Renato Podestá Castilho
RA:1000900875
Visita ao Museu do Holocausto
Como estudante de Filosofia da FAE é necessário desenvolver no último
ano um trabalho de conclusão de curso e entre os vários e pertinentes temas
filosóficos possíveis de se abordar, meu maior interesse está relacionado com
a Política. No decorrer da pesquisa do trabalho, me deparei com a obra da
filósofa Hannah Arendt. Nos seus livros é fácil perceber a preocupação da
autora com os acontecimentos de sua época, notadamente a Segunda Guerra
Mundial e a sua nefasta perseguição étnica e seus regimes totalitários.
Desde muito jovem sempre tive especial interesse pela Segunda Guerra,
e ao ler Arendt retomei este instigante tema. Com isso em mente, voltei a
pesquisar sobre os acontecimentos daquela época. Foi quando tomei
conhecimento sobre a recente inauguração de um museu em Curitiba
dedicado às vítimas da perseguição nazista aos judeus, o Museu do
Holocausto. A minha primeira intenção foi a de prontamente agendar uma
visita, mas considerei que também seria interessante convidar meus colegas e
professores do curso de Filosofia.
Assim feito, visita agendada, colegas e professores convidados e no dia
08 de Agosto de 2012, estávamos todos lá pontualmente às 16 horas em frente
ao Museu do Holocausto. Logo de início, o criterioso procedimento de
segurança exigido à entrada ao museu despertou a nossa atenção, em razão
do rigor na identificação e restrições quanto ao porte de eletroeletrônicos,
detalhe incomum em outros locais do gênero. Após essa etapa, fomos
recebidos pelo guia do museu, que se identificou como Carlos; logo em
seguida, o funcionário iniciou com a programação de visitação pelas
dependências do local.
Começamos por um jardim externo, onde podíamos ver nas paredes
algumas obras que retratavam a vida dos judeus nos guetos e nos campos de
concentração; também havia um painel com um poema intitulado Resistência,
de autoria de Haim Guri, que trata sobre os vários modos como os judeus
perseguidos resistiram à opressão nazista.
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A primeira mostra do museu, já adentrando ao prédio, faz uma
retrospectiva ligeira sobre a história do povo judeu na Europa. O guia Carlos
nos relatou que a comunidade judaica comemorou 1000 anos de presença na
Polônia, assim como, destacou o fato de que na Alemanha pré-nazista não
havia distinção entre quem era judeu e quem era alemão. O judeu da época se
considerava tão alemão quanto qualquer outro cidadão, inclusive, o guia
relembrou do caso de um cidadão alemão que lutou na Primeira Guerra pela
Alemanha, merecendo, inclusive, medalha de honra, mas que depois, à
ocasião do regime nazista, acabou por ser desprezado e perseguido
justamente por ser judeu.
Antes de prosseguirmos, nosso guia contou que a ideia principal do
museu, mais exatamente a sua função prioritária, além da óbvia homenagem
às vítimas, é a de educar os jovens e contribuir com a formação de educadores
e professores sobre o Holocausto. Carlos ainda lembrou ao nosso grupo de
que esse evento não foi único na história da humanidade; advertiu que a
questão tão pouco está superada no presente, pois a sequência de fatos e
eventos que levaram ao genocídio da Segunda Guerra, infelizmente, segundo
o guia do MH, ocorreram tanto antes, quanto depois dela, portanto, conhecer
essa história nos ajuda a ficar atentos quanto à possíveis repetições, concluiu o
funcionário do Museu do Holocausto.
O restante da visita guiada incluiu as dependências do museu; estas
seguem a ordem cronológica dos eventos ocorridos à época do Holocausto,
porém, nos disse o guia Carlos, de que o museu, além de contar o que ocorreu
com milhões de pessoas, quer registrar, principalmente, a história de pessoas
reais, ou seja, personificar, dar um rosto e um nome de quem viveu esse
momento trágico da humanidade. Assim, em cada ponto do museu, Carlos
tinha a história de alguém para nos contar, inclusive, de sua própria avó que
conseguiu escapar da perseguição nazista. Prosseguindo com a visita, vimos a
ascensão do partido nazista, a queima de livros “proibidos”, a propaganda
nazista antissemita, a segregação e formação dos guetos, as deportações, o
avanço nazista pelo leste europeu e a “solução final”.
Nas paredes encontramos muitas fotos e em exibição pelas salas alguns
documentos e peças da época, muito embora algumas delas sejam apenas
réplicas das originais, o que deixou um pouco a desejar em termos de valor
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histórico. O Museu do Holocausto também destaca a vida judaica no período
pós-guerra, começando por homenagear aqueles que ajudaram a salvar os
judeus da perseguição nazista, os chamados Justos entre as Nações. Entre
eles, dois brasileiros: o diplomata Sousa Dantas e Aracy de Carvalho
Guimarães Rosa, esposa do escritor João Guimarães Rosa. As demais seções
do Museu do Holocausto tratam do retorno à vida, o reencontro, a dispersão
mundo afora e da chegada dos judeus ao Brasil.
Para encerrar a visitação, o guia Carlos nos encaminha diante de um
painel com o mapa mundi onde pudemos ver vários casos de genocídios
ocorridos em todo o mundo; eram datados com referências aos anos
posteriores à Segunda Guerra Mundial. E, diante desse painel, o funcionário
relatou uma última história. Segundo o guia, nesses eventos que marcaram
mais particularmente os anos 30 e 40 do século XX, podemos destacar três
grupos de pessoas: os perpetradores, as vítimas e os observadores. Deste
último, alguns se tornaram autores, outros tantos, vítimas, mas a grande
maioria permaneceu em passiva observação. Com esta mensagem final, que
serve de alerta para todos nós, o guia Carlos agradeceu e encerrou nossa
visitação ao Museu do Holocausto.
Conforme havia ressaltado no início, sempre tive interesse pela história
da Segunda Guerra Mundial e, talvez por isso, não tenha encontrado em
exibição nada que me surpreendesse, o que de forma alguma tira o valor da
visita ao museu. Creio mesmo que a instituição cumpre bem o seu objetivo de
mostrar aos jovens o que foi o Holocausto, portanto, conhecer o local é muito
interessante, especialmente se a visita for acompanhada por um guia dedicado
ao tema.
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Relato sobre a visita ao Museu do Holocausto.