado, apontou que 59% dos consumidores temem que seus dados financeiros sejam roubados em operações via internet. O número sobe para 74% entre os brasileiros, paradoxalmente o povo mais aberto do mundo ao uso de equipamentos móveis para realizar pagamentos, segundo o mesmo levantamento. O varejo continua detendo a cadeia da compra e distribuição, do que vende e não vende. A diferença é que agora a indústria pergunta ao varejista: por que não vende? A estratégia da indústria tem sido criar modelos de lojas flagship (lojas conceitos). O objetivo é mostrar como expor bem produtos desvalorizados pela má exposição nos pontos de venda. Algumas indústrias têm entrado no varejo com muito sucesso, reposicionando e reforçando a capilaridade da marca. Tenho trabalhado com cases como Hering Store, Artex, Tramontina. Constato que tem sido um movimento saudável criar um ciclo virtuoso da indústria em entender os desejos dos consumidores e ajudar varejistas com informações valiosas para construção do mix de produtos. A indústria passa a conhecer o varejo e, em vez de serem vistos como concorrentes diante dos clientes, ajudam aos varejistas a crescer, a perceber e a valorizar a qualidade dos produtos antes desprezados nos pontos de venda. Depois que a indústria entrou no varejo, seus clientes varejistas começaram a vender produtos que antes não conseguiam. Alguns varejistas passaram a solicitar e cobrar da indústria produtos que antes eram desprezados por eles. A percepção mudou. Um produto bem exposto chegar a valorizar 100%. Um produto pode valer R$ 60, mas, se for exposto no chão da loja, tem percepção de R$ 30. Porém, quando indústria, em sua loja conceito, expõe o produto de forma diferenciada, o varejista passa a ver os produtos de outra forma. Quando este mesmo comprador do varejista vai a uma flagship da indústria e vê como o novo produto exposto, valorizado, com curadoria e explicações ao consumidor de forma precisa e assertiva como descrito anteriormente, percebe o índice de inovação e passa a desejar o produto proposto pela indústria ao mercado. Outro diferencial tem sido no atendimento. A informação das funcionalidades e diferenciais dos produtos em alguns casos não são conhecidos por falta de treinamento. O varejo continua detendo a cadeia da compra e distribuição, do que vende e do que não vende. A diferença é que agora, mais experiente, a indústria está perguntando ao varejista: por que não vende? Aqui, faz toda a diferença a experiência adquirida em plataformas tecnológicas de pagamento eletrônico, fartamente testadas e aprovadas em todo o mundo Assim, é preciso conquistar o território da desconfiança, permitindo acelerar a mudança de comportamento do consumidor, que, em últi- ma análise, é quem vai ditar não só o timing, mas o grau de sucesso da nova modalidade. Quanto à segurança, evidentemente, nem consumidor, nem lojista — muito menos instituição financeira — quer embarcar numa canoa furada que exponha seus dados. Na verdade, a escolha da plataforma ideal não é apenas uma questão de opção pela marca mais simpática ou popular, mas sim a plena garantia de que os pagamentos móveis realizados não caiam em mãos erradas ou sejam objeto de fraudes. Aqui, faz toda a diferença a experiência adquirida em plataformas tecnológicas de pagamento eletrônico, fartamente testadas e aprovadas em todo o mundo, antes de confiar o envio ou recebimento de valores online, seja por meio de contas bancárias ou cartões de crédito. Portanto, valorizam-se produtos financeiros que não apenas intermediam, mas agregam valor às transações domésticas e internacionais cada dia mais complexas, diante da diversidade de moedas, condições e fronteiras envolvidas. A boa reputação dos sistemas de proteção, atendimento com qualidade ao consumidor e ao varejista, e assumir os riscos da operação são os componentes fundamentais para que uma empresa do segmento ganhe a confiança de todos os envolvidos na cadeia de valor e lidere as soluções em pagamentos móveis. Nesse processo pioneiro, não há vencedores ou vencidos. Os agentes de transformação devem se dar as mãos — sejam fornecedores de soluções ou consumidores — em prol da disseminação do pagamento móvel, que certamente trará maior nível de segurança e benefícios evidentes para todos. Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Diretor Presidente José Mascarenhas BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Publisher Ramiro Alves Chefe de Redação Octávio Costa Editora-Chefe Sonia Soares Diretor de arte André Hippertt Editor de arte Carlos Mancuso Redação (RJ) Rua dos Inválidos, 198, Centro, CEP 20231-048, Rio de Janeiro Tels.: (21) 2222-8000 e 2222-8200 Redação (SP) Rua Guararapes, 2064, Térreo, Brooklin Novo, CEP 04561-004, São Paulo Redação (DF) SHS Quadra 6 Conjunto A, Complexo Brasil 21, Bloco C, Salas 520 a 523, CEP 70316-109, Brasília. 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Este foi título da entrevista que deixou FH bastante irritado com o filósofo, cuja crítica tinha mais peso do que qualquer outra. Brasil e Portugal perdem no mesmo dia Leandro Konder e Fernando Mascarenhas. Dois homens dignos. Insubstituíveis Leandro Konder, que morreu aos 78 anos, não era homem de meias palavras. Seguidor fiel de Karl Marx e do húngaro George Lukáks, defendia suas ideias com paixão e destemor, desde os tempos de juventude em Ipanema. Sob só voltou ao Brasil em 1978, ao lado do amigo e também filósofo Carlos Nelson Coutinho. Os dois vieram do exterior convencidos de que a democracia é um valor universal que, portanto, tem de ser aplicado ao socialismo. Trataram de difun- AROEIRA influência de seu pai, Valério Konder, médico sanitarista e membro do Partido Comunista, ele se encantou cedo com o marxismo. Por sua militância, foi preso e torturado durante a ditadura militar. Em 1972, partiu para o exílio na Alemanha e dir esta visão e ajudaram a minar o sectarismo que impregnava o pensamento de esquerda no país. “Ele era um marxista dos menos dogmáticos, conhecido por seu carisma e generosidade”, comentou o acadêmico Sérgio Paulo Rouanet. A última quarta-feira foi dia de perda também em Lisboa, onde morreu, aos 69 anos, Fernando Mascarenhas, o marquês de Fronteira e Alorna. Mecenas da arte e da cultura, ele criou, em 1989, a Fundação que leva o nome das duas Casas, com sede no imponente Palácio da Fronteira, no número 1 do Largo de São Domingos de Benfica. Disse o jornal “Público” a respeito de Fernando: “Culto, sofisticado e com reconhecido senso de humor, considerava-se um homem de esquerda, mas sempre levou a sério sua condição de herdeiro de uma boa dezena de títulos de nobreza”. Nos dias do regime salazarista, chegou a ser chamado de “marquês vermelho” pela oposição ao fascismo e pelas reuniões clandestinas que promoveu no Pa- lácio da Fronteira, sem temer a violenta repressão. Por várias vezes foi chamado a depor na Pide (a polícia política) e se divertia ao lembrar que ia para a delegacia a bordo de uma Cadillac dirigido por seu motorista. Com sua militância irreverente, chamou atenção da imprensa francesa que atribuía ao nobre português a paternidade de uma nova corrente ideológica: o “marquesismo-leninismo”. O marquês de Fronteira costumava convidar escritores e poetas brasileiros para passar temporadas em seu palácio, que tem um dos mais belos jardins da Europa. Hospedava-os com todas as honras e os apresentava à sociedade em noites de saraus literários, sempre muito concorridas. Ficou famosa a carta/sermão que Fernando Mascarenhas dirigiu ao sobrinho Antônio, seu sucessor, com conselhos de fidalguia: “Sê primeiro um homem e, depois, só depois, mas logo depois, um aristocrata”. Brasil e Portugal perdem dois homens dignos. Insubstituíveis. SOBE E DESCE Fotos Divulgação O FILÓSOFO E O MARQUÊS ■ Secretária nacionaldo ConsumidordoMinistérioda Justiça(Senacon),Juliana Pereira disse que o governo quer, em 2015, ampliar a participação social na defesa do consumidor, através do fortaleciemnto das associações. ■ O Inep, presidido por Francisco Soares, tenta, mas não conseguiu ainda fazer com que o Enem seja 100% à prova de fraude. Agora a polícia investiga o vazamento do tema da redação, que, aliás, também provocou polêmica.