VALOR JUSTO EM ATIVOS
BIOLÓGICOS
ÃO
MARIA JOSÉ DE CAMARGO MACHADO
DOUGLAS TADEU DE OLIVEIRA RIBEIRO
Ç
■ INTRODUÇÃO
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
113
U
ST
A
Em 2001, o International Accounting Standards Board (IASB) emitiu um pronunciamento voltado
à atividade agrícola denominado International Accounting Standards (IAS) 41 – Agriculture.
Esse pronunciamento foi aprovado sob forte oposição das empresas agrícolas europeias e de
contadores, visto que determina, como base de mensuração da atividade agrícola, o valor
justo1 e reconhece que a atividade agrícola é um processo de transformação biológica, de
modo que cada fase desse processo (crescimento, degeneração, produção e procriação) causa
mudanças qualitativas e quantitativas nesse ativo biológico.
D
EG
Essas mudanças trazem a necessidade de reconhecer seu valor justo nos demonstrativos
contábeis das empresas, independentemente da venda.1 A norma atinge qualquer ativo biológico
(p.ex., cana, café, laranja, floresta, animais, etc.) enquanto esse ativo passa por transformações
biológicas, ou seja, até o momento da colheita ou abate dos animais.
No Brasil, em consonância com o IAS 41, foi aprovado pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), em 2009, com vigência a partir dos demonstrativos de 2010, o CPC
29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola, com aplicação retrospectiva, sendo a data de
transição em 1º de janeiro de 2009.
Como as normas referidas são recentes, há ainda uma série de discussões em torno delas, e já
há um processo de alteração tramitando no IASB, que visa a alterar o tratamento dado aos ativos
biológicos considerados de produção (p.ex., árvores frutíferas, etc.), assunto que é tratado neste
artigo. São discutidos os conceitos, a mensuração e a contabilização dos ativos biológicos em
conformidade com os pronunciamentos citados.
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
114
■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor deverá
■
■
■
■
■
identificar conceitos estabelecidos pelo CPC 29, mediante discussões teóricas e exemplos
práticos;
reconhecer as principais mudanças apresentadas quanto ao CPC 29;
identificar o cálculo do valor justo das principais culturas;
contabilizar todos os eventos ligados ao ativo biológico;
reconhecer os impactos nas demonstrações financeiras e notas explicativas referentes ao CPC 29.
■ ESQUEMA CONCEITUAL
Valor justo
Mensuração
ST
A
Evidenciação
Itens sem mercado ativo ou na
condição de maturação
Tratamento contábil dos gastos
subsequentes
Ç
Principais conceitos
ÃO
Itens com mercado ativo
Quando não houver confiabilidade
na mensuração a valor justo
Caso 1 – Aplicação em siderúrgica
Caso 2 – Contabilização de
ativos biológicos até o momento
da colheita
U
Caso 3 – Contabilização de ativos
biológicos sem mercado ativo
com vida útil superior a um ano
D
EG
Casos práticos
Caso 4 – Elaboração de fluxo
de caixa descontado para
mensuração de floresta de pinus
Conclusão
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■ VALOR JUSTO
Nesta seção serão discutidos alguns conceitos sobre valor justo utilizados ao longo do artigo.
Embora o custo histórico seja ainda a forma mais utilizada para a mensuração dos elementos
patrimoniais, o valor justo também passou a ser uma forma de mensuração de alguns itens
patrimoniais.
Se, por um lado, o custo histórico traz como vantagem a possibilidade de verificação
documental dos valores utilizados, por outro, ele peca em informar qual seria o caixa
esperado pela realização do ativo ou passivo. Dessa forma, o custo histórico é mais
confiável e verificável, mas o valor justo é mais oportuno para a tomada de decisão.
ÃO
Primeiramente, é necessário entender o que é o valor justo.
Ç
Segundo o CPC 46 – Valor Justo, o valor justo é o preço que seria recebido pela
venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma
transação não forçada, entre participantes do mercado, na data de mensuração.
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■
U
■
abordagem de mercado – preços de mercado de ativos e passivos comparáveis (preço de
saída);
abordagem de receita ou lucro futuro – valor justo estimado a partir da previsão dos benefícios
futuros gerados pelo ativo e calculado mediante modelos econômico-financeiros de avaliação,
como valor presente líquido (VPL), modelo de precificação de opções de Black-Scholes,
excesso de lucros futuros (certos intangíveis), entre outros;
abordagem de custo – custo de reposição (preço de entrada).
D
EG
■
ST
A
O CPC 46 apresenta três abordagens para a determinação do valor justo:2
Como mencionado anteriormente, o valor justo pode ser determinado por várias abordagens. A
decisão é tomada pelo gestor, tendo como foco o preço de saída do ativo/passivo.
O preço de entrada representa o valor que seria pago para adquirir um ativo, e o
preço de saída é o valor de venda de um ativo ou liquidação de um passivo.
O preço de entrada pode ser utilizado como base para a determinação do valor justo em alguns
casos, como, por exemplo, na avaliação de um ativo imobilizado em uso pela empresa, sem
nenhuma intenção de venda.
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
116
Ao se mensurar um item pelo valor justo, busca-se primeiramente a forma mais confiável de
mensuração. O CPC 46 estabelece uma hierarquia de técnicas de aplicação, considerando os
dados disponíveis do ativo e do passivo e orientando as escolhas dos gestores quanto à forma de
mensuração, a saber:2
■
■
■
nível 1 – preços cotados (não ajustados) no mercado para ativos e passivos idênticos na data
da mensuração. Por exemplo, ações e títulos negociados no mercado financeiro;
nível 2 – preços cotados para ativos e passivos similares e ajustados ao mercado em que o
item se encontra, geralmente mercado com poucas transações. Por exemplo, cotações de
mercado para ativos similares;
nível 3 – dados não observáveis para o item a ser avaliado. Por exemplo, fluxo de caixa descontado.
LEMBRAR
ÃO
A definição da abordagem de mensuração do valor justo leva em conta os dados
disponíveis para a avaliação, bem como as condições em que o ativo se encontra.
Essa questão é fundamental na aplicação do CPC 29, visto que os ativos biológicos
possuem uma ampla variação de condições.
ST
A
Ç
Por exemplo, o boi gordo, em algumas praças e fases de sua vida útil, possui cotação na Bolsa
de Mercadorias e Futuros, sendo possível a utilização desse preço para a avaliação. Já em outras
praças, é necessário fazer um ajuste considerando o valor cotado em bolsa e a praça onde está
localizado o rebanho a ser avaliado.
D
EG
PRINCIPAIS CONCEITOS
U
Mediante os conceitos preliminares de valor justo, é possível compreender o CPC 29.
O CPC 29 é aplicado ao ativo biológico definido como animal ou plantas vivos, ou
seja, enquanto sofrem transformação biológica, o que compreende os processos
de crescimento, degeneração, produção e procriação, que causam mudanças
qualitativas e quantitativas no ativo biológico.
Portanto, o CPC 29 é aplicado enquanto a planta está no pé até o momento da colheita, e no
animal em vida até o momento do abate. Depois desses eventos, outros pronunciamentos são
utilizados, normalmente o CPC 16 – Estoques.
Outro ponto de destaque no CPC 29 é que, ao se calcular o valor justo de um ativo biológico, é
necessário estimar as despesas de venda desse ativo.
O CPC 29 define despesa de venda como despesas incrementais diretamente
atribuídas à venda de um ativo, exceto despesas financeiras e tributos sobre o lucro.
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Por mercado ativo, o CPC 29 entende o mercado no qual se encontram todas estas
condições:3
■
■
■
itens negociados homogêneos;
compradores e vendedores dispostos à negociação encontrados a qualquer
momento;
preços disponíveis para o público.
ÃO
O conceito de mercado ativo é uma das partes fundamentais para a determinação do valor justo,
pois, por exemplo, um pecuarista com fazendas espalhadas por todo o Brasil terá um mercado ativo
para cada região, o que terá de ser levado em consideração no momento de avaliar o rebanho.
■
■
■
ST
A
Ç
Quando uma entidade deve reconhecer um ativo biológico? O CPC 29 (parágrafo 10) determina
que o reconhecimento deve levar em conta os seguintes fatores
117
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
Quanto ao valor justo, o CPC 29 segue a mesma definição do CPC 46, conforme já abordado.
Portanto, para se estabelecer o valor justo de um ativo, é necessário conhecer as condições de
negociação desse ativo. Uma das condições requeridas é o estabelecimento do mercado ativo
desse bem.
se a entidade controla o ativo, em função de eventos passados;
se for provável que haja benefícios econômicos futuros associados àquele ativo;
se o valor justo ou custo do ativo puder ser mensurado de forma confiável.
D
EG
U
Assim, para se reconhecer um ativo biológico, as três condições mencionadas devem ser atendidas.
Considere-se, por exemplo, uma propriedade voltada à pecuária de corte que deve manter uma
área de preservação ambiental em sua propriedade. Nessa área, há algumas castanheiras, e,
esporadicamente, colhem-se os seus frutos, que são vendidos para um comércio local. É possível
reconhecer as castanheiras como ativo biológico? A resposta, nesse caso, é negativa, uma vez
que não há nenhum controle da produção, e os benefícios por ela gerados são incertos.
Entendidos os conceitos iniciais, a seguir será discutida a mensuração de ativos biológicos, que
certamente é uma das questões mais críticas do CPC 29.
ATIVIDADE
1. Quais inovações o pronunciamento IAS 41 trouxe para a atividade agrícola?
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
118
2. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) quanto ao valor justo.
(
(
(
(
) Considerando as formas de mensuração de alguns itens patrimoniais, pode-se
afirmar que o valor justo é mais confiável e verificável, mas o custo histórico é mais
oportuno para a tomada de decisão.
) O valor justo consiste no preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que
seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre
participantes do mercado na data de mensuração.
) O CPC 46 apresenta duas abordagens para a determinação do valor justo:
abordagem de mercado e abordagem de receita ou lucro futuro.
) O preço de entrada representa o valor que seria pago para adquirir um ativo, e o
preço de saída é o valor de venda de um ativo ou liquidação de um passivo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
F – F – V – V.
F – V – F – V.
V – F – V – F.
F – V – V – F.
ÃO
A)
B)
C)
D)
Ç
Resposta no final do artigo
ST
A
3. O CPC 46 estabelece uma hierarquia de técnicas de aplicação, considerando os dados
disponíveis do ativo e do passivo e orientando as escolhas dos gestores quanto à
forma de mensuração do ativo biológico. Complete o quadro levando em conta os
três níveis dessa hierarquia.
Níveis
Descrição
Exemplo
D
EG
1
U
HIERARQUIA DE TÉCNICAS DE APLICAÇÃO
2
3
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I – O ativo biológico é definido como um animal ou plantas vivos, ou seja, enquanto
sofrem transformação biológica, que compreende os processos de crescimento,
degeneração, produção e procriação, que causam mudanças qualitativas e
quantitativas no ativo biológico.
II – A despesa de venda é definida como as despesas incrementais diretamente
atribuídas à venda de um ativo, incluindo despesas financeiras e tributos sobre o
lucro.
III – O mercado ativo é aquele em que se encontram itens negociados homogêneos,
compradores e vendedores dispostos à negociação encontrados a qualquer
momento e preços disponíveis para o público.
Qual(is) afirmativa(s) está(ão) correta(s)?
Apenas a I e a II.
Apenas a I e a III.
Apenas a II e a III.
A I, a II e a III.
ÃO
A)
B)
C)
D)
Ç
Resposta no final do artigo
119
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
4. Analise as afirmativas considerando os conceitos principais relativos ao CPC 29.
ST
A
5. Segundo o CPC 29, o reconhecimento de um ativo biológico por uma entidade deve
levar quais fatores em conta?
D
EG
U
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
120
MENSURAÇÃO
A base de mensuração para ativos biológicos é o valor justo menos a previsão das
despesas de venda relativas a esse ativo.
O ativo deve ser mensurado no momento do reconhecimento inicial (p.ex., nascimento
de um bezerro ou plantio de soja) e no final de cada período de competência. Outro
momento em que é necessário fazer nova mensuração do ativo biológico é no abate ou
na colheita, não se devendo esquecer de prever as despesas necessárias para a venda.
ÃO
Portanto, a entidade deve, a cada fechamento contábil (a norma não especifica a periodicidade),
mensurar seus ativos biológicos naquele momento conforme seu valor justo, que irá refletir as
características físicas e econômicas do bem em questão.
LEMBRAR
ST
A
Ç
Exemplificando de maneira simples, imagine-se uma fazenda que adquire 1.000 bezerros para
engorda ao valor de $ 800,00 cada. Nesse momento, o valor do seu ativo biológico é $ 800.000. Em
um ano, esses animais sofreram transformações biológicas, e, no mercado ativo da propriedade,
os animais com um ano são negociados a $ 3.000/cada. Dessa forma, o ativo biológico da fazenda
será novamente mensurado a $ 3.000.000, apresentando um ganho anual de $ 2.200.000. Esse
ganho refere-se apenas ao ativo biológico, e, na apuração do resultado da propriedade, ainda
devem ser apurados os custos e as despesas para o manejo do rebanho. Até o momento da venda
ou do abate dos animais, estes devem ser mensurados periodicamente pelo valor justo.
D
EG
U
Um cuidado muito importante que se deve ter é não utilizar preços de contrato
como valor justo. Os contratos comerciais ou financeiros são revestidos de outras
características que nem sempre representam o valor negociado no mercado ativo de
um determinado bem, além de não serem permitidos pelo CPC 29.
Dependendo das condições econômicas do mercado ativo de um bem, a determinação do
seu valor justo não é tão simples, pois podem ocorrer dúvidas sobre qual valor utilizar. Diante
disso, o CPC 29 indica as seguintes instruções de mensuração, seguindo a hierarquia
apresentada no CPC 46:4
■
■
■
nível 1 – preço do ativo em um mercado ativo;
nível 2 – preço da transação recente, caso não haja mercado ativo, preços de mercado de
ativos similares ajustados ou benchmarks do setor;
nível 3 – valor presente da expectativa da geração de caixa futuro.
Cabe observar que a primeira opção é sempre o preço cotado em um mercado ativo, e, na
ausência deste, utiliza-se a segunda opção e assim por diante. Nesse sentido, o pronunciamento
orienta que se busque primeiramente a opção que represente, com maior confiabilidade, o valor
justo de um ativo.
A seguir, é detalhado o tratamento dado para itens com mercado ativo e como proceder na sua
inexistência.
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A primeira forma de mensurar um ativo biológico é por meio do preço negociado no mercado ativo.
O CPC 29 define o mercado ativo como aquele onde há compradores e vendedores
dispostos a negociar o ativo biológico, que deve ser homogêneo e ter os preços
públicos.
Utilizando a definição do CPC 29, podem-se citar, como exemplo de ativos biológicos na condição
referida, bezerros e boi gordo em algumas regiões do país, entre outros.
ÃO
Quando não houver um mercado ativo que siga as definições citadas, deve-se utilizar o
preço de transações recentes ou o preço ajustado às condições do ativo.
Como exemplo de preço ajustado, pode-se citar o próprio boi gordo em algumas regiões do país
onde é feito o ajuste de preço para aquela região.
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
121
Itens com mercado ativo
ST
A
Ç
Em todos os casos referidos, a forma de mensuração aplicada é a mesma, uma vez escolhida a
base de preço a ser utilizada, que ainda deve levar em conta as condições e a localização do ativo
(parágrafo 9 do CPC 29).
U
Caso a empresa tenha acesso a vários mercados ativos, ela deve escolher o de maior
relevância para suas operações.
D
EG
Veja-se, a seguir, exemplos de mensuração.
Exemplo de compra e venda de gado
A entidade A comprou gado de um negociador por $ 100.000 em 30/06/x8. Os custos de transporte
somam $ 1.000. A empresa terá de arcar com esses custos no momento da venda do gado e,
ainda, com 2% de comissão para o negociador.5 Pergunta-se: Qual o valor justo desse gado em
30/06/x8?
Baseado no parágrafo 12 do CPC 29, “o ativo biológico deve ser mensurado ao valor justo menos a
despesa de venda no momento do reconhecimento inicial e final de cada período de competência”,
o primeiro passo é estimar a despesa de venda futura do lote de animais:
Frete
Comissões
Total
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$ 1.000
$ 2.000 (2% do valor de $ 100.000)
$ 3.000
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
122
O valor justo do gado será de $ 97.000 ($ 100.000 – $ 3.000). A fim de calcular a perda/ganho
no reconhecimento inicial desse ativo nos demonstrativos, calcula-se o valor efetivamente
desembolsado na operação:
Gado
Frete
Total
$ 100.000
$ 1.000
$ 101.000
Verifica-se, portanto, que há uma perda no reconhecimento inicial, uma vez que não se pode
prever se haverá um ganho futuro de preços nos animais referidos. Se a empresa vendesse
hoje o lote de animais, ela perderia efetivamente $ 4.000 ($ 101.000 – $ 97.000). Portanto, a
contabilização inicial desse gado seria realizada conforme a Tabela 1.
Tabela 1
D/C
Conta
ÃO
CONTABILIZAÇÃO INICIAL DO GADO
Classificação
Ativo biológico
Ativo circulante
D
Perda em ativo biológico
Resultado/despesa
C
Caixa
Ativo circulante
ST
A
Ç
D
Valor ($)
97.000
4.000
101.000
D
EG
U
Nesse exemplo e nos subsequentes, são tratadas as comissões como despesas de
venda do ativo biológico, seguindo a orientação do CPC 29. No entanto, cabe uma
observação no tratamento dessas despesas, uma vez que o CPC 46, nos parágrafos
25 e 26, afirma que “o preço utilizado para mensurar o valor justo do ativo ou passivo
não deve ser ajustado para refletir custos de transação”, e “os custos de transação não
incluem custos de transporte”. Dessa forma, no custo de transporte não há dúvidas; no
entanto, nas comissões, é possível seguir o CPC 46, que inclusive é mais recente do
que o CPC 29.
Nesse ponto, é importante notar outro aspecto bastante controverso no CPC 29: os
ganhos e perdas referentes ao ativo biológico são computados no resultado do período
em que ocorrem as transformações biológicas, o reconhecimento inicial ou a colheita/
abate, independentemente do ato da venda.
Muitos autores afirmam que o reconhecimento antecipado de ganhos/perdas acaba
gerando uma volatilidade bastante expressiva nos resultados das empresas.1
Continuando com o exemplo 1: em 31/12/x8, o valor justo do gado no mercado ativo aumentou
para $ 110.000 (considerando o preço do gado, já deduzidas as despesas de transporte). Nesse
caso, qual o valor justo desse gado em 31/12/x8?
Novamente, devem-se estimar as despesas futuras de venda desse ativo biológico:
Frete
Comissões
Total
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$ 1.000
$ 2.200 (2% do valor de $ 110.000)
$ 3.200
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$ 110.000 – $ 3.200 = $ 106.800 – $ 97.000 (valor registrado em 30/06/x8) = $ 9.800.
Portanto, a contabilização em 31/12/x8 seria realizada conforme a Tabela 2.
Tabela 2
CONTABILIZAÇÃO DO GADO EM 31/12/X8
D/C
Conta
Classificação
Valor ($)
D
Ativo biológico
Ativo circulante
9.800
C
Ganho em ativo biológico
Resultado/receita
9.800
ST
A
Ç
ÃO
Portanto, em 31/12/x8, teria sido contabilizado um valor de $ 106.800 de ativo biológico no ativo
circulante do balanço patrimonial (BP). Já na demonstração do resultado do exercício (DRE),
seriam obtidos um valor de perda de $ 4.000 lançado em 30/06 e um valor de ganho de $ 9.800
no demonstrativo de 31/12. No momento da venda, se o gado for negociado por $ 106.800 (venda
(-) despesas), o lucro bruto da operação de venda será equivalente a zero, mas os ganhos/perdas
já foram registrados em períodos anteriores. Nesse caso, os demonstrativos contábeis seriam
impactados de acordo com as Tabelas 3 e 4.
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
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Valor justo em 31/12/x8:
Tabela 3
BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo
31/12/x8
$ 97.000
$ 106.800
U
Ativo circulante
30/06/x8
D
EG
.....
Ativo biológico
Ativo não circulante
......
Tabela 4
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
DRE
30/06/x8
31/12/x8
Receitas
$
----
$
----
(-) CPV
$
----
$
----
(+/-) Ganhos/perdas com ativos biológicos
$ (4.000)
$ 9.800
(=) Lucro bruto
$ (4.000)
$ 9.800
CPV: custo dos produtos vendidos.
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
124
Itens sem mercado ativo ou na condição de maturação
Como mencionado anteriormente, na inexistência de mercado ativo, buscam-se primeiramente
os preços das últimas transações; depois, os preços de ativos similares ajustados e benchmarks
do setor. O tratamento contábil, nesse caso, é o mesmo de quando há mercado ativo. Em alguns
casos, nenhuma das opções referidas é possível, restando, como alternativa, a utilização de um
modelo econômico-financeiro de avaliação que leve em consideração as condições do ativo
biológico.
Um dos modelos mais utilizados para a avaliação é o modelo do fluxo de caixa descontado,
em que se faz uma previsão de todas as entradas e saídas de caixa referentes ao ativo biológico
em sua vida útil, ou seja, até o momento da colheita ou abate. Quanto maior a vida útil, maior
dificuldade existirá em prever todo seu fluxo de caixa; no entanto, ao menos uma vez a cada ano,
é necessário refazer as projeções e recalcular o valor do ativo biológico.
ST
A
Ç
ÃO
Em um primeiro momento, cabe verificar o que deve ser considerado entrada e saída de caixa
em um modelo de avaliação. Considera-se entrada o volume da produção esperada do ativo em
toda sua vida útil multiplicado pelo preço de mercado esperado. Por exemplo, ao se valorar uma
área de cana-de-açúcar, deve-se estimar a produção dessa área nos cinco cortes e multiplicá-la
pelo preço de mercado. Já as saídas incluirão todos os gastos necessários para a cultura, como
tratos culturais, manutenções, gastos da colheita e transporte, sempre considerando as condições
do ativo.
U
Não devem ser incluídos no modelo do fluxo de caixa descontado: custo do
financiamento de ativos, tributos, bem como despesas de restabelecimento do ativo
biológico, como limpeza de área, replantio, etc. (parágrafo 22 do CPC 29); entretanto, é
aconselhável incluir um custo de oportunidade pela utilização da terra, mesmo que ela
seja propriedade da empresa.5
D
EG
A fim de exemplificar o exposto no CPC 29, começa-se por um ativo biológico com um prazo de
maturação curto, ou seja, uma cultura temporária.
Exemplo de cultura de soja
Uma empresa registrou gastos no plantio de soja em novembro do ano de x8 no valor de $ 900 mil. A
expectativa de colheita é para fevereiro de x9. No fechamento de dezembro de x8, a empresa projeta
o fluxo de caixa (em $ mil) indicado na Tabela 5, considerando uma taxa de desconto de 11%.5
Tabela 5
PREVISÃO DO FLUXO DE CAIXA DA LAVOURA DE SOJA
Janeiro x9
Fevereiro x9
Total
0
4.000
4.000
(-) Saídas
- 450
- 1.000
- 1.450
(=) Fluxo líquido
- 450
3.000
2.550
Valor presente (11%)
- 438
2.840
2.402
Entradas
Fonte: Adaptada de PricewaterhouseCoopers (2011).5
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Tabela 6
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
D/C
Conta
Classificação
Valor ($)
D
Ativo biológico
Ativo circulante
2.402
C
Ganho em ativo biológico
Resultado/receita
2.402
O impacto do ativo biológico na DRE em 31/12/x8 está esquematizado na Tabela 7, a seguir.
Tabela 7
D
Custos de plantio
C
Ganho com ativo biológico
ÃO
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM 31/12/X8
$ 900*
$ 2.402
Ç
*A seguir, discute-se como tratar os custos e despesas referentes ao ativo biológico, que podem ser ativados ou lançados
diretamente no resultado. Aqui foi considerada a segunda opção.
125
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
Para o fechamento de dezembro de x8, são feitos os lançamentos contábeis apresentados na
Tabela 6.
ST
A
No final de janeiro, a empresa refaz suas projeções baseadas no mercado corrente. Nesse mês,
ela teve custos operacionais no valor de $ 550. Os novos dados são apresentados na Tabela 8.
Tabela 8
U
PROJEÇÕES BASEADAS NO MERCADO CORRENTE
3.800
D
EG
Entradas
Fevereiro x9
(-) Saídas
- 1.000
(=) Fluxo líquido
2.800
Valor presente (11%)
2.724
Devem ser feitos os seguintes lançamentos contábeis em janeiro de x9:
■
■
ganho apurado relativo à variação no valor justo do ativo biológico, de $ 322 ($ 2.724 - $ 2.402
– Tabela 9);
custos operacionais do período (Tabela 10).
Tabela 9
GANHO APURADO RELATIVO À VARIAÇÃO NO VALOR JUSTO DO ATIVO
BIOLÓGICO EM JANEIRO DE X9
D/C
Valor justo_novo.indd 125
Conta
Classificação
Valor ($)
D
Ativo biológico
Ativo circulante
322
C
Ganho em ativo biológico
Resultado/receita
322
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
126
Tabela 10
CUSTOS OPERACIONAIS DO PERÍODO EM JANEIRO DE X9
D/C
Conta
Classificação
Valor ($)
D
Custos operacionais
Resultado/despesa
322
C
Caixa
Ativo circulante
322
Com os lançamentos efetuados, o valor do ativo biológico no BP está atualizado em $ 2.724.
No ponto da colheita (fevereiro), a soja está avaliada em $ 4.000. A empresa deve imediatamente
reconhecer o ganho/perda desse ativo antes da colheita. A transferência para a conta de estoques
deve ser feita no valor de $ 4.000. Os gastos com a colheita foram de $ 1.000. A partir desse
momento, a soja estocada passa a ser tratada pelo CPC 16, correlato ao IAS 2 – Inventories.
■
■
ganho apurado relativo à variação no valor justo do ativo biológico, de $ 1.276 ($ 4.000 $ 2.724 – Tabela 11);
custos operacionais do período (Tabela 12);
transferência para estoque (Tabela 13).
Ç
■
ÃO
Devem ser feitos os seguintes lançamentos contábeis em fevereiro de x9:
ST
A
Tabela 11
Valor ($)
Ativo circulante
1.276
Resultado/receita
1.276
GANHO APURADO RELATIVO À VARIAÇÃO NO VALOR JUSTO DO ATIVO
BIOLÓGICO EM FEVEREIRO DE X9
Conta
Classificação
U
D/C
Ativo biológico
C
Ganho em ativo biológico
D
EG
D
Tabela 12
CUSTOS OPERACIONAIS DO PERÍODO EM FEVEREIRO DE X9
D/C
Conta
Classificação
Valor ($)
D
Custos operacionais
Resultado/despesa
1.000
C
Caixa
Ativo circulante
1.000
Tabela 13
TRANSFERÊNCIA PARA ESTOQUE EM FEVEREIRO DE X9
D/C
Valor justo_novo.indd 126
Conta
Classificação
Valor ($)
D
Estoques
Ativo circulante
4.000
C
Ativo biológico
Ativo circulante
4.000
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Tabela 14
BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo
Dez/x8
31/01/x9
Fev/x9
28/02/x9
Ativo circulante
Estoques
$ 4.000
Ativo biológico
$ 2.402
$ 2.724
$ 4.000
$
-
Ativo não circulante
Tabela 15
ÃO
......
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
$-
(–) CPV
31/01/x9
28/02/x9
SOMA
$-
$-
$-
$-
$-
$-
ST
A
Receitas
Dez/x8
Ç
DRE
$-
(+/–) Ganhos/perdas com ativos biológicos
$ 2.402
$ 322
$ 1.276
$ 4.000
(–) Custos operacionais
$ (900)
$ (550)
$ (1.000)
$ (2.450)
$ 1.502
$ (228)
$
$ 1.550
276
U
(=) Lucro
127
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
Um resumo dos impactos das contabilizações referidas nos demonstrativos contábeis encontra-se
nas Tabelas 14 e 15.
D
EG
Se os grãos forem imediatamente vendidos, nenhum lucro bruto será reconhecido pelo evento
da venda em si, mas os ganhos já foram registrados ao longo das transformações biológicas da
cultura. Observa-se, na última coluna da DRE, a soma dos ganhos e dos custos da cultura, em
que se obteve um resultado de $ 1.550. Essa informação só é possível somando-se os resultados
período a período.
No próximo exemplo, mostra-se a mensuração a valor justo de ativos biológicos com longo prazo
de maturação. Antes, porém, é necessário entender uma distinção proposta no CPC 29 sobre
ativos biológicos de produção e ativos biológicos de consumo.
Ativos biológicos consumíveis “são aqueles passíveis de serem colhidos como
produto agrícola ou vendidos como ativo biológico”, caso da soja, do frango para
abate, do eucalipto, etc. Já os ativos biológicos de produção “são os demais
tipos”, como vacas leiteiras, árvores frutíferas, etc. “Esses ativos não são produtos
agrícolas, mas sim autorrenováveis” (parágrafo 44 do CPC 29).
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
128
No CPC 29, tanto o ativo biológico de produção quanto o consumível é classificado no BP como
ativo biológico e mensurado a valor justo. No entanto, há um debate em nível internacional
requerendo que os ativos de produção tenham o mesmo tratamento dos ativos imobilizados,
inclusive que passem a ser tratados pelo CPC 27 – Ativo Imobilizado. Enquanto essas mudanças
ainda se encontram em discussão, mostra-se o tratamento que consta atualmente no CPC 29.
Como mensurar o valor justo de uma árvore frutífera? Pode-se mensurá-lo de duas maneiras:
estimar todos os benefícios futuros da produção ao longo da vida útil da árvore, utilizando o
modelo de fluxo de caixa descontado;
estimar o valor combinado da terra (que não faz parte do ativo biológico) juntamente com a
plantação sobre ela. Essa opção só é utilizada quando não houver uma forma de mensurar o
ativo biológico separadamente.
■
■
ÃO
Por exemplo, o valor de um hectare de terra plantada com café no estado de Minas Gerais é de $
20.000, e o valor de outro terreno não formado é de $ 12.000. Dessa forma, conclui-se que o valor
do hectare de café na região é avaliado em $ 8.000, sendo esse o valor justo do cafezal. No entanto,
para se utilizar tal comparação, é necessário que haja demanda e oferta de terrenos na mesma
região, formados e não formados, além de uma homogeneidade de características físicas do terreno.
ST
A
Ç
No exemplo a seguir, utilizou-se o fluxo de caixa descontado para mensurar o valor justo de um
pomar de maçãs.
Exemplo 3 – Pomar de maçãs
D
EG
U
Um pomar de maçãs, ao final do seu quarto ano, acumulou custos no valor de $ 5.094. Para
estimar o valor justo desse pomar, foram projetados seus fluxos futuros, conforme a Tabela 16.5
Tabela 16
PREVISÃO DE FLUXO DE CAIXA
Ano 5
Ano 6
Ano 7
Entradas
600
900
Saídas
400
400
Taxa de contribuição
50
150
Fluxo líquido
Fonte: PricewaterhouseCoopers (2011).
......
Ano 23
Ano 24
1.200
800
700
400
400
400
50
50
50
50
450
750
350
250
5
Por que, até o final do quarto ano, não foi feita a estimativa de fluxos de caixa? Como o pomar
vinha sendo contabilizado?
O CPC 29 (parágrafo 24) menciona que os custos podem, algumas vezes, aproximar-se do valor
justo quando pequenas transformações biológicas estão ocorrendo ou quando não se espera que
a transformação biológica tenha impacto material sobre o preço do ativo. Dessa forma, o referido
pomar foi sendo contabilizado nos primeiros quatro anos pelo custo, sendo seu valor, ao final do
quarto ano, de $ 5.094.
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Tabela 17
CONTABILIZAÇÃO
D/C
Conta
Classificação
Valor ($)
D
Ativo biológico
Ativo não circulante
8.156
C
Ganho em ativo biológico
Resultado/receita
8.156
O valor final do ativo biológico no balanço será de $ 8.156 + $ 5.094 = $ 13.250. As premissas
utilizadas na elaboração do fluxo de caixa foram as seguintes:
Ç
■
■
do ano 8 a 22, o fluxo é o mesmo do que o ano 7;
a taxa de contribuição inclui o custo de oportunidade do uso da terra e de outros ativos que
serão reconhecidos separadamente;
o modelo de avaliação considera o aumento de rendimento da produção entre os anos 5 e 6;
as saídas de caixa incluem despesas com pessoal, água, eletricidade, fertilizantes e outros
custos operacionais.
ÃO
■
■
129
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
Com uma taxa de desconto de 5%, o valor do fluxo de caixa descontado será de $ 8.156, devendo
ser feita a contabilização indicada na Tabela 17.
ST
A
Finalizando o exemplo, enfatiza-se a possibilidade de contabilização do custo nos primeiros anos
de culturas permanentes com longo período de maturação.
D
EG
LEMBRAR
U
No Brasil, as empresas de papel e celulose adotam o tratamento contábil mencionado; no
entanto, o prazo de troca do método de custo para valor justo é determinado pelas empresas
individualmente. Por exemplo, a Klabin, no relatório de 2012, adotou o método de custo para
plantações de eucalipto até o terceiro ano e para plantações de pinus até o quinto ano. Já a Fibria
não adotou o método de custo nos primeiros anos da plantação de eucalipto.
A utilização do custo histórico é permitida no CPC 29 (parágrafo 24) quando
pequenas transformações biológicas que não afetam o valor econômico do ativo,
estão ocorrendo, como nos casos citados anteriormente.
Tratamento contábil dos gastos subsequentes
Já se demonstrou, nos exemplos anteriores, que, depois do reconhecimento inicial do ativo biológico,
é preciso definir o tratamento a ser dado aos gastos subsequentes. Há duas possibilidades:
■
■
lançar os gastos como despesa diretamente no resultado;
ativar os gastos.
O CPC 29 não determina qual tratamento deve ser adotado; no entanto, o adequado é
que cada empresa estabeleça uma política para tratamento dos gastos (ativo ou despesa)
e mantenha uma uniformidade no tratamento contábil. Os valores finais do ativo biológico
não serão afetados; no entanto, os demonstrativos e a evidenciação serão. 5
A seguir, será descrito um exemplo de tratamento contábil dos gastos subsequentes.
Valor justo_novo.indd 129
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
130
Exemplo de lote de bezerros
Uma empresa adquiriu um lote de bezerros em 01/01/x1 por $ 30.000. No primeiro trimestre, foi
gasto com a manutenção desses animais o montante de $ 5.000, e o valor desse lote de bezerros
em 31/03/x1 era de $ 38.000. Os dois tratamentos contábeis citados anteriormente correspondem
ao exposto na Tabela 18.
Tabela 18
COMPARATIVO DE TRATAMENTO CONTÁBIL DOS GASTOS
Ativação dos gastos
Tratamento dos gastos como despesas
GASTOS
D – Despesas: $ 5.000
C – Caixa: $ 5.000
GANHO ($ 38.000 - $ 35.000)
D – Ativo biológico: $ 3.000
C – Ganho: $ 3.000
GANHO ($ 38.000 - $ 30.000)
D – Ativo biológico: $ 8.000
C – Ganho:$ 8.000
IMPACTO NA DRE
Ganho no valor justo: $ 3.000
Gastos: $ 0
Impacto líquido: $ 3.000
IMPACTO NA DRE
Ganho no valor justo: $ 8.000
Gastos: $ 5.000
Impacto líquido: $ 3.000
Ç
ST
A
Fonte: PricewaterhouseCoopers (2011). 5
ÃO
GASTOS
D – Ativo biológico: $ 5.000
C – Caixa: $ 5.000
O valor final do ativo biológico, bem como o resultado do período, não será afetado pela escolha do
tratamento contábil. No entanto, é necessário que a empresa esclareça, nas notas explicativas,
como os valores estão sendo contabilizados.
D
EG
U
Apesar de o CPC 29 aceitar os dois tratamentos para os gastos subsequentes, é importante
enfatizar que, uma vez escolhido, o tratamento deve ser seguido nos outros períodos a fim de
possibilitar uma comparabilidade entre os períodos.
A ativação dos gastos proporciona uma análise mais coerente do resultado da empresa,
em que o estoque acumula os custos até o momento da venda, e é possível verificar o
impacto na DRE apenas do ganho/perda desse ativo. Verifica-se que esse tem sido o
tratamento mais frequente adotado pelas empresas.
Quando não houver confiabilidade na mensuração a valor justo
O CPC 29 determina que, nos casos em que o ativo biológico não possa ser mensurado de forma
confiável, ele deve ser mensurado ao custo, com a subtração de qualquer depreciação e perda por
irrecuperabilidade acumuladas, voltando a ser mensurado ao valor justo quando as condições de
confiabilidade forem novamente atingidas.
Valor justo_novo.indd 130
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ATIVIDADE
6. Assinale a alternativa INCORRETA quanto à mensuração de ativos biológicos.
A) O ativo deve ser mensurado no momento do reconhecimento inicial e no final de cada
período de competência.
B) Até o momento da colheita ou do abate de animais, estes devem ser mensurados
periodicamente pelo valor justo.
C) Um cuidado muito importante que se deve ter é não utilizar preços de contrato como
valor justo.
D) O CPC 29 apresenta instruções de mensuração que seguem a hierarquia apresentada
no CPC 46, em que a primeira opção é o valor presente da expectativa da geração
de caixa futuro.
ÃO
Resposta no final do artigo
Ç
7. Analise as afirmativas considerando a mensuração de ativos biológicos com mercado
ativo.
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
131
ST
A
I – O mercado ativo é aquele em que há compradores e vendedores dispostos a
negociar o ativo biológico, que deve ser homogêneo e ter os preços públicos.
II – Podem-se citar, como exemplo de ativos biológicos com mercado ativo, bezerros
e boi gordo em algumas regiões do país.
III – Caso a empresa tenha acesso a vários mercados ativos, ela deve escolher o de
maior relevância para suas operações.
Apenas a I e a II.
Apenas a I e a III.
Apenas a II e a III.
A I, a II e a III.
D
EG
A)
B)
C)
D)
U
Qual(is) afirmativa(s) está(ão) correta(s)?
Resposta no final do artigo
Valor justo_novo.indd 131
08/05/2014 10:53:54
8. Assinale a alternativa correta quanto à mensuração de ativos biológicos sem mercado
ativo.
A) Na inexistência de mercado ativo, buscam-se primeiramente os preços de ativos
similares ajustados e benchmarks do setor e, depois, os preços das últimas
transações; entretanto, quando nenhuma dessas opções é possível, utiliza-se um
modelo econômico-financeiro de avaliação que leve em consideração as condições
do ativo biológico.
B) Um dos modelos mais utilizados para a avaliação é o modelo do fluxo de caixa
descontado, em que se faz uma previsão de todas as entradas e saídas de caixa
referentes ao ativo biológico em sua vida útil, ou seja, até o momento da colheita ou
abate.
C) Considera-se entrada de caixa o volume da produção esperada do ativo em toda
sua vida útil multiplicado pelo preço de mercado esperado, enquanto as saídas de
caixa incluirão todos os gastos necessários para a cultura, como tratos culturais,
manutenções, gastos da colheita e transporte, sem considerar as condições do
ativo.
D) Não devem ser incluídos, no modelo do fluxo de caixa descontado, custo do
financiamento de ativos, tributos, despesas de restabelecimento do ativo biológico,
como limpeza de área, replantio, etc. e custo de oportunidade pela utilização da
terra.
Ç
ÃO
VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
132
ST
A
Resposta no final do artigo
9. Diferencie ativos biológicos consumíveis de ativos biológicos de produção.
D
EG
U
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
10. Segundo o CPC 29, há duas maneiras para mensurar o valor justo de uma árvore
frutífera. Quais são elas?
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
Valor justo_novo.indd 132
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(
(
(
(
) Os gastos subsequentes devem ser sempre lançados como despesa diretamente
no resultado.
) Cada empresa deve estabelecer uma política para tratamento dos gastos (ativo
ou despesa) e manter uma uniformidade no tratamento contábil.
) Os valores finais do ativo biológico não serão afetados, nem os demonstrativos e
a evidenciação.
) É necessário que a empresa esclareça, nas notas explicativas, como os valores
estão sendo contabilizados.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
F – F – V – V.
F – V – V – F.
F – V – F – V.
V – F – V – F.
ÃO
A)
B)
C)
D)
Ç
Resposta no final do artigo
133
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
11. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) quanto ao tratamento contábil dos gastos
subsequentes de ativos biológicos conforme o CPC 29.
ST
A
12. Qual é a determinação do CPC 29 para os casos em que o ativo biológico não pode
ser mensurado de forma confiável?
D
EG
U
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
EVIDENCIAÇÃO
O CPC 29 faz uma série de exigências sobre a divulgação dos valores do ativo biológico nos
demonstrativos contábeis, bem como sobre as informações que devem constar nas notas
explicativas.
É necessário enfatizar que a empresa deve apresentar os ativos biológicos
separadamente no BP: no grupo do ativo circulante, no caso de ativos biológicos
com curta maturação, ou no grupo do não circulante para os de longa maturação. Na
DRE, “a entidade deve divulgar o ganho ou a perda do período corrente em relação
ao valor inicial do ativo biológico e do produto agrícola e, também, os decorrentes da
mudança no valor justo, menos a despesa de venda dos ativos biológicos” (parágrafo
40 do CPC 40).3
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
134
No entanto, o pronunciamento não prescreve onde o ganho/perda deve ser apresentado.
Analisando outros pronunciamentos, tem-se:
■
■
■
deve estar segregado (CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Financeiras);
deve estar separado das receitas de vendas (CPC 30 – Receitas);
é mais apropriado, segundo PriceWaterhouseCoopers,5 depois das receitas e antes das
despesas.
Como o assunto não está determinado no CPC 29, analisando-se os demonstrativos contábeis
publicados, percebe-se que, em alguns casos, o ganho do ativo biológico não está evidenciado
em separado na DRE, dificultando a análise desse valor. No entanto, nas notas explicativas,
o valor deve ser discriminado, e, na demonstração dos fluxos de caixa, é possível encontrar a
discriminação desse valor no ajuste do lucro para o caixa operacional, uma vez que tal ganho/
perda não tem efeito caixa.
ÃO
No momento da venda da produção agrícola, esta deve constar na linha de receitas de vendas na
DRE, e o custo dessa venda no CPV, com a respectiva baixa de estoque (seja de ativo biológico
ou outro tipo de estoque).
ST
A
LEMBRAR
Ç
Em relação às notas explicativas, o CPC 29 pede que sejam detalhados os saldos apresentados
no BP, bem como a movimentação desses saldos.
Uma recomendação do CPC 29 (parágrafo 43) é que se coloquem os ativos biológicos
separados em ativos biológicos consumíveis e ativos biológicos de produção.
D
EG
U
Pode-se citar como exemplo uma fazenda com atividade pecuária e leiteira. O gado destinado a
corte ficaria no ativo circulante como ativo biológico consumível, e as vacas leiteiras e touros no
ativo não circulante, como ativo biológico de produção.
Além disso, o pronunciamento encoraja as empresas a classificar seus ativos biológicos em
maduros ou imaturos. Os do grupo maduro já alcançaram a condição de serem colhidos,
abatidos ou produzirem (parágrafo 45 do CPC 29).
Para ilustrar melhor a forma de evidenciação referida, segue a nota explicativa da empresa BRFBrasil Foods S.A. nos demonstrativos de 31 de dezembro de 2012 (Tabela 19).
Valor justo_novo.indd 134
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EXEMPLO DE NOTA EXPLICATIVA – MADUROS X IMATUROS
Demonstração financeira da BRFoods, nota explicativa nº 11
BR GAAP e IFRS
consolidado
31/12/2012
Quantidade
31/12/2011
Valor
Quantidade
Valor
Ativos biológicos consumíveis
208.695
596.561
209.732
485.359
3.461
627.790
3.803
581.546
Bovinos imaturos
139
146.648
75
89.176
Total circulante
212.295
1.370.999
213.610
1.156.081
Suínos imaturos
Ativos biológicos de produção
Aves imaturas
7.759
110.422
Aves maduras
ÃO
Aves imaturas
7.643
97.458
12.006
132.043
125
18.370
139.428
162
32.441
Suínos maduros
374
145.899
409
139.512
19.317
428.190
20.183
387.383
231.612
1.799.189
233.793
1.543.464
ST
A
Ç
11.022
Suínos imaturos
Total não
circulante
Fonte: BRFoods (2014). 6
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
135
Tabela 19
D
EG
U
De acordo com o CPC 29, a entidade também deve apresentar os ativos biológicos
separados em grupos, com informações sobre quantidades físicas e produção (parágrafo
46), bem como o método e as premissas significativas relativas à mensuração do ativo
biológico (parágrafo 47).
Um exemplo é a divulgação da empresa Fibria S.A. nos demonstrativos de 2012, ilustrados na
Tabela 20.
Tabela 20
EXEMPLO DE NOTA EXPLICATIVA – PREMISSAS UTILIZADAS
Demonstração financeira da Fibria, nota explicativa nº 18
Principais premissas consideradas no cálculo do valor justo dos ativos biológicos
2012
2011
446.168
551.959
41
41
53,86
50,70
Remuneração dos ativos próprios que contribuem – %
5,6
5,6
Taxa de desconto – %
6,5
7,9
Área de efetivo plantio (hectare)
Incremento médio anual (IMA) – m3/hectare
Preço líquido médio de venda – reais/m
3
Fonte: Fibria S.A. (2014).7
Valor justo_novo.indd 135
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
136
Outra informação importante é a conciliação das mudanças do valor do ativo entre o início e o
fim do período corrente (item 50), divulgando:
ganho ou perda decorrente da mudança no valor justo menos a despesa de venda;
aumentos devidos às compras;
reduções atribuíveis às vendas e às colheitas;
aumento resultante de combinação de negócios;
diferenças cambiais líquidas referentes à conversão de demonstrações contábeis para outras
moedas.
■
■
■
■
■
A empresa Klabin, em nota explicativa sobre ativos biológicos, apresenta detalhadamente a
movimentação dos ativos biológicos de um ano para o outro, conforme a Tabela 21.
Tabela 21
EXEMPLO DE NOTA EXPLICATIVA – RECONCILIAÇÃO DE SALDOS
ÃO
Reconciliação e movimentação das variações de valor justo
Saldo em 31 de dezembro de 2010
Exaustão:
ST
A
■ custo histórico
■ ajuste ao valor justo
U
Variação de valor justo por:
■ preço
■ crescimento
Alienação de ativos
Consolidado
1.394.938
2.762.879
62.997
117.747
(17.891)
(172.086)
(39.381)
(272.427)
64.138
45.672
102.999
167.578
Ç
Plantio
Controladora
-
(3.122)
-
(86.937)
(16.017)
(33.567)
1.361.751
2.715.769
67.221
114.332
(20.028)
(152.515)
(45.289)
(318.876)
105.313
248.481
290.705
595.283
-
86.921
1.398.065
-
(64.029)
-
(72)
2.650
2.944.187
3.441.495
Desconsolidação de controladas em conjunto (i)
D
EG
Transferências
Saldo em 31 de dezembro de 2011
Plantio
Exaustão:
■ custo histórico
■ ajuste ao valor justo
Variação de valor justo por:
■ preço
■ crescimento
Consolidação de controlada (ii)
Incorporação por dissolução de SCP
Aporte de capital em nova SCP (iv)
Transferências
Saldo em 31 de dezembro de 2012
(iii)
(i) Correspondente à desconsolidação da Centaurus Holdings S.A. mencionada nas notas explicativas 1 e 3; (ii) correspondente
à consolidação a partir de Jun/12 da controlada Centaurus Holdings S.A. mencionada nas notas explicativas 1 e 3;
(iii) correspondente à dissolução da Sociedade em Conta de Participação Leal mencionada nas notas explicativas 1 e 3;
(iv) correspondente à criação de nova controlada denominada Sociedade em Conta de Participação CG Forest mencionada
nas notas explicativas 1 e 3.
Fonte: Klabin (2012).8
Valor justo_novo.indd 136
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■
■
■
■
■
toda mudança física (crescimento, degeneração, produção, procriação, colheita);
riscos operacionais referentes ao ativo biológico;
ativos biológicos com titularidade restrita ou dados como garantia;
montantes de compromissos relacionados ao ativo;
estratégias de administração de riscos financeiros relacionados à atividade agrícola.
Caso a empresa não tenha como mensurar, de forma confiável, o valor justo dos ativos biológicos,
ela deve utilizar o custo como base de mensuração. Nesses casos, ela precisa divulgar (parágrafo
54 do CPC 29):
■
■
■
a descrição de tais ativos;
a explicação sobre os motivos pelos quais não se pode mensurar o ativo ao valor justo de forma
confiável;
a faixa de estimativas em que se pode encontrar o valor justo, se possível;
o método de depreciação utilizado, vida útil ou taxa de depreciação;
o total bruto, a depreciação acumulada e as perdas por impairment, com o saldo no início e no
fim do período.
ÃO
■
■
ST
A
Ç
Caso o ativo biológico anteriormente avaliado a custo possa ser avaliado a valor justo
de forma confiável, a empresa deve explicar em nota as razões para troca de base de
mensuração, bem como os efeitos dessa mudança (parágrafo 56 do CPC 29).
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
137
Segundo o CPC 29, a empresa ainda deve divulgar:
U
A BRFoods utiliza o custo como base de mensuração de seus ativos biológicos e dá explicações
em suas notas explicativas de 2012 conforme a Figura 1 e a Tabela 22.
D
EG
3.9. Ativos biológicos: por gerenciar a transformação biológica de aves, suínos e bovinos,
em atendimento a Deliberação CVM nº 596/09, a Companhia classificou eses ativos como
ativos biológicos.
A Companhia reconhece os ativos biológicos quando ela controla esses ativos como consequência de um evento passado e é provável que benefícios econômicos futuros associados a
esses ativos fluirão para a Companhia e o valor justo pode ser mensurado de forma confiável.
De acordo com a Deliberação CVM nº 596/09, os ativos biológicos devem ser mensurados
ao valor justo menos as despesas de venda no momento de reconhecimento inicial e no final
de cada período de competência, exceto para os casos em que o valor justo não possa ser
mensurado de forma confiável.
Na opinião da Administração, o valor justo dos ativos biológicos está substancialmente representado pelo custo de formação, principalmente devido ao curto ciclo de vida dos animais
e pelo fato de que parte significativa da rentabilidade dos produtos da Companhia deriva do
processo de industrialização e não da obtenção de carne in-natura (matéria-prima no ponto
de abate). Essa opinião está suportada por um laudo de avaliação de valor justo elaborado
por um especialista independente, onde se apurou que o custo de formação destes ativos
aproxima-se do seu valor justo (vide nota 11).
Figura 1 – Nota explicativa BRFoods
Fonte: BRFoods (2014).6
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
138
Tabela 22
EXEMPLO DE NOTA EXPLICATIVA – CONCILIAÇÃO DOS SALDOS
UTILIZANDO O CUSTO COMO BASE DE MENSURAÇÃO
Aves
Saldo em 31/12/11
485.359
Aumento por aquisição
299.893
Aumento por reprodução, consumo de rações, medicamentos e remuneração de parceria
Depreciação
6.094.566
–
Transferência entre circulante e não circulante
51.018
Redução por abate
(6.334.275)
Baixas referentes à execução do TCD
–
Saldo em 31/12/12
596.561
ÃO
Fonte: BRFoods (2014).6
Ç
Pode-se mencionar que uma importante mudança trazida pelo CPC 29 à contabilidade de
empresas com atividade agrícola é a obrigação de avaliarem o ativo biológico pelo valor
justo, deixando o custo histórico apenas para os casos em que houver impossibilidade
de avaliação pelo valor justo.
D
EG
U
ST
A
O CPC 29 ainda trata das subvenções governamentais quando se referem a ativos biológicos
avaliados pelo valor justo. Nesses casos, o tratamento é simples, sendo necessário diferenciar
as subvenções em condicionais e incondicionais. As subvenções condicionais são aquelas
em que o agente provedor do recurso exige uma contrapartida da empresa, por exemplo, um
período de permanência naquela região. O tratamento contábil refere-se apenas ao momento do
reconhecimento dessa subvenção, a saber:
■ subvenção incondicional – deve ser reconhecida no resultado do período quando se torna
recebível;
■ subvenção condicional – deve ser reconhecida no resultado somente quando a condição
exigida for atendida.
Valor justo_novo.indd 138
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ATIVIDADE
13. Analise as afirmativas quanto às exigências do CPC 29 sobre a divulgação dos valores
do ativo biológico nos demonstrativos contábeis.
Apenas a I e a II.
Apenas a I e a III.
Apenas a II e a III.
A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
ST
A
A)
B)
C)
D)
Ç
Qual(is) afirmativa(s) está(ão) correta(s)?
ÃO
I – A empresa deve apresentar os ativos biológicos separadamente no BP: no grupo
do ativo circulante, no caso de ativos biológicos com curta maturação, ou no grupo
do não circulante para os de longa maturação.
II – Na DRE, a entidade deve divulgar o ganho ou a perda do período corrente em relação
ao valor inicial do ativo biológico e do produto agrícola e, também, os decorrentes
da mudança no valor justo, menos a despesa de venda dos ativos biológicos.
III – No momento da venda da produção agrícola, esta deve constar na linha de receitas
de vendas no CPV, e o custo dessa venda na DRE, com a respectiva baixa de
estoque (seja de ativo biológico ou outro tipo de estoque).
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
139
U
14. Assinale a alternativa INCORRETA quanto às exigências do CPC 29 sobre as
informações que devem constar nas notas explicativas.
D
EG
A) Uma recomendação do pronunciamento é que se coloquem os ativos biológicos
separados em ativos biológicos consumíveis e ativos biológicos não consumíveis,
classificando-os em maduros ou imaturos.
B) A entidade também deve apresentar os ativos biológicos separados em grupos,
com informações sobre quantidades físicas e produção, bem como o método e as
premissas significativas relativas à mensuração do ativo biológico.
C) Outra informação importante é a conciliação das mudanças do valor do ativo entre
o início e o fim do período corrente.
D) Caso o ativo biológico anteriormente avaliado a custo possa ser avaliado a valor justo
de forma confiável, a empresa deve explicar em nota as razões para troca de base
de mensuração, bem como os efeitos dessa mudança.
Resposta no final do artigo
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140
VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
15. De acordo com o CPC 29, em que casos se deve lançar mão do custo histórico na
avaliação do ativo biológico?
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
16. Segundo o CPC 29, como deve ser o tratamento das subvenções governamentais
quando se referem a ativos biológicos avaliados pelo valor justo?
ST
A
■ CASOS PRÁTICOS
Ç
ÃO
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
A seguir, serão apresentados casos práticos da aplicação do CPC 29.
U
CASO 1 – APLICAÇÃO EM SIDERÚRGICA
D
EG
A siderúrgica Gusa S.A. é uma das maiores empresas do Brasil e fornece ferro gusa
para a indústria de bens de capital. A empresa utiliza carvão para alimentação dos seus
fornos e tem tido dificuldade para obter esse material em razão da instabilidade da
oferta e da exposição à volatilidade dos preços praticados, quando há desequilíbrio
entre oferta e demanda.
Os acionistas da Gusa S.A. decidiram verticalizar sua produção e aprovaram o
investimento de R$ 100 milhões para reflorestamento de eucalipto, que passou a ser
utilizado para extração de madeira para produção de carvão próprio.
Consultores especializados foram contratados para mensurar o valor justo do projeto
de reflorestamento e concluíram que o valor de mercado atual corresponde a R$ 200
milhões.
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ATIVIDADE
17. Considerando o CPC 29, como a siderúrgica Gusa S.A. deve reconhecer o projeto
de reflorestamento em seu BP?
A) Ativo imobilizado ao custo, já que a madeira não será vendida a terceiros, mas utilizada
para consumo próprio para produção de carvão.
B) Ativo intangível pelo valor justo, representado pela expectativa de rentabilidade futura
decorrente do ganho que será apurado pela empresa ao verticalizar a produção.
C) Estoques ao custo, pois a floresta será cortada até o próximo exercício social.
D) Ativos biológicos mensurados a valor justo até o momento da colheita.
ÃO
Resposta no final do artigo
Ç
CASO 2 – CONTABILIZAÇÃO DE ATIVOS BIOLÓGICOS ATÉ O MOMENTO DA COLHEITA
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
141
ST
A
A empresa Holambra S.A. cultiva e comercializa tulipas na Holanda. A tulipa possui
mercado ativo e pode ser mensurada a valor justo utilizando-se o nível 1 da hierarquia
de valor justo.
U
ATIVIDADE
D
EG
18. Efetue os lançamentos contábeis da empresa Holambra S.A. de acordo com o CPC
29 e com base nas seguintes informações:
foram incorridos gastos para plantação e cultivo no montante de R$ 100 em 1° de
janeiro de 2012;
■ em 31 de dezembro de 2012, o valor de mercado era de R$ 120;
■ no momento da venda, em 30 de junho de 2013, o valor de mercado era de R$ 130.
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
■
Resposta no final do artigo
Valor justo_novo.indd 141
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
142
CASO 3 – CONTABILIZAÇÃO DE ATIVOS BIOLÓGICOS SEM MERCADO ATIVO COM VIDA ÚTIL
SUPERIOR A UM ANO
A empresa Suco S.A. possui um pomar de laranjas e comercializa sua produção para
a elaboração de suco de laranja para sua controladora. O pomar de laranja é um ativo
biológico e deve ser mensurado ao valor justo, mas somente a laranja é uma commodity
que possui seu valor de mercado internacional.
A empresa utilizou a metodologia do fluxo de caixa descontado para mensuração do
valor justo dos seus ativos biológicos.
A vida útil econômica do pomar de laranja foi estimada em 30 anos. Embora as safras se
iniciem a partir do quarto ano após o plantio, há produção anual de laranjas.
ÃO
ATIVIDADE
Ç
19. Efetue os lançamentos contábeis da empresa Suco S.A. conforme o CPC 29 com
base nas seguintes informações:
o custo incorrido de plantio foi de R$ 5.000 e, na primeira avaliação, o valor justo
apurado foi de R$ 40.000;
■ a entidade realizou a primeira colheita de laranja e incorreu em outros custos que não
estavam planejados no montante de R$ 5. A exaustão do custo histórico da primeira
colheita foi de R$ 166;
■ ao realizar a colheita, o valor justo passou a ser de R$ 38.667;
■ a entidade realizou a venda de toda a laranja que possuía em estoque pelo valor
de R$ 5.000.
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
D
EG
U
ST
A
■
Resposta no final do artigo
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A empresa Floresta S.A. possuía, em 31 de dezembro de 2011, uma área de 100
hectares com reflorestamento de pinus a serem cortados em 14 anos após o plantio,
que foi realizado em 2009. A empresa o contratou a fim de elaborar um fluxo de caixa
para mensurar o valor justo de seu ativo biológico florestal.
O custo de manutenção após 31 de dezembro de 2011 até o momento da colheita totaliza
R$ 100 por hectare/ano. A empresa incorre em custos indiretos de administração agrícola
de R$ 200 por hectare/ano. Caso a empresa não tivesse área própria, incorreria em um
custo de, aproximadamente, R$ 500 por hectare/ano para arrendamento de sua terra.
ST
A
Ç
A colheita é toda realizada na metade do ano.
ÃO
A taxa de desconto de 8% ao ano para o empreendimento foi calculada pela empresa e
representa o risco do negócio combinado com o retorno esperado para o ativo biológico.
O incremento médio anual é de 40m3 por hectare efetivo de plantio, e o preço de mercado
esperado para o m3 de madeira em pé é de R$ 70 (preço com 9,25% relativos às taxas
de Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social – PIS/COFINS).
143
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
CASO 4 – ELABORAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO PARA MENSURAÇÃO DE
FLORESTA DE PINUS
ATIVIDADE
Período
D
EG
Idade da
floresta
U
20. Considerando o CPC 29, calcule o valor justo dos ativos biológicos da empresa
Floresta S.A. no final do ano de 2011, utilizando a tabela a seguir.
Receita
Custo
Total
Valor
presente
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Total
Resposta no final do artigo
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
144
CONCLUSÃO
O IAS 41, publicado em 2001,9 provocou mudanças profundas na evidenciação, mensuração e
contabilização dos ativos considerados biológicos, ou seja, aqueles ativos que estão sujeitos
à transformação biológica ao longo da sua vida útil. No Brasil, em consonância com o IAS 41, foi
publicado, em 2009, o CPC 29.
A mudança mais crítica apresentada no CPC 29 diz respeito à mensuração ao valor justo
para todos os ativos biológicos, independentemente do seu estado de maturação. Tal
alteração traz uma série de dificuldades, visto que, na maioria dos casos, é necessário
estimar todas as entradas e saídas que comporão o fluxo de caixa do ativo durante sua
vida útil e trazer este a valor presente por uma taxa de desconto que represente o custo
de capital e o risco da atividade.
ÃO
A nova forma de mensuração a valor justo está no nível de maior subjetividade do valor justo, o
que, por si só, é um desafio para os profissionais envolvidos, visto que o “fechamento” do número
final que constará nos demonstrativos deve ser um consenso entre técnicos da área (engenheiros
agrônomos e florestais, veterinários), contadores e auditores.
ST
A
Ç
A alteração ainda ocasiona outro impacto importante no resultado das empresas, pois as
mudanças de valor no ativo biológico período a período devem ser lançadas como perdas/ganhos
diretamente no resultado. Esse fato aumentou consideravelmente a volatilidade dos lucros das
empresas australianas desde a implantação da norma segundo Herbonh,10 e deve ocorrer o
mesmo impacto nas empresas brasileiras.
D
EG
U
No Brasil, tem-se um histórico recente de publicação de demonstrativos em conformidade com
o CPC 29, e há um projeto em aberto reformulando o IAS 41 a fim de modificar a mensuração e
a contabilização dos ativos biológicos de produção, o que mostra que ainda se está vivendo um
período de adaptação aos novos conceitos na área.
■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 2
Resposta: B
Comentário: Considerando as formas de mensuração de alguns itens patrimoniais, pode-se
afirmar que o custo histórico é mais confiável e verificável, mas o valor justo é mais oportuno para
a tomada de decisão, uma vez que, por um lado, o custo histórico traz como vantagem a possibilidade de verificação documental dos valores utilizados, mas, por outro, peca em informar qual
seria o caixa esperado pela realização do ativo ou passivo. O CPC 46 apresenta três abordagens
para a determinação do valor justo: abordagem de mercado, abordagem de receita ou lucro futuro
e abordagem de custo.
Atividade 4
Resposta: B
Comentário: A despesa de venda é definida como as despesas incrementais diretamente atribuídas à venda de um ativo, exceto despesas financeiras e tributos sobre o lucro.
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Atividade 7
Resposta: D
ST
A
Ç
ÃO
Atividade 8
Resposta: B
Comentário: Na inexistência de mercado ativo, buscam-se primeiramente os preços das últimas
transações e, depois, os preços de ativos similares ajustados e benchmarks do setor; entretanto,
quando nenhuma dessas opções é possível, utiliza-se um modelo econômico-financeiro de
avaliação que leve em consideração as condições do ativo biológico. Considera-se entrada de
caixa o volume da produção esperada do ativo em toda sua vida útil multiplicado pelo preço de
mercado esperado, enquanto as saídas de caixa incluirão todos os gastos necessários para a
cultura, como tratos culturais, manutenções, gastos da colheita e transporte, sempre considerando
as condições do ativo. Não devem ser incluídos no modelo do fluxo de caixa descontado: custo
do financiamento de ativos, tributos, bem como despesas de restabelecimento do ativo biológico,
como limpeza de área, replantio, etc.; entretanto, é aconselhável incluir um custo de oportunidade
pela utilização da terra, mesmo que ela seja propriedade da empresa.
145
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
Atividade 6
Resposta: D
Comentário: As instruções de mensuração indicadas pelo CPC 29, seguindo a hierarquia
apresentada no CPC 46, são nível 1 (preço do ativo em um mercado ativo); nível 2 (preço da
transação recente, caso não haja mercado ativo, preços de mercado de ativos similares ajustados
ou benchmarks do setor); nível 3 (valor presente da expectativa da geração de caixa futuro). A
primeira opção é sempre o preço cotado em um mercado ativo, e, na ausência deste, utiliza-se a
segunda opção e assim por diante.
D
EG
U
Atividade 11
Resposta: C
Comentário: Há duas possibilidades de tratar os gastos subsequentes: lançá-los como despesa
diretamente no resultado ou ativá-los. Os valores finais do ativo biológico não serão afetados; no
entanto, os demonstrativos e a evidenciação serão.
Atividade 13
Resposta: A
Comentário: No momento da venda da produção agrícola, esta deve constar na linha de receitas
de vendas na DRE, e o custo dessa venda no CPV, com a respectiva baixa de estoque (seja de
ativo biológico ou outro tipo de estoque).
Atividade 14
Resposta: A
Comentário: Uma recomendação do pronunciamento CPC 29 é que se coloquem os ativos biológicos separados em ativos biológicos consumíveis e ativos biológicos de produção, classificando-os
em maduros ou imaturos.
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VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
146
Atividade 17
Resposta: D
Comentário: A) é incorreta, pois, embora seja utilizada para uso interno, a floresta atende cumulativamente aos três critérios de reconhecimento do ativo biológico do ponto de vista de um participante
do mercado (comprador hipotético). B) é incorreta, pois, além de a floresta ser um ativo corpóreo,
atende cumulativamente aos critérios para reconhecimento de ativos biológicos (ver alternativa A).
C) é incorreta, pois a floresta atende cumulativamente aos três critérios para reconhecimento do
ativo biológico (ver alternativa A). D) é correta, pois a floresta atende cumulativamente aos três
critérios para reconhecimento do ativo biológico (CPC 29.10), está sob o controle da entidade, é
provável que os benefícios fluam para a entidade por meio da redução de custos e da garantia
de disponibilidade de carvão e o valor justo ou custo pode ser mensurado confiavelmente (custo
incorrido de R$ 100 milhões e valor justo apurado por consultores de R$ 200 milhões); portanto,
deve ser reconhecida pelo seu valor justo e classificada como ativo biológico.
Ç
D – ativos biológicos – R$ 100;
C – caixa – R$ 100.
ÃO
Atividade 18
Resposta: Pelo reconhecimento do custo de plantio e cultivo:
ST
A
Pela mensuração do valor justo em 31 de dezembro de 2012:
U
D – ativos biológicos – R$ 20;
C – ganho na variação no valor justo dos ativos biológicos – R$ 20.
D
EG
Pela venda das tulipas em 30 de junho de 2013:
D – contas a receber – R$ 130;
C – receita – R$ 130.
Pela atualização do valor justo antes da venda em 30 de junho de 2013:
D – ativos biológicos – R$ 10;
C – ganho na variação do valor justo dos ativos biológicos – R$ 10.
Pela apuração do custo da venda em 30 de junho de 2013:
D – custo dos produtos vendidos – R$ 130;
C – ativos biológicos – R$ 130.
Valor justo_novo.indd 146
08/05/2014 10:53:54
D – ativos biológicos – R$ 5.000;
C – caixa – R$ 5.000.
Pela mensuração a valor justo de R$ 40.000:
D – ativos biológicos – R$ 35.000;
C – ganho na variação do valor justo (resultado) R$ 35.000.
D – exaustão (resultado) – R$ 166;
C – ativos biológicos – R$ 166.
D – ativos biológicos – R$ 5;
C – caixa – R$ 5.
ST
A
Por incorrer em custos adicionais de R$ 5:
Ç
Exaustão anual = custo plantio/vida útil = 5.000/30 = 166
ÃO
Pela exaustão do custo da primeira colheita:
| PROCONTAB CONTABILIDADE NBC CPC IFRS | Ciclo 1 | Volume 1 |
147
Atividade 19
Resposta: Pelo reconhecimento do custo de plantio:
U
Pela exaustão do valor justo da primeira colheita:
D
EG
D – estoques – R$ 1.166;
C – ativos biológicos – R$ 1.166.
Exaustão do valor justo = ajuste ao valor justo/vida útil = 35.000/30 = 1.166
Pela venda dos produtos agrícolas:
D – contas a receber – R$ 5.000;
C – receita de vendas – R$ 5.000.
Pelo reconhecimento do custo da venda:
D – custo dos produtos vendidos – R$ 1.338;
C – estoques – R$ 1.338.
Custo dos produtos vendidos = exaustão do custo + exaustão do valor justo + outros custos
Custo dos produtos vendidos = R$ 166 + R$ 1.166 + R$ 5 = R$ 1.338
Valor justo_novo.indd 147
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Idade da
floresta
Período
Receita
Custo
ÃO
Atividade 20
Resposta: Primeiramente, devem-se calcular as entradas de caixa:
A = incremento médio anual x hectares plantados x anos de plantio até a colheita – 40 x 100 x 14
= 42.000;
receita bruta = A x preço – 42.000 x R$ 70 = R$ 2.940.000;
receita líquida = receita bruta x 0,9075 (1 - 9,25% – PIS/COFINS) – 2.940.000 x 0,9075 = R$
2.668.050.
As saídas de caixa estão representadas pelos custos de manutenção, administração agrícola e
custo de capital, calculados conforme segue:
se o plantio foi realizado em 2009 e se está em 2011, 2 anos já decorreram. Portanto, há ainda 12
anos até a colheita em 2023;
os custos serão incorridos em cada ano por hectare efetivo de plantio;
custo total por hectare/ano = R$ 100 + R$ 200 + R$ 500 = R$ 800;
custo total por ano = custo total por hectare/ano x 100 hectares;
custo total por ano = R$ 800 x 100 = R$ 80.000.
A planilha de cálculo preenchida assim se apresenta:
Total
Valor
presente
8%
1
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
74.074
4
2
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
68.587
5
3
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
63.507
6
4
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
58.802
7
5
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
54.447
8
6
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
50.414
9
7
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
46.679
10
8
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
43.222
ST
A
Ç
3
D
EG
U
VALOR JUSTO EM ATIVOS BIOLÓGICOS
148
11
9
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
40.020
12
10
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
37.055
13
11
-R$
80.000
-R$
80.000
-R$
34.311
14
12
R$ 2.668.050
-R$
80.000
-R$ 2.588.050
-R$ 1.027.750
Total
R$ 2.668.050
-R$ 960.000
-R$ 1.708.050
-R$ 456.633
O valor justo da área de reflorestamento em 31/12/2011 seria de R$ 456.633, valor que deve ser reconhecido como ativo
biológico nessa data, bem como ganho de ativo biológico no resultado desse mesmo ano.
■ REFERÊNCIAS
1. ELAD, C.; HERBOHN, K. Implementing fair value accounting in the agricultural sector. Edinburgh: The
Institute of Chartered Accountants of Scotland, 2011. p. 166.
2. PETTERSSON, M. H. et al. Valor justo (fair value measurements). In: Manual de normas internacionais
de contabilidade: IFRS versus normas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2009. Cap. 18.
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4. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 46 – Mensuração do
valor justo. Brasília: CPC, 2012. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/mostraOrientacao.php?id=96>.
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Como citar este documento
MACHADO, Maria José de Camargo; RIBEIRO, Douglas Tadeu de Oliveira. Valor justo em
ativos biológicos. In: Academia Brasileira de Ciências Contábeis et al. (Org.). PROCONTAB:
Contabilidade NBC CPC IFRS: Programa de Atualização em Contabilidade: Ciclo 1. Porto
Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p. 113-149. (Sistema de Educação Continuada a
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