Manipulando loções capilares com Minoxidil a 5% Dicas Farmacotécnicas Anderson de Oliveira Ferreira, MSc O minoxidil é um derivado piperidinopirimidínico utilizado sistemicamente como agente antihipertensivo e vasodilatador periférico. Por via tópica tem sido utilizado no tratamento da alopécia androgenética e areata. O mecanismo de ação do minoxidil no tratamento da alopécia deve-se provavelmente à produção de vasodilatação nos capilares do couro cabeludo e ao aumento do fluxo sanguíneo nos folículos pilosos que, ao se nutrirem, entrariam em uma fase de estimulação capilar. No tratamento da alopécia androgenética, o minoxidil tem sido utilizado na forma de solução capilar (sol. hidroalcoólica) a 2%, aplicando-se 1mL, duas vezes ao dia. Entretanto na alopécia senil e na alopécia areata apenas ocorrem bons resultados, utilizando-se concentrações maiores como a 5%. A preparação de soluções capilares com concentrações de minoxidil acima de 2% apresentam certa dificuldade técnica relacionada à solubilização deste ativo no veículo hidro-propileno-alcoólico, normalmente utilizado na manipulação. Para o preparo de soluções com minoxidil é importante considerar algumas características de solubilidade deste fármaco em diversos solventes, usualmente empregados em loções capilares: • Solubilidade em água: o minoxidil é solúvel em aproximadamente 500 partes de água, portanto o minoxidil é pouco solúvel neste veículo. • Solubilidade Álcool etílico (etanol): o minoxidil é solúvel em 35 partes de álcool. Portanto, se conseguiria se solubilizar o minoxidil numa concentração a 2%, utilizando exclusivamente este veículo, mas não se conseguiria solubilizá-lo na concentração a 5% com o uso somente de álcool, sendo necessário o uso de um co-solvente. • Solubilidade em propileno glicol: o minoxidil é solúvel em 14 partes de propileno glicol. O propileno glicol é um bom co-solvente do minoxidil, sendo frequentemente empregado em formulações contendo este fármaco. • Solubilidade em DMSO(dimetilsulfóxido): o minoxidil é solúvel em 154 partes de DMSO, portanto é pouco solúvel neste veículo. O problema de precipitação decorrente da insolubilidade do minoxidil poderá ser minimizado e solucionado com a adição do propileno glicol como co-solvente da preparação, levando em conta a solubilidade do minoxidil nos solventes utilizados. Para preparações que contiverem uma maior concentração de minoxidil (ex. a 5%) será necessário o uso de uma concentração maior de propileno glicol para completa solubilização deste ativo. Exemplo de formulações: A. Fórmulações com Álcool a 70% Concentrações Minoxidil Propileno glicol Álcool etílico 70% qsp 1% 1g 10 mL 100mL 2% 2g 10mL 100mL 3% 3g 20mL 100mL 5% 5g 60 mL 100mL Procedimento de preparo: 1. Misturar o álcool a 70% com o propilenoglicol e aquecer a 55-65oC, em banho-maria ou em placa aquecedora. Atenção: Mistura inflamável! Não usar chama direta! 2. Adicionar o minoxidil ao passo 1 e agitar até completa dissolução. 3. Ajustar para o volume final com o álcool 70%. 4. O minoxidil, em solução aquosa, apresenta maior estabilidade em pH 5,0. Se necessário, ajustar para este pH utilizando uma solução de ácido cítrico. 5. Envasar e rotular em embalagem fotoresistente. 6. Estabilidade aproximada: 3 meses (temperatura ambiente controlada e embalagem fotoresistente). B. Fórmulações com Álcool a 96o GL Concentrações Minoxidil Propileno glicol o Álcool etílico 96 GL qsp 1% 1g 10 mL 100mL 2% 2g 10mL 100mL 3% 3g 10mL 100mL 5% 5g 50 mL 100mL Procedimento de preparo: 7. Misturar o álcool com o propilenoglicol e aquecer a 55 -65oC, em banho-maria ou em placa aquecedora. Atenção: Mistura inflamável! Não usar chama direta! 8. Adicionar o minoxidil ao passo 1 e agitar até completa dissolução. 9. Ajustar para o volume final com o álcool a 96o GL. 10. O minoxidil em solução aquosa apresenta maior estabilidade em pH 5,0. Se necessário, ajustar para este pH utilizando uma solução de ácido cítrico. 11. Envasar e rotular em embalagem fotoresistente. Estabilidade aproximada: 6 meses (temperatura ambiente controlada e embalagem fotoresistente). Referências: 1. MONOGRAFÍAS FARMACÊUTICAS.1º edição. Colégio Oficial de Farmacêuticos de La Provincia de Alicante, 1998. 2. PCCA-Databank, 2005.