OS MICRORGANISMOS DO SOLO Após o estudo deste capítulo você deverá ser capaz de: Discutir a importância dos fungos; Listar as principais diferenças entre os fungos e os microrganismos procarióticos; Descrever como o ambiente influencia os fungos do solo; Descrever os papéis ecológicos do fungos; 1. FUNGOS Os fungos constituem grupo muito diverso de organismos multicelulares que apresentam enorme variedade morfológica vegetativa e reprodutiva durante o ciclo de vida. São os microrganismos mais abundantes no solo, considerando-se a massa celular que produzem nesse ambiente; a biomassa fúngica varia, em geral, de 500 a 5.000 Kg ha-1. Esses microrganismos habitam locais onde há disponibilidade de matéria orgânica. Podem atuar, também, como causadores de doenças, simbiontes, agentes de agregação do solo ou como fonte de alimentos para o homem e outros animais. Pelo menos, 70.000 espécies de fungos já foram descritas. Supõe-se, no entanto, que o número total de espécies possa correponder a valores vinte vezes maior do que esse. 2. ESTRUTURA DA CÉLULA FÚNGICA Diferentemente das bactéria, os fungos são seres eucarióticos e possuem organelas delimitadas por membrana em suas células. Apresentam algumas diferenças fundamentais que os distinguem dos outros organismos eucarióticos. Nos fungos, durante a divisão celular, a membrana nuclear sofre apenas uma constrição, enquanto que nos animais e vegetais, ocorre a degeneração completa do envelope nuclear. Dentro do núcleo encontra-se uma estrutura predominantemente protéica chamada de nucléolo que pode persistir, dispersar-se dentro do núcleo ou ser descarregada no citoplasma da célula. Os vacúolos no citoplasma celular são menores do que os das plantas. O retículo endoplasmático não é tão extenso e tem número menor de conexões com a membrana citoplasmática em comparação à célula vegetal e animal. Um extenso sistema de membrana gera numerosas vesículas excretoras que substituem o aparelho de Golgi encontrado em outros organismos eucarióticos. Essas vesículas são muito importantes nos fungos filamentosos para o funcionamento da célula e para o crescimento, uma vez RE MC PC Figura 1. Estrutura geral de uma célula fúngica com as organelas típicas no ápice da hifa. RE = retículo endoplsmático; G = grânulos de glicogênio; M = Ve mitocôndria; N = núcleo; Nu = nucléolo; MC = Membrana citoplasmática; R = ribossomos; V = vacúolo; Vê = vesículas que transportam moléculas estruturais e enzimas para as regiões de metabolismo ativo. Essas regiões correspondem aos ápices dos cordões tubulares ou filamentos, denominados hifas, que se alongam e se ramificam indefinidamente. Embora os fungos não contenham clorofila e, conseqüentemente, não realizem fotossíntese, esses microrganismos, semelhantemente aos vegetais, produzem parede celular, são sésseis e se reproduzem por meio de esporos — estruturas microscópicas que funcionam como veículo de disseminação e de formação de novos indivíduos. A denominação das espécies fúngicas segue o Código de Nomenclatura Botânica, segundo as regras da nomenclatura binomial latina. As características morfológicas e moleculares da atualidade sugerem que os fungos são evolutivamente mais próximos dos animais do que das plantas. A Tabela 1 sumaria as propriedades características dos fungos em comparação às plantas e aos animais. 3. CRESCIMENTO E REPRODUÇÃO Os fungos podem ser unicelulares; no entanto, a maioria deles é multicelular, com corpo vegetativo filamentoso. Em contraste com a simplicidade morfológica da fase vegetativa, as estruturas reprodutivas incluem vários tipos de esporos unicelulares produzidos individualmente ou em corpos de frutificação complexos. Diversas estruturas reprodutivas, produzidas durante a fase assexual do ciclo de vida fúngico, fornecem as características morfológicas básicas para definição das espécies e dos outros grupos na hierarquia taxonômica. O corpo vegetativo de um fungo é chamado de talo e existe, geralmente, em três formas: Células quitridiais: células globosas e solitárias com ou sem filamentos semelhantes a raízes chamados de rizóides. São exclusivas dos organismos do filo Chytridiomycota, do Reino Fungi, e do filo Hyphochytridiomicota, do reino Stramenopila. Leveduras: células esféricas ou ovóides formadas por alguns fungos dos filos Ascomycota e Basidiomycota. Dividem-se por brotamento ou fissão. Alguns fungos são dimórficos e podem mudas da forma micelial para a forma leveduriforme sob condições em que a penetração no substrato não é necessária para a obtenção de nutrientes, como em meio aquoso ou nas cavidades dos insetos. Micélio: rede filamentosa de hifas que se ramificam e crescem pela extensão dos ápices. Esta forma de crescimento é predominante entre os fungos, e especialmente, entre os fungos do solo. O micélio constitui estrutura extremamente resiliente, uma vez que o crescimento ocorre desde que haja nutrientes disponíveis nos meio. Como resultado, o tamanho do micélio é extremamente variável, podendo ter o diâmetro de milímetros até cobrir hectares de terra. Nos meios de laboratório ou em superfícies planas, o micélio forma colônias cotonosas e circulares. Em meio líquido, o micélio adquire a forma de bolas de algodão. O solo constitui material mais heterogêneo, consistindo de zonas ou microssítios que podem beneficiar ou inibir o crescimento fúngico. As hifas fornecem o instrumental ideal para penetrar nos poros do solo e se ramificar em todas as direções. Interconexões entre as hifas estabelecem um contínuo tridimensional capaz de atravessar zonas de escassez de nutrientes, desviar-se de barreiras físicas ou bolsões de ar na matriz do solo, indo penetrar posteriormente na matéria orgânica lenhosa ou herbácea. A ramificação das hifas ao redor e, ou dentro das partículas do solo de todos os tamanhos influencia a estrutura do solo por melhorar a agregação e a aeração do solo. A hifa é essencialmente um longo tubo com paredes rígidas transversais que a divide em compartimentos. Essas paredes transversais são chamadas de septos. Os septos não têm a mesma estrutura da parede celular, haja vista que contêm poros abertos para o fluxo contínuo de citoplasma e organelas, entre elas o núcleo. Os septos Tabela 1. Propriedades gerais dos fungos e suas similaridades com animais e plantas. Característica dos fungos Comparação com animais e plantas Organização celular eucariótica Semelhante a plantas e animais O glicogênio é o polissacarídeo de reserva mais Semelhante aos animais comum Heterotróficos, requerem fonte de carbono reduzido Semelhante aos animais; o carbono é obtido por externa. absorção em vez de por ingestão. Parede celular rígida composta de quitina e glicanas Semelhante a alguns grupos de animais; Oomycota não-celulósicas, exceto Oomycota é semelhante às plantas, com parede celular de celulose. Ciclo de vida inclui fase sexual e assexual Semelhantes às plantas e a alguns animais. Corpo formado de filamentos (hifas), exceto em Semelhante a plantas primitivas (algas), exceto que Chytridiomycota e Oomycota as hifas crescem pela extensão dos ápices Aminoácido lisina é produzido a partir do ácido Semelhante aminoadípico, exceto em Oomycota características a Euglenaceae, de plantas e onde algumas animais estão presentes Esporos sexuais e assexuais morfologicamente distintos, produzidos em número variável. Semelhante a alguns grupos de plantas, exceto que cada esporo representa uma linhagem haplóide (1N); diferente das sementes que possuem embrião pré-formado. Esteróide dominante no citoplasma é o ergosterol Exclusivo dos fungos Núcleos haplóides na maior parte do ciclo de vida, Exclusivo exceto Oomycota semelhantes a plantas e animais por ter núcleos dos fungos; os Oomycota são diplóides. Hifas freqüentemente multinucleadas; núcleos Exclusivo dos fungos e Oomycota migram no citoplasma. fornecem apoio estrutural ao longo do comprimento da hifa e regulam o fluxo citoplasmático entre seus compartimentos. Em alguns grupos fúngicos, tais como Zygomycota e Oomycota, as hifas são cenocíticas — raramente formam septos nas regiões de crescimento ativo. Quando os septos são formados, localizam-se entre regiões Figura 2. Tipos de células constituintes docorpo vegetativo (talo) dos fungos: (a) células quitridiais; (b) células de levedura; (c) micélio contendo compartimentos separados por septos. ativas metabolicamente e regiões velhas ou mortas, sem citoplasma. Nos filos Basidiomycota e Ascomycota, os septos estão sempre presentes. Muitos fungos do solo, pertencentes aos filos Basidiomycota e Ascomycota, podem organizar suas hifas em órgão especializados, tais como cordões miceliais, rizomorfos e esclerócios. Os cordões miceliais são agregados de hifas paralelas, cimentadas por exsudatos viscosos e pela fusão de ramificações. A parede celular das hifas da superfície são mais grossa e melanizadas. Os cordões miceliais permanecem, em geral, em contato íntimo com o solo ou substrato de crescimento, tendo a finalidade de absorver água e translocá-la para as regiões de crescimento micelial ativo. Os rizomorfos são versões mais complexas dos cordões miceliais, com grau maior de diferenciação. São altamente resistentes a mudanças no ambiente, fornecem mecanismo mais robusto de penetração no solo ou em materiais orgânicos do que as hifas, suprem os ápices das hifas com oxigênio e transportam nutrientes entre as diferentes regiões do corpo do fungo. Os rizomorfos apresentam maior di6ametro e se estendem mais abundantemente no substrato. Os esclerócios são agregados esféricos ou oblongos de hifas entrelaçadas, semelhante ao parênquima vegetal, com hifas grossas e melanizadas na superfície, formando uma camada rígida e resistente.Os esclerócios se soltam do micélio e são facilmente dispersos no ambiente. Têm de 1 a 3 mm de diâmetro, coloração escura, variando de marrom a preto. Os esclerócios são mais capazes de resistir à seca e a flutuações de temperatura do que o micélio. Armazenam lipídios, carboidratos e proteínas até que as condições de solo sejam favoráveis o bastante para que germinem e formem novo micélio ou um corpo de frutificação. Os fungos se reproduzem pela formação de esporos ou corpos de frutificação distintos a partir do micélio da fase assexual e sexual, designado anamorfo e teleomorfo, respectivamente (Tabela 2). Os esporos são importantes no ciclo de vida uma vez que carregam núcleos diferentes entre si e fatores citoplasmáticos em numerosos pacotes discretos visando a sobrevivência sob estresse ou para a dispersão. Além disso, aumentam a probabilidade que indivíduos sexualmente compatíveis venham a entrar em contato. Em geral, o ciclo sexual requer quatro processos seqüenciais: 1. Plasmogamia: fusão do citoplasma de órgãos sexuais haplóides (1N), denominados gametângios; 2. Cariogamia: fusão de dois núcleos haplóides a fim de constituir o diplóide (2N); 3. Meiose: redução do núcleo diplóide a núcleos filhos haplóides; durante este processo, ocorrem os eventos de recombinação; 4. Teleomorfo: Formação e encapsulação de cada núcleo haplóide e seu citoplasma associado em uma célula discreta que se diferencia em esporo. O ciclo assexual é bem mais simples que o ciclo sexual, uma vez que não requer a interação entre núcleos ou diferentes mating types. O núcleo de uma célula se divide repetidamente por mitose, sendo distribuídos em numerosos esporos chamados de conídios. Os conídios são formados de várias maneiras, surgindo, essencialmente, dos ápices das hifas. A maioria dos fungos do solo formam conídios a partir de uma única hifa ou de várias hifas em diferentes graus de agregação. Alguns fungos do solo podem transformar um compartimento de hifa em esporo denominado de clamidósporo. Esses clamidósporos apresentam parede celular espessa e pigmentos escuros. 4. NUTRIÇÃO Os fungos organismos heterotróficos e, portanto, devem obter carbono e outros nutrientes na matéria orgânica presente no ambiente. Os nutrientes são obtidos por meio da absorção via células quitridiais, pelas células de levedura e pela parede celular das hifas. Os fungos que degradam matéria orgânica morta são chamados de saprófitas, sendo importantes agentes nos processos de mineralização que ocorrem no solo, tais como a amonificação e a ciclagem do carbono. Nos solos saturados ou nos ambientes aquáticos, os quitrídios e os oomicetos são os saprófitas mais importantes, enquanto os fungos de outros filos são mais abundantes em solos mais bem drenados. Em geral, os fungos são aeróbios obrigatórios e não conseguem crescer em ambientes sem o suprimento de oxigênio. Tendem a ser mais abundantes em solos ácidos, onde sofrem menos competições por bactérias. Tabela 2. Estruturas reproduitivas sexuais e assexuais produzidas pelos fungos verdadeiros em quatro filos do Reino Fungi e por organismos semelhantes aos fungos do filo Oomycota, Reino Stramenopila. Filo Fase sexual (teleomorfo) Fase assexual (anamorfo) Chytridiomycota Células quitridiais de repouso Zoósporos Zygomycota Zigósporo (esporos solitários de repouso) Clamidósporos e esporangiósporos Ascomycota Ascósporo (em corpo de frutificação) Conídios Basidiomycota Basidiósporo (em corpo de frutificação) Conídios Oomycota Oósporo (esporos solitários de repouso) Esporângios, zoósporos Os fungos saprófitas, juntamente com as bactérias, são os principais agentes da decomposição da celulose, hemicelulose e pectina dos resíduos vegetais. A lignina, o terceiro composto mais comum dos resíduos vegetais, pode ser degradada por fungos, principalmente por aquelas espécies que degradam a madeira. As enzimas que decompõem a lignina também contribuem para a degradação de poluentes orgânicos e pesticidas no solo. Os fungos saprófitas são capazes de produzir muitas outras enzimas hidrolíticas, entre as quais as xilanases e as cutinases. Muitas dessas enzimas são excretadas em meios sintéticos quando os fungos são cultivado em laboratório. Muitos fungos tornamse, então, excelentes candidatos para aplicações industriais, tais como no processamento de alimentos, no tratamento de resíduos e na produção de bebidas alcoólicas. Vários fungos são capazes de formar associações especializadas (simbióticas) ou negativas (patogênicas) com outros organismos vivos. positivas A relação necrotrófica ocorre quando o fungo produz enzimas em abundância que degradam e matam o hospedeiro. As relações biotróficas são caracterizadas por serem mais complexas. O fungo se estabelece em íntimo contato com o hospedeiro por meio de estruturas de absorção especializadas, induzido, então, mudanças hormonais que canalizam o fluxo de carbono do hospedeiro para essas estruturas. A maioria da realções necrotróficas são facultativas, haja vista que o fungo produz as enzimas degradativas necessárias à sua sobrevivência em vida livre, como saprófita, durante parte do ciclo de vida normal. A duração do contato entre o fungo e seu hospedeiro é altamente variável, dependendo freqüentemente da fisiologia de membro da associação e das condições ambientais. A maioria dos organismos facultativos são prontamente cultiváveis nos meios de cultura sintéticos no laboratório. As associações biotróficas facultativas envolvem parceiro fúngico saprófita. Em geral, as outras associações biotróficas são obrigatórias, uma vez que o fungo necessita do hospedeiro para crescer e se reproduzir. Alguns fungos simbióticos (ex.: ectomicorrízicos, entre outros) são simbiontes obrigatórios na natureza, embora muitos possam crescer nos meios sintéticos. A natureza filamentosa do micélio a ramificação tridimensional das hifas que o compõem permitem ao fungo explorar nutrientes em substratos não uniformes como o solo e translocá-los para as partes do organismo onde se fazem necessários para o crescimento e a reprodução. Quando a depleção de nutrientes se estende por áreas maiores, a sobrevivência do fungo irá depender da sua capacidade de armazenar nutrientes endogenamente nos esporos. Esses serão, então dispersos para locais onde as condições são mais favoráveis. 5. INTERAÇÕES ECOLÓGICAS As hifas fúngicas devem estar em íntimo contato com o substrato orgânico para que possam absorver nutrientes. Em geral, nunca crescem isoladamente, principalmente no solo. As hifas competem entre si e com outros microrganismos pelos nutrientes mais escassos. A competição, juntamente com as flutuações no nível de nutrientes do solo, leva à ocorr6encia de sucessão ou a mudanças na composição e abundância das espécies de uma comunidade. Ao contrário da sucessão vegetal, o estágio de clímax quase nunca é alcançado com os fungos pelo fato de que o consumo de nutrientes do meio leva a mudanças contínuas no nível desses elementos. As interações competitivas entre os fungos são complexas, haja vista que muitas espécies podem co-existir em um substrato. Mudanças na comunidade fúngica ocorrem quando os substratos orgânicos ou o solo sofre alterações na disponibilidade de nutrientes. Em geral, os fungos dos filos Oomycota, Chytridiomycota e Zygomycota tendem a preceder os do filo Ascomycota, eu por sua vez, precedem os do filo Basidiomycota. Os colonizadores iniciais usam açúcares simples solúveis, aminoácidos e vitaminas no protoplasma dos órgãos vegetais, tais como frutos, sementes, folhas etc. Os fungos pioneiros espalham-se rapidamente produzindo micélio e abundantes estruturas assexuais. A predominância desses fungos é por curto espaço de tempo, uma vez que subprodutos tóxicos ou outras condições de crescimento tornam-se desfavoráveis. O fungo, então, passa a produzir estruturas de sobrevivência. Exemplos desse tipo de fungo incluem as espécies de Pythium, Mucor piriformis e Rhizopus. Os degradadores da celulose são os próximos fungos a colonizarem o substrato, embora possa haver o crescimento de fungos pioneiros que aproveitarão os subprodutos gerados nessa segunda etapa da sucessão. Os degradadores de celulose constituem grupo bastante diverso e competitivo, haja vista a heterogeneidade dos substratos presentes. A degradação de palha, com relação C:N de 80:1, requer que os fungos sejam capazes de parasitar ou decomporo o micélio de poutro fungos já presentes para que possam obter o nitrog6enio necessário ao crescimento e à produção de enzimas. Os fungos que colonização a palha durante o plantio direto incluem saprófitas e patógenos que produzem, principalmente, conídios assexuais, tais como Chaetomium, Fusarium e Trichoderma. Após o consumo da celulose, a lignina passa a ser o principal substrato. O número de espécies fúngicas que são capazes de degradar a lignina é baixo de forma que a competição torna-se reduzida. Os fungos basidiomicetos que produzem as enzimas necessárias crescem, em geral, lentamente, uma vez que consumem grande quantidade de biomassa na produção de rizomorfos e corpos de frutificação. Diferentes ambientes levam a diferentes processos de sucessão dos fungos saprófitas. Nos compostos, por exemplo, os colonizadores que vão são cada vez mais termofílicos no início, à medida que a massa de composto se aquece, seguindo-se uma queda na termotolerância das populações fúngicas nas etapas mais avançadas do processo de compostagem. Nos ambientes frios são selecionados fungos psicrofílicos. A sucessão tende a ser mais lenta em nichos mais especializados, tais como nas associações biotróficas (ex.: micorrizas e alguns patógenos) e naquelas que envolvem intricadas redes alimentares (formigas e cupins). O antagonismo entre microrganismos do solo constitui uma das interações mais comuns dentro de uma comunidade. Grande parte da fauna do solo, principalmente os Collembola, são micófagos, isto é, se alimentam do micélio fúngico. Os fungos também produzem antibióticos. A produção de antibióticos por esses microrganismos (ex.: Aspergillus, Fusarium e Penicillium) lhes confere vantagem ecológica na ocupação de um substrato. 6. BIBLIOGRAFIA SYLVIA, D. M.; FUHRMANN, J. J.; HARTEL, P. G.; ZUBERER, D. A. (Eds.) Principles and applications of soil microbiology. Prentice Hall: Upper Sadle River, 1999. 550p.: il. 7. QUESTÕES PARA ESTUDO a) Quais são as propriedaes únicas dos fungos que os distinguem dos procaritotos? b) Quais são as vantagens do crescimento micelial para (a) crescimento em substrato heterogêneo, (b) reprodução e (c) sobrevivência? c) Por que um fungo que ocupa um poro do solo terá mais chances de sobreviver à perda de umidade do que uma população de bactérias no mesmo local? d) Quais são as estruturas vegetativas fúngicas que resistem às flutuações das condições ambientais? e) Quais são as vantagens para o fungo de produzir inúmeros esporos assexuais? f) Quais são os fatores mais importantes para a distribuição dos fungos no solo? g) Como se dá o processo de sucessão das populações fúngicas durante a degradação de um resíduo vegetal?