Rumo a novos patamares: Você está pronto para a jornada? Estudo sobre a Situação da Profissão de Auditoria Interna em 2013 www.pwc.com.br Apresentação A globalização, a volatilidade dos mercados, a turbulência econômica e as mudanças tecnológicas, políticas e regulatórias transformaram para sempre o ambiente de negócios e também expandiram bastante o cenário de riscos para as empresas. Como revela a edição deste ano do nosso Estudo sobre a Situação da Profissão de Auditoria Interna, muitas funções de auditoria interna não estão conseguindo acompanhar o ritmo dessas transformações. Isso impõe desafios para que as empresas possam determinar uma estratégia adequada a ser seguida nessa área e extraiam valor dos seus investimentos. Para a maioria dos mais de 1.700 executivos de 60 países que participaram da nossa pesquisa, a auditoria interna precisa evoluir para dar uma contribuição mais significativa para as organizações. Caso contrário, perderá relevância para outras áreas que se tornam mais vitais no processo de gestão de riscos das empresas. Segundo o nosso estudo, as áreas de auditoria interna de alto desempenho demonstram ter capacidades fundamentais significativamente mais fortes, estão coordenadas com as atividades de governança, riscos e compliance da organização, incorporam riscos emergentes de forma mais eficaz nas áreas de auditoria e cooperam com aqueles para quem trabalham. Nesta publicação, mostramos que, para alcançar esse nível de excelência, os membros do comitê de auditoria devem reavaliar seus critérios de satisfação com o valor que a auditoria interna está oferecendo. A administração precisa esperar mais, e os diretores de auditoria devem acelerar o passo e entregar mais. Só assim, a função de auditoria interna será capaz de cooperar com uma gestão de riscos mais eficaz. Esperamos que este material contribua para melhorar a visão das empresas sobre o caminho a ser percorrido. Fernando Alves Sócio-presidente PwC Brasil Evandro Carreras Sócio e líder de Auditoria Interna PwC Brasil Uma discussão aprofundada 1 2 Rumo a novos patamares Conteúdo O cerne da questão 4 Sumário executivo Uma discussão aprofundada 8 Analisando os problemas Divergências entre os stakeholders Capacidades da auditoria interna Contribuição da auditoria interna 9 11 14 A oportunidade Definindo um novo patamar Preparação para a jornada Desafios futuros 16 16 18 20 O que isso significa para sua empresa 22 O caminho à frente Comitês de auditoria: Façam mais perguntas Administração: Espere mais Diretores de auditoria: Entreguem mais 23 23 24 Apêndice: Demografia da pesquisa Apêndice: Riscos críticos 26 27 Uma discussão aprofundada 3 O cerne da questão Sumário executivo 4 Rumo a novos patamares “Em uma organização, todos são responsáveis por ajudar a cumprir a missão, mas, acima disso, cada funcionário/membro de equipe/ pessoa precisa perceber que também é sua responsabilidade enxergar as outras pessoas em volta e ajudá-las a avançar na direção certa.”1 Alison Levine, aventureira, exploradora, alpinista e capitã da primeira expedição de mulheres americanas ao Everest Como os exploradores, que em condições extremas devem lidar continuamente com o risco e a incerteza, as empresas já entenderam que a volatilidade e a complexidade do mercado, além de mudanças políticas e regulatórias, vieram para ficar. No entanto, nesse contexto de maiores riscos, muitas funções de auditoria interna falham em acompanhar o ritmo das mudanças – e as organizações enfrentam um grande desafio ao determinar a estratégia para essa área e extrair valor desse investimento. Os comitês de auditoria e a administração estão demandando o suficiente da auditoria interna? Estão satisfeitos com o status quo? Ou será que, dado o rápido crescimento dos tipos de riscos que as empresas enfrentam, eles devem encorajar a auditoria interna a alcançar novos patamares e desempenhar papéis mais relevantes? E, se precisam que a auditoria interna amplie sua atuação, será que ela está habilitada com as competências certas para embarcar nessa jornada? 1 http://www.alisonlevine.com/Leadership/ A opinião da maioria esmagadora dos 1.700 executivos que participaram do 9° Estudo sobre a Situação da Profissão de Auditoria Interna é de que a função precisa se aprimorar e contribuir de forma mais significativa com as organizações. Nossa pesquisa indica claramente que a área tem de evoluir em termos de foco e melhorar bastante seu desempenho — ou corre o risco de perder relevância, à medida que outras funções se tornam mais vitais no processo de gestão de riscos das empresas. Nestes tempos de riscos crescentes, nossa pesquisa identificou três questões importantes que afetam a capacidade de muitos departamentos de auditoria interna de entregar mais valor. • Membros da administração e do conselho de administração não têm a mesma percepção do valor e do desempenho da auditoria interna – e parece que os conselheiros estão se contentando com pouco. Uma porcentagem muito maior de membros do conselho acredita que a auditoria interna oferece uma contribuição significativa (diferença de 35 pontos). Mas, embora os conselheiros considerem alto o valor fornecido pela auditoria interna, eles julgam fraco o desempenho da função em atributos essenciais, como promover a melhoria da qualidade. Isso indica que têm expectativas relativamente baixas em relação à auditoria interna. • As capacidades fundamentais da auditoria interna podem não ser fortes o suficiente para produzir o trabalho demandado atualmente, nem seguras o bastante para que se consiga extrair mais valor. As companhias ficaram ainda mais exigentes em relação ao seu próprio desempenho para lidar com o cenário de riscos em constante mudança e as expectativas mais altas dos órgãos regulatórios e dos acionistas. No entanto, elas não aumentaram a exigência sobre as auditorias internas no mesmo ritmo. Nossos dados indicam que, embora essas funções façam esforços para se destacar em oito atributos-chave (ver Figura 4 na pg. 11) sua capacidade de entregar o nível adequado de valor às empresas é limitada. • A auditoria interna continua a se esforçar para maximizar o impacto da sua contribuição, principalmente em áreas fora de seu foco mais tradicional. Os stakeholders estão menos satisfeitos com a contribuição da auditoria interna em áreas de riscos emergentes, como a avaliação de grandes programas, lançamentos de produtos, gestão de projetos de capital ou fusões e aquisições. Embora a auditoria interna tenha, de fato, dado maior foco a muitas dessas áreas nos últimos 12 meses, nem sempre ela atendeu às expectativas. Uma discussão aprofundada 5 Figura 1: A natureza circular dos desafios da auditoria interna Alinhamento o ci a s C iç ã om pe u rib tê n C o nt Maximizar o valor da Auditoria Interna Os problemas de desalinhamento entre os stakeholders, desafios de capacitações fundamentais e contribuição limitada da auditoria interna estão intimamente interligados. Cada um afeta e é afetado pelo outro (Figura 1). Quando analisados em conjunto, esses desafios mostram a necessidade de a auditoria interna embarcar em uma jornada agressiva para romper o ciclo da inércia, ampliar suas capacidades e adicionar valor real às áreas de risco mais críticas da companhia. Sem preparar um plano e alcançar novos patamares, a auditoria interna corre o risco de se tornar uma função marginalizada, sem condições de desempenhar papel importante na infraestrutura de gestão de riscos da empresa. Preparação para a jornada Nossa pesquisa mostra que funções de auditoria interna de alto desempenho alcançaram um novo nível e são percebidas por seus stakeholders como extremamente relevantes. Essas áreas se saíram muito melhor em atributos essenciais e exibem comportamentos diferentes de seus pares — diferenças notáveis, necessárias para alcançar um nível de desempenho que as mantém relevantes e valorizadas pela empresa. Especificamente, as funções de auditoria interna mais bem avaliadas destacam-se em quatro áreas: • Demonstram ter capacidades fundamentais significativamente mais fortes, o que lhes permite exceder muito o desempenho das outras auditorias internas em atributos essenciais. Com mais competências, elas contam com uma base sólida para avançar na cadeia de valor. 6 Rumo a novos patamares Nossa pesquisa mostra que as funções de auditoria interna de alto desempenho apresentam atributos e comportamentos muito diferentes daqueles demonstrados por seus pares. • Estão coordenadas com as atividades de governança, riscos e compliance da organização, o que aumenta a probabilidade de os riscos estarem mais bem cobertos ao longo de todas as linhas de defesa e resulta em maior satisfação quanto à forma como eles são gerenciados. • Incorporam riscos emergentes de forma mais eficaz nas áreas de auditoria, permitindo que a função de auditoria interna identifique problemas mais cedo, gere valor mais cedo e continue engajada na geração de valor. • Cooperam com aqueles para quem trabalham, fornecendo assessoria e informações de forma proativa e envolvendo-se ativamente com a administração em iniciativas organizacionais. Em essência, as funções de auditoria interna de alto desempenho apresentam uma base forte de recursos como provedoras de asseguração, o que lhes permite agregar mais valor e proporciona condições firmes para avançarem no papel de consultores de confiança. Membros do comitê de auditoria e da administração devem refletir muito sobre o que exigem da auditoria interna, ao passo que os diretores de auditoria precisam determinar a estratégia adequada da auditoria interna para atender a essa demanda. Organizações que esperam uma atuação mais abrangente da auditoria interna devem certificar-se de que a função possui as capacidades adequadas e uma abordagem para cumprir sua jornada com êxito. Por outro lado, organizações que mantêm as expectativas mais tradicionais em relação à auditoria interna devem refletir se essa é uma decisão consciente, baseada nas necessidades do negócio, ou se é resultado de omissão ou falta de opções. Mas, mesmo nesse caso, as funções de auditoria interna devem adicionar valor além da mera apresentação dos resultados da auditoria. Ao mesmo tempo, todos devem fazer a sua parte para ajudar a auditoria interna a romper o ciclo de atender a expectativas variadas e, muitas vezes, concorrentes entre si; de auditar de acordo com suas capacidades e não com o perfil de risco da empresa, e de se esforçar para reunir os recursos necessários para que a área se mantenha atualizada em relação às mudanças no ambiente de riscos. Membros do comitê de auditoria devem fazer mais perguntas e reavaliar seus critérios de satisfação com o valor que a auditoria interna está oferecendo. A administração precisa esperar mais, e os diretores de auditoria devem acelerar o passo e entregar mais. Dessa forma, a auditoria interna será capaz de atingir níveis mais elevados e a organização de gerenciar os riscos com maior eficácia. Uma discussão aprofundada 7 Uma discussão aprofundada Analisando os problemas 8 Rumo a novos patamares Figura 2: Os stakeholders divergem sobre o valor da auditoria interna Considerando seu investimento em recursos e no financiamento da função de auditoria interna, classifique o valor que você recebe da área. 44% Diretoria Executiva Por nove anos consecutivos, a PwC vem conduzindo uma pesquisa abrangente que examina a situação da profissão de auditoria interna, para ajudar as empresas a enfrentar desafios comuns e a se manter atualizadas em relação às crescentes demandas da área. Por reconhecermos a necessidade cada vez maior de ampliar a contribuição das funções de auditoria interna com as capacidades de gestão de riscos nas organizações, percebemos que era importante incluir membros de conselhos de administração e diretores executivos novamente em nosso estudo de 2013. Quase 1.100 diretores de auditoria e mais de 630 stakeholders (CEOs, presidentes de comitês de auditoria, membros de conselhos de administração, executivos seniores de finanças e riscos), representando 18 setores e 60 países, participaram do Estudo sobre a Situação da Profissão de Auditoria Interna em 2013. Eles transmitiram suas visões sobre os riscos críticos atuais, a atuação que esperam da auditoria interna em relação a esses riscos e o desempenho da função em suas empresas. Com base em nossa pesquisa anterior, identificamos os atributos e comportamentos específicos das funções de auditoria interna que contribuem com mais valor. Os dados produziram uma visão sobre as ações que as companhias estão tomando para melhorar o desempenho e aumentar a contribuição da auditoria interna. Membros do Conselho 79% Porcentagem de respondentes que consideram valiosa a contribuição da auditoria interna Para oferecer insights ainda mais profundos sobre as expectativas dos stakeholders e as respostas das auditorias internas, as equipes da PwC também conduziram entrevistas individuais com mais de 140 stakeholders e diretores de auditoria interna na América do Norte, na Europa, Austrália e Ásia (ver Apêndice: Demografia da pesquisa). Qualquer organização em busca de novos patamares para sua área de auditoria interna deve estudar os dados, traçar um roteiro de ação e preparar-se antes de agir. Nesta seção do relatório, iniciamos o processo, examinando três aspectos importantes que afetam a capacidade da auditoria interna de maximizar seu desempenho. Primeiro, discutimos a divergência entre dois grupos de stakeholders — diretoria executiva (incluindo CEOs, CFOs e executivos seniores de finanças e riscos) e membros de conselhos de administração (principalmente membros e presidentes dos comitês de auditoria) — em relação a suas percepções sobre valor e desempenho da auditoria interna. Depois, examinamos a solidez dos recursos de auditoria interna para alcançar novos patamares. Nosso estudo produziu outras informações importantes além das apresentadas neste relatório. Para consultar dados adicionais ou perspectivas setoriais, visite www.pwc.com/us/2013internalauditstudy Finalmente, exploramos as contribuições da auditoria interna aos esforços da empresa para gerenciar riscos críticos e emergentes. Divergências entre os stakeholders Nossa observação sobre a profissão de auditoria interna revela que stakeholders diferentes expressam opiniões distintas sobre a função e sobre as suas capacitações de gestão de riscos da organização. Essa divergência fica especialmente evidente em suas visões sobre o valor e o desempenho da auditoria interna, e sobre quais riscos são mais críticos para receberem cobertura da auditoria interna. Valor e desempenho da auditoria interna A administração e os conselheiros têm percepções diferentes sobre o valor e o desempenho da auditoria interna. Conforme ilustrado na Figura 2, a pesquisa da PwC identificou uma porcentagem muito maior de conselheiros que enxergam uma contribuição maior da auditoria interna do que dos executivos (uma diferença de 35 pontos percentuais). Em nossas discussões com stakeholders e diretores de auditoria, somadas a anos de experiência de trabalho com a auditoria interna, identificamos oito atributos essenciais à criação de uma base correta para a entrega de valor, independentemente do tamanho ou do escopo da área (Figura 3). Uma discussão aprofundada 9 Figura 3: Os stakeholders discordam sobre o desempenho da auditoria interna Qual é o desempenho da auditoria interna em cada uma das seguintes áreas? Promoção da melhoria da qualidade e inovação Utilização da tecnologia (como automação, dados e análises avançadas) Prestação de serviços a custos mais baixos Entrega de resultados com uma equipe orientada a serviços Engajamento e gestão do relacionamento com os stakeholders Obtenção, treinamento e/ou terceirização de talentos para a auditoria Alinhamento de escopo e plano de auditoria às expectativas dos stakeholders Foco em riscos e problemas críticos Administração 0% 20% 40% 60% 80% 100% Conselho Porcentagem de respondentes que consideram o desempenho da auditoria bom ou muito bom Em média, 56% dos conselheiros consideram o desempenho da auditoria interna forte, em comparação a 37% dos executivos Esses oito atributos, definidos pela PwC há três anos, constituem a base sobre a qual a auditoria interna deve trabalhar. A pesquisa deste ano não apenas confirmou que esses atributos continuam sendo a base, mas também que um desempenho melhor em relação a esses atributos resulta em maior geração de valor para os stakeholders por parte da auditoria interna. Este não é o caso dos conselheiros, que classificaram como alto o valor da contribuição da auditoria interna, apesar de atribuírem uma avaliação pior ao desempenho nas capacidades essenciais. Isso indica que eles parecem satisfeitos com o desempenho médio. Mas se essa divergência continuar, o valor da auditoria interna pode cair aos olhos do conselho. Em média, levando-se em conta os oito atributos, 56% dos membros dos conselhos de administração e 37% dos executivos classificaram o desempenho da auditoria interna como forte. Esses dados sugerem que o desempenho da área está longe de ser espetacular e que ele deve ser trabalhado para melhorar a posição e relevância da função dentro das organizações. A administração, que está mais próxima da auditoria interna nas atividades do dia a dia, claramente quer mais da função do que está sendo entregue. Curiosamente, na maioria dos atributos, as respostas dos diretores de auditoria dividem-se entre as avaliações dos executivos e dos conselheiros sobre seu próprio desempenho — um reconhecimento de que existem falhas nos alicerces da função. Em média, 48% dos diretores de auditoria avaliaram o desempenho da auditoria interna como forte. Conforme discutiremos mais à frente, alguns stakeholders exigentes estão obtendo valor com a função de auditoria interna, e essas áreas possuem bases sólidas a partir das quais entregam resultados. Uma outra visão crítica está na correlação entre valor e desempenho. Menos de 50% dos executivos acreditam que a auditoria interna contribua com valor significativo ou esteja tendo bom desempenho em qualquer um dos atributos essenciais que constituem a essência da função. Embora essa avaliação da administração esteja longe de ser positiva, pelo menos denota uma relação entre valor percebido e desempenho. 10 Rumo a novos patamares Gestão dos riscos mais críticos De acordo com a nossa pesquisa, as organizações têm muito trabalho a fazer para alinhar o pensamento dos stakeholders sobre a cobertura de riscos críticos. Em geral, em comparação com a administração, os membros do conselho consideram os riscos pesquisados mais perigosos para a organização e com um nível de ameaça crescente (ver Apêndice: Riscos críticos). Além disso, os conselheiros veem a eficácia da gestão de riscos da sua organização de forma mais favorável do que os executivos ou diretores de auditoria. A grande diferença nos pontos de vista sobre a criticidade e a gestão dos riscos é um sintoma da falta de concordância em relação à forma como eles são avaliados, monitorados e gerenciados. A divergência cria uma exposição potencial, no caso de alguns riscos receberem pouca atenção ou o foco errado, e gera ineficiência, se outros riscos receberem muito foco. Também cria confusão para a auditoria interna, o que aumenta as chances de que seus esforços não estejam abordando adequadamente os riscos mais críticos para a organização. Figura 4: Desempenho da auditoria interna em três competências essenciais está ficando para trás Como é o desempenho da auditoria interna em cada uma das seguintes áreas? Promoção da melhoria da qualidade e inovação Utilização da tecnologia Prestação de serviços a custos mais baixos Entrega de resultados com uma equipe orientada a serviços Engajamento e gestão do relacionamento com os stakeholders Obtenção, treinamento e/ou terceirização de talentos para a auditoria Alinhamento de escopo e plano de auditoria às expectativas dos stakeholders Foco em riscos e questões críticas 0% 20% 40% 60% 80% 100% Porcentagem de respondentes que consideram o desempenho da auditoria bom ou muito bom Considerando as divergências entre stakeholders e o cenário de riscos crescentes, acreditamos que nossa pesquisa oferece a seguinte mensagem-chave: a administração, os conselhos de administração e as áreas de auditoria interna das empresas precisam ter conversas francas sobre o valor que a função de auditoria interna está gerando, sobre as áreas em que ela deve se concentrar e as contribuições específicas que deve fazer para ajudar a monitorar o perfil de riscos da empresa. É essencial estabelecer um acordo claro sobre como o valor é definido e quais são as expectativas dos stakeholders em relação a esse valor, para que se possam definir as bases de uma área de auditoria interna eficaz, com uma abordagem mais holística e eficaz de gestão de riscos. Capacidades da auditoria interna Apesar das divergências entre o conselho e a diretoria, os stakeholders concordam que há falhas nas bases da função de auditoria interna que devem ser reparadas, para que ela consiga entregar valor real. Acreditamos que os oito atributos essenciais são a base que dará à auditoria interna condições de fornecer asseguração sobre uma gama mais ampla de riscos críticos e de comunicar claramente visões mais aprofundadas. Esse movimento requer uma ação deliberada, mas nossa pesquisa deste ano mostrou que a maior parte das funções de auditoria interna ainda precisa fortalecer suas capacidades essenciais: conforme mostra a Figura 4, menos de 60% dos respondentes classificaram suas funções de auditoria interna com desempenho bom ou muito bom em qualquer um dos oito atributos. Três aspectos em especial apresentam maior espaço para melhoria, mesmo em organizações para as quais a auditoria interna contribui com valor significativo (Figura 4): • Promoção da melhoria da qualidade e inovação. • Aproveitamento da tecnologia, como automação, dados e análises avançadas. • Obtenção, treinamento e/ou terceirização dos talentos certos de acordo com o perfil de riscos da organização. “O conselho de administração tem objetivos diferentes dos da administração e deve ter mesmo. O que um diretor de auditoria deve fazer em relação a isso? Tenha um bom relacionamento com ambos para entender essas expectativas. Todos os pontos de vista devem ser compreendidos. Um diretor de auditoria confiante, corajoso, que investe tempo na construção de relacionamentos, pode negociar uma solução intermediária que atenda tanto aos objetivos do conselho quanto aos da administração a longo prazo.” Paul Sobel, diretor de Auditoria, Georgia-Pacific Uma discussão aprofundada 11 Promoção da melhoria da qualidade e inovação Nossos dados mostram que uma quantidade maior de diretores de auditoria do que de membros do conselho e executivos acreditam que as suas funções de auditoria interna promovem a melhoria da qualidade e a inovação. São 45% dos diretores de auditoria, em comparação com apenas 28% dos executivos e 42% dos conselheiros (Figura 3). Notável mesmo é o inverso dos resultados: 55% dos diretores de auditoria, 58% dos membros do comitê de auditoria e 72% dos executivos não acreditam que a auditoria interna esteja promovendo a melhoria da qualidade e da inovação. Esses dados destacam ainda mais as questões que cercam as expectativas do conselho para a auditoria interna. Como é possível que quase 80% dos membros do conselho digam que a auditoria interna representa um valor significativo, enquanto mais da metade indica que a função não funciona bem em algo tão fundamental como promover a melhoria da qualidade? “É fundamental que cada observação da auditoria seja clara sobre o impacto nos negócios. A dificuldade, do ponto de vista da liderança, é desenvolver uma visão de negócios nos integrantes menos experientes da equipe.” Keith Tandowsky, vice-presidente de Auditoria Interna, Clorox Uma grande preocupação expressa pelos executivos seniores é que a auditoria interna não compreende as causas principais dos problemas ao fazer recomendações de melhoria. Com frequência, dizem eles, as equipes desenvolvem recomendações, mas não têm a experiência para apresentar uma perspectiva de práticas comprovadas e difundidas. Figura 5: Opinião dos diretores de auditoria sobre o uso de análises de dados pela auditoria interna 31% 71% A análise de Pretende dados é usada aumentar o uso regularmente de análises, mas não tem plano desenvolvido 81% As análises são importantes para melhorar a quantificação de problemas 85% 74% As análises são As análises são importantes para importantes para fortalecer a compreender cobertura da auditoria melhor os riscos Porcentagem de diretores de auditoria que concordam 12 Rumo a novos patamares Descobrimos que as funções de auditoria interna de melhor desempenho solucionaram esse problema recorrendo a alternativas de terceirização e a especialistas externos. Ao contratar recursos especializados com experiência maior, elas melhoraram os insights fornecidos e passaram a oferecer soluções inovadoras para os desafios de negócios de forma mais consistente. A abordagem também permitiu que essas funções de auditoria interna auditassem os perfis de risco das organizações, e não apenas as suas próprias capacidades. Assim, elas ofereceram o valor que os stakeholders esperavam. Utilização da tecnologia A tecnologia surgiu como um fator-chave para a auditoria interna melhorar a qualidade e o valor da auditoria, mantendo os custos aceitáveis. Uma das maneiras principais da auditoria interna utilizar a tecnologia é por meio da análise de dados. A contínua evolução da análise de dados oferece aos auditores a oportunidade de observar tendências ou padrões no negócio e detectar riscos ocultos, áreas de eficácia de controles ou possíveis áreas de fragilidade. Cada vez mais, as análises ajudam os auditores a alinhar seus esforços de auditoria interna com as áreas de negócio de maior risco, ao mesmo tempo que proporcionam eficiência nos testes por meio da automação. Quando devidamente implementada, a análise de dados pode fornecer informações profundas e convincentes sobre os negócios e constituir um meio poderoso de apresentar observações e recomendações, usando visualizações impactantes e métricas de apoio. Dependendo do caso, as análises podem ser atualizadas para avaliar os esforços de melhoria e remediação ao longo do tempo. Figura 6: Onde as funções de auditoria interna buscarão os talentos de que precisam Realocação de recursos existentes Contratação de pessoal ou uso de terceirizados Para cada área, você vai aumentar a capacitação da auditoria interna nos próximos 18 meses? Para cada área, onde você provavelmente vai conseguir o talento adicional de que precisa? Habilidades pessoais (como resolver conflitos) 29% 71% 29% Competências regulatórias e de compliance 28% 53% 47% 54% 46% 54% 46% 29% 71% 30% 69% 37% 63% 44% 56% Competências em análise de dados Competências em continuidade de negócios 59% 20% Competências em segurança de TI 41% Especialistas em TI 32% Competências gerais em TI Competências em controles financeiros 46% 22% Porcentagem de diretores de auditoria que planejam ampliar a capacidade da auditoria interna Conforme ilustrado na Figura 5, as empresas em nossa pesquisa parecem reconhecer a importância da análise para a função de auditoria interna. No entanto, os resultados também mostram que, até o momento, elas estão atrasadas no uso dessas ferramentas valiosas. Apenas 31% utilizam a análise de dados regularmente e, entre as que pretendem expandir seu uso, 71% ainda não têm um plano bem desenvolvido para fazê-lo. Segundo os diretores de auditoria, as maiores barreiras para a integração da análise dos dados são o processo de coleta de dados ineficiente (citado por 48%) e as dificuldades para encontrar as capacidades e os recursos necessários para apoiar a sua visão e a situação futura que desejam alcançar (46%). Obtenção, treinamento e/ou terceirização do talento certo Promover a melhoria da qualidade e utilizar a tecnologia para tornar as auditorias mais robustas são passos que as auditorias internas precisam percorrer para ampliar a sua contribuição à organização. “Deveríamos perguntar à auditoria interna como usar os nossos recursos de forma mais eficaz, como conferir à auditoria interna o tamanho certo e otimizá-la, e como gerar o maior valor possível utilizando a tecnologia. Utilizar a tecnologia é uma importante área de atenção.” Para isso e para aumentar seu desempenho em todos os outros atributos, a área deve reunir os talentos certos. Além de fundamentais para o fortalecimento da base da auditoria interna, eles são pré-requisitos para expandir o alcance da auditoria e oferecer asseguração para uma gama mais ampla de riscos críticos. Os resultados ruins no quesito “obtenção de talentos” indica que a prioridade inicial deve ser captar esses recursos, uma vez que as funções de auditoria interna não conseguirão construir seu alicerce e assumir maiores desafios sem as pessoas certas. Apenas um terço dos respondentes disse que a auditoria interna estava indo bem na seleção e no treinamento de talentos adequados. Além disso, os stakeholders citaram a falta de conhecimentos, de talento suficiente e do tipo certo de talento entre as principais barreiras para a melhoria de desempenho. Os diretores de auditoria percebem que é necessário adicionar talentos, e muitos pretendem fazê-lo (Figura 6). Diretor financeiro de uma empresa norte-americana de serviços públicos Uma discussão aprofundada 13 “A auditoria interna não é mais a mera interpretação dos dados existentes sobre o passado. A habilidade real é exigida quando os auditores vão além dos dados disponíveis e buscam outros ‘hipotéticos’ para analisar, antecipando tendências emergentes. Isso encanta os clientes internos com quem trabalhamos e os faz apreciar o nosso trabalho.” S. Bhaskar, diretor de Auditoria, TATA Capital Figura 7: A lacuna entre desempenho e percepção de valor 56% 79% Desempenho médio em todos os atributos Porcentagem de conselheiros para os quais a auditoria interna gera valor importante O que os stakeholders querem saber é se esse plano cobre as áreas de risco da empresa. A avaliação negativa sobre a capacidade da auditoria interna de promover a melhoria da qualidade e a inovação indica a necessidade de acrescentar recursos com conhecimentos técnicos e setoriais, para oferecer qualidade tanto nas áreas tradicionais como nas emergentes. Em resumo, levando em conta os atributos essenciais da auditoria interna, nossos dados indicam que muitas funções ainda não estão prontas para adicionar valor suficiente em todas as áreas de risco atuais. E, se a diferença entre as percepções dos stakeholders sobre valor e desempenho não for eliminada, a auditoria interna corre o risco de ficar marginalizada (Figura 7). Contribuição da auditoria interna Para ser mais eficaz, a auditoria interna precisa desenvolver competências a fim de atender expectativas mais altas. Nossos dados também revelaram uma questão relacionada: a auditoria interna continua a se esforçar para maximizar o seu impacto, especialmente em áreas fora do foco tradicional da função. Nossa pesquisa indica que os stakeholders estão mais satisfeitos com a contribuição da auditoria interna em áreas de cobertura tradicionais, tais como controles financeiros, fraude e ética. 14 Rumo a novos patamares E estão menos satisfeitos com a contribuição da auditoria interna em áreas menos tradicionais, como a avaliação de grandes programas, lançamentos de produtos, projetos de gestão de capital e fusões e aquisições. Um dos resultados mais preocupantes de nosso estudo foi o fato de que, em três das quatro principais áreas com as quais os stakeholders estão menos satisfeitos, a auditoria interna já havia aumentado bastante seu foco nos últimos 12 meses. Com isso, podese concluir que a área tenta, mas ainda não consegue entregar na sua totalidade (Figura 8). É o caso, por exemplo, do lançamento de produtos. Em nosso estudo de 2012, os stakeholders afirmavam que o tema recebia pouca atenção da auditoria interna e que deveria ampliar sua capacidade. Muitas funções de auditoria interna tomaram providências para resolver a questão: a pesquisa atual mostrou que, entre as organizações que veem o lançamento de produtos como uma ameaça crescente, metade aumentou o envolvimento da auditoria interna nos últimos 12 meses. No entanto, essa é uma área com a qual os stakeholders ainda estão menos satisfeitos com a contribuição da auditoria interna. O mesmo vale para o apoio da auditoria interna a operações de fusão e aquisição e para a análise de grandes programas. Isso indica que as expectativas em relação ao envolvimento ou à geração de valor prévio não foram atendidas. Figura 8: Áreas de maior envolvimento, mas menor satisfação Os respondentes foram solicitados a classificar as três áreas com as quais estavam menos satisfeitos em relação à auditoria interna Grandes programas/gestão de mudanças 42% Lançamento de produtos 35% Projetos de capital 34% Fusões e aquisições 33% Infraestrutura de TI 29% Continuidade dos negócios 25% Governança corporativa 25% Privacidade e segurança dos dados 20% Fraude e ética 14% Controles de divulgações financeiras 12% Porcentagem de respondentes*para os quais a auditoria interna estava mais envolvida no ano passado: • Grandes programas 84% • Lançamento de produtos 50% • Fusões e aquisições 58% Porcentagem de stakeholders que têm essa área entre as três menos satisfatórias * Respondentes = subconjunto do total para o qual o risco representa mais ameaça no próximo ano do que no passado Embora algumas dessas áreas estejam fora do escopo da auditoria tradicional, elas são tangíveis, auditáveis e importantes para o envolvimento da auditoria interna. Mas a função precisa conseguir aproveitar a oportunidade e acertar. Com um baixo desempenho na promoção da melhoria de qualidade e na captação de talentos, a auditoria interna terá dificuldade de abraçar áreas novas, de risco emergente, e atuar bem. A função pode quebrar esse ciclo, reunindo e aproveitando os talentos certos para agregar qualidade e valor – um passo de cada vez. Nossas entrevistas revelaram muitos casos em que a auditoria interna conseguiu criar com sucesso a capacidade de enfrentar novas áreas de risco. Por exemplo, Michelle Stillman, vice-presidente de Auditoria Interna da Hewlett-Packard, disse que sua equipe de auditoria interna está “se afastando de um modelo de cobertura histórico, com forte ênfase na validação de controles e processos maduros, e avançando para um modelo baseado no risco, que nos dá a capacidade de considerar riscos e processos emergentes, o que pode representar um uso mais valioso do nosso tempo.” A combinação entre a percepção de valor excessivamente otimista do conselho de administração, a escassez de recursos de auditoria interna e a contribuição limitada da função deve servir como um alerta para todos. Essas três questões estão interligadas, cada uma afetando o sucesso da outra. Na maioria das organizações, a auditoria interna deve melhorar substancialmente seu desempenho nas áreas de riscos, à medida que outras funções contribuem mais para a gestão de riscos. As funções de auditoria interna bem avaliadas pelos stakeholders conseguiram quebrar esse ciclo e são capazes de contribuir de forma mais eficaz para ampliar a habilidade de gestão de riscos de suas empresas – o que, por sua vez, proporciona mais valor. “A empresa vê o valor da auditoria interna mais na asseguração do que na proteção dos ativos. Agora, há oportunidades de fortalecer a cadeia de valor. Nós já começamos e estamos fazendo progressos consistentes.” Per-Olof Ahlstrom, líder de Risk and Assurance do grupo, TT Electronics Plc Uma discussão aprofundada 15 “O ambiente permanecerá desafiador. A auditoria interna precisa avançar e sair do modo de conformidade. Precisa ser forte, fazer perguntas difíceis aos executivos e buscar respostas.” Vali Nijhawan, presidente do Comitê de Auditoria, Aircel Limited A oportunidade As funções de auditoria interna têm uma grande oportunidade de alcançar novos patamares e aumentar o valor que geram para as suas organizações. Nossas entrevistas e os dados da pesquisa indicam que comitês de auditoria e a administração estão exigindo mais da auditoria interna, e os diretores de auditoria têm a responsabilidade de atendê-los. Nossos dados mostram que as funções de auditoria interna de alto desempenho comportam-se de forma diferente, exibindo performance nitidamente melhor nos oito atributos essenciais e fornecendo diferentes níveis de serviço. Isso demonstra que esses atributos e comportamentos não são apenas “melhores práticas”. Eles são necessários para garantir que a auditoria interna atinja um nível de desempenho capaz de mantê-la em uma posição relevante e valorizada. Nessas companhias, a relevância da área foi conquistada graças a uma contribuição consistente. As funções de auditoria interna de alto desempenho servem como modelos para outras, mostrando como elas podem aproveitar a oportunidade em suas próprias organizações e eliminar a lacuna existente entre o que os stakeholders desejam e o que a área está entregando. Definindo o novo patamar Em nossa pesquisa, uma amostra de 5% das organizações entrevistadas destacou-se com “alto desempenho” na forma de gerenciar riscos. Elas têm funções de auditoria capazes de gerar valor significativo e se saíram bem 16 Rumo a novos patamares em diversas frentes, desde os serviços que oferecem até os riscos que mapeiam (ver Figura 9: Perfil das 5% melhores). As funções de auditoria interna que apresentam melhores resultados são diferentes em quatro áreas importantes: • Capacidades essenciais mais sólidas — Os departamentos mais bem avaliados dominam conceitos básicos e superam muito os outros no que diz respeito aos oito atributos essenciais já discutidos. Com fortes capacidades, eles têm um sólido alicerce a partir do qual podem agir para contribuir com a cadeia de valor. Utilizar os fundamentos corretamente confere à auditoria interna credibilidade e musculatura para acompanhar o ritmo de um cenário marcado pelo aumento dos riscos e das expectativas dos stakeholders. • Coordenação com a gestão de riscos corporativos (ERM, na sigla em inglês) e outras funções relacionadas — Auditorias internas de alto desempenho também se integram muito mais com a gestão de riscos da empresa e outras funções de risco (por uma margem de 25 pontos percentuais). Essa integração ajuda a auditoria interna a ver os problemas mais cedo, pois acompanha os riscos emergentes, agrega valor cedo e se mantém comprometida com a geração de valor. • Cobertura de riscos emergentes — As auditorias internas mais bem avaliadas também incorporam com mais frequência os riscos emergentes em áreas auditadas. Na verdade, nossa pesquisa encontrou diferenças notáveis entre esse e outros tipos de funções de auditoria interna, no que tange ao grau de envolvimento com riscos como segurança cibernética, regulações ambientais, avaliações de talentos e riscos setoriais específicos. • Melhor nível de serviço — Por fim, as melhores auditorias fornecem um nível bem diferente de serviço, indo além do simples fornecimento de asseguração e da validação do que é conhecido. Elas oferecem assessoria e ideias de maneira proativa e envolvem a administração ativamente nas áreas tradicionais. A assessoria proativa pode vir na forma de dicas para melhorar controles financeiros ou estar relacionada simplesmente quando fornecer a assessoria, como o início do processo, quando é mais fácil e menos caro fazer melhorias e ajustes. Muitos também fornecem esses serviços a áreas mais estratégicas e operacionais, mas o fazem com competências mais sólidas, uso de análise, maior alinhamento e uma perspectiva mais fundamentada sobre riscos. A Microsoft segue esta abordagem, segundo seu diretor de Auditoria, Melvin Flowers. “Adotamos uma abordagem proativa”, afirmou. “Quanto mais rápido conseguimos chegar e identificar os riscos e as preocupações, mais rápido a companhia consegue responder. Estudamos muito os demonstrativos de resultados futuros. Não olhamos apenas os atuais.” Figura 9: Perfil das 5% melhores As melhores funções de auditoria interna apresentam um desempenho muito superior em relação aos atributos básicos 5% melhores Todos os outros Promoção da melhoria da qualidade e inovação 67% 41% Obtenção, treinamento e/ou terceirização de talentos para a auditoria 61% 34% Utilização da tecnologia 54% 23% Foco em riscos e questões críticas 91% 57% Engajamento e gestão do relacionamento com os stakeholders 82% 51% Entrega de resultados com equipe orientada a serviços 84% 47% Prestação de serviços a custos mais baixos 80% 49% Alinhamento de escopo e plano de auditoria às expectativas dos stakeholders 86% 58% Porcentagem de respondentes para os quais a auditoria interna estava tendo um bom desempenho Empresas com funções de auditoria interna de alto desempenho possuem alinhamento melhor em relação aos riscos As várias áreas funcionais da organização trabalham em conjunto para criar uma visão integrada dos riscos A AI cria uma visão integrada dos riscos em toda a organização A AI está bem ou extremamente bem coordenada com ERM A AI está bem ou extremamente bem coordenada com outros grupos de riscos AA AI está envolvida em outras áreas de riscos emergentes 5% melhores Outros 0% 20% 40% 60% 80% 100% 40% 60% 80% 100% As melhores funções de auditoria interna estão fazendo mais por suas organizações Participam das reuniões da diretoria executiva Obtêm valor na análise de dados Realizam monitoramento contínuo Alocam recursos para o perfil de risco da organização 5% melhores 0% Outros 20% Empresas com funções de auditoria interna de alto desempenho gerenciam melhor os riscos em relação às demais 5% melhores Mudanças no mercado comercial 92% Todos os outros 5% melhores Todos os outros 55% Gastos com o governo e tributação 52% 37% 88% 54% Concorrência 90% 67% Segurança de TI e segurança cibernética Privacidade dos dados 94% 56% Riscos com grandes programas 77% 74% Tecnologias inovadoras 71% 40% Fusões, aquisições e JVs 74% 47% Incerteza econômica 77% 53% Lançamentos de produtos 82% 51% 89% 55% Preço/custos de energia e commodities 64% 51% Regulações e políticas governamentais Mercados financeiros 86% 65% Reputação/marca 92% 66% Fraude e ética 92% 63% Talento e mão de obra 83% 41% Porcentagem de respondentes para os quais cada área de risco é bem gerida Uma discussão aprofundada 17 “Os stakeholders não entendem que podem ter mais expectativas. É preciso educar os conselhos de administração e os comitês de auditoria. No fim do dia, o bloqueio básico e o combate têm que acontecer e funcionar com eficiência, mas a auditoria pode e deve fazer muito mais para ajudar você a dormir melhor à noite. Em nossa profissão, não podemos mais nos dar ao luxo de realizar auditorias no vácuo. Mesmo em empresas que só valorizam a auditoria interna tradicional, você pode mudar a maré um pouco - ser mais proativo, mais corajoso e ajudar a mudar a percepção da auditoria interna em toda a empresa. Os diretores de auditoria precisam ter a coragem de dizer o que deve ser dito. Ter um comitê de auditoria que reconhece que mais pode ser feito é uma relação de ganha-ganha.” Randal Earley, vice-presidente de Serviços de Auditoria, Cox Enterprises Preparação para a jornada Existem muitos caminhos para alcançar patamares mais elevados na função de auditoria interna, e a jornada será única para cada empresa. Cada stakeholder que participou da nossa pesquisa tem um perfil de risco e uma expectativa diferente para suas funções de auditoria interna. Contudo, independentemente das expectativas, houve coerência no que os stakeholders definiram como função de alto desempenho, que agrega valor para a organização. Com base na pesquisa e em nossa própria experiência, sabemos que essas áreas podem atuar por meio de uma série de abordagens – de provedoras de asseguração a consultores de confiança (Figura 10). Os stakeholders podem encontrar valor nas funções de auditoria interna de várias formas, mas nossa pesquisa indica que há um valor não realizado a ser auferido – desde que os stakeholders estejam alinhados em relação a essa expectativa e que a auditoria interna tenha capacidade de atendê-la. • Provedora de asseguração — Um papel fundamental da auditoria interna é ser provedora de asseguração, de forma objetiva, sobre a eficácia dos controles internos das organizações. • Solucionadora de problemas — As funções de auditoria interna estão usando análises baseadas em conhecimento e tecnologia para identificar causas-raiz e ajudar a administração a entender e resolver problemas específicos. Também estão mais integradas a outras funções de gestão de riscos na organização, para garantir que os riscos estejam bem gerenciados. 18 Rumo a novos patamares • Geradora de insights — Nesse papel, elas desenvolvem pontos de vista e perspectivas mais bem fundamentadas sobre como resolver problemas. São mais proativas ao sugerir melhorias significativas, aproveitar mais a experiência e considerar implicações que vão além dos problemas. • Consultores de confiança — Nesse caso, as funções de auditoria interna utilizam os resultados consistentes que entregam e a força resultante da marca para fornecer outro nível de engajamento, além de assessoria proativa e oportuna sobre problemas atuais e futuros. São assessoras dos executivos e de outros profissionais logo no início das iniciativas de negócio, oferecendo sugestões relevantes e oportunas. Nas organizações onde a auditoria interna alcançou esse status, os executivos raramente tomam decisões importantes sem considerar suas opiniões. Em todos os casos, essas funções devem fornecer asseguração de alto nível em todas as áreas de controle e gestão de riscos críticos. O papel de provedora de asseguração é mandatório, mas as funções mais bem avaliadas ultrapassam esse escopo e assumem papéis que lhes permitem adicionar valor além das observações de auditoria, sem prejudicar sua objetividade. Não importa o foco da auditoria interna, ela deve apresentar um ponto de vista sobre como a empresa pode melhorar. Também deve fornecer suas visões sobre riscos (inclusive os emergentes), bem como recomendações tangíveis e viáveis sobre como lidar com o mesmo risco no futuro. Essa é uma expectativa básica, mas que nem todas as funções estão atendendo. Se você espera que a auditoria adquira o status de consultoria de confiança As organizações que esperam mais da auditoria interna do que a função está oferecendo devem reconhecer que o caminho para alcançar níveis mais elevados é desafiador e demanda preparação, mas que a jornada vale a pena. Ela requer uma consideração cuidadosa sobre como a auditoria interna está equipada e como presta seus serviços. Com base em nossa pesquisa, sabemos que a abordagem e os recursos corretos permitem que a área gere valor e seja vista pelos stakeholders como altamente relevante e uma consultoria de confiança. Clare Brady, vice-presidente e auditora geral do Banco Mundial, destacou a importância dessa consultoria. “Acredito que ser uma consultoria de confiança é um papel que a auditoria interna deve assumir”, disse. “Mas ele não deve se resumir ao diretor de auditoria. Precisa acontecer em todos os níveis da auditoria interna, o que às vezes é difícil. Você deve ser tanto um provedor de asseguração como um consultor de confiança, e não consegue se tornar um consultor de confiança sem o conhecimento adquirido no papel de provedor de asseguração. A nova geração pode ajudar a tornar esse papel uma realidade, se não sufocarmos a inovação dentro da auditoria interna.” Nessas organizações, a auditoria interna conquistou o papel de consultoria de confiança, ao reunir as pessoas e as habilidades certas para fornecer qualidade e valor, e, como consequência, acabou sendo mais reconhecida. Figura 10: Valor não realizado que a auditoria interna pode reivindicar Board and Management: Where have you set the expectation? Valor não realizado Provedor de asseguração Consultor de confiança Gerador de insights Gerador de insights Solucionador de problemas Solucionador de problemas Solucionador de problemas Provedor de asseguração Provedor de asseguração Provedor de asseguração Os dados da pesquisa mostraram que, quando os stakeholders percebem que a auditoria interna gera valor significativo, um nível diferente de serviço está sendo oferecido. Asseguração objetiva Coordenação do risco corporativo Assessoria proativa Contribuição de valor incremental Parceria de negócios Uma discussão aprofundada 19 “Os comitês de auditoria e a administração esperam mais da auditoria interna, o que proporciona uma grande oportunidade para que essas funções contribuam de forma relevante para proteger o valor dos stakeholders e o negócio contra os riscos mais críticos.” Jason Pett, sócio da PwC e líder de Auditoria Interna nos EUA É uma progressão planejada. Cada esforço deve ser bem-feito para viabilizar o próximo passo, e as etapas anteriores precisam servir de base para o avanço da auditoria interna. A função deve estar alinhada com o comitê de auditoria e a administração a respeito do rumo que tomará, mas também deve começar com as ações específicas e relevantes, na sequência correta, para fazer diferença. É pré-requisito possuir os talentos adequados para dar cada passo – e as grandes empresas não ficam paralisadas quando não dispõem das competências exigidas dentro da auditoria interna. Como seus pares na empresa, os líderes de auditoria interna encontram os recursos necessários para atender às expectativas manifestadas pelos stakeholders. Se você espera que a auditoria interna ofereça mais valor em um papel tradicional Nossa pesquisa também mostrou que nem todas as organizações estão preocupadas com a transformação da auditoria interna em uma consultoria de confiança. Algumas se contentam apenas com os serviços oferecidos pela área em seu papel mais tradicional de fornecedora de asseguração. É fundamental que as organizações atuem de acordo com o escopo desejado e planejado de auditoria interna e que não fiquem acomodadas com o status quo, baseando-se em expectativas apenas razoáveis ou na aceitação do nível atual das capacidades. 20 Rumo a novos patamares Considere o serviço atualmente prestado pela auditoria interna. Nossa pesquisa mostra que a função de alto desempenho fornece um nível melhor de resultados nas áreas tradicionais com as quais está envolvida – apresentando ideias de melhoria da qualidade e oferecendo assessoria proativa como um pré-requisito fundamental em cada área de foco. Mas a auditoria interna não precisa necessariamente expandir-se para fora de suas áreas tradicionais para proporcionar mais valor. Mesmo as que estão concentradas em áreas tradicionais podem oferecer muito mais valor, ao expandirem a natureza de sua contribuição. Basta apresentar recomendações que vão além da observação, fornecer análises de causas-raiz e de recomendações inovadoras e, em muitos casos, utilizar dados para melhorar a eficiência na execução e gerar insights que sejam mais do que a simples avaliação da eficácia dos controles. Se a auditoria interna estiver realmente maximizando sua contribuição nas áreas tradicionais, avalie se faz sentido começar a jornada de transformação rumo ao papel de solucionadora de problemas e, possivelmente, até mesmo de geradora de insights. Funções de auditoria interna que estão trabalhando de forma diferenciada nas áreas tradicionais construíram a base necessária para expandirse e fornecer o mesmo modelo de prestação de serviços a novas áreas, gerando ainda mais valor. Isso requer a compreensão dos stakeholders de que outras organizações obtêm valor ao usar a função dessa maneira expandida e que eles podem, também, exigir mais. Desafios futuros No momento em que as empresas buscam proteger-se de um cenário de maiores riscos, a auditoria interna pode fornecer uma contribuição muito mais significativa. A boa notícia é que as empresas querem que a função tenha uma participação importante na equipe – e estão mantendo ou mesmo aumentando o seu compromisso com ela. De fato, 8 em cada 10 diretores de auditoria em nossa pesquisa disseram que seus orçamentos para os próximos 12 meses serão iguais ou maiores que os de 2012. Obviamente, os stakeholders querem um retorno maior sobre o investimento e isso significa que a auditoria interna precisa encontrar formas de aumentar o valor que oferece à empresa. O desafio para os diretores de auditoria é aumentar os benefícios que a função gera, quebrando o ciclo de expectativas desalinhadas, desafios de capacitação e contribuição insuficiente, que impedem seu avanço. Por exemplo, as divergências entre os stakeholders sobre o papel da auditoria interna e sobre expectativas e valor gerado criam desafios para a função no que diz respeito ao planejamento de suas áreas de foco. Se os stakeholders não entrarem em acordo sobre suas expectativas, a auditoria interna terá dificuldade para desenvolver capacidades adequadas e contribuir de forma positiva. Da mesma forma, uma função desprovida das competências e capacidades apropriadas enfrentará problemas para contribuir com novas áreas de risco e maximizar o seu valor para a organização. Se a auditoria interna não possuir as capacidades adequadas nem acumular histórico de contribuição relevante, a administração e o conselho talvez não entrem em acordo sobre a posição que a área deve assumir na organização. Os diretores de auditoria que fazem “mais do mesmo” não aumentarão o valor gerado por eles ou pela função de auditoria interna. Nossa pesquisa mostra que as funções de auditoria interna que destinam seus investimentos para melhorar o desempenho nos oito atributos essenciais e nas áreas de risco mais relevantes a que suas organizações estão expostas podem quebrar o ciclo. Além de utilizar suas verbas de forma sábia, os diretores de auditoria também devem se comunicar bem e trabalhar para alinhar objetivos. O vice-presidente de auditoria interna de uma empresa global de tecnologia relatou sua experiência recente de transformação do papel tradicional da função e confirmou que a jornada não é fácil. Seu departamento baseou o plano de auditoria na avaliação de risco global da empresa, incluindo áreas como planejamento estratégico, qualidade dos produtos e pesquisa e desenvolvimento. Como os membros do comitê de auditoria não estavam habituados a ver os riscos da companhia contemplados no plano, questionaram se a auditoria interna não estaria ultrapassando os limites de sua jurisdição ao assumir responsabilidades na gestão de riscos. O diretor de auditoria refletiu sobre sua apresentação original e reconheceu que precisava estabelecer uma comunicação melhor sobre o caminho a seguir a fim de conseguir o alinhamento das expectativas do conselho. Ao voltar atrás e considerar as preocupações do conselho, ele melhorou a sua comunicação, fornecendo mais detalhes sobre os passos que havia percorrido para desenvolver o plano. O exemplo em questão se refere à área de pesquisa e desenvolvimento de produtos, que era um risco crítico daquela companhia. A organização identificou risco de que a estimativa de custos para investimentos não fosse rigorosa o bastante para suportar as decisões. O diretor de auditoria julgou que aquela seria uma área ideal para incluir no plano da auditoria interna (a avaliação dos modelos de custeio utilizados e a conformidade dos processos relacionados). Assim que esclareceu o escopo do que a auditoria interna planejava cobrir, conseguiu o alinhamento da sua abordagem geral. “O número de solicitações que recebemos de pessoas que pedem à auditoria interna que faça projetos especiais e forneça insights é um termômetro do quanto a administração confia na informação que lhes damos e valorizam o que estamos fazendo.” Jayne Donahue, vice-presidente executiva e auditora geral da State Street Corporation Com base neste exemplo, uma lição importante pode ser aprendida: os diretores de auditoria devem estar sintonizados com os pensamentos do comitê de auditoria e considerá-los em seus planos, comunicando-se com clareza e assegurando que a auditoria interna pode entregar resultados e trabalhar com as capacidades adequadas para agregar valor. Estude os dados, trace um roteiro, prepare-se com antecedência e aja As áreas de auditoria interna que tomam as ações corretas, apoiadas nos recursos apropriados, e estão alinhadas com as expectativas dos stakeholders serão reconhecidas por sua contribuição. Terão acesso ampliado dentro da organização e oportunidades de demonstrar valor, tornando-se consultores de confiança. Alcançarão, assim, níveis mais elevados e multiplicarão o valor que a auditoria interna oferece. Uma discussão aprofundada 21 O que isso significa para sua empresa O caminho à frente 22 Rumo a novos patamares “Há riscos e custos em um programa de ação, mas eles são muito menores do que os riscos e custos a longo prazo da inércia confortável.” John F. Kennedy Escalar novos patamares requer a implementação de um plano bem pensado e um bom mapeamento do roteiro a ser seguido. Para ajudá-lo, esboçamos abordagens sugeridas a cada stakeholder – membros do comitê de auditoria, administração e diretores de auditoria – a fim de aumentar o valor que a auditoria interna pode e deve oferecer à sua organização. Comitês de auditoria: façam mais perguntas A maioria dos comitês de auditoria considera a supervisão do gerenciamento de riscos sua principal responsabilidade. Para garantir que as equipes de gestão e os auditores internos estejam envolvidos de forma eficaz na conquista desse objetivo, o comitê de auditoria precisa se desafiar a fazer mais perguntas – e perguntas mais difíceis. • Pergunte se se as expectativas definidas para a auditoria interna são claras e desafiantes o suficiente. A maioria dos membros do comitê percebe valor na função, mas não considera seu desempenho forte em várias áreas críticas, como áreas básicas de promoção da melhoria da qualidade e da inovação. Membros do conselho observam o atraso no uso da tecnologia, que permite maior cobertura e fornece insights importantes. Além disso, a capacidade da área para reunir e aproveitar talentos não é considerada forte. Levando em conta esses fatores (e somando-os à opinião da administração sobre o valor da auditoria interna), pergunte-se se você e o conselho de administração esperam o bastante da auditoria e se estão dando os passos certos para que a área atenda às expectativas. • Pergunte se a cobertura de riscos críticos está alinhada com a sua opinião sobre risco. Garanta que as ações da auditoria interna estejam alinhadas com os riscos mais críticos, que os recursos sejam alocados de forma eficaz e que as lacunas na cobertura sejam fechadas. Pergunte como os principais riscos são abordados pela auditoria interna no contexto da cobertura agregada de riscos da organização. Questione a auditoria interna sobre isso em duas perspectivas: até que ponto a função aborda a questão em seus planos atuais e se as estratégias de curto e longo prazos também a contemplam. Considere se existe alguma área de exposição que o comitê gostaria que fosse investigada pela auditoria interna ou se há uma área já atendida por recursos e que, portanto, não precisa de tanta cobertura da auditoria interna. • Pergunte se a auditoria interna tem um plano estratégico e os recursos necessários para agregar valor. É preciso refletir mais profundamente se a auditoria interna tem habilidade para planejar e capacidades para entregar o que é exigido. Avalie se é justificável esperar mais da função na sua empresa e, em caso afirmativo, o que a auditoria interna deve fazer para atender a essas expectativas mais altas. Pergunte qual é o desempenho da área em comparação com as práticas recomendadas. Os três atributos com pior avaliação costumam ser: (1) ter o talento certo, (2) utilizar a tecnologia e (3) promover a melhoria da qualidade e a inovação. Comece por aí. • Pergunte se o comitê de auditoria está permitindo que a auditoria interna seja o que deve ser. Avalie se você (e a administração, conforme necessário) está responsabilizando a auditoria interna por avanços. Estabeleça critérios para avaliar e monitorar o progresso, por meio de indicadores-chave de desempenho. Investimentos progressivos não devem ser usados para fazer o mesmo de sempre; a auditoria interna precisa se concentrar nos atributos que nossa pesquisa identificou como aqueles capazes de gerar valor. Administração: espere mais Como a administração é composta de muitos elementos com diferentes papéis e responsabilidades (CROs, CFOs, COOs, controllers etc.), você está no grupo que tem mais dificuldade de chegar a um consenso sobre as expectativas e o desempenho da auditoria interna. Embora você talvez não tenha a capacidade de influenciar o plano de auditoria interna ou o desempenho da função, cada um dos componentes da administração provavelmente tem uma visão sobre o que a função deveria estar fazendo. Você está satisfeito com a contribuição da auditoria interna à empresa? Se não – e, claramente, muitos de vocês não estão – está tomando medidas para resolver isso? O desafio à administração é: Uma discussão aprofundada 23 “A auditoria interna tem que ser vista como geradora de valor. Ela não é mais um custo de compliance. A auditoria interna precisa compreender que a mentalidade mudou.” Mervyn King, presidente do King Committee on Corporate Governance “Essa profissão tem um grande potencial de crescimento, mas é vulnerável também a redução. Precisamos de líderes exigentes que continuem a desafiar o status quo e a recriar o que a profissão pode ser. Se conseguirmos evitar a complacência e tivermos pensadores suficientemente criativos, o valor que a auditoria interna pode entregar e o reconhecimento que pode ser alcançado serão muito maiores do que hoje.” Paul Sobel, diretor de Auditoria, Georgia-Pacific 24 Rumo a novos patamares • Espere da auditoria interna um desempenho mais elevado para que ela gere valor maior para a organização. Entenda por que suas percepções sobre o desempenho da função diferem das do conselho. Você já formalizou suas expectativas à auditoria interna e ao comitê de auditoria para tornar clara a divergência de opiniões que existe? Serão necessários investimentos de tempo e recursos financeiros, já que a auditoria interna não pode agir sozinha. Mostramos áreas em que a auditoria interna precisa acertar, portanto certifique-se de que seu investimento não será gasto nas mesmas áreas de sempre, mas sim aplicado sabiamente para proporcionar maior retorno. • Espere que sua organização tenha um forte processo de avaliação de riscos corporativos. Os resultados da pesquisa mostram que existe muito trabalho a ser efetuado aqui. O processo deve considerar a estratégia e os objetivos da organização, integrar os pontos de vista de todos os públicos relevantes e refletir os verdadeiros riscos. Assim sendo, a administração deve tomar medidas para coordenar as avaliações de risco, de modo que, em conjunto com a auditoria interna e o conselho, possa manter discussões produtivas e transparentes sobre os verdadeiros riscos e demonstrar claramente como a empresa os gerencia. Essa visão mais realista dos riscos definirá as bases e o rumo a partir dos quais todos poderão começar a estabelecer expectativas e uma comunicação regular sobre o escopo de atuação da auditoria interna e seu desempenho. • Espere um diálogo robusto e contínuo com a auditoria interna e forneça feedback sincero sobre o desempenho da função. Com as expectativas definidas e os critérios de avaliação de desempenho estabelecidos, a administração deve fornecer feedback sincero sobre como a auditoria interna está se saindo. Para ter retorno sobre seu investimento, você precisa definir critérios e medir o que espera ser alcançado. • Espere que a auditoria interna gere valor sobre o investimento, mas também reconheça a necessidade de investir para realizar o valor. A auditoria interna deve ir além da sua zona de conforto e você pode ajudar nesse processo formalizando expectativas que demandem mais da função. Comprometa-se com o plano a ser executado pela auditoria interna. Diretores de auditoria: entreguem mais Os diretores de auditoria têm uma grande oportunidade de fortalecer sua base e tomar medidas para aumentar sua relevância e seu valor. Embora os stakeholders talvez não expressem grandes necessidades, muitos reconhecem e valorizam quando há maior desempenho e contribuição da auditoria interna. Você precisa saber aonde quer chegar e começar a jornada entregando valor aos poucos. Para garantir que a auditoria interna esteja preparada para iniciar esse percurso, você precisa eliminar as lacunas de desempenho e aumentar a exigência consigo mesmo – mesmo que isso signifique assumir riscos. • Entregue alta qualidade nas áreas fundamentais. A auditoria interna deve fortalecer as áreas de desempenho fundamentais para assegurar a estrutura e a performance no nível superior. Observamos que as expectativas dos stakeholders e o cenário de riscos em constante mudança estão elevando o nível de desempenho exigido da auditoria interna. No entanto, os dados também mostram que, antes mesmo de elevar seu nível, muitas funções de auditoria interna precisam melhorar o desempenho nos oito atributos que são os essenciais para a entrega de serviços de qualidade. Na Figura 4, destacamos os três principais atributos que apresentam desempenho ruim, segundo os stakeholders. Comece com eles, mas também avalie os outros cinco atributos em relação a oportunidades prováveis de melhoria no seu serviço. • Entregue uma visão estratégica alinhada com as expectativas dos stakeholders. Deixe claro para os stakeholders que você aspira ter alto desempenho e mostre como fará isso. Apresente mais do que um plano de auditoria; mostre os princípios que aspira e que utilizará para fornecer o alto nível de desempenho que eles não necessariamente estão vendo hoje. • Retorne valor pelo investimento. Há características muito diferentes entre as funções que têm bom desempenho e as demais. Certifique-se de que seus investimentos estão direcionados às práticas comprovadas. Se você alocar os recursos que receber naquilo que faz atualmente ou em iniciativas que não contribuam com a empresa, correrá o risco de perder esse investimento e algo mais. Uma estratégia sábia pode ser investir nos recursos que você já tem e na obtenção dos que precisa, seja por meio de contratação ou terceirização. • Seja proativo. Incentivamos o conselho e a administração a fazer perguntas difíceis e a esperar mais da auditoria interna. Independentemente de como e quando isso acontecer, os diretores de auditoria precisam estar preparados para responder – ou mesmo para forçar essa conversa, caso ela não aconteça. Muitas funções de auditoria interna estão em uma posição na qual o desempenho mediano é aceitável. Mas, algum dia, os stakeholders perceberão que mediano não é bom o suficiente. Antecipe-se a fim de se preparar para poder mostrar como você está melhorando ou planejando melhorar o desempenho da área. A auditoria interna está diante de uma grande oportunidade para alcançar patamares mais elevados e contribuir com a organização de uma forma mais importante. Assim como todos em uma expedição são responsáveis pelo sucesso da missão, cada stakeholder tem um papel a desempenhar para impulsionar a auditoria interna na direção correta. Seja através da contribuição da área para os riscos críticos fora de sua cobertura tradicional, seja prestando serviços superiores em áreas tradicionais, este é o momento de a auditoria interna agir para fortalecer seus atributos de desempenho essenciais e fornecer as contribuições relevantes e valiosas de que as organizações precisam. “Os diretores de auditoria devem ser firmes, mas pragmáticos. Ter coragem, mas diplomacia e recursos suficientes para fazer o trabalho que deles é exigido. Eles precisam lidar com as questões de um ponto de vista de riscos, mas destinar uma parcela razoável de seu plano a esforços ad hoc e de contingência, além de considerar o que está acontecendo no ambiente dinâmico de negócios em que operam.” Jan Babiak, presidente do Comitê de Auditoria da Walgreens e de outros conselhos de administração Uma discussão aprofundada 25 Apêndice: Demografia da pesquisa Para realizar este estudo, a PwC conduziu uma pesquisa on-line. A maioria dos respondentes era formada por diretores de auditoria; o restante, por presidentes de comitês de auditoria, outros membros do conselho, CEOs, CFOs, diretores de riscos, diretores de compliance e conselheiros gerais. Dezoito indústrias e 60 países foram representados, sem que qualquer setor ultrapassasse 15% do total da amostra. Os participantes atuam em empresas de diferentes portes; 66% trabalham em empresas abertas e 40% estão submetidos à Sarbanes-Oxley. Para compreender as tendências estatísticas e obter uma visão qualitativa, conduzimos um estudo de caso em profundidade, entrevistando mais de 140 executivos em todo o mundo, inclusive diretores de auditoria, executivos seniores, presidentes de comitês de auditoria, membros do conselho de administração e outros stakeholders da auditoria interna. Para desenvolver ainda mais a nossa visão qualitativa, também utilizamos a experiência que temos na execução de serviços de auditoria interna para clientes de uma ampla gama de setores e portes financeiros. Neste relatório, fazemos referência a diferenças entre as funções de auditoria interna que estão e que não estão gerando valor significativo para suas organizações. Essa análise baseou-se nas respostas dos stakeholders à seguinte questão: “Considerando seu investimento em recursos e no financiamento da função de auditoria interna, classifique o valor que você recebe da área.” Para desenvolver nossos insights, comparamos as respostas dos que responderam “valor importante” às dos que disseram que observam pouco ou nenhum valor. Também destacamos no relatório um subconjunto de respondentes que consideramos de “alto desempenho”, ou os “5% melhores”. Esse é um grupo que disse receber valor importante de sua auditoria interna e acredita que suas organizações gerenciam bem os riscos (numa escala de cinco pontos, de muito bem a muito mal). Esse subconjunto representa 5% da base total de participantes da pesquisa. Finalmente, gostaríamos de agradecer a todos os executivos que dedicaram seu tempo a contribuir com novos insights para o estudo deste ano. Seus pontos de vista são extremamente úteis e de grande valor. Figura 11: Demografia 20% 23% < $500 million Diretor de auditoria 16% $500 million – $1 billion 14% 12% $5 billion – $10 billion 31% 26 $1 billion – $5 billion Rumo a novos patamares > $10 billion Conselheiro 13% Administração Outros 8% 63% Apêndice: Riscos críticos Oitenta por cento dos respondentes de nossa pesquisa acreditam que as ameaças estão aumentando, mas apenas 12% afirmam que a empresa administra riscos extremamente bem. Isso é um alerta à ação. Incerteza, volatilidade e complexidade chegaram para ficar. À medida que os riscos aumentam, a sua cobertura pela auditoria e o desempenho em áreas emergentes tornam-se mais críticos. De acordo com a nossa Annual Corporate Directors Survey — Insights from the Boardroom 2012, apenas 53% dos diretores estão numa situação moderadamente confortável em relação ao entendimento que o conselho tem dos riscos emergentes. Pouco mais da metade dos diretores (51%) acredita que o conselho precisa se informar melhor e envolver-se mais com riscos de TI. Isso, somado aos resultados da nossa pesquisa, mostra que as empresas têm muito trabalho pela frente para alinhar seu posicionamento sobre os riscos mais críticos e para chegar a um consenso sobre como eles são gerenciados. Membros do conselho estão mais propensos a detectar riscos críticos à organização do que a administração. Também tendem a acreditar mais que as ameaças estão aumentando. Conselheiros veem a ameaça crescendo mais que os diretores em 65% dos riscos e consideram 75% dos riscos mais críticos que a administração. Os stakeholders também não concordam plenamente com a forma como os riscos são gerenciados nas organizações. Em geral, os membros do conselho veem a eficácia da gestão de risco de forma mais favorável do que a administração ou os diretores de auditoria. Ou seja, os conselheiros estão mais preocupados com o risco do que a administração– contudo, estão mais confortáveis com a forma como ele é gerenciado. Em média, entre os 20 riscos que avaliamos, 60% dos conselheiros e 52% da administração afirmam que o gerenciamento é bom. Exatamente metade dos diretores de auditoria acha que os riscos são bem gerenciados. A causa provável da falta de alinhamento sobre o assunto é a forma como as empresas coordenam e integram o processo de gerenciamento dos riscos. Metade dos entrevistados desaprova a coordenação e quase um quinto sente que quase não há integração ao processo de ERM ou aos grupos de gestão de riscos. (Os resultados são semelhantes aos de 2012.) Acreditamos que as funções de auditoria interna muitas vezes discutem riscos com o comitê de auditoria. A diretoria, por sua vez, tem debate separado – e diferente – com o conselho. Como resultado, a avaliação fica incompleta ou criam-se várias análises distintas. Por outro lado, 79% dos que relataram que os riscos da sua organização são bem geridos trabalham em conjunto com várias áreas para criar uma visão integrada. Pontos de vista diferentes sobre a criticidade e a gestão dos riscos aumentam o potencial de exposição e a probabilidade de o esforço da auditoria interna não estar alinhado com as ameaças mais críticas. Em uma perspectiva mais ampla, eles também põem em dúvida a eficácia da gestão de riscos e da alocação de recursos para combatê-los. Nossos dados confirmam que muitas avaliações de risco deveriam ser mais completas e mais integradas. As empresas precisam confirmar seu perfil de risco coletivamente e incluir a contribuição da auditoria interna para monitorá-lo. O diálogo aberto é um ponto de partida essencial para definir as bases de uma função de auditoria interna eficaz, em uma abordagem mais holística e bem-sucedida da gestão de risco. Para conhecer as perspectivas setoriais e informações adicionais sobre os riscos que as organizações consideram mais críticos em nosso estudo, visite: www.pwc.com/ us/2013internalauditstudy. Figura 12: Riscos mais ameaçadores e mais bem gerenciados Percepção dos riscos que mais aumentaram no último ano Incerteza econômica Regulações e políticas governamentais Segurança de TI e internet Privacidade dos dados Gastos do governo e tributação Concorrência Mudanças no mercado Mercados financeiros Grandes programas (como ERP) Talento e mão de obra Percepção dos riscos mais bem gerenciados no último ano Concorrência Reputação/marca Mercados financeiros Fraude e ética Gastos do governo e tributação Privacidade dos dados Fusões, aquisições e joint ventures Regulações e políticas governamentais Segurança de TI e internet Incerteza econômica Riscos mais citados e mais bem gerenciados no topo Uma discussão aprofundada 27 Para entender melhor como este assunto pode afetar sua empresa, entre em contato com: Evandro Carreras Líder de Auditoria Interna – Brasil Tel.: [55] (11) 3674-3573 [email protected] André Pannunzio Sócio – Serviços de Auditoria Interna Tel.: [55] (11) 3674-3524 [email protected] Manuel Araújo Sócio – Serviços de Auditoria Interna Tel.: [55] (11) 3674-3524 [email protected] 28 Rumo a novos patamares Siga-nos Twitter@PwCBrasil facebook.com/PwCBrasil © 2013 PricewaterhouseCoopers Serviços Profissionais Ltda. Todos os direitos reservados. Neste documento, “PwC” refere-se à PricewaterhouseCoopers Serviços Profissionais Ltda., a qual é uma firma membro do network da PricewaterhouseCoopers, sendo que cada firma membro constitui-se em uma pessoa jurídica totalmente separada e independente. O termo “PwC” refere-se à rede (network) de firmas membro da PricewaterhouseCoopers International Limited (PwCIL) ou, conforme o contexto determina, a cada uma das firmas membro participantes da rede da PwC. Cada firma membro da rede constitui uma pessoa jurídica separada e independente e que não atua como agente da PwCIL nem de qualquer outra firma membro. A PwCIL não presta serviços a clientes. A PwCIL não é responsável ou se obriga pelos atos ou omissões de qualquer de suas firmas membro, tampouco controla o julgamento profissional das referidas firmas ou pode obrigá-las de qualquer forma. 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