Projeto premiado com o 16 Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira 13 de maio de 2014 - Hotel Ouro Minas Belo Horizonte (MG) o Tel. (11) 3895-8590 [email protected] / [email protected] www.revistaminerios.com.br 16º Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira Otimização da Moagem com Aumento da Razão de Carga dos Desmontes de Rochas, Mina Catalão. Raphael de Sousa Nepomuceno1 1 – Engenheiro de Minas Histórico da Unidade A unidade da Vale Fertilizantes situada no município de Catalaõ-GO, antes Fosfertil, iniciou suas operações produtivas em 1982 e por quase 3 décadas as atividades de lavra ocorreram em duas cavas denominadas Frente 1 e Frente 4 localizadas no Complexo Alcalino Carbonatítico Catalão I. No ano de 2010 a Vale adquiriu os ativos de mineração de fosfato e fábricas de produção de fertilizantes das empresas Fosfertil e Bunge, os quais foram reunidos sobre sua subsidiária Vale Fertilizantes. Também no ano de 2010 a Vale Fertilizantes iniciou a abertura de uma nova cava no complexo mineral, estendendo a cava atual na direção sul do domo de Catalão I, na qual produz cerca de 6.200.000 ton/ano de ROM com uma produção de aproximadamente 1.050.000 ton/ano de concentrado fosfático. Fig. 1 – a) Fotografia aérea das áreas de mina; b) Fotografia aérea da usina de beneficiamento. Introdução A avaliação global do sistema produtivo pode resultar em melhorias de custo, produtividade e qualidade do produto, que dificilmente seriam alcançadas caso o sistema fosse examinado com uma visão fragmentada dos processos, as etapas de cominuição dentro da cadeia produtiva da mineração deve receber uma abordagem sistêmica, o grau de fragmentação do minério afeta diretamente os processos de beneficiamento (Separação magnética, classificação e principalmente flotação). A moagem é o último estágio do processo de fragmentação, é uma operação que envolve elevado consumo energético e baixa eficiência operacional, representando o maior custo no tratamento de minérios. Neste trabalho será apresentado os resultados obtidos na moagem após o aumento na razão de carga e otimização dos desmontes de rochas. Objetivo O desenvolvimento do trabalho tem como principais objetivos avaliar os parâmetros de desmonte de rochas por explosivos, a fim de adequar a granulometria do R.O.M. garantindo maior eficiência de operação para o sistema de moagem. Localização e Vias de Acesso A Vale Fertilizantes (CMC1) encontra-se localizada no município de Catalão - GO (Fig. 2). O acesso ao complexo a partir do município de Catalão é feito pela rodovia BR - 050 sentido Brasília em um percurso de aproximadamente 15 km, em seguida toma-se a rodovia GO - 504 percorrendo um trajeto de 7 km até as instalações da empresa. Fig. 2 – Localização e vias de acessos à unidade da Vale Fertilizantes no município de Catalão-GO. Descritivo Técnico Desde a entrada em operação da frente de lavra denominada Lagoa Seca, em janeiro de 2011, o Complexo Mineroquímico de Catalão vem enfrentando dificuldades com a dureza e compacidade deste minério, o minério da Lagoa Seca apresenta um WI (Work Index) em torno de 14 kW/st, o que representa um incremento de 56% em relação ao minério que vinha sendo lavrado nas frentes de lavra 1 e 4 As instalações industriais do Complexo Mineroquímico de Catalão foram projetadas, inicialmente, para trabalhar com um WI de 7,0 kW/st, porém em 1998, com a implementação da remoagem na usina, o WI instalado passou para 9,0 kW/st. A partir das dificuldades enfrentadas pela equipe de beneficiamento foi desenvolvido um estudo para reavaliar os parâmetros dos desmontes de rochas, a distribuição granulométirca do Run Of Mine (ROM) tem impacto significativo sobre o desempenho dos processos de britagem e moagem, o objetivo é produzir uma distribuição de tamanho no ROM que maximize a produtividade e a eficiência da cominuição nas operações subseqüentes de britagem e moagem. O trabalho se embasou na metodologia do PDCA, de forma que seja possível para cada teste de desmonte realizado avaliar os impactos nas operações de moagem, fornecendo embasamento para que seja definida a melhor opção de desmonte de rochas garantindo a excelência e eficiência da moagem. Definição dos testes de desmonte de rochas. Modificação dos desmontes de rochas em campo (Malha, diâmetro, explosivo) Planejamento de Mina Operação de Mina Modificação dos Parâmetros dos desmontes; Definição do melhor teste realizado Análise e interpretação de dados na Usina Análise da qualidade dos desmonte de rochas em campo Fig. 3 – Representação esquemática da metodologia aplicada para o desenvolvimento do trabalho segundo o PDCA. Inicialmente foram estudados quais os testes de demonstre de rochas que seriam realizados, a partir do da qual foram definidos três testes distintos, conforme abaixo: • 1º Teste: Foi alterado o diâmetro dos furos de perfuração de 3 ¹/2" para 4" e mantido as demais variáveis de desmonte. Desta forma foi possível aumentar a quantidade de explosivo por furo, por exemplo: para furos de 5 metros de altura (usualmente utilizada) a quantidade de explosivo por furo, em média, aumentou de 17 kg para 25 kg por furo, um acréscimo de 47% na razão de carga de explosivos (g/m³) • 2ª Teste: Redução da malha de perfuração (Afastamento x Espaçamento) de 2,2 x 2,8 metros para 2,0 x 2,6 metros. As demais variáveis de controle, incluindo o diâmetro de furo, foram mantidas conforme padrão utilizado (furos com diâmetro de 3 ¹/2"). Desta forma, o número de furos para desmontar um mesmo volume de rocha aumentou cerca de 18%, consequentemente a razão de carga (g/m³) de explosivo aumentou na mesma proporção. • 3º Teste: O terceiro teste foi uma mescla dos dois testes anteriores, onde foi alterado o diâmetro dos furos de perfuração de 3 ¹/2" para 4" e reduzida a malha de perfuração de 2,2 x 2,8 para 2,0 x 2,6 metros. Assim o aumento da razão de carga de explosivo alcançado foi de 74%. Ao todo foram realizados 20 testes de desmonte de rocha, conforme descritos acima, para balizar e consolidar todos os dados dos desmontes de rochas realizados e facilitar as análises e comparações de eficiência na usina, foi feito uma análise da influência de cada desmonte de rocha por pilha de homogeinização, considerando a massa de minério total, massa de minério semi-compacto (definido por mapeamento geológico), massa total detonada e razão de carga média por avanço. (Gráfico 1). Gráfico 1: Massas detonadas e razão de carga por pilha de homogeinização. Com base nestes dados, foram confrontados os resultados obtidos nos desmontes de rochas com os resultados obtidos na usina de beneficiamento no mesmo período. Os dados da pilha 1704 foram expurgados dessa análise por se tratarem de outliers do banco de dados. A pilha 1704 foi uma pilha em que a usina teve diversos problemas com queda de energia e não conseguiu dar continuidade à operação, abaixo segue os gráficos comparando os resultados reais que cada pilha obtive na usina e a razão de carga no desmonte para as mesmas. Gráfico 2: Correlação entre razão de carga (g/m³) X % retida acumulada em 100 mesh do over da classificação da moagem secundária. Observar-se no gráfico que existe uma enorme correlação, inversa, entre a razão de carga dos desmontes e o Over da Classificação da Moagem Secundária, ou seja, na medida em que a razão de carga aumenta, menor é a porcentagem em massa acumulada retido em 100# na descarga do moinho secundário. Dessa forma pode-se afirmar que o aumento do consumo de explosivos na mina aumenta consequentemente a eficiência de redução do produto do circuito de moagem, reduzindo o consumo de energia por tonelada moída. Gráfico 3: Correlação entra razão de carga (g/m³) X recuperação flotação de convencional (%) Este gráfico demonstra uma forte correlação entre a razão de carga dos desmontes e a recuperação da flotação convencional, com exceção das duas últimas pilhas. O motivo dessa diferença nas últimas duas pilhas em relação às demais foi o aumento do teor de ferro e redução do teor de P2O5 na alimentação, o que prejudicou a flotação e a recuperação da usina. Porém, aumentos elevados na razão de carga dos desmontes podem afetar negativamente a recuperação da flotação, em razão do excesso de finos gerados. Este fato deve ser observado em futuros testes para demais pilhas. Mas pode-se afirmar que a correlação é bastante significativa enquanto a razão de carga não ultrapassou 800 g/m³. Gráfico 4: Correlação entra razão de carga (g/m³) X recuperação flotação de convencional (%) Neste gráfico é possível verificar a correlação inversa entre a razão de carga dos desmontes e a porcentagem de P2O5 no rejeito do circuito convencional. Ou seja, na medida em que a razão de carga aumenta, o teor de P2O5 no rejeito diminui e vice-versa. Novamente não foi observada correlação nas últimas pilhas. Gráfico 5: Correlação entra razão de carga (g/m³) X taxa alimentação (via seca) da usina (t/h) Pode-se verificar que houve uma correlação significativa entre a razão de carga dos desmontes e a taxa de alimentação da usina, porém existem duas pilhas onde a correlação não seguiu o padrão das demais, que foram as pilhas 1699 e 1706. A pilha 1706, assim como nas comparações anteriores, não teve nenhuma correlação com a razão de carga e a taxa de alimentação. Possivelmente a usina teve algum problema no processo e teve que trabalhar com taxa de alimentação reduzida, provavelmente foi o que também ocorreu na pilha 1699. Expurgando estes dados na análise, podemos observar uma total correlação entre a razão de carga e a taxa de alimentação da usina, conforme gráfico abaixo. Gráfico 6: Correlação entra a razão de carga (g/m³) X taxa de alimentação (via seca) da usina (t/h) expurgando dados das pilhas 1699 e 1706. Contudo, podemos afirmar que o aumento da razão de carga de desmonte de rochas contribuiu diretamente na eficiência e produtividade da moagem, e consequentemente da usina. Fazendo uma análise simples e direta dos dados, verificamos que a taxa de alimentação da usina (base seca) aumentou de 570 t/h para 620 t/h, um incremento de 50 t/h, o que corresponde a 8,7%. Conclusão O desmonte de rochas por explosivos dentro da cadeia produtiva da mineração, possui grande influência nas etapas subsequentes: britagem e moagem. E por isso deve haver estudos constantes no intuito de otimizar os desmontes de rocha a fim de conseguir um ganho na cadeia produtiva. Deve-se avaliar se o aumento excessivo na razão de carga dos explosivos não afetou negativamente o resultado na moagem e consequentemente nos demais processos da usina de beneficiamento, pois conforme observado nas ultimas pilhas, onde a razão de carga foram mais altas (acima de 800 g/m³), não houve uma boa correlação dos resultados na usina. Com o aumento da razão de carga nos desmonte de rochas, foi possível aumentar a taxa de alimentação usina, que por si só já seria um ponto de melhoria e sucesso deste estudo, mais além disso, foi possível reduzir o teor de P2O5 no rejeito, aumentar a recuperação de P2O5 na flotação do convencional e ainda diminuir a granulometria do produto da moagem. A partir deste ponto é fundamental uma análise mais detalhada de custobenefício, incluindo todas as demais variáveis de processos. Empresa: Vale Fertilizantes Trabalho: Otimização da Moagem com Aumento da Razão de Carga dos Desmontes de Rochas, Mina Catalão Categoria: Lavra Autor: Raphael de Sousa Nepomuceno Engenheiro de Minas [email protected]