A Busca, por Cheyenne Monteiro
Estou cansada. Sinto sua falta. Você está em todos os lugares.
Hoje vi você na praça. Mas não o você sadio, que me sorria com sinceridade, que me
via como sou e me amava mesmo assim.
Vi o você espelhado, da época mais obscura. Da época do adeus. Seu olhar frio e
distante, sem foco e sem paz. Era esse você que me encarava de volta. Assustei-me.
Chorei.
Chorei pela falta que você me faz, chorei pela falta que queria que fizesse. Chorei pelos
momentos que vivemos em comunhão e pelos que ficaram intocados na história.
Pela sua devoção e coragem, eu chorei. E em meu choro encontrei a mais temível
questão.
O que estou fazendo aqui?
Queria que fosse você lá. O você que segurava a minha mão, que se perdia em
colheradas de brigadeiro e sorriso. O você que acalentava a noite mais fria e anunciava a
decolagem em devaneios debaixo do cobertor. O você do planejar viagens que nunca se
concretizaram, sonhos que não sairam do papel.
Queria que fosse você lá pra me dizer que a vida pode ser ok. Que eu não estou sozinha,
que eu tenho você.
Mas não era. E o espelho se quebrou, meu peito esvaziou e as palavras me faltaram. O
seu nome me fugiu, sua face foi embora. Pisca pisca dos meus olhos.
Queria poder dizer adeus, mais uma vez você se foi. Mais uma vez eu me perdi em
minha busca por você.
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