APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL ROTEIRO DE AULA PRÁTICA DE HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Técnico em Biotecnologia Módulo II Aluno(a):___________________________ Prof. Leandro Parussolo 2014/2 INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 1 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL 3 - MICROSCOPIA 3.1. MICROSCOPIA ÓPTICA DE LUZ Ao se estudar os seres vivos, ao nível celular, devem-se empregar várias técnicas visando superar três principais limitações destes estudos: as pequenas dimensões celulares, a grande espessura da maioria dos tecidos e a transparência (falta de contraste) das células e de suas estruturas. Em conseqüência, o estudo da organização celular depende do uso de microscópios, aparelhos destinados à observação de detalhes difíceis de serem observados a olho nu e do emprego de técnicas básicas de preparação do material a ser analisado. Para uma boa observação microscópica, além de saber preparar adequadamente o material, é necessário conhecer os componentes do microscópio e as funções de cada um, para tirar deles o máximo proveito. O microscópio de luz é assim chamado pelo fato de ter como fonte luminosa a luz branca, geralmente proveniente de uma lâmpada com filamento de tungstênio. Este microscópio é composto basicamente por dois sistemas de lentes de aumento (oculares e objetivas) que produzem imagens ampliadas do material observado. Além dessas lentes, o microscópio possui uma parte mecânica (base, braço, revólver, platina, charriot, parafusos macro e micrométrico e parafuso de regulagem do condensador) e um sistema de iluminação (fonte luminosa, diafragmas, condensador e filtros). Os componentes básicos do microscópio de luz são mostrados na figura 1.1. DESCRIÇÃO DO MICROSCÓPIO ÓPTICO 1. Parte Mecânica Pé ou Base Braço ou Coluna Platina Charriot Parafuso Macrométrico Parafuso Micrométrico Canhão ou Tubo de Observação Revólver 2. Parte Óptica Sistemas de Iluminação (abaixo da platina): - Fonte de luz - Condensador - Diafragma Objetivas Ocular (es) INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 2 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Figura 3.1 – Componentes do microscópio de luz. Formação da Imagem e Aumento A imagem de um objeto pode ser ampliada quando observada por meio de uma simples lente de vidro. Combinando um número de lentes de forma correta, pode-se construir um microscópio que permitirá a obtenção de imagens em grandes aumentos. A primeira lente de um microscópio de luz é a que está mais próxima do objeto sendo examinado (amostra) e, por esta razão, é chamada de objetiva. Inicialmente, a luz da fonte luminosa do microscópio, geralmente uma lâmpada embutida no equipamento, passa pelo condensador que forma um cone de luz bem definido, concentrando a luz em direção à amostra (Figura 1.2). A luz passa por esta e em seguida pela objetiva que, então, projeta uma imagem real, invertida e aumentada da amostra em um plano fixo dentro do microscópio, chamado plano intermediário da imagem. Nessa etapa, a imagem parece INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 3 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL estar “flutuando” em um espaço de cerca de 10 mm abaixo do topo do tubo de observação do microscópio. A lente ocular é o mais distante componente óptico da amostra e serve para aumentar, posteriormente, a imagem real projetada pela objetiva. Dessa forma, a ocular produz uma imagem secundária aumentada que é captada pelo olho do observador (Figura 1.2). O aumento total do objeto observado é calculado multiplicando-se os valores do aumento da ocular e da objetiva. Por exemplo, ao se usar uma ocular de 10X com uma objetiva de 4X, a imagem final do objeto estará aumentada 40X, onde: Aumento final do microscópio = aumento da ocular x aumento da objetiva Figura 3.2 – Trajetória da luz no microscópio. Especificações das lentes objetivas As lentes objetivas não diferem entre si apenas quanto ao aumento. Existem diferentes tipos de lentes, dependendo do material usado na construção, da finalidade da lente e de sua especialização. Algumas características influenciam na qualidade da imagem, oferecendo maior ou menor grau de correção de aberrações. As mais sofisticadas têm custo elevado e são, de maneira geral, usadas para fins de pesquisa. As especificações de cada lente objetiva são fornecidas pelo fabricante e vêm indicadas na própria lente (figura 1.3). INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 4 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Figura 3.3 – Especificações da lente objetiva. Tipos de objetivas de acordo com a qualidade óptica a) Acromáticas: são as mais simples e baratas, presentes em microscópios comuns. b) Semi-apocromáticas: construídas com fluorita, um material que proporciona alguma correção para aberrações. c) Apocromáticas: fornecem correção ampla para as aberrações. d) Planacromáticas: além de proporcionar correção, são ótimas para fotomicrografias, pois o campo fica todo em foco. e) Planapocromáticas: são as melhores e as mais caras, combinando as correções das apocromáticas e planacromáticas, o que resulta em grande resolução. Códigos de cores das lentes objetivas Ao usar o microscópio, observe que cada lente objetiva (figura 1.3) tem uma marcação (anel) com determinada cor que ajuda na identificação rápida do aumento a ser utilizado. A presença desses códigos é bastante útil quando se utiliza um equipamento contendo muitas objetivas. As objetivas de imersão têm código adicional de cor que indica o meio de imersão que deve ser usado. Aumento 2X ou 2,5X 4X ou 5X 10X 16X ou 20X 40X ou 50X 60X 100X – óleo 100X – glicerina Código de Cor Marrom Vermelho Amarelo Verde Azul claro Azul cobalto Preto Laranja Extensão do tubo INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 5 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Esta especificação vem gravada na objetiva (Fig. 1.3) e corresponde ao comprimento do tubo do microscópio, situado entre as objetivas e as oculares. Essa medida pode ser fixa (geralmente 160 mm) ou corrigida ao infinito (nos microscópios mais modernos). No primeiro caso, a obtenção de imagens de qualidade só é possível quando a objetiva é construída a uma determinada distância das oculares. No segundo caso, o tubo é equipado com acessórios ópticos que permitem a obtenção de uma imagem precisa, sem necessidade de se estabelecer um comprimento fixo para o mesmo (símbolo ∞). Distância de trabalho É a distância em mm entre a lente objetiva e a superfície da lâmina, quando a amostra está em foco. Encontra-se indicada na lente (Fig. 1.3). De maneira geral, a distância de trabalho da objetiva diminui à medida que a ampliação aumenta. Poder de resolução e limite de resolução Quando se observa qualquer estrutura ao microscópio, o observador não está vendo diretamente a estrutura e sim a imagem desta. A imagem é uma representação da estrutura e, obviamente, ela deve reproduzir de forma acurada o material analisado. Portanto, um bom microscópio não é aquele que dá maior aumento e sim aquele que reproduz os detalhes do material observado. Não importa quantas vezes uma lente amplia, se ela não é capaz de fornecer uma imagem nítida do objeto observado. Dessa forma, um bom microscópio é sempre considerado em termos do seu poder de resolução. Poder de resolução é um termo usado em microscopia para se referir à fineza de detalhes que pode ser obtida em um microscópio. Conforme mencionado, a capacidade de aumento de um microscópio só tem valor quando acompanhada de um aumento paralelo do poder de resolução. Poder de resolução: fineza de detalhes fornecida pelo microscópio O poder de resolução de um microscópio é estimado pelo seu limite de resolução, definido como a menor distância que deve existir entre dois pontos para que eles apareçam individualizados. Quanto menor o limite de resolução, maior o poder de resolução O limite de resolução é calculado pela equação do matemático e físico alemão Ernest Abbe: LR= 0,612 x γ / AN 0,612 = constante AN = abertura numérica da lente objetiva γ = comprimento de onda da fonte luminosa utilizada Abertura numérica INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 6 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL A abertura numérica (AN), ou número de abertura, indica a resolução de uma lente objetiva, ou seja, sua capacidade de captar a luz e fornecer detalhes da amostra a uma determinada distância desta. Esse número é pré-determinado na construção das lentes objetivas e já vem grafado na própria lente (Fig. 1.3), podendo variar entre 0,1 (para aumentos muito pequenos) até 1,4 (para grandes aumentos obtidos com objetivas de imersão). A AN é calculada a partir da seguinte equação: AN = n x senα N = índice de refração do meio situado entre a amostra e a lente objetiva α = metade do ângulo de abertura da lente objetiva Índice de refração (n): para objetivas secas = 1 (ar) para objetivas de imersão = 1,51 (óleo) = 1,45 (glicerina) Medidas das células As células só podem ser observadas ao microscópio porque têm dimensões abaixo do limite de resolução do olho humano (Figura 1.4). As dimensões de uma célula, vista ao microscópio de luz, são expressas em micrômetros (μm), unidade que representa a milésima parte do milímetro (mm). Para estruturas intracelulares observadas ao microscópio eletrônico, a medida utilizada é o nanômetro (nm) que significa um milésimo do micrômetro. Unidade de medida Micrômetro Nanômetro Símbolo μm nm Valor 0,001 mm 0,000001 mm ou 10-3 μm Figura 3.4 – Escala de limite de resolução. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 7 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Como usar o Microscópio 1. Antes de ligar o microscópio, verifique se ele está ligado a corrente elétrica, em seguida verifique o controle de intensidade da iluminação e certifique-se de que a objetiva de menor aumento (4 ou 5X) está posicionada. 2. Ligue o microscópio e gire o parafuso macrométrico até abaixar toda a platina. Coloque a lâmina na platina, sempre com a lamínula voltada para cima, prendendo-a convenientemente. Em seguida ajuste o foco do espécime observado utilizando o parafuso macro e micrométrico. Ajuste a intensidade da iluminação mais adequada. Certifique-se de estar observando a estrutura em foco simultaneamente com os dois olhos. Se não estiver, acerte a distância interpupilar aproximando ou afastando as duas oculares. Verifique também se as duas oculares estão em foco. Se não estiverem, focalize bem o material olhando em apenas uma delas, e gire depois a outra ocular até acertar o foco. Quem é míope ou tem hipermetropia não precisa usar óculos para observar ao microscópio, somente quem possui astigmatismo. Atenção: não tocar os dedos nas lentes! 3. Utilizando os parafusos do Charriot, examine a lâmina e selecione a área que deverá ser observada com maior aumento. A área selecionada deverá estar no centro do campo e em foco, antes de se passar ao aumento seguinte (10X). Posicione a objetiva e, desse momento em diante, ajuste o foco utilizando-se apenas do parafuso micrométrico. Ajuste sempre a iluminação mais adequada para cada aumento, utilizando-se também do diafragma do condensador. 4. Para passar ao aumento seguinte (40X) proceda exatamente como no item anterior. 5. Para focalizar com a objetiva de 100X é necessária a utilização de óleo de imersão. A lâmina deverá estar perfeitamente focalizada na objetiva de 40X, e a área a ser observada colocada no centro do campo. Desloque a objetiva de 40X girando o revolver, porém sem encaixar a objetiva de 100X, parando a meio caminho. Coloque uma pequena gota de óleo sobre a área iluminada da lâmina e posicione a objetiva de imersão. Note que a extremidade inferior da lâmina ficará imersa na gota de óleo. Utilizando-se apenas do parafuso micrométrico encontre o foco que deverá estar bem próximo. Caso não consiga, volte para a objetiva de menor aumento, reiniciando todos os passos. Importante: não tente focalizar o material nas objetivas de 10, 40 e 100X com o parafuso macrométrico, pois, com grande chance, você quebrará a lâmina. 6. Para retirar a objetiva da imersão, gire o revólver posicionando a objetiva de menor aumento (4X). Retire a lâmina, limpe-a bem, fazendo o mesmo com a objetiva de imersão com lenço de papel embebido levemente em álcool-éter. Cuidado ao manusear estas substâncias que, além de serem solventes de plástico, são inflamáveis e seus vapores são tóxicos. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 8 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL 7. Verifique se as objetivas estão encaixadas, caso contrário você verá o campo completamente escuro ou parcialmente iluminado. 8. Ao terminar a sua prática, abaixe toda a platina, gire o revolver de modo a posicionar a objetiva de menor aumento. Desligue o microscópio e limpe-o utilizando lenço de papel. Verifique se a lâmina foi retirada e guardada no seu respectivo lugar, e se o controle de iluminação está no mínimo. Por fim, cubra o microscópio e deixe-o sempre como gostaria de encontrá-lo! ATENÇÃO: Não use as capas do microscópio para limpar bancada ou outro!! Não jogue sujeira (papel, aparas de lápis, etc) no chão ou gavetas!! Nunca arrastar o microscópio pela bancada!! IMPORTANTE: Para limpeza das lentes do microscópio, inclusive a objetiva de imersão, nunca use soluções corrosivas ou xilol, as quais podem danificar o sistema óptico. A limpeza deverá ser feita periodicamente com solução apropriada (álcool e éter absolutos, na proporção de 3:7) e pela pessoa responsável pelo equipamento. Rotineiramente, usa-se para limpeza das lentes, apenas um lenço de papel macio e seco. O microscópio deve ser mantido protegido da poeira e livre da umidade. Esta pode provocar o aparecimento de fungos que danificam as lentes. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 9 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL 4 - TÉCNICAS HISTOLÓGICAS Para análise em microscopia óptica de luz é necessária a preparação de lâminas com corte de tecidos muito finos. A seguir serão apresentados, de forma resumida, os passos para a confecção de lâminas seguindo a técnica para coloração com hematoxilina e eosina (HE): Coleta do material: Partes de órgãos são retiradas com o auxílio de um bisturi, pinça ou lâmina de barbear. Não é indicada a extração de porções grandes, uma vez que o objetivo final é a obtenção de uma camada fina que possa ser analisada em um microscópio óptico. Fixação do material: Esta etapa consiste na utilização de procedimentos físicos ou químicos para imobilizar as substâncias constituintes das células e dos tecidos, fornecendo maior resistência para suportar as demais etapas. Além disso, os fixadores retardam os efeitos post mortem do tecido, mantendo sua arquitetura normal. Os agentes fixadores mais utilizados são o formol tamponado e o líquido de Bouin. Ambos fixam as proteínas evitando sua degradação. Inclusão: Este procedimento consiste na impregnação do tecido com uma substância de consistência firme que permita, posteriormente, seccioná-lo em camadas delgadas. Pelo fácil manuseio e bons resultados, a parafina é a mais utilizada neste procedimento. Como ela não é miscível em água, a primeira etapa da inclusão compreende a desidratação, quando ocorre a retirada da água dos tecidos e a sua substituição por álcool. A diafanização é a etapa seguinte, com a substituição do álcool, agora presente nos tecidos, por xilol. Finalmente, na impregnação, última etapa, o xilol é substituído por parafina fundida a 60° em pequenos blocos. Neste momento a catalogação do bloco é importante para a posterior identificação da peça. Microtomia: Esta etapa consiste, basicamente, em utilizar um micrótomo para obter cortes sucessivos, delgados e uniformes, a partir dos blocos de parafina com as peças incluídas. Este aparelho é formado por uma lâmina (fixa ou descartável) de aço, afiada, e um braço ao qual se prende o bloco e que se desloca verticalmente. Montagem da lâmina histológica: As fitas obtidas a partir do micrótomo são transferidas para um banho-maria, com o auxílio de uma pinça, para serem distendidas. A água deve estar entre 3° e 8º abaixo do ponto de fusão da parafina utilizada. Nesta etapa, são retiradas as dobras e evitadas as bolhas abaixo da fita. Após a distensão, os cortes são separados individualmente ou em grupos, conforme a conveniência, utilizando-se lâminas de vidro previamente limpas com detergente, estocadas em álcool 80% e previamente secas. Os cortes obtidos podem ser transferidos, inicialmente, para uma estufa onde ficam alguns minutos (não mais que dez minutos) para posteriormente serem colocados em um suporte inclinado. Finalmente, os cortes devem ser depositados em uma estufa a 60º para secagem entre uma e 24 horas. Coloração: A maioria dos preparados histológicos observados nas aulas práticas são corados com uma combinação de dois corantes: Hematoxilina & Eosina (H.E.). Quando o balanço de cargas de uma estrutura é acida, ela apresenta grande afinidade por corantes básicos e é denominada estrutura basófila (exemplo: núcleo celular). A hematoxilina se comporta como um corante básico e portanto, cora constituintes celulares e intercelulares de comportamento ácido em roxo-azulado. A eosina se comporta como um corante ácido e portanto, cora em róseo-avermelhado as estruturas acidófilas (exemplo: colágeno). INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 10 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Figura 4.1 – Técnicas histológicas. Interpretação dos cortes histológicos: Procure interpretar os diversos planos de secção das estruturas analisadas. Por exemplo, um vaso sanguíneo que é uma estrutura em forma de “tubo”: corte transversal: a secção é circular e a parede do tubo tem a mesma espessura em toda a circunferência; oblíqua: a secção é elipsóide. A parede é mais espessa de um “lado” do que do outro; longitudinal: a secção é alongada, as laterais tem a mesma espessura e as extremidades tem espessura diferente; Tangencial: não se vê luz, mas só um aglomerado de núcleos. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 11 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Figura 4.2 – Interpretação dos cortes histológicos. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 12 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL 5 - ESTUDO DOS CONSTITUINTES DO MICROSCÓPIO Estudos dos constituintes do microscópio: Reconheça os constituintes mecânicos e ópticos do microscópio fotônico ou de luz a medida que o professor (a) os for enumerando. Em seguida preencha o desenho do microscópio identificando cada um destes constituintes. Ao ligar o microscópio, sempre observar o potenciômetro. Ao desligar o microscópio, sempre girar o revólver e deixar na objetiva de menor aumento (4X). Na sequência abaixar a mesa ou platina, regular o potenciômetro até obter ausência de luz na fonte luminosa e finalmente desligar o equipamento e cobri-lo adequadamente. Figura 5.1 – Constituintes do microscópio. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 13 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL 6 - VISÃO GERAL DOS TECIDOS CORPÓREOS: CÉLULAS E MATRIZ EXTRACELULAR Figura 6.1 - Visão geral dos tecidos corpóreos. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 14 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 1 - Tecido Epitelial de Revestimento 1. Objetivo: Identificar o Epitélio de revestimento no órgão b. Associar a forma com a função de cada tipo de epitélio de revestimento. Lâmina: Pele Coloração: HE Observar que ela é formada por um epitélio estratificado pavimentoso (achatadas) com núcleo de pequena dimensão e intensamente corado e apresenta uma fina camada de queratina. Observar os melanócitos na camada basal. 1. Glândulas sebáceas 2. Glândulas sudoríparas Lâmina: ________________________________________________________ Estrutura analisada: ______________________________________________ Coloração: ______________________________________________________ Características do tecido: __________________________________________ _______________________________________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 15 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 02 Lâmina: Intestino delgado Coloração: HE 1. Observe a lâmina macroscopicamente contra um fundo branco. O intestino delgado é um órgão que compreende o duodeno, jejuno e íleo, sendo o principal local de absorção dos produtos da digestão do trato gastrointestinal. A digestão começa no estômago e é concluída no intestino delgado em associação com o processo absortivo. 1. a superfície da mucosa apresenta evaginações que se projetam na luz do intestino: são as vilosidades intestinais ou microvilosidades. - focalize a superfície de uma vilosidade e identifique o epitélio que a reveste: epitélio pseudo-estratificado cilíndrico. 2. Há um outro tipo celular neste epitélio, denominado células caliciformes. 3. Na superfície encontra-se também as células absortivas, são responsáveis pelos processos de digestão e absorção. ____________ Lâmina: ______________________________________________________ Estrutura analisada: ____________________________________________ Coloração: ____________________________________________________ Características do tecido: ________________________________________ ________________________________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 16 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 03 - Tecido Conjuntivo Frouxo e Denso Não Modelado Lâmina: Pele fina Coloração: HE Observe, inicialmente, em pequeno aumento e localize o epitélio constituído por várias camadas de células. 1. Na porção mais profunda, ou seja, próximo ao tecido conjuntivo, as primeiras camadas são constituídas por células bem coradas cujos núcleos aparecem muito próximos uns dos outros e podemos observar figuras de mitose. Esta camada é chamada de camada basal. 4. A derme acha-se constituída por tecido conjuntivo (propriamente dito) que é rico em fibras colágenas. Essas fibras são acidófilas, razão pela qual se coram em róseo pela técnica de HE. 5. A derme se divide em duas camadas de tecido conjuntivo e sua espessura varia amplamente em relação às diferentes regiões do corpo. A externa é mais delgada e compõe-se de tecido conjuntivo frouxo. 6. Na maior parte dos tecidos as fibras colágenas se agrupam paralelamente formando feixes. Neste corte podemos observar os feixes dispostos em várias direções (TC DENSO NÃO MODELADO). 7. Neste epitélio podemos visualizar 2 tipos de glândulas: sebáceas e sudoríparas, que são glândulas capazes de eliminar seus produtos de excreção para fora do organismo, portanto são classificadas como glândulas exócrinas. Lâmina: ______________________________________________________ Estrutura analisada: ____________________________________________ Coloração: ____________________________________________________ Características do tecido: ________________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 17 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL _______________________________________________________________ Fígado – fibras Reticulares As fibras reticulares são também constituídas pela proteína colágeno III. Comparadas as fibras colágenas são bastante delgadas e ramificadas e forma m pequenas redes de sustentação. Essas fibras dão suporte aos capilares, nervos e células musculares e associam-se as lâminas basais, formando as membranas basais. Constituem os principais elementos de suporte dos tecidos formadores do sangue e do fígado. Os Hepatócitos têm função de síntese protéica, secreção de bili acúmulo de metabólitos, desintoxicação e neutralização. Observar abaixo as fibras coágenas Lâmina: _______________________________________________________ Estrutura analisada: _____________________________________________ Coloração: _____________________________________________________ Características do tecido: _________________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 18 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 4 - Tecido Cartilaginoso Objetivo: Identificar as partes constituintes das cartilagens e identificar o tecido epitelial encontrado no revestimento da traquéia Lâmina: Traquéia Coloração: HE 1. apresenta um epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado. Os cílios são encontrados no pólo apical das células 2. a traquéia é um tubo flexível de tecido fibroelástico e cartilagem hialina que permite a expansão em diâmetro e extensão em comprimento durante a inspiração e retração elástica durante a expiração. 8. uma série de anéis em C de cartilagem hialina (coloração azulada) sustenta a mucosa traqueal e impede seu colapso durante a inspiração. Esses anéis cartilaginosos são revestidos externamente, por um tecido conjuntivo denso chamado pericôndrio que se continua com a cartilagem, não havendo limite nítido entre ambos. Este tecido conjuntivo fibroso une as cartilagens entre si, conferindo certa extensibilidade à traquéia. 9. Com a objetiva de 10 X observe a disposição da cartilagem (azulada) e observe também os condrócitos que se situam centralmente na cartilagem, sozinhos ou em grupos de duas ou quatro células separadas por uma delgada camada de matriz. Com objetiva de 40 X observe a cartilagem, focalizando as lacunas onde se alojam os condrócitos. 10. Na periferia da cartilagem observe que as células são menores, dispostas isoladamente, apresentam forma alongada e se dispõe paralela à superfície da cartilagem: são os condroblastos. Lâmina: __________________________________________________ Estrutura analisada: ________________________________________ Coloração: ________________________________________________ Características do tecido: ____________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 19 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 5 - Tecido Ósseo Ossificação endocondral Lâmina: Osso descalcificado – Articulação e Tecido Mielóide e Linfóide Coloração: HE Essa lâmina foi preparada pela técnica de descalcificação e contém o corte de um fragmento de osso na região da articulação do joelho. Podemos observar a presença de cartilagem em dois lugares: na superfície articular e no disco epifisário. A cartilagem articular difere da cartilagem hialina da traquéia pois a superfície articular não é recoberta por pericôndrio. Neste corte podemos observar as células que compõe o tecido ósseo: osteócitos, osteoblastos e osteoclastos (este último não é visível). Desta maneira tente identificar as seguinte estruturas: 1. A matriz óssea 2. Os osteócitos. 3. A superfície externa da maioria dos ossos é revestida por uma lâmina de tecido fibroso condensado, o periósteo, que contém vários osteoblastos que são responsáveis pela deposição de lamelas concêntricas de osso cortical, determinando o crescimento por aposição. 4. A reabsorção óssea é realizada por grandes células multinucleadas denominadas osteoclastos, que freqüentemente são observadas em depressões reabsorvidas da superfície óssea denominadas lacunas de Howship. 5. Nesta lâmina também observamos além da cartilagem articular a cartilagem seriada (disco epifisário – local onde encontramos ainda tecido cartilaginoso) a qual é responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos longos. Podemos distinguir nesta cartilagem as seguintes partes: f. g. h. i. j. Zona de cartilagem em repouso (mais interna): Zona de cartilagem Seriada ou zona de proliferação: Zona de maturação e hipertrofia: Zona de cartilagem calcificada: Zona de ossificação (ápice da articulação) A parte interna do osso é ocupada pela medula óssea vermelha (hematógena) e amarela. Assim é possível observarmos a presença da MEDULA ÓSSEA. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 20 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Tecido ósseo compacto – osso adulto Lâmina Osso descalcificado (Corte transversal) Coloração: Schmorl Nesta lâmina o osso foi cortado transversalmente, demonstrando os sistemas de Havers (observe a lâmina com o diafragma fechado). Observe nos sistemas de Havers os canais de Havers, os osteócitos que possuem finos prolongamentos citoplasmáticos que passam através dos canalículos para se comunicarem, através de junções comunicantes, com os prolongamentos de osteócitos em lamelas adjacentes. ____________ Lâmina: ____________________________________________________ Estrutura analisada: ____________________________________________ Coloração: ________________________________________________ Características do tecido: ______________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 21 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 6 - Tecido Muscular Objetivo: Estudar a forma celular e seus constituintes Compreender a organização dos músculos. Músculo Estriado Esquelético Lâmina: Língua Coloração: HE Esta lâmina mostra o músculo esquelético da língua, que é constituído de numerosos feixes orientados em várias direções. Estes se apresentam seccionados transversalmente e longitudinalmente. Os feixes são preenchidos por tecido conjuntivo frouxo, sendo constituído pelo perimísio, que é contínuo com o delicado endomísio, separando fibras musculares individuais em cada feixe. Nas fibras cortadas transversalmente é possível observar as miofibrilas, aparecendo como pontos no interior da fibra. Lâmina: ___________________________________________________ Estrutura analisada: _________________________________________ Coloração: ______________________________________________ Características do tecido______________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 22 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Tecido Muscular Liso Lâmina: Intestino delgado Coloração: HE Observando em menor aumento é possível ver que o intestino é constituído de três regiões: a mucosa onde é possível observar o epitélio pseudo estratificado cilíndrico, juntamente com tecido conjuntivo que formam as vilosidades; a submucosa e a túnica muscular a qual corresponde ao músculo liso. Esta disposição permite a passagem de uma onda de contração pelo tubo propelindo o conteúdo: peristaltismo. Tipicamente, a túnica longitudinal externa de músculo liso está justaposta à túnica circular interna com apenas uma quantidade mínima de tecidos de sustentação entre elas. ____________ Lâmina: ___________________________________________________ Estrutura analisada: _________________________________________ Coloração: ______________________________________________ Características do tecido______________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 23 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 07 - Tecido Nervoso O tecido nervoso é formado por neurônios e células de sustentação. Os neurônios são as unidades celulares que constituem a estrutura e função do Sistema Nervoso. As células da glia são células de sustentação do Sistema Nervoso Central. Elas incluem os oligodendrócitos, astrócitos, micróglia e células ependimárias. As células de Schwann (Lemócitos) e as células-satélites são as células de sustentação no Sistema Nervoso Periférico. Lâmina: ___________________________________________________ Estrutura analisada: _________________________________________ Coloração: _________________________________________________ Características do Tecido______________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 24 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL AULA PRÁTICA N0 8- Tecido Mielóide Objetivo: Leitura–Conhecer e compreender os elementos figurados do sangue. Células do sangue Os glóbulos vermelhos (eritrócitos ou hemácias) são as células sanguíneas mais frequentes. Têm uma vida média de 120 dias e são praticamente desprovidos de organelas citoplamásticas. Possuem uma forma bicôncava particularmente eficaz para as trocas gasosas, pois se fossem esféricos, sua superfície de trocas diminuiria em 30%.Os eritrócitos são muito deformáveis, podendo se alongar e atravessar os capilares mais finos. As plaquetas são pequenos elementos celulares anucleados que intervém na coagulação sanguínea ou hemostase. São como pequenos pontos vermelhos (três vezes menores do que uma hemácia e apresentam um diâmetro de 2 a 4 µm). Neutrófilos: São polimorfonuleares maiores do que as hemácias, sendo o tipo de leucócito mais abundante no sangue. Sua principal função é fagocitar partículas como bactérias fora do sangue, ou seja nos tecidos que estão sofrendo alguma lesão. Eosinófilos: apresenta grânulos citoplasmáticos específicos fortemente corados pela eosina, daí a sua denominação (eosinófilo – afinidade a eosina). Representam apenas de 1 a 3% do total de leucócitos. O número de eosinófilos aumenta nas infecções alérgicas e parasitárias. Eles são numerosos sob os epitélios digestivos e respiratórios, porque são nestes lugares onde comumente as substâncias estranhas penetram no organismo. Basófilo: Representa menos de 1% do total de leucócitos portanto é muito difícil de ser encontrado. Mede aproximadamente 10 µm. Caracterizam-se por possuir no seu citoplasma inúmeros e grandes grânulos basofílicos que chegam a mascarar o núcleo, que é irregular e lobulado. Os grânulos dos basófilos contêm histamina e heparina. Os basófilos liberam os produtos de seus grânulos por exocitose e isto ocorre durante uma reação alérgica. Linfócito: Os linfócitos representam de 20 a 30% dos leucócitos. São as principais células do sistema imunitário cuja função principal é proteger o indivíduo das infecções virais. Monócito: É a maior das células sanguíneas (chegando a medir até 50 µm). Representam de 3 a 7% dos leucócitos sanguíneos. Seu núcleo grande é excêntrico e reniforme (em forma de grão de feijão). São precursores dos macrófagos os quais se transformam a partir do momento que deixam os vasos sanguíneos e migram para os tecidos. INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 25 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Neutrófilos Monócito Eosinófilos Linfócito Lâmina: ___________________________________________________ Estrutura analisada: _________________________________________ Coloração: _________________________________________________ Características do Tecido______________________________________ INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC – Câmpus Lages 26 APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS EM HISTOFISIOLOGIA ANIMAL Referências Bibliográficas BURITY, C.H.F. Caderno de atividades práticas em morfologia humana: embriologia, histologia e anatomia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004. CARVALHO, J. Manual de aulas práticas de histologia e embriologia. Maringá: Unidade de Ensino Superior de Maringá – Uningá, 2006. GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. 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