1 Estudo do Potencial da Geração de Energia Elétrica em Vitória da Conquista Utilizando Biodigestão da Manipueira e a Energia Eólica S. M. Tamires, e S. F. Jaime Abstract--The southwestern of the state of Bahia has a huge emphasis in the nacional production of cassava. In 2004 and 2005, it was the first one largest producer in Bahia and the second largest producer in Brazil. The climatic characteristics of this region, show that it has great conditions to becomes itself able to use the wind energy as an alternative source to supply eletric power. The use of biogas, product of cassava's treatment, and the generating of eletric power are indispensable factors in reduction enviroments impacts. This article, as a bibliographic review, has an objective, figure out the potential generating of eletric power in Vitória da Conquista's city, through this two mechanism. Resumo-- A região sudoeste do estado da Bahia possui um enorme destaque na produção nacional de mandioca. No ano de 2004 e 2005 foi o maior produtor baiano e o segundo maior produtor do Brasil. As características climáticas da região denotam que a mesma, possui excelentes condições que viabilizam a utilização da energia eólica como fonte alternativa para a geração de energia elétrica. O aproveitamento do biogás, produto do tratamento da manipueira, e a geração de energia eólica para a obtenção de energia elétrica, são duas ferramentas imprescindíveis na redução de impactos ambientais. O presente trabalho, em caráter de revisão bibliográfica, objetivou realizar um diagnóstico do potencial de geração de energia elétrica na cidade de Vitória da Conquista por meio desses dois mecanismos. Palavras-chave-- Biogás, energias renováveis, impactos ambientais. I. INTRODUÇÃO O S modelos de desenvolvimento econômico e social, adotados por inúmeros países, vêm expondo a população mundial aos reflexos catastróficos de uma exploração desordenada e insustentável do ambiente. A busca por novas fontes de energia cresceu a partir da primeira crise do petróleo nos anos 1970. Atualmente, as motivações para buscar novas fontes de energia não se referem somente as questões ambientais, como também, refere-se às questões econômicas, pois muitas empresas temem perder renda se as catástrofes ambientais se agravarem. A manipueira, resíduo líquido oriundo do processo de prensagem da raiz de mandioca, é um potente agente poluidor, dezenas de vez superior ao esgoto doméstico, de modo que, pode-se obter um grande aproveitamento desse resíduo através da utilização de biodigestores anaeróbicos para produção do biogás. Na região de Vitória da Conquista, objeto estudo deste trabalho, é muito comum este resíduo ser jogado diretamente nos corpos d’água e no próprio ambiente circundante, formando enormes lagos, constituindo inúmeros problemas ambientais nos locais de processamento da raiz da mandioca. A energia eólica se caracteriza por apresentar uma fonte alternativa de energia elétrica. Ela é gerada através de uma turbina eólica que capta uma parte da energia cinética do vento, passando através da área varrida pelo rotor e a transforma em energia elétrica. No Brasil, a utilização deste recurso se materializa em dezenas de projetos em desenvolvimento, principalmente, nas regiões Nordeste e Sul. Segundo o Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia 2006, o Estado se encontra na região de transição entre distintos regimes de ventos: mais ao norte atuam os ventos alísios, os quais convergem para a depressão e mais ao sul predomina a dinâmica da interação entre o centro de altas pressões e Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul e as incursões de massas polares. Isso permite que ele brilhe neste promissor cenário nacional por apresentar um significativo potencial eólico, estimado em 10,1% do potencial nacional, o que se refere a aproximadamente uns 143,5 mil MW. A cidade de Vitória da Conquista localizada no Sudoeste da Bahia possui latitude 14°53'S e longitude 40°48'W. Devido a elevação da cidade, com média de 923 m e mais de 1.100 m nos bairros mais altos ela é uma das cidades mais amenas das regiões Norte e Nordeste do país, registrando temperaturas inferiores a 10 °C em alguns dias do ano. O mês mais quente é março, com temperatura média de 21,8 °C, enquanto o mês mais frio é julho, com média de 17,8 °C. A pluviosidade média anual é de 734 mm, com estação seca de maio a setembro. Ela possuiu um índice de velocidade média anual do vento de aproximadamente 6,51 m/s. II. ENERGIA EÓLICA A energia eólica se caracteriza por ser uma energia obtida do movimento das massas de ar, ou seja, energia do vento. O seu aproveitamento se dá através da conversão da energia cinética de translação em energia cinética de rotação das turbinas eólicas ou aerogeradores, para a geração de energia elétrica. O vento é o resultado do desigual aquecimento da superfície da terra pelos raios do sol e dos movimentos de rotação e translação que ela executa. Deste modo, essas características justificam a variedade dos ventos em sítio dependendo de sua latitude, altitude, de sua proximidade do mar ou de montanhas, na estação do ano, entre outros fatores. Para a obtenção da energia eólica tem que levar em consideração que nem todos os locais são apropriados e considerar os principais componentes: Turbina, Gerador, 2 Caixa Multiplicadora, Sistemas de Controle e Torre que melhor se aplica a determinada região. De acordo com alguns fabricantes de turbinas eólicas, para que o sistema seja economicamente viável, a velocidade média anual mínima deve ser de 5,5 a 7,0 m/s [2]. Assim, para efetuar qualquer projeto de instalação de um sistema eólica de geração de energia elétrica é necessário que se obtenha dados de medição das velocidades e freqüências dos ventos. No Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia (2006) elaborado pela Coelba, a cidade de Vitória da Conquista possui um índice de velocidade média anual do vento de aproximadamente 6,51 m/s, como é mostrado na tabela I. Logo, este resultado denota que a cidade, além de outros fatores, possui ótimas condições para a implantação de sistemas de geração eólicas. TABELA I VELOCIDADE MÉDIA ANUAL A 50m Cidades Camamu Capão Redondo Conde Costa Dourada Fátima Monte Alto Morro do Chapéu Placas II Rio De contas Sauípe Sobradinho Teofilândia Vitória da Conquista Cascavel Correntina Nova Itarana Irecê Porto Seguro Placas I Ourolândia Uma Serra Grande Curundundum Belmonte Rio de Contas II Caetité Velocidade Média Anual a 50m Medido Calculado Erro (%) (m/s) (m/s) 5.47 6.14 12.2 6.57 6.01 -8.5 6.86 6.59 -3.9 6.83 6.80 -0.4 5.69 5.80 1.9 6.06 6.33 4.5 6.02 6.23 3.5 5.74* 6.71 6.54 6.35 5.79 6.51 6.10 6.50 6.53 6.04 5.71 6.35 6.3 -3.1 -0.2 -4.9 -1.4 -2.5 5.18* 5.79* 5.70* 6.44* 5.02 5.18 5.39 6.18 6.22 7.21* 8.49* 5.65 5.88 6.02 6.54 5.48 5.34 5.74 6.11 6.40 7.57 8.42 9.1 1.6 5.6 1.6 9.2 3.1 6.5 -1.1 2.9 5.0 -0.8 Na tabela I, houve uma comparação entre a velocidade média anual medida (extrapolada para 50m a partir de medições em duas alturas e considerando o perfil logarítmico de camada-limite atmosférica) e aquela calculada pelo WindMap, é apresentada para todas as estações COELBA. O desvio padrão das diferenças cálculo-medição foi de 4.9%. Levando-se em conta as margens de incerteza nos anemômetros NRG não aferidos, e principalmente, as margens de incerteza introduzidas na extrapolação das velocidades a 20 ou 30m para a altura de 50m, podendo atribuir ao cálculo uma exatidão dentro da margem de incerteza nas medições existentes. Portanto, uma proposta interessante deste trabalho seria integrar a geração eólica às redes elétricas. Uma vez que os aerorogeradores, em grande número, normalmente com grande potência individual, não necessitariam de armazenamento de energia, toda a sua geração seria disponibilizada à rede elétrica. III. MANIPUEIRA Diante da importância da mandiocultura para o país e para o estado da Bahia, na região de Vitória da Conquista a cadeia produtiva enfrenta vários e sérios problemas ambientais referente ao manejo do resíduo proveniente da produção. A cultura é explorada, principalmente por pequenos produtores descapitalizados, com acesso difícil ao crédito e à assistência técnica, e que utilizam técnicas tradicionais de cultivo, segundo [3]. O autor destaca também, que existem sérios problemas ambientais, resultantes do desgaste do solo, da derrubada da mata nativa, da queima de lenha durante o beneficiamento e da falta de tratamento de resíduos. Em tupiguarani a manipueira significa “o que brota da mandioca”, possui um enorme potencial poluente, e é um resíduo líquido resultante da prensagem da raiz de mandioca. Na etapa de processamento é que são gerados os principais subprodutos e resíduos. Esses representam um volume nada desprezível. Por exemplo, no processamento da fécula são gerados aproximadamente, por tonelada de raiz, 2,62 m3 de água de lavagem, 3,68 m3 de água de extração de fécula, 1,1 m3 de manipueira e uma quantidade de bagaço (massa ou farelo) equivalente a 1.070 kg [4]. No processamento da mandioca para indústria geram-se subprodutos fibrosos (cepa, casca e bagaço) e subprodutos líquidos (água de lavagem das raízes, água de extração de fécula e manipueira). A produção da manipueira está associada à quantidade de mandioca a ser processada, por exemplo, para uma tonelada de mandioca resultam aproximadamente 300 l de manipueira. Dessa maneira, para uma fecularia que utiliza uma tonelada de raízes de mandioca/dia equivale à poluição ocasionada por 200-300 habitantes/dia. Os glicosídeos cianogênicos, açúcares solúveis e amidos liberados do processo contribuem para a elevada carga orgânica das águas residuárias do processo de obtenção do amido de mandioca. Quando não são tratados adequadamente os resíduos decorrentes do processamento de farinha, originam uma carga potencialmente poluidora para os rios, bem como nos locais de produção a formação de enormes volumes deste líquido, provocam condições de insalubridade na população e afetam à saúde e a economia desta atividade. Um dos principais danos causados por esse resíduo está associado a sua toxidez, pois, a planta de mandioca contém glicosídio denominado linamarina, presente em todas as partes da planta, e que por hidrólise origina a glicose, a acetona e o ácido cianídrico, tóxico dos mais poderosos e que pode afetar células nervosas. Este glicosídio combina se com a 3 hemoglobina do sangue, tornando-se um inibidor na cadeia respiratória. Por tratar-se de um ácido, o consumo deste resíduo em pequena quantidade causa certo desconforto semelhante ao da embriaguez, e se ela for ingerida em grande quantidade por humanos ou animais domesticados, pode causar a morte por envenenamento. Existem relatos de morte de animais que beberam da água aonde ocorreram descargas da manipueira e também a morte de peixe, pois ela apresenta gosto adocicado devido a glicose que contém, sendo muito procurada pelos animais. A tabela II abaixo indica a composição média da manipueira segundo alguns autores [7]. TABELA II COMPOSIÇÃO MÉDIA DA MANIPUEIRA do crescimento excessivo de algas, devido ao excesso de nitrogênio e fósforo. Tendo como os seus principais geradores, fatores como a agricultura, criação de animais, esgotos domésticos e desmatamento. Verificma-se na tabela III, os resultados das analises da água coletada no Rio Santa Rita, único rio que corta a cidade de Vitória da Conquista e que está sendo poluído pelo lançamento da manipueira, foram coletados amostras de água à jusante, conforme metodologia recomendada pela empresa de análise, e encaminhou para análise físico-química [12]. TABELA III RESULTADO DA ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA NA BACIA DO RIO SANTA RITA Resultados Variáveis Sólidos totais Sólidos voláteis %MS DQO g.L-1 Cianeto total mg. L-1 Nitrogênio Carbono Fósforo Potássio Cálcio Enxofre Magnésio Ferro Cobre Zinco Manganês Autores * ** *** **** 6,28 5,23 63,0 444,00 4.900 37.000 160 1.863 227 195 405 15,3 1,1 4,0 3,7 6,00 5,40 69,3 206,83 2.000 35.000 250 2.810 200 78 290 7,0 1,2 3,0 3,3 4,51 3,83 60.0 140,7 3.000 35.000 300 3.800 400 200 600 6,4 1,4 5,0 3,5 5,54 4,76 62,3 112,2 1.242 12.330 326 1.972 838 60 326 12,4 3,1 32,5 2,2 * CEREDA (1994) ** FERNANDES JUNIOR (1995) *** BARANA (1996) **** BARANA (2000) Observa-se que a água residual pode apresentar-se com variadas concentrações, sobretudo com relação à matéria orgânica e ao potencial tóxico, isso porque depende da forma de processamento. Nos bairros de Campinhos e Simão, localizados no município de Vitória da Conquista, é notório o descarte sem nenhum tipo de tratamento o que contribui com a poluição da bacia do rio Santa Rita, isso não tem prejudicado somente o meio ambiente, como também as atividades econômicas, uma vez que, em determinadas épocas do ano o descarte destes resíduos próximos aos locais de produção impossibilitam as atividades, tornando o ambiente insalubre. Deste modo, faz-se necessário um tratamento adequado a manipueira, de modo que elimine a contaminação do meio ambiente. A Manipueira “in natura”, tem um potencial poluidor de 25 vezes a do esgoto doméstico [7]. Isso ocorre porque a capacidade de depuração (autodepuração) do rio não é capaz de contornar a poluição provocada pela manipueira, ou seja, o fenômeno pelo qual o rio se recupera por mecanismos puramente naturais. Como também a eutrofização, decorrente Cloretos (Cl) DBO DQO Dureza total (CaCO3) Turbidez (NTU) 780 mg. L-1 243 mg. L-1 63.560 mg. L-1 3.000 mg. L-1 Limites máximos tolerados** 250,0 mg. L-1 5,0 mg. L-1 500,0 mg. L-1 2.530 NTU 5,0 Como pode ser observado com os resultados das análises físico-químicas visualizado na tabela 2, verifica-se que a DQO (Demanda Química de Oxigênio) possui um valor muito elevado quando se comparado ao esgoto doméstico (2.000,00 mg/L). Pode-se concluir que a DQO do Rio Santa Rita é mais de 30 vezes superior ao esgoto doméstico e que o rio encontrase fortemente poluído e, possivelmente, eutroficado. Portanto, pode-se afirmar que a manipueira não deve ser jogada, em hipótese alguma, nos corpos d’água. Mesmo que o processo de descontaminação do resíduo tenha uma eficiência de 90%, os 10% restantes ainda são algumas vezes superiores à atividade poluidora do esgoto doméstico. IV. BIODIGESTORES DE MANIPUEIRA A. Biogás Denomina-se biogás (também conhecido como gás dos pântanos) à mistura gasosa, combustível, resultante da fermentação anaeróbica da matéria orgânica. O biogás é obtido a partir de um processo que degrada a matéria orgânica, possibilitando a produção de energia térmica e elétrica e vem de uma forma inexorável proporcionar novas aplicações para os resíduos das explorações agro-pecuárias, da atividade industrial e esgotos. Ele é um gás incolor, geralmente inodoro (se não contiver demasiadas impurezas) e insolúvel em água. A composição do biogás está relacionada a vários parâmetros, como o tipo de digestor e o substrato a digerir. Porém, esta mistura é essencialmente constituída por metano (CH4), com valores médios na ordem de 55 a 65%, e por dióxido de carbono (CO2) com aproximadamente 35 a 45% de sua composição e de outros gases em menor quantidade [12]. O seu poder calorífico está diretamente relacionado com a 4 quantidade de metano existente na mistura gasosa. A tabela IV representa a sua composição média gasosa. TABELA IV COMPOSIÇÃO MÉDIA DA MISTURA GASOSA Metano (CH4) Dióxido de Carbono (CO2) Hidrogênio (H2) Azoto (N2) Oxigênio (O2) Sulfureto de Hidrogênio (H2S) Amoníaco (NH3) Monóxido de Carbono (CO) Água (H2O) 50 a 75 % 25 a 40 % 1a3% 0.5 a 2.5 % 0.1 a 1 % 0.1 a 0.5 % 0.1 a 0.5 % 0 a 0.1 % Variável O biogás é, devido à presença do metano, um gás combustível, sendo o seu Poder Calorífico Inferior (P.C.I.) cerca de 5500 Kcal/m3, quando a proporção em metano é aproximadamente de 60 %. Segundo [6], a presença de substâncias não combustíveis no biogás, como água e dióxido de carbono, prejudica o processo de queima tornando-o menos eficiente uma vez que, presentes na combustão absorvem parte da energia gerada. A tabela v que segue apresenta os P.C.I.’s para os outros gases correntes, é uma referência para poder comparar-los. TABELA V PODER CALORÍFICO INFERIOR DE DIFERENTES GASES Gás Metano Propano Butano Gás de Cidade Gás Natural Biometano P.C.I. em Kcal /m3 8500 22000 28000 4000 7600 5500 É de fundamental importância ressaltar que o biogás é um gás leve e de fraca densidade. Mais leve do que o ar, contrariamente ao butano e ao propano, ele suscita menores riscos de explosão na medida em que a sua acumulação se torna mais difícil. A sua fraca densidade implica, em contrapartida, que ele ocupe um volume significativo e que a sua liquefação seja mais difícil, o que lhe confere algumas desvantagens em termos de transporte e utilização. B. Biodigestores A quantidade de biogás produzido está associada a diversos fatores, bem como, modelo do biodigestor, a forma de operação, uso ou não do percentual de inóculo com relação ao volume do substrato, assim como do tempo de retenção hidráulica necessária a estabilização completa. A produção do biogás é proveniente dos biodigestores através de um processo conhecido há muito tempo, a biodigestão anaeróbia. A energia oriunda do biogás serve para cozimento, iluminação e como bio-fertilizante e é muito popular nos países asiáticos a exemplo da China e Índia. A biodigestão anaeróbia se inicia na ausência de oxigênio, as bactérias, primeiramente, convertem o material orgânico particulado em compostos dissolvidos, num processo, denominado hidrólise ou liquefação (primeira fase). Após a degradação da matéria orgânica em substratos pequenos (oligômeros e monômeros), estes substratos são metabolizados em função do equipamento enzimático da célula, em ácidos orgânicos, cetonas, álcoois, NH3, H2 e CO2, esta é a fase de acidificação (segunda fase). Na terceira fase (acetogênese), as bactérias acetogênicas (produtoras de hidrogênio que são capazes de converter ácidos graxos com mais de 2 carbonos a ácidos acéticos, CO2, H2 que são os substratos para as bactérias metanogênicas) desempenham um importante papel entre a acidogênese e a metanogênese. Na quarta e última fase, os compostos orgânicos simples formados na fase acetogênica, são consumidos por bactérias estritamente anaeróbias, denominadas bactérias metanogênicas, que dão origem ao metano (CH4) e ao gás carbônico (CO2). Considerando os estudos de [1], que trabalharam com reatores de fluxo ascendente e separando as fases acidogênica e metanogênica (capacidade total de 4000 L), obtiveram uma produção de biogás superior a 3,97 L por L de substrato, com TRH (tempo de retenção hidráulica) de 4,4 dias. É importante ressaltar que a separação de fases possibilita o melhor controle sobre o processo de biodigestão, fornecendo condições ideais para a ação das bactérias anaeróbicas em cada fase. A equivalência energética do biogás em relação a outros combustíveis é determinada levando em conta o poder calorífico e a eficiência média de combustão, deste modo, 1 Nm3 de biogás equivale a 1,43 KWh de energia elétrica [3]. V. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento a partir de uma idéia simples emerge conhecimentos inesperados e de grande importância para o projeto, podendo abrir caminhos onde a aparente simplicidade revela processos e teorias científicas centenárias. Nesse contexto, visando trazer contribuições para o desenvolvimento socioeconômico e minimização dos impactos ambientais, este estudo torna-se de grande valia, fundamental e o primeiro passo para a análise da utilização dos recursos. Diante da realidade de Vitoria da Conquista, que possui um índice de velocidade média anual do vento de aproximadamente 6,51 m/s é notório que teria uma excelente geração de energia eólica, pois se utilizarmos um aerogerador de médio porte, a exemplo do TURBINA XL.1kW que é um dos mais avançados no mundo nessa categoria (compactos, econômicos e muito produtivos), com um diâmetro do pás de 2,5 metros e uma saída de pico de aproximadamente 1.600 watts o XL.1 teria uma produção em torno de 200 a 550kWh / mês em 24Vdc, considerando ainda sua velocidade inicial do vento para o inicio da geração em torno de 2,5 m/s. Verifica-se também, neste estudo através dos dados obtidos, a produção de energia elétrica a partir da biodigestão da manipueira será de aproximadamente 156 Wh por dia. Conclui-se que a possibilidade de utilização do biogás para geração elétrica minimiza os impactos ambientais, agrega valor ao resíduo diminuindo seus custos com tratamento e possibilitando uma visão sistêmica do processo sob o ponto de vista da gestão ambiental nas indústrias de fabricação da 5 farinha. E para o potencial eólico, nota-se que a região de Vitória da Conquista apresenta amplas condições de aproveitamento, como uma fonte viável e abundante, a complementar a energia hidrelétrica. . VI. [12] SANTOS, A. Possibilidades e Perspectivas para a sustentabilidade d cultivo da mandioca no Planalto de Conquista. 2001. 124p. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável - Gestão e políticas ambientais) Universidade de Brasília, Brasília. SIMPÓSIOS: [13] BARANA, A. C. Despoluição da manipueira e uso em fertilização do REFERÊNCIAS PERÍODICOS: solo. I Simpósio Nacional sobre a Manipueira. Vitória da Conquista-Bahia, [1] FEIDEN, A.; CEREDA, M. P. Potencial energético do biogás gerado no 2008. tratamento de águas residuarias de fecularias em sistema piloto de biodigestão anaeróbia com separação de fases. Energia na Agricultura (Botucatu), v. 18, VII. BIOGRAFIAS n. 2. P. 54-66. 2003. LIVROS: [2] ALDABÓ, R.. Energia Eólica, Editora Artliber Ltda, São Paulo, Brasil, 2002. [3] CARDOSO FILHO, E. P. Fatores que influenciam na digestão anaeróbica de efluentes líquidos. CETESB, 2001. [4] CEREDA, M. P. A Industrialização da Mandioca no Brasil. In: O uso da manipueira em Fertirrigação. Editora Paulicéia.São Paulo, 1994; p-58-66. TAMIRES MARIA DA SILVA, filha de José Maria da Silva e Maria Lúcia da Silva, nasceu em Brumado, Bahia, em 16 de março de 1988. Em fevereiro de 2005, iniciou o Curso Técnico em Meio Ambiente no Instituto Federal da Bahia (IFBA), Campus Vitória da Conquista, BA, diplomando-se em dezembro de 2006. Atualmente, é estudante do 7º semestre do Curso de Engenharia Elétrica no Instituto Federal da Bahia (IFBA), Campus Vitória da Conquista, BA e Técnica em Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. [5] RIBEIRO, C. M. V. et al. Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia. 2006. 61f. Elaborado pela equipe e gestão estratégica da COELBA. DISSERTAÇÕES: [6] ALVES, J. W. S. Diagnóstico técnico institucional da recuperação e uso energético do biogás gerado pela digestão anaeróbia de resíduos. Dissertação de Mestrado. Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia (PIPGE) do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo. 142 p. São Paulo, 2000. [7] BARANA, A C. Avaliação de tratamento de manipueira em biodigestores fase acidogênica e metanogênica. 2000. 95f. Tese (Doutorado em Energia na Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu. [8] BRUNI, A. C. e SOUZA, G. M. L. Otimização de Sistema de Bombeamento com Energia Eólica. 2007. 89f. Dissertação. (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal - RN. [9] FEIDEN, A. Tratamento de águas residuárias de indústrias de fécula de mandioca através de biodigestor anaeróbico com separação de fases em escala piloto. 2001. 80p. Tese (Doutorado em agronomia – Área de concentração Energia na Agricultura) Universidade Estadual Paulista – UNESP, Botucatu-SP. 2001. [10] INOUE, K. R. A. Produção de biogás, car acterização e aproveitamento agrícola do biofertilizante obtido na digestão da Manipuer ia. 2008. 92f. Disserta ção (Ma gister Scientie) – Universida de Federa l de Viçosa (UFV), Viçosa/MG, 2008. [11] JUNIOR, D. M. Fernando. Viabilidade Técnica/Econômica para Produção de Energia Eólica, em Grande Escala, no Nordeste Brasileiro. 2009. 53f. Monografia (Pós-Graduação Lato Sensu em Formas Alternativas de Energia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras - MG. JAIME DOS SANTOS FILHO, filho de Jaime dos Santos e Edil Borges dos Santos, nasceu em Salvador, Bahia, em 02 de outubro de 1973. Em 1993, iniciou o Curso de Engenharia Elétrica na Universidade Federal da Bahia (UFBA), diplomando-se em 1998. Atualmente, é professor do Instituto Federal da Bahia (IFBA), Campus Vitória da Conquista e doutorando em Estatística e Experimentação Agropecuária pela Universidade Federal de Lavras (UFLA).