Estudos Geotécnicos e Prova de Carga ao Tombamento de um Poste de Distribuição de Energia - Compactação do Reaterro Alessander C. M. Kormann, UFPR - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil Roberta B. Boszczowski, LACTEC - Instituto Tecnologia Para o Desenvolvimento, Curitiba, Brasil Paulo R. Chamecki, UFPR e LACTEC, Curitiba, Brasil Tarcisio Loddi, COPEL - Companhia Paranaense de Energia, Curitiba, Brasil. RESUMO: As fundações das estruturas de suporte de linhas aéreas podem apresentar problemas, relacionados com deficiências de projeto e execução, com conseqüente comportamento inadequado durante a operação. Além de transferir esforços não previstos aos elementos que compõem a linha aérea, o desempenho insatisfatório das fundações pode levar a inclinações, deformações e até ao colapso das estruturas. O trabalho descreve algumas etapas de uma pesquisa realizada com o objetivo de contribuir para a melhoria do projeto e execução de fundações de postes de distribuição de energia. Seus resultados permitiram a elaboração de procedimentos visando evitar alguns problemas geotécnicos rotineiros. A pesquisa envolveu a realização de investigações geotécnicas de campo e de laboratório, e a execução de um ensaio de tombamento, em escala real, em um poste de distribuição. Uma das principais conclusões práticas do estudo refere-se à necessidade de se intensificar a fiscalização da execução de reaterros, especialmente de sua compactação, no intuito de se aumentar sua rigidez ao tombamento. PALAVRAS-CHAVE: Postes, Fundações, Reaterro, Compactação, Formação Guabirotuba. 1 INTRODUÇÃO Um fato peculiar às fundações de torres e postes de distribuição é a alternância de esforços de compressão e arrancamento, o que requer um dimensionamento para ambas as condições. Esse tipo de estrutura está sujeita constantemente a carregamentos que resultam nas cargas máximas. Em outras obras, solicitações críticas ocorrem apenas esporadicamente e durante curtos períodos de tempo. O problema do comportamento das fundações submetidas a significativos esforços de arrancamento e tombamento é de grande interesse. Entretanto, tal assunto ainda não foi suficientemente estudado no campo da geotecnia e da engenharia de fundações (Orlando, 1985). Pode-se dizer que a aplicação de esforços de tombamento provoca no poste engastado uma translação e rotação, função, dentre outros parâmetros, do reaterro e do solo natural do terreno (Rojas-Gonzales et al., 1991). São tão comuns os postes inclinados nos sistemas aéreos de distribuição de energia elétrica das cidades brasileiras, que pode aparentar ser uma questão sem importância e sem conseqüências. No entanto, a inclinação pode transferir esforços não previstos aos cabos elétricos, bem como provocar deformações e até o colapso estrutural do poste. A inclinação pode ser o resultado da má instalação do poste, ou pode indicar que sua fundação está apresentando comportamento inadequado provocado por falha de projeto e/ou execução. No caso freqüente de poste simples (não estaiado), o elemento estrutural de sua fundação é a parte inferior do próprio poste. O procedimento rotineiro de instalação é a perfuração mecânica ou a escavação manual do terreno, até uma profundidade próxima de 60 cm mais 10% do comprimento total do poste. Logo após a colocação do poste na escavação, é feito o reaterro manual com o material escavado. Com o objetivo de estudar o desempenho de postes de distribuição sujeitos a esforços de tombamento, uma pesquisa foi desenvolvida no Sítio Experimental de Geotecnia da UFPR, localizado no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, que apresenta solos característicos da região de Curitiba. A apresentação e informações preliminares dessa iniciativa podem ser encontradas nos trabalhos de Chamecki et al. (1998), Kormann (2002) e Loddi et al. (2003). Neste artigo está resumidamente descrita a pesquisa, e detalhados e analisados os aspectos geotécnicos relacionados ao reaterro da cava, especialmente sua compactação. 2 O SÍTIO EXPERIMENTAL DE GEOTECNIA DA UFPR E OS SOLOS DA FORMÇÃO GUABIROTUBA A região metropolitana de Curitiba situa-se sobre uma bacia sedimentar, que é preenchida em sua maior parte pela Formação Guabirotuba. Os sedimentos dessa Formação repousam sobre rochas do Complexo Cristalino, constituindo-se principalmente em argilas siltosas ou siltes argilosos. Materiais granulares também se fazem presentes, fato que confere uma razoável diversidade aos solos. Esses solos tipicamente exibem altas pressões de pré-adensamento, que podem alcançar até 3000 kPa. Devido às suas características de consistência e plasticidade, as argilas da Formação Guabirotuba receberam a denominação popular de “sabão de caboclo”. Os sedimentos argilosos da Formação Guabirotuba apresentam superfícies polidas (slickensides), que seguem um padrão de difícil identificação. Quando se manuseia o solo, essas feições constituem planos de fraqueza, que dividem o material em fragmentos centimétricos a decimétricos. Além das superfícies polidas, os solos da Bacia de Curitiba apresentam fraturamentos diversos, resultantes de processos tectônicos. Enquanto que o sobre-adensamento e ligações diagenéticas elevaram a consistência da matriz argilosa, as descontinuidades reduziram a resistência dos maciços como um todo. Apesar da baixa compressibilidade, as argilas rijas e duras de Curitiba possuem características que tornam freqüente a ocorrência de acidentes em obras. Comportamentos inesperados envolvem fundações, escavações e taludes (e.g. Massad et al., 1981). Devido aos fraturamentos, a resistência ao cisalhamento dos solos da Formação Guabirotuba é influenciada por efeitos de escala (Kormann, 2002). O Sítio Experimental de Geotecnia da UFPR está situado em região ocupada pela Formação Guabirotuba. Diferentes ferramentas de investigação geotécnica se concentraram na Área 2 do Sítio Experimental de Geotecnia, local da pesquisa aqui relatada, buscando-se caracterizar adequadamente o terreno. No que se refere a sondagens, os estudos envolveram, entre outros, ensaios SPT, CPT e DPL. Em linhas gerais, a Área 2 exibe um horizonte orgânico na superfície do terreno, que em alguns pontos, chega à profundidade aproximada de 1,5 m. Imediatamente abaixo pode-se identificar a presença de materiais argilosos e siltosos, com indícios de ocorrência de processos de laterização entre 2 e 5 m. Abaixo dos materiais alterados surgem argilas rijas a duras, com colorações cinza e marrom. O NSPT desses materiais é elevado, facilmente excedendo a 20 golpes. Além dos solos argilosos o perfil da Área exibe lentes arenosas, característica típica da Formação Guabirotuba. Os dados de resistência de ponta dos ensaios de cone mostram um crescimento contínuo da resistência com a profundidade. Em geral, os sedimentos mais superficiais, que exibem sinais de plintificação ou laterização, possuem resistências de ponta inferiores a 6,0 MPa. À medida que a profundidade aumenta, ocorre um incremento nas resistências, tendo-se alcançado 8 a 12 MPa nas prospecções mais profundas. O ensaio DPL – Penetrômetro Dinâmico Leve, consiste basicamente na contagem do número de golpes necessários para cravação de uma ponteira metálica no solo através de percussão, usando-se um peso de massa e altura de queda padronizados. Cria-se um registro de golpes / 10 cm (N10) ao longo da profundidade. Tendo-se em vista a simplicidade operacional do DPL, foi incluído na presente pesquisa com vistas a uma possível utilização em investigações geotécnicas de linhas de distribuição. Esta busca de alternativas para estudos geotécnicos para estruturas de distribuição, era uma das finalidades da pesquisa. A Figura 1 resume os resultados da sondagem. O furo em questão está situado a 2,7 m do poste submetido à prova de carga. 0 1 Prof. (m) 2 3 4 5 durante o ensaio, foram instalados dois pares de relógios comparadores na direção de aplicação das cargas, em alturas de 40 e 90 cm em relação ao nível do terreno. As rotações do poste foram medidas também com o auxílio de um inclinômetro, posicionado verticalmente em uma das faces do poste, situando-se seu plano médio a 65 cm do nível do terreno. Para a medição de deslocamentos verticais, dois relógios comparadores foram colocados nas faces do poste, apoiados em vigas transversais horizontais, a 30 cm do terreno. O arranjo do ensaio pode ser observado na Figura 2. 6 7 0 10 20 30 40 50 60 70 N10 Figura 1 - Dados do ensaio DPL executado próximo ao poste de distribuição. 3 PROVA DE CARGA EM POSTE DE DISTRIBUIÇÃO Para estudar o desempenho de sua fundação foi selecionado, por sua ampla utilização em linhas de distribuição urbanas, um poste de concreto armado do tipo B-300, para realização de uma prova de carga. O poste possui seção transversal em forma de duplo T e comprimento de 10,5 m. Para a instalação do poste no Sítio Experimental, foi aberta uma escavação com seção transversal quadrada (80 x 80 cm) e 165 cm de profundidade. Após o posicionamento do poste na cava, procedeu-se a um reaterro que, para efeito da pesquisa, envolveu um controle da energia de compactação. O solo natural foi compactado em camadas de 20 cm de material solto, mediante a aplicação de 50 golpes de um peso de 106 N (10,9 kgf). A altura de queda do soquete foi fixada em aproximadamente 40 cm. Para aplicar os esforços, posicionou-se um cabo de aço a 55 cm do topo do poste, solidarizado na outra extremidade a um bloco de concreto armado de reação. A aplicação de cargas de tração no cabo de aço se deu através de uma talha manual instalada junto ao bloco de reação. Os carregamentos foram controlados através de um dinamômetro aferido. Para monitorar a evolução da translação e rotação do poste Figura 2 – Arranjo da prova de carga. A prova de carga foi executada aplicando-se tração no cabo em seis estágios de carregamento (0,29, 0,59, 0,88, 1,18, 1,37 e 1,57 kN), mantidos até a estabilização das deformações. O descarregamento foi realizado em três etapas (0,98, 0,49 e 0,00 kN), com uma duração de 15 minutos cada. No último estágio do carregamento, que correspondeu a uma força horizontal de 1,45 N, a translação do poste chegou a deslocamentos máximos de 58 e 77 mm e deslocamentos permanentes de 55 e 71 mm, medidos respectivamente a 40 e 90 cm acima do nível do terreno. A rotação máxima medida com inclinômetro foi de 2,3º e a rotação residual após o descarregamento de 1,95º, na altura média de 65 cm acima do nível do terreno. Os detalhes sobre a prova de carga e seus resultados estão publicados em Loddi et al. (2003). 4 COMPACTAÇÃO DO REATERRO 4.1 Procedimentos Usuais Alguns fatores geotécnicos, nem sempre considerados adequadamente, interferem no processo do projeto da fundação e também no método de construção. Os principais são a geologia básica do local, os tipos de solo e/ou da rocha e suas propriedades físicas, condições do nível d’água e o estado in situ das tensões no solo. Quando não é dada a devida atenção a esses fatores, o desempenho da fundação pode ser afetada. As práticas das construções empregadas durante a instalação da fundação podem influenciar seu desempenho de uma maneira muito significativa. Em geral, práticas mal conduzidas resultam em capacidades de suporte mais baixas e deslocamentos mais elevados da fundação. Entretanto, estas práticas podem ser controladas e submetidas a inspeções de qualidade. Quando um reaterro é utilizado, algumas regras simples devem ser seguidas para melhorar o desempenho da fundação. Todo o solo de reaterro deve ser bem compactado, para que possa desenvolver um sistema de fundação adequado. A capacidade à tração aumenta em cerca de 100% ou mais caso o reaterro seja imediatamente executado e bem compactado, ao invés de apenas se despejar o solo na cava (IEEE, 1991). A instalação de postes convencionais de distribuição de energia elétrica é realizada, frequentemente, segundo normas internas da própria empresa concessionária de energia. Nas normas internas analisadas para a pesquisa, o procedimento de instalação refere-se, principalmente, ao tipo de poste e profundidade de embutimento do mesmo no terreno, sendo que a fundação é definida pela geometria da rede (por exemplo: poste de meio ou término de linha). Rotineiramente, não são efetuadas sondagens para a caracterização das condições geotécnicas ao longo das linhas de distribuição. As normas internas consultadas prescrevem a implantação habitual dos postes em cavas com reaterro de solo compactado manualmente. No caso de solos de consistência média a dura, ou de compacidade média a compacta, pode-se utilizar material proveniente da própria escavação, devendo o reaterro ser compactado em camadas de aproximadamente 20 cm de espessura. Para a implantação em argila muito mole, areia fofa, turfa e regiões de banhado ou mangue, são recomendadas maiores precauções, citando-se o uso de tubulões e concretagem ou substituição do solo por outro de maior resistência. A cava para o embutimento é aberta com profundidade igual a 60 cm mais 10 % da altura do poste e sua largura normalmente não é especificada ou controlada. Esta regra prática de embutimento do poste – profundidade de 60 cm mais 10% de sua altura – é amplamente difundida internacionalmente (e.g. RojasGonzales et al., 1991). Para a caracterização dos procedimentos efetivamente seguidos na execução das fundações de postes de distribuição, a equipe responsável pelo presente projeto efetuou algumas visitas a obras em andamento. O poste é instalado com o auxílio de um guincho, acertando-se sua orientação e verticalidade de maneira visual. Apesar das prescrições referentes à compactação do reaterro, muitas vezes esse aspecto não é observado. Ou seja, o reaterro da cava acaba se resumindo a um simples lançamento de material. 4.2 Ensaios e análises realizados Para o estudo foram realizados ensaios em laboratório para caracterização e compactação dos solos em contato com a parte enterrada (fundação) do poste submetido a prova de carga descrita anteriormente. Foram empregadas três amostras, coletadas durante a abertura da cava de fundação do poste, nas profundidades de 70, 100 e 160 cm. Adicionalmente, durante a execução do reaterro, material foi recolhido para a determinação da umidade do solo, por ocasião de sua compactação em campo. Os ensaios de caracterização envolveram determinações de umidade natural (W), limite de liquidez (LL), limite de plasticidade (LP), limite de contração (LC), peso específico real dos grãos (γg) e análises granulométricas. Os procedimentos seguidos nesses ensaios estão em acordo com as prescrições da ABNT. A Tabela 1 resume os resultados dos ensaios de caracterização. O solo situado ao longo do trecho escavado classificase como argila siltosa. Mais superficialmente (amostra 1), o material possui um teor de areia de 22 %, o qual se reduz nas amostras coletadas Massa Esp. Apar. Seca ( s) (kN/m³) 15,0 3 1,6 VermeLho 49,0 71 54 18 17 64 34 2 26,83 Para a execução dos ensaios de compactação foram selecionadas duas energias de compactação: 670 kNm/m3 e 114 kNm/m3. A primeira refere-se ao ensaio de Proctor Normal, e a segunda corresponde à energia efetivamente utilizada em campo, por ocasião 14,0 13,5 13,0 12,5 12,0 11,5 Amostra 1 11,0 Amostra 2 10,5 Amostra 3 10,0 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 Umidade (%) Figura 3 - Curvas de compactação para a energia de 670KN.m/m3 (Proctor Normal) Os ensaios de compactação envolveram as amostras 1, 2, 3 e, adicionalmente, uma mistura dos três solos (denominada “amostra reaterro”). A utilização dessa amostra “combinada” objetivou representar uma condição média, uma vez que no campo inevitavelmente ocorre uma mistura entre os materiais provenientes de diferentes pontos da escavação. Os resultados dos ensaios estão resumidos na Tabela 2. 15,0 Amostra 1 14,5 Amostra 2 14,0 Amostra 3 Solo Reaterro 13,5 Massa Esp. Apar. Seca ( Tabela 2 – Dados dos ensaios de compactação Amostra 1 2 3 Solo Reaterro Energia compactação 670 (kN.m/m3) Peso esp. seco máx. 14,5 13,3 13,3 (kN/m³) Umidade ótima 26,5 32,4 36,0 (%) Energia compactação 114 (kN.m/m3) Peso esp. seco máx. 12,7 11,2 10,9 11,7 (kN/m³) Umidade ótima 28,4 31,1 35,0 35,5 (%) 14,5 (kN/m³) Tabela 1 – Propriedades dos solos Amostra 1 2 Prof. (m) 0,7 1,0 Cor Marrom Marrom Escuro Averm. W (%) 34,8 54,0 LL (%) 62 65 LP (%) 48 50 LC (%) 19 27 IP (%) 14 15 % argila 48 64 % silte 30 25 % areia 22 11 γg (kN/m3) 27,16 27,06 do reaterro, descrita anteriormente. As curvas de compactação encontram-se nas Figura 33 e 4. s) a 1,0 e 1,6 m de profundidade. O índice de plasticidade (IP) dos solos analisados varia entre 14 e 17 %. No gráfico de plasticidade, os mesmos situam-se abaixo da linha “A”. A atividade coloidal das três amostras é reduzida. O teor de umidade natural mostra-se elevado e variável na extensão examinada do perfil. 13,0 12,5 12,0 11,5 11,0 10,5 10,0 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 Umidade (%) Figura 4 - Curvas de compactação para a energia de 114 KN.m/m3 (utilizada no campo) 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nos últimos estágios do carregamento, a rigidez da interação fundação – elemento estrutural mantém-se aproximadamente constante. Esse comportamento possivelmente se deve à mobilização, nos primeiros incrementos de carga, sobretudo da resistência do material do reaterro. A partir de um certo nível de carregamento, ocorreria a plastificação plena do solo compactado, passando-se então a solicitar mais significativamente o terreno natural adjacente à fundação do poste. Os ensaios de compactação em laboratório mostram que a reduzida energia utilizada na execução do reaterro da cava (114 kNm/m3) conduz a densidades inferiores às correspondentes à condição ótima do Proctor normal (670 kNm/m3). Como conseqüência, o grau de compactação que o material pode alcançar no campo é reduzido. No presente estudo, considerando-se a umidade média do solo por ocasião do reaterro (39 %) e analisando-se as curvas de compactação do material, pode-se verificar que o grau de compactação médio dificilmente excederia 75 %. Além da energia de compactação, outro aspecto interveniente na densidade do solo do reaterro refere-se à umidade. Uma vez que, por razões de ordem prática, o solo utilizado nas obras acaba sendo compactado sem controle de umidade – ou seja, no estado em que o material se encontra no momento da execução – reduções adicionais na densidade também podem ocorrer. 6 CONCLUSÕES As fundações de postes diretamente engastados muitas vezes envolvem a abertura de uma cava no terreno, com uma profundidade de 60 cm mais 10 % da altura do elemento estrutural. Embora essa regra seja largamente difundida, inclusive internacionalmente, a mesma não incorpora propriedades do solo, sendo questionável a sua aplicação irrestrita a todas as geologias. É importante um estudo geotécnico prévio, que permita dimensionar adequadamente o embutimento da estrutura. Além do controle de qualidade na fabricação dos elementos estruturais como peça de concreto armado, melhorias poderão advir intensificando-se a fiscalização das empreiteiras que instalam postes em linhas de distribuição. No caso de estruturas cuja fundação envolve a execução de reaterros, uma compactação eficiente do solo tenderá a melhorar a rigidez ao tombamento. Na instalação do poste de distribuição do presente estudo – em que se procurou simular condições de execução típicas – a energia de compactação mostrou-se em torno de 17 % do Proctor normal. Conseqüentemente, o grau de compactação alcançado no campo tendeu a ser reduzido. Na prática, a dificuldade de se conciliar o aproveitamento do solo retirado da cava com as condições ideais de umidade também contribui para reduzir a densidade do reaterro. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à COPEL-Companhia Paranaenese de Energia e ao LACTEC-Instituto de Tecnologia Para o Desenvolvimento, pelo apoio e autorização para a publicação. REFERÊNCIAS Chamecki, P.R.; Kormann, A.C.M.; Nascimento, N.A.; Dyminski, A.S. (1998). Sítio Experimental de Geotecnia da UFPR – Objetivos e Dados Preliminares, XI COBRAMSEG, ABMS, Brasilia. IEEE (1991). Guide Installation of Foundation For Transmission Line Structures, IEEE Standard 997. Kormann, A.C.M. (2002). Comportamento geomecânico da Formação Guabirotuba: estudos de campo e laboratório, Tese de Doutorado, EPUSP, São Paulo. Loddi, T., Kormann, A.C.M., Boszczowski, R.B. e Chamecki, P.R. (2003). Estruturas de Suporte de Linhas Aéreas: Estudos Geotécnicos e Prova de Carga em Poste de Distribuição de Energia, CITENEL, ANEEL, Salvador. Massad, F.; Rocha, J.L.R.; Yassuda, A.J. (1981). Algumas características geotécnicas de solos da Formação Guabirotuba, Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em Engenharia, Rio de Janeiro. Orlando, C. (1985). Fundações submetidas a esforços verticais axiais de tração - Análise de provas de carga de tubulões em areias porosas, Dissertação de Mestrado, EPUSP, São Paulo. Rojas-Gonzales, L. F., Digioia, A. M. Jr., Longo, V. J. (1991). A new design approach for direct embedment foundations, IEEE Transactions on Power Delivery, v. 6.